GLOSSÁRIO AMBIENTAL
GLOSSÁRIO
Com
este
importantes
documento
para
a
pretende-se
melhor
definir
compreensão
alguns
dos
conceitos
considerados
fenómenos
intimamente
relacionados com a água, incidindo particularmente no processo de tratamento
da água destinada ao consumo humano, sua qualidade, distribuição, etc..
Relativamente aos parâmetros de qualidade da água para consumo, as origens e
efeitos a que se referem dizem apenas respeito à sua ocorrência em águas
destinadas ao consumo humano, pelo que o facto de se dizer que determinada
substância não é tóxica quando é veiculada pela água, por ingestão ou contacto,
não quer dizer que a mesma não o possa ser quando em contacto com o Homem
de qualquer outra forma, como por inalação, por exemplo.
Quando são referidas as etapas do processo de tratamento para a água
destinada ao consumo humano, é feita uma introdução global, mas depois
particulariza-se a sua descrição para o caso da ETA de Alcantarilha.
ÍNDICE
ABSORÇÃO....................................................................................................................................... 12
ÁCIDOS HÚMICOS............................................................................................................................ 12
ADSORÇÃO: ..................................................................................................................................... 12
ADUÇÃO: .......................................................................................................................................... 13
AERÓBIO: ......................................................................................................................................... 13
ÁGUA: ............................................................................................................................................... 13
ÁGUA AGRESSIVA:.......................................................................................................................... 14
ÁGUA BRUTA: .................................................................................................................................. 14
ÁGUA CAPTADA PARA CONSUMO PÚBLICO:.............................................................................. 14
ÁGUA DURA: .................................................................................................................................... 15
ÁGUA MINERAL: .............................................................................................................................. 15
ÁGUA POTÁVEL:.............................................................................................................................. 15
ÁGUA POLUÍDA:............................................................................................................................... 15
ÁGUA PRODUZIDA: ......................................................................................................................... 16
ÁGUAS RESIDUAIS:......................................................................................................................... 16
ÁGUA SUBTERRÂNEA: ................................................................................................................... 16
ÁGUA SUPERFICIAL:....................................................................................................................... 17
ÁGUAS DO ALGARVE, S.A.:............................................................................................................ 18
ALCALINIDADE: ............................................................................................................................... 18
ALGAS:.............................................................................................................................................. 18
ALUMÍNIO: ........................................................................................................................................ 19
ALUVIÕES:........................................................................................................................................ 20
AMACIAMENTO: ............................................................................................................................... 20
AMBIENTE: ....................................................................................................................................... 21
ANAERÓBIO: .................................................................................................................................... 21
ANÓXIA: ............................................................................................................................................ 21
ANIDRIDO CARBÓNICO/DIÓXIDO DE CARBONO LIVRE: ............................................................. 21
ANTIMÓNIO:...................................................................................................................................... 22
ANTROPOGÉNICO: .......................................................................................................................... 22
AQUÍFERO: ....................................................................................................................................... 23
ARGILAS: .......................................................................................................................................... 23
ARMAZENAMENTO:......................................................................................................................... 23
ARSÉNIO:.......................................................................................................................................... 23
AUTODEPURAÇÃO: ......................................................................................................................... 24
AZOTO AMONIACAL: ....................................................................................................................... 24
AZOTO KJELDAHL:.......................................................................................................................... 25
BACTÉRIAS: ..................................................................................................................................... 26
BACTÉRIAS INDICADORAS DE CONTAMINAÇÃO FECAL: .......................................................... 26
BACTERICIDA: ................................................................................................................................. 27
BÁRIO: .............................................................................................................................................. 27
BARRAGEM: ..................................................................................................................................... 28
BERÍLIO:............................................................................................................................................ 28
BIOACUMULAÇÃO/BIOCONCENTRAÇÃO: .................................................................................... 28
BOMBA:............................................................................................................................................. 29
BORO: ............................................................................................................................................... 29
BROMATO:........................................................................................................................................ 29
CÁDMIO:............................................................................................................................................ 30
CÁLCIO: ............................................................................................................................................ 30
CARBONATO DE CÁLCIO (CACO3): ............................................................................................... 31
CARBONO:........................................................................................................................................ 32
CARBONO ORGÂNICO TOTAL (COT): ........................................................................................... 32
CARCINOGÉNIO/CANCERÍGENO: .................................................................................................. 33
CAPTAÇÃO:...................................................................................................................................... 33
CARVÃO ACTIVADO: ....................................................................................................................... 33
CAUDAL: ........................................................................................................................................... 34
CHEIRO: ............................................................................................................................................ 34
CHUVAS ÁCIDAS: ............................................................................................................................ 34
CHUMBO: .......................................................................................................................................... 34
CIANETOS:........................................................................................................................................ 35
CIANOBACTÉRIAS/CIANOFÍCEAS/ALGAS AZUIS: ....................................................................... 36
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA:................................................................................. 37
CLORAÇÃO/CLORAGEM:................................................................................................................ 38
CLORETOS: ...................................................................................................................................... 38
CLORO: ............................................................................................................................................. 38
CLORO RESIDUAL DISPONÍVEL:.................................................................................................... 39
CLOROFILA: ..................................................................................................................................... 40
CLOSTRÍDIOS SULFITOREDUTORES: ........................................................................................... 40
COAGULAÇÃO: ................................................................................................................................ 41
COAGULANTE: ................................................................................................................................. 41
COBALTO: ........................................................................................................................................ 42
COBRE: ............................................................................................................................................. 43
COLIFORMES: .................................................................................................................................. 44
COLIFORMES FECAIS (C.F.): .......................................................................................................... 44
COLIFORMES TOTAIS (C.T.): .......................................................................................................... 44
COMPOSTO: ..................................................................................................................................... 45
CONCENTRAÇÃO: ........................................................................................................................... 45
CONDUTIVIDADE: ............................................................................................................................ 45
CONTAMINAÇÃO: ............................................................................................................................ 46
CONTAMINAÇÃO ANTROPOGÉNICA: ............................................................................................ 46
CONTAMINAÇÃO NATURAL: .......................................................................................................... 46
CONTROLO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO: .................................................. 46
COR: .................................................................................................................................................. 47
CORRECÇÃO DA AGRESSIVIDADE: .............................................................................................. 47
CORRECÇÃO DO PH DA ÁGUA: ..................................................................................................... 48
CORROSÃO: ..................................................................................................................................... 48
CRÓMIO: ........................................................................................................................................... 48
DECANTAÇÃO:................................................................................................................................. 49
DECOMPOSIÇÃO: ............................................................................................................................ 49
DEGRADAÇÃO: ................................................................................................................................ 50
DESIDRATAÇÃO DAS LAMAS:........................................................................................................ 50
DESINFECÇÃO DA ÁGUA:............................................................................................................... 51
DESSALINIZAÇÃO: .......................................................................................................................... 51
DIÓXIDO DE CLORO: ....................................................................................................................... 52
DIOXINAS:......................................................................................................................................... 53
DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA: ............................................................................................................... 54
DOENÇAS TRANSMITIDAS PELA ÁGUA:....................................................................................... 54
DUREZA TOTAL: .............................................................................................................................. 55
EFLUENTES: ..................................................................................................................................... 56
EROSÃO:........................................................................................................................................... 56
ESCOAMENTO SUPERFICIAL: ........................................................................................................ 56
ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA): ............................................................................. 56
ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ÁGUA (EE):........................................................................................ 57
ESTREPTOCOCOS FECAIS (E.F.): .................................................................................................. 57
EUTROFIZAÇÃO/EUTROFICAÇÃO: ................................................................................................ 58
EVAPORAÇÃO:................................................................................................................................. 58
EVAPOTRANSPIRAÇÃO: ................................................................................................................. 58
FENÓIS: ............................................................................................................................................. 59
FERRO:.............................................................................................................................................. 59
FERTILIZANTES:............................................................................................................................... 61
FILTRAÇÃO:...................................................................................................................................... 61
FILTRAÇÃO DIRECTA: ..................................................................................................................... 62
FILTRADO: ........................................................................................................................................ 63
FILTRO DE AREIA: ........................................................................................................................... 63
FILTRO PRENSA:.............................................................................................................................. 63
FLOCO:.............................................................................................................................................. 63
FLOCULAÇÃO: ................................................................................................................................. 64
FLORESCÊNCIAS:............................................................................................................................ 64
FLÚOR: .............................................................................................................................................. 64
FOSFATOS:....................................................................................................................................... 65
FÓSFORO:......................................................................................................................................... 66
FOTOSSÍNTESE:............................................................................................................................... 66
FUNGO: ............................................................................................................................................. 66
GASTROENTERITE: ......................................................................................................................... 68
GERMES TOTAIS (A 37°C E A 22°C): .............................................................................................. 68
GOLPE DE ARÍETE OU CHOQUE HIDRÁULICO:............................................................................ 68
HIDROCARBONETOS (HC): ............................................................................................................. 70
HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS POLICÍCLICOS (HAP): ....................................................... 70
HIDROCARBONETOS DISSOLVIDOS OU EMULSIONADOS: ........................................................ 71
HIDROSFERA:................................................................................................................................... 71
HERBICIDA: ...................................................................................................................................... 71
HÚMUS: ............................................................................................................................................. 71
INFILTRAÇÃO: .................................................................................................................................. 72
INSECTICIDA:.................................................................................................................................... 72
INTRUSÃO MARINHA: ...................................................................................................................... 72
IONIZAÇÃO: ...................................................................................................................................... 73
LAMAS:.............................................................................................................................................. 74
LAVAGEM EM CONTRA-CORRENTE:............................................................................................. 74
MAGNÉSIO:....................................................................................................................................... 76
MANGANÊS/MANGANÉSIO: ............................................................................................................ 76
METAHEMOGLOBINEMIA INFANTIL:.............................................................................................. 77
MERCÚRIO:....................................................................................................................................... 77
MISTURA RÁPIDA: ........................................................................................................................... 78
MUTAGÉNEO: ................................................................................................................................... 78
NANOFILTRAÇÃO: ........................................................................................................................... 79
NASCENTE:....................................................................................................................................... 79
NÍQUEL:............................................................................................................................................. 79
NITRATOS: ........................................................................................................................................ 79
NITRITOS:.......................................................................................................................................... 80
NORMA OU PADRÃO DE QUALIDADE DA ÁGUA:......................................................................... 80
NUTRIENTES: ................................................................................................................................... 80
ORGANISMOS PATOGÉNICOS: ...................................................................................................... 81
ORGANOCLORADOS: ...................................................................................................................... 81
OSMOSE INVERSA:.......................................................................................................................... 81
OUTROS COMPOSTOS ORGANOCLORADOS (SEM SER OS PESTICIDAS): .............................. 82
OXIDABILIDADE AO PERMANGANATO: ........................................................................................ 82
OXIDAÇÃO: ....................................................................................................................................... 82
ÓXIDO:............................................................................................................................................... 83
OXIGÉNIO (O2): ................................................................................................................................. 83
OXIGÉNIO DISSOLVIDO:.................................................................................................................. 83
OZONO: ............................................................................................................................................. 84
PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS: ................................................................................................. 86
PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS: ............................................................................................. 86
PARÂMETROS ORGANOLÉPTICOS: .............................................................................................. 87
PARÂMETROS RELATIVOS A SUBSTÂNCIAS INDESEJÁVEIS:................................................... 87
PARÂMETROS RELATIVOS A SUBSTÂNCIAS TÓXICAS:............................................................. 88
PARASITAS:...................................................................................................................................... 88
PARTÍCULAS COLOIDAIS:............................................................................................................... 88
PARTÍCULAS EM SUSPENSÃO:...................................................................................................... 89
PERMANGANATO DE POTÁSSIO (KMNO4): .................................................................................. 89
PESTICIDAS: ..................................................................................................................................... 90
PLÂNCTON: ...................................................................................................................................... 91
POLIELECTRÓLITO:......................................................................................................................... 91
POLUENTE:....................................................................................................................................... 91
POLUENTE BIODEGRADÁVEL:....................................................................................................... 91
POLUENTE NÃO BIODEGRADÁVEL:.............................................................................................. 92
POLUIÇÃO: ....................................................................................................................................... 92
PONTOS DE ENTREGA: ................................................................................................................... 92
POTÁSSIO:........................................................................................................................................ 92
POTENCIAL DE HIDROGÉNIO, PH: ................................................................................................. 93
PRATA: .............................................................................................................................................. 93
PRECIPITAÇÃO: ............................................................................................................................... 94
PRÉ-CLORAGEM: ............................................................................................................................. 95
PRÉ-OXIDAÇÃO:............................................................................................................................... 95
PRÉ-OZONIZAÇÃO:.......................................................................................................................... 95
PRESSÃO:......................................................................................................................................... 96
PRESSÃO ATMOSFÉRICA:.............................................................................................................. 96
RADIAÇÕES ULTRAVIOLETA:......................................................................................................... 97
REMINERALIZAÇÃO: ....................................................................................................................... 97
RESERVATÓRIO:.............................................................................................................................. 98
RESÍDUO SECO: ............................................................................................................................... 98
SABOR: ............................................................................................................................................. 99
SALINIDADE: .................................................................................................................................... 99
SALINIZAÇÃO: .................................................................................................................................. 99
SALMONELAS: ............................................................................................................................... 100
SEDE:............................................................................................................................................... 101
SEDIMENTOS:................................................................................................................................. 102
SELÉNIO:......................................................................................................................................... 102
SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS: ................................................................................................ 102
SÍLICA:............................................................................................................................................. 103
SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM ALTA: ................................................................ 103
SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM BAIXA: ............................................................... 103
SISTEMA MULTIMUNICIPAL DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO: .. 104
SÓDIO:............................................................................................................................................. 104
SÓLIDOS TOTAIS OU RESÍDUO SECO A 180°C: ......................................................................... 105
SÓLIDOS SUSPENSOS TOTAIS: ................................................................................................... 105
SOLO: .............................................................................................................................................. 106
SOLUÇÃO: ...................................................................................................................................... 106
SOLUTO: ......................................................................................................................................... 106
SOLVENTE: ..................................................................................................................................... 106
SUBSTÂNCIAS EXTRAÍVEIS COM CLOROFÓRMIO: ................................................................... 106
SUBSTÂNCIAS TENSOACTIVAS (QUE REAGEM COM O AZUL DE METILENO):...................... 107
SULFATOS: ..................................................................................................................................... 107
SULFURETO DE HIDROGÉNIO:..................................................................................................... 107
TEMPERATURA: ............................................................................................................................. 109
TERATOGÉNEO:............................................................................................................................. 109
TÓXICO:........................................................................................................................................... 109
TOXINAS: ........................................................................................................................................ 109
TRANSPIRAÇÃO:............................................................................................................................ 110
TRATAMENTO DA ÁGUA:.............................................................................................................. 110
TRIHALOMETANOS (THM’S): ........................................................................................................ 110
TURVAÇÃO: .................................................................................................................................... 111
USOS DA ÁGUA:............................................................................................................................. 113
VASAS: ............................................................................................................................................ 114
VÍRUS: ............................................................................................................................................. 114
VANÁDIO:........................................................................................................................................ 114
ZINCO: ............................................................................................................................................. 115
A
Absorção
Em termos químicos, é a fixação de um gás por um sólido ou líquido, ou de um
líquido por um sólido. Ao contrário da adsorção, a substância que é absorvida
infiltra-se na que a absorve. Ver adsorção.
Ácidos Húmicos
A maior parte dos compostos orgânicos são substâncias húmicas, precedentes da
degradação microbiana e química dos hidratos de carbono e proteínas e dos
polímeros fenólicos que se formam por condensações intramoleculares de lenhina
e taninos de origem vegetal. Ambos os produtos combinam-se para formar
poliheterocondensados amorfos (húmus). Dependendo da sua solubilidade, estes
compostos diferenciam-se em ácidos húmicos (solúveis em meio alcalino) e
ácidos fúlvicos (solúveis em meio ácido), no entanto esta designação é
geralmente atribuída a ambos os compostos.
Adsorção:
Formação de uma camada de um gás ou de uma substância em solução sobre a
superfície de um sólido ou, menos frequentemente, de um líquido. Consoante o
tipo de forças envolvidas podemos ter dois tipos: adsorção química, onde uma
única camada de moléculas, átomos ou iões é unida à superfície adsorvente por
intermédio de ligações químicas, ou adsorção física, em que as moléculas
adsorvidas são retidas por forças de Van der Waals. Certos compostos orgânicos
como hidrocarbonetos, pesticidas, toxinas e outras substâncias causadoras de
cor, sabores e cheiros desagradáveis, podem ser removidos da água por
12
adsorção, utilizando carvão activado em pó directamente na água, ou em grãos,
como meio filtrante juntamente com a areia. Em certas situações as reacções de
adsorção são reversíveis, podendo-se extrair os poluentes adsorvidos ao carvão
activado, havendo a sua recuperação. O carvão vegetal em pó ou a argila são
excelentes
adsorventes
em
virtude
do
elevado
valor
da
relação
superfície/volume. Ver carvão activado, cianobactérias.
Adução:
É o transporte da água entre o local de captação e a ETA, e/ou entre a ETA e a
rede de distribuição, abrangendo geralmente grandes distâncias, e normalmente,
sem derivações.
Aeróbio:
Que necessita de oxigénio livre para viver ou para se desenvolver.
Água:
Substância química muito estável, composta por dois átomos de hidrogénio e um
átomo de oxigénio; como substância, a água pura é incolor, não tem cheiro nem
sabor. Esta é a única substância que existe na Terra em três estados (sólido,
líquido e gasoso), a temperaturas relativamente próximas, apresenta uma
capacidade calorífica muito forte, e calores latentes de mudança de fase muito
elevados, sendo um isolante térmico natural (regula a temperatura da Terra,
tendo um papel primordial no que respeita à estabilidade da sua temperatura e
dos vários fenómenos climáticos). Além destas propriedades, a água é o solvente
universal (tem a capacidade de dissolver uma quantidade enorme de compostos,
pelo que na natureza não existe pura). A água ocupa cerca de dois terços da
superfície da Terra e é o constituinte principal dos organismos vivos, pelo que
sem ela não seria possível a vida.
13
Água agressiva:
Uma água com esta característica é uma água susceptível de promover o ataque
corrosivo
a
condutas
ou
tubagens
por
ela
atravessadas,
devido
ao
desenvolvimento de fenómenos galvânicos que vão atacando progressivamente a
superfície do metal até à sua completa destruição. Quando as condutas são de
ferro ou aço pode dar origem a ferrugem, se as condutas forem de chumbo,
metal pesado bioacumulável nos seres vivos, pode haver a sua dissolução,
podendo causar danos à saúde. Os reservatórios e outros constituintes das redes
de adução e/ou distribuição de betão e cimento podem ser prejudicados pela
dissolução dos componentes calcários, visto que se trata de uma água deficiente
em carbonatos. Muitas vezes torna-se necessário proceder à correcção da
agressividade. Há vários tipos de águas naturais agressivas, como as águas
superficiais macias, águas superficiais duras (com elevada dureza carbonacea),
águas subterrâneas duras (com dureza carbonacea substancial), e águas
subterrâneas com baixa dureza carbonacea, mas com elevado dióxido de
carbono livre. Ver correcção da agressividade, corrosão.
Água bruta:
Água natural (superficial ou subterrânea) que não foi submetida a nenhum
processo de tratamento.
Água captada para consumo público:
É a água retirada do meio natural (água superficial ou subterrânea), e que é
conduzida à Estação de Tratamento de Água. O tipo de captação depende das
origens de água existentes no local, podendo ser, no caso das origens
superficiais, constituídas por torres de captação implantadas no leito de um rio, e
por furos, no caso das origens subterrâneas.
14
Água dura:
Ou água calcária, é uma água que contém grandes quantidades de cálcio e
magnésio. Este tipo de água acaba por ser benéfica para a saúde, pois constitui
um acréscimo de cálcio, que é um elemento importante para o organismo. No
entanto é um pouco desagradável para o uso, pois pode causar graves danos em
canalizações e electrodomésticos, por formação de depósitos de carbonato de
cálcio que causam a sua obstrução. Se for muito dura pode mesmo tornar-se
inadequada para o consumo humano, pois essas propriedades incrustantes
podem causar a destruição de tubagens e outros materiais de captação ou
distribuição, podendo haver contaminações da água que chega ao consumidor.
Para a remoção dos elementos que contribuem para a dureza da água faz-se o
seu amaciamento. Ver também cálcio, magnésio e dureza total.
Água mineral:
Água que contém sais minerais dissolvidos em maior quantidade que as águas
potáveis comuns, nomeadamente o cálcio, o magnésio, o potássio o sódio e os
bicarbonatos. Neste tipo de água existem bactérias naturais benéficas, como as
que existem nos iogurtes (L. casei imunitass).
Água potável:
Água que está em condições fisico-químicas e microbiológicas para ser bebida,
sem pôr em perigo a saúde humana. Para tal não deve conter microorganismos
patogénicos ou substâncias químicas acima dos valores estabelecidos na
legislação.
Água poluída:
Considera-se que a água está poluída sempre que contenha substâncias
poluentes, tóxicas, bactérias patogénicas e temperaturas excessivas
15
Água produzida:
É a água já tratada, que dá entrada no sistema de adução e armazenamento, ou
directamente no sistema de distribuição.
Águas residuais:
Águas contendo desperdícios dissolvidos e em suspensão que lhes conferem uma
composição variável, dependendo das actividades que lhes deram origem. Podem
tratar-se de águas residuais domésticas, se a sua origem são as instalações
residenciais e serviços, e também as águas pluviais, e caracterizam-se
fundamentalmente
por
uma
elevada
carga
orgânica,
nomeadamente
microorganismos de origem fecal, que provocam a sua contaminação. As águas
residuais industriais por sua vez resultam da laboração das indústrias, tendo por
isso, composições muito variáveis. Ambas têm de ser convenientemente tratadas
em estações de tratamento destinadas a esse fim (ETAR’s) antes de serem
descarregadas no meio hídrico. Se as águas residuais industriais forem
compatíveis com as domésticas, podem ser tratadas na mesma estação de
tratamento, mas muitas instalações industriais possuem ETAR própria.
Água subterrânea:
Água que se situa abaixo da superfície do solo na zona de saturação e em
contacto directo com o solo ou o subsolo, ocupando os poros e fendas do solo e
de formações rochosas. Este tipo de água é muito vulnerável à poluição,
sobretudo agrícola, devido à sua fraca capacidade de autodepuração (na maior
parte dos casos não contém oxigénio dissolvido). No entanto, se não estiver
associada
episódios
de
poluição
ou
sobre-exploração,
apresenta
melhor
qualidade que as águas de origem superficial, requerendo um tratamento menos
exigente para a sua potabilização. Ver água superficial, estação de tratamento de
água, intrusão marinha, salinização, tratamento da água.
16
Água superficial:
Água que não penetra no subsolo, correndo ao longo da superfície do terreno, e
acabando por entrar nos lagos, rios ou ribeiros; água armazenada numa parede
rochosa, represa ou barragem; água recolhida de uma pequena zona de
drenagem como um telhado, e armazenada numa cisterna para uso doméstico.
Em termos de abastecimento de água, esta é captada em rios, canais, ribeiras,
lagos, bacias de retenção e albufeiras.
