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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I
PEDAGOGIA /ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
LILIANI PEREIRA COSTA DOS REIS
A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO CONTEXTO ESCOLAR
Salvador
2010
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LILIANI PEREIRA COSTA DOS REIS
A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO CONTEXTO ESCOLAR
Monografia apresentada como requisito
parcial para obtenção da Graduação em
Pedagogia no Departamento de
Educação da Universidade do Estado
da Bahia.
Orientadora: Doutora Tânia Regina Dantas.
Salvador
2010
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FICHA CATALOGRÁFICA – Biblioteca Central da UNEB
Bibliotecária – Jacira Almeida Mendes, CRB:5/592
Reis, Liliani Pereira Costa dos
A participação da família no contexto escolar / Liliani Pereira Costa dos Reis . –
Salvador, 2010.
61f.
Orientadora: Tânia Regina Dantas.
Trabalho de Conclusão de Curso(Graduação) – Universidade do Estado da Bahia.
Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. 2010.
Inclui referências, apêndices e anexos.
1. Educação. 2. Educação de crianças - Participação dos pais. 3. Família. 4. Lar
e escola. I. Dantas, Tânia Regina. II. Universidade do Estado da Bahia,
Departamento de Educação.
CDD: 370
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TERMO DE APROVAÇÃO
LILIANI PEREIRA COSTA DOS REIS
A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO CONTEXTO
ESCOLAR
Monografia aprovada como requisito parcial para conclusão de curso de
Graduação em Pedagogia com habilitação em Anos Iniciais, pela
Universidade do Estado da Bahia, pela seguinte Banca Examinadora:
__________________________________________
Profª. Drª. Tânia Regina Dantas (Orientadora) – UNEB
__________________________________________
Profª. Ms. Maria do Socorro da Costa e Almeida – UNEB
_______________________________________________________
Profª. Ms. Maria Helena B. Amorim
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Dedicatória
Dedico este trabalho a minha família pelo incentivo e amizade. E ao meu
marido e minha filha pela compreensão e amor. Vocês são a razão de minha vida.
Amo Vocês!
6
Agradecimentos
Inicialmente, agradeço a Deus por me manter lúcida para concluir essa pesquisa e me dando
força para enfrentar os obstáculos que surgiram no processo.
A minha família, que mesmo não estando ao meu lado, estão sempre presente em sintonia,
com pensamentos positivos e que são meu porto seguro. Tudo o que sou hoje, agradeço a
vocês!A meu marido, que sempre esteve ao meu lado, me dando força e que sempre acreditou
no meu potencial. A minha filha, por se disponibilizar para ajudar, quando tinha muitos
trabalhos para digitar e por suportar meu enjôo. Amo você filha!
Não poderia deixar de agradecer a minha companheira de estágio e amigona Sara Pinheiro,
quem eu tive a oportunidade de conhecer de perto e perceber que podemos ter amizades
sinceras mesmo a meio de tantas correrias e que me ajudou a ver o mundo diferente. A Minha
amiga Elizângela, amiga para todas as horas. Amiga para ri, chorar, fazer resenha, tomar todas
e principalmente para ficar acordada até altas horas para concluir monografia. Obrigada
amiga! Agradeço ao amigo Almeida por empresta sua digníssima esposa Tommy, que
também é minha amiga e com sua tranqüilidade tentou me passar confiança. Não poderia
deixar de agradecer a Ramona, pelos conselhos nas decisões importantes relacionada a
Faculdade, pela paciência em suportar todas as horas na Secretaria Acadêmica.
A professora Heloísa Lopes, que foi a pessoa que iniciou comigo esse projeto e me deu
inspiração para transformá-lo em monografia. A professora de Estágio Virginia Vaz, que
mesmo com os transtornos causados pela turma eu não deixei de admirar. A professora Tânia
Regina Dantas, pelos livros, conselhos e por sua paciência em me ver chorar.
Desejo a todos vocês que já concluíram parabéns! E aos que ainda vão começar força.
A todos vocês meu muito obrigado!
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“O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano”
Isaac Newton
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RESUMO
Esta presente monografia realizou um estudo de campo na instituição de ensino de 1º
Grau Getúlio Vargas, no bairro Barbalho, Salvador (BA). O objetivo foi analisar a
importância da participação da família no contexto escolar. Para a avaliação deste trabalho,
foram realizadas uma observação de campo e coleta de dados em forma de entrevista. A
pesquisa investigou a possível existência da participação escolar dos pais, qual a participação
que a escola espera da família, a relação da família com a escola, de que forma a família
participa da educação escolar dos seus filhos e as opiniões dos pais em relação à importância
da família. Os resultados mostram que pais e professores se aproximam do entendimento do
que seja participação, e que falta pouco para essa parceria acontecer.
Palavras-chave: Educação, Família, Escola e Participação.
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ABSTRACT
This is a qualitative research with pedagogical characteristics which was conducted as
a field study at the Fundamental Education Institution Getulio Vargas, in the suburb of
Barbalho, Salvador (Bahia, Brazil). The purpose of this study is to analyze the importance of
the family involvement in the school context, based on classroom notes gathered during the
observation step of this work and data collection through interviews with parents and
teachers. The research has investigated the possible existence of parents' school participation,
what sort of participation that the school expects from the family, how the family can
participate in the education of their children and also, what are the parents' beliefs and
opinions about the importance of the family. The results show that parents and teachers are
getting close of the real meaning of what constitutes participation and it´s not going to take
long for this partnership happen.
Keywords: education, family, school e participation
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................10
2. OS CONCEITOS E SEU QUADRO TEÓRICO ....................................................12
2.1. Ninguém escapa da educação....... ............................................................................12
2.2. Família: base da sociedade........................................................................................15
2.3. Escola: raiz da vida social ou diversidade humana.......................................,,..........18
2.4. Família e Escola: um ponto em comum..........................................................,.........20
2.5. Participação: uma mudança na relação entre pessoas...............................................22
3. CONTEXTO DO BAIRRO........................................................................................26
3.1. Barbalho: um bairro que é pura história....................................................................26
3.2. Contexto escolar.........................................................................................................27
3.3. Trabalho de campo.....................................................................................................28
4. TRAJETÓRIA PERCORRIDA NA PESQUISA......................................................31
4.1. O que os sujeitos da pesquisa acreditam.....................................................................31
4.1.1. O entendimento sobre o conceito de participação e a importância da família no
contexto escolar...............................................................................................................32
4.1.2 Opinião dos pais e do educador sobre a participação na escola..............................34
4.1.3. Deveres dos pais e do professor referente à educação escolar...............................36
4.1.4 Relação dos pais e do educador com a escola.........................................................38
5. CONCLUSÃO..............................................................................................................39
6. REFERÊNCIAS...........................................................................................................42
7. APÊNDICES................................................................................................................44
8. ANEXO........................................................................................................................59
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1.
INTRODUÇÃO
Tradicionalmente, a família tem sido apontada como parte fundamental do sucesso ou
fracasso escolar. A busca de uma harmonia entre família e escola deve fazer parte de qualquer
trabalho educativo que tem como foco a formação de um indivíduo autônomo.
Essa harmonia entre escola e família baseia-se na divisão do trabalho de educação de
crianças, jovens e adultos, envolvendo expectativas recíprocas. Levando em consideração que
o ser humano aprende o tempo todo, nos mais diversos interesses que a vida lhe apresenta, o
papel da família é essencial, pois é ela que determina, desde cedo, o que seus filhos precisam
aprender, quais são instituições que devem freqüentar, o que é necessário saberem para
tomarem as decisões que os beneficiem no futuro.
Com o passar do tempo, parecem não ter o mesmo objetivo em relação à educação da
criança. O objetivo deste presente trabalho compreender se é possível à escola caminhar sem a
participação da família e analisar quais são fatores que contribuem e influenciam nessa
participação e que, de certa forma, influenciam na educação da criança.
É possível observar sem muitos estudos, em famílias de classe média, as mães que
acompanham assiduamente o aprendizado e o rendimento escolar do filho, que organizam
seus horários de estudo, verificam o dever de casa diariamente, conhecem a professora e
freqüentam as reuniões escolares. No estágio realizado, foi possível também observar o
discurso freqüente no âmbito da escola pública que atende às famílias de baixa renda, as
reclamações das professoras insatisfeitas com as dificuldades de aprendizagem de seus alunos
e que reclamam da falta de participação dos pais.
Durante essas observações de campo realizadas no Colégio Adroaldo Ribeiro Costa,
localizado no bairro do Resgate, no município de Salvador, percebeu-se que professores e
coordenadores sentem falta do acompanhamento dos pais nas atividades escolares de seus
filhos/dependentes. Por isso, nasceu o interesse de entender qual é a participação que a escola
espera da família e o que a família espera da escola. Que participação é essa tão almejada por
ambas?
Esse tema estudado é relevante devido à necessidade que a sociedade contemporânea
está passando, percebe-se os apelos que uma boa parte da sociedade faz para as autoridades e
12
comunidades, numa tentativa de resgatar a família e seus valores. Participação familiar é uma
necessidade contemporânea e almejada por todos que fazem parte do contexto escolar. Daí a
importância voltada para identificar essa possível falta de participação da família no contexto
escolar. Porque educar é uma função de todo nós e quando a família participa da educação da
criança, elas podem sair-se muito melhor na escola e na vida.
Este trabalho monográfico está dividido em quatro capítulos. O primeiro capítulo
apresenta conceitos relevantes sobre as concepções de educação, família, escola e
participação, tendo como base os teóricos: Brandão (2004), Moraes (1997), Libâneo (2002),
Morin (2006), Tiba (1996), Heidrich (2009), Perrenoud (2000), Demo (2001), Teixeira
(2000), Bordenave (1983).
O segundo capítulo, trata sobre as informações coletadas durante o trabalho de campo.
Retrata um breve histórico do bairro Barbalho, onde está localizado o colégio e os sujeitos da
pesquisa. Também discorre sobre os recursos metodológicos usados durante o estudo. A
pesquisa se caracterizou como estudo de caso, o campo de atuação explorado foi o Colégio de
1º Grau Getúlio Vargas, e os sujeitos da pesquisa, foram os pais dos alunos da 3ª série do
ensino fundamental, uma turma composta por 21(vinte e um) alunos, do turno matutino.
O terceiro capítulo retrata a análise de dados coletados durante a pesquisa, utilizando
o método indutivo e de caráter qualitativo. A abordagem metodológica tomou como base, um
estudo de caso, preconizado por Ludke e André (1986), que está ligado à pesquisa
etnográfica, o estudo de caso serve para estudar o funcionamento de uma instituição,
determinar focos de mudanças ou de intervenção. Precisa-se que o objeto de estudo seja
escolhido e bem delimitado, é nesse sentido que o estudo de caso veio a ser utilizado neste
estudo.
E nas considerações finais, apresenta a conclusão dos dados obtidos, com comentários
críticos acerca da pesquisa desenvolvida.
13
2.
OS CONCEITOS E SEU QUADRO TEÓRICO
Este capítulo apresenta conceitos relevantes sobre as concepções de educação, família,
escola e participação. A escola também exerce uma função educativa junto aos pais,
discutindo, informando, aconselhando, encaminhando os mais diversos assuntos, numa
tentativa conjunta de promover a educação. Não podemos escapar dela, somente pela
educação podemos sofrer transformações contínuas. É uma ação intencional, pessoal e
comunitária, é um elemento essencial e permanente na vida do ser humano.
2.1 NINGUÉM ESCAPA DA EDUCAÇÃO
Segundo a LDB de 1996, a educação passou a ser um direito da criança assegurado
legalmente. Até os seis anos de idade, a freqüência às creches e pré-escolas é uma opção dos
pais, cabendo ao Estado o dever de oferecer vagas nestes espaços.
No ensino fundamental, por volta dos sete anos de idade, a educação torna-se
obrigatória. O Estado não pode deixar de atender à demanda por vagas de toda a população
infantil que nele ingressa e nem os pais devem deixar os filhos sem freqüentar a escola,
estando ambos sujeitos à penalidade legal.
Heidrich (2009, p.14) reconhece: ―todos tem o direito de aprender. Ela deve visar o
pleno desenvolvimento da personalidade humana e capacitar todos a participar efetivamente
de uma sociedade livre”. Fica claro então que crianças, jovens devem ter seus direitos
assegurados não só pela família como também pela sociedade e pelo Estado.
