Universidade Federal do Ceará
Centro de Ciências Agrárias
Departamento de Zootecnia
Cana-de-açúcar na alimentação de
ruminantes
Magno José Duarte Cândido
Núcleo de Ensino e Estudos em ForragiculturaNEEF/DZ/CCA/UFC
[email protected]
Fortaleza – Ceará
18 de dezembro de 2013
Introdução
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Vantagens do uso da cana como volumoso suplementar:
Alta produção e alto rendimento energético: 15 a 20 t NDT/ha
Facilidade de manejo
Coincidência da safra com a escassez de forragem
Manutenção do valor nutritivo por vários meses no campo
Grande aceitabilidade pelo animal
Permite uma colheita a cada três dias, diminuindo custos c/ deslocamento campo-estábulo
Atualmente: uso da cana como volumoso suplementar para a seca = critérios econômicos
uma das opções mais interessantes para minimizar o custo das rações e do produto animal
e maximizar a projeção de receita líquida da atividade (Nussio et al., 2006)
Desafios ainda a perseguir:
Até onde se pode seguir com a utilização da cana-de-açúcar como fonte de volumoso na
ração de ruminantes?
Qual o potencial de desempenho individual de animais que esse volumoso pode
proporcionar?
Como reduzir o custo de produção nas glebas cultivadas?
Há possibilidade de ganhos/produções competitivas que se traduzam em boa rentabilidade
ao produtor?
Como oferecer agilidade logística e operacional no manejo da cana e das rações que a
contém?
Valor nutritivo
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Nenhuma ênfase é dada à qualidade da fibra sob contexto de nutrição animal, tendo-se de
maneira geral selecionado variedades com valores em torno de 11 a 13% de fibra bruta.
As variedades de menor teor de fibra são mais sensíveis a danos mecânicos ocasionados
no corte e transporte = favorece a contaminação e diminui o rendimento de açúcar por
tonelada de cana.
Em termos de qualidade nutricional a cana-de-açúcar é limitada pelo baixo teor de proteína
e fibra de baixa digestibilidade.
Mas há variabilidade genética para qualidade da fibra.
Freitas (2005) relatou variação no conteúdo de lignina de 9,97 a 13,54% da FDN em 13
genótipos de cana-de-açúcar = importância da avaliação bromatológica contínua de
variedades de cana-de-açúcar
O produtor deve escolher entre uma ou outra variedade, baseado não somente nos critérios
de produtividade de massa e facilidade de colheita manual, mas também considerando o
valor nutritivo
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Tabela – Composição químicobromatológica da cana
Tabela – Composição químico-bromatológica da
cana
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Formas de fornecer a cana-de-açúcar

Cana Integral:


Forma mais utilizada;
Atualmente faz-se a
picagem (grau não
interfere na
performance do
animal).
6
Formas de fornecer a cana-de-açúcar

Colmos:



Fornecimento semelhante ao
integral;
Inteiro ou picados;
 digestibilidade e  consumo
voluntário, quando comparando
com a cana inteira.
7
Formas de fornecer a cana-de-açúcar

Pontas:




Subproduto da industrialização;
Pode atingir 20-30 ton./ha;
Mesmo com a queima não há perdas no
valor nutritivo;
Fornecidas fresca (inteira ou picada).
8
Formas de fornecer a cana-de-açúcar

Pastagem:


Evita operações de corte e transporte;
Deve permitir o pastejo 1 vez por ano e por
período curto (ocupação rotativa).
9
Formas de fornecer a cana-de-açúcar

10
Silagem:





Pouco usual no Brasil;
Silagem da planta inteira e/ou pontas;
Intensa fermentação alcoólica (diminui a
aceitabilidade);
Prefere-se fazer silagem com variedades
pobres em açúcares, ou adicionar aditivos
que controlem a fermentação;
Acrescenta-se uréia ou amônia líquida obtêm
um produto superior a silagem sem aditivo e
inferior a cana fresca;
Formas de fornecer a cana-de-açúcar
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ENSILAGEM DA CANA-DE-AÇÚCAR
Vantagens (especialmente benefícios operacionais)
concentração de atividades de colheita
redução de custos com transporte interno na fazenda e redução na necessidade diária de
mão-de-obra
aumento na longevidade do talhão, devido à melhor execução de práticas agronômicas de
manejo
Desvantagens:
elevações entre 85 e 95% no custo da tonelada de MS da cana-de-açúcar após a ensilagem,
embora essa ainda seja uma opção bastante competitiva.
redução no consumo voluntário de MS, pela fermentação alcoólica mediada por leveduras
acarreta elevada perda de MS na forma de gases, superior a 35% da MS inicial
Alternativas:
usar variedades com baixo teor de açúcar ou usar aditivos que inibam a fermentação
alcoólica. Ex.: uréia
Tamanho das partículas de cana-de-açúcar 12
É recomendável a picagem do material antes do fornecimento
O tamanho de partícula após a picagem: diretamente associado à taxa de passagem de
partículas e ingestão voluntária de MS pelos animais, especialmente em volumosos com
alta efetividade da fibra (baixa digestão), como a cana-de-açúcar.
O tamanho de partícula médio que pode ser gerado pela ação das colhedoras de forragem
varia entre 3 e 22 mm, mas isso pode ser devido à baixa frequência de afiação das facas.
Tamanho ideal: 15 mm. Afiação constante é importante no que tange à cana-de-açúcar, pela
sua robustez que provoca abrasão intensa dos componentes do equipamento, desgaste
de facas e rápido aumento no tamanho médio das partículas geradas devido à perda de
precisão do corte
Cana finamente picada: < 5 mm = fonte de carboidratos não fibrosos
Tamanho das partículas de cana-de-açúcar13
14
Limitações nutricionais da cana como
alimento exclusivo
15
Limitações nutritivas da cana como alimento exclusivo:
Necessário a suplementação mineral com P, Na e Co;
O teor de PB e extrativos nitrogenados são baixos;
Necessário uma suplementação com compostos nitrogenados ou protéicos.
Vantagens da combinação cana + uréia
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A cana embora seja pobre em proteína (1 a 3% na matéria seca, MS), é uma fonte de
carboidratos, na forma de sacarose (açúcar), os quais são altamente solúveis no rúmen
dos animais, podendo causar desequilíbrio proteína x energia;
Pelo seu sabor adocicado, a cana-de-açúcar é facilmente consumida pelos animais, mesmo
quando misturada à uréia, que é amarga;
OBSERVAÇÕES NO USO DA CANA COM URÉIA:
Obs.1: Uréia pecuária x Uréia adubo
Obs.2: Uréia + fonte de enxofre  9 partes de uréia + 1 parte de sulfato de amônia(SA)

