UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Curso de Engenharia Industrial Madeireira
Monografia de graduação
Qualidade da madeira serrada de Eucalyptus grandis, procedente da
região Sul do Rio Grande do Sul
César Augusto Schimulfening Coelho
Pelotas, 2010
CÉSAR AUGUSTO SHIMULFENING COELHO
QUALIDADE DA MADEIRA SERRADA DE Eucalyptus
grandis, PROCEDENTE DA REGIÃO SUL DO RIO GRANDE
DO SUL
Trabalho Acadêmico apresentado ao
Curso de Engenharia Industrial
Madeireira da Universidade Federal de
Pelotas, como requisito parcial à
obtenção do título de Engenheiro
Industrial Madeireiro.
Orientador: Prof. Dr. Darci Alberto Gatto
Pelotas, 2010
2
Banca examinadora:
Darci Alberto Gatto (Faculdade de Engenharia Agrícola – UFPel)
Rita de Cássia Fraga Damé (Faculdade de Engenharia Agrícola – UFPel)
Luiz Fernano Spinelli Pinto Lopes (Faculdade de Agronomia – UFPel)
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL MADEIREIRA
A comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a monografia
QUALIDADE DA MADEIRA SERRADA DE Eucalyptus grandis, PROCEDENTE
DA REGIÃO SUL DO RIO GRANDE DO SUL
Elaborado por
César Augusto Schimulfening Coelho
como requisito parcial para a obtenção do título de
Engenheiro Industrial Madeireiro
COMISSÃO EXAMINADORA:
___________________________________________
Darci Alberto Gatto, Dr. (Presidente/Orientador)
___________________________________________
Luiz Fernando S. Pinto, Dr. (1º examinador)
___________________________________________
Rita de Cássia Fraga Damé, Dr. (2º examinador)
Pelotas, de 2010.
4
DEDICO
Aos meus queridos e amados:
pais, Néri e Nelci;
filha, Carolina.
5
AGRADECIMENTOS
A realização desse trabalho só foi possível graças à colaboração direta
ou indireta de muitas pessoas. Manifesto minha gratidão a todas elas e de
forma particular:
À Deus, pela vida;
À Universidade Federal de Pelotas, pela oportunidade cedida;
À minha família, por sempre me apoiar e incentivar;
Aos professores, Darci Alberto Gatto e Luiz Fernando Spinelli Pinto
orientadores, por todo apoio, atenção e ensinamentos prestados e pela
amizade intensificada pelo convívio;
A Empresa Lipyttus, pela doação do material em estudo;
Aos amigos, pelo apoio, pelas lições de vida e estímulo que tornaram
mais agradável essa jornada, que direta e indiretamente contribuíram de
alguma forma nessa caminhada.
6
Resumo
COELHO, César Augusto Schimulfening. Qualidade da madeira serrda de
Eucalyptus grandis, procedente da região Sul do Rio Grande do Sul. 2010.
71f. Trabalho de Conclusão de Curso – Curso de Engenharia Industrial
Madeireira. Universidade Federal de Pelotas.
O presente trabalho objetivou a classificação da madeira serrada Eucalyptus
grandis procedente de uma serraria na Região Sul do Rio Grande do Sul. Para
cada uma das três classes diamétricas utilizadas, foram selecionadas 3 toras,
totalizando 9. A partir disso, realizou-se o processo de desdobro para a
confecção das peças de madeira de acordo com as especificações
dimensionais da serraria. O estudo da madeira serrada deu-se em razão da
mensuração de defeitos naturais, defeitos de desdobro, defeitos de secagem,
teor de umidade e, conseqüentemente, classificação de acordo com a norma
de madeira serrada de eucaliptos(ABNT, 2002). Como principais resultados
verificaram-se a obtenção de um maior rendimento no desdobro de toras de
maior diâmetro, como também, uma variação entre as espessuras superior e
inferior das tábuas, porém dentro dos limites aceitáveis, tanto para a empresa
como pela norma utilizada como referência. A ocorrência de nós foi visível, com
destaque para nós do tipo firme, freqüentemente mais encontrados. Para
outros defeitos naturais destacou-se as gomas. Já em relação aos defeitos de
secagem, sobressaiu-se a ocorrência de encanoamento, e pequenos índices
de rachaduras, enquanto o arqueamento e o encurvamento não apresentaram
valores que poderiam desclassificar a madeira mais que os padrões
conhecidos. Por fim, a madeira desdobrada classificou-se, em sua maioria,
como de 5° classe pelo fato da grande proporção de nós e seus elevados
diâmetros, como também, as gomas e os defeitos de encanoamento.
Palavras-chave: Eucalipto; desdobro; classificação.
7
Abstract
Sawn timber quality of Eucalyptus grandis coming from the South Region
of Rio Grande do Sul.