As águas superficiais têm uma composição muito variável, consoante as
características do local e as épocas do ano, apresentando geralmente elevada
turvação no Outono/Inverno, e algas na Primavera/Verão, contendo partículas
em suspensão,
substâncias
químicas
e microorganismos
que
as
tornam
impróprias para consumo humano sem tratamento.
As principais características de uma água de superfície são:
ƒ
temperaturas relativamente altas;
ƒ
elevada
concentração
de
matéria
orgânica
dissolvida,
proveniente
da
decomposição de vegetação e de resíduos de origem antropogénica;
ƒ
elevada turvação, devida principalmente aos sólidos suspensos (matéria
orgânica finamente dividida, microorganismos, plâncton, areias, argilas, etc.);
ƒ
desenvolvimento por vezes excessivo de algas, bactérias, cistos e vírus
patogénicos de grande variedade;
ƒ
sabores e cheiros resultantes de todos estes fenómenos.
Deste modo, este tipo de água não deve ser consumida sem ser previamente
submetida a um tratamento prévio (que depende das características da água a
tratar), por forma a que não comprometa a saúde humana. Ver estação de
tratamento de água, tratamento da água.
17
Águas do Algarve, S.A.:
Sociedade criada pelo Decreto Lei n.º 168/2000, de 5 de Agosto, por fusão das
sociedades Águas do Barlavento Algarvio, S.A. e Águas do Sotavento Algarvio,
S.A., concessionárias dos Sistemas Multimunicipais de Captação, Tratamento e
Abastecimento
de
água
ao
Barlavento
Algarvio
e
Sotavento
Algarvio,
respectivamente. A criação desta sociedade concessionária vem responder à
necessidade de efectuar a ligação física entre os dois sistemas, passando a servir
13 municípios: Albufeira, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Olhão,
Portimão, São Brás de Alportel, Silves, Tavira, Vila do Bispo e Vila Real de Santo
António, os quais têm repartidos entre si um total de 34.2 % do capital social
com direito a voto. A IPE - Águas de Portugal, Sociedade Gestora de
Participações Sociais, S.A. tem 51 % do capital social com direito a voto, e a IPE
Capital - Sociedade de Capital de Risco, S.A. tem os restantes 14.8 % do capital
social com direito a voto. O Decreto-Lei N.º 172-B/2001, de 26 de Maio altera o
artigo 3º do Dec-Lei N.º 167/2000 que cria o Sistema Multimunicipal de
Saneamento do Algarve e o artigo 2º do Dec-Lei N.º 168/2000 que constitui a
sociedade Águas do Algarve, S.A..
Alcalinidade:
Alcalinidade de uma água mede a sua capacidade para neutralizar compostos
ácidos. Na maioria das águas naturais, que têm pH entre 6 e 8, pode-se dizer
que corresponde à soma das concentrações das espécies carbonáceas (ião
carbonato e bicarbonato), e de hidróxidos de cálcio, magnésio, sódio e potássio.
Algas:
Plantas simples, que contém clorofila e/ou outros pigmentos fotossintéticos,
muito abundantes na água e locais húmidos. Estas plantas podem ter dimensões
variadas, e as microscópicas podem encontrar-se livremente suspensas ou
18
fixadas a certas superfícies. A sua classificação é feita consoante a sua estrutura,
pigmentos, filamentos e natureza química da parede celular. O crescimento das
algas depende da presença de vários elementos químicos presentes em
determinadas proporções, nomeadamente o fósforo, o azoto e o carbono. Estes
nutrientes podem ter várias fontes, como a degradação da vegetação, erosão das
rochas, efluentes domésticos e industriais, detergentes fosfatados e escoamento
agrícola. Estes organismos são caracterizados, em parte, por uma grande
simplicidade de estrutura, diferindo do grupo das bactérias (à excepção das
cianobactérias, antigamente denominadas algas azuis) pela presença de núcleo
celular, reprodução sexuada e plastos chamados cromatóforos que contém os
pigmentos fotossintéticos.
Para as empresas responsáveis pela distribuição de água para consumo humano,
é fundamental o conhecimento de alguns géneros e espécies de algas
dominantes, pois ela afectam a qualidade da água que chega ao consumidor,
produzindo cheiros e sabores desagradáveis. Há certas algas que interferem no
processo
de
tratamento,
sobretudo
nas
fases
de
coagulação/floculação,
decantação e filtração. Há ainda algas que são de grande importância, como as
cianobactérias, pois produzem substâncias tóxicas para o Homem, e compostos
potencialmente mutagénicos e cancerígenos, quando na presença de cloro. Ver
cianobactérias.
Alumínio:
Este elemento metálico é um dos mais abundantes na Terra, logo após o
oxigénio e o silício, podendo surgir em águas doces devido a descargas de
efluentes industriais, ou à lixiviação do substrato. É utilizado como coagulante no
tratamento da água, na forma de sais de alumínio, como os sulfatos ou
policloretos, para provocar a coagulação/floculação das partículas coloidais
presentes na água bruta, que ao se aglomerarem formam precipitados (flocos)
sendo possível a sua separação da fase líquida. A quantidade de coagulante a
utilizar depende da natureza e quantidade das substâncias coloidais, bem como
do pH da água. Nem todo o alumínio fica no precipitado, permanecendo parte
19
dele em solução, o que constitui o alumínio residual, que se encontra na água
que bebemos.
Para teores de alumínio residual acima de 0,5 mg/L (e para o pH usual da água
para beber) formam-se compostos insolúveis como o hidróxido de alumínio. Este
forma um precipitado branco que torna a água imprópria para consumo por
excesso de turvação. O precipitado não é necessariamente tóxico nestas
concentrações. Os problemas de toxicidade são apenas de temer apenas em
pessoas que não tenham a capacidade de eliminar o excesso de alumínio (a
maior parte é eliminada através das fezes, não chegando a ser absorvido pelo
organismo), ficando sujeitas a um processo de acumulação nas células,
formando depósitos volumosos que impedem o bom funcionamento ou mesmo a
sobrevivência dessas células.
Então, os efeitos que o alumínio pode ter sobre a saúde humana são a destruição
das células cerebrais ou do miocárdio, causando encefalopatias ou cardiopatias
mortais por destruição progressiva e irreversível (estas células não se renovam
ou fazem-no de uma forma muito escassa), a destruição de células hepáticas e a
ocorrência de anemias e descalcificações ósseas. A toxicidade do alumínio está
também associada a algumas formas de demência senil, como a doença de
Alzheimer. Ver coagulação, coagulante.
Aluviões:
Sedimentos
constituídos
por
calhaus,
cascalho,
areias
e partículas
finas
transportados por correntes de água e que se depositam no leito principal dos
rios. Estes materiais resultam da erosão hídrica das rochas a montante, sendo
transportados pelas correntes de água para jusante, principalmente na altura das
cheias.
Amaciamento:
Processo de tratamento utilizado para remover os elementos que contribuem
para a dureza da água, cálcio e magnésio, quando presentes em excesso. É um
20
tratamento de precipitação (formação de compostos sólidos, separáveis da fase
líquida), por adição de um composto, como por exemplo, a cal apagada
(hidróxido de cálcio) ou a soda (carbonato de sódio). Por vezes torna-se
necessário corrigir o pH da água por forma a aproximar-se o mais possível do pH
de equilíbrio ou de saturação, para o qual a água se comporta como “inerte”.
Para tal, é comum a utilização de dióxido de carbono.
Este tipo de tratamento é mais comum em águas subterrâneas. Ver água dura,
dureza total.
Ambiente:
“... é o conjunto dos sistemas físicos, químicos, biológicos e suas relações e dos
factores económicos, sociais e culturais com efeito directo ou indirecto, mediato
ou imediato, sobre os seres vivos e a qualidade de vida do Homem.” (Lei de
Bases do Ambiente, Lei n.º 11/87, de 7 de Abril)
Anaeróbio:
Que não pode viver ou desenvolver-se em contacto com o oxigénio do ar.
Anóxia:
Diminuição da quantidade de oxigénio num meio, ou a sua falta. Um processo
anóxico é aquele em que não intervém o oxigénio. Tem um sentido muito
próximo do anaeróbio.
Anidrido carbónico/dióxido de carbono livre:
Na forma gasosa, o CO2 é produto da combustão e da respiração do Homem e
dos animais de sangue quente, sendo utilizado pelas plantas durante a
fotossíntese. É das substâncias presentes nas águas que mais influência tem no
pH, e a forma livre diz respeito à fracção de CO2 agressivo (excesso de CO2, i.e.,
21
existe uma quantidade maior à que seria necessária para manter o bicarbonato
de cálcio em solução) e à de CO2 equilibrante (fracção tal que não ocorrem nem
fenómenos
de
dissolução
bicarbonatos
(CO32-)
nem
de
precipitação).
O
equilíbrio
entre
os
e o CO2 pode dar lugar à dissolução do carbonato de cálcio
(agressividade) ou à produção de incrustações, dependendo da concentração de
bicarbonato de cálcio presente em solução, fenómenos que por vezes se podem
sobrepor às reacções electroquímicas de corrosão que ocorrem entre os metais e
a água. Por vezes é utilizado como complemento do tratamento da água, no
processo de amaciamento da água, por forma a atingir o equilíbrio calcocarbónico, ou para fazer a sua remineralização, por incremento da concentração
de bicarbonatos.
Em termos de saúde não se conhecem efeitos deste composto quando presente
na água para consumo. No entanto, a sua presença nos sistemas de distribuição
de água não é desejável devido aos já referidos efeitos corrosivos. Segundo a
legislação em vigor para as águas destinadas ao consumo humano, para este
parâmetro físico-químico não estão regulamentados quaisquer valores, sendo
apenas referido que a água não deve ser agressiva. Ver água agressiva,
amaciamento, correcção da agressividade, corrosão.
Antimónio:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis de origens industriais (refinarias de
petróleo, cerâmica, electrónica e soldadura). Embora com uma toxicidade inferior
à do arsénico, os seus efeitos são muito semelhantes, nomeadamente o
cancerígeno, podendo provocar o aumento do colesterol e a diminuição da
glucose no sangue. É eliminado pelas excreções, e aparentemente o antimónio
trivalente é eliminado a uma velocidade menor que o pentavalente.
Antropogénico:
Diz respeito às actividades humanas. Por exemplo, a contaminação por ingestão
ou inalação de cádmio (metal pesado tóxico) tem como origens várias
actividades humanas, como a metalurgia, fabrico de baterias, revestimento de
22
recipientes para armazenamento de alimentos, fertilizantes fosfatados, etc.,
sendo portanto de origem antropogénica.
Aquífero:
Formação geológica ou solo poroso, limitado em superfície e em profundidade,
através do qual a água se pode infiltrar a grandes profundidades, talvez muito
lentamente, retendo-a como uma esponja, e proporcionando água subterrânea
para fontes e poços. Também chamado lençol de água subterrânea ou lençol
freático. Ver água subterrânea, intrusão marinha, salinização.
Argilas:
Silicatos hidratados de alumínio, de magnésio e de ferro. As argilas são hidrófilas
e impermeáveis, e apresentam-se sob a forma de partículas de pequenas
dimensões (de 1 ou mais µm), constituídas por múltiplos folhetos, o que lhes
proporciona um aumento da reactividade.
Armazenamento:
Após a injecção do desinfectante, geralmente cloro gasoso, na água filtrada, esta
é armazenada em cisternas e depois é aduzida até aos reservatórios. O
armazenamento tem pois várias funções: durante o tempo em que a água está
armazenada, ao estar em contacto com o cloro, permite que se dê a oxidação de
compostos orgânicos que eventualmente tenham escapado ao tratamento, ou
que tenham sido introduzidos, p.e. por alguma rotura, contribuindo para a
obtenção de uma água em condições para ser bebida; constitui uma reserva de
água para dar resposta às flutuações dos consumos, e garante a existência de
pressão
hidráulica
necessária
na
rede
de
distribuição
(geralmente
os
reservatórios situam-se em locais com cotas elevadas para evitar a construção
de estações elevatórias). Ver desinfecção, reservatório.
Arsénio:
23
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas, pode ocorrer nas águas naturalmente e
devido a certas actividades humanas, como a extracção mineira, a combustão de
carvões, adubos fosfatados, pesticidas e detergentes. É uma substância cuja
toxicidade depende da forma físico-química em que se encontra (o arsénio
mineral é mais tóxico que o orgânico, e a forma trivalente oferece mais perigos
que a pentavalente), da via de entrada no organismo, da dose e do sexo do
indivíduo exposto, e o seu de efeito é cumulativo (a intoxicação pode manifestarse ao fim de um largo período de tempo, com uma ingestão diária de 3 a 6 mg).
Os seus efeitos sobre a saúde humana são no caso de uma intoxicação aguda, ao
nível neurológico, podendo causar a morte quando em doses entre 70 e 180 mg.
No caso de intoxicação crónica, podem surgir inflamações nas mucosas dos
olhos, nariz e laringe, astenia muscular generalizada, perda de apetite e
náuseas. Pode ter efeitos graves aos níveis dermatológico, neurológico e
circulatório, e inclusive originar tumores.
Autodepuração:
Tendência geral de uma massa de água para recuperar naturalmente da
contaminação por compostos orgânicos. Este processo depende bastante das
reacções bioquímicas em que vários microorganismos, nomeadamente bactérias,
na presença de oxigénio dissolvido em quantidade suficiente, utilizam a matéria
orgânica como alimento, decompondo compostos complexos noutros mais
simples e relativamente inofensivos. A luz solar também desempenha um papel
importante na autodepuração da água, mas a condição essencial é a quantidade
suficiente de oxigénio dissolvido, sem a qual este processo cessa (ou seja, a
velocidade de oxigénio absorvido excede a velocidade de reabastecimento),
originando condições de eutrofização, associadas a maus cheiros, massas
flutuantes de lama negra, e em casos drásticos, a extinção da vida aquática. Ver
eutrofização, oxigénio dissolvido.
Azoto amoniacal:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, relaciona-se com a contaminação
da água, podendo estar na origem dos problemas daí resultantes. O amoníaco
24
(NH3) pode surgir nas águas como consequência da degradação incompleta da
matéria orgânica, mas também devido ao arrastamento de fertilizantes de solos
agrícolas (por chuvadas ou rega), ou devido a excrementos humanos e animais,
e é muito tóxico para os peixes e homem quando dissolvido na água. O azoto é
um dos constituintes essenciais da matéria viva, sendo assimilado pelas plantas
por absorção, e contribui para o desenvolvimento de certos microorganismos que
o assimilam por fixação do azoto, alterando as características organolépticas da
água e exigindo maiores dosagens de cloro para a desinfecção (pois reage com o
cloro, formando cloraminas).
Azoto Kjeldahl:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, refere-se ao conjunto das
substâncias azotadas inorgânicas e orgânicas presentes na água, como as
proteínas, polipeptídeos e aminoácidos. Não são incluídos os nitratos e nitritos.
Como se referem a vários tipos de substâncias, os seus efeitos e toxicidade são
diversos.
25
B
Bactérias:
Microorganismos unicelulares sem membrana nuclear, mitocôndrias, aparelho de
Golgi e retículo endoplasmático, mas possuindo paredes celulares com alguma
rigidez. As suas dimensões variam entre 1 e 20 µm, e a maioria é aeróbia, mas
também podem ser anaeróbias. Podem existir no ar, na água, em animais ou
plantas, e embora sejam capazes de sintetizar o seu próprio ADN, ARN e
proteínas, dependem de um hospedeiro para a obtenção de condições favoráveis
para o seu crescimento. A patogenicidade das bactérias depende da sua
capacidade de interferir com as células do hospedeiro ou de libertar toxinas,
havendo espécies que são inofensivas e por vezes úteis para o Homem (ajudam
o processo digestivo, habitando o intestino). Há ainda espécies que auxiliam na
decomposição da matéria orgânica. Ver cianobactérias, doenças transmitidas
pela água.
Bactérias indicadoras de contaminação fecal:
São microorganismos da flora do intestino do Homem e dos animais de sangue
quente, como a Escherichia coli e os Estreptococos fecais, utilizados na pesquisa
bacteriana como indicadores de contaminação fecal. Se estes microorganismos
estiverem presentes na água, é muito provável que existam outras bactérias
patogénicas. Em contrapartida se não foram encontrados indicadores de
contaminação fecal na água, que são mais resistentes que os patogénicos, podese inferir que estes não estão presentes, e logo a água não se encontra
bacteriologicamente contaminada.
Características que os indicadores de contaminação fecal devem apresentar:
- estar presentes sempre que haja microorganismos patogénicos na água, e
estar ausentes em água não contaminadas;
26
- devem encontrar-se num número muito superior ao dos microorganismos
patogénicos;
- devem ser mais resistentes às condições ambientais e processos de
tratamento que os patogénicos;
- o isolamento, contagem e identificação dos indicadores deve ser fácil.
Os indicadores microbiológicos de contaminação fecal utilizados com maior
significado são os coliformes totais e fecais, os estreptococos fecais e os
clostrídios sulfitoredutores, por apresentarem graus de resistência distintos às
condições ambientais, permitindo concluir sobre a origem e momento em que
ocorre a contaminação fecal.
Deverão ser realizadas análises a estes microorganismos tanto nas Estações de
Tratamento de Água, como na redes de distribuição de água, por forma a
averiguar
da
eficiência
da
desinfecção,
garantindo
que
a
água
é
bacteriologicamente segura. Se a entidade responsável pela distribuição da água
detectar
estes
microorganismos,
deverá
de
imediato
tomar
as
medidas
necessárias para assegurar que a água que chega ao consumidor têm as
condições de potabilidade necessárias, e tem de dar conhecimento da situação às
Autoridades
de
sulfitoredutores,
Saúde
competentes.
coliformes
totais,
Ver
coliformes
estreptococos
fecais,
clostrídios
fecais,
parâmetros
alguns
antibióticos,
microbiológicos.
Bactericida:
Substância
utilizada
para
destruir
bactérias,
como
antisépticos e desinfectantes.
Bário:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, ocorre na natureza na forma de
minerais de baratina e viterita. Pode ser utilizado na forma metálica como
adsorvente em tubos de sistemas de vácuo, oxidando-se muito facilmente em
contacto com a água. Compostos solúveis de bário são extremamente tóxicos, e
27
os seus efeitos sobre a saúde manifestam-se ao nível do coração, vasos
sanguíneos e nervos.
Barragem:
Construção que permite a retenção de grandes volumes de água numa albufeira,
regularizando
os
caudais.
Pode
estar
associada
a
aproveitamentos
hidroeléctricos, prevenção de cheias, sistemas de abastecimento de água para
consumo humano ou para irrigação, e recreio. Actualmente têm sido procuradas
cada vez mais as águas superficiais como origem de água para abastecimento,
devido ao facto de os aquíferos terem pouca produtividade ou pela falta de
qualidade da água, por sobreexploração, intrusão salina ou contaminação,
sobretudo agrícola. Desta forma, apesar de gerarem impactes negativos, as
barragens são muitas vezes as alternativas mais acertadas para responder às
carências de água, que tendem a aumentar com a crescente evolução
populacional, contribuindo igualmente para restabelecer o equilíbrio das águas
subterrâneas. Ver águas subterrâneas, águas superficiais, captação.
Berílio:
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas, com origem em águas residuais
industriais, podendo ser utilizado no fabrico de ligas com cobre, usadas em
reactores nucleares; óxidos de berílio são usados na cerâmica e em reactores
químicos. Este metal é resistente à oxidação pelo ar, mas reage com ácidos
diluídos (clorídrico e sulfúrico), e precipita a determinado pH, podendo estar
envolvido em ciclos bioquímicos complexos. O berílio e seus compostos são
tóxicos, podendo provocar dermatites e doenças pulmonares muito graves.
Bioacumulação/bioconcentração:
Processo de acumulação ou concentração progressiva de uma substância em
cada etapa da cadeia alimentar, podendo pôr em risco a saúde do Homem e dos
outros animais e vegetais. Também é utilizado para referência à capacidade que
28
certas substâncias químicas têm para se acumularem ao longo do tempo em
organismos vivos, em concentrações superiores às que se verificam na água ou
alimento consumido (mercúrio, cádmio, chumbo, compostos organoclorados...).
Bomba:
Aparelho que fornece energia a um fluido por forma a deslocá-lo de um
local/nível para outro, ou para aumentar a sua pressão. No caso das bombas
centrífugas e das turbinas, os seus impulsores rotativos aumentam a velocidade
do fluido e parte da energia que ele assim adquire é convertida em energia de
compressão.
As
bombas
de
deslocamento
(incluem
pistões,
êmbolos,
engrenagens, hélices e bombas excêntricas) actuam directamente sobre o fluido,
obrigando-o a deslocar-se sob pressão. Ver estação elevatória de água.
Boro:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis que entra na composição de alguns
detergentes, podendo integrar certos processos industriais, atingindo as águas
por
descargas
de
efluentes
domésticos
e
industriais,
mas
raramente
é
encontrado nas águas de consumo humano. Se for ingerido na forma de borato
ou de ácido bórico, o boro é absorvido quase completamente no tracto intestinal.
Se estiver presente na água em concentrações próximas de 1µg/L não apresenta
perigo, muito embora tenha uma afinidade para o sistema nervoso.
Bromato:
Subproduto da ozonização quando a água bruta contém o ião brometo, tóxico e
potencialmente mutagénico a longo prazo. A sua taxa de formação depende da
quantidade de matéria orgânica natural presente na água, da alcalinidade, e da
dose de ozono aplicada.
29
C
Cádmio:
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas com origens antropogénicas, como
certas
indústrias,
nomeadamente
a
metalúrgica,
curtumes,
produção
de
plásticos, explorações mineiras, e pode também resultar de resíduos de
pesticidas e fertilizantes. Este metal pesado é um dos mais perigosos poluentes
ao nível dos recursos hídricos, é bioacumulável, e a sua ingestão pode ser fatal
(a dose letal média é 0.027g/kg). Apesar de muitos dos efeitos que o cádmio
potencialmente pode provocar não estarem suficientemente demonstrados, o
envenenamento crónico está associado a danos no fígado, rins e coração
(nomeadamente hipertensão), havendo uma perda gradual de cálcio nos ossos.
Podem também surgir danos nos aparelhos genitais, e efeitos mutagénicos,
teratogénicos e cancerígenos. A água destinada ao consumo humano só pode
conter um teor muito baixo deste elemento, de preferência na ordem de 1µg/L.
Nas regiões cuja água de abastecimento tem um valor baixo de pH, o teor em
cádmio geralmente é superior, pois originam uma maior corrosão das condutas
de chumbo e cádmio.
Cálcio:
Parâmetro físico-químico com origens geológicas, e cuja presença e concentração
na água depende das formações rochosas por ela atravessadas, encontrando-se
na forma de carbonato de cálcio nas rochas calcárias. O cálcio é o principal
elemento presente na água que contribui para a sua dureza, não sendo nem
sintetizado nem degradado pelo organismo humano, mas “deslocado” nos
sistemas biológicos conforme as necessidades. Tem um papel fundamental na
constituição do tecido ósseo, intervém no funcionamento dos músculos e vasos
sanguíneos (vasoconstição), e ao nível neurológico na transmissão dos impulsos
nervosos sendo um segundo mensageiro na transferência da mensagem entre
células. Também intervém em muitas etapas da coagulação do sangue e em
muitos outros domínios do funcionamento químico do organismo. Quando em
30
excesso no sangue é sinal de morte celular, nomeadamente devido a tumores
ósseos, ou de excesso de actividade da paratiróide. Níveis baixos podem, por sua
vez, resultar de deficiência de vitamina D, doença renal, ou fraca actividade
paratiroidea.
