Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO
RELAÇÃO ENTRE OBESIDADE
INFANTIL E IMAGEM
CORPORAL EM CRIANÇAS DA
ILHA DE SÃO MIGUEL
FILIPE DIAS CARDOSO JORGE
Orientadora: Professora Doutora Eduarda Maria Coelho
Vila Real, 2013
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO
RELAÇÃO ENTRE OBESIDADE
INFANTIL E IMAGEM CORPORAL EM
CRIANÇAS DA ILHA DE SÃO MIGUEL
FILIPE DIAS CARDOSO JORGE
Orientadora
Professora Doutora Eduarda Maria Coelho
VILA REAL, 2013
Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS,
como requisito para a obtenção do grau de Mestre em
Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e
Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do
artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de
Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação da
Professora
Doutora
Eduarda
Maria
Coelho.
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Doutora Eduarda Coelho, pela sua disponibilidade, compreensão e
apoio em todo este trabalho de investigação. O seu contributo, conhecimentos e
sugestões foram determinantes na consecução deste projeto.
À minha esposa Mónica Sá e aos meus filhos Martim e Anamar pelo seu amor.
Aos meus pais e avó por tudo o que fizeram e fazem por mim.
A todas as pessoas que tornaram possível a realização deste estudo.
IV
RESUMO
A obesidade é um problema grave com qual a população mundial se debate. Para
a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é como a epidemia global do
século XXI e que deve ser compreendida como um problema de população e não apenas
como um problema individual. Assim, este estudo tem como principal objetivo verificar
a relação existente entre o grau de obesidade infantil e a insatisfação com a imagem
corporal em crianças de ambos os sexos.
A amostra deste estudo é constituída por 581 alunos da ilha de São Miguel,
sendo que, 273 (47%) são do género masculino e 308 (53%) do género feminino,
matriculados no 2º ciclo do ensino básico (M=11,5 e DP=0,95). Para a recolha dos
dados da amostra, foi utilizado um questionário, baseado no Health Behaviour in
Schoolaged Children (HBSC). Para calcular o IMC, foram recolhidos o peso e a altura
dos alunos e utilizados os valores de corte, de Cole et al. (2000), para definir a
prevalência de Obesidade. Para avaliar a insatisfação com a imagem corporal foi
utilizada a escala das sete silhuetas de Collins (1991). Os testes estatísticos utilizados
foram o teste do Qui-Quadrado e o coeficiente de correlação de Spearman.
Quanto aos resultados obtidos neste estudo, a prevalência da obesidade é elevada
(29,6%), sendo maioritariamente normoponderais (70,4%). Em função do género,
verificou-se que, no grupo normoponderal, 33% correspondem a rapazes, e 37,4% a
raparigas. Verificou-se também que a maioria das crianças (47%) não pratica exercício
físico em nenhum dia da semana. Analisando os resultados referentes à comparação da
insatisfação com a imagem corporal, em função do género, verificou-se que os valores
mais elevados encontram-se nas crianças insatisfeitas por serem obesas (rapazes com
45,8% e raparigas com 41,0%). Analisando em função da prevalência da obesidade,
constatou-se que, 84,9% das crianças que pertencem ao grupo excesso de peso +
obesidade, pretendem emagrecer e que 44,6% das que pertencem ao grupo
normoponderal, encontram-se satisfeitas. Somente as crianças que praticam desporto
todos os dias, são as que mais se sentem satisfeitas quanto à imagem corporal, e as
crianças que se sentem mais insatisfeitas com a sua imagem, por serem obesas, apenas
praticam desporto uma vez por semana. Relativamente à correlação entre a imagem
corporal percecionada pelas crianças e o IMC, concluiu-se que à medida que este índice
aumenta, as crianças manifestam maior insatisfação pela imagem corporal.
V
ABSTRACT
Obesity is a huge problem that people all over the world has to discuss on. For
the World Health Organization (WHO), the obesity is like a global epidemic of the
twenty-first century and that it has to be understood in as a population problem and not
just as an individual one. Thus, this study has as main goal prove the relation between
the childhood obesity level and the unpleasantness with the body image in children from
both sexes.
The sample of this study is formed by 581 students from S. Miguel island, being
that, 273 (47%) are from the male gender and 308 (53%) from the female gender,
registered on the 2nd Cycle of Basic Education (M=11, 5 and DP=0, 95).
For the research of the sample, it was used a questionnaire, based on the Health
Behaviour in Schoolaged Children (HBSC). To calculate the Body Mass Index (BMI),
it was collected the weight and the height of the students and used the cut-off, of Cole et
al. (2000), to define the prevalence of the obesity.
To evaluate the unpleasantness with the body image it was used the scale of the
seven silhouettes from Collins (1991). The statistics tests used were the chi-square test
and the correlation coefficient from Spearman.
Regarding the results obtained in this study, the prevalence of the obesity it’s
high (29, 6%), being majority by weight (70, 4%). Depending on the gender, it was
realized that, in a group by weight, 33% corresponds to boys, and 37, 4% to girls. It
was also proved that the majority of children (47%) don’t practice physical exercise in
any day of the week. Analyzing the results referring to the comparison of the
unpleasantness with the body image, in function of the gender, it was confirmed that the
higher values are in the children unpleased of being obese (boys with 45, 8% and girls
with 41, 0%). Analyzing in function of the prevalence of the obesity, it was verified
that, 84, 9% of the children that belongs to the weight excess group plus obesity pretend
to lose weight and that 44, 6% of those that belongs to the by weigh group are satisfied.
Only the children that practice sport everyday are satisfied with their body image and
the ones who feel more unpleased with their image, for being obese, just practice sport
once a week. Comparatively to the correlation between the body image, perceived by
the children, and the BMI, it can be conclude that if that index gets higher, the children
show more unpleasantness with the body image.
VI
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ……………………………………………………………….IV
RESUMO ……………………………………………………………………………...V
ABSTRACT …………………………………………………………………………VI
ÍNDICE GERAL ……………………………………………………………………..VII
ÍNDICE DE QUADROS ……………………………………………………………...X
ÍNDICE DE FIGURAS ………………………………………………………………XII
LISTA DE ABREVIATURAS ……………………………………………………...XIII
I.
INTRODUÇÃO ………………………………………………………………16
II.
REVISÃO DA LITERATURA ………………………………………………20
2.1.
OBESIDADE ………………………………………………………………...22
2.1.1 Definição ……………………………………………………………….22
2.1.2 Prevalência da Obesidade ……………………………………………...22
2.1.3 Etiologia da Obesidade ………………………………………………...25
2.1.5 Métodos de Avaliação da Obesidade ……………………………….....27
2.2
ATIVIDADE FÍSICA ………………………………………………………..29
2.2.1 Os benefícios da atividade física ……………………………………….29
2.2.2 Relação entre a prática desportiva e a perceção da imagem corporal ….31
2.3.
IMAGEM CORPORAL ……………………………………………………..32
2.3.1 Perceção da Imagem Corporal …………………………………………32
2.3.2 O Corpo na nossa sociedade atual ……………………………………..35
2.3.3 Diferenças por género …………………………………………………37
VII
III.
METODOLOGIA………………………………………………………….…39
3.1
CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA……………………………………….40
3.2
VARIÁVEIS …………………………………………………………………40
3.2.1 Variáveis Dependentes ………………………………………………..40
3.2.2 Variáveis Independentes ………………………………………….…...41
3.3
INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS …………………..….…................41
3.3.1 IMC ……………………………………………………….….…............41
3.3.2 Questionário de Estilo de Vida ……………………………………...….42
3.3.3 Imagem Corporal ……………………………………………….…..…...43
3.4
ANÁLISE DE DADOS ………………………………………………..…..…..43
IV.
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ………………………..………..….45
4.1
ANÁLISE DESCRITIVA ………………………………………..…..………..46
4.1.1 Prevalência da Obesidade …………………………...…………..……….46
4.1.2 Atividade Física …………………………………………………………46
4.1.3 Insatisfação Corporal ……………………………………………………47
4.2
ANÁLISE COMPARATIVA …………………………………………………48
4.2.1 Diferenças em função do género ………………………………………...48
4.2.2 Diferenças em função da Prevalência da Obesidade …………………....50
4.2.3 Diferenças em função da Prática Desportiva ……………………............52
4.3
ANÁLISE CORRELACIONAL ……….………………………………………54
VIII
V.
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS …………………………………………55
5.1
ANÁLISE DESCRITIVA ……………………………………………………56
5.2
ANÁLISE COMPARATIVA ………………………………………………..57
5.3
ANÁLISE CORRELACIONAL ……………………………………………..59
VI.
CONCLUSÕES ………………………………………………………………60
VII.
PROPOSTAS FUTURAS ……………………………………………………63
VIII. BIBLIOGRAFIA ……………………………………………………………..65
IX.
ANEXOS ……………………………………………………………………..71
IX
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 – Distribuição dos indicadores de IMC, por cada ilha dos Açores, em função
do género …………………………………………………………………..23
Quadro 2 – Correlação do IMC, por cada ilha dos Açores, relativamente ao género e
prevalência da obesidade ………………………………...………………..24
Quadro 3 – Comparação do IMC com Portugal Continental e outros países europeus 24
Quadro 4 – Classificação da obesidade e riscos de doença, segundo a OMS ………...28
Quadro 5 – Classificação da obesidade através do IMC, segundo Tim Cole et al …....29
Quadro 6 – Prevalência da obesidade para a mostra total e por género ………………45
Quadro 7 – Prática de exercício físico, para a amostra total e por género ……………46
Quadro 8 – Caracterização da variável “Quantas horas por semana pratica exercício
físico” ………………………………………………….…………………....47
Quadro 9 – Caracterização da imagem corporal percecionada e da imagem corporal
desejada ……………………………………………..……………………...47
Quadro 10 – Satisfação das crianças, relativamente à sua imagem corporal …………48
Quadro 11 – Comparação das imagens corporais percecionadas, por género ………..49
Quadro 12 – Diferenças da satisfação da imagem corporal, relativamente ao género ..50
Quadro 13 – Comparação das imagens corporais percecionadas, por níveis de
prevalência da obesidade ………………………………………………….51
Quadro 14 – Comparação da insatisfação da imagem corporal, relativamente aos níveis
de prevalência da obesidade ……………………………………….……...51
Quadro 15 – Percentagem das imagens corporais percecionadas, por níveis, da prática
desportiva ……………………………………………………………..……52
Quadro 16 – Diferenças da insatisfação da imagem corporal percecionada,
relativamente aos níveis da prática desportiva ………………………..…53
X
Quadro 17 – Correlações significativas entre as variáveis da imagem corporal
percecionada e o IMC ……………………………………………………54
XI
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Classificação da obesidade Ginóide e Andróide ………………………..…22
Figura 2 – Silhuetas de Collins ……………………………………………………..… 42
XII
LISTA DE ABREVIATURAS
AF – Atividade Física
IMC – Índice de Massa Corporal
PIC – Perceção da Imagem Corporal
OMS – Organização Mundial de Saúde
DGS – Direção Geral de Saúde
DRSA – Direção Regional de Saúde dos Açores
WHO – World Health Organization
APCOI – Associação Portuguesa contra a Obesidade Infantil
n – amostra
Freq – número de alunos
% - Percentagem
XIII
I. INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
I. INTRODUÇÃO
Muitas são as pesquisas já realizadas no campo da obesidade, na procura de
entender melhor a sua etiologia e, sobretudo, de a prevenir.