Conceituar educação não é nada fácil, já que ela envolve uma série de conceitos e se
amplia a diversas áreas como antropologia, sociologia, economia, psicologia, biologia,
história e pedagogia. Libâneo (2002, p.70), especifica essa amplitude quando diz que ―para
uns importa mais a educação como instituição social; para outros, a educação como
processo de escolarização”. Portanto, é possível dizer que cada um conceitua educação de
acordo com sua área de atuação. Libâneo (2002) enfatiza ainda que:
Talvez seja útil partirmos do sentido etimológico. Alguns autores que se
ocupam em esclarecer o conceito apontam a origem latina de dois termos:
educare (alimentar, educar, criar, referindo tanto às plantas, aos animais,
14
como às crianças); educere (tirar para fora de, conduzir para, modificar um
estado). (LIBÂNEO, 2002, p.72)
De acordo com Brandão (1978, p.8-9), ―educação são todos os processos sociais da
aprendizagem, não há uma forma nem único modelo de educação, a escola não é um o único
lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor (...)”. Para ele, a educação existe onde
não há escola, pois a educação é um fragmento do modo de vida dos grupos sociais que criam
e recriam entre tantas outras invenções de sua cultura em sociedade, a educação é dinâmica. A
educação participa do processo de criação e idéias, de qualificações e especialidades que
envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes que em conjunto constroem tipos de
sociedades. Brandão (1982) refere-se também ao pensamento que o educador tem sobre a
educação, afirmando que o educador acredita que entre homens, a educação é o que dá a
forma e o polimento para que, a partir daí, a pessoa possa se construir. A saber:
―Na medida em que se transforma, pelo desafio que aceita e que lhe
vem do meio para o qual volta sua ação, o homem se educa. E, na
medida em que comunica os resultados de sua experiência, ele ajuda
os outros homens a se educarem, tornando-se solidário‖
(ROMANELLI 2007,p. 23).
No entanto, a educação tem a possibilidade de nos dar um norte para chegar onde
queremos, pois já nascemos inclinados a aprender, com uma potencialidade enorme, só
precisamos de motivação, estímulos. Estímulos estes que podem vir de professores, pais e
amigos. Educação é um processo que se inicia com o nascimento e nos acompanha em todos
os momentos da nossa vida. É vivência. É aprender a ser, no convívio com o outro, nas
relações entre seus conhecimentos e na vida cotidiana.
A educação pode existir livre e pode também ser imposta por um sistema centralizado
de poder, reforçando ainda mais a desigualdade social. Alguns autores acreditam que
educação e política não deveriam andar juntas, pois uma interfere na outra. Apesar disso,
muitas opiniões variam a esse respeito. Quando se fala em educação, há uma tendência em
relacioná-la à escola, predominando a idéia de que a escola é a única responsável pela
educação do indivíduo.
A educação está em constante crescimento, embora possua permanentes atributos
(transmissão de saberes), encontrando-se em constante variação, para se adaptar às
15
necessidades que vão surgindo no meio social. Acontece de modos diferentes, nos mais
diferentes lugares e ainda assim, todos participam dela, como afirma Moraes (1997):
Para tanto, a educação deverá oferecer instrumentos e condições que ajudem
o aluno a aprender a aprender, a aprender a pensar, a conviver e a amar. Uma
educação que ajuda a formular hipóteses, construir caminhos, tomar
decisões, tanto no plano individual quanto no plano coletivo. (MORAES,
1997, p. 211)
A educação associa-se, pois, a processos de comunicação e interação pelos quais os
membros de uma sociedade assimilam saberes, habilidades, técnicas, atitudes, valores
existentes no meio culturalmente preparado e, com isso, ganham o patamar necessário para
produzir outros saberes, técnicas e valores.
Devemos aprender, sobretudo, a lidar com uma requilibração permanente das
sensibilidades, das emoções, da racionalidade, dos conhecimentos. Por que nunca somos a
mesma pessoa depois de ter aprendido alguma coisa significativa, por menor que seja.
Segundo Gadotti (1997, p. 162):
― A mudança de qualidade nas relações que mantêm a sociedade ativa
é fruto de uma lenta e por vezes violenta maturação quantitativa, no
interior dessas mesmas relações. É uma guerra surda, cotidiana, e, até
certo ponto, inglória. É o trabalho muitas vezes anônimo, do
professor, por exemplo. A educação só pode ser transformadora nessa
luta surda, no cotidiano, na lenta tarefa de transformação da ideologia,
na guerrilha ideológica travada na escola.‖
É notório que o mundo na contemporaneidade pensa em educação e isso é importante
para que haja uma mudança real e profunda. E para que esta mudança ocorra é necessário que
cada um, Estado, sociedade, escola e família assumam suas responsabilidades.
16
2.2 - FAMÍLIA: BASE DA SOCIEDADE
―Família: conjunto de parentes por consangüinidade ou por afinidade; descendência,
linhagem, estirpe; conjunto de pessoas da mesma seita, fé, sistema, profissão, etc‖. Esse é o
significado de família o qual o dicionário Aurélio nos mostra. É notório que no ambiente
familiar, as pessoas também se unem, por amor, situação financeira e pela sobrevivência. A
família sempre nos foi apresentada como instância formadora e socializadora da criança.
Battaglia apud NOBRE (1987) conceitua a família dizendo que a família pode também ser
considerada como:
(...) um sistema aberto em permanente interação com seu meio ambiente
interno e/ou externo, organizado de maneira estável, não rígida, em função
de suas necessidades básicas e de um modus perculiar e compartilhado de ler
e ordenar a realidade, construindo uma história e tecendo um conjunto de
códigos (normas de convivências, regras ou acordos relacionais, crenças ou
mitos familiares) que lhe dão singularidade. (NOBRE, 1987, p.118-119).
Dessa forma, escolher a escola adequada às esperanças da família e que, ao mesmo
tempo, seja do agrado da criança, é um empreendimento cujo sucesso depende, em grande
parte da habilidade dos pais ao avaliarem diferentes propostas. Estar atento ao projeto
educativo e ao perfil disciplinar da instituição que auxilia a optar por aquela cujos valores e
embasamento mais se assemelhem aos da família em termos de exigências, posturas, visão de
mundo. Conhecer as dependências e possibilidades da escola, seus diferenciais, bem como os
profissionais que estarão encarregados da educação de seu filho, é importante para os pais
avaliarem a escola.
Segundo Falcão (2007, p.07), ―(...) a Família foi perdendo seus principais atributos,
de tal forma e com tanta rapidez que se chegou a proclamar o seu fim. Atualmente, observase que não existe um modelo tradicional de família, mas apenas uma estruturação familiar e
que dentre essa nova realidade, pode-se incluir pais que trabalham por uma necessidade de
sustentar família e os que deixaram de estudar antes mesmo de serem alfabetizados, o que
dificulta a participação desejada no desenvolvimento escolar do filho.
A participação da família é uma necessidade contemporânea, almejada por todos que
fazem parte do contexto escolar, independente de ser ensino fundamental ou educação
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infantil. Lidar com famílias hoje, é lidar com a diversidade. Famílias intactas, famílias em
processos de separação e muitas outras. Pode-se observar, que existe, sem dúvida, uma
alteração radical no modelo tradicional de família, em que o homem era o único provedor,
ficando evidente a mudança do papel da mulher na família. Conforme Battaglia, pode-se
dizer:
Como construções sociais relativamente recentes, estas complexas
reformulações familiares encontram-se sem modelo preestabelecido. Sendo
assim, cada família necessita lidar com seus padrões e conceitos
preestabelecidos para deles fazer emergir uma maneira original de constituir
um grupo familiar com funções, direitos e deveres que atendam aos que dele
participam. Nesta reformulação, as questões de gênero são inevitavelmente
questionadas e pressionadas a transformarem-se. (BATTAGLIA, 2002, p,
7)
A família tem um papel imprescindível na vida de seus filhos; é onde acontece o
desenvolvimento das primeiras habilidades, os primeiros ensinamentos através da educação
doméstica na qual o filho aprende a respeitar os outros, a conviver com regras que foram
criadas e reformuladas no decorrer da formação da sociedade. E a escola, ela vem para
reforçar esses valores primeiros, acrescentando, mas não assumindo para si o papel inicial da
família. Dessa forma, podemos dizer que:
Teoricamente, a família teria a responsabilidade pela formação do indivíduo,
e a escola, por sua informação. A escola nunca deveria tomar o lugar dos
pais na educação, pois os filhos são para sempre filhos e os alunos ficam
apenas algum tempo vinculados às instituições de ensino que freqüentam.
(TIBA, 1996, p. 111).
Família e escola são pontos de apoio e sustentação ao ser humano, são marcos de
referência existencial. Quanto melhor for a parceria entre ambas, mais positivos e
significativos serão os resultados na formação do sujeito.
A participação dos pais na educação formal dos filhos deve ser constante e consciente.
Vida familiar e vida escolar são simultâneas e complementares e é importante que pais,
professores, filhos/alunos compartilhem experiências, entendam e trabalhem as questões
envolvidas no seu cotidiano sem cair no julgamento ―culpado x inocente‖, porém buscando
compreender as nuances de cada situação.
A educação é responsável pela herança cultural, compreendendo assim, um processo
de socialização, uma vez que:
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A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que
não se encontrem ainda preparadas para a vida social; tem por objeto
suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos,
intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e
pelo meio especial que a criança particularmente se destine. (DURKHEIM,
1978, p, 41)
Percebe-se que alguns pais usam desculpas, dizem que tem pouco tempo para os filhos
e não tem tempo para educá-los, usando essa desculpa como argumento. E para recompensar
o tempo que não estão disponíveis, os pais usam da lei da compensação, quando estão juntos,
no pouco tempo que tem, deixam os filhos fazerem tudo o que querem, sem nenhuma
cobrança. Tiba (2007) ressalta que o tempo deveria ser usado para reforçar a educação dos
filhos e não deseducá-los. Enquanto que Oliveira (1999) vem alertar que se deve utilizar a
compensação de forma positiva e educativa quando diz que:
Quando um indivíduo adota, por exemplo, os mesmos valores
organizacionais e comunga o conhecimento transmitido pela organização,
ele é recompensado de diversas maneiras: o elogio afetuoso, a recompensa
valiosa ou o alívio de ter escapado ao castigo. (OLIVEIRA, 1999, p.77).
Muitos deles não sabem que o processo educativo começa ali mesmo, no seio da
família, a partir do momento em que a criança nasce. Afinal de contas, a família é o primeiro
ambiente de formação de valores, idéias e comportamento. Os pais convivem com as crianças
e muitas vezes não se dão conta de que suas atitudes poderão influenciar positivamente ou
negativamente na formação de seu filho.
Conforme Brandão (1982, p.12), “a educação existe sob tantas formas e é praticada
em situações tão diferentes, que algumas vezes parece ser invisível”. Fazendo-nos,
compreender que a vida é essencialmente educativa.
Tanto a convivência quanto o relacionamento familiar são fatores fundamentais para o
desenvolvimento individual. Entender o indivíduo como parte de um sistema de um todo
organizado, com elementos que interagem entre si, influenciando cada parte e sendo por ela
influenciado, traz uma luz à compreensão acerca do desenvolvimento humano, contribuindo
para a reflexão sobre os contextos familiar e escolar, que tanto podem ser elementos de
moderação, inclusão e segurança.
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Uma criança que vive num ambiente familiar harmonioso, com pais compreensivos,
certamente desenvolverá atitudes positivas em relação a ela e aos outros que estão ao seu
redor. Mas se isso não ocorre, existe uma grande probabilidade dela se tornar uma criança
sem personalidade e insegura, o que poderá afetar a sua vida social.
Com um olhar atento, pode-se perceber quando uma criança está sendo pressionada ou
passando por algum problema familiar. Durante a fase de observação, constatou-se que
algumas crianças ficam inseguras durante as atividades avaliativas, outras mostram
comportamento e rejeição nas atividades e deixam como se quisessem, de alguma forma
chamar a atenção de alguém, confirmando a importância de um bom relacionamento familiar
no processo educativo.
2.3 – ESCOLA: RAIZ DA VIDA SOCIAL OU DIVERSIDADE HUMANA
Nem sempre houve escola e nem sempre ela foi do jeito que a conhecemos. Em vários
momentos da história, tipos diversos de sociedades criaram diferentes caminhos para
percorrer a estranha aventura de lidar com o saber e os poderes que ele carrega consigo.
A escola atual vem sendo objeto de estudo, críticas e projetos que muitas vezes não
levam em consideração os que fazem parte dela.
A Lei de Diretrizes e Bases - LDB (1996) determina que a escola deve vincular-se ao
mundo do trabalho e às práticas sociais. Desta forma, espera-se que a educação escolar
prepare o estudante para a vida e que o inspire nos princípios de liberdade e em ideais de
solidariedade humana. Tais princípios e valores são universais e devem orientar toda a ação
educativa da escola, das organizações sociais, das famílias e de outros segmentos que queiram
colaborar com a educação escolar.
É notório que a presença dos pais na escola muitas vezes causa um certo desconforto.
Quando participam ou solicitam explicações, era entendido como queixa e até como invasão.
Hoje, a presença dos pais e da comunidade está sendo considerada como uma ampliação das
possibilidades de uma boa relação, tanto da escola quanto das famílias.