Proporção N/S = 14/1
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MANEJO DA CANA + URÉIA
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RECOMENDAÇÕES A SEREM SEGUIDAS PARA EVITAR PROBLEMAS COM A TÉCNICA:
Os animais devem ser inicialmente adaptados ao consumo de uréia. Não usar em quantidades superiores
às recomendadas anteriormente
Usar regador plástico, para evitar a ação corrosiva da uréia
Usar cochos cobertos e com furos para dreno d’água, para evitar excesso de água no fundo do cocho
A cana não deve ser misturada com água no cocho, devendo ser fornecida da forma como estava, ou in
natura, ou desidratada
Animais que fiquem + de 24 h sem receber a dieta devem ser readaptados
Evitar fornecer essa dieta a animais famintos
A mistura uréia + SA pode ser feita antecipadamente
A cana deve ser cortada no máximo 3 a 4 dias antes do fornecimento
Efetuar a picagem da cana-de-açúcar no momento de fornecer aos animais
A mistura cana + uréia deve ser feita diariamente, se possível poucas horas antes de fornecer;
A uréia deve ser misturada de forma homogênea à cana picada, a fim de se obter uma ingestão regular
desse alimento;
A cana e a mistura uréia + SA não necessitam ser pesadas diariamente.
Uma boa suplementação mineral quando se usa uréia é extremamente
necessária para se obter um bom desempenho dos animais;
Nunca use uréia dissolvida em água de beber dos animais ou em “sopões”
É importante um acompanhamento técnico para escolha e adequação de um método
que se adapte às condições de cada propriedade.
Acidentes no uso da cana + uréia
Causas mais freqüentes de acidentes (podem ser fatais):
Utilização da uréia acima da dose recomendada;
Má homogeneização (mistura) da uréia com cana;
Não observância do período de adaptação.
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Intoxicação por uréia
Sintomas apresentados pelos animais
· Agitação
· Salivação em excesso
· Falta de coordenação
· Tremores musculares
· Micção e defecação freqüentes
· Respiração ofegante
· Timpanismo
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Intoxicação por uréia
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No caso de intoxicação, utilizar como antídoto 8 a 10 L ou
pelo menos duas garrafas de vinagre por animal, logo aos
primeiros sinais, da seguinte maneira:
· Coloque o bico da garrafa no canto da boca do animal e
deixe o vinagre descer por ingestão forçada;
· Movimente o animal quando estiver dando vinagre;
· Não puxe a língua do animal para dar o vinagre; com isso,
se evita que o vinagre vá para o pulmão do animal e o
asfixie.
Obs.: Deve-se recorrer ao veterinário da fazenda, caso
necessário
Recomendações gerais para tirar o
máximo proveito da cana + uréia
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
Usar variedades de cana-de-açúcar produtivas, com alto teor de açúcar;

Após a colheita, não estocar cana por mais de dois dias;

Efetuar a picagem da cana-de-açúcar no momento de fornecer aos animais;

Usar uréia mais fonte de enxofre nas dosagens recomendadas;

Misturar uniformemente a uréia à cana picada, para evitar riscos de
intoxicação;

Respeitar o período de adaptação, observando os animais com regularidade;

Depois do período de adaptação, fornecer cana + uréia à vontade;

Usar cochos bem dimensionados, permitindo livre acesso dos animais;

Eliminar sobras de forragem do dia anterior;

Manter água e sal mineral à disposição dos animais, à vontade;

Fornecer concentrado em função do nível de produção de leite ou ganhos de
peso desejado.
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TABELA 5 - Ganho de peso animais mestiços Holandês-Zebu confinados, alimentados
cana + uréia na época da seca e suplementados com diferentes concentrados
Muito Obrigado!
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