Atualmente a obesidade é um problema grave com qual a população se debate. É
uma doença que pode levar ao aparecimento e desenvolvimento de outras doenças. Para
a Organização Mundial de Saúde (OMS) a obesidade é a epidemia global do século
XXI. Segundo a referida Organização, a obesidade é já considerada como a segunda
causa de morte evitável e passível de prevenção no nosso país, a seguir ao tabagismo
(Direção Geral de Saúde, 2005)
Para Durval (2006), a obesidade reduz a nossa qualidade de vida, atingindo
mulheres e homens de todas as etnias e de todas as idades e com elevadas taxas de
mortalidade.
Os indivíduos obesos apresentam uma taxa de 50-100% maior quando
comparado com os não obesos (Sobral, 1996), e com fatores de risco como, hipertensão
arterial, doenças cardiovasculares, diabetes, e dislipidemia (Souza, Neto, Reis, et al.,
2003).
Para a OMS, a obesidade é uma doença que se caracteriza pelo excesso de
gordura corporal acumulada pode atingir um determinado patamar capaz de afetar a
saúde (OMS, 2000)
Segundo a Comissão Europeia, Portugal está entre os países europeus com maior
número de crianças com excesso de peso, onde 32% das crianças portuguesas, entre os 6
e os 8 anos, apresentam excesso de peso e 14% são obesas (Instituto Nacional de Saúde
Doutor Ricardo Jorge (INSA), 2011). A obesidade infantil está associada a graves
problemas de saúde como a asma, osteoporose, colesterol elevado, hipertensão, diabetes
tipo 2, doenças cardiovasculares, apneia de sono, problemas ginecológicos e
ortopédicos e psicológicos (Associação Portuguesa contra a Obesidade Infantil,
(APCOI), 2011).
Para além de todos estes problemas associados à obesidade, é importante referir
também os problemas psicológicos e sociais que daí podem resultar. Assim, é
fundamental que exista uma preocupação e um cuidado maiores pela discriminação e
vitimização a que as crianças obesas estão sujeitas (Must & Strauss, 1999).
17
INTRODUÇÃO
Para a OMS, a obesidade deve ser compreendida e enquadrada como um
problema de população e não apenas como um problema individual. Assim, deve ter
uma abordagem eficaz com estratégias de prevenção da obesidade, envolvendo todos os
setores da sociedade (OMS, 2000).
Desta forma, e de acordo com estas diretrizes, a escola surge como o local da
sociedade onde a prevenção da obesidade deve ser primordial, podendo intervir ao nível
da educação alimentar, do envolvimento familiar e da comunidade em geral e no gosto
pela atividade física, para que todos os comportamentos adquiridos na escola possam
ser colocados em prática (Coelho et al., 2008).
Isto porque é na adolescência que muitos comportamentos se iniciam,
nomeadamente as escolhas que os jovens fazem ao nível da sua alimentação e da sua
prática desportiva. As escolhas desses comportamentos poderão influenciar futuramente
a morbilidade e a mortalidade nesta fase de vida de cada criança (Oliveira, Albuquerque
et al., 2009). Estes mesmos autores referem que, nas idades da adolescência, a educação
para a saúde pode influenciar os seus comportamentos na vida adulta. Daí ser bastante
importante que haja uma preocupação em estimular precocemente hábitos alimentares
saudáveis e de atividade física (AF), reforçando estes mesmos hábitos e estilos de vida
saudáveis na vida adulta.
Portanto, a escola desempenha um papel de relevo, para com a educação para a
saúde e para com a prática de AF. Isto porque a maior parte das crianças e jovens tem
acesso à escola, sendo esta um local de excelência para a intervenção nesses campos
(Marques e Gaya, 1999).
Para Oliveira e Albuquerque (2009), o período da adolescência é um período de
grande importância na vida do adolescente, marcado pelo crescimento no qual
desencadeiam importantes transformações corporais, tornando os jovens vulneráveis a
determinados excessos e vários desequilíbrios nutricionais.
Desta forma, os jovens podem apresentar sentimentos negativos acerca de si
próprios devido às transformações que o seu corpo sofre, nomeadamente na sua
aparência física (Anastácio & Graça Simões, 2006). Para além de todas estas
transformações físicas a que o seu corpo está sujeito, dá-se também as mudanças de
traços fisionómicos, afetivo, cognitivo e social (Nodin, 2001).
Assim, a imagem e a aparência são conceitos fundamentais para a adolescência.
A beleza e a sua perfeição física são muito importantes para os jovens e a
obesidade é uma condição que não tem lugar na época atual (Bento, 2004).
18
INTRODUÇÃO
Desta forma, a imagem que cada um desenvolve de si próprio, reflete a sua
aparência real. A insatisfação com a própria imagem corporal pode estar associada a um
aumento da prevalência de obesidade (Bulik, et al., 2001; Fitzgibbon, Blackman, &
Avellone, 2000) citado por Coelho, Mourão-Carvalhal, Santos e Fonseca (2010).
Esta investigação, centrada em obesidade e imagem corporal em crianças do 2º
ciclo, da ilha de São Miguel, Arquipélago dos Açores, tem como principal objetivo
verificar a relação existente entre o grau de obesidade infantil e a insatisfação com a
imagem corporal em crianças de ambos os sexos, e que se encontrem matriculados no 2º
ciclo do ensino básico.
Através desse objetivo principal, foram delineados objetivos específicos para a
investigação, nomeadamente comparar a insatisfação com a imagem corporal, em
função da obesidade, do género e da prática desportiva, bem como relacionar o índice
de massa corporal com a insatisfação.
Assim, este trabalho encontra-se estruturado de forma lógica, começando com a
parte do enquadramento teórico onde se aborda o tema da Obesidade (definição,
prevalência, etiologia, causas e métodos de avaliação), Atividade Física (benefícios e
relação entre atividade física e perceção da imagem corporal) e Imagem Corporal
(perceção da imagem corporal, corpo na sociedade atual e diferenças por género).
Seguindo-se o estudo empírico, que se encontra dividida por quatro partes que incluem
a metodologia (caracterização da amostra, variáveis do estudo, instrumentos e
procedimentos e análise de dados), apresentação dos resultados, a discussão dos
mesmos e as respetivas conclusões, onde se propõem sugestões futuras.
19
II. REVISÃO DA LITERATURA
REVISÃO DA LITERATURA
II. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 OBESIDADE
2.1.1 Definição
Antes de se começar a falar em obesidade, é importante e fundamental tentar
definir o seu termo. O mesmo, muitas vezes, é comparado de forma similar a excesso de
peso. Contudo, o termo obesidade é muito mais que isso. É fator de risco, de doença, de
um patamar de classificação superior ao excesso de peso. É, de facto, algo bem mais
preocupante, ou que deveria ser, do que o simples excesso de peso. É uma doença que
poderá ser de alto risco, crónica e que afeta as mais variadas faixas etárias
representando uma ameaça às populações mundiais.
Muitos são os autores que definem obesidade, alguns com definições muito
semelhantes. Assim, e para que não se corra o risco de repetir definições análogas de
diferentes autores, optou-se por pesquisar e investigar uma definição válida e credível,
como é o caso da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Sendo esta uma organização de prestígio e de reconhecimento mundial, a mesma
menciona a obesidade como sendo uma doença mundial, constituindo um fator de
grande risco para o surgimento e progresso de diversas doenças.
Daí que a OMS tenha declarado a obesidade como a grande doença do século
XXI.
Assim, esta mesma organização define a obesidade como uma doença no qual o
excesso de gordura acumulada no corpo ser chegar ao extremo de colocar em causa a
saúde do individuo. Como tal, pode-se considerar uma doença crónica, que apresenta
elevados valores de prevalência, principalmente nos países desenvolvidos, que atinge
tanto homens como mulheres de diferentes idades e etnias, colocando em causa a
qualidade de vida e apresenta elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (WHO,
1997).
Mais recentemente, e adotando uma definição mais curta, a OMS define
obesidade como um excesso de gordura corporal acumulada no tecido adiposo, com
implicações para a saúde (WHO, 2000).
21
REVISÃO DA LITERATURA
Para o diagnóstico da obesidade, um indicador é a medição do perímetro da anca
e da cintura, uma vez que se consegue determinar a forma como a massa gorda se
distribui ao longo do corpo. Desta forma, pode-se classificar a obesidade consoante a
localização da gordura no nosso corpo (Silva e Sardinha, 2008): a obesidade ginóide e a
obesidade andróide.
Relativamente à obesidade ginóide, as suas características assemelham-se às
mulheres obesas, onde a distribuição da gordura se faz preferencialmente na metade
inferior do corpo, ancas e coxas.
A obesidade andróide é mais usual nos homens obesos, onde a distribuição da
gordura se acumula sobretudo na metade superior do corpo (região abdominal).
Figura 1 – Classificação da Obesidade Ginóide e Andróide (Ornelas, 2004)
OBESIDADE
CLASSIFICAÇÃO
GINÓIDE
(TIPO “PERA”)
ANDRÓIDE
(TIPO “MAÇÔ)
2.1.2 Prevalência da Obesidade
Sendo a obesidade uma doença preocupante dos nossos dias e que afeta qualquer
faixa etária, a WHO (1997) tem vindo a verificar, em todo o mundo, um aumento
gradual da prevalência do excesso de peso e da obesidade.
De acordo com a WHO (2007), os países europeus com maior prevalência de
excesso de peso são a Escócia, Albânia e Bósnia Herzegovina, sendo que essa
22
REVISÃO DA LITERATURA
prevalência na Europa situa-se entre os 32% e 79% nos homens e 28% a 78% nas
mulheres. Relativamente à prevalência de obesidade na Europa, esta situa-se entre os
5% e 23% nos homens e 7% a 36% entre as mulheres, verificando-se com maior
incidência em países como Malta, Grécia e Escócia relativamente aos homens e nas
mulheres as maiores incidências encontram-se na Albânia, Escócia e Bósnia
Herzegovina (WHO, 2007).
Segundo a WHO (2007), Portugal tem das mais altas taxas de excesso de peso da
região europeia, nas crianças com idades compreendidas entre os 7 e os 9 anos, para
ambos os sexos, com uma taxa de prevalência de 32%.
Atenta a este flagelo, a Direção Regional de Saúde dos Açores (DRSA), em
2010, realizou um estudo, que contou com a participação de estudantes do 5º ano de
escolaridade, a estudarem e a residirem nas nove ilhas Açorianas. Este estudo tinha
como um dos objetivos, avaliar a prevalência da obesidade na população escolar dos
Açores.
Verificaram, então, o peso e a altura de todos os referidos alunos e calcularam o
IMC.
Relativamente à ilha de São Miguel, o estudo revela valores de 19,9% no IMC
dos alunos do sexo masculino e de 19,1% no caso do sexo feminino.
Quadro 1 – Indicadores de IMC, por cada ilha dos Açores, em função do género
(DRSA, 2010).
Masculino
Mean
Feminino
Std. Deviation
Mean
Std. Deviation
Corvo
Peso
Altura
IMC
53,1
154,0
22,2
10,0
5,7
2,5
48,2
145,0
22,9
12,3
3,6
5,4
Faial
Peso
Altura
IMC
40,0
144,0
19,0
10,8
7,6
3,7
44,5
146,2
20,5
13,1
8,1
4,5
Flores
Peso
Altura
IMC
42,3
144,5
19,8
9,0
7,0
3,4
43,8
144,5
20,6
10,2
8,8
4,3
Graciosa
Peso
Altura
IMC
45,7
148,3
20,3
5,1
5,2
1,6
47,8
148,8
21,0
15,6
8,3
5,1
Pico
Peso
Altura
IMC
42,5
146,2
19,6
11,3
6,6
3,9
47,2
149,2
20,8
12,4
8,8
3,8
S.Jorge
Peso
Altura
IMC
43,5
144,7
20,3
12,1
7,5
4,3
44,6
147,0
19,3
17,9
6,4
3,4
S.Maria
Peso
Altura
IMC
42,0
143,6
19,7
10,2
6,6
4,0
41,8
146,2
21,0
10,9
8,2
13,5
S.Miguel
Peso
Altura
IMC
42,4
145,8
19,9
10,6
7,7
7,2
41,5
145,6
19,1
11,3
7,4
4,2
Terceira
Peso
Altura
IMC
43,0
146,9
19,7
11,3
9,5
4,6
46,1
147,5
21,0
12,6
10,1
9,5
23
REVISÃO DA LITERATURA
Foi também realizada uma comparação por ilha relativamente às categorias de
peso a mais, obesidade e peso a mais/obesidade. O quadro seguinte, da DRSA,
apresenta essa comparação.
