E ntrevista
Dr. André Miolo
CUIDAR DO corpo,
CURAR A ALMA
Desde fevereiro deste ano morando em Itabira, o cirurgião plástico André Miolo tem
sido muito requisitado pelo público de toda a região, ajudando a fazer da cidade uma
referência em tratamento estético. O sucesso não tem mistério: excelente técnica,
muito profissionalismo e um carinho especial com cada um dos pacientes
N
equipe para acompanhar uma cirurgia
ao vivo (o que não foi possível antes do
fechamento desta edição). Quatro dias
depois da entrevista, recebemos uma
nova notícia: acabara de passar em primeiro lugar no mestrado em Cirurgia
da Santa Casa, de Belo Horizonte, no
qual desenvolverá tese sobre cicatrização patológica (queloides e cicatrizes
hipertróficas).
O entusiasmo pela profissão vem
desde a infância. “Ainda no colégio, já
tinha certeza do curso que faria. Tenho
até bilhetes de colegas de classe endereçados ‘ao meu futuro cirurgião plás-
André Miolo nasceu em Andradas, no sul de Minas Gerais. Formou-se
médico pela Universidade Severino Sombra (RJ), em 2005. Fez
residência em Cirurgia Geral no Hospital Universitário SulFluminense. É especialista em cirurgia geral pelo Ministério
da Educação e Cultura (MEC), Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Federal de Medicina (CFM).
Em 2008, foi aprovado em 1º lugar geral no concurso
da Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma),
da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais
(FCCMG) para a especialidade de Cirurgia Plástica. Foi admitido, então, no Hospital Belo Horizonte. É especialista pela Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica (SBCP), título conquistado
este ano com a maior nota de Minas Gerais e
a segunda maior do Brasil. Foi aprovado em
1º lugar para um mestrado em Cirurgia na
Santa Casa, em Belo Horizonte. Em Itabira,
é membro do corpo clínico do Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD) e do Hospital
Carlos Chagas (HCC). Atende também em
consultório na Clínica Haydée. Acaba de colocar
seu site no ar: www.andremiolo.com.br
KELLY ELETO / MATHEUS ESPÍNDOLA
FOTOS: GÊ CASAGRANDE
a tarde de 10 de junho, a
reportagem de DeFato, enfim, encontrou uma brecha
na movimentada agenda do doutor
André Miolo, que, desde fevereiro deste ano, passou a prestigiar Itabira com
um serviço de alto nível em cirurgia
plástica. O simpático médico - que costuma operar ao som de Frank Sinatra traz na bagagem as melhores notas em
concursos e provas de especialização e a
experiência de já ter trabalhado ao lado
dos melhores cirurgiões do país. Enquanto falava sobre os procedimentos,
mostrou vídeos e até convidou nossa
tico’”, conta. A dedicação, segundo o
médico, é uma consequência da paixão
pelo ofício que ele considera um dom.
O cirurgião já operou a mãe e a
noiva. Ele mesmo, não sofreu nenhuma intervenção. “Sou bastante ligado
a atividade física e não achei necessário ainda. Daqui a algum tempo,
quem sabe...”
Nesta entrevista, doutor André fala
sobre a importância da confiança entre
cirurgião e paciente, dos desafios e responsabilidades da profissão e ainda faz
um alerta àqueles que pretendem melhorar a estética: só aceite ser operado
por um especialista membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Por que escolheu morar e trabalhar em Itabira?
Durante minha formação, conheci
Itabira fazendo plantões no HNSD
como cirurgião geral, fui bem recebido e gostei muito do povo da cidade. Quando me formei, procurei o
doutor Dennis Drummond Avelino
(cirgião plástico que reside em Itabira)
que apoiou minha vinda para Itabira. Tive propostas para ir para outros
estados ou ficar na capital, mas não
aceitei pois enxergava em Itabira
uma cidade próspera e em pleno
desenvolvimento. No momento,
está sendo espetacular, acima das expectativas. Tenho muitos amigos na
cidade e pretendo ficar pelo resto da
vida, se Deus quiser.
Como anda o ritmo de atendimento em seu consultório?
Até meados do mês de agosto, a
agenda está lotada. Faço uma média
de três cirurgias por semana e reservo os outros dias para atendimento nos consultórios. A demanda é
bem grande em Itabira. Além disso,
atendo pacientes de fora da cidade:
Ipatinga, Coronel Fabriciano, Guanhães, João Monlevade e até do Espírito Santo.
A demanda se deve às indicações
Minha técnica é
um conjunto de
várias visões
adquiridas.
Vi o
trabalho de
cirurgiões
de ponta e
peguei um
pouquinho de
cada um
de pacientes, certo?