This work aimed the classification of Eucalyptus grandis sawn timber proceeding of
sawmill in South Region of Rio Grande do Sul. For each of the three diameter
classes used, were selected three logs, amounting nine logs. From this,
realized sawing methods to making of wood pieces according with dimensional
specifications of sawmill. The study of sawn timber was made by measuring of
natural defects, sawing defects, drying defects, moisture content and,
consequently, classification according eucalyptus sawn timber standards ABNT
(2002). As the main results there was the obtainment of higher yield in sawing
logs of larger diameter and a variation between upper and lower thicknesses of
wood pieces, but within acceptable limits, both for the sawmill as the standard
used. The knots occurrence was visible, especially unsound knots frequently
more visible. For others natural defects emphasized marked presence of pitch
pockets. Already for drying defects, marked occurrence of cup and low indices
of cracks, while bow and crook did not show values that could disqualify the
wood more than standards. Finally, sawn timber of was classified, mostly, as
the fifth class because significant occurrence of knots proportion and diameters,
also pitch pockets and cup defects.
Keywords: eucalyptus; sawing; classification
8
9
Lista de figuras
Figura 1- Mapa do Rio Grande do Sul em miniatura e em destaque a região
do banhado do Taim..........................................................................................29
Figura 2- Fluxograma do maquinário da empresa..........................................31
Figura 3- Ponto de medição das peças desdobradas....................................33
Figura 4- Defeitos da madeira...........................................................................35
Figura 5- Tábua apresentando um furo de inseto..........................................36
Figura 6- Tábua apresentando defeito de arqueamento................................38
Figura 7- Tábua apresentando defeito de encurvamento..............................39
Figura 8- Tábua apresentando defeito de encanoamento.............................40
Figura 9- Tábua apresentando defeito de esmoado.......................................41
Figura 10- Tábua apresentando defeito de rachadura...................................42
Figura 11- Tipos de nós encontrados..............................................................50
Figura 12- Quantidade de gomas por tábua....................................................51
Figura 13- Classes de qualidade......................................................................57
10
Lista de tabelas
Tabela 1 - Propriedades físicas da madeira de Eucalyptus grandis.............17
Tabela 2 - Propriedades mecânicas da madeira de Eucalyptus grandis.... .17
Tabela 3 – Seleção das toras de
Eucalyptus grandis em três classes
diametricas para desdobro...............................................................................32
Tabela 4- Normas da madeira serrada de eucaliptos.....................................45
Tabela 5- Rendimentos médios por classe diamétrica..................................46
Tabela 6- Valores médios das espessuras, conforme a posição..................48
Tabela 7- Valores médios das espessuras ao longo da peça.......................49
Tabela 8- Análise dos empenamentos.............................................................52
Tabela 9- Análise das rachaduras, antes e pós secagem..............................55
Tabela 10- Teor de umidade da madeira seca ao ar livre...............................56
11
Sumário
1 INTRODUÇÂO.................................................................................................13
2 OBJETIVOS..................................................................................................................15
2.1 Objetivo geral................................................................................................15
2.2 Objetivos específicos....................................................................................15
3 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................16
3.1 Caracterização da madeira de Eucalyptus grandis.......................................16
3.2 Desdobro.......................................................................................................17
3.3 Defeitos..........................................................................................................19
3.3.1 Defeitos naturais.........................................................................................19
3.3.1.1 Grã espiralada.........................................................................................20
3.3.1.2 Furos de insetos......................................................................................20
3.3.1.3.Nós...........................................................................................................20
3.3.1.4 Variabilidade............................................................................................20
3.3.1.5.Tensões de crescimento..........................................................................21
3.3.2 Defeitos de desdobro..................................................................................24
3.3.3.Defeitos de secagem..................................................................................24
3.3.3.1 Colapso....................................................................................................25
3.3.3.2 Rachaduras..............................................................................................25
3.3.3.3 Empenamentos........................................................................................26
3.4 Secagem ao ar livre.......................................................................................26
4 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................28
4.1 Caracterização da área de estudo................................................................29
4.2 Caracterização da área de desdobro............................................................30
4.3 Seleção das toras para desdobro.................................................................31
4.3.1 Volume real das toras..............................................................................,.32
4.4 Desdobro das toras ......................................................................................33
4.5 Rendimento...................................................................................................33
4.6 Medição das dimensões...............................................................................34
4.7 Medição e quantificação dos defeitos............................................................35
4.7.1 Defeitos naturais.........................................................................................35
4.7.1.1 Nós...........................................................................................................35
12
4.7.1.2 Furos de insetos......................................................................................36
4.7.1.3 Quantificação da mêdula.........................................................................37
4.7.2 Defeitos de secagem..................................................................................38
4.7.2.1 Arqueamento...........................................................................................38
4.7.2.2 Encurvamento..........................................................................................39
4.7.2.3 Encanoamento.........................................................................................40
4.7.2.4 Esmoado..................................................................................................40
4.7.2.5 Rachaduras..............................................................................................42
4.7 Construção da pilha.......................................................................................43
4.8 Determinação do teor de umidade.................................................................43
4.9 Analise estatistica dos dados.........................................................................43
4.10 Classificação quanto a qualidade da madeira serrada................................44
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................46
5.1 Avaliação do rendimento em madeira serrada..............................................46
5.2 Avaliação das dimensões..............................................................................48
5.3 Avaliação dos defeitos independentes da secagem......................................50
5.4 Avaliação dos defeitos dependentes da secagem.........................................53
5.5 Determinação da umidade.............................................................................56
5.6 Determinação da qualidade da madeira........................................................57
6 CONCLUSÕES.................................................................................................58
7 REFERÊNCIAS................................................................................................59
8 ANEXOS...........................................................................................................67
13
1 INTRODUÇÃO
O eucalipto foi descoberto pelos ingleses na Austrália, em 1788.
