História, imagem e narrativas
No 2, ano 1, abril/2006 – ISSN 1808-9895
Augusto Malta e o olhar oficial - Fotografia, cotidiano e memória no Rio
de Janeiro – 1903 / 1936.
Fernando Gralha de Souza
Mestrando, UFJF/PPGHIS
[email protected]
Resumo: O objetivo deste trabalho é traçar um panorama do cotidiano da cidade do Rio de Janeiro no
período conhecido como “Belle Époque” e discutir o lugar da fotografia como instrumento do esforço de
legitimação das reformas urbanas e na construção da memória do Rio de Janeiro. Como referencial de análise
utilizamos as imagens do Rio de Janeiro feitas pelo fotógrafo Augusto Malta durante o período em que foi
fotógrafo oficial da prefeitura (1903/1936).
Palavras-chave: Augusto Malta, fotografia, História, memória, reformas urbanas.
Abstract: The objective of this work is to trace a panorama of the daily of the city of Rio de Janeiro in the
period known as "Belle Époque" and to argue the place of the photograph as instrument of the effort of
legitimation of the urban reforms and in the construction of the memory of Rio de Janeiro. As referencial of
analysis we use the images of Rio de Janeiro made by the photographer Augusto Malta during the period
where he was official photographer of the city hall (1903/1936).
Word-key: Augusto Malta, photograph, History, memory, urban reforms.
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“... uma obra como aquella, um homem como aquelle, não mereciam a falta de respeito de
uma “tapeação”. Entusiasmado dediquei-me de corpo e alma à nova função. Diante do nada
de fotografia que eu sabia esforcei-me para conquistar o muito que agora sei. Embora uma
função secundária e lateral, eu me orgulhava em dar minha cooperação para a glória da
grande obra. Ella precisava de uma documentação fiel e indiscutível que só as boas
fotografias poderiam proporcionar.”
Augusto Malta, 1936 ao jornal O Globo
Introdução
O período a ser estudado é marcado por aspectos proeminentes, como a
modificação da paisagem urbana, a disputa pelo espaço entre Estado e população e o
novo ideário mental que buscava beleza, higiene e europeização. De fato estes
aspectos se inter-relacionavam, sendo que a fotografia oficial desempenhava um
importante papel na ratificação e registro dos projetos desenvolvimentistas.
A tentativa de legitimar um determinado processo de reforma passa
obrigatoriamente pela busca do estabelecimento de uma ideologia dominante. Dois
modos de imposição podem ser utilizados pelo governo neste processo de
legitimação: a violência física e a simbólica. É evidente que a violência física teve
uma presença determinante no período, porém como o tema
deste artigo é a
utilização da fotografia como forma de legitimação e de consenso, procuraremos
apenas identificar como se deu a implementação desse consenso no imaginário
popular, onde o uso das fotografias de Augusto Malta teve um grande destaque.
É nesse cenário, a administração Pública na cidade do Rio de Janeiro e o registro
feito por Malta que se concentra nosso trabalho, como Malta e sua obra trabalharam
adotando o projeto das elites – remodelação e regeneração urbana e cultural do Rio de
Janeiro -, contribuindo, influenciando e sendo influenciado pelo novo ideário mental que
surgia, que tinha como destino e objetivo fazer com que a cidade representasse a imagem
de progresso e civilização de que o Brasil era capaz, ou seja, como Malta e sua obra
contribuíram para a construção da memória deste período. Tenciona-se ainda mostrar como
Augusto Malta "leu" seu próprio tempo, tempo que tem início com administração Pereira
Passos, e antes de tudo um tempo de mudanças. Para tanto, buscou-se estabelecer as
relações entre fotografia, memória e História.
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Fotografia e História
O evidente desenvolvimento da historiografia nas últimas décadas proporcionou ao
historiador um “alargamento” das possibilidades de estudo. Ultrapassando a “História feita
com textos” Marc Bloch e Lucien Febvre, fundadores dos École dês Annales, deram início
a uma renovação nos enfoques, que até então estavam limitados à história factual,
oferecendo novas possibilidades de fontes e documentos.
Desde então, tem ocorrido uma expansão nos limites da produção historiográfica,
como já pressentia Fustel de Coulanges: “...onde o homem passou e deixou marca de sua
vida e inteligência: aí está a história”1. Todos os indícios deixados pelo homem ganham
uma equivalência aos documentos ditos oficiais. Assim sendo, com a descoberta de “novos
objetos”, “novos problemas” e “novas abordagens”,2 instrumentos como a música, a
pintura, o cinema, a fotografia, entre outros ganham status de fontes dignas de se fazer
história e passíveis de leitura por parte do historiador.
Novidade surgida na primeira metade do séc. XIX, a fotografia foi
imediatamente percebida como representação fiel da realidade3.
Foi o recurso
mecânico encontrado pela ciência para reprodução do fato, cópia fiel dessa mesma
realidade.4 Realidade formulada a partir de uma intrincada rede de significações, cujos
elementos – homens e signos – interagem dialeticamente na sua composição5. Uma
realidade recriada, que surge como imagem “que é e não é”, simultaneamente no que
mostra e no que esconde.