Sim, mas é importante que não se escolha este ou aquele cirurgião pelo fato de
ele ser famoso ou barato. Em primeiro
lugar, consulte se ele é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
(SBCP). É só acessar o site: www.cirurgiaplastica.org.br. Se o nome dele não
estiver lá, não opere porque ele não é
cirurgião plástico. Dos quase quatro
mil médicos que se formam no Brasil,
anualmente, somente 83 terão chances de ser cirurgiões plásticos. É uma
quantidade pequena, mas a SBCP está
mais interessada em qualidade, não em
quantidade.
A cirurgia plástica vem se tornando mais acessível à população?
Os custos vêm caindo muito nos últimos anos sim, mas nunca será um
procedimento barato. Grande parte dos materiais é importada, como
próteses, fios e aparelhos. Isso, infelizmente, encarece esse tipo de cirurgia. É preciso tomar muito cuidado
com ofertas e promoções: saúde não
se trata assim. Às vezes, o barato sai
caro e paga-se dobrado ou triplicado
para consertar o que não foi feito corretamente.
Há alguma peculiaridade quanto
ao público de Itabira e região?
Adolescentes muito jovens e pessoas da terceira idade têm me surpreendido. Pessoas já idosas querendo
colocar prótese, fazer lipoaspiração e
abdominoplastia. Homens também
têm procurado bastante.
A cirurgia plástica é indicada para
quem?
Para quem quiser fazer. Porém, em
primeiro lugar, o paciente tem que
estar bem de saúde. Quem tem diabetes ou pressão alta, por exemplo, deve
primeiro tratar. Depois que estiver
tudo controlado, aí sim, será um paciente adequado para ser submetido
à cirurgia plástica. A exceção são os
fumantes. Pessoas que fumam um ou
mais maços de cigarros por dia têm
os riscos cirúrgicos elevados, não apenas para a plástica. Nesses casos, se o
paciente não interromper o vício dois
meses antes da cirurgia, não opero.
E os pacientes acima do peso?
Não é uma contra indicação. Explico sempre que se eles estão acima
do peso, os resultados não vão ser
tão bons como se estivessem com o
peso normal. Eles entendem e voltam
mais magros. Atendi a uma mulher
que perdeu 25 kg em apenas três meses, para ser operada. Ela nem tomou
remédio, só passou a fazer exercícios
e se alimentar melhor. A cirurgia foi
sua motivação.
A lipoaspiração é a cirurgia mais
procurada?
É uma das mais procuradas, mas ainda existe muito receio por parte dos
pacientes. É preciso esclarecer que
a lipoaspiração, desde que realizada
por especialistas, é segura. Se forem
feitos todos os exames pré-operatórios, ela tem tudo para correr bem.
Muitas vezes, as pacientes querem o
resultado imediato. Existe um período de inchaço para depois chegar-se
à forma desejada.
Lipo emagrece?
Logicamente, ao se retirar um volume grande de gordura, isso pode
se refletir em uma pequena perda de
peso, mas isso não é a principal linha
É comprovada a dimunição da ingestão de
antidepressivos depois de uma cirurgia. A
depressão é o câncer da alma. A plástica trata o
corpo, mas pode curar também a alma.
de raciocínio da operação. A intervenção trata da forma e dá estímulo
para que a pessoa a mantenha. Ela
é indicada para melhorar a silhueta. Infelizmente, não existe nada
na medicina que promova emagrecimento rápido e com saúde ao
mesmo tempo. Nos emagrecimento
rápidos, principalmente às custas de
medicação, parte da gordura poderá se armazenar no fígado trazendo
consequencias indesejadas (esteatose
hepática). O emagrecimento mais
adequado é o lento, seguro e acompanhado por nutricionista e atividade física.
Qual o procedimento mais difícil
de se fazer?
Certa vez, em um congresso, fizeram
essa mesma pergunta ao professor Ivo
Pitanguy. Todos pensaram que responderia: a de nariz. Mas ele, surpreendentemente, disse que é a redutora
de mama, explicando em seguida:
“Porque fazer uma mama é fácil, difícil é fazer a outra igual”. Compartilho da mesma opinião: a plástica de
mama é mesmo uma arte.
Você acha importante dominar
todas as modalidades de cirurgia
plástica?
Absolutamente. Durante toda a
formação cirúrgica (dois anos em
cirurgia geral e três em cirurgia plástica), somos moldados vendo, fazendo, aprendendo e discutindo as mais
diversas técnicas cirúrgicas. A gente
convive com cirurgiões experientes e
vai “pescando” tudo. Minha técnica
cirúrgica, por exemplo, é um conjunto de varias visões, adquiridas no
período em que eu auxiliava cirurgiões experientes. O caráter cirúrgico
é moldado através de muito treino.