Quadro 2: IMC, por cada ilha dos Açores, relativamente ao género e prevalência de
obesidade (DRSA, 2010).
Peso a mais
Países
Masculino
Obesidade
Feminino
Masculino
Peso a mais e Obsesidade
Feminino
Masculino
Feminino
Corvo
Faial
Flores
Graciosa
Pico
São Jorge
Santa Maria
São Miguel
Terceira
50,0
33,3
0,0
33,3
50,0
66,6
13,7
24,7
9,6
12,3
23,3
37,0
23,1
29,4
7,7
11,8
30,8
41,2
40,0
11,1
0,0
16,7
40,0
27,8
Açores
16,7
35,6
16,7
11,9
33,4
47,5
9,6
17,0
21,2
8,5
30,8
25,5
20,9
16,2
16,3
10,8
37,2
27,0
20,5
16,4
12,0
8,1
32,5
24,5
17,4
25,2
13,6
14,4
31,0
39,6
19,1
19,9
12,8
10,2
31,9
30,1
Observando os resultados, uma vez mais, na ilha de São Miguel, o estudo revela
serem os rapazes, aqueles com maior percentagem nas categorias estudadas (peso a
mais e obesidade).
Posteriormente, a DRSA, com estes valores obtidos, realizou uma comparação
com Portugal Continental e com outros países europeus. O quadro seguinte mostra esta
comparação realizada por esta Direção Regional.
Quadro 3: IMC, com Portugal Continental e outros países europeus (DRSA, 2010)
Peso a mais
Países
França*
Grécia*
Itália*
Espanha*
Portugal*
Açores
Masculino
Obesidade
Feminino
Masculino
Peso a mais e Obsesidade
Feminino
Masculino
Feminino
14,7
14,3
3,6
3,8
18,3
18,1
26,6
25,0
6,5
5,0
33,1
30,0
20,9
18,9
6,7
6,2
27,6
25,1
16,2
18,4
6,6
6,9
22,8
25,3
19,1
21,4
10,3
12,3
29,4
33,7
19,1
19,9
12,8
10,2
31,9
30,1
24
REVISÃO DA LITERATURA
Constata-se que, a nível do arquipélago dos Açores, são as raparigas que
apresentam um resultado ligeiramente superior em relação aos rapazes na categoria de
peso a mais. Já na outra categoria, obesidade, são os rapazes que apresentam valores
mais elevados.
2.1.3 Etiologia da Obesidade
A Obesidade é já vista como a grande desordem nutricional nos países
ocidentais. Mas esta epidemia não afeta apenas os países desenvolvidos. Nos países em
vias de desenvolvimento tem-se registado e verificado um crescimento significativo de
pessoas com excesso de peso e obesas (Garganta, 2003).
E como todas as faixas etárias estão sujeitas a esta epidemia, não é de estranhar
que a prevalência da obesidade infantil tenha aumentado, de forma gradual, nas duas
últimas décadas em todo o mundo, com especial ênfase nas crianças e adolescentes
(Bath & Baur, 2005).
Estes mesmos autores referem também que existe uma forte influência genética
na obesidade que seria decorrente de uma desordem nutricional em que vários genes
atuariam simultaneamente promovendo uma disposição individual para o excesso de
adiposidade.
No entanto, apesar da influência genética no ganho de peso e gordura corporal,
os fatores ambientais, principalmente estilo de vida sedentário associado a hábitos
alimentares inadequados são determinantes nesse processo (WHO, 1998).
Estes fatores ambientais, particularmente os comportamentos ligados à dieta e
Atividade Física (AF) são pontos centrais para a causa da obesidade (Rennie, Johnson
& Jebb, 2005).
Para Jebb e Moore (1999), a etiologia da obesidade abrange variados fatores
como o comportamento alimentar, mecanismos e armazenamento de gordura,
influências genéticas, fisiológicas, ambientais e medicamentosas.
Tabacchi (2007), considera a obesidade como sendo uma patologia multifatorial
que resulta da interação de fatores genéticos e ambientais.
Segundo estudos do mesmo autor, o género é um fator geneticamente
evidenciado, onde existe uma maior predisposição do sexo feminino ser obeso em todas
25
REVISÃO DA LITERATURA
as faixas etárias. A raça é outro fator que também influência na acumulação de tecido
adiposo, por exemplo, os Hispânicos e os negros têm um maior risco de obesidade
relativamente à população branca (Tabacchi, 2007).
Relativamente aos fatores ambientais, o aumento da prevalência da obesidade
infantil, sugere que estes fatores coadjuvam a expressão da predisposição genética para
o excesso de tecido adiposo (Strauss, 1999).
Nas últimas décadas, o desenvolvimento socioeconómico e a industrialização do
mundo conduziram a um ambiente onde a prática da AF tornou-se cada vez mais
reduzida e a oferta alimentar que nos é apresentada todos os dias aos nossos olhos,
através da fast-food, contribuem para o aumento da incidência da obesidade infantil
(Kiess, 2006).
Contudo, pode ser errado atribuir como causa única da obesidade, a falta ou
escassez de AF, uma vez que poderá ser o resultado de uma inapropriada energia
ingerida. Desta forma, a obesidade não resulta apenas da inatividade física, mas também
da falta de correspondência entre a energia ingerida e a dispendida (Bouchard, 1993).
Assim, o aumento do sedentarismo, verificado em todas as faixas etárias, em
ambos os sexos, é um dos fatores determinantes da obesidade (Gouveia et al., 2007).
Muitos estudos relacionam a diminuição da prática de AF, tanto a nível escolar como
extraescolar, com a diminuição da qualidade de vida, com o aumento das taxas de
mortalidade e morbilidade cardiovascular e com o risco acrescido de obesidade (Strong
et al., 2005). Segundo Strauss (1999), estes hábitos são predominantemente
determinados pelo estilo de vida adotado pelos pais: os filhos de pais sedentários
tendem a ser também sedentários.
Para Ball et al. (2001), avaliar a relação entre atividade física e gordura corporal
em crianças com idade entre 6 e 9 anos é fundamental, pois é nesta fase que se
estabelecem padrões alimentares e de exercícios físicos principalmente no ambiente
escolar.
Sendo a obesidade considerada como uma nova epidemia do séc. XXI, na qual a
sua etiologia apresenta-se como uma das mais complexas, o seu desenvolvimento pode
ser de múltiplas causas.
Assim, o excesso de gordura resulta do facto da quantidade de energia que é
ingerida no organismo ser superior à quantidade de energia que o mesmo consegue
despender. É esta balança energética que faz com que o corpo retenha gordura. De
acordo com o Portal da Saúde (2005), esta acumulação de excesso de massa gorda
26
REVISÃO DA LITERATURA
poderá ser consequência de uma dieta hiperenergética, com excesso de gorduras,
hidratos de carbono e de álcool, aliada a uma vida sem AF, ou seja, sedentária.
Segundo o portal da saúde, faz referência aos fatores que determinam esses
desequilíbrios. Assim, os mesmos podem ter origem genética, metabólica, ambiental e
comportamental.
O mesmo portal refere que a prevenção e o tratamento da obesidade e excesso de
peso, assim como a promoção da AF são prioridades de intervenção, com
reconhecimento de organismos como a Organização Mundial de Saúde. Ou seja, uma
alimentação saudável e cuidada aliada a uma atividade física regular contribui para
diminuir a obesidade, mas também os riscos ligados à hipertensão, às doenças cardíacas,
à diabetes e a certas formas de cancro. De um modo mais geral, uma alimentação
saudável e a prática de exercício físico permitem melhorar consideravelmente a
qualidade de vida.
Deste modo, a OMS refere que a prática de exercício físico tem um papel
fundamental na prevenção da obesidade.
2.1.4 Métodos de Avaliação da Obesidade
Utiliza-se com grande frequência, o índice de massa corporal (IMC) como um
processo fácil e rápido para se avaliar o nível de gordura de uma pessoa.
O IMC é determinado pela divisão do peso do indivíduo pelo quadrado da sua
altura, onde o peso está em quilogramas e a altura está em metros.
A OMS (2000) classifica a obesidade de acordo com o IMC, associando o valor
a um risco de doenças, tal como podemos verificar no quadro seguinte.
27
REVISÃO DA LITERATURA
Quadro 4 – Classificação da obesidade e risco de doenças, segundo a OMS (2000).
IMC
Classificação
Risco de doenças
abaixo de 18,5
Subnutrição ou abaixo do peso
Baixo
entre 18,6 e 24,9
Peso ideal
Médio
entre 25,0 e 29,9
Ligeiramente acima do peso
-
entre 30,0 e 34,9
Grau I de obesidade
Aumentado
entre 35,0 e 39,9
Grau II de obesidade
Moderado
acima de 40
Obesidade mórbida
Muito elevado
Ainda segundo a mesma Organização, é difícil classificar a obesidade durante a
infância e a adolescência pelo simples facto de que a altura corporal está ainda a
aumentar e a sua composição encontra-se em contínua mutação (OMS, 2000).
Assim, e porque na infância, o IMC altera-se de forma muito substancial, foi
proposto por Cole, Bellizzi, Flegal e Dietz (2000), o estabelecimento de uma definição
standard, com pontos de corte específicos para idades compreendidas entre os 2 e os 18
anos, baseada nos valores de IMC de 25 e 30 kg/m2 para excesso de peso e obesidade,
respetivamente. O quadro que se segue, representa os valores definidos por Tim Cole et
al.
28
REVISÃO DA LITERATURA
Quadro 5 – Classificação da obesidade através do IMC, segundo valores de corte específicos, para
idades compreendidas entre os 2 e os 18 anos (Cole, Bellizzi, Flegal & Dietz, 2000)
Idade
(anos)
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
5,5
6
6,5
7
7,5
8
8,5
9
9,5
10
10,5
11
11,5
12
12,5
13
13,5
14
14,5
15
15,5
16
16,5
17
17,5
18
IMC 25 Kg/m2
Rapazes
Raparigas
18.41
18.13
17.89
17.69
17.55
17.47
17.42
17.45
17.55
17.71
17.92
18.16
18.44
18.76
19.10
19.46
19.84
20.20
20.55
20.89
21.22
21.56
21.91
22.27
22.62
22.96
23.29
23.60
23.90
24.19
24.46
24.73
25
18.02
17.76
17.56
17.40
17.28
17.19
17.15
17.20
17.34
17.34
17.75
18.03
18.35
18.69
19.07
19.45
19.86
20.29
20.74
21.20
21.68
22.14
22.58
22.98
23.34
23.66
23.94
24.17
24.37
24.54
24.70
24.85
25
IMC 30 Kg/m2
Rapazes
Raparigas
20.09
19.80
19.57
19.39
19.29
19.26
19.30
19.47
19.78
20.23
20.63
21.09
21.60
22.17
22.77
23.39
24.00
24.57
25.10
25.58
25.58
26.02
26.43
26.84
27.25
27.63
27.98
28.30
28.88
29.14
29.41
29.70
30
19.81
19.55
19.34
19.23
19.15
19.12
19.17
19.34
19.65
20.08
20.51
21.01
21.57
22.18
22.81
23.47
24.11
24.77
25.42
26.05
26.67
27.24
27.76
28.20
28.57
28.87
29.11
29.29
29.43
29.56
29.69
29.84
30
2.2 ATIVIDADE FÍSICA
2.2.1 Os Benefícios da Atividade Física
Carreiro et al. (1999) consideram a AF como qualquer movimento do corpo
produzido pelos músculos esqueléticos, no qual existe um gasto de energia.