O viés da análise de Bosi (BOSI, 1988) sobre uma fenomenologia do olhar está em
que, olhar, ver e pensar são ações intrínseca e historicamente inseparáveis. Para se alcançar
àquilo que não foi mostrado de pronto pelo olhar do fotógrafo, temos que captar as relações
entre signo e imagem, características e aspectos da mensagem que a imagem constrói, de
grande importância também é posicionar a fotografia no campo cultural, no qual foi
originada, compreendê-la como escolha resultante de uma determinada visão de mundo,
1
CARDOSO & MAUAD, 1997. p. 401.
Referência à obra coletiva organizada por LE GOFF, Jacques e NORA, Pierre, traduzida no Brasil com o
título de História: novos objetos, novos problemas, novas abordagens. 3v. Rio de Janeiro, Francisco Alves,
1976.
3
Essa era uma visão positivista que fazia da fotografia um repositório de verdade, bem como de
lembranças e memórias.
4
ARNAL, 1998.
5
CARDOSO & MAUAD, 1997, p.405.
2
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visão esta que deve ser analisada como tentativa de reprodução de mundo, porém carregada
de elementos ideológicos e mentais moldados pela forma de compreender o mundo no
momento em que o fotógrafo através de um equipamento, congela, paralisa uma fração
mínima do continuun do tempo do seu olhar.
Desta forma, podemos perceber que a fotografia se constituiu como um instrumento
de fortes possibilidades de indução e propagação de modos de comportamento e controle
social, bem como lugar de memória e lembranças.
É preciso portanto, olhar para a imagem fotográfica com olhos mais críticos e
investigativos, analisar a mensagem fotográfica além da comunicação visual pura e
simples, procurando absorver dela toda uma leitura de contexto e intenções, faz-se
necessária à análise de elementos subjacentes que certamente estão inseridos no resultado
final do “clic” do fotógrafo, significa a tentativa de ir além da janela de realidade aberta
pela fotografia, buscar o que a sociedade gostaria, no passado, de eternizar para o futuro,
buscar as relações ocultas, que não chegam a penetrar na consciência. Significa buscar
compreender uma totalidade implícita na imagem, legitimar uma determinada escolha,
como agente do processo de criação de uma memória, articulando partes e todo com seus
significados, operando a legitimação de uma escolha e por conseqüência, desprezando
outras. Isto suscita a análise do contexto da produção, da apropriação e do uso da
fotografia.
Podemos entender a fotografia como um sistema de comunicação e portanto,
portadora de uma mensagem; se existe uma mensagem sendo transmitida, existe um
emissor, e a intenção de se transmitir algo. E é exatamente nessa intenção que reside o
questionamento quanto a sua absoluta expressão da verdade. Os códigos de representação e
comportamento de um indivíduo ou grupo a que ele pertence, podem estar presentes numa
imagem fotográfica, e como esta é passível a processos de manipulação, é comum que este
tipo de conduta ocorra em regimes que procuram legitimar-se (sejam eles totalitários ou
não).
Partindo do ponto de que a fotografia traz em si uma série de referências do
indivíduo, grupo ou sociedade a que representa, como imagem, ela está carregada de valor
cultural. Segundo Arnal (1998), esse “estar carregado de valor cultural” acontece quando a
imagem se insere no contexto sociocultural de um determinado grupo. Essa inserção ocorre
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se, e quando, os atores sociais mantém os ritos comuns que reforçam e estruturam esse
grupo.
Portanto, é importante que o historiador ao realizar uma pesquisa em que a
fotografia se estabeleça como fonte, permaneça atento para as várias possibilidades de
leitura ao analisar uma fotografia, pois ela não se constitui em imagem fiel da realidade,
como asseguravam os positivistas; ela é a conseqüência da interpretação de um
determinado recorte do passado, com informações e desinformações trazidas pela
ambigüidade de sentidos que compõem a fotografia, com toda a subjetividade e a
objetividade que ela apresenta, produto das representações de um determinado indivíduo
ou grupo, e da interpretação destes sobre o objeto fotográfico, ou seja, ter consciência de
que existe toda uma série de códigos que propiciam uma leitura mais apurada da
fotografia, e ter o conhecimento do contexto em que aquela fotografia se insere torna-se
assim indispensável.
Malta, a Prefeitura e a cidade.
Augusto César Malta chegou ao Rio de Janeiro por volta de 1889, e até 1902
perambulou por vários ofícios (guarda municipal, vendedor ambulante, guarda-livros, entre
outros) antes de descobrir a fotografia. Malta trocou sua bicicleta (seu meio de transporte e
que na época era uma inovação geralmente importada) por uma máquina fotográfica e a
partir daí tornou-se o maior cronista visual da primeira metade do século XX6. Fotografava
de tudo, amigos, paisagens, pessoas. Rompeu com tradições estéticas e ideológicas, pois
além de mostrar personagens e paisagens das elites locais, apresentava aos apreciadores de
suas obras o “populacho”, seus lazeres, ofícios e o dia-a-dia. Produziu imagens capturadas
nas ruas, invadindo a intimidade destas pessoas quase sempre com flagrantes que
evidenciavam a dinâmica cotidiana dos habitantes da cidade.
No início do século XX o Rio de Janeiro dava início a um turbulento período de
mudanças, Pereira Passos assume a prefeitura e desencadeia o processo de reurbanização
da cidade, que tencionava enfrentar os graves problemas sociais decorrentes, em larga
medida, do crescimento rápido e desordenado da cidade. Com o declínio do trabalho
6
“O interesse pela fotografia começou com uma pequena máquina que ele trocou por uma bicicleta (...) daí
ele começou a tirar fotos e tomou gosto” – Amaltéa Malta Carlini, filha de Malta, em entrevista ao MIS,
1980.