Trabalhei com cirurgiões de ponta,
renomados nacional e internacionalmente, e peguei um pouquinho
da técnica de cada um. Quanto mais
operações você faz - tanto em quantidade quanto diversidade, mais preparado você é.
Em cirugia plástica, fala-se muito
em estética e se esquece da reconstrutora. Você realiza as duas?
Sim, e a reconstrutora é um desafio.
Operar um lábio leporino, por exemplo, que às vezes envolve todo o céu
da boca, é prevenir que uma criança
morra por complicações na hora de
alimentar-se. O professor Ivo Pitanguy ficou famoso tratando pacientes
do incêndio do grande circo de Niterói, há 50 anos. Suas técnicas foram
reabilitando dezenas de pessoas com
o tempo. É um processo demorado
e difícil, porém, muito gratificante.
Nos hospitais, pede-se muito a avaliação do cirurgião plástico para reconstruções. Itabira tem muito acidente
de moto. Às vezes, o paciente tem
uma fratura exposta na perna e, nesse local, a cicatrização é muito ruim.
Há feridas que só mesmo técnicas de
cirurgia plástica são capazes de fechar.
É uma área que me dá uma satisfação
pessoal incrível.
Qual é o segredo para um relacionamento sadio entre médico e paciente?
O segredo é confiar no cirurgião.
É fundamental manter um diálogo
franco, ou seja, falar com o paciente das suas reais necessidades. Aparecem mulheres que acham que os
seios estão pequenos, quando na
verdade estão lindos. Nesse caso,
não opero. Já mandei pacientes de
volta para a casa. Existe, claro, o
desejo do paciente. Mas acima dele
há a indicação cirúrgica. Em alguns
casos, essa última não existe.
sante: alguns psiquiatras mandam
pacientes para a cirurgia plástica e é
comprovada a dimunição da ingestão de medicamentos antidepressivos
depois da intervenção. Já vi mulheres
tímidas e complexadas que mudaram
totalmente após colocar uma próetese de silicone. A depressão é o câncer
da alma. A plástica trata o corpo, mas
pode curar também a alma.
Os pacientes costumam depositar
todas as suas expectativas de felicidade na operação estética?
Muitas vezes, eles acham que a operação resolverá todos os problemas.
Fazer cirurgias requer uma responsabilidade imensa, certo?
Os profissionais da medicina têm
uma responsabilidade fora do normal. Em nenhuma outra profissão
lida-se com escolhas tão importantes o tempo todo: “Vou recomendar
esse ou aquele remédio? Quem deve
ocupar uma última vaga no CTI: um
senhor de 98 anos ou um menino de
18?” Mas a responsabilidade do cirurgião plástico é ainda maior. Isso porque o paciente é diferenciado, já que
não tem problemas de saúde (no caso
da cirurgia estética). Não é qualquer
médico que pode ser cirurgião plástico. Passar no vestibular de medicina
é difícil, mas passar na residência de
cirurgia plástica é ainda pior. A maioria dos hospitais oferece apenas uma
vaga. Não basta só querer, exige anos
de estudo e muita dedicação.
Antes de operar,
consulte se o médico é
membro da Sociedade
Brasileira de Cirurgia
Plástica (SBCP). É só
acessar o site: www.
cirurgiaplastica.org.
br. Se o nome dele
não estiver lá, não
opere porque ele não
é cirurgião plástico.
Formam-se somente
83 cirurgiões plásticos
no Brasil por ano.
É uma quantidade
pequena, mas a SBCP
está mais interessada
em qualidade do que
quantidade.
Às vezes ouço: “Meu casamento está
horrível, eu preciso dar um jeito”.
Explico que vou torná-la mais atraente, mas o casamento não depende
só da atração física. É preciso diferenciar as coisas. O que a operação
plástica faz é devolver a autoestima
e a disposição. Muitas vezes, a paciente precisa de um tratamento
psicológico e não de plástica. Em
contrapartida, veja que fato interes-
Você tem um website muito visitado. Fale sobre ele.
O site já estava montado na minha
cabeça há três anos, mas não poderia colocá-lo no ar enquanto não
obtivesse o título de especialista.
Apesar do pouco tempo, já se tornou referência para meus pacientes.
Traz explicações detalhadas sobre as
cirurgias, fala sobre mim e há um espaço para depoimentos. Eu mesmo
o atualizo, respondo a todos os comentários e e-mails que recebo. Não
publico todos, mas respondo 100%.
O endereço é www.andremiolo.
com.br e convido todos a acessarem.
Inclusive, comentários sobre essa entrevista serão muito bem-vindos... 
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