29
REVISÃO DA LITERATURA
Slattery e Jacobs, (1988), referem que a prática regular da AF é benéfica em
todas as idades, pelo facto de fortalecer os músculos e os ossos, promovendo uma
melhor qualidade de vida.
Segundo a OMS, a melhor prevenção da obesidade é a prática de AF e uma
alimentação saudável, logo nos primeiros anos de vida. (WHO, 2000).
De acordo com a Direção Geral de Saúde (DGS), a prática regular de AF reduz o
risco de se poder vir a sofrer de doenças cardiovasculares, cancros e diabetes tipo 2. A
DGS refere ainda que, o exercício físico em crianças e adolescentes, trás benefícios
físicos, mentais e sociais para a saúde. Estes benefícios, geralmente são obtidos através
de, pelo menos, 30 minutos de AF moderada, todos os dias. A DGS menciona, como
atividades diárias, o caminhar para o local de trabalho, o subir e descer escadas, o
trabalho de jardinagem, o dançar e outros desportos recreativos, presentes no quotidiano
das pessoas. Essa participação em AF pode melhorar o sistema músculo-esquelético, o
controle do peso corporal e pode também reduzir possíveis sintomas de depressão
(DGS, 2007).
Como vantagens, a DGS refere que, uma AF regular proporciona, em primeiro
lugar, a redução do risco de morte prematura. Reduz também, o risco de morte por
doenças cardíacas ou AVC, do cancro do cólon e diabetes tipo 2. A AF ajuda ainda a
prevenir a hipertensão, auxilia o controlo do peso, ajuda na prevenção/redução de
osteoporose e reduz o risco de desenvolver dores lombares. A AF reduz também o
stress, ansiedade e depressão, promovendo músculos e articulações mais saudáveis e o
bem-estar psicológico (DGS, 2007).
Refere ainda a DGS que o exercício físico é um forte meio de prevenção de
doenças e que uma AF adequada constitui um dos pilares para um estilo de vida
saudável, a par de uma alimentação cuidada e saudável.
Um estudo realizado pelos autores Vítor Lopes, José Maia, et al., sobre a
atividade física habitual, em 3742 crianças (6 a 10 anos), no Arquipélago dos Açores,
concluiu que existe uma grande variabilidade no nível de AF, em ambos os sexos e em
todos os níveis etários, havendo sujeitos classificados de muito ativos, ativos e inativos.
Outra conclusão foi a de que os meninos apresentam índices de AF superiores às das
meninas.
30
REVISÃO DA LITERATURA
2.2.2 Relação entre a Prática Desportiva e a Perceção da Imagem
Corporal
Vários são os estudos já realizados nessa área, relacionando a AF com a PIC.
Contudo, e segundo os autores Bar-Or & Baranowski (1994), ainda não existe uma
relação de causalidade entre a AF e a obesidade, isto porque não está confirmado nem
definido se é a obesidade que provoca a falta de AF ou se é a falta desta que conduz à
obesidade.
Num estudo realizado por Grundy et al. (2004), com uma amostra de 700
crianças, confirmou-se que baixos níveis de AF encontram-se associados a níveis
elevados de gordura corporal.
Num estudo efetuado por Salusso-Deonier e Schwarzkoph (1991), com 125
estudantes universitários de ambos os sexos, compararam a relação entre estudantes que
praticavam aulas de fitness, e estudantes não praticantes de nenhuma AF. Essa relação
permitiu aos autores verificarem níveis de satisfação maiores com a imagem corporal
nos que praticavam aulas de fitness, em ambos os sexos, do que naqueles que não
realizavam nenhuma AF. Assim sendo, concluíram que um dos benefícios psicológicos
da participação em atividades físicas é o da melhoria da imagem corporal.
Com o mesmo objetivo de estudar a relação entre a PIC e a AF, Davis e Cowles
(1991) estudaram uma amostra constituída por 112 indivíduos do sexo feminino com
idades compreendidas entre os 14 e os 58 anos e por 88 indivíduos do sexo masculino,
com idades compreendidas entre os 16 e os 64 anos. Os autores dividiram em dois
grupos a sua amostra; os praticantes de AF regular e os não praticantes. Os resultados
demonstraram que as mulheres se encontram mais preocupadas com a sua aparência e
mais insatisfeitas com a sua imagem corporal do que os homens, nos dois grupos.
Relativamente às motivações que levam as pessoas a praticar AF, os autores referem
que estas variam consoante o sexo: as mulheres pretendem perder peso e os homens
pretendem diminuir a gordura e aumentar a massa muscular.
Outro autor a pesquisar sobre esta relação foi Abrantes (1998) que investigou a
variabilidade da satisfação com a imagem corporal, numa amostra de 256 indivíduos de
ambos os sexos, entre os 45 e os 65 anos de idade, praticantes e não praticantes de AF.
Os resultados apontaram para níveis mais elevados de satisfação com a imagem
corporal para os indivíduos do sexo masculino do que os indivíduos do sexo feminino.
31
REVISÃO DA LITERATURA
Neste último, a prática de AF surgiu associada à satisfação com a imagem corporal,
tendo as mulheres praticantes apresentado níveis de satisfação com a imagem corporal
mais elevados do que as mulheres não praticantes.
Num estudo realizado por Ferrari et al. (s.d.), sobre a insatisfação com a imagem
corporal e relação com o nível de AF, em 832 universitários (485 do sexo masculino) de
uma universidade pública brasileira, as prevalências de insatisfação com a imagem
corporal e inatividade física foram de 10,1% e 14,5%, respetivamente, não havendo
associação significante entre a imagem corporal e o nível de AF, estando a insatisfação
com a imagem corporal associada ao estado nutricional dos universitários.
Neste vasto campo de estudo, a maioria dos autores são unânimes em concordar
que a imagem corporal se correlaciona positivamente com a AF.
Kreitler e Kreitler (1988) mostraram esta evidência assim como Schontz (1969,
citado em Batista, 1995), afirmando que a AF incrementa o interesse pelo corpo assim
como o grau de satisfação para com o corpo.
A AF regular parece, então, ser um método potencial para melhorar a satisfação
com a imagem corporal em ambos os sexos.
2.3 IMAGEM CORPORAL
2.3.1 Perceção da Imagem Corporal
Schilder (1935, cit. por Vasconcelos, 1995) definiu, pela primeira vez, o
conceito de imagem corporal. Segundo o referido autor, a imagem corporal não é mais
do que uma representação que formada mentalmente do nosso corpo, podendo a mesma
ser alterada com o tempo e segundo as situações.
Assim, para que ocorra essa formação mental, o referido autor considera
importantes as relações sociais, culturais, psicológicas e fisiológicas (Schilder, 1968).
Chipkevitch (1987) vai mais longe e distingue a perceção da imagem do corpo
por género, no período da adolescência.
Assim, o autor supra citado menciona que os adolescentes já possuem, na sua
mente, um corpo idealizado, uma conceção pré-definida, e, quanto mais esse corpo
idealizado se distanciar da imagem real, maior será a possibilidade de existir um
32
REVISÃO DA LITERATURA
conflito consigo mesmo, comprometendo a sua autoestima. Por sua vez, as
adolescentes, mesmo quando estão no peso adequado ou até mesmo abaixo do peso
ideal, costumam se sentir gordas ou desproporcionais, o que se denomina de distorção
da imagem corporal (Fleitlich et al., 2000). No sexo feminino, com o aumento da idade,
há a tendência em querer perder peso; inversamente, no sexo masculino, essa vontade
diminui, prevalecendo o desejo de ganhar peso num porte atlético (Vilela et al., 2001).
Tavares (2003), descreve que a imagem corporal é a forma de como o indivíduo
se percebe e se sente, em relação ao seu próprio corpo. O mesmo autor refere ainda que,
a perceção da imagem corporal é influenciada por componentes físicos, psicológicos,
ambientais e comportamentais complexos.
Deste modo, e sendo a adolescência um período marcado por várias
transformações físicas e mentais, quer no crescimento quer no desenvolvimento
humano, as mesmas são influenciadas pela interação entre fatores biológicos e
ambientais (Colli, 1992; Fleitlich, 1997; Gallahue & Ozmun, 2003). São essas
transformações na imagem corporal do adolescente que, na maioria das vezes, levam a
insatisfação com o próprio corpo (Pinheiro & Giugliano, 2006).
Nas últimas décadas, o estilo de vida que as pessoas têm, vem contribuído para
um aumento da gordura corporal em consequência da diminuição de AF e do aumento
do consumo de alimentos calóricos e os padrões de beleza exigem perfis
antropométricos cada vez mais magros. Este fato tem gerado uma crescente insatisfação
das pessoas com a própria aparência (Andrade & Bosi, 2003).
O género feminino, em particular, busca, de forma incessante, um padrão de
corpo ideal, associado às realizações pessoais e à felicidade. Estes factos estão entre as
principais causas de alterações da perceção da imagem corporal.
A perceção da imagem corporal, quando inadequada, pode ocasionar distúrbios
psicológicos e sociais relacionados à própria perceção (Fontes, 2006; Instituto de
Nutrição Annes Dias, 2004). Esses distúrbios acentuam-se, principalmente devido à
forte influência que os meios de comunicação possuem, sobretudo na criação de
imagens corporais padronizadas. A tendência tem ido à procura dos corpos moldados
por exercícios físicos, cirurgias plásticas e tecnologias estéticas (Russo, 2005).
Através disto, inúmeros estudos têm identificado uma grande percentagem de
crianças e adolescentes insatisfeitos com sua imagem corporal (Brown, Cash &
Mikulka, 1990; Cohane & Pope, 2001; Erling & Hwang, 2004; Parhan, 1999;
33
REVISÃO DA LITERATURA
Rosenblun & Lewis, 1999; Vilela, Lamounier, Dellaretti Filho, Barros Neto & Horta,
2004).
Segundo a Associação Portuguesa para o Estudo da Obesidade (2001), a
obesidade pode causar distúrbios ao nível psicológico, nos quais pode estar incluída a
alteração ao nível da sua imagem corporal. Os autores Schwartz & Brownell (2004),
através dos estudos realizados sobre a perceção corporal, demonstraram que as pessoas
obesas sobrestimam o seu tamanho corporal.
Por norma, os obesos possuem uma imagem corporal sua distorcida, pelo
simples facto de se sentirem inseguros em relação aos outros, imaginando que os outros
veem com hostilidade e desprezo (Correia, 2003).
Num estudo realizado Strauss e Pollack (2003), os autores concluíram que
geralmente é reconhecido que, tanto o excesso de peso como a obesidade, têm um
impacto negativo sobre a autoimagem e a autoestima nas crianças. Ainda neste estudo,
os referidos autores avaliaram o impacto que o excesso de peso tem nas crianças,
relativamente às amizades, concluído desta forma que este grupo de crianças tem menos
amizades e que estas são menos recíprocas.
Num outro estudo realizado pelos autores Cash e Green (1986) sobre a imagem
corporal e o peso corporal, com adolescentes do sexo feminino, concluiu-se que a
componente percetual, afetiva e cognitiva da imagem corporal, difere em função do
peso corporal.