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escravo, a cidade passara a receber grandes contingentes de imigrantes europeus e de exescravos, atraídos pelas oportunidades que ali se abriam ao trabalho assalariado. Entre
1872 e 1890, a população duplicou, passando de 266 mil para 522 mil habitantes7.
Era imperioso transformar o Rio de Janeiro em uma cidade moderna e virtuosa, era
um grande projeto e precisava ser registrado. Malta foi indicado à Pereira Passos por
Antônio Alves da Silva Júnior, um amigo fornecedor da prefeitura, para fotografar algumas
das primeiras obras do prefeito. Passos apreciou o trabalho e o convidou para assumir o
cargo de fotógrafo documentarista (cargo que até aquela data não existia na administração
da cidade).8 A partir de então, passou a registrar todas as atividades do prefeito,
inaugurações, posses, obras públicas e encontros políticos, trabalho este que se prolongou
por mais de 30 anos.
Foto 1- MIS/RJ9
Foto 2- MIS/RJ
Onde quer o prefeito estivesse, fosse na inspeção das obras no Flamengo (1906) ou no almoço oferecido
ao prefeito (1906) pelo representante no Brasil do governo Argentino,(com presença, entre outras figuras
eminentes, de Joaquim Nabuco e Machado de Assis), lá estava o fotógrafo oficial para registrar o evento.
A obra de Malta na prefeitura não se resumia a um trabalho meramente burocrático
ou administrativo, desempenhava principalmente, um papel político-social, no qual suas
fotografias eram parte de um plano político com um objetivo muito bem definido: o de
7
CARVALHO, 1987. p. 16.
Decreto 445, de Junho de 1903 (Arquivo, 1994, p 16). Ap. CIAVATTA, 2002, p. 90.
9
Todas as fotos utilizadas no presente artigo são de autoria de Augusto Malta.
8
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livrar o Rio de Janeiro de seus ares coloniais e equipará-lo às grandes e modernas cidades
européias, mais especificamente Paris.
O aumento da população associado ao aumento da pobreza produziram um
agravamento na crise habitacional, uma característica constante da vida urbana da cidade
desde meados do século XIX. O centro da cidade era o âmago da crise, a Cidade Velha e
adjacências, com seus cortiços, casebres, quarteirões de ruas estreitas e tortuosas, a
presença dos morros e de elevações dificultavam a renovação do ar, tornando-o pesado e
insalubre,10 e de fato o Rio foi cenário de variada gama de epidemias como varíola, tifo,
febre amarela e peste bubônica.
Diante deste quadro os higienistas foram os primeiros a formular um discurso
articulado sobre as condições de vida na cidade, sugerindo intervenções mais ou menos
enérgicas para restabelecer o equilíbrio daquele "organismo" doente. O primeiro plano
urbanístico para o Rio de Janeiro foi elaborado entre duas epidemias muito violentas de
febre amarela (1873 e 1876)11, mas uma ação concreta nesse sentido levaria cerca de três
décadas para se realizar. Com a estabilidade político-econômica, alcançada no governo
Campos Sales (1898-1902), foi possível ao seu sucessor, Rodrigues Alves, implementar,
entre 1903 e 1906, o ambicioso programa de renovação urbana da capital.
10
Teoria dos miasmas, segundo a qual a doença e a morte eram resultante de “desequilíbrio de gases”
produzido pela “inalação” ou pelo contato com o ar proveniente da decomposição de cadáveres e da
matéria pútrida, ou mesmo de seres vivos. ENGEL,
2002, p.337.
11
CHALHOUB, 1996.
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Foto 3- MIS/RJ
Foto 4- MIS/RJ
Quiosques (1904) e Cortiço na rua do Ypiranga (1906): dois exemplos da “doença” da cidade
do Rio de Janeiro.
O presidente dá a Pereira Passos poderes quase ditatoriais12, e este elege o centro do
Rio como a parte da cidade onde os costumes e espaços “doentes” seriam extirpados.
Tendo a Paris de Haussmann como modelo, sustentando-se no tripé saneamento, abertura
de ruas e embelezamento, deu início à transformação. As ruas deveriam ser essencialmente
mais largas, criando melhores condições de ventilação, arejamento e iluminação. Ruas
mais largas estimulariam ao mesmo tempo a adoção de um modelo arquitetônico mais
alinhado com uma cidade-capital.
Era preciso documentar a passagem do antigo para o novo, o processo de demolição
e construção que levaria o Rio de Janeiro à condição de cartão-postal do novo país, o portal
de entrada para a civilização. Um dos meios encontrados por Pereira Passos foi a
fotografia, instrumento que era não só uma maneira de eternizar seus feitos historicamente,
mas também um meio de propaganda.
12
Pereira Passos assumiu em 02 de Janeiro de 1903, e conseguiu do governo federal que o conselho
municipal fosse fechado, com isto pode levar à frente, sem interferências e em caráter de urgência, uma
série de medidas que visavam as reformas urbanas.