O papel da escola, assim como o da família é ajudar no desenvolvimento e formação
da criança. A escola em todos os lugares representa o saber, a cultura e às vezes se confunde
com a própria educação. No conceito de muitas pessoas, a escola é o lugar onde nasce a
20
educação. Para Heidrich (2009, p.25), ―a escola foi criada para servir à sociedade. Por isso,
ela tem a obrigação de prestar conta de seu trabalho, explicar o que faz e como conduz a
aprendizagem das crianças e criar mecanismos para que a família acompanhe a vida escolar
dos filhos”,mas não é apenas a escola que educa. A sociedade também tem uma parcela de
contribuição nesse processo, com as mais variadas manifestações culturais que exercem, de
algum modo, influência sobre o ser humano e segundo Tiba (1996, p. 121) ―Cada aluno traz
dentro de si sua própria dinâmica familiar, isto é, seus próprios valores (em relação a
comportamento, disciplina, limites, autoridades, etc.) cada um têm suas características psicológicas
pessoais.
A formação do caráter e personalidade do indivíduo ocorre ainda na infância e as
principais instituições responsáveis por este desenvolvimento são, sem dúvida, a escola e a
família. A escola, como segunda instância, oferece um maior grau de socialização que a
família. É lá que a criança passa a conviver com outras crianças, experimenta um ambiente
novo, com novas regras e novos conceitos educativos. É um lugar para formar pessoas
inteligentes.
Segundo Morin (2006, p.24), ―a escola, em sua singularidade, contém em si a
presença da sociedade como um todo”. É um local que possibilita novas experiências, uma
vivência social diferente daquele grupo familiar, no sentido de proporciona um contato com o
conhecimento sistematizado e com um universo de interações com pessoas e ambientes
diferentes, capazes de provocar transformações no processo de desenvolvimento e formação.
Tiba (2007, p. 189), ainda complementa dizendo que “a escola oferece também atividades
especificas conforme a idade das crianças, o que geralmente não acontece em casa”.
A escola é, como qualquer outra instituição social, uma disseminadora de saberes e
ideologias e o professor que não é mais visto como um transmissor de conhecimento e sim
como um gestor de conhecimento, alguém que dá a direção na aprendizagem e na relação da
escola com esse aluno. Libâneo (2002), coloca que as práticas educativas é que,
verdadeiramente, podem determinar as ações da escola e seu comprometimento social com a
transformação. E o professor é fonte de informação, dentre outras tantas que estão discutidas
atualmente, é também transmissor de ideologia e o seu papel na sociedade é fundamental.
O papel do professor na sociedade seria o de um profissional que pode colaborar para
que os alunos tenham uma visão crítica do mundo, levando-os a ter uma postura autônoma. E
para um bom funcionamento desse papel, é conveniente que haja uma ligação direta dessa
instância com o educando.
21
Ter consciência da importância da educação é estabelecer um canal de comunicação
com as famílias, para criar confiança entre pais e escola. Segundo Moraes (1997, p. 209), ―a
paz e a solidariedade, harmonia é alguma coisa que se aprende sim na escola, e a escola é
profundamente responsável por isso, não através dos conteúdos que ela cria para pessoas e
principalmente para as crianças”. A escola é importante para o convívio em sociedade, mas é
necessário também estar preparado para aceitar a atualidade e os novos paradigmas. E
Gadotti(1997, 160) vem ressaltar que:
―A educação hoje está se repensando a partir de outra concepção que
os educadores estão tendo dela: longe de ser um lugar imutável, ela
está sendo descoberta como um lugar provisório, inacabado, precário,
prolongamento de uma sociedade. E descobrindo sua precariedade
abre-se para o profissional do ensino uma situação extremamente
desconfortante, conflitante‖.
A precariedade está por toda parte. Ajudando ao aluno adquirir a entender e participar
socialmente e politicamente dos problemas de sua comunidade.
2.4 – FAMÍLIA E ESCOLA: UM PONTO EM COMUM
É um ponto em comum entre a escola e a família a necessidade de se buscar formas de
articulação entre a família e a escola. Fácil falar sobre ela, difícil construí-la. Além do mais,
hoje se vê a educação como algo permanente, por toda vida, um processo continuado e não
mais como uma etapa a ser realizada.
Talvez o atual desejo da escola como instituição seja a família mais próxima dela, para
enfrentar as atuais dificuldades, as intencionalidades e obrigações decorrentes para efetivar a
parceria desejada. Essa relação não diz respeito apenas aos filhos/alunos, mas a todos,
familiares, professores e comunidade em geral.
Para que uma casa, uma comunidade, uma família ou uma escola, funcione é
necessário que cada uma execute bem a sua respectiva função da melhor forma possível, para
que os objetivos sejam atingidos. Alguns atuam sozinhos e outros em equipe, mas todos
atuam em alguma parte da instituição de ensino, seja vigilante, bibliotecário, merendeira e
outros que também fazem parte do contexto escolar. São todos educadores, apesar de, muitas
vezes, não saberem disso.
22
A escola, com certeza, não quer que a família seja responsável pelos conteúdos dados,
mas que estimule ao filho em suas atividades. É uma parceria entre instituições distintas. O
papel da família seria o de estimular no filho o comportamento de estudante e cidadão e o da
escola seria orientar aos pais nos objetivos que a escola espera que o aluno atinja e de criar
momentos para que essa integração aconteça. Embora Perrenoud (2000, p.104) afirme que
não seria possível essa cooperação dos que fazem parte do contexto escolar se não houvesse
uma facilitação do diretor. Para Içami Tiba (2007, p.63), ―as crianças precisam ser protegidas
e cobradas de acordo com suas necessidades e capacidades, protegidas nas situações das
quais não seguem se defender, e cobradas naquilo que estão aptas a fazer”. Por essa razão,
escola e família possuem funções que se assemelham e se aproximam, funções estas que
poderiam se resumir, sinteticamente, em como proteger e educar, dar autonomia à criança,
pode permanecer no espaço da troca e de suplementariedade, sem cair na armadilha da
disputa, buscando acertos e corrigindo erros. E entender que a relação que o aluno mantém
com a escola está relacionada não só com o tipo de família, como, também com as relações
que seus membros mantêm entre si. Porque é no momento que o filho é colocado na escola
que o sistema familiar fica exposto.
Por esses motivos, a parceria entre essas duas instituições é fundamental para que o
processo de aprendizagem tenha sucesso.
Se as desejamos eficazes temos de reconhecer as características de cada uma e
descobrir as pontes possíveis existentes para essa parceria. Ambas estão em ―crise‖, sendo
criticadas pelo que ―não‖ fazem e deveriam fazer numa realidade de grandes transformações,
embora em meio de tantas críticas, ambas ainda sejam instituições valorizadas.
Podem ser compreendidas a escola e a família ou consideradas como sistemas
humanos em constantes interações que possuem como elemento de união o filho-aluno. O
aluno chega à escola com seus modelos, seus medos, dificuldades e desejos, tendo que
aprender os valores da instituição e conviver com a diversidade. É um momento rico e
delicado para ele, sua família e para a escola.
A busca de uma boa relação entre família e escola deve fazer parte de qualquer
trabalho educativo que tem como foco a criança. Além disso, a escola também exerce uma
função educativa junto aos pais, discutindo, informando, aconselhando, encaminhando os
mais diversos assuntos, para que família e escola, em colaboração mútua, possam promover
uma educação integral da criança. Uma relação baseada na divisão do trabalho de educação de
crianças e jovens, envolvendo expectativas recíprocas.
23
Quando se fala em parceria desejável e convoca-se os pais na participação na
educação, principalmente pelo ―dever de casa‖ que é uma estratégia de promoção de sucesso
escolar, não se leva em consideração as mudanças históricas e as diversidades culturais nos
modos de educação e reprodução social.
Os professores da rede pública que trabalham com crianças das classes populares têm
reclamado muito do acúmulo de funções que estão tendo que exercer. As questões sociais
atingem diretamente a escola: crianças com fome, guardando a merenda para levar para casa,
crianças doentes ou com piolho, que sofrem maus tratos, que revezam cadernos e materiais
escolares com os irmãos, junto com crianças arrumadas, penteadas, falantes, bem alimentadas.
Com o art.18 do Estatuto da Criança e do adolescente (E.C.A) rege que,―é dever de
todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor‖(2004, p.13).
Dessa forma, quando a escola básica é, concebida como um campo em que estão em
jogo as conjunturas políticas, sociais e econômicas sobrepostas na produção e disseminação
dos códigos culturais e hegemônicos. Significa envolver com o dado ampliador em que estão
implicados o poder e suas múltiplas dependências com o saber.
Não se pode deixar de citar algumas informações dadas por Heidrich (2009, p. 26-30),
conselhos que certamente podem auxiliar nessa participação tão almejada por todos. São eles:
acolhimento; apresentar a escola e os funcionários à família; fazer uma entrevista com os pais
e os alunos; assegurar a participação no projeto político pedagógico. Essa clareza e exposição
da situação deixam todos mais tranqüilos e conscientes dos problemas e das possíveis
soluções e imprevistos que poderiam aparecer no caminho nos quais todos estariam ali, para
dar sugestões e escolher juntos possíveis soluções.
2.5 - PARTICIPAÇÃO: UMA MUDANÇA NA RELAÇÃO ENTRE PESSOAS
A participação tão desejada possui características de ser um processo, de ter um meio
e um fim. É um caminho para alcançar seus objetivos. Segundo Demo (2001), ―dizemos que
participação é conquista para significar que é um processo, no sentido legítimo do termo:
infindável, em constante vir-a-ser, sempre se fazendo‖. (DEMO, 2001, p.18)
24
No entanto, é possível acabar com esse jogo de culpado e inocente se a família e a
escola buscarem ações coordenadas, o que poderia garantir a ela que os problemas seriam
resolvidos ou, pelo menos, teriam um parceria, mas para que isso aconteça é necessário que os
professores sejam conscientizados em relação às novas formações familiares e qual é o papel
da família. E em contrapartida, a família deveria conhecer melhor a escola na qual o seu filho
será inserido e procurar a melhor forma para ajudá-lo no seu desenvolvimento.
De acordo com Palato (2009, p. 102-104), seria positivo se a família em conversas
com professores e coordenadores explicasse sua situação e qual seria a melhor forma de
participação para a educação de seu filho, com certeza tudo poderia ser bem melhor. Ela relata
que alguns mitos deveriam ser revistos ou deixarem de existir. Neste trabalho, serão citados
apenas três dos mitos considerados mais importantes.
O primeiro seria conceber a família desestruturada como problema, quando não é
formada por pai, mãe e filhos; a dinâmica familiar mudou muito, hoje existe uma diversidade
familiar muito grande. É homossexual, mono parental, união livre, mas isso não que dizer que
o filho não esteja bem e que a família independente de qualquer formação, não seja capaz de
dar um suporte para a escola, acredito que essa postura é uma questão de escolha.
O segundo mito seria a responsabilidade da família no aprendizado escolar dos filhos.
É do conhecimento que a família é responsável por boa parte da educação e a escola ficaria
com a menor parte. A família e a escola compartilham da educação só que ambas com focos
diferentes. A escola se responsabiliza pela formação e a família compartilha da educação
informal.
O terceiro mito seria dizer que os pais nunca estão presentes em atividades escolares,
mas como contar com pais se os horários não são adequados para o seu comparecimento e não
são promovidos trabalhos pedagógicos. Demo (2001) aponta a problemática entre
participação e envolvimento:
Muitas desculpas são justificativas do comodismo, já que participação supõe
compromisso, envolvimento, presença em ações por vezes arriscadas e até
temerárias. Por ser um processo, não pode também ser totalmente
controlada, pois já não seria participativa a participação tutelada, cujo espaço
de movimento fosse previamente delimitado. (DEMO, 2001. p.19-20).
Quando Demo (2001) fala em participação, ele mostra uma realidade que a maioria
das escolas públicas, os pais, professores e coordenadores não enxergam, ou acham melhor
não perceber para não ter que tomar uma posição que muitas vezes é trabalhosa. Se os pais
25
percebessem que a escola pública também tem sua colaboração, que também é contribuição
recolhida com seus impostos, ficaria mais fácil perceber que a escola pública não é ―de
graça‖, sendo que se os impostos fossem somados, sairiam bem mais caros que uma escola
particular. E o mais impressionante, é que pais e responsáveis muitas vezes não acreditam que
podem cobrar da escola pública, o mesmo comportamento não acontece com os pais das
escolas particulares, pois consideram um alto investimento o pagamento das mensalidades
escolares.