Num estudo realizado por Oliveira, através da Revista Gymnasium, um dos
objetivos da autora foi comparar a perceção da imagem corporal, de 353 adolescentes
(186 rapazes e 157 raparigas), dos 13 aos 19 anos de idade, em função da prevalência da
obesidade. Para avaliar a PIC, utilizou a Escala das Nove Silhuetas de Stunkard et al.
(1983). Os resultados obtidos demonstraram diferenças significativas na imagem
corporal percecionada e na insatisfação com a imagem, em função da prevalência de
obesidade. Foi ainda concluído que a maior parte dos adolescentes sente-se insatisfeito
pelo excesso de peso, sendo essa percentagem mais elevada nos adolescentes com
sobrepeso (86,2%) e obesidade (37,3%).
Para o ser humano, a imagem corporal desempenha um papel importante na
consciência de si próprio. Ou seja, se a perceção do corpo é positiva a autoimagem
também será positiva. Se há satisfação com a imagem do seu corpo, a autoestima será
melhor. Com o processo de envelhecimento, há uma diminuição da imagem corporal
34
REVISÃO DA LITERATURA
que o ser humano tem de si e da sua autoestima também, interferindo diretamente na
qualidade de vida desta faixa etária.
Contudo, a alteração de comportamentos por parte do adolescente em virtude da
sua insatisfação relativamente à sua imagem corporal poderá ser um fator de risco para a
sua saúde.
Num estudo realizado pelos autores Coelho, E.; Mourão-Carvalhal, I., et al.,
verificaram a associação entre a perceção da imagem corporal e o índice de massa
corporal em crianças com e sem prática desportiva., com idades compreendidas entre os
5,8 e os 17,9 anos. Os resultados desse estudo demonstraram que as crianças e jovens
do 1º, 2º e 3º ciclos, ainda não possuem uma boa perceção do seu corpo, sendo
moderada a associação entre o IMC e a imagem corporal percecionada, com um
coeficiente de correlação entre a imagem corporal e o IMC de 0,561(p=0,000),
verificando-se uma melhoria gradual com a idade. Essa perceção da imagem corporal
foi avaliada através da Escala de sete Silhuetas de Stunkard (1983). A moda da imagem
percecionada foi de 4.
2.3.2 O Corpo na nossa Sociedade Atual
Nos dias de hoje, o corpo desempenha um papel importante na nossa sociedade.
Schilder (1980), refere que a imagem corporal é tridimensional, sendo
influenciada por fatores intrapessoais, interpessoais e sócio temporais.
Vários são os fatores socioculturais com que atualmente nos deparamos, de
forma constante, e que influenciam as relações com o corpo. São estes fatores que
fazem com haja insatisfação com a imagem corporal, quer nos homens quer nas
mulheres, influenciando diretamente a busca pela melhor aparência física.
Para Damasceno, a imagem corporal envolve um conjunto de fatores
psicológicos, sociais, culturais e biológicos. Estes fatores determinam como os
indivíduos se veem, acham que são vistos e veem os outros.
Relativamente aos jovens e aos adultos, estes sofrem influências similares para
as suas atitudes. Nos idosos, o físico ideal está associado às suas capacidades
funcionais, inerentes ao seu envelhecimento. Quanto aos praticantes de AF, o objetivo
passa, acima de tudo, por uma busca incessante pelo físico ideal.
35
REVISÃO DA LITERATURA
Segundo Damasceno e Vinicius, independentemente da faixa etária, existe uma
grande influência dos fatores socioculturais, como meios de comunicação, família e
grupo de amigos, na tentativa de atingir o corpo ideal.
Para Fisher, existem outros fatores que influenciam a formação da imagem
corporal, como o género, idade e meios de comunicação. Através da cultura de um
determinado país, pode também ter influência nessa formação, como é o caso dos
valores, crenças e atitudes (Fisher, 1999)
Desta forma, a insatisfação com a imagem corporal aumenta à medida que os
meios de comunicação expõem belos corpos, fazendo com que os jovens vão ao
encontro da anatomia ideal que preconizam (Labre, 2002).
Feingold, num estudo que realizou, concluiu que o grau de insatisfação com a
imagem corporal é o principal fator motivacional para que as pessoas iniciem um
programa de atividade física (Feingold, 1992).
Para Novaes, que elaborou um estudo sobre a estética e o corpo em espaços de
ginásios, refere que a aparência física ou físico idealizado dos praticantes de AF passa a
ser um fenómeno sócio cultural, em grande parte das vezes, mais importante do que a
própria satisfação económica, afetiva ou até mesmo profissional (Novaes, 2001).
Numa publicação do autor Silva, (1999), Reflexões acerca da expetativa de
corpo na modernidade, o mesmo refere que a imagem corporal positiva em crianças
encontra-se associada a bons níveis de autoestima, por sua vez, a imagem corporal
negativa está relacionada com a depressão e as desordens alimentares.
Hill & Silver e Tiggemann & Wilson-Barrett (1999), confirmam que crianças de
ambos os sexos, entre 7 e 12 anos, com excesso de peso, são menos felizes, mais
preguiçosos, possuem menos amigos e estão mais suscetíveis a desenvolver distúrbios
alimentares do que as crianças magras.
Levine & Smolak (2002), consideram que a insatisfação com o peso e forma
corporal entre os adolescentes pode ser considerada um descontentamento natural.
Num estudo já referenciado num tópico anterior, da autora Oliveira, a mesma
comparou a perceção e insatisfação da imagem corporal em adolescentes em função do
género. Utilizando a Escala das Nove Silhuetas de Stunkard et al. (1983), para uma
amostra constituída por 353 adolescentes (186 rapazes e 157 raparigas), a imagem 3 foi
a mais selecionada em ambos os géneros, no entanto, a maior parte dos adolescentes
masculinos encontravam-se insatisfeitos pela magreza (46,2%), enquanto os femininos,
insatisfeitos pelo excesso de peso (60,8%).
36
REVISÃO DA LITERATURA
Este estudo revela que os adolescentes Portugueses apresentam elevadas
prevalências de insatisfação com a imagem corporal, principalmente, os com sobrepeso
e obesidade. Verificamos ainda que o perfil corporal ideal tem-se alterado em função do
género. Os rapazes procuram um corpo mais musculado, enquanto as raparigas um
corpo magras.
2.3.3 Diferenças por Género
No Simpósio Internacional de Ciências do Desporto, em 2001, na cidade de São
Paulo, alguns autores referiram que a magreza estava a ser encarada, por muitas das
mulheres, como a situação ideal. Esta era uma tendência cultural que estava a vingar no
género feminino. Por outro lado, para os homens, a situação ideal seria a de ter um
corpo forte e volumoso (Damasceno, Vinicius, et. al., 2001).
Para Vasconcelos (1995), a puberdade é a altura em que as alterações que
ocorrem na adolescência são mais visíveis. O mesmo autor define puberdade como as
modificações do foro biológico e sexual. Essas alterações afetam, de uma maneira ou de
outra, a formação da imagem corporal do adolescente.
Vários estudos realizados ao longo dos anos têm demonstrado que, tanto a
satisfação como a perceção com a imagem corporal, têm variado em função do sexo
(e.g. Silberstein et al, 1988).
Assim, são vários os autores (e.g. Silberstein ef ai, 1988; Cash e Pruzinsky,
1990; Dinis, 1996; Abrantes, 1998), que referem que o sexo feminino tem apresentado
maior insatisfação com a imagem corporal do que o sexo masculino.
Desta forma, a insatisfação com o próprio corpo e a preocupação com o peso são
aspetos importantes para os adolescentes (Dietz, 1994, citado em Pinho e Petroski,
1999).
Num outro estudo realizado por Silberstein et ai. (1988), verificou-se que baixos
níveis de peso parecem ter significados diferentes para os dois sexos. As mulheres com
um nível de magreza denotam satisfação com o seu peso corporal, enquanto os homens
demasiado magros indicam uma certa insatisfação. As mulheres, em relação aos
homens, descrevem frequentemente o seu peso como superior ao seu peso real,
apresentam níveis mais elevados de ansiedade acerca de serem ou virem a tornar-se
gordas e são mais conscientes de pequenas variações de peso (Silberstein, 1988).
37
REVISÃO DA LITERATURA
O peso corporal parece ser um dos fatores críticos da avaliação da imagem
corporal.
Cash et ai. (1986), realizaram um outro estudo com indivíduos de ambos os
sexos. Como conclusão, referem que 55% das mulheres e 41% dos homens expressaram
insatisfação com o seu peso. Destes valores, 47% das mulheres e 29 % dos homens que
foram classificados com peso normal definiram-se com peso acima da média. Em
contraste, 40 % das mulheres e apenas 10% dos homens que foram classificados com
peso abaixo da média, consideraram-se com peso normal.
Cash (1990), refere que a maneira como o peso é classificado pelas pessoas, tem
implicações na sua imagem corporal. Sentir-se gordo é mais determinante no bem estar
das mulheres do que no dos homens.
Davis e Cowles (1991), num outro estudo realizado, concluíram o mesmo que
outros estudos já aqui referenciados, referindo que o objetivo das mulheres é o de perder
peso e serem mais magras, enquanto o dos homens é perder gordura e aumentar a massa
muscular.
Desta forma, o peso do corpo apresenta-se como uma variável bastante
importante na satisfação, ou não, para com a imagem corporal.
38
III. METODOLOGIA
METODOLOGIA
III. METODOLOGIA
Neste capítulo, proceder-se-á à descrição da metodologia utilizada neste estudo,
bem como dos seus instrumentos e procedimentos na sua operacionalização.
3.1 CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA DE ESTUDO
A amostra deste estudo é constituída por 581 alunos da ilha de São Miguel,
Arquipélago dos Açores, abrangendo os 6 concelhos da ilha. O quadro seguinte regista
o número de alunos por cada concelho que responderam ao questionário e a respetiva
percentagem.
Quadro 18 – Frequência de alunos, por concelho.
CONCELHO
FREQ.
%
PONTA DELGADA
RIBEIRA GRANDE
LAGOA
VILA FRANCA DO CAMPO
POVOAÇÃO
NORDESTE
TOTAL
148
62
60
153
38
120
581
25,5%
10,7%
10,3%
26,3%
6,5%
20,7%
100%
Do total de alunos, 273 (47%) são do género masculino e 308 (53%) do género
feminino. A média de idades é de 11,5 e o desvio padrão de 0,95. O valor mínimo das
idades é de 9,2 e o máximo de 15,7.
3.2 VARIÁVEIS
3.2.1 Variáveis Dependentes
As variáveis de estudo utilizadas foram a perceção da imagem corporal real e a
insatisfação corporal.
40
METODOLOGIA
3.2.2 Variáveis Independentes
As variáveis independentes selecionadas foram a idade, o género (masculino e
feminino), a prevalência da obesidade e a prática desportiva.
3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS
Para a realização deste estudo, foi utilizado, como instrumento, o questionário
online, baseado no questionário da Health Behaviour in School-aged Children (HBSC).
A recolha dos dados foi feita no ano letivo 2011-2012, durante os meses de Fevereiro e
Março, nas escolas EBI Ginetes (Ponta Delgada); EBS Nordeste (Nordeste); EB1,2,3/JI
de Furnas (Povoação); EBI Gaspar Frutuoso (Ribeira Grande); EBS Vila Franca do
Campo (Vila Franca do Campo); EBI Lagoa (Lagoa), abrangendo todos os concelhos da
ilha de São Miguel. Para que os questionários pudessem ser preenchidos pelos alunos de
cada escola, foi feito, por escrito, um pedido a cada um dos conselhos executivos.