Algumas publicações fazem referência também à Nova Zelândia, à Tasmânia e
a ilhas vizinhas. A disseminação de sementes de eucaliptos no mundo
começou no início do século XIX. Na América do Sul, o primeiro país a
introduzir o eucalipto foi o Chile em 1823 e, posteriormente, a Argentina e o
Uruguai, por volta de 1850, países como Portugal, Espanha e Índia começaram
a plantar o eucalipto. As primeiras mudas chegaram ao Brasil em 1868, sendo
que a introdução do gênero tomou impulso no início do século XX.
O eucalipto possui rápido crescimento, alta produtividade, ampla
diversidade de espécies, grande capacidade de adaptação e é aplicado em
diferentes processos e com diversas finalidades, como produção de celulose,
papel, postes, energia, chapas, lâminas, compensados, aglomerados, carvão
vegetal, madeira serrada, móveis, além de outros produtos como óleos
essenciais e mel, alcançando grande importância econômica para o País. A
madeira dos troncos e dos galhos mais grossos é muito utilizada em
carpintaria, fornecendo caibros, dormentes de estradas de ferro, postes,
mourões para cercas, lenha e celulose para a fabricação de papel.
Dessa forma, é essencial o melhoramento da qualidade dessa madeira,
para a obtenção de produtos finais que possam adquirir espaço no mercado e
proporcionar a satisfação dos consumidores.
Dentre algumas táticas utilizadas para melhorar a qualidade final da
matéria-prima, existem as técnicas de desdobro das toras de madeira, visando
uma otimização máxima desse produto, ou seja, buscando um alto rendimento
e eficiência.
Por outro lado, a falta de investimentos na região Sul do Rio Grande do
Sul, torna-se visível em função da precariedade dos maquinários utilizados
pelas serrarias que desdobram essa madeira, bem como da falta de mão de
obra qualificada para obtenção do produto final desejado, visto que, o desdobro
principal da tora dependerá diretamente da decisão humana para a escolha do
melhor lado de corte.
Baseado nesses aspectos fica claro a necessidade do melhoramento
tecnológico e estrutural das serrarias, de forma a obter maior qualidade e
14
menor custo dos produtos manufaturados, ocasionando o aumento pela busca
desses materiais e consequentemente a melhoria do pólo madeireiro na região.
Devido a isso, torna-se indispensável uma avaliação da qualidade da madeira
serrada, em termos de processo de desdobro, defeitos e rendimento em
madeira serrada.
15
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Caracterizar a madeira serrada de Eucalyptus grandis em uma serraria
da região Sul do Rio Grande do Sul.
2.2 Objetivos específicos
•
Avaliar o processo de desdobro das toras com relação ao
rendimento;
•
Quantificar os defeitos da madeira serrada de Eucalyptus grandis,
antes e após a secagem;
•
Classificar as peças de madeira serrada conforme as normas em
vigor.
16
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Caracterização da madeira de Eucalyptus grandis
O eucalipto pertence à família das Mirtaceas é nativo da Austrália, onde
cobre 90% das florestas do país, formando densos maciços florestais nativos.
Na América do Sul, talvez o Chile tenha sido o primeiro país a introduzir o
eucalipto, em 1823, recebendo as sementes de um navio. É difícil se
determinar, com segurança, a data de introdução do eucalipto no Brasil até
algum tempo, tinha-se como certo que os primeiros plantios aconteceram no
Rio Grande do Sul, em 1868, por Frederico de Albuquerque.