Conforme Bordenave (1983), desde o começo da humanidade, os homens têm
participação no meio social, no meio familiar, nas tarefas de subsistência e nos cultos
religiosos. E essas participações são por ele definidas como: participação de fato, a
espontânea, a imposta, a voluntária, a provocada e a concedida, uma vez que:
A participação social é transferida deste modo da dimensão superficial do
mero ativismo imediatista, em geral sem conseqüência sobre o todo, para o
âmago das estruturas sociais, políticas e econômicas. Em harmonia com o
conceito, se uma população apenas produz e não usufrui dessa produção, ou
se ela produz e usufrui, mas não toma parte da gestão, não se pode afirmar
que ela participe verdadeiramente. (BORDENAVE, 1983, p.25).
Se todos que fazem parte da escola pública começassem a cobrar do Governo e dos
integrantes da escola o que lhe é de direito, a escola pública seria muito mais valorizada.
Como justifica Bordenave (1983), quando se refere à educação e à qualidade da participação:
―A qualidade da participação se eleva quando as pessoas aprendem a
conhecer sua realidade; a refletir; a superar contradições reais ou aparentes; a
identificar premissas subjacente; a antecipar conseqüência; a entender novos
significados das palavras; a distinguir efeitos de causas, observações de
inferência e fatos de julgamentos‖. (BORDENAVE, 1983, p.72-73).
É essa participação que se faz necessária, uma participação coerente e consistente. É o
poder que se tem nas mãos. Os pais das escolas públicas têm que resistir ao processo histórico
que nos impõe tais condições, como se pode ver:
Quem acredita em participação, estabelece uma disputa com o poder. Tratase de reduzir a repressão e não de montar a quimera de um mundo
naturalmente participativo. Assim, para realizar participação, é preciso
encarar o poder de frente, partir dele, e, então, abrir os espaços de
participação, numa construção arduamente levantada, centímetro por
centímetro, para que não se recue nenhum centímetro. (DEMO, 2001, p. 20)
26
A escola deveria trabalhar a participação como proposta que oriente os caminhos que
possam ser construídos e percorridos pela comunidade escolar, juntamente com a família e
com outros grupos que podem apoiar o trabalho realizado por todos os envolvidos no
desenvolvimento cognitivo, psicológico, afetivo do filho/aluno. Não é tarefa fácil mudar uma
cultura, leva tempo, mas deve-se tentar, afinal. Como foi dito anteriormente, ―participação é
um processo‖, como afirma Teixeira (2000):
Não obstante, é necessário delimitar o conceito de participação. Para isso, é
fundamental na sua caracterização o elemento poder político, que não se
confunde com autoridade nem com Estado, mas supõe uma relação em que
atores, usando recursos disponíveis nos espaços públicos, fazendo valer seus
interesses, aspirações e valores, construindo suas identidades, afirmando-se
como sujeitos de direitos e obrigações. (TEIXEIRA, 2000, p.37).
Essa participação deve ser vista como uma ampliação das possibilidades de acertos na
educação do filho/aluno sendo uma esperança de fazer ficar visível à criança com seus
problemas e potencialidades. Afinal, a escola é um lugar que possibilita novas experiências,
uma vivência social diferente daquela do grupo familiar, no sentido, em que proporciona um
universo de interações pessoais e ambientes diferentes, capazes de provocar transformações
no processo de desenvolvimento e na formação do indivíduo.
27
3. CONTEXTO DO BAIRRO
Neste capítulo abordo a história do bairro e um apresento um breve histórico acerca da
Escola de 1º Grau Getulio Vargas, na qual foi realizada está pesquisa.
3.1 – BARBALHO: UM BAIRRO QUE É PURA HISTÓRIA
O Bairro Barbalho é um bairro tradicional do Centro de Salvador. Segundo o site da
Emtursa (órgão de turismo da capital baiana), o nome do bairro vem das terras que
antigamente pertenciam a Luiz Barbalho Bezerra.
Em seu entorno, podemos também apreciar o Forte de Nossa Senhora do Monte do
Carmo, também conhecido Forte do Barbalho, localizado à Rua Aristides Àtico, e foi erguido
por receio de um segundo ataque dos holandeses às trincheiras de Santo Antônio, o Capitão
pernambucano Luis Barbalho Bezerra.
Durante a guerra da Independência do Brasil (1822 - 1823) com a retirada das tropas
portuguesas sob o comando de Inácio Madeira de Melo, a 2 de julho de 1823, esta foi a
primeira fortificação a arvorar a Bandeira do Brasil em Salvador.
Segundo o site do Jornal ATARDE, a 18 de maio de 1638, foi destroçada
definitivamente a tropa de Maurício de Nassau, na qual foi colocada uma placa no Forte, essa
placa existe no Forte até hoje, todos esses acontecimentos deram o início deste histórico
bairro e enfatizando sua participação como um dos principais apoios na expulsão dos
holandeses da Bahia, no século XVII. Com tudo isso, fica fácil perceber que o bairro traz uma
grande história. O Forte foi transformado em um depósito de lixo, seus equipamentos foram
sucateados e para aumentar a degradação, o Forte sofreu uma intervenção arquitetônica.
Atualmente, já não percebemos a presença de imóveis históricos, foram demolidos
para dar lugar a prédios e casas. A maior riqueza do bairro é ter um aglomerado de escolas,
uma área educacional com cerca de 10 mil alunos da rede pública e pouca área de assistência
médica. Atualmente, o bairro, junto com outros do centro, possui escolas de alto nível, tanto
públicas como particulares, como o Instituto Central de Educação Isaias Alves - ICEIA, com
3 mil alunos e o Centro Federação de Educação Tecnológica - CEFET, Colégio Prática
28
Cultural (particular), Escola de 1º grau Getúlio Vargas com 2,8 mil alunos e pelo Colégio
Estadual Professora Suzana Imbassahy com 551 alunos.
Devido à essa grande movimentação e evolução, apareceu o lado negativo para o
bairro, pois que ladrões começaram a surgir e a agir.
O bairro comporta uma população de classe média e classe baixa, oferece uma
estrutura de lazer e de saúde precária. Muitos dos filhos fazem parte das escolas próximas a
sua residência e grande parte dos pais é analfabeta ou tem pouco estudo. Pais que possuem
mesmo pouca ou nenhuma escolarização, incentivam seus filhos a ter uma boa educação, para
que no futuro próximo possam ter um futuro melhor.
3.2
Contexto escolar
A escola utilizada na pesquisa tem como missão assegurar uma educação de qualidade
para formação dos cidadãos críticos, solidários, conscientes e preparados para os desafios do
mundo moderno.
O Getúlio Vargas é uma escola que comporta alunos com toda sua diversidade, são
crianças com transtornos, com Síndrome de Donw, deficiente auditivo e visual. Ouso dizer
que é uma escola da diversidade humana.
Seus objetivos estratégicos seria melhorar o desempenho acadêmico dos alunos,
assegurar um desempenho de excelência na gestão, fortalecer a integração escola, pais e
comunidade. Trazendo excelência, igualdade, criatividade e inovação como valores.
A visão do futuro do Getúlio Vargas é continuar sendo uma escola de referência na
cidade de Salvador e no Estado, pela qualidade de ensino que ministram, pela maneira como
atendem os alunos e pela competência profissional da sua equipe. Pretende ser uma escola
voltada para a qualidade no atendimento a todos que necessitem de seus serviços, de maneira
eficaz, segura e responsável.
Fazem parte de sua equipe escolar, gestores, coordenação pedagógica, corpo docente
do ensino fundamental 1º e 2º segmento.
29
Nesta pesquisa utilizei a escola mencionada devido o estágio realizado, na qual
ocorreu inicialmente uma observação na sala de aula, numa tentativa de verificar a teoria com
a prática e foi possível observar que a teoria e a prática apresentavam certo distanciamento.
No capítulo seguinte pretendo discorrer sobre como foi feita a análise de dados, o
método escolhido e as estratégias da pesquisa.
3.3. Trabalho de campo
O método escolhido foi o indutivo, ou seja, a cadeia do raciocínio que estabelece
conexão ascendente do particular para o geral.
Por ter escolhido como campo de observação a escola de 1º Grau Getúlio Vargas,
localizado no bairro Barbalho, na 3ª série do ensino fundamental. Este trabalho se
caracterizou como estudo de caso.
Segundo Ludke e André (1986, p.17) o estudo de caso ―é sempre bem delimitado,
devendo ter seus entorno claramente definidos no desenrolar. O caso Pode ser similar a
outros, mas é ao mesmo tempo distinto, pois tem um interesse próprio, singular”. E que, de
acordo com Ludke e André (1986), possuem características fundamentais, são elas: visa a
descoberta; enfatiza a interpretação do contexto; busca retratar a realidade de forma completa
e profunda; usa uma variedade de fontes de informações; revela experiência vicária e permite
generalização naturalista; procura representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de
vista numa situação social e utiliza uma linguagem acessível.
As estratégias utilizadas foram as observações realizadas durante o período do estágio
na escola selecionada para a pesquisa e as entrevistas aplicadas aos professores e pais de
alunos. A observação é uma estratégia que abrange não só a observação direta, mas todo um
conjunto de técnicas metodológicas implicando uma grande inclusão do pesquisador na
situação estudada.
A estratégia de aplicação de entrevista foi escolhida pela necessidade de ouvir os pais,
suas opiniões e reações ao serem questionados, pois segundo Lakatos & Marconi (2002):
A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas
obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma
30
conversação de natureza profissional, é um procedimento utilizado na
investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou
no tratamento de um problema social‖. (LAKATOS & MARCONI, 2002,
p.92)
Sendo assim, a entrevista é uma estratégia que exige disponibilidade de tempo do
entrevistador e do entrevistado, pois de acordo com Thompson (1992), afirma o seguinte:
O argumento em favor de uma entrevista completamente livre em seu fluir
fica mais forte quando seu principal objetivo não é a busca de informações
ou evidências que valham por si mesmas, mas sim fazer um registro
―subjetivo‖ de como um homem, ou uma mulher, olha para trás e enxerga a
própria vida, em sua totalidade, ou em uma de suas partes. (THOMPSON,
1992, p.258).
Foi realizada uma pesquisa de campo por meio de entrevista com oito pais, cujos
filhos fazem parte da Escola Municipal do 1º Grau Getúlio Vargas, situada no bairro
Barbalho. Essa escola foi escolhida como objeto do estudo qualitativo, durante o período de
julho de 2009 a novembro 2009, referente à participação no estágio de regência
proporcionado pela Faculdade para conclusão de curso de Graduação em Pedagogia.
Os sujeitos desta pesquisa foram: uma professora que leciona na terceira série do
ensino fundamental e oito pais de alunos da escola selecionada. De início, minha intenção era
selecionar pais que participam do contexto escolar dos filhos e, em contrapartida, os pais que
não tinham essa mesma participação. Contudo, devido às férias de fim de ano e o atraso no
retorno às aulas, poucos pais foram entrevistados, o critério de seleção ficou sendo aleatório.
Para a realização da entrevista, utilizei um gravador, por saber que a memória é falha e
não gostaria de perder nenhum dado importante que surgisse no percurso. Thompson (1992,
p.264) diz que: “algumas pessoas podem rejeitar tal tecnologia e pode deixar a pessoa
entrevistada limitada” e tal afirmação foi comprovada no momento em que realizava a
entrevista, pois ao desligar o gravador os entrevistados sentiam-se mais a vontade e revelavam
dados importantes.
Essa entrevista se caracterizou em sete questões relacionadas aos pais e ao educador.
Concernentes às questões relacionadas aos pais, temos: O que é participação? O que você
acha que a escola espera de você? O que você espera da escola? Como é sua relação com a
escola de seu filho? Quais são os seus deveres como responsável por seu filho? De que forma
31
você participa da educação escolar de seu filho? Qual é a importância da família na educação
escolar de seu filho?
Referente às questões relacionadas ao educador, temos: O que é participação? O que
você acha que a escola espera de você? Quais são os seus deveres como professor na escola?
De que forma você incentiva a participação dos pais na escola? Qual é a participação que
você espera da família? Na sua época de escola, como era a participação da família na escola?
As questões aplicadas na entrevista foram escolhidas de modo a perceber o que
realmente estava por trás da pergunta chave: participação no contexto escolar. Segundo
Lakatos & Marconi (2002, p. 88) afirma que: ―não consiste apenas em ver ou ouvir, mas
também em examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar”.
E o objetivo dessa entrevista foi chegar o mais perto possível da resposta e da
confirmação de algumas questões levantadas na observação de campo realizada.
32
4. TRAJETÓRIAS PERCORRIDAS NA PESQUISA
Este capítulo trata das trajetórias percorridas durante o estudo, realizada na Escola
de 1º Grau Getúlio Vargas, onde se analisa as respostas dos entrevistados a partir de várias
categorias de análise. As categorias de análise foram divididas em quatro: o entendimento
sobre o conceito de participação e a importância da família no contexto escolar; opiniões dos
pais e dos educadores sobre a participação na escola; deveres dos pais e do professor
referentes à educação do filho/aluno; relação dos pais e educadores com a escola.