Com a colaboração dos professores de educação física das respetivas escolas, os
questionários foram aplicados durante as aulas da referida disciplina, tendo sido também
realizado as medições do peso e altura de cada um dos alunos.
3.3.1 IMC
As medições do peso e altura foram feitas durante as aulas de educação física.
A medição do peso foi realizada com o auxílio a uma balança digital marca seca.
Os alunos foram colocados em posição vertical, em t-shirt e com calção, com os
membros superiores estendidos ao lado do tronco, com o olhar dirigido para a frente e
com os pés descalços. Os valores da medição foram assinalados em quilogramas (Kg),
com aproximação até 100g.
As medições da estatura foram feitas com o apoio de uma fita métrica fixa à
parede. A altura total do corpo corresponde à distância máxima entre o ponto de
referência do solo e o vértex da cabeça, devendo esta estar posicionada segundo o plano
de Frankfort. O aluno descalço e encostado a um plano vertical com os calcanhares,
41
METODOLOGIA
nádegas, omoplatas e cabeça encostados a esse plano e o mais imóvel possível. Os
valores foram registados em centímetros (cm).
Os valores de IMC (peso/altura2) foram calculados e utilizados os valores de
corte para definir as prevalências de obesidade, segundo as categorias de
normoponderal, excesso de peso e obeso, propostas por Cole et al. (2000). Para
tratamento estatístico dividiu-se em duas categorias (1) Normoponderal e (2) Excesso
de Peso + Obesidade.
As medidas antropométricas (peso e altura) foram realizadas com o mesmo
material e pelos mesmos investigadores.
3.3.2 Questionário De Estilo De Vida
O questionário aplicado foi feito online, sendo que, todas as respostas dadas
pelos alunos, iam diretamente para uma base de dados no Excel para posterior
tratamento de dados. Apenas as perguntas relativas à idade, peso e altura foi feita pelo
avaliador, enquanto que as restantes foi lida pelo mesmo e respondidas pelos alunos.
Este questionário é baseado no questionário da Health Behaviour in School-aged
Children (HBSC).
Assim, os dados biográficos selecionados dos alunos foram o género (masculino
e feminino), a idade e o ano de escolaridade, dados esses que foram relevantes para o
estudo. Foram selecionados os dados relativos ao género, idade e ano que frequentam.
Após obter a data de nascimento de cada aluno, calculou-se a idade decimal através da
sua data de nascimento até à data da medição dos dados antropométricos. Por último,
transformou-se em valores decimais (uma casa decimal) o resultado obtido.
O questionário avalia também a imagem corporal (através das silhuetas de
Collins) e a ocupação dos tempos livres dos alunos. Contudo, esta última não era
relevante para o nosso estudo, pelo que a sua avaliação não foi aplicada. Assim, houve
questões que não foram realizadas, uma vez que consideramos que não eram relevantes
para o nosso estudo. Neste sentido, as questões realizadas foram: 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10,
12, 15, 16, 17, 18,19,20,21,22,23, 24,25, 26, 30, 31, 32 e 33. (Anexo único)
42
METODOLOGIA
3.3.3 Imagem Corporal
Quanto às informações relativas à autoperceção da imagem corporal de cada um
dos alunos, foi utilizada uma escala de sete silhuetas (Collins, 1991), como mostra a
seguinte figura.
Figura 2 – Silhuetas de Collins (1991)
Estas figuras são categorizadas de 1 (magreza) a 7 (obesidade). Os alunos
selecionavam a opção com a qual melhor representa a sua aparência física (silhueta
corporal real). Seguidamente a esta identificação, era pedido ao aluno que selecionasse a
figura que mais gostaria de ter (silhueta corporal ideal).
Para o cálculo da satisfação com a PIC, foi subtraída a imagem percecionada
(real) à pretendida (ideal). Quando a diferença é negativa, o indivíduo apresenta um
desejo de aumentar o seu peso (engordar). Quando essa diferença é positiva é porque
pretende emagrecer. Por último, se a diferença é nula, quer dizer que o aluno sente-se
satisfeito com a sua própria imagem corporal.
3.4 ANÁLISE DE DADOS
Os dados, após terem sido recolhidos, foram tratados, recorrendo ao programa
IBM SPSS, versão1.9, no qual o nível de significância é de p < 0,05.
43
METODOLOGIA
Para realizar a análise descritiva, recorreu-se à frequência e à percentagem. Para
a análise comparativa, utilizou-se o teste do Qui-Quadrado, bem como para a
comparação da insatisfação com a imagem corporal, em função das variáveis
independentes. Quanto à análise correlacional, utilizou-se o coeficiente de Spearman.
44
IV. APRESENTAÇÃO DOS
RESULTADOS
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
IV. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
4.1.
ANÁLISE DESCRITIVA
4.1.1. Prevalência de Obesidade
No quadro 6, é apresentada a prevalência da obesidade para a amostra total e por
género.
Quadro 6 – Prevalência da Obesidade para a amostra total e por género
Normoponderal
Masculino
Género
Feminino
Total
Excesso de peso +
Total
Obesidade
n
192
81
273
%
70,3%
29,7%
47,0%
n
217
91
308
%
70,5%
29,5%
53,0%
n
409
172
581
%
70,4%
29,6%
100,0%
Podemos observar, relativamente à obesidade, que no total da amostra, 70,4%
das crianças (a sua maioria) são normoponderais, enquanto 29,6% apresentam excesso
de peso ou obesidade.
Se analisarmos por género, verificamos que a maior parte das crianças analisadas
são do género feminino (53,0%), enquanto 47,0% são do género masculino.
Interligando estas duas variáveis, podemos concluir que 33,0% do total da
amostra, dizem respeito a rapazes normoponderais e 13,9% a rapazes com excesso de
peso ou com obesidade. Relativamente às raparigas, 37,4% são normoponderais e
15,7% apresentaram níveis de excesso de peso ou obesidade.
45
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
4.1.2. Atividade Física
No quadro 7, analisámos a prática de exercício físico, fora da escola com
treinador, tendo obtido o elevado valor de 47,0% de crianças que nunca praticaram
exercício físico fora da escola com treinador. Destes, 26,1% dizem respeito a raparigas,
enquanto 20,9% a rapazes.
Ainda de destacar que 15,9% do total da amostra, afirmaram que praticam
exercício físico fora da escola todos os dias, estando estes divididos equitativamente
(7,9%), entre rapazes e raparigas.
Quadro 7 – Prática de exercício físico, para a amostra total e por género
Género
Nunca
Uma vez por semana
Pratica Exercício Físico fora da
Escola Com Treinador
Duas a quatro vezes
Cinco a seis vezes
Todos os dias
Total
Total
Masculino
Feminino
n
121
151
272
%
44,4%
49,2%
47,0%
n
20
30
50
%
7,4%
9,8%
8,6%
n
48
53
101
%
17,6%
17,3%
17,4%
n
37
27
64
%
13,7%
8,8%
11,1%
n
46
46
92
%
16,9%
14,9%
15,9%
n
272
307
579
%
47,0%
53,0%
100,0%
Também no quadro 8, podemos observar que entre um mínimo de 0 e um
máximo de 20h para rapazes e 24h para raparigas, a média de horas semanais, por
semana, de prática de exercício físico, apresenta-se ligeiramente superior nos rapazes,
com o valor de 3,31 horas, enquanto a média nas raparigas se situou nas 3,23 horas
semanais.
46
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Quadro 8 – Caraterização da variável “Quantas horas por semana pratica exercício físico”
Género
Média
DP
Mínimo
Máximo
Masculino
3,31
3,18
0
20
Feminino
3,23
3,13
0
24
4.1.3. Insatisfação
No quadro 9, são apresentados os valores das principais medidas estatísticas,
moda, mínimo e máximo das imagens corporais percecionada e desejada, pelas crianças
analisadas.
Quadro 9 – Caraterização da Imagem Corporal Percecionada e da Imagem Corporal Desejada
Perceção da Imagem
Corporal
Imagem Corporal
Desejada
Moda
4
4
Mínimo
1
1
Máximo
7
7
n
580
580
Podemos observar, nesse quadro, que os valores da moda são iguais, tanto para a
perceção da imagem corporal como para a imagem corporal desejada.
47
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Podemos igualmente analisar o nível de satisfação das crianças, relativamente à
sua imagem corporal.
Quadro 10 – Satisfação das crianças, relativamente à sua imagem corporal
Freq.
%
Emagrecer
252
43,4
Satisfeito
207
35,7
Engordar
121
20,9
Assim, verificamos, no quadro 10, que cerca de 43,4% das crianças não estão
muito satisfeitas com a sua imagem corporal, tendo-se concluído que pretendem
emagrecer, enquanto que 35,7% estão satisfeitas com a imagem corporal que
apresentam.
Concluiu-se ainda que apenas 20,9% das crianças não estão igualmente
satisfeitas com a sua imagem corporal, pelo que manifestaram interesse em engordar.
4.2.
ANÁLISE COMPARATIVA
4.2.1. Diferenças em Função do Género
No quadro 11, analisamos as diferenças das imagens corporais percecionadas,
consoante o género das crianças.
48
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Quadro 11 – Comparação das imagens corporais percecionadas, por género
Masculino n (%)
Feminino n (%)
TOTAL
p
Imagem Corporal 1
0 ( ,0%)
1 ( ,3%)
1 ( ,2%)
,438
Imagem Corporal 2
9 (3,3%)
9 (2,9%)
18 (3,1%)
Imagem Corporal 3
52 (19,0%)
71 (23,1%)
123 (21,1%)
Imagem Corporal 4
127 (46,5%)
125 (40,7%)
252 (43,4%)
Imagem Corporal 5
67 (24,5%)
87 (28,3%)
154 (26,6%)
Imagem Corporal 6
17 (6,2%)
14 (4,6%)
31 (5,3%)
Imagem Corporal 7
1 ( ,4%)
0 ( ,0%)
1 ( ,2%)
n (100%)
273 (100%)
307 (100%)
580 (100%)
Para tal, foi utilizado o teste do qui-quadrado, tendo-se concluído que não
existem diferenças estatisticamente significativas, (X2=5,866 e p=0,438), relativamente
às imagens corporais percecionadas pelas crianças, em função do género.
Podemos ainda afirmar que, tanto nos rapazes como nas raparigas, a maior
percentagem encontra-se nas imagens corporais do centro, ou seja, 3, 4 e 5, onde os
rapazes reúnem cerca de 90% e as raparigas, 92,1%.
Comparando rapazes com raparigas, verificamos que os valores mais elevados se
registam ambos na imagem corporal 4, em que, para os rapazes obteve-se o valor de
46,5% e para as raparigas foi registado o valor de 40,7%.
No que respeita à imagem corporal 1, as raparigas apresentam o valor mais
elevado (0,3%), vendo-se como mais magras, enquanto na imagem corporal 7, os
rapazes apresentam o valor de 0,4%, vendo-se como mais gordos.
No quadro seguinte, comparamos a satisfação da imagem corporal, consoante o
género.
49
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Quadro 12 – Diferenças da Satisfação da Imagem Corporal, relativamente ao género
Masculino
Feminino
p
Freq.
%
Freq.
%
Emagrecer
112
41,0
140
45,6
Satisfeito
107
39,2
100
32,6
Engordar
54
19,8
67
21,8
,251
Aqui, podemos verificar que não existem diferenças estatisticamente
significativas, relativamente à satisfação com a imagem corporal, em função do género
(X2=2,761 e p=0,251).
Ainda assim, constatamos que, tanto nos rapazes como nas raparigas, é na
insatisfação da imagem corporal, por quererem engordar, que os valores são mais baixos
(19,8% e 21,8%, respetivamente), e os valores mais elevados encontram-se nas crianças
insatisfeitas por serem obesas (41% e 45,6%, respetivamente).