A maioria das espécies plantadas no Brasil apresenta um crescimento
rápido, produz grande quantidade de madeira e subprodutos e apresenta fácil
adaptação. Embora se diga que o eucalipto prospera nos mais variados climas
e solos, como toda plantação, ele necessita de certos cuidados, principalmente
de manejo para sua boa produção, desenvolvimento e adequação ambiental.
O Eucalyptus grandis apresenta cor avermelhada, crescimento rápido.
Segundo a FAO (1981), pode crescer sobre uma variedade de solos, mas tem
preferência por solos profundos e bem drenados, incluindo solos aluvionais, ou
argilosos. A precipitação ótima parece estar compreendida entre 800 e 1.500
mm po ano, mas já foi plantada em estações de mais baixo nível de chuvas.
A madeira desta espécie apresenta cerne e alburno distintos pela cor,
cerne castanho rosado claro, alburno bege rosado, com pouco brilho, gosto e
cheiro imperceptíveis, densidade baixa, grã direita, macia ao corte e de textura
fina a média. Parênquima axial indistinto mesmo sob lente, raios visíveis
apenas sob lentes ao topo, vasos visíveis a olho nú, camadas de crescimento
distintas, conforme (ALFONSO,1987 ).
As propriedades físicas e mecânicas da madeira de uma determinada
espécie podem variar devido aos tratos silviculturais, tipo de povoamento,
origem (florestas plantadas ou nativas) e do sítio (estrutura do solo, fertilidade e
profundidade) (GATTO, 2000).
17
A Tabela 1 apresenta as características da madeira de Eucalyptus
grandis quanto às propriedades físicas e a Tabela 2 quanto às propriedades
mecânicas.
Tabela 1 - Propriedades físicas da madeira de Eucalyptus grandis.
Propriedades físicas
Massa específica (Kg/m³)
Contração (%)
Aparente a 15% de umidade
500
Radial
5,3
Básica
420
Tangencial
8,7
Volumétrica
15,7
Fonte: Remade (2002).
Tabela 2 - Propriedades mecânicas da madeira de Eucalyptus grandis.
Propriedades mecânicas
Flexão (MPa)
Compressão
paralela
às Outras
fibras (MPa)
fM (verde)
fM
(15%
53,4
de 75,6
umidade)
fM (verde)
FM
(15%
propriedades
(N)
26,3
Dureza Janka
2867
de 42,1
umidade)
LP (verde)
---
LP (verde)
MOE (verde)
9689 MOE (verde)
19,7
11572
fM = resistência; LP= Limite de Proporcionalidade; MOE= Módulo de Elasticidade.
Fonte: Remade (2002)
3.2 Desdobro
Operação que permite melhorar o aproveitamento da madeira, além de
lhe conferir maior versatilidade para inúmeros usos, devido à conversão das
toras em peças de seção retangular (REMADE, 2001).
A indústria de processamento primário de madeira deve produzir
madeira serrada de qualidade, aproveitando, ao máximo, a matéria-prima, a fim
de obter uma maior rentabilidade. Para alcançar essa meta, deve-se controlar a
eficiência do aproveitamento do produto principal, determinada como
18
rendimento, bem como a capacidade produtiva e os custos de produção de
madeira serrada (REMADE, 2001).
A qualidade das toras a serem desdobradas influencia sobremaneira no
rendimento da madeira e tem reflexos sobre todo o sistema de produção da
serraria. A serraria pode operar três tipos de tora (boa, regular ou ruim),
classificadas visualmente no pátio de estocagem. Quanto melhor a qualidade
da madeira, melhor a qualidade dos produtos que dela podem ser tirados.
O rendimento obtido na transformação das toras em tábuas varia de
uma espécie para outra, dadas às inerentes distinções entre as características
das mesmas, apresentando comportamento diferenciado no desdobro. Dentre
as
principais
características,
destacam-se:
densidade,
disposição
dos
elementos estruturais, teor de umidade, presença de componentes químicos
etc.
Segundo Gatto (2002), serrarias com grande variação apresentam
rendimentos menores, já que quanto maiores às variações, maiores devem ser
as sobremedidas das peças serradas.
O sistema de desdobro que utiliza madeira de Eucalyptus no Brasil,
notadamente as de maior porte, utiliza, em sua grande maioria, serras de fita
para o esquadrejamento das toras; em seguida, utilizam-se serras circulares
múltiplas para a geração de tábuas. As regulagens destas serras circulares
variam de acordo com as dimensões das peças que se pretende produzir e a
quantidade de tábuas dependerá do número de serras circulares que compõem
a multilâmina, da espessura e do diâmetro do bloco desdobrado (FAGUNDES
2003).
Na operação de desdobro da madeira de eucalipto, pode ocorrer
fendilhamento, além de arqueamento, devido às tensões residuais existentes
nas toras. Tais distorções se manifestam com torcimento nas tábuas radiais e
encanoamento nas tábuas tangenciais, em função do desequilíbrio existente
entre as tensões de tração na periferia e compressão no centro da tora
(OLIVEIRA, 1999).