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O caminho aberto para que um
cano de pedra levasse para o
mar as águas estagnadas da
Lagoa de Santo Antônio, deu
origem à "Rua do Cano
(1906)", que assim foi
chamada até 1856, quando foi
batizada como 7 de Setembro.
Em 6 de setembro de 1906 o
Prefeito Pereira Passos lá
esteve, inaugurando o trecho
que ia da Rua 1º de Março até
a Av. Central. O fotógrafo
Augusto Malta registrou o
momento histórico.
Foto 5- obtida no site www.almacarioca.com.br
As três primeiras décadas do século XX foram um momento muito particular da
afirmação da fotografia. O fotodocumentarismo, o fotojornalismo, e o fotoensaísmo, eram
as tentativas de registro do real mais confiáveis que existiam. A professora Ana Maria
Mauad diz:
“Por muito tempo, essa marca inseparável de realidade foi
atribuída à imagem fotográfica, sendo seu uso ampliado ao campo das
mais diferentes ciências. Desde a entomologia, até o estudo das
características físicas de criminosos, a fotografia foi utilizada como prova
infalsificável. No plano do controle social, a imagem fotográfica foi
associada à identificação, passando a figurar desde o início do século XX,
em identidades, passaportes e os mais diversos tipos de carteiras de
reconhecimento social. No âmbito privado, através do retrato de família, a
fotografia também serviu de prova. O atestado de um certo modo de vida e
de uma riqueza perfeitamente representada através de objetos, poses e
olhares.”13
Apesar de se saber muito pouco sobre suas posições políticas, era evidente que
Malta, como vários profissionais da época, apoiavam as reformas de Pereira Passos e tinha
na fotografia a certeza de um registro neutro, um instrumento apto a registrar a “verdade
pura” nas imagens fotografadas.
É certo que, de algum modo, esse período de efervescência influenciou o trabalho
do fotógrafo, que no começo de suas atividades, não detinha um grau de amadurecimento
suficiente, na sua profissão, para enxergar as dimensões políticas e ideológicas que
estavam em jogo e a importância da fotografia como um instrumento legitimador de uma
determinada “realidade”.
13
MAUAD, 1996.
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Por outro lado, Malta parecia ter conhecimento do valor da conservação de uma
memória, ele tinha o cuidado de anotar em suas chapas o número do fotograma, a data e
local da realização da fotografia, e em alguns pequenos comentários pessoais. Era como se
soubesse que seu trabalho seria importante para a construção, permanência e circulação da
memória da cidade em seu tempo.
No
detalhe
da
fotografia
Arrasamento do morro do
Castelo (1922), um exemplo
de anotação feita por Malta.
Foto 6- Imagem retirada do livro CIAVATTA,
Maria. O mundo do trabalho em imagens: a
fotografia como fonte histórica (Rio de
Janeiro, 1900-1930). Rio de Janeiro, DP&A,
2002. p. 109.
Um dos indícios de Malta estava ideologicamente sintonizado com os ideais de
reforma urbana e social da cidade são justamente estas “legendas-comentário” que anotava
em algumas fotos, como exemplo “esta está pedindo picareta”, frase anotada em algumas
fotografias de construções (principalmente os cortiços) que seriam analisadas pela
prefeitura para efeito de desapropriações e indenizações. Podemos dizer que o fotógrafo
parecia complementar a mensagem imagética da fotografia com uma confirmação verbal,
orientando uma mensagem onde imagem e palavra se relacionam, se reafirmam e se
complementam.14
14
CIAVATTA, 2002, p. 94.
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Foto 7 - Imagem retirada do livro CIAVATTA, Maria. O mundo do trabalho em imagens: a
fotografia como fonte histórica (Rio de Janeiro, 1900-1930). Rio de Janeiro, DP&A, 2002. p. 43.
Quitanda na rua do Rezende e vendedores ambulantes (1905) - As linhas traçadas no chão e os
números no meio-fio identificavam as casas marcadas para a desapropriação,conscientemente ou
não, Malta posicionou alguns vendedores ambulantes dentro da área a ser removida . Outro exemplo
das “doenças” da cidade, os ambulantes também foram removidos das áreas nobres juntamente com
os imóveis.
Através de suas fotografias, Malta alimentava de informações os processos de
intervenção do Prefeito na cidade. Os álbuns de fotos das construções eram remetidos ao
prefeito, que os utilizava como justificativa para as desapropriações e negociações das
indenizações com os proprietários dos imóveis, eles comprovavam o estado precário das
velhas casas e sobrados; demonstravam os “maus” hábitos dos freqüentadores dos
quiosques, dos ambulantes, as fotos de Malta registravam não só o lugar dos moradores
mas também suas vidas, seu cotidiano através do olhar oficial, o olhar da elite.
Este olhar, baseado nas idéias de civilização, beleza e regeneração física e moral,
promoveu, com a transformação do Rio na “Cidade Maravilhosa”, uma forte valorização
do território urbano da área central, e com isto revelou o lado perverso das reformas. Cerca
de 1.600 velhos prédios residenciais foram demolidos, atingindo como um terremoto a
população de baixa renda que ali se concentrava.
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Largo do SantoChristo, kioske e freqüentadores (1911)
“Em todo o Rio de Janeiro (...) o kiosque affrontoso,
ennodando a paizagem, (...). Cada qual mais sórdido.(...).
Ignóbeis todos. Fallemos. Porém, dos outros, dos peiores.