4.2.2. Diferenças em Função da Prevalência da Obesidade
No quadro 13, podemos verificar as diferenças da imagem corporal
percecionada, relativamente aos níveis de Prevalência da Obesidade, através do teste
não paramétrico de Qui-Quadrado.
50
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Quadro 13 – Comparação das Imagens Corporais Percecionadas, por níveis de Prevalência da Obesidade
Normoponderal
n = 408
Excesso de peso + Obesidade
n = 172
Freq.
%
Freq.
%
Imagem Corporal 1
1
,2
0
,0
Imagem Corporal 2
18
4,4
0
,0
Imagem Corporal 3
117
28,7
6
3,5
Imagem Corporal 4
209
51,2
43
25,0
Imagem Corporal 5
60
14,7
94
54,7
Imagem Corporal 6
3
,7
28
16,3
Imagem Corporal 7
0
,0
1
,6
p
,000
Podemos assim verificar, que existem diferenças estatisticamente significativas
entre as imagens corporais percecionadas, relativamente aos dois grupos de prevalência
da obesidade (p = ,000).
Constatamos igualmente que as crianças normoponderais, percecionam-se
maioritariamente com as imagens 3 e 4 (mais magras), enquanto que as crianças obesas
se percecionam, na maioria, com as imagens 4, 5 e 6 (mais obesas).
No quadro 14, podemos verificar as diferenças da insatisfação da imagem
corporal, relativamente aos níveis de prevalência da obesidade, igualmente através do
teste não paramétrico de Qui-Quadrado.
Quadro 14 – Comparação da Insatisfação da Imagem Corporal, relativamente aos níveis de Prevalência da
Obesidade
Normoponderal
n = 408
Excesso de peso + Obesidade
n = 172
Freq.
%
Freq.
%
Emagrecer
106
26,0
146
84,9
Satisfeito
182
44,6
25
14,5
Engordar
120
29,4
1
,6
p
,000
51
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
De acordo com o quadro anterior, constatamos a existência de diferenças
estatisticamente significativas (p = ,000), no que diz respeito à insatisfação com a
imagem corporal, relativamente à prevalência da obesidade.
De realçar que do grupo de crianças normoponderais, cerca de 44,6%
encontram-se satisfeitas com a sua imagem corporal. Por conseguinte, 29,4% se sente
insatisfeita por ser magra e, 26%, por ser obesa.
No grupo de crianças com excesso de peso + obesidade, podemos observar que o
valor mais elevado se encontra nas crianças insatisfeitas por serem obesas (84,9%). Ou
seja, pretendem emagrecer. Apenas 0,6% manifestaram interesse em engordar e 14,5%
estão satisfeitas.
4.2.3. Diferenças em Função da Prática Desportiva
No quadro 15, podemos verificar as diferenças da imagem corporal
percecionada, relativamente aos níveis de prática desportiva.
Quadro 15 – Percentagem das imagens corporais percecionadas, por níveis de prática desportiva
Nunca
1x
2 a 4x semana
semana
5 a 6x
semana
Todos os
dias
p
,646
Imagem Corporal 1
,4%
,0%
,0%
,0%
,0%
Imagem Corporal 2
2,2%
2,0%
5,0%
4,7%
3,3%
Imagem Corporal 3
20,2%
20,0%
18,8%
26,6%
23,9%
Imagem Corporal 4
42,3%
38,0%
47,5%
45,3%
44,6%
Imagem Corporal 5
27,9%
26,0%
25,7%
23,4%
25,0%
Imagem Corporal 6
6,6%
14,0%
3,0%
,0%
3,3%
Imagem Corporal 7
,4%
,0%
,0%
,0%
,0%
52
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Podemos
verificar
no
quadro
anterior,
que
não
existem
diferenças
estatisticamente significativas, entre as imagens corporais percecionadas, consoante o
nível de prática desportiva.
Embora na imagem corporal 3, o valor mais elevado seja no grupo que pratica
prática desportiva 5 a 6 vezes por semana (26,6%), na imagem corporal 4 o valor mais
elevado é do grupo que pratica prática desportiva 2 a 4 vezes por semana (47,5%),
enquanto na imagem corporal 5, o valor mais elevado é do grupo que nunca pratica
prática desportiva (27,9%).
Constatamos que, nos cinco grupos com diferente prática desportiva, grande
parte das crianças perceciona uma imagem mediana, imagem 3, 4 ou 5, não se
considerando nem magros, nem obesos.
Também é de salientar que na imagem corporal 7, imagem obesa, o valor mais
elevado surge no grupo que nunca pratica prática desportiva (,4%).
No próximo quadro, podemos verificar as diferenças da insatisfação da imagem
corporal, relativamente aos níveis de prática desportiva.
Quadro 16 – Diferenças da Insatisfação da imagem corporal percecionada, relativamente aos níveis de prática
desportiva
Nunca
1x
2 a 4x semana
semana
5 a 6x
semana
Todos os
dias
p
,578
Emagrecer
45,2
56,0
39,6
37,5
39,1
Satisfeito
33,8
26,0
38,6
39,1
41,3
Engordar
21,0
18,0
21,8
23,4
19,6
De acordo com o quadro 16, constatamos que não existem diferenças
estatisticamente significativas (p = ,578), relativamente à satisfação e insatisfação
corporal percecionada pelas crianças, consoante a prática desportiva.
Assim, as crianças que se sentem insatisfeitas por serem gordas com a sua
imagem corporal são, na maioria, as que praticam desporto 1 vez por semana (56,0%),
obtendo-se a percentagem mais elevada.
53
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
As que praticam desporto todos os dias, são as que mais se sentem satisfeitas
quanto à sua imagem corporal (41,3%). De salientar que, apenas 18% das crianças que
praticam desporto, 1 vez por semana, manifestaram interesse em engordar.
4.3.
ANÁLISE CORRELACIONAL
Foram realizadas correlações, entre todas as variáveis do estudo (imagem
corporal percecionada) e o Índice de Massa Corporal (IMC), cujos valores se
apresentam na tabela seguinte.
Quadro 17 – Correlações significativas entre as variáveis de “imagem corporal percecionada” e o IMC
IMC
r
n
p
Imagem Corporal Percecionada
-,066
579
,111
Insatisfação da Imagem Corporal
-,654*
580
,000
•
Correlação significativa ao nível de ,05 (Bilateral)
Com base no quadro 17, podemos concluir que não existem correlações
estatisticamente significativas entre a imagem corporal percecionada e o índice de
massa corporal, embora se tenham registado uma correlação negativa entre a
insatisfação da imagem corporal e o índice de massa corporal (rho = -,654, n = 580 ; p <
,05), ou seja, à medida que este índice aumenta, as crianças manifestam mais
insatisfação pela imagem corporal.
54
V. DISCUSSÃO
DISCUSSÃO
V. DISCUSSÃO
Neste capítulo, será apresentada a discussão dos resultados, de acordo com os
objetivos inicialmente definidos. Comparar a insatisfação com a imagem corporal dos
alunos, em função da obesidade, género e atividade física. Foi também relacionado a
insatisfação com o índice de massa corporal (IMC).
Esta discussão será abordada, de acordo com a sequência utilizada nesse estudo,
ou seja, inicialmente será realizada a discussão da análise descritiva, seguida da
comparativa e, por último, da correlacional, tendo em conta as variáveis estudadas.
5.1 ANÁLISE DESCRITIVA
Relativamente à variável independente da prevalência da obesidade, os
resultados obtidos nesse estudo demonstram que a maioria dos alunos (70,4%) são
normoponderais, enquanto que os restantes apresentam excesso de peso e obesidade
(29,6%). Observando os dados obtidos na categoria de excesso de peso e obesidade,
verificamos que são as raparigas que apresentam valores maiores (15,7%) em relação
aos rapazes (13,9%).
Segundo o estudo feito nos Açores, pela Direção Regional de Saúde (2010), o
mesmo vai ao encontro da tendência verificada no nosso estudo, no qual o sexo
masculino apresenta valores mais elevados (32,5%) em relação ao sexo feminino
(24,5%) na categoria de excesso de peso e obesidade.
Relativamente à prática de exercício físico fora da escola com a orientação de
um treinador, é de destacar o elevado valor obtido por alunos que nunca o praticaram
(n=272, 47%), sendo que 26,1% dizem respeito às raparigas.
Na outra extremidade, encontramos uma percentagem mais reduzida, de 15,9%
(n=92), que praticam exercício físico fora da escola, todos os dias, sob a orientação de
um treinador.
56
DISCUSSÃO
Segundo a OMS, o exercício físico deveria ser uma prática corrente de todas as
pessoas de qualquer faixa etária, e que essa mesma prática física, associada a uma
alimentação saudável, consiste na melhor prevenção da obesidade. A DGS também se
associa a essa ideia referindo vários benefícios da prática da atividade física, com
especial atenção para a redução de morte prematura. Estas indicações vindas das
organizações acima mencionadas, não deixam de servir de alerta ao pouco exercício
físico que é praticado pela população em geral.
Quanto aos resultados obtidos relativamente à imagem corporal, verificámos que
percecionam-se maioritariamente com a imagem 4, desejando, igualmente, a mesma
imagem. Contudo, as respostas dadas variam no valor mínimo de 1 e no valor máximo
de 7. Assim, de um total de amostra de 780 alunos que responderam à questão, apenas
207 alunos (35,7%) se mostraram satisfeitos com a sua imagem do corpo. A grande
maioria sente-se insatisfeita, pretendendo engordar (n=121, 20,9%) ou emagrecer
(n=252, 43,3%).
No estudo realizado pelos autores Coelho, E.; Mourão-Carvalhal, I., et al., em
que verificaram a associação entre a perceção da imagem corporal e o índice de massa
corporal em crianças com e sem prática desportiva., aferiram que a moda relativamente
à imagem percecionada foi a da imagem 4, avaliada através da Escala de sete Silhuetas
de Stunkard (1983). Esse resultado vai ao encontro do obtido neste estudo, no qual
também se percecionam com a mesma imagem.
Num estudo realizado por Cash et al. (1986), sobre a insatisfação da imagem
corporal, refere que 55% das mulheres e 41% dos homens expressaram essa mesma
insatisfação com o seu peso. Esta tendência vai ao encontro da ideia transmitida por
esse autor, referindo-se que a maneira como o peso é classificado pelas pessoas, tem
implicações na sua imagem corporal.
5.2 ANÁLISE COMPARATIVA
Comparando as imagens corporais percecionadas em função do género, através
das sete silhuetas de Collins, verifica-se que, tanto nos rapazes como nas raparigas, a
maior percentagem encontra-se nas imagens corporais do centro, ou seja, 3, 4 e 5, onde
os rapazes reúnem cerca de 90% e as raparigas, 92,1%.
57
DISCUSSÃO
Comparando rapazes com raparigas, verificámos que os valores mais elevados se
registam ambos na imagem corporal 4, em que para os rapazes temos o valor de 46,5%
e para as raparigas registamos o valor de 40,7%.
Relativamente à satisfação da imagem corporal, constatámos que, cerca de
67,4% dos alunos está insatisfeito com a sua imagem corporal, sendo que 45,6%
pretende emagrecer e 21,8% engordar.
Referido novamente o estudo realizado por Cash et al.(1986), do total de
mulheres e homens que se sentem insatisfeitos pela sua imagem corporal, 47% das
mulheres e 29 % dos homens que foram classificados com peso normal definiram-se
com peso acima da média. Em contraste, 40% das mulheres e apenas 10% dos homens
que foram classificados com peso abaixo da média, consideraram-se com peso normal.