Os troncos de Eucalyptus grandis são geralmente retos e com boa
forma. São serrados facilmente, mas as tábuas centrais, especialmente
aquelas associadas com a mêdula tendem a fender no comprimento, algumas
vezes resultando em duas peças. O fendilhamento pode ser minimizado com a
19
conversão rápida após a derrubada e com o uso de métodos de desdobro com
retirada de peças em número par e de forma simétrica (serras de perfilagem,
serras duplas), que liberam as tensões simultaneamente nos lados opostos da
tora (SIMULA;TISSARI, 1998).
Várias são as técnicas de desdobro para madeira de eucalipto, onde em
algumas se procura a obtenção de peças radiais e outras, peças tangenciais.
Porém, a maioria delas busca a utilização de cortes simultâneos, os quais são
comprovadamente mais eficientes na liberação das tensões de crescimento.
3.3 Defeitos
Segundo Kikuti et al. (1991), a madeira de melhor qualidade é aquela
que apresenta menor quantidade de defeitos, os quais lhe são intrínsecos
(genéticos) ou resultantes dos processos de corte, transporte, desdobro ou
secagem da madeira.
Os principais fatores naturais que influenciam na qualidade da madeira
são: tipo de grã, massa especifica e as tensões de crescimento. Entre outros
fatores, inerentes a madeira, relacionados ao desdobro, temos: o estado e a
regulagem dos equipamentos, juntamente com a habilidade do operador, este
conjunto definem a qualidade e o rendimento da madeira serrada (SILVA,
2002).
3.3.1 Defeitos naturais
Os defeitos naturais podem ser oriundos de defeitos na forma do tronco
(tortuosidade,
bifurcação
ou
aforquilhamento,
conicidade
acentuada,
sapopemas e sulcos); defeitos na estrutura anatômica da madeira (largura
irregular dos anéis-de-crescimento, crescimento excêntrico, lenho de reação,
lenho de compressão, lenho de tração, nós e tecidos de cicatrização); defeitos
causados por esforços mecânicos (rachaduras) e defeitos causados por
agentes bióticos e climáticos (alterações da cor, apodrecimento e perfurações e
presença de substâncias especiais) (COSTA, 2001).
3.3.1.1 Grã espiralada
20
Entre as espécies de eucalipto comercialmente utilizadas, o Eucalyptus
grandis é a espécie que apresenta o melhor comportamento. A ocorrência da
grã espiralada pode comprometer a estabilidade das peças serradas e a sua
resistência mecânica; a diminuição das propriedades de resistência é devida ao
corte dos tecidos oblíquos quando se faz o desdobro paralelo ao tronco; há,
também, uma predisposição para o surgimento de deformações na madeira,
como ondulações e rachaduras, dificultando a secagem e a trabalhabilidade
nos acabamentos de superfície.
Diversas influências ambientais estão relacionadas com a formação
desse tipo de madeira, como a ação dos ventos, sítios desfavoráveis,
desenvolvimento de copa e surgem, ainda, especulações a respeito dos
movimentos de rotação da terra e movimento solar. Já existe um consenso
entre os melhoristas que tal característica pode ser controlada geneticamente,
podendo ser possível obter uma madeira perfeitamente alinhada (REMADE,
2002).
3.3.1.2 Bolsa de goma
São várias as discussões sobre este defeito. Alguns autores relatam o
aparecimento de bolsas de resina, porém este é um defeito característico de
coníferas. Contudo pode-se resumir essa característica como possíveis
acidentes com a árvore ainda em pé, que ao cicatrizar, formas bolsas de goma.
Além do apodrecimento de alguns nós, durante o crescimento da árvore. Esse
defeito é comum na madeira de Eucalyptus.
21
3.3.1.3 Nós
O nó pode ser definido como a base de um galho que está encaixado no
tronco de uma árvore. O nó tem início na medula e cresce do centro para a
periferia. Os nós vivos são aqueles que apresentam continuidade dos tecidos
lenhosos e cujos galhos estavam vivos quando era formada a madeira ao seu
redor; os nós mortos ou soltos são aqueles que não apresentam continuidade
estrutural dos tecidos lenhosos, sem aderência, soltando-se do restante do
material. Estes podem constituir-se numa porta de entrada para fungos, insetos
e organismos apodrecedores da madeira.
Em uma árvore de eucalipto, o tamanho dos nós aumenta de acordo
com a altura, ou seja, os menores estão na base e os maiores estão nas partes
mais altas. As florestas mal formadas e manejadas induzem à formação de
madeira com nós e que o tamanho e a quantidade de nós dependem
basicamente de fatores genéticos, do espaçamento e do manejo da floresta. As
florestas destinadas à produção de madeira serrada ou laminada devem ser
submetidas a programas complementares de manejo, como podas sucessivas,
a partir do momento em que os galhos inferiores começam a morrer até a
altura desejada REMADE (2002).