Estão os freguezes do antro em derredor, recostados à
vontade, os braços na platinbanda de madeira, que sugere
um balcão; os chapéus derrubados sobre os olhos,
fumando e cuspindo o solo(...) os kiosque é uma
improvisação achamboada e vulgar de madeiras e zinco,
espelunca fecal, empestando à distância e em cujo bojo vil
um homem se engaiola, vendendo ao pé rapado – vinhos,
broas, café, sardinha frita, codias de pão dormido, fumo,
lascas de porco, queijo e bacalháo”15
Foto 8 – Imagem retirada do livro CIAVATTA,
Maria. O mundo do trabalho em imagens: a
fotografia como fonte histórica (Rio de Janeiro,
1900-1930). Rio de Janeiro, DP&A, 2002. p.
22.
Foto 9 - MIS/RJ
Obras de demolição no centro da cidade, 1906 - A era do “bota-abixo” provocou uma febre de
demolições que deixou a população carioca atordoada.
15
EDMUNDO, 1938. p. 117-118.
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Porém, uma parcela considerável da enorme massa atingida pela remodelação
continuava no centro, pois, apesar do acelerado crescimento da zona norte e dos subúrbios,
essas áreas não se constituíam de uma alternativa viável de moradia para os que ganhavam
diárias irrisórias ou tinham como modo de sobrevivência os biscates. Serviam somente aos
que recebiam uma remuneração estável e suficiente para as despesas de transporte,
aquisição de terreno, construção ou aluguel de uma casa.
Nesse contexto de necessidade da proximidade entre a residência e o local de
trabalho, desabrochou na paisagem do Rio, juntamente com as tradicionais habitações
coletivas que se espalharam nas áreas junto ao centro (Saúde, Gamboa e Cidade Nova),
uma nova modalidade de habitação popular: a favela, que apesar de não ter se originado
naquele momento, teve seu período de expansão a partir de então, concentrando-se nos
morros da área portuária.
Foto 10 – Imagem retirada do livro CIAVATTA,
Maria. O mundo do trabalho em imagens: a
fotografia como fonte histórica (Rio de Janeiro,
1900-1930). Rio de Janeiro, DP&A, 2002. p. 82.
Foto 114 – Imagem retirada do livro CIAVATTA,
Maria. O mundo do trabalho em imagens: a
fotografia como fonte histórica (Rio de Janeiro,
1900-1930). Rio de Janeiro, DP&A, 2002. p. 87.
Casebres do Morro de Santo Antonio (1914) e Grupo de músicos no morro da Favela (1920) - A
primeira favela16 surgiu no morro da Providência na Gamboa, retrato do outro lado da modernização e
resultado da busca por moradias de baixo custo e próximas ao centro , os morros foram ocupados por
barracos improvisados, sem serviços de energia elétrica ou sanitários.
Nas fotos de Malta fica clara a “simbiose” entre moradias e moradores, ou seja, a pose, a vestimenta, o
homem com a garrafa na boca, fazem com que os moradores sejam um exemplo do que não se queria na
cidade, mimetizando-os com a aparência decrépita dos casebres.
Esta disputa de espaço ocorrida nas reformas urbanas, concederam à cidade uma
nova face em seus aspectos urbanístico, político e sócio-econômico. Mas, se a abertura de
avenidas e as demolições permitiram à cidade atender às funções modernas de centro
16
O nome “favela” foi dado por soldados oriundos da guerra de Canudos, numa referência à uma serra chamada Favela,
no município de Monte Santo na Bahia.
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comercial, financeiro e administrativo, por outro lado, provocaram a destruição de centenas
de velhos casebres, cais de madeira, quarteirões. Foi um período marcado por conflitos que
convulsionaram a antiga capital federal, resultantes de interesses particulares alcançados,
de imposições discriminatórias sobre as classes subordinadas e da resistência delineada por
esses setores.
A reforma da capital constituiu, sem dúvida, uma ruptura no processo de
urbanização do Rio de Janeiro, um ponto de inflexão no qual a "cidade colonial" cedeu
lugar, de forma definitiva à "cidade burguesa", moderna, do século XX, que tinha como
parâmetros as metrópoles européias. Em novembro de 1906, quando Rodrigues Alves
Passou a faixa presidencial a Afonso Pena, o Rio – remodelado e saneado – já era
apresentado como "a cidade mais linda do mundo", a "cidade maravilhosa". Tudo
devidamente registrado por Malta através de suas lentes, que tomando o mesmo ponto de
vista das elites, atuou como o primeiro fotojornalista de nossa história,17 sua função era tão
importante que o próprio prefeito assinava seu cheque de pagamento.18 Trabalhou para
dezenove prefeitos, sempre com grande prestígio, sempre enxergando com o olhar oficial.
“ (...) Por isso folgamos de ver que no Arquivo Municipal, d’aqui a
anos, quem nos suceder e tiver curiosidade, poderá encontrar os elementos que
o habitam a recordar o passado do Rio de Janeiro em suas ruas e edificações.
Estimaríamos que o fotógrafo Municipal dispusesse de tempo, ou de recurso
para andar surpreendendo os nossos maus costumes: indivíduos deitados pelo
chão, caídos, bêbados; (...) e tantas outras coisas ridículas que infestam esta
capital e que o tempo e a vontade enérgica do prefeito se incumbiram de
destruir para dar lugar à civilização em todas as suas maneiras de melhorar e
aperfeiçoar”19
17
MALTA: fotógrafo do Rio antigo. Rio de Janeiro: Rio Gráfica Editora Ltda, 1983.