As fontes mais importantes para a sua assimilação são os alimentos, no entanto
deve existir sempre um residual na água para consumo, que deveria ser próximo
de 40 mg/L, pois teores reduzidos podem conduzir a doenças cardiovasculares.
Ao nível do tratamento da água, esse residual tem de ser controlado visto que
teores elevados traduzem-se na formação de depósitos de carbonato de cálcio, e
teores reduzidos podem conduzir a situações de corrosão. Por vezes, quando a
água é pouco mineralizada, torna-se mesmo necessário proceder-se à sua
adição, por recarbonatação/remineralização.
Nota: dado que os vários tipos de água para consumo à sua disposição têm
origens diferentes (superficiais e subterrâneas destinadas ao consumo humano,
águas minerais naturais e águas de nascente), também os seus teores em sais
minerais são por vezes bastante diferentes. Neste sentido, é aconselhável que
alterne o consumo de água, sobretudo se beber água com baixo teor em cálcio,
ou com elevado teor em sódio, pois o equilíbrio desses minerais é fundamental
para o bom funcionamento do organismo.
Carbonato de cálcio (CaCO3):
Composto muito pouco solúvel na água que se decompõe por aquecimento
formando óxido de cálcio (CaO - cal viva) e dióxido de carbono. É utilizado na
produção de cal. Em termos sanitários, consoante as características da água para
consumo humano, pode ser necessário controlar o seu pH por forma a que não
ocorra a formação de depósitos de calcário, quando a água é muito dura, ou
fenómenos de corrosão, por dissolução dos carbonatos, quando há deficiência
destes compostos (água agressiva). Ver água agressiva, água dura, dureza total,
amaciamento, correcção da agressividade.
31
Ideias: como o calcário se deposita mais facilmente a temperaturas superiores a
60°C, utilize os seus electrodomésticos a temperaturas inferiores, ou use
produtos anticalcário; para lavar recipientes que tenham depósitos de calcário,
use uma mistura de sal grosso e álcool de vinagre branco.
Carbono:
É um elemento não metálico, componente fundamental da matéria viva,
juntamente com o hidrogénio, oxigénio e azoto. Está presente na atmosfera na
forma de anidrido carbónico (CO2), e é introduzido na matéria viva pela
fotossíntese. Na natureza pode encontrar-se sob a forma de diamante,
extremamente duro e com cristais altamente refractivos, e de grafite, substância
mole, boa condutora de calor e electricidade.
Carbono orgânico total (COT):
É uma medida da matéria orgânica presente na água, sendo um indicador da sua
degradação. A maior parte dos compostos orgânicos são substâncias húmicas,
procedentes da degradação microbiana e química de carbohidratos de lenhina e
taninos de origem vegetal. Estes dois produtos combinados formam o húmus
(poliheterocondensados
amorfos).
Outras
fontes
naturais
de
substâncias
orgânicas presentes na água são os microorganismos e produtos do seu
metabolismo
(metabolitos),
e
ainda
os
resíduos
petrolíferos
(metano,
hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, etc.), que podem contaminar aquíferos
situados nas proximidades dos depósitos naturais. Esta técnica permite detectar
quantidades de matéria orgânica inferiores a 0.1 mg/L, mas sem distinguir entre
carbono biodegradável e não biodegradável, nem determinar o grau de
biodegradabilidade de cada substância. Não tem significado específico em termos
sanitários.
Segundo a legislação em vigor para as águas destinadas ao consumo humano
qualquer causa de aumento das concentrações habituais deverá ser investigada.
32
Carcinogénio/cancerígeno:
Qualquer agente que provoque cancro, como o fumo do tabaco, certos químicos
industriais (p.e., cloreto de vinilo, benzeno), radiação de ionização (p.e., raios-X
e raios ultravioleta). A maior parte é também mutagéneo e teratogéneo.
Captação:
Local onde a água bruta é obtida, devendo ser o local mais adequado para
obtenção de uma água com qualidade e quantidade, por forma a que após o
tratamento, sejam cumpridas as disposições legais, consoante o fim a que se
destina. Devem ser respeitados os recursos hídricos disponíveis, e ecossistemas
envolventes.
No caso das águas superficiais, a captação deve ser feita a montante das fontes
poluidoras e da população a abastecer, situando-se normalmente na parte
central do curso de água, e próxima da superfície.
Carvão Activado:
Utilizado como adsorvente em certas Estações de Tratamento de Água, para a
eliminação de microcontaminantes (principalmente THM), cheiros e sabores,
hidrocarbonetos, pesticidas, detergentes e metais pesados. Costuma ser utilizado
ou em pó, directamente num reactor, ou em grãos, na forma de leito, sendo que
as suas propriedades como adsorvente variam num caso e noutro. Assim, no
caso do carvão activado em pó (PAC), as suas principais propriedades físicas são
a filtrabilidade e densidade, tendo que se tomar as precauções necessárias para
que não contamine a água filtrada. Quanto ao carvão activo granulado (GAC), as
propriedades físicas mais importantes são a dureza e o tamanho dos grãos. Ver
adsorção.
33
Caudal:
Quantidade de substância que passa num determinado ponto por unidade de
tempo. Há diversas formas de quantificá-lo, mas relativamente à água é mais
comum utilizar o caudal volúmico, expresso por m3/dia ou L/s. A sua medição é
feita por intermédio de contadores/caudalímetros.
Cheiro:
Parâmetro organoléptico que representa a detecção de substâncias voláteis
contidas na água, podendo dever-se à existência de compostos orgânicos, sais
inorgânicos ou gases dissolvidos, de origens domésticas, agrícolas ou naturais,
estando portanto associado ou à contaminação na origem ou a um tratamento
deficiente da água.
Chuvas ácidas:
Águas da chuva carregadas de ácido sulfúrico, nítrico ou clorídrico, que existem
na atmosfera fundamentalmente devido à poluição industrial, através da queima
de combustíveis, e à incineração de resíduos sólidos. Por vezes essa queda de
água dá-se sob a forma líquida acidificada, ou sob a forma de depósitos secos.
As chuvas ácidas danificam os ecossistemas que atingem, nomeadamente
florestas, rios e lagos e águas subterrâneas, e provocam a corrosão de diversos
materiais de edifícios. No nosso país os seus efeitos são atenuados pela
existência de formações rochosas que provocam o afastamento das massas de ar
contaminadas oriundas dos países europeus fortemente industrializados.
Chumbo:
Parâmetro
relativo
a
substâncias
tóxicas
com
origem
fundamentalmente
industrial, utilizando-se por exemplo, em baterias, ligas, balas, pesticidas,
gasolina convencional, tintas e materiais de construção, nomeadamente nas
redes prediais de distribuição de água e ramais de ligação construídas até há
cerca de 50 anos. Juntamente com o mercúrio e o cádmio, é um dos poluentes
34
da água que representa maiores riscos para a saúde pública. Trata-se de um
poderoso neurotóxico, mesmo em pequenas concentrações, com tendência à
bioconcentração, afectando igualmente os músculos, os sistemas cardiovascular
e renal, etc.. Um envenenamento agudo por chumbo provoca dores de
estômago, de cabeça, tremuras, irritabilidade (estado conhecido por Saturnismo)
e ,em casos graves, coma e morte. A dose letal para os ratos é de 0.15 g/kg.
Ainda que o chumbo que ingerimos tenha várias procedências, estudos mostram
que um aumento médio de 25 µg/L de sangue corresponderia a uma
concentração média de 100 µg/L de água para consumo. As água ácidas, ricas
em dióxido de carbono, podem ter um poder dissolvente nas canalizações de
chumbo antigas, podendo causar concentrações na ordem das centenas de µg/L,
daí o risco de contaminações letais.
Ideia: Se a sua canalização for antiga, não beba, nem utilize para preparar
alimentos as primeiras águas da torneira, pois a água esteve parada a noite
inteira em contacto com as paredes da tubagem, podendo haver a dissolução de
chumbo e de outros elementos que podem ser prejudiciais à saúde. Mas não se
esqueça de aproveitar essas águas para outros fins!
Cianetos:
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas de origem industrial, nomeadamente a
metalurgia, produção de plásticos e fertilizantes. A sua maioria é biodegradável,
podendo ser removidos dos efluentes por tratamento químico antes da sua
descarga no corpo de água receptor (o cloro geralmente decompõe eficazmente
os cianetos remanescentes que possam ainda estar presentes na água bruta. No
entanto,
quando
presentes,
são
substâncias
facilmente
absorvidas
pelos
organismos, apresentando um grau de toxicidade muito elevado, podendo a sua
ingestão ser fatal. A intoxicação crónica caracteriza-se por problemas da tiróide e
do sistema nervoso. A sua acção consiste basicamente no bloqueio dos
mecanismos de oxidação da células carótidas e aórticas, o que leva à
acumulação de produtos anaeróbios como o ácido láctico, estimulando a
respiração. No entanto, como os cianetos se combinam com o grupo do ferro
catalítico da enzima citocromo-oxidase, impede a transferência de electrões para
35
o oxigénio molecular, inibindo a sua absorção pelas células (asfixia). Por outro
lado, também podem surgir convulsões e mesmo o coma devido ao aumento de
ácido láctico encefálico por ausência de oxidação da glucose.
Cianobactérias/Cianofíceas/algas azuis:
Organismos procarióticos (desprovidos de núcleo), cujas paredes celulares são
compostas por camadas de peptidoglicanos e lipopolissacáridos ao contrário das
algas que têm paredes celulósicas. Estas algas tomam a designação de
cianobactérias, visto que têm pigmentos fotossintéticos como as algas, mas
apresentam características fisiológicas semelhantes às das bactérias. Estas
espécies são capazes de seleccionar as profundidades em que as condições são
mais favoráveis ao seu crescimento, podendo, por isso, encontrar-se a qualquer
profundidade. Têm a capacidade de fixar o azoto atmosférico por isso, quando o
azoto é o factor limitante (o que implica que há muito fósforo), é necessário
reduzir a concentração de compostos de fósforo. As condições em que
normalmente produzem toxinas (neurotoxinas, hepatotoxinas e toxinas irritantes
ao contacto directo) ainda não estão bem esclarecidas, mas sabe-se que pode
ocorrer o colapso das suas florescências devido: ou ao esgotamento de
nutrientes, ou à diminuição da temperatura, ou à diminuição da intensidade
luminosa. Há alguns aspectos detectáveis à vista desarmada, como a coloração e
cheiro das florescências acumuladas nas margens das massas de água, que
podem servir de alerta para situações graves, sobretudo nos locais de captação
de água para abastecimento, mas também em qualquer local em que haja
contacto com animais e pessoas: uma florescência recente apresenta em aspecto
de tinta (a cor varia desde verde escuro ao castanho avermelhado, consoante o
género de organismo em causa) e um cheiro semelhante ao da relva
recentemente cortada. Uma florescência mais “velha” apresenta um cheiro
semelhante ao das silagens fermentadas ou mesmo a lixo. Ver algas, bactérias,
carvão activado, toxinas.
Curiosidade: as cianobactérias apareceram seguramente há cerca de 2000
milhões de anos, e algumas constituem possivelmente os ancestrais dos
36
cloroplastos (organitos próprios das plantas que contém clorofila, onde se
processa a fotossíntese).
Ciclo Hidrológico ou Ciclo da Água:
Pode ser definido como uma sequência fechada de fenómenos através dos quais
a água passa do globo terrestre para a atmosfera na fase de vapor, onde
permanece em média 8 dias, e regressa ao mesmo nas fases líquida e sólida.
Este movimento da água é mantido pela radiação solar e pela atracção gravítica.
A água é transferida para a atmosfera de duas formas: por evaporação das
massas de água (oceanos, rios, lagos,...), ou por transpiração de animais e
plantas. Ao conjunto destes dois factores chama-se evapotranspiração. À medida
que o ar húmido sobe, arrefece, e quando em quantidade suficiente, ocorre a sua
condensação em pequenos cristais, que crescem formando gotas, ou flocos de
neve. Estes, ao atingirem peso suficiente caem, ocorrendo a precipitação, sob a
forma de chuva, granizo ou neve. À medida que a precipitação atinge a superfície
terrestre, a água pode tomar dois caminhos: alimentar directamente os cursos
de água (riachos, ribeiras, lagos, rios, mares e oceanos), constituindo o
escoamento superficial, podendo haver a sua intercepção em edifícios, poças,
etc., ou penetrar nos solos por infiltração, indo constituir a reserva de água
superficial que alimenta a evapotranspiração, ou atingir os lençóis de água
subterrânea, os quais dependendo da estação do ano, podem alimentar os rios.
As plantas absorvem a água do solo, e o Homem e os animais consomem a água
doce, eliminando-a pela transpiração, por excreções várias e quando morrem. O
Homem ainda a rejeita sob a forma de resíduos sólidos e águas residuais
(domésticas, agrícolas e industriais), que atingem os cursos de água, e o solo.
A soma das evaporações igual à soma das precipitações, e ainda que chova mais
do que se evapora nos continentes, e menos do que se evapora nos oceanos, os
continentes reenviam o excedente para os oceanos, e o ciclo da água acaba por
se equilibrar. É devido a estes fenómenos que a água que existe actualmente é a
mesma que existia há muitos milhões de anos! Ver escoamento superficial,
evaporação, infiltração, precipitação.
37
Cloração/cloragem:
Tratamento de água com cloro para sua oxidação ou para a desinfecção. Muito
embora o principal objectivo da cloração seja a destruição de microorganismos,
graças ao poder germicida do cloro, o seu poder de oxidação é de grande
importância, nomeadamente quando utilizado na pré-oxidação da água bruta.
Promove a oxidação de substâncias inorgânicas reduzidas, como o ferro,
manganês, e sulfuretos, elimina compostos que produzem cheiro e sabor, algas e
microorganismos, e tem um efeito de coadjuvante da coagulação. Ver cloro,
desinfecção, oxidação, pré-cloragem.
Cloretos:
Parâmetro físico-químico que pode ter várias origens. É um dos aniões
predominantes na água, e ocorre naturalmente nos meios hídricos sob a forma
de sais (p.e., de sódio, potássio e cálcio), podendo alcançar as águas doces por
intrusão salina ou pelos efeitos das marés, às vezes atingindo concentrações
excessivas. Também podem ser sinal de contaminação, pois encontram-se em
grandes quantidades nas excreções humanas e animais (podendo mesmo
utilizar-se como indicador de contaminação fecal). Outras origens dos cloretos
são os efluentes industriais, escorrências ou infiltração através de alguns tipos de
solos e condições climatéricas (sendo transportados pelas chuvas ou ventos). A
sua presença em valores elevados causa efeitos nefastos, tornando a água
imprópria para consumo e para a rega. Ao nível do consumidor, e quando em
concentrações elevadas, a sua presença manifesta-se principalmente ao nível
das características organolépticas, conferindo um sabor desagradável, e provoca
a corrosão de tubagens. Valores muito elevados, acima de 200 mg/L, podem ter
consequências cardiovasculares.
Cloro:
É um gás muito tóxico, de cor amarelo-esverdeado, abundante na natureza na
forma de cloreto de sódio na água do mar. Tem muitas aplicações como oxidante
38
e desinfectante, nomeadamente no controlo da contaminação da água causada
por microorganismos patogénicos, como bactérias, vírus, fungos, protozoários e
suas formas resistentes, mas também como branqueador e na produção de um
grande número de químicos orgânicos. Além de ser o desinfectante por
excelência, é muitas vezes utilizado na pré-oxidação da água nas ETA’s,
melhorando as fases de tratamento seguintes, e reduzindo a dosagem a aplicar
na desinfecção final. O seu uso tem, no entanto, que ser bem ponderado devido
à formação de subprodutos como é o caso dos trihalometanos, resultantes da
sua reacção com as substâncias orgânicas contidas na água bruta. O uso de cloro
no tratamento da água também pode originar a formação de compostos que
conferem sabor e cheiro desagradáveis, mesmo a baixas concentrações, como é
o caso dos clorofenóis. Ver cloro residual disponível, desinfecção, pré-cloragem,
trihalometanos.
Ideias: Se a água que sai da torneira souber a cloro, pode eliminá-lo colocando a
água numa jarra ou garrafa coberta, p.e., com um guardanapo, e dentro do
frigorífico, ou adicionar algumas gotas de sumo de limão, que disfarça o sabor.
Não se esqueça de lavar o recipiente em que coloca a água após cada utilização,
e renove a água de dois em dois dias.
Cloro residual disponível:
O cloro é utilizado para a desinfecção da água de abastecimento destinada ao
consumo humano, ou seja, para destruir ou inactivar todos os microorganismos
patogénicos existentes.
O cloro pode ocorrer na natureza com vários estados de oxidação, e desses
apenas os compostos que têm números de oxidação positivos podem apresentar
características desinfectantes, daí a designação de cloro disponível para
desinfecção/desinfectante/activo. Ao se aplicar o cloro à água a desinfectar,
ocorrem reacções de oxidação entre o cloro e vários tipos de compostos
(compostos inorgânicos reduzidos; compostos produtores de cheiros e sabores;
algas e microorganismos), formando-se compostos clorados, nem todos com
poder desinfectante. Além disso, o cloro disponível para desinfecção, pode estar
39
combinado ou não, pelo que é comum a distinção entre cloro disponível livre (na
forma de cloro molecular, de ácido hipocloroso, de ião hipoclorito ou de uma
mistura destas três formas) e cloro disponível combinado (cloro quimicamente
combinado com amoníaco ou com compostos orgânicos cloroazotados, formando
cloraminas), com menor poder desinfectante.
A concentração de cloro disponível na água vai variando com a dose de cloro
aplicada, variação essa que não é linear. Só a partir de determinada dosagem
existe cloro residual livre, disponível para a desinfecção, o qual deve ser mantido
ou mesmo aumentado tanto na ETA (completando a oxidação de compostos
difíceis de degradar) como no sistema de distribuição, por forma a garantir
protecção contra qualquer contaminação posterior que a água possa sofrer até
chegar ao consumidor (o cloro tem tendência a desaparecer da água em função
do seu tempo de permanência nas condutas, e muitas vezes o trajecto desde a
ETA até aos reservatórios é de alguns quilómetros).
O cloro residual presente na água ao nível do consumidor deverá ter uma
concentração próxima de 0.2-0.3 mg/L, segundo a OMS, valores que não
oferecem qualquer toxicidade para o consumidor, mesmo que ligeiramente
superior, muito embora possam ocorrer algumas colites e acidentes patológicos.
Ver desinfecção, THM’s.
Clorofila:
Um dos dois pigmentos (clorofila α e clorofila β) responsável pela cor verde da
maioria das plantas. As moléculas de clorofila têm o papel fundamental na
absorção de luz nas reacções de fotossíntese. Ver fotossíntese.
Clostrídios sulfitoredutores:
São bactérias indicadoras de contaminação fecal, de morfologia bacilar (em
forma de bastonete), gram positivas, anaeróbias obrigatórias, com capacidade
de formar endosporos, e com actividade sulfitoredutora (reduzem o sulfito de
sódio na presença de sais de ferro, produzindo sulfureto de hidrogénio). A
pesquisa de bactérias sulfitoredutoras deve limitar-se ao Clostridium perfrigens,
40
pois é a única espécie do género que pode ter origem fecal. No entanto, a
presença destas bactérias na água indica a possibilidade de haver uma
contaminação antiga, já que são microorganismos produtores de esporos, o que
os torna muito mais resistentes que os C.F. e C.T.. A sua existência é pois
especialmente
importante
na
verificação
da
eficiência
das
etapas
de
floculação/filtração. O seu número na água é muito inferior que o de C.T. e E.F.,
mas em águas com poucos E.F. pode levantar suspeitas da existência de uma
contaminação antiga, o que se pode confirmar, por exemplo, com um diagnóstico
indirecto pela presença de bacteriófagos fecais.
Segundo a legislação em vigor para as águas destinadas ao consumo humano
devem estar ausentes.
Coagulação:
O processo de coagulação/floculação é apoiado nas câmaras de mistura rápida, e
tem como objectivo eliminar as partículas em suspensão que conferem turvação
e
cor
à
água,
que
provocam
sabores
e
cheiros,
bactérias
e
outros
microorganismos, algas e outros organismos planctónicos (partículas coloidais).
Pode-se definir a coagulação química como um processo de desestabilização dos
colóides por meio de reagentes químicos que anulam as forças repulsivas, e fazse por adição de um coagulante (p.e. sulfatos e policloretos de alumínio, cloretos
férricos, etc.) o qual é rapidamente disperso na massa líquida, neutralizando as
cargas superficiais negativas dos colóides. Desta forma ocorre a sua agregação a
outras partículas que crescem, formando flocos, e ganham um peso tal que
permite a sua separação da fase líquida por sedimentação.
Há diversos factores que intervém no processo de coagulação química, os quais
estão directamente relacionados com a qualidade da água bruta, sobretudo: tipo
e a quantidade de coagulante a utilizar, temperatura da água, tempo de mistura,
pH, alcalinidade. Ver coagulante, floculação, mistura rápida, partículas coloidais.
Coagulante:
41
As partículas coloidais que existem na água bruta têm dimensões muito
pequenas para sedimentarem num período de tempo razoável, pelo que a
filtração, por si só, não é suficiente para as eliminar, por não ser possível retê-las
no meio filtrante. Além disso, devido às suas cargas superficiais negativas,
repelem-se umas às outras, mantendo-se em suspensão. Então, para ser
possível a sua sedimentação, utiliza-se um reagente químico – coagulante -, que
no caso das águas para consumo humano é geralmente um sal de alumínio ou
ferro (sulfato de alumínio, policloreto de alumínio, etc.) promovendo a
coagulação/floculação. A adição do coagulante é acompanhada por agitação
mecânica para uma rápida e homogénea dispersão na massa de água.
Principais propriedades que o coagulante deve ter :
ƒ
catião trivalente, que é o mais eficiente na neutralização das cargas
negativas dos colóides (Al3+, Fe3+);
ƒ
não tóxico;
ƒ
deve formar precipitados por forma a que o catião não permaneça na
água.
O tipo de coagulante a utilizar e a sua dosagem dependem obviamente das
características da água bruta, sendo efectuados testes em laboratório para a sua
determinação (“Jar test”). A sua optimização é de grande importância pois o
alumínio residual na água ao nível do consumidor deve ser o menor possível. Ver
alumínio, coagulação, floculação.
Curiosidade: o sulfato de alumínio é o coagulante actualmente mais utilizado no
tratamento de água destinada ao consumo humano, e já é conhecido desde o
tempo dos Egípcios, 2000 A.C., tendo sido comercializado até 1461, quando o
Papa Pio II se propôs a criar o monopólio da sua produção. A sua utilização como
coagulante em grandes sistemas de abastecimento de água só teve lugar em
1881, em Bolton (Inglaterra).