3.3.1.4 Variabilidade
A uniformidade entre as peças de uma mesma madeira é uma
característica muito importante ao se pensar em usos mais nobres, como
móveis, lambris, assoalhos etc. O processamento mecânico é facilitado quando
a madeira é uniforme nas suas propriedades. A diversidade na fonte de
suprimento, a adoção de vários tratos silviculturais e até mesmo a utilização de
material oriundo de partes diferentes da própria árvore podem causar
desuniformidade do material REMADE (2002).
22
3.3.1.5 Tensões de crescimento
Um dos principais fatores relacionados à depreciação da madeira
serrada de eucalipto são as rachaduras e empenamentos que estão
associados às tensões internas que se manifestam após a derrubada das
árvores, com maior intensidade nas idades mais jovens, diminuindo
consideravelmente com o amadurecimento da árvore, essas tensões de
crescimento são formadas no câmbio.
As fibras, logo após a divisão celular, apresentam uma diminuta
contração longitudinal. Essas tensões nas partes mais externas dos fustes
fazem o papel de armadura de aço nas colunas de concreto, sendo
fundamentais para que os fustes das árvores não se quebrem facilmente,
quando submetidas a esforços laterais, como os ventos.
As tensões de crescimento ocorrem normalmente em árvores de várias
espécies, tanto em coníferas como em folhosas; as folhosas desenvolvem
níveis superiores de tensões de crescimento em relação às coníferas; algumas
espécies de folhosas, como o eucalipto, são mais propensas a desenvolver
altos níveis de tensões de crescimento.
A mais severa forma de tensão de crescimento é aquela que ocorre na
direção longitudinal, e na madeira de reação dos troncos inclinados. A
distribuição das tensões longitudinais é observada na variação progressiva de
forças de tração na periferia do tronco, para forças de compressão no centro do
tronco. As tensões ocorrem em função de forças internas que se desenvolvem
no tronco de árvores vivas, com origem na camada cambial. As células em
crescimento tendem a contrair-se na direção da grã e a expandir-se
transversalmente, sendo seus movimentos coibidos pelas forças de ligações já
existentes entre células anteriormente formadas. Podem ser de tração, ou de
compressão, em função da localização dentro do xilema e da direção
longitudinal, tangencial ou radial de suas atuações. Pode ocorrer o
encurtamento longitudinal da célula em processo de diferenciação, o que causa
as tensões de crescimento.
O gradiente das forças periféricas e do centro é o principal responsável
pelos problemas de rachaduras de topo, em toras recém abatidas. A liberação
23
das tensões é manifestada imediatamente após a derrubada da árvore e o
seccionamento em toras. Na fase de desdobramento e na confecção de toretes
podem ocorrer novas rachaduras e empenamentos, como continuidade da
liberação das tensões. As árvores com elevadas tensões de crescimento
poderão ter a sua situação agravada se estas ficarem expostas diretamente ao
sol, como também as fissuras de topo que ocorrem dentro de uma semana
após o abate.
As causas dos elevados níveis de tensões de crescimento ainda não são
bem entendidas, embora existam evidências fortes que estejam ligadas ao
genótipo, idade, tamanho da tora, taxa de crescimento, idade e inclinação dos
troncos. Os seus efeitos também são alterados com práticas silviculturais,
condições de crescimento e pelos métodos de exploração. As tensões de
crescimento são distintas das tensões e deformações que ocorrem na madeira,
como resultado da eliminação da água, através da secagem. A tendência ao
rachamento, devido às tensões, varia de acordo com a espécie e entre árvores
ou clones de uma mesma espécie.
Algumas
considerações
sobre
o
aparecimento
de
tensões
de
crescimento em Eucalyptus grandis: a) o torcimento elevado da madeira está
associado a desrama dos ramos vivos; b) não existe qualquer evidência de que
as tensões de crescimento estejam relacionadas com a taxa de crescimento da
árvore; c) os plantios com espaçamentos mais uniformes podem apresentar
tensões mais reduzidas, em relação às árvores que crescem em condições
naturais; d) os níveis de tensão se apresentam mais elevados na estação
chuvosa; e) há uma leve tendência de aumento nas tensões em árvores que
crescem em terrenos mais acidentados.