A análise de dados está presente em vários estágios da investigação, tornando-se
mais sistêmica e mais formal após o encerramento da coleta de dados.
Para a análise de dados, foi escolhido um critério de seleção dos nomes a serem
usados para proteger a identidade dos participantes. Foram usadas as iniciais dos nomes dos
filhos com as iniciais dos pais entrevistados.
Como afirma Ludke e André (1986, p.48):
―O primeiro passo nessa análise é a construção de um conjunto de
categoria descritiva. O referencial teórico do estudo fornece
geralmente a base inicial de conceitos a partir dos quais é feita a
primeira classificação dos dados. (Ludke e André 1986).
Com isso, as categorias de análise foram dividas em quatro: o entendimento sobre o
conceito de participação e a importância da família no contexto escolar; opiniões dos pais e
dos educadores sobre a participação na escola dos pais e do professor referente à educação do
filho/aluno; a relação dos pais e educadores com a escola.
4.1 O que os sujeitos da pesquisa acreditam
Neste tópico será apresentado o que os sujeitos da pesquisa acreditam, suas indagações,
experiências e esperanças.
33
4.1.1 O entendimento sobre o conceito de participação e a importância da família no
contexto escolar
Ao tratarmos ser questionado sobre o conceito de participação, o pai LH disse que ―é
você tá presente nos momentos de dificuldade dele (...) é participar do lazer, das coisas que
ele venha fazer e desenvolver na escola, em casa ou na rua‖, para MG é ― é tá presente‖ e LY
diz que ―é está presente no dia-a-dia não só da criança, (...) na sociedade também. (...) é está
presente em tudo, em reuniões de escola, nos afazeres do colégio ou qualquer tipo de afazeres
que a crianças venham ter‖. Enquanto que a mãe MM não sabe definir. Para o mãe LI é
―acompanhar cada desenvolvimento, cada tarefa, cada matéria. É está sempre ali, atento a
casa situação, a cada trabalho que eles têm que fazer‖ e DD dizem que é acompanhar os filhos
nas atividades escolares. Para a mãe AC, ―(...) para que os pais venham saber como foi e
como não foi! Porque que foi que aconteceu e porque foi que aconteceu‖ (Apêndice A).
Em relação ao professor, participação é ―estar em comum acordo nas normas e nas
regras, aqui dentro da escola. É ajudar na compreensão e fazer aquilo que deve ser feito para
ajudar não só o professor, mas também à escola‖ (Apêndice H).
Ao tratarmos da importância da família no contexto escolar, o pai LH diz que ―é
importante para dar apoio à escola nas dificuldades do filho‖, a mãe MG ―para saber se ela
está estudando, se está freqüentando a escola‖, LI comenta ―que achava importante que os
pais viessem a escola pelo menos o primeiro dia, e acredito que muitas violências que
ocorrem nas escolas é porque os pais não acompanham o filho e que as famílias deixam os
filhos ―soltos‖. AC relata que ―a família tem que corrigir os erros da criança, sabe! Ou em
casa ou na escola. (...) O pior erro é a mãe dá cobertura as certas coisas que o filho faz e
outras não gostam quando falam alguma coisa e fazem logo um barraco! (...) Ai tem que
chamar a atenção‖. A mãe MM diz: ―eu acho que é muito importante no desenvolvimento da
criança na escola‖. Para LY ―Oh! E como é importante! Você fica sabendo o que a professora
passa o ano todo com o aluno e sabe Deus o comportamento da criança! É tanto que eles
sabem se a criança é desenvolvida, porque na realidade eles prestam bastante atenção nos
alunos. Então é importante!‖A mãe DD fala que ―a presença da família é fundamental, porque
a educação começa em casa, a base que ele leva da família é o que ele vai se dedicar lá fora, a
escola só é um vínculo e também um meio para que ele possa se instruir e procurar se instruir,
adquirir aprendizado para competir com o mundo aqui fora. Agora a base de tudo é a família
―(Apêndice G).
34
Observando os depoimentos desses pais, pode-se perceber que eles têm um
entendimento do que seja participação, embora de forma restrita. O pensamento deles se
aproxima do conceito dado por Demo (2001) quando confirma o que esses pais vêm dizendo
durante toda essa pesquisa, que participação é um processo e como processo precisa de
acompanhamento diário e inacabado, mas não podemos achar que a participação é algo
corriqueiro, que acontece sem obstáculos. Observa-se que o professor não comunga da
mesma opinião dada pelos pais dos alunos. Ele percebe a participação como um cumprimento
de regras e normas e como ajuda. Não vê a participação como um processo diário e
voluntário.
Os pais AC, MM, DD e LY falam que a participação da família na escola é importante
para dar um bom desenvolvimento escolar das crianças. O pai LH acha que é importante para
dar apoio nas dificuldades e LI acredita que diminui a violência na escola. Para a mãe MG é
importante para saber se o filho está estudando e freqüentando a escola. Com esses
depoimentos, pode-se observar que os pais acreditam que é importante a participação da
família no contexto escolar e da sua importância para o desenvolvimento de seu filho. O que
precisa ficar claro para esses pais é que a escola e a família educam de forma diferente, não há
como uma substituir a outra. A escola visa a formação intelectual e profissional do aluno e a
família a formação do caráter.
É no lar que a criança aprende a controlar seus impulsos e emoções, respeitando pai,
mãe, irmãos e as regras familiares para em seguida transferir para as autoridades.
Estudos nos mostram a importância da presença da família na escola, as crianças que
pais participam têm um desenvolvimento melhor do que aqueles no qual os pais pouco
freqüentam. A troca de experiência entre família e escola favorece ainda mais o
desenvolvimento da criança. Como foi dito anteriormente por Tiba (2007), é na família que a
criança adquirir seus primeiros ensinamentos e é fundamental, pois é ela quem vai ensinar as
regras de convivência em sociedade e seus valores. Compartilhando do mesmo pensamento a
mãe DD no depoimento diz que: ―(...) a educação começa em casa, e a base que ele leva da
família é o que ele vai se dedicar lá fora (...)‖.
Quando os pais relatam sobre a importância da família no contexto escolar, pode-se
observar que eles sentem uma necessidade de participação maior, tanto dos pais como dos
professores.
35
4.1.2- Opiniões dos pais e dos educadores sobre a participação na escola
Ao perguntar aos pais como eles participam da educação escolar do seu filho, o pai LH
participa (...) ―ajudando na lição, é dando o lazer, porque para que ele sinta que como eu não
só trabalho, ele também não pode só estudar. É tirando da rua, porque se a rua fosse boa e
tivesse boas coisas a violência não existia e assim a gente vai ajudando a mãe com educação,
educando e dando bons exemplos, chamando atenção(...)Para você cobrar, você tem que dar o
exemplo. E lá em casa a gente trabalha assim. A gente cobra quando a professora dele fala
assim, cobra, pega no pé mesmo.(...) Ele faz a parte dele e a gente faz a nossa. A dele é
estudar e a nossa é fazer com que os momentos de lazer dele valham a pena todo o estudo.
(...)Ele tem o que merece, se estudar ele tem direito a tudo, mas se não estudar, não tem
direito a nada! Para MG, ―eu incentivo a ela estudar para ter uma boa educação para amanhã
ele ter um futuro na vida dela‖. LI diz que:―eu tento participar da melhor maneira possível,
aquilo que eu vou fazendo e aquilo que eu posso fazer, eu faço! De está ali tentando, ali
orientando, olhe é por aqui, não é por aqui! Você tem que obedecer, não pode ficar
conversando na sala de aula, prestar a atenção a cada palavra que está sendo dita, tem que
obedecer a seus professores‖. A mãe AC ao ser questionada responde de forma incoerente
para essa pergunta, dizendo: ―tem professoras que é muito nervosa, que belisca e diz que não
belisca. E elas estão ali para ensinar para que eles sejam mais educados. E a mãe também,
quando ela vier reclamar, falar também que eles sejam educados!‖A mãe MM relata que:
―participo indo para às reuniões, levando ela todos os dias para a escola, acompanhando os
deveres dela e eu acho que é isso!‖
Segundo a mãe LY, ela participa ―olhando as atividades escolares, conversando com
ela para que ela tenha disciplina, para que ela seja uma menina educada (...)‖. DD diz que:
―ajudando ele nas atividades de casa, os trabalhos que a professora passa para casa (...).
Procuro ajudar pontualmente nas atividades dele, que são acompanhadas por mim, porque eu
não o coloquei em banca nenhuma! Eu que o acompanho durante o ano todo em todas as
atividades que ele realiza.‖ (Apêndice D)
Analisando os dados, o pai LH diz que participa ajudando nas atividades escolares,
dando lazer, tirando da rua, educando e dando bons exemplos. AC, MM, DD, LY,e LI
entendem que participa ajudando nas atividades escolares. E MM acrescenta que participa
indo às reuniões e levando a filha todos os dias à escola.
36
Perguntei aos pais o que eles acham que a escola espera deles, o pai LH disse que a
escola espera ―(...) sempre acompanhando ele, sempre vindo às reuniões, quando eu não posso
a mãe vem, às vezes vem os dois, e procurar ajudar na escola no que for necessário para que
ele, quero dizer eles, não só ele, como também os colegas deles(...), a mãe MG diz que a
escola ―espera participação, dedicação e que acompanhe a criança‖. Segundo a mãe LI, a
escola espera:― (...) que eu tenha mais participação. É participar do desenvolvimento do aluno,
não só pegue e eles colocam na escola e deixam que a escola faça tudo (...). A mãe AC diz
que a escola espera ―uma boa educação para os filhos, uma boa educação para ela‖. A mãe
MM responde simplesmente que a escola espera ―que eu seja uma boa mãe!‖ LY responde
que a escola ―espera que eu me dedique, que eu saiba tudo sobre seu filho, vê o que ele anda
fazendo nas atividades diárias da criança‖. DD diz que a escola espera que ―eu participe da
vida dele ativamente, que compareça às reuniões e de todas as reuniões do ano letivo e que eu
participe da vida escolar dele efetivamente e pelo menos saber como é que estão as notas dele,
o andamento da aprendizagem dele. Tudo o que acontecer com ele, em relação a ele o
professor, conhecer o professor, ter um bom relacionamento com os professores (...)‖
(Apêndice B).
Pode-se observar que os pais LH, MG, DD, LY e LI compartilham do mesmo
pensamento, dizendo que a escola espera que eles acompanhem e participem das reuniões.
Enquanto que a Mãe AC acredita que a escola espera uma boa educação para sua filha. A mãe
MM diz que a escola espera que ela seja uma boa mãe.
Ao questionar o pai sobre o que você espera da escola de seu filho, LH respondeu: ―eu
espero que cumpram com o projeto pedagógico que eles tanto falam e que tanto pedem. (...).
É só isso que eu espero da escola, uma boa educação‖, MG espera ― que ela seja uma boa
escola e que tenha bons professores para eles e que ensinem a ela melhor‖, LI diz: ― espero
que eles ensinem bem, um bom ensino, um bom desenvolvimento e que cada criança e cada
aluno que estiver aqui venha a aprender, venham somar e não diminuir.‖ A mãe AC espera
―que dê bons estudos, boa educação e reparar como é que as crianças estão se comportando e
o que ela acha das crianças. Espero boa educação! Que eles eduquem as crianças‖. A mãe
MM espera ―que seja uma boa escola!‖ A mãe LY pensa um pouco, mas responde: ―espero
que tenha um bom ensino, que eles tenham um excelente trabalho com a criança. (...) um bom
ensino é fundamental (...)‖ e DD espera da escola― que ela dê ele uma boa formação, uma
boa base no ensino fundamental, para que ele tenha uma boa condição para competir aqui e
fora com qualquer outro aluno, seja de escola particular ou pública, de qualquer outra
escola‖(Apêndice C).
37
Foi observado que todos os pais desejam que a escola tenha um bom ensino, no
entanto o pai LH deseja também que a escola cumpra com o que promete e a Mãe DD deseja
de que a escola dê ao seu filho uma boa base de ensino para competir no mercado. Segundo
Tiba (2007), ao falar da parceria entre escola e família, ele retrata que quando ambas falam a
mesma linguagem todos lucram. A família e a escola devem demonstrar coerência e
segurança, o que favorece o desenvolvimento do aluno/filho. Com isso, a educação é uma
ação ou soma de atos educativos encadeados em função do desenvolvimento do ser humano,
em vista de um fim.
4.1.3-Deveres dos pais e do professor referente à educação escolar.