Cobalto:
42
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, tem origens antropogénicas
(certas indústrias) e naturais (rochas do tipo silicioso). Em termos dos seus
efeitos sobre a saúde, actua sobre o sistema neurovegetativo e cardiovascular,
sendo considerado o agente indutor do bócio.
Cobre:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis com origens antropogénicas, sendo
raramente encontrado em águas não poluídas. A sua principal fonte na água para
consumo é a corrosão que pode ocorrer nos sistemas de distribuição. É um
elemento essencial ao Homem, entrando na formação dos eritrócitos (glóbulos
vermelhos), na libertação do ferro tecidular, desenvolvimento dos ossos, do
sistema nervoso central e do tecido conjuntivo. Dado que os alimentos contém
um elevado teor neste elemento, não é comum a ocorrência de carências. Uma
curta exposição, por ingestão de doses excessivas, pode causar problemas
gastrointestinais, e uma exposição a longo prazo afecta os sistemas nervoso e
renal, por irritação e corrosão graves das mucosas, afectando os vasos capilares,
causando também lesões hepáticas, e uma irritação do sistema nervoso seguida
de estados de depressão. Se as suas concentrações forem superiores a 5 mg/L
há a alteração das características organolépticas da água, conferindo-lhe um
sabor adstringente desagradável, e há pessoas que para valores superiores a 3
mg/L sofrem de irritação gástrica aguda. As lesões hepáticas geralmente
ocorrem em indivíduos com deficiências no mecanismo de regulação do cobre, e
a longo prazo, ou em bebés, pois neles o metabolismo do cobre ainda não está
totalmente
desenvolvido.
Em
termos
dos
seus
efeitos
nos
sistemas
de
distribuição de água para consumo, há o aumento da corrosão quando os
materiais são de ferro galvanizado, aço, zinco e alumínio, produz manchas na
roupa e loiça sanitária se a concentração for superior a 3 mg/L, e provoca o
enegrecimento de alimentos durante a cozedura.
43
Coliformes:
Bactérias muito comuns no Ambiente, sendo desde há muito utilizadas como
indicadores de contaminação fecal, devido à simplicidade de análise e detecção,
mesmo quando presentes em baixo número. Este grupo contém espécies que se
multiplicam na água, mas não têm origem fecal, e outras termotolerantes, como
a Escherichia coli, utilizada como bactéria indicadora de contaminação fecal.
A sua presença na água para consumo pode indicar deficiências no processo de
tratamento, ou ocorrência de contaminação da água após tratamento. Ver
bactérias indicadoras de contaminação fecal, coliformes totais e fecais.
Coliformes Fecais (C.F.):
São bactérias indicadoras de contaminação fecal, e integram os coliformes totais
que sejam capazes de fermentar a lactose com produção de ácido e gás quando
incubam em meio apropriado a 44°C em 24 horas (são termotolerantes). Os seus
habitats são as fezes humanas e animais, águas superficiais poluídas e águas
residuais.
Os C.F. encontram-se em maior número que os E.F. nas fezes humanas.
Coliformes totais (C.T.):
São bactérias indicadoras de contaminação fecal, de morfologia bacilar (em
forma de bastonete), gram negativas, aeróbias e/ou anaeróbias facultativas, com
reacção de oxidase negativa, não esporuladas e capazes de fermentar a lactose
com produção de ácido e gás em 48 horas a 37°C. São exemplos os géneros
Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter.
A concentração de coliformes totais nas águas naturais depende da temperatura
da água e do arraste de terras e solos causado pelas chuvas, o que leva à
entrada de águas turvas no meio hídrico. Então, valores elevados de turvação e
de matéria orgânica podem ser sinais de um número elevado de coliformes
44
totais, pois este tipo de microorganismos desenvolve-se na sua presença. No
entanto, certas espécies estão frequentemente associadas a restos vegetais ou
constituem uma população habitual não só de águas superficiais como do solo.
Assim, a sua presença não significa necessariamente a existência de organismos
de origem fecal, especialmente em países quentes onde os coliformes de outras
origens podem ser abundantes.
Os C.T. assumem grande importância nas águas de abastecimento tratadas e
desinfectadas com cloro, sendo os melhores indicadores de contaminação global
por materiais de origem fecal.
Composto:
Substância formada pela combinação de elementos em proporções fixas. Ao
contrário das misturas, não podem ser separados por meios físicos.
Concentração:
Quantidade de determinada substância dissolvida (soluto) por unidade de
quantidade de solvente em solução. Pode ser medida de várias formas, mas
relativamente aos parâmetros referidos a expressão mais comum é a de
concentração em massa, i.e., massa do soluto por unidade de volume de
solvente, nomeadamente Kg/dm3, mg/L (ou ppm), µg/L (ou ppb).
Condutividade:
Parâmetro físico-químico que mostra o conteúdo salino da água, por medição da
carga de corrente eléctrica da solução aquosa, que depende das substâncias de
carácter iónico presentes, permitindo apreciar directamente a mineralização
dessa água. Por exemplo, um água que apresente um condutividade entre 200 e
700 apresenta uma mineralização média. Em termos de saúde pública não
oferece, por si só, perigos, mas consoante a natureza das substâncias pode
apresentar riscos para o consumidor. Valores elevados podem conferir sabores
45
desagradáveis à água, e conduzir à formação de depósitos e/ou corrosão de
tubagens.
Contaminação:
Qualquer alteração na composição ou estado da água como consequência directa
ou indirecta das actividades humanas, tornando-a inadequada para o seu uso.
Além dos riscos directos de contaminação, há que considerar igualmente os
indirectos, como p.e. os ambientais, a eutrofização e a contaminação de
alimentos.
Contaminação antropogénica:
Resulta da actividade do Homem, e deve-se sobretudo ao desenvolvimento
industrial. Os danos causados tanto aos seres vivos, como ao ambiente onde
estes agentes são descarregados, devem-se não só às características destes,
mas também à sua elevada concentração.
Contaminação natural:
A água na natureza não se encontra pura, já que contém várias substâncias que
resultam do equilíbrio dinâmico da Terra, actividade geofísica e ciclo hidrológico,
que levam à deposição atmosférica e a arrastamento dessas substâncias.
Controlo da qualidade da água de abastecimento:
As entidades responsáveis pela gestão dos recursos hídricos em sistemas
naturais ou as entidades gestoras dos sistemas de abastecimento de água
destinada ao consumo humano empreendem uma conjunto de acções de
avaliação da qualidade da água de uma forma regular de modo a que esta
mantenha
a
sua
qualidade
de
acordo
com
os
padrões
ou
normas
regulamentados. No que respeita à qualidade da água para consumo humano, as
entidades responsáveis fazem o seu controlo da qualidade analisando uma série
de parâmetros estipulados pela Lei.
46
Cor:
Parâmetro organoléptico, que embora por si só não seja significativo em termos
de saúde pública, é esteticamente desagradável, e sugere que a água requer um
tratamento adequado. Normalmente, as cores mais associadas à água bruta são
o amarelo e o castanho, as quais se devem à presença de óxidos de ferro e de
manganês,
que
permanecem
estáveis
por
estarem
ligados
a
biofilmes.
Geralmente, e no caso de a água bruta não se encontrar poluída, a sua cor é
causada pela presença de ácidos húmicos e fúlvicos. Se ocorrer poluição
industrial, a água bruta pode apresentar uma gama de cores muito variada. Se a
cor se dever à presença de substâncias orgânicas dissolvidas ou coloidais,
designa-se cor verdadeira, e se for devida a materiais em suspensão, cor
aparente. Esporadicamente o desenvolvimento excessivo de algas ou de
microorganismos aquáticos podem igualmente conferir cor à água. Uma água
tratada que tenha compostos de ferro ou manganês, de origem ou devido a
fenómenos
de
corrosão
das
tubagens
com
que
contacta,
pode
ter
o
inconveniente de causar manchas na roupa e loiça.
Correcção da agressividade:
Se a água a distribuir para consumo humano apresentar características
agressivas tais que possam provocar a corrosão de vários componentes do
sistema de abastecimento, torna-se necessário proceder à correcção do seu pH
final, após filtração. Geralmente esta é feita com suspensão de leite de cal, que
sendo alcalina eleva o pH da água. A neutralização do dióxido de carbono
agressivo
permite
diminuir
ou
eliminar
uma
das
causas
deste
ataque
electroquímico, pelo que o aumento da alcalinidade, ou a presença de sais
derivados de ácidos fracos originam a deposição de uma película que protege a
estrutura
da corrosão.
Ver água agressiva,
correcção do pH
da água,
remineralização.
47
Correcção do pH da água:
Ou neutralização, é feita para restabelecer o equilíbrio carbónico da água, com a
finalidade de proteger as condutas da corrosão ou das incrustações, consoante a
água for agressiva ou dura, respectivamente. Numa ETA, no caso de ser
necessário elevar o pH, pode-se utilizar suspensão de leite de cal na fase de
floculação, ou após filtração .Ver correcção da agressividade, corrosão.
Corrosão:
Pode dever-se ao ataque químico ou electroquímico à superfície de um metal.
Sendo a água o solvente universal, pode existir em solução uma grande
variedade de substâncias e gases. Se a água for pouco mineralizada, destilada
ou dessalinizada, ou seja, com poucas substâncias dissolvidas ou nenhumas,
então trata-se de uma água agressiva para os metais e para o cimento. O facto
de uma água apresentar características corrosivas deve-se fundamentalmente a
um pH baixo, a uma elevada concentração de dióxido de carbono livre, ou à
ausência ou baixo valor de alcalinidade. O enferrujamento é a corrosão do ferro
(ou aço), formando-se um óxido de ferro, e ocorre na presença tanto de água
como de oxigénio.
Se existirem condições anaeróbicas, i.e., a ausência de oxigénio, pode haver o
desenvolvimento de bactérias sulfatoredutoras (Desulfovibrio desulfuricans),
causadoras da corrosão de estruturas de ferro, devido à acção do sulfureto de
hidrogénio que produzem, tendo como produto final o sulfureto de ferro.
Também pode ocorrer corrosão física de condutas, bombas e válvulas devido à
cavitação, fenómeno hidráulico que se deve à existência de grandes velocidades
da água no interior de condutas, e que pode causar a erosão da sua superfície.
Ver agressividade, anidrido carbónico, golpe de aríete.
Crómio:
48
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas, com origens naturais (rochas e solos,
em pequenas concentrações) e industriais. É um elemento essencial à vida,
sendo
que
a
ingestão
de
pequenas
quantidades
(na
ordem
de
vários
microgramas) é considerada como útil ao metabolismo da glucose, havendo
mesmo quem afirme que exerce uma acção protectora contra a arteriosclerose.
Contudo, é um elemento tóxico, sobretudo aos níveis hepático e renal, podendo
ser cancerígeno (especialmente via respiratória). A sua forma hexavalente é
mais tóxica que a trivalente.
D
Decantação:
Separação das fases líquida e sólida, devido à deposição das partículas sólidas
em suspensão na água. Esta deposição é resultado da forte diminuição da
velocidade de escoamento, o que provoca a queda dos flocos mais pesados, por
acção da força gravítica, por terem um peso específico superior ao da água. Os
flocos mais leves podem ainda ser retidos em lamelas inclinadas, se o
decantador for do tipo lamelar.
Os flocos são extraídos do decantador sob a forma de lamas com a ajuda de uma
ponte raspadora, sendo espessadas mecanicamente e posteriormente conduzidas
ao seu tratamento. Uma fracção destas lamas pode ser recirculada para as
câmaras de floculação por forma a favorecer o contacto entre as partículas
coloidais e os flocos já formados.
A água decantada sai do decantador por descarga de superfície e segue para a
fase seguinte – filtração. Ver desidratação das lamas, filtração, flocos, lamas.
Decomposição:
49
Reacção química na qual um composto se separa em compostos mais simples ou
em elementos.
Degradação:
Tipo de reacção química orgânica na qual um composto é convertido em
compostos mais simples por etapas.
Desidratação das lamas:
As lamas produzidas nos processos de tratamento da água para consumo
provém da coagulação/floculação, sendo extraídas dos decantadores, e ainda da
água de lavagem dos filtros, após a sua equalização e decantação. As lamas
sofrem condicionamento com suspensão de leite de cal e polielectrólito, sendo
assim concentradas antes de se proceder à sua desidratação, que fica assim
mais facilitada. O método para realizar a sua desidratação é função do grau de
humidade necessário para a sua deposição no ambiente, e logicamente dos
custos envolvidos, sobretudo de transporte.
Há vários processos de desidratação das lamas, como os filtros banda, centrífuga
e os filtros prensa. Relativamente ao filtros prensa, existentes nas ETA's dos
Sistemas geridos pela Águas do Algarve, S.A., estes são constituídos por 120
placas verticais revestidas com tela e sub-tela, as quais vão conter e suportar a
lama. A lama condicionada é introduzida no filtro por bombagem, passando
através dos conjuntos placa+revestimento em todo o seu comprimento, e
preenchendo o espaço eles, onde forma o “bolo” de lama, que juntamente com a
tela+subtela constitui o meio filtrante. A pressão vai aumentando gradualmente
até que não há mais injecção de lama, pois tal pode ser contraproducente, e
mantém-se esta pressão, período em que vai sendo retirado o filtrado, obtendose os “bolos” de lama seca pretendidos. O filtro é então aberto e a lama seca cai
do espaço entre placas para os tapetes transportadores, sendo então conduzida
para o seu destino final. As telas têm de ser frequentemente lavadas com água a
50
alta pressão, e periodicamente com ácido, pois têm um elevado teor em cal, e os
filtros funcionam a altas pressões (entre 700 e 1700 KPa). Ver filtração, lamas.
Desinfecção da água:
Tem
como
objectivo
a
inactivação
ou
destruição
dos
microorganismos
patogénicos de transmissão hídrica, como as bactérias, vírus, protozoários e
fungos, bem como as suas formas resistentes (esporos, cistos).
Relativamente à água destinada ao consumo humano a desinfecção realizada nas
Estações de Tratamento de Água é geralmente feita com cloro gasoso, após
filtração, e antes de distribuir a água para os consumidores. É uma medida de
protecção contra possíveis contaminações da água que possam ocorrer ao longo
da rede e até estar disponível ao consumidor, garantindo assim a sua
potabilidade. Por vezes, devido à distância entre a ETA e os locais onde a água é
entregue serem grandes, torna-se necessário fazer a sua recloragem.
Para o tratamento de menores volumes de água, e consoante o fim a que se
destina a água, por vezes a sua desinfecção é feita por métodos físicos (energia
térmica e as radiações de alta frequência, como a Radiação U.V.), ou por outros
métodos químicos, nomeadamente com ozono. Ver cloro, ozono, radiação U.V..
Dessalinização:
Processo através do qual se removem os sais em excesso da água do mar, ou de
outras fontes, por forma a poder ser utilizada para irrigação da terra ou para
abastecimento de água para consumo público.
É um processo dispendioso, tendo sido utilizado em países ricos do Médio Oriente
com problemas de falta de água, como a Israel. Os métodos empregues incluem
evaporação, muitas vezes sobre pressões reduzidas (a água é evaporada, e o
vapor é condensado, ficando os sais retidos no recipiente onde se deu a
evaporação), congelação, osmose inversa, electrodiálise e permuta iónica. Ver
osmose inversa, salinidade e salinização.
51
Dióxido de cloro:
Gás de cor vermelho-amarelada, de cheiro forte, solúvel em água fria, mas
decompõe-se em água quente, com a formação de ácido perclórico, cloro e
oxigénio. Este composto pode ter várias aplicações, nomeadamente como
branqueador, na moagem de farinha, polpação de madeira e, devido às suas
propriedades de oxidante e desinfectante, no tratamento de água. O dióxido de
cloro (ClO2) não deve ser armazenado, porque quando em concentrações
superiores a 10 % (v/v) e uma vez exposto ao ar e a temperaturas elevadas (por
exposição à luz), é explosivo. Este efeito também pode dever-se à sua reacção
com determinadas substâncias. Deste modo, o dióxido de cloro deve ser
produzido no local de aplicação, produção essa feita na forma de solução aquosa,
a partir de soluções de Clorito de Sódio e Ácido Clorídrico, ou de Clorato de Sódio
e Ácido Oxálico. Comercialmente o gás é produzido pela reacção de ácido
sulfúrico contendo iões de cloro com dióxido de enxofre.
Vantagens da sua utilização no tratamento de águas para consumo
humano:
−
Agente oxidante forte, com grande capacidade de melhorar o cheiro e a
cor da água;
−
Comparativamente ao cloro, permite a desinfecção da água na presença
de fenóis sem a formação de clorofenóis, e logo, sem a produção de
sabores desagradáveis;
−
Ao contrário do cloro gasoso, o dióxido de cloro não reage com os
precursores dos trihalometanos e apenas conduz a uma formação em
pequena escala de outros compostos potencialmente tóxicos e /ou
carcinogénios, o que é muito importante face à qualidade da água em
questão;
−
O dióxido de cloro permanece na água na forma molecular nas gamas
de pH características das águas naturais, e não reage com o azoto
amoniacal e outros compostos azotados (ao contrário do cloro gasoso);
−
É muito efectivo na destruição de oocistos de Cryptosporidium.
52
O principal inconveniente da sua aplicação é que este composto contém uma
quantidade considerável de cloro gasoso que pode produzir uma série de
compostos indesejáveis. Os sub-produtos resultantes da sua aplicação são os
cloritos (ClO2-) e cloratos (ClO3-), cujos efeitos sobre a saúde humana são ainda
desconhecidos.
Dioxinas:
Grupo de mais de 200 compostos estreitamente relacionados, que surgem como
consequência da incineração incompleta de resíduos cloretados e domésticos,
combustão de plásticos e de gases em aterros e de processos de fabricação de
produtos que abrangem fenóis cloretados.
Tal como certos compostos tóxicos que as nossas células não conseguem
degradar
(p.e.
PCB’s,
solventes,
compostos
industriais...),
as
dioxinas
acumulam-se nos tecidos adiposos pois são solúveis nas gorduras. A produção de
leite materno para amamentação dos bebés exige um elevado consumo de
gordura, que é obtido recorrendo aos tecidos adiposos. Então, o organismo além
de consumir essas reservas de gordura, vai também retirar as substâncias nelas
acumuladas, incluindo as dioxinas que são os mais tóxicos de todos os
compostos sintéticos conhecidos. Segundo estudos realizados em alguns países
da Europa, a quantidade média de dioxinas no leite materno é cerca de 4 a 10
vezes superior à que seria permitida no leite de vaca para comercializar, e os
bebés absorvem mais de 95 % das dioxinas que estão no leite. Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice aceitável de ingestão de dioxinas
é de 4 picogramas (equivalente a 10-12 g) por Kg de peso corporal.
Relativamente à sua presença na água para consumo, para se ter uma ideia,
apenas 1 g de dioxinas num copo de água chegaria para fornecer a 100 milhões
de pessoas a sua dose máxima admissível para a vida toda!
Os seus efeitos na saúde pública manifestam-se ao nível dos sistemas nervoso
central, imunitário, dermatológico, reprodutor, afectando o funcionamento da
tiróide, sendo potencialmente cancerígenas.
53
Distribuição de água:
Após desinfecção a água está pronta a ser distribuída até aos pontos de entrega
(no caso dos sistemas de distribuição de água em alta, é designada por adução),
e daí até aos reservatórios municipais, a partir dos quais a água é finalmente
distribuída até aos consumidores (distribuição de água em baixa). Normalmente
há a combinação do transporte gravítico com a bombagem da água.
A rede de adução e de distribuição deve ser de material que não altere as
características de potabilidade da água com que contacta, e deve ser enterrada
para evitar flutuações de temperatura, e situar-se acima da rede de saneamento
para que não ocorram infiltrações, e a uma distância de segurança de tubagens
de transporte de gás.
Sempre que possível a rede de distribuição de água deve permitir que a água
circule de forma contínua, sem que ocorram retenções nas quais possa haver a
perda do desinfectante. Para tal, devem evitar-se bifurcações, mudanças bruscas
de direcção, pontos de baixo consumo, etc.. A pressão na rede deve ser sempre
positiva para evitar a sucção de águas contaminadas do subsolo por cortes no
abastecimento, que podem gerar pressões negativas, as quais podem levar à
rotura de condutas e pôr a população em perigo.
Para que seja possível efectuar o controlo da qualidade da água, a rede de
distribuição deve ter locais de toma de amostras representativos, tanto das
instalações como na rede de distribuição. Só desta forma é possível controlar a
eficácia do tratamento na ETA, e assegurar que a água que chega ao consumidor
apresenta as características de potabilidade requeridas.
Doenças transmitidas pela água:
A nocividade de uma água pode ser resultado da sua má qualidade e/ou de uma
quantidade insuficiente. Estes dois fenómenos, quando em simultâneo, permitem
a disseminação de doenças associadas à falta de higiene, pois a água é não só
54
um veículo de transmissão de várias doenças (directa ou indirectamente), como
também funciona como um reservatório onde os microorganismos patogénicos
vivem e se desenvolvem. Algumas dessas doenças são causadas por bactérias,
vírus, protozoários, vermes (helmintas) e larvas, como por exemplo:
ƒ
Bactérias:
Febre
tifóide,
febre
paratifóide,
disenteria
bacilar,
cólera,
gastroenterite, Leptospirose;
ƒ
Vírus: Hepatite infecciosa, Poliomielite, gastroenterite vírica;
ƒ
Protozoários: Amebíase ou disenteria amebiana, Giardíase, Isosporíase;
ƒ
Vermes
(helmintas)
e
larvas:
Esquistossomíase,
Esparganose,
Anquilostomíase, Ascaridíase, Equinococose, Tricocefalose.
Um sistema de abastecimento de água para consumo humano não deve conter
microorganismos patogénicos, tendo por isso de ser bem projectado, construído,
operado, mantido e conservado, por forma a que a água não se torne nesse
veículo de transmissão de doenças.
Dureza total:
Parâmetro físico-químico que exprime conjuntamente as concentrações de cálcio
e magnésio presentes numa água. Valores elevados podem estar relacionados
com menor incidência de acidentes cardiovasculares. As águas pouco duras são
corrosivas e as muito duras provocam incrustações, nomeadamente em
electrodomésticos.
55
E
Efluentes:
Qualquer água residual de origem doméstica, agrícola ou industrial transportada
ou não por uma rede de esgotos e lançada no meio natural ou numa Estação de
Tratamento de Águas Residuais (ETAR). Ver águas residuais.
Erosão:
Processo através do qual há a separação de partículas de rochas e solo da sua
localização inicial, sendo transportadas e depositadas noutro local. Os principais
agentes causadores da erosão são o vento e a água. Muito embora também
exista
erosão
geológica
ou
natural
(que
é
extremamente
lenta),
mais
preocupante é sem dúvida a que deriva das actividades humanas.
Escoamento superficial:
Os fluxos de água superficial ocorrem sempre que cessa a infiltração da água que
cai no solo, e constituem uma resposta rápida à precipitação, cessando pouco
tempo depois desta. Estes fluxos variam muito com a natureza do solo onde se
dá a precipitação, do seu teor de humidade (relacionado com as chuvadas
anteriores), e sobretudo com a intensidade de precipitação. Esta água escoa-se
sobre o solo, acumula-se em poças, regatos, ribeiras, acabando por alimentar os
rios e por fim regressa ao mar. Do total da precipitação, este fluxo representa
em média 24%. Ver ciclo hidrológico.