Durante o desdobro das toras de eucalipto é comum o aparecimento de
empenamentos, como conseqüência das tensões de crescimento. Além das
fissuras
de
topo,
podem
ocorrer
fendilhamento
adicional,
além
do
arqueamento, devido às tensões residuais nas toras. Estas distorções se
manifestam como torcimento nas tábuas radiais, e encanoamento, nas tábuas
tangenciais, face ao desequilíbrio entre as tensões de tração na periferia e
compressão no centro da tora. As rachaduras de topo e os empenamentos
decorrentes da liberação das tensões, comprometem o aproveitamento da
24
madeira, diminuindo o rendimento em madeira serrada e laminada, restringindo
o comprimento e a larguras das tábuas e lâminas.
Num curto prazo, não existe uma maneira prática de se eliminar
totalmente o problema das tensões de crescimento em toras de eucalipto. O
que pode ser feito é minimizar os seus efeitos, através da adoção de alguns
procedimentos desde a abate da árvore até o desdobro das toras. As técnicas
de atenuação das tensões de crescimento são variadas e já vem sendo
utilizadas há algum tempo pelos diversos países produtores de florestas de
eucalipto. Quanto maior o tempo de permanência da tora no pátio sem ser
desdobrada, piores são as conseqüências das tensões de crescimento. O ideal
seria abater a árvore, transportá-la até a serraria e desdobrá-la o mais
rapidamente possível.
Pode-se obter ganhos, se for possível o transporte da tora em
comprimentos maiores, procedendo o seccionamento apenas quando a peça
for desdobrada, como também, a vaporização e aspersão de água. Podem ser
usados, ainda, conectores metálicos, chapas e outros prendedores na forma de
S e C, após o corte transversal. Na implantação de novas florestas, o controle
das elevadas tensões de crescimento em árvores de eucalipto está diretamente
ligado ao melhoramento genético com a seleção de material com níveis
mínimos de ocorrência de tensões de crescimento (REMADE, 2002).
3.3.2 Defeitos de desdobro
Os defeitos de desdobro são alterações nas medições das peças de
madeira fora dos padrões permitidos, resultado de uma operação de serragem
malfeita. Os principais defeitos de serragem são: sobremedida, desbitolamento
e o esmoado. A sobremedida é o excesso em espessura, largura ou em
comprimento. O desbitolamento é a variação na espessura ou largura da
mesma peça, ocasionado por serragem mal feita. O esmoado é a ausência de
madeira, originada por qualquer motivo na quina da peça de madeira
(ABNT/CB 2002).
25
3.3.3 Defeitos de secagem
Qualquer característica ou marca na madeira que ocorre durante o
processo de secagem e reduz o valor agregado do produto (SIMPSON, 1991).
Conforme Klitze (2002), a secagem da madeira, antes de usá-la, é
indispensável para quase todos os usos. A madeira sofre durante este
processo uma mudança de suas propriedades naturais, produzindo tensões
causando deformações e inclusive rachaduras. Essas visíveis mudanças de
forma, são conhecidas como defeitos de secagem. Uma das principais causas
dos defeitos oriundos da secagem da madeira serrada são as tensões que se
desenvolvem na madeira (GALVÃO; JANKOWSKY, 1985).
As rachaduras associadas com as tensões de crescimento e os defeitos
de secagem trazem como resultado uma perda significativa de madeira.
Experiências
a
nível
industrial
(JANKOWSKY;
CAVALCANTE,
1992)
mostraram que a secagem de madeira com 28 mm de espessura, da condição
verde até um teor final de 15% de umidade, pode demorar de 4 a 6 semanas.
3.3.3.1 Colapso
O colapso é resultado da dificuldade de movimentação da água no
interior da madeira, promovendo a contração irregular entre o plano radial e o
plano tangencial das peças. Ocorre acima do PSF (Ponto de Saturação das
Fibras), ou seja, acima de 30% de teor de umidade e é influenciado por
diversas características próprias da madeira, tais como espécie, densidade e
presença de extrativos.
A madeira de eucalipto á altamente propensa ao surgimento de colapso,
sendo, inclusive, considerado um dos principais defeitos de sua secagem. Na
madeira de eucalipto o colapso pode surgir na parte externa da peça e na
porção interna (ABIMCI, 2004).
26
3.3.3.2 Rachaduras
As rachaduras normalmente são formadas por acentuados gradientes de
umidade em uma mesma peça, ou seja, ocorre secagem mais rápida da parte
externa da peça de madeira comparada à parte interna. O surgimento da
rachadura, em prática, ocorre quando o esforço de tensão na superfície supera
a resistência à tração perpendicular do material. Entre os tipos de rachaduras
existentes, citam-se: rachaduras de topo, rachaduras superficiais, rachaduras
internas, sendo esse tipo de rachadura visualizado apenas em madeiras
serradas transversalmente.