Perguntei aos pais quais são os seus deveres como responsável pelo seu filho, cada pai
mostrou sua particularidade. LH disse que ―meus deveres é dar boa alimentação, dar uma boa
educação doméstica, para que quando ela chegar aqui na escola ele não peque, porque os
filhos são o espelho dos pais. É dar carinho, amor, afeto que ele tem e a senhora já teve a
oportunidade de ver. E o meu dever com ele é trabalhar para dar uma boa educação‖. MG diz
que ―é perguntar ao Colégio como ela está saindo no Colégio, como é o relacionamento dela
com os colegas, se está recebendo uma boa educação, acho que é isso. É um direito meu
chegar ao Colégio e perguntar!‖ A mãe LI respondeu que ―é incentivar a estudar, incentivar
na educação. Porque não adianta a gente pegar e colocar na escola e esperar que a escola faça
o seu papel! Eu tenho que fazer a minha parte!‖
Para a mãe AC ―é tomar conta, saber como ela está andando na escola, como é a
convivência dela mais a pró, com a diretora, com quem for!(...), MM disse com risos: ―acho
que é acompanhar ela e ajudando sempre ela a fazer as tarefas de casa e eu acho que só!‖Para
a mãe LY: ―As perguntas se configuram todas como uma só! Meu dever como mãe é mandar
para a escola, olhar as atividades, e mandar que ela respeitar aos coleguinhas, respeitar os
professores (...), para DD é ―acompanhar nas atividades escolares‖ (Apêndice E).
Os pais apresentam diferentes pensamentos. O pai LH fala que seus deveres estão
relacionados a dar uma boa alimentação, educação doméstica, carinho, amor e afeto. As mães
AC e MG compartilham o mesmo pensamento, dizendo que seus deveres são cuidar e saber
da sua convivência com professores e colegas. A mãe MM, DD e LI dizem que seus deveres
estão ligados ao acompanhamento nas atividades escolares. MG comenta que seus deveres
38
como responsável do aluno é saber como o aluno está no colégio e seu relacionamento com
colegas e professores. LY ao ser questionado ele diz que seus deveres são orientar em relação
ao respeito ao próximo, manter a freqüência na escola e olhar as suas atividades. De acordo
como o artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 2004):
é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder
público assegurar, com absoluta prioridade a efetivação dos direitos
referente à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade, e à convivência familiar e comunitária (ECA, 2004, p.11).
Observa-se que o discurso dos pais condiz com o Estatuto quando se refere aos
deveres em relação ao aluno/filho. Porque segundo o Estatuto, a sociedade, a família, a
comunidade e o poder público têm o dever de acompanhar o desenvolvimento da criança para
que os pais tenham uma visão melhor do filho em relação à escola, é necessário que ele esteja
bem informado e escutar à professora com toda sua experiência em sala de aula, com alunos
que têm a mesma idade de seus filhos pode ser útil para a família, pois ambas podem trabalhar
juntas as dificuldades e o melhoramento do filho/aluno. E Tiba (2007, p.189, 190) afirma ao
falar da escola, que deveria ser um trabalho em conjunto, no qual poderia ser ouvida a voz do
coração e a voz da razão dos personagens da educação: a mãe, o pai e a escola.
O professor ao ser entrevistado, respondeu que seus deveres seriam ―atender todas as
mães, transmitir para eles pra os alunos aprenderem ajudar no que for possível dentro do
Regulamento, dentro do que eles vêm para obter e que eu estou aqui para transmitir
conhecimentos; e fazer o possível para transmitir o máximo para eles‖.
Observa-se que o professor entrevistado tem uma visão restrita do seu papel como
educador, acreditando que ele é apenas um mero transmissor de conhecimentos e
informações, sabe-se que o papel do professor é também refletir sobre o seu compromisso
social e ético. Conforme Libâneo (2002), a característica mais importante da atividade
profissional do professor é o intermédio entre o aluno e a sociedade, entre as condições de
origem do aluno e sua destinação social na sociedade, papel que cumpre provendo às
condições e os meios que respaldem o encontro do aluno com as matérias estudadas. Esses
objetivos educacionais estão ligados uns aos outros, pois “o processo de ensino é ao mesmo
tempo um processo de educação.” (LIBÂNEO, 1991, p. 71)
Ainda de acordo com Libâneo (1991), a didática e as tarefas do professor buscam os
seguintes objetivos primordiais: assegurar ao aluno domínio do conhecimento científico mais
39
seguro e duradouro; criar meios para desenvolver habilidades e capacidades intelectuais, para
dominarem os métodos de estudo e de trabalho intelectual para uma futura autonomia; e
orientar as tarefas de ensino com o objetivo educativo da formação da personalidade.
4.1.4- Relação dos pais e do educador com a escola
Para finalizar a entrevista com os pais, perguntei sobre a sua relação com a escola de
seu filho, o pai LH diz que tem uma ―boa, muito boa! Primeiro porque eu sou funcionário da
escola, e depois porque eu gosto daqui, eu gosto da escola‖ (...). MG: ―tenho uma boa
relação‖. LI disse: ―bem, estou sempre acompanhando! Cada reunião quando posso eu estou
presente e quando eu não posso, eu venho procurar saber depois! (...). A mãe AC ―eu acho
ótima, eu acho bom! Além da educação da escola, eu acho a escola ótima ―(...). A mãe MM
diz que tem ―uma boa relação‖, LY ―a minha relação com a escola é normal, (...). Para a mãe
DD a sua relação com a escola ―é a mais amigável possível. Procuro logo conhecer a
professora dele, para ter um bom relacionamento e saber como é que ela trabalha com ele (...)
(Apêndice F).
Pode-se observar que LH, AC, MM, MG e DD comentam que têm uma boa relação
com a escola. Enquanto que LY diz que sua relação é só quando é chamada a escola ou em
reunião escolares, relata que o pai tem mais participação. A mãe LI diz que participa das
reuniões e solicita informação na escola sobre seu filho.
Segundo Tiba (2007,p.187), ―a educação escolar é diferente da educação familiar. Não
há como uma substituir a outra, pois ambas são complementares. Não se pode delegar à
escola parte da educação familiar, pois está é única e exclusiva, voltada à formação do
caráter e aos padrões de comportamentos familiares”. A escola é um ambiente importante de
convívio no qual recebem estímulos, espaço para a socialização e tem o objetivo de preparar o
aluno profissionalmente.
40
5 CONCLUSÃO
O procedimento da pesquisa proporcionou observar além das possibilidades teóricas
ou estereotipadas do ensino público e da participação dos pais no contexto escolar. Como foi
apresentado nos capítulos anteriores que a educação precisa ser vista a partir de novas
concepções que precisam ser transformadas, para assumir seu papel nesse contexto atual
como agente de mudanças, uma educação geradora de mudanças, de conhecimentos, de
formação de sujeitos independentes e habilitados para intervirem e agirem na sociedade de
forma crítica e, principalmente, criativa. A família e a escola são as pontes para ajudarem ao
aluno perceber, através do espaço e do tempo, essas mudanças ocorridas no mundo, sem
prejuízo para seu desenvolvimento humano.
Participação familiar é uma necessidade contemporânea e desejada por todos que
fazem parte do contexto escolar. Quando da minha primeira vontade de fazer Pedagogia
aflorou em mim profissionalmente, foi a necessidade que tinha em trabalhar com
comunidades carentes que envolvessem crianças. Sempre considerei importante o valor que a
família tem em relação a tudo e por acreditar que uma boa parte da solução do que vem
ocorrendo no mundo seria minimizada se a família estivesse por perto.
A falta de participação da família no contexto escolar já foi debatida no meio
acadêmico, tratado por diversos autores consagrados na área da Pedagogia, Psicologia e
Educação, além de ainda ser pano de fundo para várias questões abordadas pela LDB, mas
percebemos que ainda não foi dada a resposta para essa questão sobre a participação dos pais
na escola pública.
Portanto, o objeto de estudo deste trabalho, a Escola de 1º grau Getúlio Vargas, vem
apontar não para realidades estáticas ou conclusivas, mas vem propor algumas diretrizes, de
como ainda será possível encontrar elementos motivadores dessa relação Escola-Família.
Com base na observação in loco, nas informações levantadas e nos dados obtidos, pode-se
avaliar que a referida escola está composta por alguns professores que já não têm mais o
estímulo para conviver com crianças, já não conseguem acompanhar o ritmo das novas
crianças, em que estão sendo educadas na era da tecnologia e da informação. O professor não
é visto mais como o único mediador da educação formal, a criança está aprendendo fora dela,
o que muitas vezes dificulta o controle da escola e da família.
41
Com as análises das falas dos pais, percebi que há um desejo enorme em dar uma
educação aos filhos e que eles não estão conseguindo atingir: uma educação para um futuro
melhor. Um futuro em que as crianças disponham de um sistema de ensino público efetivo e
eficiente, onde possam se sentir seguras e capazes de ―competir com as crianças das escolas
particulares‖ (esta frase foi dita por uma das mães entrevistadas durante o levantamento de
dados). Ao ouvir os pais sinto que o real desejo deles é que se criem escolas, não diria mais no
modelo tradicional, mas que tenham uma postura mais séria, de comprometimento com o
ensino de qualidade e que sejam profissionais capacitados, no intuito de garantir para as
crianças da rede pública condições para competir no mercado.
O que percebo é que participação sempre vai existir e existe nessa escola, apenas
alguns pais participam mais do que outros. E muitas vezes, a postura de alguns professores
frente à essa falta de participação pode ser vista como senso comum, como se incomodasse ou
interferisse no comodismo da sala de aula. Ainda tenho uma inquietude em relação a essa
questão: será que os professores, realmente querem essa participação?
Chego à conclusão de que o conceito de participação é muito complexo, que envolve
conceitos sociais, pessoais, históricos, dentre tantos outros. Os pais dos alunos e os
professores têm uma compreensão do que é participação. Pude perceber que os pais sabem
muito bem quais são seus deveres perante à escola de seus filhos, ao mesmo tempo em que
eles têm consciência da participação que a escola espera da família.
Participação essa, que segundo a mãe SL usou de muita simplicidade e coerência
quando disse que participação ―é estar sempre presente em tudo, em reuniões de escola, nos
afazeres do colégio ou em qualquer tipo de afazeres que as crianças venham ter‖. É realmente
acompanhar o desenvolvimento da criança não só na escola, mas em sua vida, como já foi
dito anteriormente, quando foi escrito o significado de participação, no qual Demo (2001)
confirma o que essas mães vêm dizendo durante toda essa pesquisa, que participação é um
processo e como processo precisa de acompanhamento diário.
Observa-se que o professor não comunga da mesma opinião dada pelos pais dos
alunos. Ele percebe a participação como cumprimento de regras e normas e como ajuda, não
vê a participação como um processo diário e voluntário.
Assim, reafirmo a importância dessa parceria entre essas duas instituições (escola e
família) para o desenvolvimento e para o benefício de algo que ambas têm em comum, isto é,
a educação dos alunos/filhos. Sem pensar em facilidade, mas em simplicidade, assim como
42
fez o pai de LH, ao dar um motivo para que o menino de 09 anos estudasse a tabuada para
uma prova no dia seguinte na escola. Em casa, fez com que entrasse no quarto e olhasse ao
seu redor.
O pai disse para o filho: ―Vê tudo isso que você tem aqui? É seu. Imagine como se o
seu quarto fosse um castelo e você, o príncipe. Imagine que para você sair daqui, terá que
conquistar muitos reinos.‖ E explicou mais claramente que para ele passar de ano sem
recuperação, ele teria que estudar a tabuada e as outras disciplinas para não perder o que já
tinha conquistado anteriormente. Usou uma didática de dar inveja a qualquer um. O resultado
desse diálogo entre pai e filho, foi excelente, que surpreendeu a todos, inclusive sua própria
professora. Esse exemplo mostra o quanto é importante a relação direta e firme, ao mesmo
tempo, terna e positiva, entre pais, filhos e a escola. A família e a escola necessitam uma da
outra, é uma parceira que ainda vale à pena.
Espero que este trabalho possa ter continuidade, pois esse tema gera muitas discussões
e é inesgotável. E que as escolas, principalmente as públicas olhem para seus direitos e
democraticamente busquem melhorar o ensino e ter profissionais qualificados para a nova
geração que vem passando por grandes mudanças.
E aos que acreditam na parceria entre família/escola, que procurem seguir exemplos
daquelas que com muito trabalho e força de vontade conseguiram trazer os pais à escola.
43
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44
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www.http://pt.wikipedia.org/wiki/forte_de_Nossa_Senhora_do_Monte_do_Carmo,
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45
7 APÊNDICES
46
APÊNDICE A
PRIMEIRA QUESTÃO: O QUE É PARTICIPAÇÃO PARA VOCÊ?
RESPOSTA DOS PAIS
LH: ―Participação é você tá presente nos momentos de dificuldades dele, se ele tiver uma
dificuldade procurar ajudar, também participar do lazer dele, das coisas que ele venha fazer e
desenvolver na escola, em casa ou na rua‖.
MG: ―Participação pra mim é que tem que tá presente‖.