Nosso Século, Abril Cultural, 1980, vol. 1, 1900-1910, ap. CIAVATTA, 2002, p. 94
19
Photografia Municipal. O Comentário, 27/01/1904, p. 37-38, ap. CIAVATTA, 2002, p. 90
18
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Foto 12 - MIS/RJ
Avenida Central (1906) - O traçado ambicioso da Av. Central (para sua construção foram
demolidos 641 prédios) lembrava os “boulevards” de Paris, os imponentes edifícios
abrigavam o comércio “chic” da cidade. A avenida foi o emblema da reforma, nela estavam
sintetizados todos os ideais pretendidos pelas reformas, ideais estes evidenciados nas fotos
de grandes planos e perspectivas de Malta.
Foto 13 - MIS/RJ
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Cotidiano e Comportamento na “Belle Époque”
Apesar de não apresentar em toda a sua obra, o refinamento e o virtuosismo técnico
de Marc Ferrez, fotógrafo que, além de sólida formação artística, era possuidor de
conhecimentos de química fotográfica, o que contribuiu para o tratamento primoroso de
suas imagens, Malta apresentou um caráter evidentemente inovador ao construir um
trabalho que foi além da sua incumbência oficial de documentar casas e quarteirões
condenados pela prefeitura, festas oficiais, prédios públicos, museus, ministérios etc. A
fotografia era além de profissão, um “hobby” e através de suas fotografias, oficiais ou não,
Malta dissecou a cidade em todas as suas faces. Ele engendrou uma rede de imagens sobre
a capital federal, captando suas nuances, através de hábitos e costumes de sua gente.
Desta forma é possível, através das imagens fixadas em suas chapas fotográficas,
percebermos a evolução histórica, social, cultural, arquitetônica, artística, urbanística e
muitos outros aspectos da urbe carioca.
O conjunto de imagens fotográficas do Rio de Janeiro oferecia, na maioria dos
casos, tipos humanos. São crianças, trabalhadores, senhores e mulheres que encenam neste
painel de fotografias uma verdadeira galeria de personagens típicos da vida carioca no
período.
Foto 14 - MIS/RJ
Foto 15 - MIS/RJ
Foto 16 - MIS/RJ
O pequeno jornaleiro (1914), a corista (1904) e o“Homem-reclame”(1905), faziam parte da ala
menos nobre da sociedade carioca, mas não escaparam do intenso exercício visual diário que Malta
executava sobre a cidade.
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Augusto Malta acabou por se tornar um cronista visual, observando e registrando
tudo que julgasse interessante ou relevante, não só para o presente mas para futuras
gerações.
Da cobertura do desmonte do Morro do Castelo ao carnaval carioca, da própria
cidade, no registro de personalidades, incluindo artistas, políticos, comerciantes,
profissionais autônomos, artesãos e trabalhadores, entre outros temas, percebe-se a
grandiosidade da obra de Augusto Malta e sua relevância para a memória da cidade,
durante as três primeiras décadas do século XX.
Neste período, as intervenções sofridas pela cidade visavam moldar o Rio de
Janeiro às cidades européias, e todas as instâncias do cotidiano do carioca foram sendo
ajustadas ao novo tipo de comportamento, surgiram os boulevards, os cafés, as
confeitarias, os homens passaram a se trajar com apuro, tornaram-se os chamados “dândis”,
nesse sentido as fotografias de Malta desempenharam um papel na elaboração, divulgação
e consolidação destes novos padrões de conduta e dos códigos de representação social da
classe dominante brasileira.
Foto 17 - MIS/RJ
Foto 18 - MIS/RJ
Sócios do clube de equitação (1912) e Inauguração do Café do Rio (1911) - Os quiosques e botequins
foram substituídos pelos requintados clubes e cafés, onde jornalistas, escritores e intelectuais iam
“usufruir a civilização” tal como em Paris.
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Por volta dos anos 20 o cinema
passou a fazer parte do cotidiano e por
conseqüência a ditar novos padrões de
comportamento,
onde
os
Hollywood e o automóvel
filmes
de
incitavam a
imaginação do carioca com base no
“american way of life”. É criado no centro
da
cidade
um
espaço
inteiramente
reformado para acomodar as novas salas
de cinema, neles, apesar ou por causa dos
ingressos caros, conforto, higiene e luxo
eram fornecidos aos espectadores dos cines
Capitólio, Odeon, Palácio e Glória, que
oferecendo seu produto de consumo: o
filme, produziram um novo espaço de
Foto 19 - MIS/RJ
Cinematógrafo (1926) – Ir ao cinema era ser
elegante. Era a grande coqueluche carioca.
Neste
mundo
de
aparência na geografia da cidade.20
aparências,
segmentado e hierarquizado nos seus
espaços de representação, a imagem da
mulher era sempre associada à função de
espectadora
e
modelo
exemplar
de
comportamento que tinha por objetivo
conseguir um bom casamento. O pilar de
sustentação
desse
sistema
era
honra
baseada na honestidade sexual feminina,
que de uma forma geral, tinha como
fundamento as diferenças “naturais” entre
homens e mulheres e que, portanto,
20
Foto 20 - MIS/RJ
Dama da sociedade em seu automóvel (1905) – De
preço equivalente ao de uma casa, o automóvel era a
comprovação da posição social de seu proprietário.