Estação de Tratamento de Água (ETA):
É uma verdadeira indústria da água. É o local onde se produz água potável a
partir de água bruta. O processo de tratamento a implementar numa ETA
depende da origem da água bruta (subterrânea ou superficial) e das suas
características,
e
cada
vez
mais
se
recorre
a
técnicas
sofisticadas,
56
nomeadamente para a eliminação de gases, de matérias em suspensão, de
moléculas orgânicas e de metais. Numa ETA convencional para tratar água de
origem superficial, o processo de tratamento pode englobar as seguintes fases:
Pré-oxidação,
Coagulação/Floculação,
Decantação,
Filtração,
Desinfecção,
Correcção do pH, Tratamento da águas residuais do processo (Decantação e
Desidratação das lamas).
Estação Elevatória de água (EE):
Equipada com grupos elevatórios (bombas) que elevam a água até um ponto a
partir do qual possa ser conduzida graviticamente. Por forma a regularizar o
caudal e a pressão, a água elevada é geralmente armazenada num reservatório
elevado, ou localizado num ponto de maior altitude, seguindo posteriormente o
seu percurso graviticamente. Para a prevenção do “golpe de aríete”, que pode
causar a rotura das condutas, devem existir sistemas com esse objectivo, como
determinados tipos de válvula para o controlo da velocidade, e os reservatórios
de ar comprimido, que permitem equilibrar a pressão no interior das condutas.
Estreptococos fecais (E.F.):
São bactérias indicadoras de contaminação fecal, de morfologia cocácea (forma
esférica), gram positivas, aeróbias ou anaeróbias facultativas, sem catalase e
fermentam a glucose com produção de ácido a 37°C num período de incubação
máximo de 48 horas. São exemplos deste tipo de microorganismos as espécies
Streptococcus faecalis, S. faecium, S. durans, S. bovis e S.equinus. São
indicadores secundários, especialmente quando se encontram C.T., e não C.F., o
que confirmaria a contaminação do tipo fecal, pois têm origens várias além da
fecal, como em vegetais, insectos e solos não contaminados.
Os E.F. encontram-se em maior número que os C.F. nas fezes dos animais,
sobretudo domésticos e gado.
Segundo a legislação em vigor para as águas destinadas ao consumo humano
devem estar ausentes.
57
Eutrofização/Eutroficação:
Estado em que uma água superficial (lagos , rios ou mares) pode atingir por
excesso de nutrientes (nitratos e fosfatos), que leva a um desenvolvimento
excessivo de algas e plantas superiores, que ao consumirem o oxigénio
dissolvido na água podem provocar a morte ao outros organismos aquáticos por
asfixia ou colmatação. Os efeitos da eutrofização são:
-
criação de cor, sabores e cheiros na água devido ao desenvolvimento
excessivo de algas, o que implica maiores custos de tratamento;
-
menores efeitos atractivos da água para recreio e desporto;
-
assoreamento de canais de irrigação;
-
morte de vida aquática.
Evaporação:
Este fenómeno do ciclo hidrológico reenvia para a atmosfera parte da água
existente na superfície terrestre, durante e após a precipitação. A esta
evaporação directa, associa-se a transpiração dos animais e da vegetação,
enviando para a atmosfera parte da água que se infiltrou no solo. Ver
ciclo
hidrológico, evapotranspiração, precipitação, transpiração.
Evapotranspiração:
É a “soma” dos fenómenos evaporação directa e transpiração de animais e
plantas, e representa, sem dúvida, o fluxo maior do total das precipitações, em
média 65%. O seu único “motor” é a irradiação solar que fornece o calor de
vaporização ao solo e às plantas. Ver ciclo hidrológico, evaporação, precipitação,
transpiração.
58
F
Fenóis:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, com origens antropogénicas,
nomeadamente através das águas residuais de indústrias de destilação de hulha,
e petroquímicas, devido ao uso de pesticidas fenólicos, ou directamente com
fenol,
e
ao
contacto
da
água
com
os
revestimentos
betuminosos
das
canalizações. Estes compostos também podem ocorrer naturalmente em águas
superficiais devido à degradação de algas e plantas superiores ou, no caso das
águas subterrâneas, em áreas cujo solo contém estratos de carvão ou petróleo.
O seu principal inconveniente é a formação de clorofenóis, produtos de sabor e
cheiro desagradáveis e persistentes que se formam quando há a sua reacção
com cloro. Quando a sua concentração na água bruta é elevada, devem ser
eliminados antes de se proceder à adição de cloro. Na fase final do tratamento,
principalmente na desinfecção, há a redução da concentração de fenóis, que no
entanto pode não ser suficiente para que não surjam alterações organolépticas,
pelo
que
a
características
definição
dos
organolépticas
valores
e
não
regulamentados
a
toxicidade
têm
(que
como
se
base
as
traduz
no
envenenamento das membranas celulares), já que esta só se manifesta para
concentrações muito superiores, à excepção do pentaclorofenol (utilizado como
conservante da madeira), cujos limites organolépticos são muito superiores aos
tóxicos.
Ferro:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis que, por ser bastante solúvel em
água, se pode encontrar em solução, na forma coloidal ou em suspensão, ou
formando complexos com substâncias orgânicas ou minerais, etc., precipitando
quando diminui o anidrido carbónico dissolvido ou por oxidação. É um dos
elementos mais abundantes na crosta terrestre, e é essencial à nutrição humana.
As águas doces destinadas ao consumo público podem conter ferro devido a
59
factores naturais ou antropogénicos (p.e., a indústria metalúrgica). Quando em
situações de anoxia (em certas águas subterrâneas ou em zonas profundas de
lagos e albufeiras) o ferro pode encontrar-se na forma de ião ferroso (Fe2+), que
é a sua forma mais solúvel. Quando em contacto com o ar, o Fe2+ é rapidamente
oxidado a Fe3+ (forma férrica), precipitando. Em termos de saúde pública, a sua
presença na água para consumo não acarreta riscos, só sendo absorvido se o
indivíduo tiver carências deste elemento. No entanto, a sua ingestão terapêutica
pode originar perturbações gástricas do tipo irritativo, gastrite aguda, necroses e
hemorragias. Se o ferro se encontrar na forma de ião ferroso, podem ocorrer
colapsos vasculares às vezes letais. Quando presente na forma de sulfato de
ferro (FeSO4), se for absorvido em doses excessivas, produz perturbações
gastrointestinais, taquicardia, colapso cardiovascular e respiratório.
O ferro entra na formação da hemoglobina (proteína do sangue), fixando as
moléculas de oxigénio para o seu transporte pelos tecidos. No entanto, a sua
deficiência no sangue (anemia) deve-se geralmente a perdas de sangue, e não a
uma ingestão insuficiente.
Normalmente o ferro surge nas águas superficiais naturais na forma férrica,
associado ao manganês, tendo uma grande influência nas suas características
organolépticas, já que afectam a cor e a turvação devido à formação de flocos
por precipitação quando em contacto com o ar.
As águas que contém estes elementos provocam frequentemente manchas
amareladas ou enegrecidas nas roupas e cerâmicas, e alterando o sabor do café
e do chá (pode ter um gosto metálico se a concentração de ferro ultrapassar
vários microgramas). Como curiosidade, os ovos fervem mais rapidamente se
forem cozidos numa água com concentração superior a 10 mg/L! Se as tubagens
metálicas de ferro sofrerem processos de corrosão, podem dar origem a
depósitos deste elemento.
É de notar que a alteração das características organolépticas contribui para o
desenvolvimento de microorganismos que transformam o ferro, como os
60
clostrídios sulfitoredutores, dando lugar a acumulações de óxidos hidratados
associados a massas bacterianas.
Por vezes são utilizados sais de ferro como coagulantes no tratamento de água.
Fertilizantes:
Materiais que contém grandes quantidades de azoto e fósforo, sendo adicionados
ao solo para aumentar a sua produtividade, estimulando o crescimento das
plantas cultivadas. Se atingirem rios e lagos, podem causar o desenvolvimento
excessivo de algas que vão asfixiar os outros seres vivos aquáticos por utilizarem
todo o oxigénio dissolvido existente na água. Os nitratos formados por reacções
nos alimentos, especialmente em legumes e água para beber, podem provocar
riscos para a saúde humana, especialmente nas crianças, ao serem reduzidos a
nitritos no seu estômago, originando a “doença azul” ou metaemoglobinemia.
Ver algas, eutrofização, nitratos, nitritos.
Filtração:
Processo físico que permite separar partículas sólidas suspensas num líquido ou
gás, fazendo-o passar através de um meio poroso que as retém (filtro), sendo
possível a sua extracção.
Relativamente ao tratamento de água destinada ao consumo humano, o
objectivo fundamental da filtração é a remoção das partículas que tenham
escapado com a água decantada (material em suspensão e substâncias coloidais)
do meio líquido, podendo promover a redução do número de bactérias e alterar
algumas características da água.
A filtração consiste em fazer a água decantada atravessar um meio poroso, que
em tratamento de águas de abastecimento é geralmente a areia, o qual retém os
sólidos e permite a passagem da água.
Consoante a velocidade de filtração seja baixa (no máximo 0.5 m/h) ou elevada
(no mínimo 5 m/h), assim a filtração se classifica em lenta ou rápida,
61
respectivamente. Na ETA de Alcantarilha realiza-se a filtração rápida sobre leito
de areia em duas baterias de 7 filtros cada, de funcionamento gravítico.
A areia a utilizar deverá estar de acordo com a filtração a praticar, de tal forma
que a espessura do leito e a velocidade de filtração empregues conduzam à
obtenção de água com a qualidade pretendida. A selecção da granulometria do
meio filtrante é condicionada pelas características das partículas a reter,
nomeadamente a sua dimensão, pelo funcionamento do filtro em termos de
velocidade
de
atravessamento
do
meio
(velocidades
menores
exigem
granulometria mais fina), e pelos mecanismos de filtração preponderantes (em
filtração rápida o mecanismo mais importante é a adsorção). Neste caso, a areia
utilizada é siliciosa, e a sua granulometria é 1mm.
A admissão da água decantada ao filtro é feita sobre a camada de areia através
de uma comporta, formando-se uma "almofada" de água cuja superfície livre se
vai elevando, face à colmatação do leito, i.e., à crescente dificuldade de
passagem da água motivada pela progressiva retenção de flocos nos vazios do
meio filtrante quando a água o atravessa. Além deste facto, a velocidade de
filtração também diminui quando o nível de água sobre o filtro diminui, ou ainda
quando o nível da água filtrada abaixo do leito filtrante aumenta.
A areia que constitui o meio filtrante assenta sobre um fundo falso, constituído
por placas e boquilhas colectoras que recolhem a água filtrada e, aquando da
lavagem do filtro, distribuem homogeneamente o ar e a água de lavagem, no
sentido
contrário
ao
da
filtração.
Ver
filtração
directa,
lavagem
em
contracorrente.
No caso da filtração efectuada para a desidratação das lamas resultantes das
águas residuais do processo, o que se pretende não é a obtenção do filtrado,
mas sim do bolo de lamas formado. Ver desidratação das lamas.
Filtração directa:
Este tipo de filtração faz-se quando as características da água bruta são tais que
não
é
necessário
proceder
à
floculação,
omitindo-se
a
decantação,
62
nomeadamente quando a turvação é baixa. Faz-se então um “by-pass” à
floculação, que conduz a água pré-oxidada às câmaras de coagulação,
imediatamente a montante dos filtros, nas quais se podem adicionar os
reagentes. Desta forma a produção de lamas é muito menor, sendo possível uma
redução dos custos de exploração, sobretudo de reagentes, e energia. Ver
filtração, coagulação, floculação, decantação.
Filtrado:
Líquido “limpo” obtido por filtração. No caso dos filtros de areia, o filtrado é a
água que após desinfecção está pronta a ser distribuída até ao consumidor.
Relativamente ao filtrado obtido na desidratação das lamas, é uma água com
elevado teor em cal, que pode ser reintroduzida na linha de tratamento, ou ser
aproveitada para a correcção do pH da água a tratar, quando tal for necessário.
Ver filtração, desidratação das lamas.
Filtro de areia:
Filtro em que o material poroso que retém as partículas em suspensão é a areia.
Utilizado geralmente na etapa de filtração das Estações de Tratamento de Água,
podendo ser constituído por areia com a mesma granulometria, ou com
granulometrias diferentes, consoante as características da água a filtrar. Ver
filtração.
Filtro prensa:
Ver desidratação das lamas.
Floco:
Aglomerado de materiais de diversas naturezas, que no caso das Estações de
Tratamento de Água, é constituído por produtos químicos e impurezas, como
resultado das etapas de coagulação/floculação, e é extraído, sob a forma de
lamas, na etapa de decantação.
63
Floculação:
Processo de agregação de partículas coloidais neutralizadas que, postas em
contacto umas com as outras, vão ganhando tamanho e peso tais que
sedimentam graviticamente, sendo possível a sua separação da massa de água.
Nesta etapa há uma agitação mecânica da massa de água, mas a uma
velocidade mais lenta de modo a promover o bom contacto entre as partículas e
os flocos, e sem que haja a destruição daqueles já formados. Para promover a
formação dos flocos pode-se fazer uma recirculação de lamas directamente dos
decantadores para as câmaras de floculação. Em situações de má floculação
podem utilizar-se adjuvantes, como os polielectrólitos, e se for necessário
corrigir o pH da água por exemplo com cal viva, cal hidratada, ou soda. O
processo de coagulação/floculação surge integrado nos decantadores, onde se
processa a separação das fases sólida e líquida, sendo os flocos extraídos sob a
forma de lamas. Ver coagulação, partículas coloidais, decantação.
Florescências:
Ou “blooms”, significam o desenvolvimento excessivo de cianobactérias, o qual
geralmente ocorre em dias quentes, de grande luminosidade, no Verão e Outono,
em águas preferencialmente estagnadas e com grandes quantidades de
nutrientes, nomeadamente compostos azotados e fosfatados. Ver cianobactérias.
Flúor:
É um elemento presente na natureza, com grande significado em termos
sanitários, e constitui um parâmetro relativo a substâncias indesejáveis. A sua
ocorrência na água para consumo humano numa concentração aproximada de 1
mg/L (1000 µg/L) constitui um mecanismo de prevenção primário em relação às
cáries, podendo haver entre 65 e 75 % das cáries nas crianças, segundo estudos
64
realizados, mas estes valores também podem estar associados a melhores
práticas de higiene dentária, à medicamentação e à
alimentação. Para
concentrações superiores pode afectar o metabolismo do cálcio, ocorrendo a
fluorose dentária, que produz manchas permanentes no esmalte, deteriorando-o,
ou fluorose do esqueleto. Se as concentrações forem maiores que 50 mg/L,
podem ocorrer perturbações respiratórias, nervosas e da tiróide, e superiores a
100 mg/L, poderão surgir atrasos no crescimento, mongolismo, alterações renais
graves e artrite. Então, a fluoretação da água destinada ao consumo humano
deve ser bem ponderada, para não se correr riscos de sobredosagem. Há
também algumas suspeitas da sua relação com certos tipos de cancro.
Fosfatos:
São sais de ácido fosfórico (H3PO4), constituindo um dos aniões (iões negativos)
mais importantes presentes nas água (PO43-). São utilizados como fertilizantes na
agricultura, sendo considerados juntamente com os nitratos, os nutrientes das
plantas, presentes nas águas dos lagos e rios. Sendo bem menos solúveis que os
nitratos, geralmente encontram-se na água sob a forma de precipitados que se
depositam no fundo, ou de partículas em suspensão. Também podem ter como
origem as águas residuais, por serem utilizados em detergentes sintéticos, ou
surgiram naturalmente. Em quantidades excessivas são considerados factor
importante no processo de eutrofização da água, por proliferação de algas. Se
estiverem presentes nas água destinada ao consumo humano, podem causar
problemas no seu tratamento, armazenamento e distribuição. Os fosfatos não
são reduzidos, ou eliminados naturalmente pelas bactérias do meio, só
desaparecendo dos ecossistemas por fixação nos solos ou por sedimentação e
enterramento nos fundos dos lagos ou mares. Os sais de fósforo têm utilização
no tratamento de águas como inibidores do processo de corrosão. Quanto aos
seus efeitos no organismo, são facilmente absorvidos, exceptuando os casos em
que os alimentos contém grandes quantidades de cálcio, o que leva à formação
de fosfatos de cálcio. São praticamente insolúveis pelo que são excretados pelas
fezes, sem haver a sua absorção no intestino.
65
Fósforo:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, o fósforo
é um elemento não
metálico que pode ter origens naturais e antropogénicas, existindo na natureza
diversas variedades alotrópicas, nomeadamente o fósforo branco, muito tóxico, e
o fósforo vermelho, não tóxico. Na forma de fosfatos é essencial à vida, entrando
na composição dos ossos, conferindo-lhes a sua dureza característica, no
entanto, quando em quantidades muito elevadas pode interferir no metabolismo
do cálcio e originar náuseas, diarreias, hemorragias gastrointestinais, formação
de úlceras e problemas renais e hepáticos. Quando os valores mínimos
necessários ao metabolismo humano não são respeitados podem ocorrer
situações dolorosas e fraqueza generalizada.
Fotossíntese:
Processo de fabrico de matéria orgânica (hidratos de carbono) pelas plantas
(verdes), que utilizam a energia luminosa solar, o dióxido de carbono
atmosférico, e água, libertando-se oxigénio livre para a atmosfera. A clorofila é
um pigmento indispensável à fotossíntese.
Fungo:
Organismo eucariótico, com o núcleo bem definido, mitocôndrias, aparelho de
Golgi e retículo endoplasmático. São extremamente comuns na natureza, onde
existem como organismos de vida livre. Alguns produzem esporos que são
resistentes às condições ambientais extremas. Os fungos podem ser unicelulares,
pluricelulares
(filamentosos)
Metabolicamente
são
ou
organismos
apresentar
muito
ambas
versáteis,
e
as
morfologias.
geram
inúmeros
metabolitos, alguns dos quais são tóxicos. Os fungos são heterotróficos ( tal
como os animais, obtém a energia a partir da decomposição de substâncias
orgânicas complexas, ao contrário das plantas que são autotróficas), saprófitas
(vivem
de
matéria
orgânica
morta,
ocasionando
ou
auxiliando
a
sua
decomposição) ou parasitas, não tendo clorofila, raízes, caules ou folhas,
66
habitando ambientes húmidos e águas residuais ou efluentes, dispensando a luz
solar. Podem causar gosto desagradável ou odores à água.
67
G
Gastroenterite:
Infecção aguda do tubo digestivo que pode ser contagiosa, e que apresenta
vários sintomas, nomeadamente vómitos e diarreias. As suas causas podem ser
variadas:
virose,
intoxicação
alimentar,
reacções
alérgicas,
desequilíbrio
bacteriano no trato digestivo, disenteria, etc..
Germes totais (a 37°C e a 22°C):
São bactérias não heterotróficas, aeróbias e anaeróbias facultativas, mesófilas e
psicotróficas (certas espécies têm uma temperatura óptima de crescimento na
ordem dos 30°C, e também conseguem desenvolver-se a temperaturas muito
baixas) capazes de crescer num meio de agar nutritivo.
As bactérias aeróbias a 37°C são uma medida do teor global de bactérias numa
água, já que as bactérias patogénicas para o Homem têm um temperatura
óptima de 37°C, sendo por isso de importância mais significativa que as bactérias
aeróbias a 22°C
Golpe de Aríete ou choque hidráulico:
Designa o efeito, por vezes destruidor, provocado pelo choque de uma massa de
água que circula nas condutas, quando é bruscamente travada no seu
movimento. Toda a mudança de velocidade da corrente de água numa conduta
causa flutuações de pressão. Quanto maior e mais rápida for essa alteração,
maior será a variação da pressão. A súbita interrupção de uma corrente de alta
velocidade
pode
produzir
perigosas
ondas
de
pressão
ascendentes
e
descendentes, ultrapassando os limites de segurança operacionais das tubagens,
acessórios, bombas, etc. (a água ao ser bruscamente parada volta para trás, até
atingir o órgão que causou essa alteração, podendo danificá-lo, e depois segue
novamente o percurso inicial, e assim sucessivamente até parar). Se por esta
68
razão forem geradas pressões inferiores à pressão atmosférica, podem ocorrer
danos nas condutas, por cavitação, e dar-se mesmo a sua rotura devido à
pressão exterior.
As causas mais frequentes de mudança brusca da velocidade do escoamento
são: arranque e paragem de bombas, fecho e abertura rápidos de válvulas e
enchimento das condutas com caudais excessivos. Para prevenir este fenómeno
pode-se, p.e., controlar a velocidade do escoamento na rede, aliviar o refluxo
que ocorre após a paragem da bomba, deixando sair a água da tubagem, evitar
o rápido enchimento das condutas vazias, através da introdução de ar ou água
na conduta quando se prevê a ocorrência de uma subpressão atmosférica.
69
H
Hidrocarbonetos (HC):
Compostos orgânicos constituídos apenas por carbono e hidrogénio. Consoante a
disposição dos átomos de carbono na molécula, subdividem-se em alifáticos
(parafinas, olefinas, diolefinas, etc.) e cíclicos (aromáticos, e naftalenos ou
cicloparafinas). A sua presença na água resulta principalmente da poluição
industrial e derrames, tendo como origens os combustíveis fósseis (petróleo,
óleos minerais, carvão, etc.), encontrando-se igualmente nos produtos da
combustão parcial destas substâncias, como os gases de escape de veículos que
utilizam derivados de petróleo, e de muitos derivados como o benzeno, estireno,
etc., produzidos na indústria petroquímica. Ver Hidrocarbonetos aromáticos
policíclicos, hidrocarbonetos dissolvidos ou emulsionados.
Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP):
Parâmetro
relativo
a
substâncias
tóxicas,
com
origens
antropogénicas
(escorrências de cisternas e oleodutos e perdas no transporte) e naturais (solos
de bosques, transporte atmosférico). A principal fonte de HAP são os alimentos,
sendo muito pequena a quantidade fornecida pela água de consumo. Por serem
voláteis, tendem a desaparecer por evaporação para a atmosfera, mas a fracção
que persiste na água pode originar gostos desagradáveis que podem ser
reforçados pela presença do cloro utilizado para a desinfecção. De entre todos os
hidrocarbonetos, estes são os mais perigosos para a saúde humana pois têm um
efeito cancerígeno muito forte. Sabe-se que atravessam as paredes dos
intestinos e pulmões muito facilmente, acumulando-se nas gorduras. Podem
provocar hiperqueratose, hiperplasia e perda das glândulas sebáceas da pele.
Para o benzeno, concentrações elevadas afectam o sistema nervoso central e
falhas respiratórias que podem conduzir à morte, e em concentrações baixas tem
um efeito cumulativo: ingerido repetidamente durante um longo período de
tempo afecta os tecidos produzidos pelo sangue, reduzindo de uma forma
crescente o número de glóbulos vermelhos e brancos nele presentes, podendo
70
originar leucemia (um tipo de cancro que não pode ser detectado antes de atingir
uma fase em que já não pode ser tratado). O benzo[α]pireno quando ingerido,
provoca um aumento de tumores do estômago em ratos, estimando-se uma
concentração admissível para o Homem de 0.7 µg/L, que produziria um risco
adicional de cancro para toda a vida na proporção de 1/10000.