Desta forma se verifica que a insatisfação do próprio corpo, em especial na
tendência para quererem emagrecer, é uma preocupação cada vez maior no seio da
adolescência.
Num outro estudo referenciado por Oliveira, a autora comparou a perceção e
insatisfação da imagem corporal, em função do género, de 353 adolescentes (186
rapazes). Embora tenha utilizado a Escala das Nove Silhuetas de Stunkard et al (1983),
diferente da utilizada neste estudo, os resultados verificados foram ao encontro dos
obtidos no nosso estudo. Foi ainda concluído que a maior parte dos adolescentes sentese insatisfeito pelo excesso de peso, sendo essa percentagem mais elevada nos
adolescentes com sobrepeso (86,2%) e obesidade (37,3%). A maior parte dos
adolescentes masculinos encontram-se insatisfeitos pela magreza (46,2%), enquanto os
femininos estão insatisfeitos pelo excesso de peso (60,8%).
Quanto à prevalência da obesidade, verificou-se a existência de diferenças
estatisticamente significativas (p=,000), no que diz respeito à insatisfação com a
imagem corporal.
De destacar que o grupo de crianças normoponderais se sente insatisfeito por ser
magro (29,4%) e também por ser obeso (26%), em que estes valores são semelhantes.
No grupo de alunos obesos, concluiu-se também que os mesmos estão realmente
insatisfeitos por serem obesas (84,9%). Apenas 14,5% encontram-se satisfeitos.
Vários autores têm-se debruçado sobre a questão da satisfação, ou não, do
próprio corpo. Para Vasconcelos (1995), a puberdade é uma fase da vida de cada jovem
importante. As constantes alterações a nível físico que ocorrem na adolescência, afetam,
58
DISCUSSÃO
de uma maneira ou de outra, a formação que cada um tem da sua imagem corporal.
Umas vezes com a insatisfação por serem magros, outras vezes por serem gordos.
No que respeita à insatisfação da imagem corporal em função da prática
desportiva, verificou-se através dos resultados obtidos que apenas as crianças que
praticam desporto todos os dias, são as que mais se sentem satisfeitas quanto à sua
imagem corporal (41,3%). As crianças que se sentem insatisfeitas por serem gordas com
a sua imagem corporal são, na maioria, as que praticam desporto 1 vez por semana
(56,0%). As que expressaram vontade em engordar, são as que praticam desporto
apenas 1 vez por semana (18%).
Num estudo realizado por Abrantes (1998), a atividade física surgiu associada à
satisfação com a imagem corporal, tendo as mulheres praticantes apresentado níveis de
satisfação com a imagem corporal mais elevados do que as mulheres não praticantes.
Um outro estudo realizado por Salusso-Deonier e Schwarzkoph (1991),
compararam a relação entre praticantes de fitness e não praticantes de nenhum tipo de
atividade física. Os resultados obtidos vão em linha com os verificados no nosso estudo,
no qual a prática de AF gere níveis de satisfação maiores com a imagem corporal.
5.3 ANÁLISE CORRELACIONAL
De acordo com o nosso estudo, verificou-se uma correlação negativa entre a
insatisfação da imagem corporal e o índice de massa corporal (rho = -,654, n = 580 ; p <
,05), ou seja, à medida que este índice aumenta, as crianças manifestam mais
insatisfação pela imagem corporal.
Segundo o autor Dietz (1994, citado em Pinho e Petroski, 1999), a insatisfação
com o próprio corpo e a preocupação com o peso são aspetos importantes para os
adolescentes.
Vários estudos realizados ao longo dos anos têm demonstrado que tanto a
satisfação como a perceção com a imagem corporal têm variado em função do sexo (e.g.
Silberstein et al, 1988). Num desses estudos, o referido autor aferiu que baixos níveis de
peso têm significados diferentes para ambos os sexos. O sexo feminino, com um nível
de magreza denota satisfação com o seu peso corporal, enquanto os homens demasiado
magros apontam para uma certa insatisfação.
59
VI. CONCLUSÕES
CONCLUSÕES
VI. CONCLUSÕES
Este estudo centrado em obesidade e imagem corporal em crianças do 2º ciclo,
da ilha de São Miguel, teve como principal objetivo verificar a relação existente entre o
grau de obesidade infantil e a insatisfação com a imagem corporal.
Como objetivos específicos, comparar a insatisfação com a imagem corporal em
função da obesidade, do género, da prática desportiva e relacionar o IMC com a
insatisfação.
Desta forma, podemos concluir que:
-
A
prevalência
da
obesidade
é
elevada,
sendo
maioritariamente
normoponderais;
- A maioria das crianças (praticamente metade) não pratica exercício físico em
nenhum dia da semana, fora da escola, com acompanhamento de um treinador;
- A média de horas semanais de prática de exercício físico é ligeiramente maior
nos rapazes do que nas raparigas;
- Somente as crianças que praticam desporto todos os dias, são as que mais se
sentem satisfeitas quanto à imagem corporal, e as crianças que se sentem mais
insatisfeitas com a sua imagem, por serem obesas, apenas praticam desporto uma vez
por semana;
- Quanto à insatisfação com a imagem corporal, apenas se encontram diferenças
significativas em função da prevalência da obesidade, no qual a maior parte das crianças
manifesta desejo de emagrecer;
- À medida que o IMC aumenta, as crianças manifestam mais insatisfação pela
imagem corporal.
61
CONCLUSÕES
De acordo com estes resultados obtidos, e tendo em conta que os alunos são
maioritariamente normoponderais, não deixam de ser resultados positivos alcançados
pelos alunos do 2º ciclo da ilha de São Miguel. De referir que todos os alunos do 1º
ciclo possuem três tempos letivos semanais de educação física e que, quando transitam
para o 2º ciclo, possuem na sua carga horária de um bloco de noventa minutos e um
segmento de quarenta e cinco minutos semanais. Em muitas das escolas da ilha, também
o Jardim de Infância é contemplado com um tempo semanal da disciplina de Expressão
Físico-Motora. Desta forma a escola tem um papel fundamental na prática de exercício
físico. Contudo, apenas uma minoria pratica atividade física fora da escola,
acompanhado por um treinador, o que faz com que a família, nomeadamente os pais,
tenham um papel importante nos comportamentos saudáveis dos seus filhos, quer na
alimentação, quer na procura de estilos de vida mais saudáveis.
62
VII. PROPOSTAS FUTURAS
PROPOSTAS FUTURAS
VII. PROPOSTAS FUTURAS
Após a realização deste estudo, é pertinente apresentar algumas propostas futuras.
Assim propomos:
(1) Estudar a relação entre a Imagem Corporal que é percecionada por si mesmo e a
que é percecionada pelos outros (amigos, família);
(2) Estudar a prevalência da obesidade em função dos hábitos alimentares (em casa
e na escola).
64
VIII. BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
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70
IX. ANEXOS
ANEXO
RELAÇÃO ENTRE OBESIDADE INFANTIL E IMAGEM CORPORAL EM
CRIANÇAS DA ILHA DE SÃO MIGUEL
Este questionário tem como objetivo avaliar e relacionar os níveis de Obesidade e da Imagem Corporal
nas crianças da ilha de São Miguel, Açores.
Este estudo faz parte da Tese de Dissertação de Mestrado do Curso: Mestrado em Ensino da Educação
Física nos Ensinos Básico e Secundário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
(CARO (A) JOVEM: Sendo importante a tua colaboração, desde já peço que respondas com
sinceridade, e a todas as questões. Este questionário é confidencial, e as tuas respostas são
totalmente ANÓNIMAS.)
2. Qual o teu género?
Masculino
Feminino
3. Qual a tua data de nascimento? (dia/mês/ano) ___/___/___
4. Qual o teu peso (kg)?
5. Qual a tua altura (metros)?
6. Qual o nome da tua escola? (nome da escola, ano e turma) ____________________________
7. Qual o nome da tua cidade? (cidade/vila/freguesia) __________________________________
8. Qual o ano que frequentas?
9. Que meio de transporte utilizas para ir para a escola? _________________________
10. Se fores Rapaz,
Escreve o número, no espaço em branco, da imagem com a qual te identificas:
E da imagem que gostarias de ter:
12. Se fores Rapariga,
Escreve o número, no espaço em branco, da imagem com a qual te identificas:
E da imagem que gostarias de ter:
13. Quantos cigarros fumas por dia (0; 1 a 5; 6 a 10; 11 a 15; + de 15)
14. Nas QUESTÕES que se seguem, as 5 opções de resposta correspondem a: O 1º
quadrado (começando do teu lado esquerdo) corresponde a nunca; o 2º a raramente; o 3º
a às vezes; o 4º a dia sim, dia não e o 5º a todos os dias.
15. Tomas o pequeno almoço?
nunca
16. Almoço? nunca
todos os dias
todos os dias
todos os dias
17. Jantar? nunca
Nas QUESTÕES que se seguem, as 7 opções de resposta, relativas à semana,
correspondem a:» O 1º quadrado (começando do teu lado esquerdo) corresponde a nunca;
o 2º uma vez; o 3º duas a quatros vezes; o 4º a 5 a seis vezes, o 5ºuma vez por dia, o 6º a
duas a 3 vezes dia e o 7º a mais de 4 vezes por dia.
18. Comes doces? nunca
mais de 4 vezes ao dia
19. Comes frutas? nunca
mais de 4 vezes ao dia
20. Comes vegetais? nunca
mais de 4 vezes ao dia
21. Bebes água? nunca
mais de 4 vezes ao dia
22. Bebes leite: nunca
mais de 4 vezes ao dia
23. Bebes refrigerantes: nunca
24. Bebes bebidas alcoólicas: nunca
mais de 4 vezes ao dia
mais de 4 vezes ao dia
25. Praticas exercício físico fora da Escola, com um professor ou treinador? Nunca
todos os dias
26. Quantas horas, por semana, praticas exercício físico?
28. Utilizas algum espaço público de lazer?
Sim
Não
30. Qual a profissão do teu pai? __________ 31. Qual a profissão da tua mãe? _____________
32. Qual a escolaridade do teu pai?
Básico
Secundário
Superior
33. Qual a escolaridade da tua mãe?
Básico
Secundário
Superior
37. Nas QUESTÕES que se seguem, as 6 opções de resposta correspondem a: o 1º
quadrado (começando do seu lado esquerdo) corresponde a 0 horas; o 2º a 1 hora; o 3º a 2
horas; o 4º a 3 horas; o 5º a 4 horas e o 6º a mais de 5 horas
38. Quantas horas por dia vês televisão durante a semana: 0 horas
mais de 5 horas
39. Quantas horas por dia vês televisão ao fim de semana: 0 horas
mais de 5 horas
40. Quantas horas jogas Jogos Electrónicos durante a semana: 0 horas
mais de 5 horas
41. Quantas horas jogas Jogos Electrónicos ao fim de semana: 0 horas
mais de 5 horas
42. Quantas horas passas na Internet durante a semana: 0 horas
de 5 horas
mais
43. Quantas horas passas na Internet ao fim de semana: 0 horas
mais de 5 horas
44. Quantas horas estudas durante a semana: 0 horas
mais de 5 horas
45. Quantas horas estudas ao fim de semana: 0 horas
mais de 5 horas
46. Quantas horas estás com amigos durante a semana: 0 horas
de 5 horas
mais
47. Quantas horas estás com amigos ao fim de semana: 0 horas
de 5 horas
49. Tens computador?
Não 50. Tens televisão no quarto?
Sim
51. Tens jogos eletrónicos?
Sim
mais
Sim
Não
MUITO OBRIGADO PELA TUA COLABORAÇÃO
Não
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relação entre obesidade infantil e imagem corporal em crianças da