MAUAD, 1999.
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prescreviam relações desiguais em termos de gênero.21
Enquanto a imagem ideal feminina estava associada à frivolidade e aos modelos de
honra vigentes, a masculina associava-se à ação, inteligência e ao poder. No ato de
combinar a pose do retratado com o evento registrado, Malta quase sempre confirmava os
padrões elitistas do período.
Foto 21 - MIS/RJ
Foto 22 - MIS/RJ
Flagrante na avenida (1905) e Moças com bandolim (1905) – Mulher distinta só saía de casa
acompanhada e educada para a maternidade e matrimônio, a moça casadoira costumeiramente completava
seu “dote” estudando um instrumento.
21
CAULFIELD, 2000, p. 247
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Foto 23 - MIS/RJ
Foto 24 - MIS/RJ
Tanto Passos em seu gabinete (1906) quanto João Cândido na Revolta da chibata (1910) apesar de
pertencerem a estratos diferentes na escala social, são retratados por Malta reproduzindo os padrões de
pose que relacionavam os homens com situações de ação, inteligência e poder.
A fotografia de Malta foi um veículo que por meio de suas composições, ditavam
moda, estabeleciam comportamentos, valores e normas, criando uma ilusão do real de
acordo com uma determinada forma de ver e reproduzir o mundo que representavam.
Neste sentido, Malta e sua obra foram de grande importância no esforço de
legitimar e naturalizar comportamentos considerados essenciais ao cidadão modelo,
operando como arquétipo de um exemplo a ser seguido, tornando a imagem pública ícone
de um modo de vida vencedor, que dispensa sua própria consumação para existir, bastando
apenas que imagens o reflitam. Neste processo, no qual o Rio de Janeiro vai se
transformando em uma metrópole burguesa, ocorre a fabricação, no imaginário coletivo,
de um vasto repertório de signos, que por sua vez dão rosto ao tempo vivido. Signos
surgidos no presente como formas de uma possível concepção do passado.22
São trinta anos de imagens que fazem parte de um processo social, em que um
determinado grupo, paulatinamente, vai impondo referências culturais para a totalidade da
sociedade como comportamentos e representações sociais, com força de norma
incontestáveis, confinando comportamentos diversos a esfera da marginalidade. Nelas,
fotografias de homens intelectuais e poderosos, do pai de família, da mulher honesta
representam a elite, com direito a escolher o espaço a ocupar, e outras de pessoas fora dos
22
MAUAD, 1999.
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padrões adotados de conduta e vestimenta são alijados do processo de ocupação do espaço
reformado.
As fotos de Malta são formas de ratificar um modo de vida carioca de “(...)
Cultuadores do ornato, do status, da aparência e do que dirão. São ‘chics’, ‘up-to-date’ ou
‘tran-cham’. Vivem no Brasil com um olho na Europa e o outro nos Estados Unidos da
América. Burguesia, elite, grã-finagem, ‘jet-set’, 300 de Gedeão, ‘grand-monde’, ‘highlife’ são nomes intercambiáveis que escondem, sob a aparência do bem-viver, códigos de
comportamentos e representações sociais. São nomes utilizados, ao longo do século XX,
para designar as frações de classe que disputaram o controle do capital simbólico
fundamental ao processo de instituição de uma hegemonia de classe. Importantes agentes
instituidores de um ‘habitus’ de classe, que discrimina uns e coopta outros, que
hierarquiza os espaços da cidade, dignificando-os ou rebaixando-os, que elege o consumo
como norma de vida, que dita modas e cria ilusões.”23
Bibliografia
ARNAL, Ariel. Construyendo símbolos – fotografia política en México: 1865-1911. In:
Estudios Interdisciplinarios de América Latina y el Caribe. Vol. 9 nº 1 . México.
1998.
BENCHIMOL, Jaime L. Pereira Passos: um Hausmann tropical. Rio de Janeiro,
Biblioteca Carioca, prefeitura do Rio de Janeiro, 1990.
BERGER, Paulo (org.). Fotografias do Rio de ontem: A. Malta. Rio de Janeiro:
Prefeitura da Cidade, s.d. (Coleção memória do Rio, 7).
BOSI, Alfredo. Fenomenologia do olhar. In: NOVAES, Adauto (org.) O olhar. São Paulo,
Companhia das Letras, 1998.
CAMPOS, Fernando F. Um fotógrafo, uma cidade: Augusto Malta. RJ, 1987.
CARDOSO, Ciro F. & MAUAD, Ana Maria. História e Imagem: os exemplos da
fotografia e do cinema. In CARDOSO, Ciro F. & VAINFAS Ronaldo (org.).
Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro, Campus – RJ,
1997. p. 401-417.
CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados. Cia. das Letras, São Paulo, 1987.
23
Idem.
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História, imagem e narrativas
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CAULFIELD, Sueann. Em defesa da honra: moralidade, modernidade e nação no Rio
de Janeiro (1918-1940). Campinas, Editora da Unicamp/Centro de pesquisa em
História da cultura, 2000.
CHALHOUB, S. Cidade Febril. São Paulo, Cia. das Letras, 1996.