Hidrocarbonetos dissolvidos ou emulsionados:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis.
Hidrosfera:
Cobertura superficial da Terra onde se desenrola o Ciclo da Água, agrupando a
atmosfera, parte superficial dos continentes, e os oceanos, mares, rios, etc..
Herbicida:
Normalmente é uma substância química utilizada para matar plantas (ervas
daninhas ou invasoras) prejudiciais à lavoura ou a plantas ornamentais.
Húmus:
Componente orgânico complexo do solo, que resulta da decomposição de tecidos
animais e vegetais, conferindo-lhe uma cor acastanhada ou enegrecida, sendo
muito importante para o crescimento das plantas. Ver ácidos húmicos.
71
I
Infiltração:
Infiltração de água da precipitação serve, por um lado, para constituir o
armazenamento na parte superior do solo que alimenta a evapotranspiração, e
por outro, durante o Inverno, irá alimentar os lençóis de água subterrânea,
constituindo o escoamento subterrâneo, que ocorre com grande lentidão,
especialmente quando se processa em terrenos porosos e continua a alimentar
os cursos de água longo tempo após ter terminado a precipitação que o originou.
Do
total
das
precipitações,
esta
parcela
representa,
em
média,
11%.
Obviamente, a infiltração depende do tipo e estado do solo onde ocorre a
precipitação, podendo infiltrar-se ou apenas molhar a sua superfície (intercepção
pela vegetação, pavimentos, etc.). Ver ciclo hidrológico, evapotranspiração,
precipitação.
Insecticida:
Substância química utilizada para matar, ou perturbar insectos. É raro os
insecticidas serem selectivos, ou seja podem acabar por matar outros insectos
que não aqueles a que se destinam, indo afectar os seus predadores naturais. Os
seres humanos também correm riscos pois um muitas dessas substâncias são
extremamente tóxicas. Além disso, pode haver o desenvolvimento de resistência
ao insecticida pela praga, o que leva ao aumento das quantidades aplicadas, com
gravíssimos danos para o ambiente, ou arranjam-se alternativas.
Intrusão marinha:
Processo que se pode verificar nos aquíferos costeiros e que consiste no avanço
sobre o continente de massas de água salgada. Ver aquíferos, salinidade,
salinização.
72
Ionização:
Processo de produção de iões (átomo ou grupo de átomos que ou perdeu um ou
mais electrões, ficando com carga positiva, ou que os ganhou, ficando com carga
negativa). Certas moléculas ionizam-se em solução, como os ácidos; os iões
também podem formar-se como resultado da energia ganha por colisão com
outra partícula, devido ao impacto de radiação.
73
L
Lamas:
No caso das Estações de Tratamento de Água, é a designação dada aos flocos
depositados durante a fase de decantação, que são extraídos dos orgãos onde
esta etapa toma lugar, sob a forma de uma mistura com elevado grau de
humidade (geralmente superior a 98%). Os sólidos que constituem estas lamas
provém da água bruta, integrando os reagentes utilizados (nomeadamente
polielectrólito e cal), e os hidróxidos formados na coagulação/floculação, tendo
um teor de matéria orgânica muito pequeno.
Este tipo de lamas pode ter várias aplicações, nomeadamente na construção
civil, na aplicação em solos para a correcção do seu pH e como meio de
cobertura em aterros. Em termos de custos para a empresa gestora, a sua
produção representa um problema a ter em atenção, sendo aconselhável a sua
diminuição, bem como a recuperação química dos precipitados. O tratamento a
aplicar às lamas deve ser tal que permita a maior redução possível do seu
volume, e a sua deposição final no ambiente tem que ser feita de forma segura.
Algumas formas de reduzir a sua produção são a realização de filtração directa, a
substituição do coagulante por outro mais efectivo a doses inferiores, a
conservação dos reagentes, determinando a dose óptima em intervalos de tempo
frequentes à medida que as características da água bruta mudam. Ver filtração
directa, desidratação das lamas.
Lavagem em contra-corrente:
O ciclo de lavagem inicia-se quando a água filtrada já não apresenta a qualidade
requerida, ultrapassando o valor limite imposto, começando-se eventualmente a
notar flocos na água filtrada, ou ao se atingir a perda de carga terminal, i.e.,
quando não for possível produzir água filtrada à velocidade desejada, ou ainda
sempre que a unidade esteja um longo período sem funcionar.
74
A lavagem é feita em "contra-corrente", fazendo-se passar água filtrada (já
clorada) e ar em sentido inverso ao da filtração, através das boquilhas colectoras
colocadas no fundo dos filtros de areia. A lavagem engloba duas fases, a de
fluidificação, que é feita com ar comprimido, para provocar a expansão do leito,
por descompressão, e com água pondo as partículas em movimento. As areias,
ao chocarem umas com as outras, fazem com que as partículas coloidais leves se
libertem dos poros; seguidamente, na fase de lavagem propriamente dita é
elevado um caudal de água de lavagem com o qual essas partículas se escapam,
tornando assim a lavagem mais eficiente. Após alguns minutos este caudal é
fechado, e a areia assenta no lugar.
A água suja é recolhida em caneletas dispostas transversalmente, com um
comprimento de descarregador suficientemente elevado para garantir uma
velocidade de aproximação reduzida, evitando o arrastamento de areia e uma
boa repartição hidráulica, necessária para assegurar uma lavagem correcta. A
água é então descarregada para um canal central, saindo do filtro por intermédio
de uma comporta para um canal paralelo ao da água decantada a filtrar. Deste
canal a água segue para a cisterna da água da lavagem dos filtros e daí é
elevada para o decantador circular. A água é assim recuperada e reintroduzida
na linha de tratamento, após decantação para redução da concentração de
sólidos.
As lamas resultantes do processo de deacantação da água da lavagem dos filtros
juntam-se às dos decantadores-espessadores, e são encaminhadas ao seu
tratamento. Ver desidratação das lamas, filtração, filtros de areia.
75
M
Magnésio:
Parâmetro físico-químico muito abundante na natureza (cerca de 2% da crosta
terrestre), de origem fundamentalmente geológica, mas que também pode ser
resultado de certas actividades industriais. O magnésio forma sais muito solúveis
e juntamente com o cálcio é responsável pela dureza total da água. Quando
presente em concentrações muito elevadas torna-se indesejável devido aos
problemas de incrustações que provoca. Em termos de saúde pública, intervém
em inúmeros processos enzimáticos, e é um elemento constituinte do tecido
ósseo, mas tal como o cálcio, as suas formas mais assimiláveis encontram-se
nos alimentos, principalmente em cereais. O seu déficit favorece a hipertensão, e
ao ser adicionado à dieta como suplemento, provoca a diminuição da tensão
arterial, e tem um efeito diurético.
Manganês/manganésio:
A sua presença na água para consumo humano em grandes concentrações é
indesejável, causando inconvenientes semelhantes aos do ferro (alteração das
características
organolépticas).
Pode
ser
encontrado
tanto
em
águas
subterrâneas como superficiais. Nas água superficiais, o manganês encontra-se
precipitado nos sedimentos, mas quando há a diminuição do oxigénio dissolvido,
ele retorna à forma dissolvida, podendo atingir concentrações elevadas.
Em concentrações elevadas torna-se tóxico, mas devido aos seus inconvenientes
estéticos, acaba por ser eliminado durante o tratamento da água, por oxidação,
antes de atingir tais valores. Se for absorvido continuamente, pode originar, p.e.,
a situação neurológica conhecida como parkinson mangánico, que evolui
lentamente, durante meses ou anos, podendo criar estados graves. No entanto,
visto que se trata de um oligoelemento essencial à vida humana, acaba por ter
um aspecto positivo para suprir as carências Nas Estações de Tratamento de
Água há também o problema do desenvolvimento de um certo tipo de bactérias,
76
como a Gallionella, cuja presença causa perturbações no funcionamento dos
filtros de areia. Há igualmente o problema da formação de depósitos e corrosão
das canalizações no sistema de distribuição.
Metahemoglobinemia infantil:
Ver nitratos.
Mercúrio:
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas, tem origens naturais (erosão de
depósitos de cinábrio) e antropogénicas, como a indústria da pasta de papel,
tratamento de sementes, combustíveis fósseis, extracção mineira e refinação. O
mercúrio, na forma metálica, é também utilizado em termómetros, barómetros e
até em brinquedos para crianças. Se houver um ambiente fechado e aquecido no
qual ocorra um derrame, mesmo em pequenas quantidades, pode dar-se o
envenenamento. Os compostos de mercúrio são tóxicos ou por ingestão, ou por
inalação de partículas bioacumuláveis, originando, nomeadamente por inibição
dos sistemas enzimáticos, transtornos neurológicos e renais, consoante se
tratarem de compostos orgânicos ou inorgânicos, respectivamente, e interferindo
no metabolismo do colesterol. Pequenas doses provocam dores de cabeça,
nervosismo e irritabilidade, enquanto que doses maiores causam convulsões,
coma e eventualmente a morte. Relativamente aos compostos orgânicos, o
metil-mercúrio é bastante perigoso, tendo efeitos teratogénicos. Este composto
provém da transformação microbiana do mercúrio inorgânico e de alguns
compostos orgânicos que contém mercúrio. Geralmente os sais inorgânicos de
mercúrio não constituem perigo para os organismos, sendo muito utilizados na
agricultura para combater doenças e pragas. Por sua vez, os compostos
orgânicos utilizados para combater doenças provocadas por fungos em sementes
e plantas em crescimento, frutas e hortaliças podem ser absorvidos pelo Homem,
sendo muitíssimo tóxicos (o alquil-mercúrio pode causar atrasos mentais
permanentes). São conhecidos vários casos de intoxicação colectiva, como
sucedeu no Iraque, por utilização de sementes que haviam sido tratadas com
mercúrio, e na baía de Minamata (Japão, 1950), onde uma fábrica descarregou
77
este metal no meio hídrico, atingindo os peixes, principal alimento da população
local.
Microorganismos: seres microscópicos como as bactérias, fungos, algas,
protozoários,
rotíferos,
crustáceos
e
nemátodas,
que
se
encontram
em
ambientes vários, sendo indesejáveis quando presentes numa água destinada ao
consumo humano.
Mistura Rápida:
Esta operação consiste na distribuição acelerada e uniforme dos reagentes,
nomeadamente do coagulante, e p.e., do permanganato de potássio, pela água,
criando uma fase homogénea. É neste momento que se inicia o processo de
coagulação/floculação. Esta mistura é feita mecanicamente por intermédio de um
electroagitador, geralmente de pás planas. Ver Coagulação.
Mutagéneo:
Agente físico (radiações ionizantes) ou químico que pode modificar a estrutura
química dos genes (material hereditário). Certas substâncias químicas ao
reagirem com o ADN, molécula que transporta o material hereditário, são muitas
vezes mutagénicas, como alguns insecticidas. Embora algumas mutações
possam trazer alguns benefícios, a maioria tem um efeito perigoso ou neutro,
sendo muitos dos mutagéneos igualmente cancerígenos.
78
N
Nanofiltração:
Técnica de separação por membranas, que consiste em fazer passar sob pressão
a água através de membranas filtrantes, as quais retém praticamente tudo (com
a excepção dos pesticidas e nitratos), e deixando passar a água. É uma variação
da osmose inversa, técnica utilizada p.e., para a dessalinização da água, em que
são separados da água os sais nela dissolvidos. Ver osmose inversa e separação
por membranas.
Nascente:
Ponto onde nasce a água subterrânea; fonte.
Níquel:
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas com origens industriais. É relativamente
pouco tóxico via digestiva por ser fracamente assimilado no intestino, não
representando perigo para a saúde pública quando presente nos alimentos e
água para consumo. Em
algumas
experiências
com
animais, revelou-se
carcinogénio.
Nitratos:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, com origens tanto naturais
(erosão de depósitos naturais) como antropogénicas, sobretudo a existência de
dejectos humanos e animais, mas também podem ser provenientes dos produtos
utilizados na agricultura. Os nitratos não são tóxicos para o Homem, tendo
apenas um efeito diurético, já que são total e rapidamente eliminados pela urina.
No entanto podem acarretar problemas especialmente para os bebés (tal como
nos ruminantes), pois a baixa acidez ao nível do seu estômago permite o
desenvolvimento de bactérias que fazem a redução dos nitratos a nitritos, além
79
de terem um tipo de hemoglobina que reage facilmente com os nitritos. Quando
ocorre esta reacção com a hemoglobina (pigmento vermelho do sangue,
responsável pelo transporte do oxigénio) o transporte do oxigénio através do
organismo deixa de ser eficaz. Se tal acontecer a um nível significativo, o
organismo pode mesmo sufocar, situação designada por metahemoglobinemia
infantil, ou vulgarmente, a doença azul, que pode mesmo ser fatal. Também está
demostrado o seu efeito cancerígeno e teratogénico.
São compostos bastante solúveis na água, pelo que a sua presença pode
contribuir para a eutrofização de rios e contaminação de aquíferos. O “bloco”
azotado (nitratos, nitritos e amónia) é na maior parte das vezes acompanhado
de teores elevados de cloretos, sulfatos e fosfatos.
Nitritos:
Em águas naturais, os nitritos são indício de poluição, mas são rapidamente
convertidos em nitratos sobretudo em solos agrícolas, e absorvidos pelas
plantas. No entanto podem acarretar problemas aos seres humanos, como a
metahemoglobinemia nos bebés e constituindo também um potencial risco de
cancro devido à formação endógena e exógena de compostos N-nitrosos e
nitrosaminas. Também se podem formar no final dos sistemas de distribuição se
for praticada a desinfecção com cloraminas.
Norma ou Padrão de qualidade da água:
Valores de parâmetros físicos, químicos, biológicos e microbiológicos que
definem uma qualidade da água aceite como adequada para determinado uso,
neste caso, para consumo humano.
Nutrientes:
Geralmente dizem respeito aos nitratos e fosfatos existentes nas águas
superficiais,
permitindo
o
desenvolvimento
de
algas,
e
provocando
a
eutrofização, quando em excesso.
80
O
Organismos Patogénicos:
Responsáveis pela transmissão de doenças contagiosas, existindo uma grande
variedade de bactérias, vírus e parasitas responsáveis pela transmissão de
doenças por ingestão de alimentos ou água contaminada.
Organoclorados:
Grupo de substâncias químicas que entram na formação de certos insecticidas,
compostos por um hidrocarboneto clorado com um ou mais anéis aromáticos, ou
um hidrocarboneto cíclico saturado. São compostos menos tóxicos
que outros
compostos orgânicos (fosforados, clorofosforados e carbamatos), mas são muito
persistentes no ambiente, bioacumulando-se. Ver bioconcentração.
Osmose inversa:
Também denominada hiperfiltração, é feita com membranas semipermeáveis que
permitem a passagem da água, mas não dos seus solutos, com a excepção de
algumas moléculas orgânicas muito semelhantes à água em termos de tamanho
molecular e polaridade. Na osmose “normal”, a água tende a passar pela
membrana desde a parte mais diluída até à mais concentrada, até atingir o
equilíbrio osmótico, o que se traduz numa pressão hidrostática (pressão
osmótica). Se for aplicada uma pressão superior à osmótica na zona mais
concentrada, a água passará da zona de maior concentração de solutos para a de
menor concentração, ficando estes retidos na membrana.
Este tipo de tratamento é feito para a dessalinização da água do mar ou salobra,
para a obtenção de água potável, mas requer muita energia, e membranas,
sendo uma técnica dispendiosa. Ver dessalinização, salinidade, salinização.
81
Outros compostos organoclorados (sem ser os
pesticidas):
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, como o tetracloroetano e o
tricloroetano.
Oxidabilidade ao permanganato:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, que constitui um teste geralmente
equivalente à matéria orgânica presente na água, já que inclui as substâncias
redutoras susceptíveis de serem oxidadas pelo permanganato de potássio, que
se trata de um oxidante forte. Juntamente com outros parâmetros, como o Azoto
Kjeldahl, é considerado um indicador indirecto de contaminação fecal, já que as
águas residuais têm um elevado teor em matéria orgânica. Uma vez que não se
define a natureza dos compostos oxidativos, não tem significado em termos
sanitários.
Oxidação:
Esta denominação foi originalmente atribuída ao processo químico que ocorre
quando o oxigénio reage com outras substâncias, mas como este processo
envolve reacções de redução (ganho de electrões) e de oxidação (perda de
electrões) entre várias substâncias, é mais correctamente denominado oxidaçãoredução (redox). Um agente de oxidação ou oxidante provoca a oxidação de
outras substâncias, ficando ele próprio reduzido, e contém átomos com números
de oxidação elevados.
Relativamente à oxidação da matéria orgânica das águas naturais destinadas ao
consumo humano, recorre-se a agentes oxidantes como o cloro e compostos
clorados (cloro gasoso, dióxido de cloro, hipocloritos), ozono, permanganato de
potássio, peróxido de hidrogénio, etc.. Com este processo, e dependendo do
agente oxidante utilizado e da fase de tratamento em que este é aplicado,
consegue-se remover a cor ,cheiros e sabores, inactivar esporos, destruir
82
microorganismos, etc., melhorando o desempenho das fases de tratamento
seguintes.
Óxido:
Composto resultante da combinação do oxigénio com outro elemento.
Oxigénio (O2):
Elemento gasoso, incolor, insípido e inodoro. É o elemento mais abundante na
crosta terrestre (49.2% por peso), e o que está presente na atmosfera (28% por
volume) é extremamente importante para todos os organismos aeróbios. A
respiração dos seres vivos conduz a um consumo importante de oxigénio, com a
libertação concomitante de CO2. Contudo, o consumo excessivo de combustíveis
fósseis traduz-se num aumento regular do teor de CO2 na atmosfera, o qual a
fotossíntese não consegue regular completamente.
Pode ser obtido por destilação fraccionada a partir de ar líquido, tendo várias
aplicações industriais. A sua forma comum é a diatómica (O2), sendo possível
produzir o ozono (O3) por ionização dos átomos de oxigénio, que é um oxidante
muito forte actualmente utilizado para o tratamento da água destinada ao
consumo humano. Quimicamente o oxigénio reage com a maioria dos elementos
formando óxidos. Ver oxidação, ionização, ozono.
Oxigénio Dissolvido:
Parâmetro físico-químico cuja presença é normalmente considerada como
positiva, pois relaciona-se directamente com a existência de contaminação
orgânica, em geral de origem fecal. Se existir este tipo de contaminação há a
diminuição do seu teor, devido ao metabolismo bacteriano. No entanto, há que
ter em atenção que uma concentração muito elevada também pode indicar a
ocorrência
de
contaminação,
pois
a
degradação
da
matéria
orgânica
é
acompanhada de um aumento da concentração de oxigénio dissolvido (O.D.),
podendo por este motivo ser considerado um indicador de contaminação fecal.
83
Então, deve se manter a sua concentração num valor próximo da saturação. Se
não se garantir um teor mínimo de oxigénio dissolvido podem ocorrer vários
inconvenientes, nomeadamente a formação de sabores e odores desagradáveis,
corrosão das canalizações e proliferação de microorganismos. A solubilidade do
oxigénio depende sobretudo da temperatura da água e da existência de
determinadas substâncias como os cloretos, variando na razão inversa.
Ozono:
Variedade alotrópica do oxigénio, o ozono é um gás tóxico, incolor, solúvel em
água, com cheiro característico, mesmo quando em baixas concentrações (o
olfacto humano detecta a sua presença quando a sua concentração é de 0.01
ppm), e dependendo da sua concentração tem uma coloração que varia de
incolor ao azul-escuro. Por ser muito instável, não pode ser armazenado nem
transportado, pelo que para a sua aplicação tem que ser produzido no local.
É um oxidante excelente, com um poder de oxidação superior ao do cloro, e com
propriedades
bactericidas
e
virulicidas
importantes
e
de
acção
rápida.
Actualmente é bastante utilizado como pré-oxidante no tratamento de águas,
nomeadamente para consumo humano, visto melhorar a separação sólidolíquido, aumentar a capacidade de filtração e produzir água de muito melhor
qualidade. No entanto, utilização do ozono não permite a existência de um
residual que garanta protecção contra possíveis contaminações da água pelo
que, no caso do tratamento de águas destinadas ao consumo humano, realiza-se
a sua desinfecção com outro reagente, geralmente o cloro gasoso.
A sua produção consiste em fazer passar uma corrente gasosa de oxigénio (ou
ar) num ozonizador, que é basicamente um conjunto de eléctrodos, entre os
quais é gerado um campo eléctrico, criado por um potencial elevado que, por
descargas eléctricas, provoca a ionização do O2. O oxigénio monoatómico
ionizado recombina-se com o oxigénio diatómico, formando o ozono – O3 -. Este
é então posto em contacto com a água bruta, por exemplo sendo introduzido por
meio de difusores em câmaras de contacto. Conforme as características da água
84
bruta exigirem mais ou menos ozono, a sua dosagem é facilmente regulável,
simplesmente modificando a voltagem dos geradores.
O principal inconveniente da utilização do ozono é o seu elevado custo de
produção, sobretudo energético, mas também há a considerar a sua toxicidade
para
o
Homem,
que
se
manifesta
a
baixas
concentrações
(com
uma
concentração superior a 0.25 ppm na atmosfera já representa perigo para a
saúde). No entanto, como é detectável a baixas concentrações, qualquer fuga
acidental é facilmente resolvida. Ver pré-ozonização.
Este composto é também produzido pela acção de descargas eléctricas
(relâmpagos) na estratosfera ou quando esta é atravessada pela radiação
ultravioleta (U.V.) que reage com o oxigénio, agindo como uma barreira
protectora da Terra contra esta radiação. Uma fina camada de ozono foi-se
formando progressivamente devido a estes factores nas camadas superiores da
atmosfera terrestre primitiva à medida que esta se enriquecia em óxigénio,
graças à fotossíntese. Como o ozono impede a passagem da radiação U.V.,
protege
os
seres
vivos
contra
a
sua
acção
letal,
o
que
permitiu
o
desenvolvimento rápido das diversas formas de vida no planeta. A camada de
ozono encontra-se a cerca de 15 a 50 km acima da crosta terrestre
(estratosfera), e a sua espessura actualmente é desigual, encontrando-se mais
fina no equador e nos pólos, como resultado da sua reacção com compostos
derivados da actividade humana, sobretudo os CFC’s, halogéneos, e óxidos de
azoto produzidos pela aviação.
Na troposfera (camada inferior da atmosfera, onde vivemos), o ozono é um
poluente fotoquímico que contribui para o efeito de estufa, que se forma quando
na presença de radiação solar, óxidos de azoto e hidrocarbonetos emitidos por
combustão pelos veículos automóveis, incineradores, chaminés de caldeiras, etc..
Acima de determinado valor, o ozono é nocivo para o Homem e animais, e causa
irritações nas mucosas oculares e respiratórias, especialmente em pessoas
sensíveis.