LI: ―Pra mim participação é acompanhar cada desenvolvimento, cada tarefa, cada matéria. É
está sempre ali, atento a cada situação, a cada trabalho que eles tem que fazer, cada pesquisa.
Participação é isso!‖
AC: ―Porque o erro da criança ela comunica aos pais, para que os pais venham saber como foi
e como não foi! Porque foi que aconteceu e porque foi que não aconteceu!
MM: ―Não sei!‖
LY: ―É a gente estar presente no dia-a-dia na vida não só da criança, não só na vida dos
filhos, na sociedade também. Para mim participação é isso! É estar sempre presente em tudo,
em reuniões de escola, nos afazeres do colégio ou qualquer tipo de afazerer que as crianças
venham ter‖.
DD: ―Participação é quando ele sair da escola, olhar a mochila, olhar se veio algum aviso para
mim, olhar o caderno é ter que participar todos os dias das atividades da escola dele. Porque
sou eu mesmo que ensino, ele não faz banca nenhuma.‖
47
APÊNDICE B
SEGUNDA QUESTÃO: O QUE VOCÊ ACHA QUE A ESCOLA ESPERA DE VOCÊ?
RESPOSTA DOS PAIS
LH: ―Espero o que eu venho fazendo, sempre acompanhando ele, sempre vindo as reuniões,
quando eu não posso a mãe vem, às vezes vem os dois, e procurar ajudar na escola no que for
necessário para que ele, quero dizer eles, não só ele, como também os colegas deles possam
ter uma escola mais, como posso falar: uma escola mais unidade, mais junta, mais completa,
porque eu sempre achei que a escola é a extensão da casa. Então se ele vem de casa, eu
trabalho aqui para fazer com que ele venha de casa e aqui ele estaria no quintal, se assim
posso dizer!‖.
MG: ―Espera participação, dedicação e que acompanhe a criança‖.
LI:―Eu acho que a escola espera de mim, é que eu tenha mais participação. É participar do
desenvolvimento do aluno, não só pegue e eles colocam na escola e deixam que a escola faça
tudo, mas está sempre ali procurando saber como ele está, como está meu filho e como não tá.
Pra mim participação é isso!‖
AC:―Uma boa educação para os filhos, uma boa educação para ela‖.
MM ―Que eu seja uma boa mãe!‖
LY: ―Espera que eu me dedique, que eu saiba tudo sobre seu filho, vê o que ele anda fazendo
nas atividades diárias da criança. Não sou aquela mãe que participa muito, o pai participa
mais.‖
DD:―Ela espera que eu participe da vida dele ativamente, que compareça as reuniões e de
todas as reuniões do ano letivo e que eu participe da vida escolar dele ----e pelo menos saber
como é que estão as notas dele, o andamento da aprendizagem dele. Tudo o que acontecer
com ele, em relação a ele -------ter um bom relacionamento com os professores----- como se
encontra o comportamento dele.‖
48
APÊNDICE C
TERCEIRA QUESTÃO: O QUE VOCÊ ESPERA DA ESCOLA DE SEU FILHO?
RESPOSTA DOS PAIS
LH: ―Eu espero que cumpram com o projeto pedagógico que eles tanto falam e que tanto
pedem. Eles pedem a participação da gente e ai, eu como pai, eu quero que eles cumpram com
que eles prometeram. Porque nós como pais vão participar e eles como professores já vivem
nessa situação. Eu sei que às vezes é muito chato, o salário é pouco, mas quando eles
escolheram essa área, eles escolhem por amor, não é pelo valor. Se fosse para falar do valor,
eles seriam médicos advogados, doutores. E o que eu espero da escola é isso, que eles
cumpram com que eles prometem fazer, para que meu filho amanhã ou depois o meu filho
venha a ser professores se eles quiserem, ou escolha outra área. acho que ele tem uma base de
educação. É só isso que eu espero da escola, uma boa educação‖
MG: ―Espero que ela seja uma boa escola e que tenha bons professores para eles e que
ensinem a ela melhor‖.
LI:―Eu espero que eles ensinem bem, um bom ensino, um bom desenvolvimento e que cada
criança e cada aluno que estiver aqui venha a aprende, venham somar e não diminuir.‖
AC:“Espero que dê bons estudos, boa educação e reparar como é que as crianças estão se
comportando e o que ela acha das crianças. Espero boa educação! Que eles eduquem as
crianças‖.
MM: ―Espero que seja uma boa escola!‖
LY: ―Ah meu Deus! O que eu espero da escola? (riso)
Espero que tenha um bom ensino, que eles tenham um excelente trabalho com a criança, por
cuidar ninguém cuida, né! E um bom ensino, porque eu acho que é fundamental. Porque hoje
em dia, colocar um menino na escola pública é muito difícil, porque a gente sabe que alguns
colégios são péssimos, mas ai, até que o ensino é bonzinho, os professores pegam no pé,
chamam atenção do aluno, o mandam ele ir para casa. Eu mesmo gostei! Esse ano é o
49
segundo ano de L aqui, e eu gostei mesmo. A outra vez quando veio a outra filha estava
brincando muito e a professora veio e reclamou, mandou me chamar porque queria conversar
comigo então, isso foi muito importante.
DD:―Espero da escola, que ela dê
ele uma boa formação, uma boa base no ensino
fundamental, para que ele tenha uma boa condição para competir aqui e fora com qualquer
outro aluno, seja de escola particular ou pública, de qualquer outra escola.‖
50
APÊNDICE D
QUARTA QUESTÃO: DE QUE FORMA VOCÊ PARTICIPA DA EDUCAÇÃO
ESCOLAR DE SEU FILHO?
RESPOSTA DOS PAIS
LH: ―Já falei que eu já trabalho aqui, é vindo, é ajudando na lição, é dando o lazer, porque
para que ele sinta que como eu não só trabalho, ele também não pode só estudar. É tirando da
rua, porque se a rua fosse boa e tivesse boas coisas a violência não existia e assim a gente vai
ajudando a mãe com educação, educando e dando bons exemplos, chamando atenção. Agora
não adianta você chamar a atenção do filho e errar, --- e brigar. Então o que está fazendo para
poder ....na minha casa é! A gente trabalha assim, dessa forma. A gente erra, todo casal
discuti, mas a gente sempre atenção dele para que quando ele crescer não fique pensando que
aquilo é um habito. Porque o que a gente ou o que os pais aprenderam é que eles hoje são o
espelho dos pais deles e o filho dele é o espelho dele. Então não adianta eles exigirem, por um
exemplo: um pai que é usuário de droga, quando o filho estiver usando dizer que não pode.ele
como pai não vai ter a moral para dizer que está errado, que o filho não pode usar! Assim
mesmo é o pais que bate. Se o pai dele bate na mãe dele, e o filho dele bater na filha de
alguém ou a filha dele apanhar de alguém ele não vai poder falar! Pra você cobrar, você tem
que dar o exemplo. E lá em casa a gente trabalha assim. A gente cobra quando a professora
dele fala assim, cobra, pega no pé mesmo. É duzentos dias que ele passa sem moleza para
quando chegar na vez dele ele também ter direito de dar uma saidinha. Ele faz a parte dele e a
gente faz a nossa. A dele é estudar e a nossa é fazer com que os momentos de lazer dele valam
apena todo o estudo. Dessa forma a gente acha que é a forma correta. Porque eu acho que
cada pai age de uma forma de educar correta, e eu acho essa forma correta. Ele tem o que
merece, se estudar ele tem direito a tudo, mas se não estudar, não tem direito a nada!
MG: ―Eu incentivo a ela estudar para ter uma boa educação para amanhã ele ter um futuro na
vida dela‖.
LI:―Eu tento participar da melhor maneira possível, aquilo que eu vou fazendo e aquilo que
eu posso fazer, eu faço! De tá ali tentando, ali orientando, olhe é por aqui, não é por aqui!
51
Você tem que obedecer, não pode ficar conversando na sala de aula, prestar a atenção a cada
palavra que está sendo dita, tem que obedecer seus professores. É assim que eu faço!‖
AC: ―Tem professoras que é muito nervosa, que bilisca e diz que não bilisca. E elas estão ali
para ensinar para que eles sejam mais educados. E a mãe também, quando ela vier reclamar
falar também que eles sejam educados!‖
MM: ―Participo indo para as reuniões, levando ela todos os dias para a escola, acompanhando
os deveres dela e eu acho que é isso!‖
LY: ―Participo olhando as atividades escolares, conversando com ela para que ela tenha
disciplina, para que ela seja uma menina educada. Porque eu sei que é ela é uma criança muito
afoita, não é que ela seja uma menina mal educada, elas são umas meninas educadas, todas
duas. Tanto ela quanto a irmã, agora L tem um problema muito serio de ansiedade, ela é
muito pra frente, muito afoita, tudo ela quer se meter. Às vezes a gente está conversando
daqui a pouco ela entre. Às vezes ela está no quarto e a gente na sala, ai ela está ligada, ela
está fazendo alguma coisa, mas ligado no que a gente está conversando e eu não dou ousadia.
estou sempre chamando a atenção: minha filha você é uma criança, você tem que se
comportar como criança. Então eu estou sempre chamando a atenção para ver se ela muda o
jeito dela, sei lá! Porque eu mesmo não consigo! Olhe que eu a chamo assim mesmo, não dou
ousadia, porque filho a gente não tem que dar ousadia! Acho um absurdo o filho fazer o que
quer. Mãe eu quero isso e a mãe vai lá e dar! Mãe eu quero fazer isso e a mãe vai lá e faz! Lá
em casa não tem isso, não existe isso‖!
DD: ―Ajudando ele nas atividades de casa, os trabalhos que a professora passa para casa eu
procuro ajudar no que ela mandar. Procuro ajudar pontualmente nas atividades dele, que são
acompanhadas por mim, porque eu não o coloquei em banca nenhuma! Eu que o acompanho
durante o ano todo em todas as atividades que ele realiza.‖
52
APÊNDICE E
QUINTA QUESTÃO: QUAIS SÃO SEUS DEVERES DE RESPONSÁVEL PELO
FILHO?
RESPOSTAS DOS PAIS
LH: ―Meus deveres é dá boa alimentação, dá uma boa educação doméstica, para que quando
ela chegar aqui na escola ele não peque, porque os filhos são o espelho dos pais. É dá carinho,
amor, afeto que ele tem e a senhora já teve a oportunidade de ver. E o meu dever com ele é
trabalhar para dar uma boa educação‖.
MG: ―É perguntar ao Colégio como ela está saindo no Colégio, como é o relacionando dela
com os colegas, se está recebendo uma boa educação, acho que é isso. É um direito meu
chegar ao Colégio e perguntar!‖
LI: ―É incentivar a estudar, incentivar na educação. Porque não adianta a gente pegar e
colocar na escola e esperar que a escola faça o seu papel! Eu tenho que fazer a minha parte!‖
AC: ―É tomar conta, saber como ela está andando na escola, como é a convivência dela mais a
pró, com a diretora, com quem for! Saber que a turminha é responsabilidade deles com ela‖.
MM: ―(risos) Acho que é acompanhar ela e ajudando sempre ela a fazer as tarefas de casa e
eu acho que só!‖
LY: ―As perguntas se configuram todas como uma só! Meu dever como mãe é mandar para a
escola, olhar as atividades, a mandar ela respeitar os coleguinhas, respeitar os professores. Eu
fico sempre falando a ela que sua professora é como se fosse uma segunda mãe. Então lá você
tem que obedecer, respeitar e prestar atenção nas atividades. Falo para ela que na hora do
recreio que ela tenha um bom comportamento, para não andar com meninos, saber separar as
coisas. Fico sempre orientando‖.
DD: ― Acompanhar nas atividades escolares‖.
53
APÊNDICE F
SEXTA QUESTÃO: COMO É A SUA RELAÇÃO COM A ESCOLA DE SEU FILHO?
RESPOSTA DOS PAIS
LH: ―Boa, muito boa! Primeiro porque eu sou funcionário da escola, e depois porque eu gosto
daqui, eu gosto da escola. A educação não aqui, mas no modo geral vem passando por
mudanças----já vai fazer oito anos. E a gente vem acompanhando. No meu caso como eu
ainda sou aluno também, ainda cria um vinculo, a gente fica com um diferencial do que eu
aprendi com o que eu venho aprendendo. A metodologia é muito diferente, às vezes a gente
quer ajudar em casa, mas não sabe, porque antigamente fazia português e na gramática tinha
que aprender aqueles verbos todos e hoje em dia não, a forma é totalmente diferente, é um
ensino totalmente diferente. Eu mesmo, no meu, eu às vezes me pego assim pensando: será
que vou fazer uma avaliação boa, mas eu estou gostando‖.
MG: ― tenho uma boa relação‖.