CIAVATTA, Maria. O mundo do trabalho em imagens: a fotografia como fonte
histórica (Rio de Janeiro, 1900-1930). Rio de Janeiro, DP&A, 2002.
DEL PRIORE, Mary. História do Cotidiano e da Vida Privada. In: CARDOSO, Ciro F.,
VAINFAS, Ronaldo (org.). Domínios da História: Ensaios de Teoria e Metodologia.
Rio de Janeiro: Campus, 1997. p. 259-274.
EDMUNDO, Luís. O Rio de Janeiro do meu tempo. RJ, Imprensa Nacional, 1938.
ENGEL, Magali Gouveia. Higiene. In VAINFAS, Ronaldo (direção). Dicionário do Brasil
Imperial. Rio de Janeiro. Ed. Objetiva, 2002, p.337.
MALTA: fotógrafo do Rio antigo. Rio de Janeiro: Rio Gráfica Editora Ltda, 1983.
MAUAD, Ana Maria. Através da Imagem: fotografia e História – interfaces. In: Revista
Tempo. nº 2. Deptº de História. Niterói. UFF. 1996.
___________________. Janelas que se abrem para o mundo: fotografia de imprensa e
distinção social no Rio de Janeiro, na primeira metade do século XX. ESTUDIOS
INTERDICIPLINARIOS SOBRE AMERICA LATINA - EIAL -. ISRAEL:
UNIVERSIDAD DE TEL-AVIV, v.10, n.2, p.63 - 89, 1999.
___________________. As fronteiras da cor: imagem e representação social na
sociedade escravista imperial. LOCUS: Revista de História. Juiz de Fora: Núcleo de
História Regional / Departamento de História / Arquivo Histórico / EDUFJF, 2000. v.
6, n. 2.
Índice das fotografias. (todas as fotos são de autoria de Augusto Malta)
Foto 1 – O prefeito inspeciona obras no Flamengo, 1906 – Acervo: MIS/RJ
Foto 2 – Almoço oferecido a Pereira Passos, 1906 – Acervo: MIS/RJ
Foto 3 – Quiosque, 1904 - – Acervo: MIS/RJ
Foto 4 – Cortiço na rua do Ypiranga, 1906 – Acervo: MIS/RJ
Foto 5 – Rua do Cano, 1906 – foto obtida no site www.almacarioca.com.br.
Foto 6 – Arrasamento do morro do Castelo, 1906 (detalhe) – Imagem retirada do livro
CIAVATTA, Maria. O mundo do trabalho em imagens: a fotografia como fonte
histórica (Rio de Janeiro, 1900-1930). Rio de Janeiro, DP&A, 2002. p. 109.
Foto 7 – Quitanda na rua do Rezende e vendedores ambulantes, 1905 – Imagem retirada
do livro CIAVATTA, Maria. O mundo do trabalho em imagens: a fotografia
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História, imagem e narrativas
No 2, ano 1, abril/2006 – ISSN 1808-9895
como fonte histórica (Rio de Janeiro, 1900-1930). Rio de Janeiro, DP&A, 2002.
p. 43.
Foto 8 – Largo do Santo Christo, kioske e freqüentadores, (1911) – Imagem retirada do
livro CIAVATTA, Maria. O mundo do trabalho em imagens: a fotografia como
fonte histórica (Rio de Janeiro, 1900-1930). Rio de Janeiro, DP&A, 2002. p. 22.
Foto 9 – Obras de demolição no centro da cidade, 1906 – Acervo: MIS/RJ
Foto 10 – Casebres no Morro e Santo Anotonio, (1914) – Imagem retirada do livro
CIAVATTA, Maria. O mundo do trabalho em imagens: a fotografia como fonte
histórica (Rio de Janeiro, 1900-1930). Rio de Janeiro, DP&A, 2002. p. 82.
Foto 11 – Grupo de músicos no morro da Favela, (1920) – Imagem retirada do livro
CIAVATTA, Maria. O mundo do trabalho em imagens: a fotografia como fonte
histórica (Rio de Janeiro, 1900-1930). Rio de Janeiro, DP&A, 2002. p. 87.
Foto 12 – Aspectos da Avenida Central, 1906 – Acervo: MIS/RJ
Foto 13 – Avenida Central, 1906 – Acervo: MIS/RJ
Foto 14 – O pequeno jornaleiro, 1914 – Acervo: MIS/RJ
Foto 15 – A corista, 1904 – Acervo: MIS/RJ
Foto 16 – O Homem-reclame, 1905 – Acervo: MIS/RJ
Foto 17 – Sócios do clube de equitação, 1912 – Acervo: MIS/RJ
Foto 18 – Inauguração do Café do Rio, 1911 – Acervo: MIS/RJ
Foto 19 – Cinematógrafo, 1926 – Acervo: MIS/RJ
Foto 20 – Dama da sociedade em seu automóvel, 1905 – Acervo: MIS/RJ
Foto 21 – Flagrante na avenida, 1905 – Acervo: MIS/RJ
Foto 22 – Moças com bandolim, 1905 – Acervo: MIS/RJ
Foto 23 – Passos em seu gabinete, 1906 – Acervo: MIS/RJ
Foto 24 – Revolta da Chibata, 1910 – Acervo: MIS/RJ
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Fotografia, cotidiano e memória no Rio de Janeiro – 1903 / 1936.