85
P
Parâmetros físico-químicos:
Segundo o D-L n.º 236/98, de 1 de Agosto, alguns destes parâmetros incluem-se
no grupo de frequência de amostragem G2, como a temperatura e o pH, e outros
no grupo G3, como o cálcio, os cloretos, o magnésio, o potássio, o sódio, e os
sulfatos. Além destes, são também parâmetros físico-químicos a condutividade, a
sílica, o alumínio, a dureza total, os sólidos totais, o anidrido carbónico livre e o
oxigénio dissolvido, alguns dos quais que podem ter efeitos negativos sobre a
saúde do consumidor e sobre o funcionamento das Estações de Tratamento de
Água e sistemas de distribuição.
Parâmetros microbiológicos:
De acordo com o D-L n.º 236/98, de 1 de Agosto, estes parâmetros incluem-se
no grupo G1 (com a excepção dos estreptococos fecais e dos clostrídios
sulfitoredutores, que se incluem no grupo G2), ou seja, no grupo cujos
parâmetros têm que ser analisados com maior frequência, pois são indicadores
de situações perigosas imediatas para a saúde pública, dependendo da eficácia
da desinfecção efectuada. Os parâmetros microbiológicos analisados são:
coliformes
fecais,
coliformes
totais,
estreptococos
fecais,
clostrídios
sulfitoredutores, e germes totais (a 22°C e a 37°C). Embora não seja obrigatório
por lei, para completar o melhor possível o exame microbiológico da água, é
conveniente realizar a análise a: salmonelas, bacteriófagos fecais, enterovírus,
estafilococos
patogénicos.
Além
disso,
estas
águas
não
devem
conter:
organismos parasitas, algas, organismos macroscópicos.
86
Parâmetros organolépticos:
De acordo com o D-L n.º 236/98, de 1 de Agosto, são a cor, a turvação (grupo
G2), o cheiro e o sabor (grupo G1), sendo parâmetros a que o consumidor é
particularmente sensível. A apreciação destes parâmetros deverá ser feita sem
recurso a aparelhagem que não os sentidos da vista, tacto, olfacto e sabor,
tratando-se apenas de uma avaliação qualitativa. Uma água para consumo
humano deve ser incolor, límpida, inodora e insípida. Normalmente quando estes
parâmetros ficam alterados, não quer dizer que existam necessariamente riscos
para a saúde, mas em determinadas circunstâncias podem estar associados a
situações potencialmente perigosas.
Parâmetros relativos a substâncias indesejáveis:
Segundo o D-L n.º 236/98, de 1 de Agosto, a maioria destes parâmetros
incluem-se no grupo G3, como o azoto Kjeldahl, bário, boro, cobalto, cobre, COT,
fenóis,
ferro
dissolvido,
fluoretos,
fosfatos,
hidrocarbonetos
dissolvidos,
manganês, outros compostos organoclorados, prata, substâncias extraíveis,
substâncias tensoactivas, sulfureto de hidrogénio e zinco. Pertencem ao grupo
G2 o azoto amoniacal, os nitratos e nitritos e ao grupo G1 o cloro residual
disponível e a oxidabilidade.
A presença destas substâncias acima de determinado valor pode indicar a
ocorrência de situações, como o próprio nome indica, inconvenientes para o
utilizador, sendo estes efeitos geralmente visíveis e não desejáveis, e não
necessariamente tóxicos. Por exemplo, a presença de concentrações excessivas
de ferro, manganês, cobre, zinco, fósforo e cobalto provoca normalmente a
formação de precipitados, a ocorrência de turvação e/ou coloração na água,
tornando-a menos apetecível para o consumidor.
87
Parâmetros relativos a substâncias tóxicas:
Segundo o D-L n.º 236/98, de 1 de Agosto, estes parâmetros estão incluídos no
grupo G3: antimónio, arsénio, berílio, cádmio, cianetos, chumbo, crómio,
hidrocarbonetos
aromáticos
policíclicos,
mercúrio, níquel,
pesticidas totais
selénio, vanádio. Estas substâncias, quando presentes acima de determinadas
concentrações,
podem
resultar
em
situações
de
toxicidade,
com
várias
consequências carcinogénicas, mutagénicas e teratogénicas, mas a sua presença
na água não varia muito ao longo do tempo.
Parasitas:
São organismos bastante complexos, podendo ser unicelulares (protozoários –
esporozoários, amibas, flagelados e ciliados) ou pluricelulares (helmintas), e
dependem de um hospedeiro para viver, alguns estabelecendo uma relação
permanente com o hospedeiro, e outros passam por uma série de fases de
desenvolvimento em vários hospedeiros. Os protozoários variam entre 1 e 2 µm
de diâmetro e os helmintas podem medir até 10 metros de comprimento. Muitos
dos protozoários produzem toxinas, para além das lesões que causam ao
hospedeiro após a adesão e replicação. Muitas das consequências patogénicas
das infecções por helmintas estão relacionadas com o seu tamanho, movimento
e longevidade. As lesões directas resultam do bloqueio mecânico dos orgãos
internos ou dos efeitos de pressão exercida pelos parasitas em crescimento. Ver
doenças transmitidas pela água.
Partículas coloidais:
São sistemas constituídos por 2 ou mais fases, com uma (a fase dispersiva)
distribuída na outra (a fase contínua), e pelo menos uma delas tem dimensões
muito pequenas (entre 10-9 e 10-6). No tratamento de água para consumo,
devido a estas pequenas dimensões, os colóides não sedimentam num período
de tempo razoável, e passam através dos poros dos filtros. Estas partículas não
se aglomeram porque têm cargas superficiais negativas, repelindo-se umas às
88
outras, e mantém-se estáveis se permanecerem pequenas, e são animadas de
um movimento contínuo chamado Movimento Browniano. Por forma a eliminálas, faz-se a adição de um coagulante, sendo o mais comum o sulfato de
alumínio, cujos iões Al3+, por terem carga contrária à das partículas coloidais,
neutralizam as suas cargas superficiais, sendo assim possível a sua agregação a
outras partículas. A este fenómeno chama-se - desestabilização dos colóides -.
Desta forma, as partículas podem crescer e ganhar peso, por aglutinações
sucessivas, formando-se precipitados - flocos - que, ao sedimentarem, já
permitem a separação da fase sólida da líquida. Ver coagulação, coagulante,
floculação.
Partículas em suspensão:
Pequenos grãos de rocha, solo ou matéria orgânica transportados pela água e
que podem ser separados desta por sedimentação ou filtração, consoante a
velocidade da água e as características das próprias partículas. As suas principais
origens são a erosão do solo, os organismos vivos, sobretudo bactérias e algas, e
as actividades agrícolas, industriais e eutrofização. Em águas paradas, as
partículas pesadas depositam, podendo apenas permanecer em suspensão as
mais finas (normalmente com dimensões inferiores a 1 µm), ou as coloidais.
Devido às suas pequenas dimensões, possuem uma grande superfície que lhes
confere uma grande capacidade de adsorção, podendo por isso constituir um
meio de transporte de substâncias tóxicas, como metais pesados e pesticidas, ou
de microorganismos como vírus e bactérias patogénicas, daí a necessidade da
sua eliminação. Ver partículas coloidais, turvação.
Permanganato de potássio (KMnO4):
É um oxidante enérgico conhecido há muito tempo, muito embora não seja muito
utilizado no tratamento de águas de abastecimento. Apresenta-se sob a forma de
cristais violeta escuro e em contacto com ele, a água adquire uma tonalidade
rosa, o que permite detectá-lo facilmente. Apresenta várias vantagens sobre o
cloro, já que a sua manipulação não acarreta riscos, é de baixo custo e não dá
origem a sabores e cheiros desagradáveis. No entanto, não tem acção residual, e
89
o seu controlo é complicado, tornando-se necessário eliminar a coloração que
confere à água, e ao longo do tempo forma-se um precipitado escuro na água
que adere às paredes dos órgãos de tratamento e a materiais de cerâmica e
vidro, sendo de difícil remoção sem causar estragos.
A sua aplicação é recomendada, conjuntamente com o cloro, quando a água
bruta contém muita matéria orgânica, tendo uma acção muito rápida sobre esta.
Geralmente é utilizado para a oxidação de substâncias inorgânicas reduzidas,
como sais de ferro e manganês. A sua aplicação deve ser feita antes da
coagulação/floculação, já que há a produção de dióxido de manganês o qual
contribui para a eliminação de impurezas catiónicas por adsorção, favorecendo a
floculação. Ver ferro, manganês, pré-oxidação.
Pesticidas:
Designação que inclui uma variedade substâncias com natureza distinta e
variadas
aplicações,
como
algicidas,
insecticidas,
fungicidas,
herbicidas,
fumigantes e rodenticidas. De todos, os mais importantes são os produtos
químicos orgânicos sintéticos, como o DDT, o paratião, etc., não só em termos
de consumo, como da sua potencial contaminação ambiental, causando a ruptura
do equilíbrio natural. Ao atingir os rios, por escorrências, aplicação directa,
lixiviação de solos agrícolas, descargas industriais ou transporte aéreo, podem
conduzir ao desenvolvimento de espécies resistentes a estes produtos, o que
pode ter efeitos negativos nas cadeias alimentares, e pode mesmo causar a
morte a peixes e outros seres vivos aquáticos, contaminando os lençóis freáticos,
e logo a água potável e a comida. Embora no ambiente as suas concentrações
sejam geralmente baixas, eles tendem a concentrar-se à medida que progridem
na cadeia alimentar (bioconcentração), com consequências gravíssimas para a
fauna e flora selvagens, e para a saúde humana. Cerca de 90% dos pesticidas
que
absorvemos
provém
dos
alimentos
que
foram
tratados
com
estas
substâncias, pelo que se torna obrigatório lavar os legumes e frutas antes de os
confeccionarmos e comermos.
90
Plâncton:
Nos sistemas aquáticos constitui a unidade básica de produção de matéria
orgânica. Os seus organismos mais representativos são as algas, bactérias,
rotíferos, cladóceras, cocépodes, e algumas larvas. De acordo com a sua
natureza, o plâncton pode ser dividido em três categorias: bacterioplâncton,
fitoplâncton e zooplâncton.
Polielectrólito:
Composto de cadeia longa e elevado peso molecular utilizado como adjuvante da
floculação, ou na desidratação das lamas produzidas, que pode ter cargas
negativas (aniónico), positivas (catiónico), ambas ou nenhuma. Estes compostos
têm muitos locais activos onde há a adesão aos flocos, juntando-os e formando
um floco maior e mais coeso, que sedimenta muito melhor. O tipo de
polielectrólito a utilizar, o local e a dose a aplicar dependem das características
da água bruta, sendo adicionados à água nas situações de pior coagulação. Ver
coagulação, floculação, desidratação das lamas.
Poluente:
Substância ou material que causa poluição, representando um potencial ou real
perigo ao ecossistema e/ou à saúde dos organismos que nele vivem, ou que com
ele interactuam. Ver
poluente biodegradável, poluente não biodegradável,
poluição.
Poluente biodegradável:
Pode
ser
convertido
em
algo
não
perigoso,
por
processos
naturais
e,
consequentemente não provoca necessariamente prejuízos permanentes se
forem
dispersos
ou
tratados
adequadamente,
como
por
exemplo
os
esgotos/efluentes/águas residuais.
91
Poluente não biodegradável:
Eventualmente acumulável no ambiente, podendo-se concentrar nas cadeias
alimentares, como os metais pesados e o DDT.
Poluição:
Alteração indesejável nas características físicas, químicas ou biológicas do
ambiente natural, causada directa ou indirectamente pela actividade humana,
podendo ser prejudicial tanto à vida humana como não humana. Os usos a dar à
água dependem da sua qualidade pelo que se esta estiver poluída pode perturbar
ou mesmo destruir o equilíbrio dos ecossistemas e dos recursos naturais,
podendo causar doenças e pôr em causa muitas formas de vida. Há duas classes
principais de poluentes: os biodegradáveis (ex. esgoto), e os não biodegradáveis
(ex. metais pesados, DDT), e a sua capacidade de interferir na qualidade da
água depende da sua concentração e da capacidade de diluição do meio hídrico.
Outras formas de poluição do ambiente incluem o ruído, a poluição visual e a
poluição térmica (p.e., devido ao funcionamento de certas indústrias e centrais
termoeléctricas e nucleares, que utilizam a água para arrefecimento).
Pontos de entrega:
São os reservatórios onde é entregue a água tratada proveniente da ETA,
geralmente sem constituírem pontos de consumo, terminando nesses locais a
distribuição em alta, da responsabilidade da entidade gestora. A partir daqui a
distribuição da água passa a ser feita em baixa, sendo da responsabilidade dos
Municípios. Ver Sistema de abastecimento de água em alta e Sistema de
abastecimento de água em baixa.
Potássio:
Parâmetro físico-químico de origens natural e antropogénica, nomeadamente
algumas indústrias e restos de fertilizantes, que intervém nos mecanismos de
regulação osmótica. É o 7º elemento mais abundante na Terra, e a sua
92
concentração na maioria das águas naturais raramente excede 20 mg/L. É
indispensável à vida, sendo absorvido do solo pelas raízes das plantas e
incorporado pelos animais através da alimentação. Juntamente com o sódio
desempenha um
papel
essencial
na
transmissão dos
impulsos
nervosos
electroquímicos aos nervos e fibras nervosas. A sua insuficiência provoca
sintomas de fraqueza muscular e perda de capacidade cerebral, mas o seu
excesso também pode ser fatal.
Potencial de hidrogénio, pH:
Parâmetro físico-químico que constitui uma medida do grau de acidez ou
basicidade de um meio aquoso, variando entre 1 e 14. Se o valor do pH é 7, para
uma temperatura de 25°C, o meio é neutro. Os valores abaixo de 7
correspondem a um meio ácido e os superiores a um meio básico/alcalino. Por
exemplo, o ácido de bateria tem pH 1, o sumo de limão 2, o leite 6 e a soda
cáustica 13. A escala de pH é logarítmica, em que pH = - log10 [H+], sendo [H+]
a concentração dos iões hidrogénio. Então, uma mudança de uma unidade na
escala representa uma multiplicação por dez, ou seja, uma solução com pH 2 é
dez vezes mais ácida que uma com pH 3, e cem vezes mais ácida que uma com
pH 4.
Nas água naturais não poluídas, o pH é sobretudo determinado pela inter-relação
entre o CO2 livre e as espécies carbonáceas presentes, podendo variar entre 4 e
9.
Em termos da saúde pública este parâmetro não tem grandes repercussões, no
entanto, uma água com características ácidas pode levar à solubilização de
metais constituintes das tubagens (corrosão), que podem ser tóxicos, tendo por
isso de ser controlado. Além destes aspectos, o pH influencia o processo de
tratamento a que a água é submetida, sobretudo a decantação e a desinfecção,
tendo de ser controlado para a optimização do processo.
Prata:
93
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis. Ocorre como elemento e como
minerais (argenite e clorargirita), existindo nos minérios de ferro e de cobre,
sendo extraída como produto intermediário na sua fundição e refinação, e tem
utilizações várias (joalharia, talheres, reagentes de fotografia - compostos como
o cloreto e nitrato de prata, que são sais iónicos de prata I). Nas águas naturais
ocorre ocasionalmente, mas raramente surge em concentrações detectáveis na
água para consumo. No tratamento de águas para consumo, pode ser utilizado
como desinfectante, ou como constituinte de certos filtros.
Curiosidade: antigamente utilizava-se recipientes de prata para armazenamento
de água devido às suas propriedades como desinfectante.
Precipitação:
ƒ
formação de um precipitado, i.e., de uma suspensão de pequenas
partículas sólidas num líquido, por reacção química;
ƒ
relativamente ao ciclo hidrológico, pode ser considerado como o seu ponto de
partida. Ao atingir o solo várias situações podem ocorrer: a água pode evaporar
imediatamente, sobretudo se a superfície é muito quente; se o solo for seco e/ou
poroso pode ocorrer a infiltração da água no solo, ou a sua intercepção pela
vegetação, pavimento, prédios, etc.; ficar retida em pequenas depressões e
poças até evaporar ou transbordar; dirigir-se directamente para o curso de água
mais próximo, constituindo a água superficial. Estas quatro situações reduzem
consideravelmente a quantidade directa de escorrência.
A repartição da precipitação na Terra é desigual, tanto de região para região,
como ao longo do ano, e muitas vezes de ano para ano. Relativamente à sua
variação com a latitude ocorre em menor escala nos pólos e zonas cobertas de
gelo, aumenta nas zonas temperadas, voltando a diminuir na zona que precede
os trópicos e voltando a aumentar até atingir o seu máximo na zona
intertropical. Além disso também chove mais nas zonas costeiras que no interior
dos continentes, já que cerca de 85% do vapor de água na atmosfera vem dos
oceanos (Efeito da Continentalidade). Ver ciclo hidrológico.
94
Pré-Cloragem:
Consiste na pré-oxidação com cloro das substâncias presentes na água bruta. A
utilização de cloro gasoso ou de hipocloritos deve ser bem ponderada devido à
formação
de
Trihalometanos,
substâncias
potencialmente
cancerígenas
e
mutagénicas, resultantes da reacção de substâncias orgânicas precursoras
(sobretudo ácidos húmicos e fúlvicos) com o cloro. Ver cloração, cloro, préoxidação, Trihalometanos.
Pré-oxidação:
Traduz o início do processo de tratamento da água bruta, na qual é injectada
uma substância oxidante, como o ozono, cloro, permanganato de potássio,
dióxido
de
cloro,
etc.,
para
a
oxidação
das
substâncias
presentes,
nomeadamente a matéria orgânica, micropoluentes e metais. Sendo realizada
com ozono é designada por Pré-Ozonização, e com cloro é a Pré-Cloragem. Esta
fase é de grande importância, pois favorece as fases seguintes, nomeadamente a
floculação e a filtração, evitando a proliferação de algas e microorganismos nas
instalações. Ver oxidação, pré-cloragem, pré-ozonização.
Pré-ozonização:
Consiste na pré-oxidação com ozono das substâncias presentes na água bruta. O
ozono tem-se mostrado muito mais vantajoso que os outros oxidantes
geralmente utilizados, melhorando o desempenho dos orgãos seguintes, e
consequentemente, produzindo melhor qualidade da água.
Das múltiplas vantagens decorrentes desta fase, há a diminuição da proliferação
de algas; não se verifica a formação de trihalometanos, pois oxida os seus
precursores orgânicos e diminui a demanda de cloro a utilizar; promove uma
leve floculação, mesmo em pequenas concentrações; melhora o tratamento
biológico da água ao quebrar as grandes moléculas orgânicas, melhorando a sua
biodegradabilidade; elimina cheiros, sabores e cor devido à sua grande acção
sobre as substância responsáveis por esses fenómenos.
95
A principal limitação da ozonização da água é a falta de acção residual do ozono,
um dos aspectos mais importantes da desinfecção, pelo que torna-se necessário
utilizar um desinfectante que tenha essa acção, geralmente o cloro.
Ver desinfecção, pré-oxidação, ozono.
Pressão:
Força exercida normalmente numa unidade de área de uma superfície, ou a
proporção de força por área. Em unidades do Sistema Internacional (S.I.) é
expressa em Pascal. A pressão absoluta é medida numa escala cujo zero é lido à
pressão zero e não à pressão atmosférica; a pressão manométrica é medida
numa escala que lê zero à pressão atmosférica.
Pressão atmosférica:
Pressão exercida pelo peso do ar em qualquer ponto da superfície terrestre. Ao
nível do mar, Patm = 101325 Pa (unidades S.I.).
96
R
Radiações Ultravioleta:
Ondas electromagnéticas de comprimento de onda intermédio entre o violeta
(visível) e os Raios-X (invisíveis), matam certos organismos, embora não sejam
letais para o Homem. A radiação U.V. é utilizada para a desinfecção de água por
inactivação de contaminantes através da sua reacção com a luz causando a
morte de microorganismos por destruição da parede celular, não originando
resíduos nem subprodutos tóxicos, evitando o uso de produtos químicos. No
entanto, tal como o ozono, a radiação U.V. não deixa nenhum residual que
previna alguma contaminação posterior, tendo de se recorrer a um desinfectante
final, como o cloro. Este tipo de desinfecção da água (desinfecção física) é
geralmente utilizada para o tratamento de pequenos caudais, como por exemplo,
para a obtenção de uma água ultrapura ideal para a produção da última geração
de componentes electrónicos. Isto consegue-se usando uma série de barreiras,
complementando a osmose inversa com U.V. e ozono em várias fases
alternadas: o ozono destrói microorganismos e elimina minerais, e a radiação
U.V. que remove o excesso de ozono. Ver desinfecção da água.
Remineralização:
Também conhecida por recarbonatação, esta técnica de tratamento tem por
objectivo o aumento do pH e do teor em cálcio, contribuindo para a formação de
uma capa de protecção contra a corrosão electroquímica nas condutas e
restantes estruturas, e promovendo a melhoria das características organolépticas
da água para consumo. Geralmente é feita com recurso ao hidróxido de cálcio
(cal), com um complemento de dióxido de carbono. Em meio aquoso, o CO2
produz ácido carbónico, um ácido fraco capaz de reagir com compostos alcalinos
transformando-os
em
bicarbonatos
suficientemente tamponado
neutros,
obtendo-se
um
meio
no valor de pH desejado. Nota: uma solução
tampão é uma solução resistente à mudança de pH quando se lhe adiciona um
ácido ou uma base, ou quando a solução é diluída. Ver água agressiva, corrosão.
97
Reservatório:
Depósito destinado ao armazenamento de água. Os reservatórios de água
municipais podem ser elevados ou apoiados, consoante a necessidade de
fornecer ou não pressão à água a distribuir.
Para evitar flutuações da temperatura da água, e para a sua protecção contra
insectos e roedores, os reservatórios devem ser semienterrados. Quanto à
entrada da água no reservatório, esta deve ser feita na parte superior e a sua
saída na inferior, contribuindo assim para a renovação da água armazenada. Os
materiais de construção dos reservatórios, tal como das restantes infraestruturas em contacto com a água, não devem introduzir substâncias,
microorganismos ou formas de energia que alterem as suas condições de
potabilidade. Ver armazenamento, desinfecção.
Resíduo seco:
Ver sólidos totais.
98
S
Sabor:
Parâmetro organoléptico que se pode dever à existência de compostos orgânicos,
sais inorgânicos ou gases dissolvidos, de origens domésticas, agrícolas ou
naturais, por decomposição de plantas, algas e fungos, podendo portanto indicar
poluição na origem da captação, tratamento deficiente da água, corrosão química
ou crescimento biológico no sistema de distribuição.
A utilização de cloro no tratamento da água pode, se existirem compostos
precursores, conduzir à formação de subprodutos causadores de sabores e
cheiros desagradáveis, como os clorofenóis. A corrosão de materiais de zinco ou
cobre também confere um sabor adstringente à água.
Muito embora a sua alteração não corresponda, na maior parte das vezes a um
risco sanitário, pode estar associado a situações potencialmente perigosas.
Salinidade:
Conteúdo total de todos os tipos de constituintes minerais dissolvidos na água.