LI: ―Bem, estou sempre acompanhando! Cada reunião quando posso eu to presente e quando
eu não posso, eu venho procurar saber depois! Eu procuro o assunto, porque às vezes acontece
que tenho que sair e não posso está presente! Mas sempre estou obtendo informações.
AC:― Eu acho ótima, eu acho bom! Além da educação da escola, eu acho a escola ótima. O
ruim da escola são os maus elementos que não tem tipo de princípio, não tem educação. Não
sei se é porque a mãe não ensina! Menino vem para a escola de tesoura, de faca, e esculhamba
os outros. Critica as coisa do colega, então não olhe e não veja, não chame a atenção da
escola, não chame o público atenção! Não é para abafar, é chamar os pais e conversar e dizer
como é que os filhos estão agindo! Se a escola não faz isso hoje, amanhã o que é que
acontece? Vai dá um tiro em uma criança, vai e dá uma facada em outro, ai dá um soco em
um, e fica por isso mesmo, porque os pais não vem corrigir. Ai eles vão corrigir e dão
suspensa. Suspensão não vai adiantar, porque ai vão ficar pior! E muitas vezes os pais
justificam dizendo que os filhos são doentes. Se ele é doente, deixe a doença em casa e seja
educado na escola. a escola deveria, quando acontecesse algo com as crianças fizesse uma
reunião com as mães, com os pais responsáveis do aluno, ou tia, com quem ele conviva. Tem
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que chamar aqueles meninos maiores, não tem nada que chamar as crianças para reclamar!
Tem que chamar os pais, tio, mãe ou vó. Para vê o que eles vão fazer, se eles observarem que
ele não está obedecendo, dá suspensão ou tirem seus filhos da escola. às vezes tem mais a
ganhar com os outros. Deixar os outros que se comportam melhor‖.
MM: ―Uma boa relação‖
LY: ―A minha relação com a escola é normal, de vez em quando eu venho trazer, porque
quem mais trás é o pai. E quando tem reunião, eu procuro participar, procuro sempre
participar das reuniões. Tem vezes que quando um não vem eu venho conversar com a
professora para saber como é que ela está. O comportamento de L e de sua irmã como é que
está para poder ajudar em casa no que eu poder‖.
DD: ―A minha relação com a escola é a mais amigável possível. Procuro logo conhecer a
professora dele, para ter um bom relacionamento e saber como é que ela trabalha com ele. E
trabalho em casa as dificuldades que ele tem na escola. eu sempre ajudo em casa.‖
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APÊNDICE G
SÉTIMA QUESTÃO: QUAL A IMPORTANCIA DA PRESENÇA FAMILIAR NA
VIDA ESCOLAR DAS CRIANÇAS?
PRESPOSTA DOS PAIS
LH:― É importante para dar apoio a escola nas dificuldades do filho‖.
MG: ―Para saber se ela está estudando, se está freqüentando a escola‖
LI: Após parar de gravar, essa mãe ficou muito mais descontraída e eu mais atenta as coisas
eu ela dizia.
Ela desabafou dizendo que os alunos não respeitam o professores e que algumas famílias que
ela já presenciou, não aceita ser chamado a atenção por causa de seus filhos. Que sempre dão
razão a seus filhos e disse: ―se as professoras bem soubessem, gravariam o que as crianças
fazem, para mostrar aos pais‖ e continuou desabafando: ― e acredito que educação e algumas
situações de comportamento do aluno vem de. A escola deveria ter uma psicóloga, para dar
suporte a algumas crianças que tem problemas ou estão passando por alguma dificuldade
emocional.‖
Ela disse que achava importante que os pais viessem a escola pelo menos o primeiro dia, e
acredita que muitas violências que ocorre nas escolas é porque os pais não acompanham o
filho e que as famílias deixam os filhos ―soltos‖.
AC: ―Tem que corrigir os erros da criança, sabe! Ou em casa ou na escola. Porque às vezes a
criança briga, elas tem que comunicar as mães para darem conselhos, para que as mãe chegue
ao filho e diga assim: filho, não é assim que age, não vá pela cabeça dos outros, porque assim
vocês se dão bem! Tem criança que quando a professora fala o aluno responde que depois a
senhora vai lhe pagar, então a senhora fica com medo, constrangida! O pior erro é a mãe dá
cobertura as certas coisa que o filho fazem e outras não gosta quando falam alguma coisa e
fazem logo um barraco! Você coloca um filho na escola e chega um colega e fica chamando
seu filho de sapatona. viado, olhão. Ai a senhora vai e reclama, e ai, ela não gosta! Você não
vai gostar, ou vai tirar seu filho da escola ou vai deixar seu filho apanhar. Ai tem que chamar
atenção‖.
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MM: ―Eu acho que é muito importante no desenvolvimento da criança na escola‖.
LY:―Oh! E como é importante! Você fica sabendo o que a professora passa o ano todo com o
aluno e sabe Deus o comportamento da criança! É tanto que eles sabem se a criança é
desenvolvida, porque na realidade eles prestam bastante atenção nos alunos. Então é
importante!‖
DD: ―A presença da família é fundamental, porque a educação começa em casa a base que ele
leva da família é o que ele vai se dedicar lá fora, a escola só um vínculo e também um meio
para que ele possa se instruir e procurar se instruir, adquirir aprendizado para competir com o
mundo aqui fora. Agora a base de tudo é a família.‖
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APENDICE H
RESPOSTAS DO PROFESSOR
ENTREVISTA COM PROFESSOR
1. QUAIS SÃO OS SEUS DEVERES COMO PROFESSORES NA ESCOLA?
―É atender todas a mães, transmitir pra eles –pra os alunos aprenderem -- ajudar no que for
possível dentro do regularmente, dentro do eles que vem para obter e que eu estou aqui para
transmitir; agora é faze o possível para transmitir o máximo que possível para eles;
2. O QUE É PARTICIPAÇÃO PARA VOCÊ?
―É está em comum acordo nas normas e nas regras, aqui dentro da escola. É ajudar na
compreensão e fazer aquilo que deve ser feito para ajudar não só o professor, mas também a
escola.
3. DE QUE FORMA VOCÊ INCENTIVA A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NA
ESCOLA?
―----tarefas e atividades dos filhos,’’’’o que acontece na escola, está sempre presente na escola
procurando saber como é que está o filho para tentar ajudar também. Se não ---saber o que
está acontecendo na escola, porque ele sempre dá razão ao filho errado.
4. O QUE VOCÊ ACHA QUE A ESCOLA ESPERA DE VOCÊ?
―Que eu cumpra com as minhas obrigações, que eu faça aquilo que eu vim aqui para fazer! A
ajuda, a compreensão com as normas da escola também, ajudando também na escola, não só
na sala de aula, mas na escola como um todo
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5. QUAL A PARTICIPAÇÃO QUE VOCÊ ESPERA DA FAMÍLIA?
―É estar atento com o que ocorre na escola, procurando sempre saber sobre o seu filho com o
professor, a professora dele---e ajudando também nas suas atividades e nas tarefas‖.
6. NA SUA ÉPOCA DE ESCOLA, COMO ERA A PARTICIPAÇÃO DA
FAMÍLIA NA ESCOLA?
―Na nossa época não existia tanta violência nas escolas, tantos problemas, como existe
hoje! Então, no meu caso, como estudante, eu nunca dei trabalho a minha mãe é semi analfabeta, apenas sabia ensinar o seu nome. Ela era da chapeira da Serdisc e meu pai
trabalhava na previdência, mas não tinha problema. Ele sempre ia ou iam os dois para as
reuniões e voltavam do mesmo jeito, porque graças a Deus eu só recebia elogios. Então
quando não tinha reunião eles iam reclamar porque não tinha reunião, ai sempre a secretário
do diretor que me conhecia, dizia assim: enquanto tem reunião e seus pais vêem, mas têm
muitos outros que não vem. Então graças a Deus não tinha problema. Meus pais nas
atividades sentavam e fazia—eu não tinha muito auxilio de pai e mãe ------eu já disse aos
meus alunos que se eles continuam estudando tudo fica fácil, ------se você prestar atenção na
aula, eles são capazes de sentar e fazer sozinho as atividades, então quando eu digo na escola
particular.
Participar da aula a mãe disse assim, meu filho chegou em casa pedindo para lhe ensinar,
mas tem tanto tempo que não estudo, agora ....mas eu faço as atividades com eles, ai quando
eu chego pra ensinar as atividades a eles daquele jeito que eu aprendi, ai ele diz que não
mãezinha a pro me ensinou assim-----então porque ele vai ficar----porque ele prestou a
atenção! Então a mãe vai ensinar pelo método dela, mas ai, pelo que aprendeu antes anterior,
mas ai ele prestou atenção a aula e vai dizer que se faz assim, que a pro me ensinou
assim....então se eles prestarem a tenção na aula eles vão saber fazer, vão errar? Vão! É
claro!Mas ai fica fácil de corrigir, porque ele aprendeu e errando você vai aprender mais
ainda, porque se você aprendeu..então que bom ....você vai aprender mais ainda ....você fez
sozinho, você consertou, você nunca mais vai esquecer. Então naquele tempo eu tinha... da
minha mãe.... minha irmã que estudava.... não tínhamos problemas com isso, graças a Deus.
Hoje não, cada um tem um problema...tem uns que é bom, presta atenção, mas tem ouros
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conversa demais, tem outros que não presta atenção... todos já fazem atividades assim.... tem
a irmã que já fez por ele....pra ele. Não vou dizer que não existia alunos assim, mas no meu
caso não.
7. QUAL É A SUA ATITUDE AO SER QUESTIONADA POR UM PAI EM
RELAÇÃO ÀS ATIVIDADES DO ALUNO?
Geralmente quando os pais vem ...achando que tem razão. Os pais não chegam pra gente
para questionar uma atividade ou que .....que é mentira. O aluno não copia a atividade, ai
quando os pais vêem .... não tá passando atividades não? O que está acontecendo que na
está levando para casa? Ai .... estão serve assim como agressão....ai se a gente pudesse
também agiria da mesmo jeito (riso) ai procura saber ....procure saber dos colegas deles se
alguém fez a atividade tal dia assim. Ele não copiou.... pergunte a ele se eu não reclamei
com ele por ele não copiou o dever e todos copiaram.
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8. ANEXO
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No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), o capitão
pernambucano Luís Barbalho Bezerra (c. 1600-1644), receando um segundo ataque
holandês às trincheiras de Santo Antônio, fez erguer um reduto no local (1638).
Durante a Guerra da Independência do Brasil (1822-1823) com a retirada das tropas
portuguesas sob o comando de Inácio Madeira de Melo, a 2 de julho de 1823, esta foi
a primeira fortificação a arvorar a bandeira do Brasil em Salvador.
Em 1837 o seu comando aderiu à Sabinada e, no ano seguinte (1838), ofereceu
resistência às forças imperiais, tendo, após sua queda, aí sido detidos cerca de
duzentos revoltosos. Utilizado desde 1828 como Cadeia Pública de Salvador, sofreu
reparos em 1853 (GARRIDO, 1940:92), sendo utilizada a partir de 1855 como
enfermaria de coléricos do Lazareto de São Lázaro. Em 1886, sofreu novos reparos
(GARRIDO, 1940:92) e foi utilizada como Centro de Isolamento de variolosos.
De 1892 a 1920 serviu como Quartel de Artilharia. Tomou parte no bombardeio da
cidade, juntamente com o Forte de São Marcelo e o Forte de São Pedro, no contexto
da Política das Salvações do presidente da República, Hermes da Fonseca.
Em 1904, sediava o 5º Batalhão de Artilharia de Posição, passando a ser guarnecido, à
época da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) pelo 4º Batalhão de Artilharia de
Posição (1915), ocasião em que recebeu um canhão Krupp L/28. Em 1958, o forte
aquartelava a 4ª Companhia de Guarda e a 6ª Companhia de Polícia, da 6ª Região
Militar (op. cit., p. 180).
De propriedade da União, o imóvel encontra-se tombado pelo Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional desde 1957, administrado pelo Governo do Estado da Bahia, que ali
abrigava um Quartel da Polícia Militar.
Recentemente, visando recuperar e reformar a estrutura física do imóvel, o Governo
do Estado da Bahia, através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC),
acompanhou a elaboração de projeto de restauro, com recursos do Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID). Aguardava-se, entre fins de 2004 e início
62
de 2005, a aprovação final pelo IPHAN, definindo os critérios para que as mesmas
pudessem ser licitadas. A Companhia de Desenvolvimento Urbano (CONDER), que
acompanhou o processo desde o início, deveria ser o órgão executor da reforma,
estando, à época, já providenciando pequenos reparos no imóvel, enquanto não se
iniciavam as obras.
Wikipedia article:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_de_Nossa_Senhora_do_Monte_do_Carmo acessado
em 17 de dezembro de 2009
Download

A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO CONTEXTO ESCOLAR