As fontes mais comuns de salinidade são as nascentes que passam através de
rochas que contém sais solúveis (origem natural), águas residuais domésticas e
industriais, salmouras e água de minas. A utilização e reutilização de água,
especialmente em zonas de irrigação, também aumenta a concentração de sais,
podendo mesmo provocar a salinização de solos e água para abastecimento. Ver
salinização.
Salinização:
Diz-se quando o solo ou a massa de água tem um excesso de sais tal que não
suporta a vida vegetal e animal.
99
Relativamente aos solos, o seu equilíbrio salino fica perturbado, permitindo que
os sais se acumulem na zona de cultivo, ou que formem uma crosta salina à
superfície. Estas situações são mais comuns em regiões áridas, com baixa
pluviosidade, e taxas de evapotranspiração elevadas. A evapotranspiração
provoca o aumento da concentração de sais da água que sobra, e nos sistemas
de irrigação permanente, em que nunca há época de pousio, a água dos canais
de irrigação infiltra-se nos solos, e ocorre a subida das águas subterrâneas que
trazem sais para a superfície (a menos que se utilizem sistemas de drenagem).
Os solos têm naturalmente uma concentração de sais diminuta, que acabam por
se infiltrar com as águas da chuva. Se o solo tiver concentrações excessivas de
sais, essa infiltração pode ser gravosa, pois a água acabará por atingir as águas
subterrâneas adjacentes e/ou rios e outros cursos de água. Isto é o que acontece
em muitas regiões africanas, em que a água disponível para consumo é reduzida,
havendo locais onde está praticamente salinizada.
Há muitas regiões em que a água subterrânea é naturalmente salina, mas esse
teor de sais pode aumentar consideravelmente devido a infiltrações de águas de
irrigação, ou como já referido, à subida do seu nível piezométrico, pois a água
acabará por dissolver os sais solúveis das rochas que atravessa. Estas variações
do nível piezométrico também pode levar à intrusão de água salobras adjacentes
que muitas vezes datam de há centenas ou milhares de anos. Os aquíferos
litorais também estão sujeitos a intrusão marinha, pela sua proximidade à água
salgada dos mares e oceanos. Ver salinidade, dessalinização e intrusão marinha.
Salmonelas:
Estas bactérias têm morfologia bacilar, são geralmente móveis, gram negativas,
sem capacidade de formação de esporos, não fermentam a lactose, mas a
glucose com produção de gás. Produzem sulfureto de hidrogénio (H2S) e lisina
descarboxilase e são oxidase negativa. Podem ter o citrato como a única fonte de
carbono. As diferentes formas do género Salmonella existem no trato intestinal
de portadores humanos como dos animais sem provocar sintomas especiais. Na
presença de alimentos, que são um excelente meio de cultivo, multiplicam-se
100
rapidamente provocando, consoante as espécies, febre tifóide e paratifóide,
gastroenterites agudas e septicemias. A infecção é geralmente contraída por
ingestão de material contaminado por fezes ou urina humanas, incluindo água e
alimenyos como o leite e marisco no caso da Salmonella typhi (causadora da
febre tifóide), ou pela ingestão de água contaminada, no caso da Salmonella
paratyphi A, B, ou C (causadoras da febre paratifóide)
Sede:
É um mecanismo accionado por detectores específicos que enviam sinais ao
hipotálamo (no cérebro) quando existe uma perda de água, quer pela
transpiração normal, micção ou respiração, quer pela sudação excessiva devido a
uma actividade física, ou pelo aumento de sudação devida a um aumento da
temperatura ambiente. O cérebro activa imediatamente um mecanismo que se
traduz pela vontade de beber, e após satisfeita essa necessidade, há a absorção
do líquido pelo intestino, equilibrando o nível de água no organismo, cessando o
mecanismo da sede. No caso da sede que surge por ingestão de sal, que é um
composto que como que absorve a água do sangue circundante da boca ou
estômago, há o accionamento de receptores osmóticos, e desencadeia-se o
mecanismo atrás referido.
O corpo humano é constituído maioritariamente por água, numa percentagem
média de 70 % num adulto, sendo fundamental a reposição diária de líquidos
para o correcto funcionamento do organismo. Em média deve beber-se
diariamente cerca de 2 L, mas estes não têm necessariamente de ser de água,
pois há alimentos com elevado teor em água e todas as bebidas são
fundamentalmente constituídas por este líquido. No entanto, é a água que regula
a temperatura corporal, transporta nutrientes, elimina produtos desnecessários
do corpo, lubrifica-o e protege-o contra agressões, por isso devia ser a sua
bebida de eleição.
101
Conselhos para a saúde:
-
beba água regularmente, mesmo que não tenha sede, e principalmente
quando está calor;
-
beba em pequenas quantidades, e várias vezes ao dia;
-
se gosta de água fresca, beba em pequenas quantidades e devagar, caso
contrário podem surgir problemas gástricos;
-
beba água durante a prática de exercício físico para não correr o risco de
hipertermia;
-
consoante as necessidades do seu organismo, consuma água de diferentes
origens, pois o seu conteúdo em sais minerais por vezes é bastante diferente.
Sedimentos:
Materiais sólidos, como as areias e argilas, que se depositam no fundo de um
plano de água por sedimentação, e que se devem à acção das águas, vento ou
outros agentes físicos. Os mais grosseiros são também chamados aluviões, e os
mais finos vasas.
Selénio:
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas, com origens naturais (erosão de
depósitos) e antropogénicas (refinarias de petróleo e minas). A sua toxicidade
ocorre a partir de exposições diárias de 200 µg/kg, e embora com sintomas
pouco específicos, afecta o sistema circulatório, provoca a queda de cabelo e de
unhas. Há estudos que relacionam um aumento da exposição ao selénio com um
aumento de cáries e com uma diminuição da frequência de episódios de cancro
do estômago.
Separação por membranas:
102
Processo de tratamento que permite a separação de partículas presentes num
fluído, através de uma membrana que exerce uma resistência selectiva à
transferência desses componentes. As membranas são películas delgadas (0.05 a
2 mm), com composições químicas muito variáveis, quase todas produzidas via
sintética. Os mecanismos de transferência através de membranas podem ser por
filtração (membranas de filtração, osmose inversa, nanofiltração, ultrafiltração,
microfiltração), permeabilização (para gases) e diálise (simples, piezodiálise ou
electrodiálise).
Sílica:
Parâmetro físico-químico que depende sobretudo da natureza dos terrenos,
resulta da erosão de rochas siliciosas (quartzos e arenitos), mas também pode
ter como origens as actividades agrícolas e industriais. As águas naturais podem
conter entre 1 mg/L de sílica em águas macias (pouco duras) pantanosas, e até
40 mg/L em certas águas duras. Em zonas de actividade vulcânica e geotérmica,
as águas podem ter valores muito superiores. Para os teores normais das águas
naturais não são conhecidos efeitos tóxicos significativos.
Segundo a legislação em vigor para as águas destinadas ao consumo humano
não são atribuídos quaisquer valores normativos para este parâmetro. Contudo,
em certos processos industriais, podem surgir problemas de obstrução, sendo de
difícil remoção.
Sistema de abastecimento de água em alta:
Sistema de produção de água e adução. É constituído por todas ou parte das
seguintes etapas: captação, tratamento e transporte, geralmente sem consumo
de percurso. Pode incluir, p.e., instalações elevatórias e reservatórios de
armazenamento de água bruta ou tratada.
Sistema de abastecimento de água em baixa:
103
Sistema de distribuição de água tratada. É constituído por uma rede de
distribuição até aos pontos de consumo directo. Pode incluir, p.e., instalações
elevatórias e reservatórios de armazenamento de água tratada.
Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água para
consumo humano:
Sistema em alta, abrange a área de pelo menos dois municípios e exige um
investimento predominante do Estado, sendo obrigatoriamente criados por
decreto-lei. É constituído por infra-estruturas e equipamentos destinados à
captação, adução, tratamento, armazenamento e distribuição da água destinada
ao consumo humano.
As grandes vantagens destes sistemas multimunicipais face aos municipais
prendem-se com a possibilidade de selecção de locais de captação mais
adequados e com a implementação de um sistema de gestão integrado, o que se
deve ao facto de possuírem capital próprio e independência financeira e ainda
uma área de abrangência muito alargada.
Sódio:
Parâmetro físico-químico muito abundante na natureza, as suas origens nas
águas doces são a intrusão salina e os efeitos das marés (ocorrendo sob a forma
de sais muito solúveis, como o cloreto de sódio), condições climatéricas, algumas
actividades industriais e a natureza dos terrenos. Geralmente a contribuição da
água para consumo para o total de sódio ingerido diariamente é muito baixa,
sendo as suas fontes principais o sal de cozinha e os próprios alimentos. O seu
limite de detecção gustativo na água para consumo depende da forma como se
encontra, e da temperatura da água. Por exemplo, o cloreto de sódio (o vulgar
sal de cozinha) é detectável por volta de 150 mg/L Na e o sulfato de sódio a 220
mg/L Na.
Este elemento tem um papel fundamental nos mecanismos de regulação
osmótica do organismo, pelo que os seus efeitos sob a saúde pública, quando em
104
concentrações excessivas, são sobretudo problemas cardiovasculares como a
hipertensão,
no
entanto,
geralmente
valores
um
pouco
acima
dos
regulamentados não são perigosos. É importante referir que o teor em sódio tem
efeitos sobre a saúde dos bebés, não só por elevação da sua tensão arterial, mas
visto que o seu aparelho urinário/renal, nomeadamente os rins, não está
completamente desenvolvido, o que pode levar a situações de desidratação por
elevação do nível de sódio quando sofrem de infecções gastrointestinais graves.
Esta situação é perigosa, podendo conduzir a lesões neurológicas permanentes.
Quando for prescrita uma dieta isenta de sódio, deve-se ter em atenção a sua
presença em todas as águas utilizadas.
Quando se faz o amaciamento da água com adição de soda (hidróxido de sódio),
pode haver um aumento significativo da sua concentração na água tratada.
Sólidos totais ou Resíduo seco a 180°C:
Parâmetro físico-químico que indica os sólidos e substâncias orgânicas e
inorgânicas dissolvidas na água, que poderão ter origens várias, permitindo
determinar a mineralização total de uma água. Muito embora não se possa
estabelecer uma relação directa entre este parâmetro e os seus efeitos sobre a
saúde, por dependerem da sua natureza, se as águas apresentarem um valor
muito elevado de substâncias em suspensão e dissolvidas, podem ser de má
qualidade, afectando as suas características organolépticas, e podem ser
corrosivas.
Sólidos suspensos totais:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis com origens diversas. Têm
incidência em várias características da água, como a turvação, os sólidos
dissolvidos totais, oxidabilidade ao permanganato, carga microbiana, etc.,
dificultando algumas operações de tratamento, nomeadamente a desinfecção. É
pois uma medida aproximada do material particulado presente na água, incluindo
a matéria orgânica e inorgânica, como o plâncton, gesso e argilas., e a sua
presença nas águas superficiais varia bastante com o caudal e com a estação do
105
ano. Ao nível sanitário, a sua presença altera as características organolépticas da
água, não oferecendo garantias de potabilidade. Por si só não representa perigo
para a saúde humana, mas consoante a natureza dos elementos pode apresentar
riscos para o consumidor. Desta forma, segundo a legislação em vigor para as
águas destinadas ao consumo devem estar ausentes.
Solo:
Composto de partículas minerais, matéria orgânica e organismos vivos, que leva
um certo tempo para atingir o equilíbrio, tornando-se apto para a agricultura. A
sobreexploração agrícola, o derrube desenfreado de matas e florestas ou técnicas
antiecológicas de plantio e irrigação acarretam a sua rápida deterioração.
Segundo a
Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 21 milhões de
hectares de solo sofrem, anualmente, de desertificação.
Solução:
Mistura homogénea de um líquido (solvente) com um gás ou sólido (soluto).
Soluto:
Substância dissolvida num solvente na formação de uma solução.
Solvente:
Líquido que dissolve outra ou outras substâncias formando-se uma solução. A
água é o solvente universal.
Substâncias extraíveis com clorofórmio:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis que representa uma enorme
variedade de constituintes que apenas têm em comum o facto de serem solúveis
em clorofórmio, estando presentes em quantidades reduzidas, razão pela qual
são conhecidos por micropoluentes orgânicos. São exemplos destes compostos
106
os
insecticidas
organoclorados,
compostos
fenólicos,
ácidos
húmicos
e
polissacáridos. De uma forma geral, a presença destas substâncias na água para
consumo traduz-se em alterações das suas características organolépticas, na
diminuição da velocidade de autodepuração da água e em fenómenos de
bioconcentração nas cadeias alimentares. Suspeita-se que muitas destas
substâncias sejam cancerígenas ou mutagénicas.
Substâncias tensoactivas (que reagem com o azul de
metileno):
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis.
Sulfatos:
Parâmetro físico-químico que pode ter origens tanto naturais (hidrogeológicas,
fundamentalmente devido à dissolução de gessos e à oxidação de pirites,
intrusão marinha, e reacções bioquímicas), como antropogénicas (agrícola,
industrial, nomeadamente a indústria do papel e têxtil, chuvas ácidas e
dejectos). Ao nível do consumidor estes aniões (SO42-) são os menos tóxicos,
podendo causar perturbações gastrointestinais (principalmente em crianças),
actuando sobretudo como laxante, principalmente se associado ao magnésio ou
ao sódio,
no
entanto o seu efeito
depende grandemente das próprias
características de cada indivíduo, e da sua habituação. Os sulfatos também têm
influência nos processos de corrosão, nomeadamente por contribuírem para o
aumento da mineralização da água, e logo, da sua condutividade, por intervirem
no metabolismo de bactérias sulfatoredutoras, em condições anaeróbias,
conferindo à água um cheiro desagradável a ovos podres (facilmente eliminável
por arejamento).
Sulfureto de hidrogénio:
107
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, tem várias origens, como certos
tipos de indústrias, como as papeleiras, corantes, pigmentos, etc., e como
consequência da solubilização de sulfuretos minerais, e de fermentações
anaeróbias. A sua presença altera as características organolépticas da água,
nomeadamente cheiro e sabor desagradáveis, sendo detectáveis a concentrações
aproximadas de 0.05 e 0.1 mg/L, e a sua ingestão oral provoca náuseas, vómitos
e dores epigástricas, actuando em alguns processos celulares de oxidaçãoredução, e bloqueando a acção de vários sistemas enzimáticos. Se ocorrer na
forma de sal sódico, uma dose oral de 10 a 15 g é mortal. Se o sulfureto de
hidrogénio estiver associado ao ferro solúvel, podem formar-se precipitados
negros.
Como as características organolépticas são detectáveis antes de ocorrerem
episódios de toxicidade, segundo a legislação em vigor para as águas destinadas
ao consumo humano não deve ser detectável organolepticamente.
108
T
Temperatura:
Parâmetro
físico-químico,
relativamente
aos
que
sistemas
embora
de
não
seja
abastecimento
de
de
grande
água
importância
por
manter-se
praticamente constante, é um parâmetro que influencia os mecanismos vitais
dos
microorganismos
que
têm
por
base
reacções
químicas
(taxas
de
crescimento, necessidades em nutrientes e vias metabólicas), determinando a
existência de determinados grupos. É naturalmente afectada pelas condições
meteorológicas, e por indústrias que utilizem a água como meio de refrigeração.
Teratogéneo:
Substância que provoca defeitos no feto de uma mulher a ela exposta. O mais
conhecido é a talidomida, medicamento que antigamente era utilizado pelas
grávidas. Outras substâncias potencialmente teratogénicas são os compostos
orgânicos de mercúrio e as dioxinas.
Tóxico:
Algo capaz de enfraquecer, ferir ou matar um organismo, por meio de uma acção
química. É o caso de gases como o ozono, monóxido de carbono, as substâncias
referidas em parâmetros relativos a substâncias tóxicas, etc..
Toxinas:
Substâncias produzidas pelas bactérias, que danificam os tecidos directamente
ou
desencadeiam
actividades
cianobactérias, as toxinas por
biológicas
elas
destrutivas.
produzidas podem
Relativamente
ser
às
neurotoxinas,
hepatotoxinas, e toxinas irritantes ao contacto directo. Há vários tipos de
neurotoxinas, algumas das quais funcionam como bloqueadores neuromusculares
periféricos (em bioensaios com administração de doses letais a ratos, causam a
109
sua morte ao fim de poucos minutos), outros impedem a degradação da
acetilcolina por inibição da enzima responsável, e outras bloqueiam os canais de
sódio, inibindo a transmissão neuromuscular. As hepatotoxinas são promotoras
de tumores, e quando em bioensaios com ratos, em situações de toxicidade
aguda, causam a morte de ratos ao fim de 2 a 6 horas devido a hemorragia
intra-hepática e choque hipovolémico. As toxinas irritantes ao contacto directo
podem causar hipersensibilidade cutânea e respiratória. Ver cianobactérias.
Transpiração:
É o processo através do qual os animais e as plantas libertam vapor de água,
estas últimas através dos poros das suas folhas. Juntamente com a evaporação
directa
constitui
a
evapotranspiração.
Ver
ciclo
hidrológico,
evaporação
evapotranspiração.
Tratamento da água:
Série de processos fisico-químicos utilizados para remover sólidos suspensos e
dissolvidos da água bruta, que englobam micropoluentes como metais pesados,
compostos organoclorados, pesticidas e hidrocarbonetos, por forma a produzir
água com as características pretendidas. O tratamento a realizar depende das
características da água bruta e da qualidade exigida para a água final, que
obviamente depende dos fins a que se destina. Por exemplo, uma água
destinada à hemodiálise requer um tratamento específico, não podendo ser
utilizada água da rede, pois tem alumínio residual que é um composto que os
doentes hemofílicos não têm capacidade de eliminar, podendo-lhes ser fatal. Ver
Estação de Tratamento de Água.
Trihalometanos (THM’s):
Subprodutos
halogenados
resultantes
da
reacção
do
cloro
utilizado
no
tratamento da água com substâncias orgânicas contidas na água (precursores),
fundamentalmente constituídas pelo material algal e compostos naturais húmicos
e fúlvicos derivados da actividade bacteriológica nas lenhites e taninos que
110
constituem os seres vegetais. Alguns dos efeitos de alguns subprodutos da
cloração da água são a alteração das suas características organolépticas por
formação de sabores e cheiros perceptíveis ao consumidor, mesmo a baixas
concentrações, como é o caso dos clorofenóis, mas a presença dos THM’s é bem
mais grave em termos da saúde pública. Embora existam na água em pequenas
concentrações, a repetição de pequenas doses pode provocar efeitos tóxicos
crónicos. Estes compostos, sobretudo o clorofórmio e o dibromoclorometano, são
potencialmente cancerígenos e mutagénicos, seja por ingestão, inalação ou por
contacto. A Directiva Comunitária 98/83/CE, de 3 de Novembro de 1998, relativa
à qualidade da água destinada ao consumo humano, e a ser transposta pelos
Estados Membros até 25-12-2000, regulamenta para os THM’s totais um valor de
100 µg/L, que tanto quanto possível deve ser inferior, sem comprometer a
eficácia da desinfecção.
A formação de THM’s e outros compostos organoclorados ocorre muito
rapidamente nas fases iniciais do tratamento, e a sua taxa de formação diminui
com o tempo, sendo a sua presença maior nos meses de Verão. A temperatura e
o pH também podem potenciar a sua formação, tanto na ETA como na rede de
distribuição de água. Por forma a reduzir ou mesmo anular a sua formação, é
necessário eliminar os seus precursores antes de se proceder à cloração da água
(na pré-oxidação e/ou na desinfecção). As medidas a adoptar para que não haja
a sua formação dependem das características da água bruta. Algumas dessas
medidas são a utilização de ozono na pré-oxidação, ou de carvão activado em
grãos antes da aplicação do cloro, ou ainda a nanofiltração, a que melhores
resultados tem apresentado, embora implique custos superiores.
Turvação:
Reflecte uma aproximação muito útil do teor em partículas coloidais minerais e
orgânicas, como areias, argilas, microorganismos, plâncton, etc., (relaciona-se
com os sólidos suspensos totais) pelo que pode ser um sinal de contaminação.
Além disso, as partículas que conferem turvação à água protegem os
microorganismos dos efeitos da desinfecção, facilitando o desenvolvimento de
bactérias, o que faz aumentar as dosagens de cloro necessárias para a
111
desinfecção. Então, antes de se proceder à desinfecção da água, tem de se
eliminar a turvação, o que normalmente se consegue com as seguintes etapas:
pré-oxidação, coagulação/floculação e filtração, tendo de se proceder à sua
análise para o controlo da dose necessária de coagulante e adjuvante de
coagulação.
Ideia: uma água turva não é necessariamente imprópria para consumo, assim
como uma água límpida não é necessariamente potável. Se a água da sua
torneira aparecer turva, deixe-a em repouso. Se a turvação persistir, avise as
autoridades responsáveis, pois pode haver alguma rotura nas canalizações
domiciliárias ou da própria rede.
112
U
Usos da água:
O Homem dá vários usos à água, consoante os quais os padrões de qualidade
exigidos são diferentes. De entre os vários usos, destacam-se:
ƒ
Abastecimento público (consumo humano e de animais)
ƒ
Irrigação
ƒ
Indústrias (produção, refrigeração)
ƒ
Rejeição de efluentes/águas residuais
ƒ
Produção de energia eléctrica
ƒ
Recreio
ƒ
Combate a incêndios
113
V
Vasas:
Partículas finas que se depositam no fundo de um plano de água quando a sua
velocidade é baixa, e que têm como origens a erosão de rochas, o transporte
pelo vento ou pelas águas.
Vírus:
São partículas infecciosas com diâmetros entre 18 nm e 300 nm, e consistem em
ADN ou ARN e proteínas necessárias para a sua replicação e patogenicidade;
estes componentes estão envolvidos por uma cápsula proteica e alguns têm uma
cobertura de natureza lipídica São parasitas intracelulares que dependem do
metabolismo celular do hospedeiro para a sua replicação.
Vanádio:
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas, ocorre em vários minérios complexos,
incluindo a vanadinita e carnotita, e o metal puro pode ser obtido por redução do
óxido com cálcio.
114
Z
Zinco:
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis que surge nas águas destinadas ao
consumo humano como resultado da lixiviação de terrenos e rochas e poluição
industrial. A sua presença na água para consumo deve-se sobretudo à corrosão
de condutas de ferro galvanizado ou de reservatórios, e à sua dissolução de
acessórios de latão. Quando presente na água em concentração superior a 5
mg/L provoca um sabor desagradável (adstringente), confere turvação à água,
com formação de depósitos granulosos, e produz um película de aspecto
gorduroso após ebulição. Em termos sanitários não apresenta riscos em
concentrações “normais”, sendo mesmo um oligoelemento essencial à vida,
necessário
no
funcionamento
de
inúmeros
sistemas
enzimáticos
A
dose
recomendada deste elemento via alimentar depende da idade e do sexo,
variando entre 4 e 15 mg/dia, sendo superior nas grávidas. Doses diárias de 150
mg alteram o metabolismo do ferro e do cobre. Se estiver presente em
concentrações superiores às regulamentadas pode ser tóxico, provocando a
alteração da coordenação muscular, do balanço electrolítico, dores abdominais,
letargia, náuseas e falhas renais.
115
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117
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