As rachaduras nas peças de eucalipto são verificadas, principalmente
em tábuas retiradas próximas à medula. Sua ocorrência na madeira de
eucalipto está associada às tensões de crescimento ou ao processo de
secagem (ar livre ou em estufa). As rachaduras decorrentes das tensões de
crescimento se manifestam logo após a derrubada da árvore ou durante o
processo de desdobro (ABINCI, 2004).
3.3.3.3 Empenamentos
Os empenamentos são definidos como distorções no comprimento da
peça, decorrentes das tensões internas da madeira, grã irregular e problemas
relacionados
ao
empilhamento
(tabiques
desalinhados,
de
diferentes
espessuras ou tábuas sem apoio nas extremidades). Os empenamentos
subdividem-se em arqueamento (ao longo do comprimento da face da peça);
encurvamento (ao longo do comprimento da peça); encanoamento (diferença
de contração entre as faces radial e tangencial de uma tábua).
Dentre os vários tipos de empenamentos, o arqueamento e o
encurvamento são os mais observados em peças de madeira de eucalipto. O
arqueamento se manifesta durante o desdobro das toras e secagem da
madeira. O encurvamento é bastante freqüente em peças verdes e
normalmente em madeiras de toras finas, podendo ser controlado durante a
secagem (ABINCI, 2004).
27
3.4 Secagem ao ar livre
A secagem da madeira pode ser definida como a evaporação da
umidade superficial, que é absorvida pela atmosfera local e, ao mesmo tempo,
a movimentação da umidade interior para as zonas superficiais. A ineficácia do
processo se deve à rápida perda da umidade superficial e a lenta
movimentação da umidade interna para a superfície. A velocidade da secagem
está diretamente relacionada ao tipo de madeira, dimensões e arranjo das
pilhas no pátio de secagem. Gomide (1974) afirmou que a largura da pilha, o
espaçamento lateral entre as pilhas, a área da chaminé deixada no seu interior
e a altura da primeira camada de tábuas com relação ao solo afetam o grau e a
velocidade da secagem.
Na secagem natural de tábuas, na maioria das espécies, ocorre perda
da metade do teor de sua umidade entre 15 e 30 dias; o restante é eliminado
num tempo de 3 a 5 vezes maior, permanecendo as tábuas sob as mesmas
condições de exposição. Isto é conseqüência do estado da umidade da
madeira, visto que a água livre, que corresponde ao estado acima do ponto de
saturação das fibras, é evaporada facilmente. O mesmo, entretanto, não se dá
com a água de adesão que se apresenta em combinação coloidal com a
própria substância madeira, sendo mais fortemente retida que a água livre,
Gomide (1974).
Na secagem ao ar livre a madeira atinge a umidade de equilíbrio lenta e
suavemente. O tempo de secagem varia em função das condições climáticas
de cada região. Caso haja necessidade de umidade da madeira abaixo deste
ponto, deve-se proceder a secagem em estufas (MENDES, 1996).
A Divisão de Madeiras do IPT tem mostrado que é possível produzir
vários tipos de móveis, com a madeira de eucalipto. Com Eucalyptus grandis,
por exemplo, foram produzidos cinco armários, escrivaninhas, estantes,
gaveteiros e mesas (CIÊNCIA HOJE, 1995). Esta espécie, dentre as 600
existentes do gênero, é a que se apresenta com maior potencial de utilização
no setor moveleiro, devido as suas características físico-químicas, anatômicas
e organolépticas. Estas características colocam a madeira de Eucalyptus
grandis em condições semelhantes à de mogno (Swietenia macrophylla), que é
a preferida pelo setor moveleiro (SEMADER, 1996).
28
4 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho foi conduzido na cidade de Rio Grande, localizada
na região sul do Rio Grande do Sul. A coleta e a caracterização do material
(toras e peças de madeira serrada) foram realizadas na serraria Liptos
localizada na área do banhado do Taim, a mesma, desdobra madeira de
Eucalyptus grandis com 23 anos de idade, proveniente das florestas da Trevo,
localizadas nesta mesma área. Essas florestas são manejadas, porém sem a
orientação de profissionais da área. As respectivas amostras foram coletadas
entre os meses de setembro e outubro, sendo que as medições e avaliações
dos defeitos foram realizadas no próprio pátio da serraria.
Os métodos qualitativos aplicados no estudo foram divididos em duas
fases: madeira verde e seca. Logo após o desdobro das peças analisou-se a
madeira antes de ser exposta a secagem ao ar livre. Verificaram-se
características relacionadas ao rendimento de madeira serrada após o
desdobro; defeitos físicos, mecânicos e estéticos após o desdobro. Na segunda
fase, também se verificou a presença de alterações nas características físicas,
mecânicas e estéticas da madeira serrada, além do teor de umidade.
Posteriormente, realizou-se a classificação das amostras, de acordo com as
classes de qualidade estabelecidas pela norma de madeira serrada de
Eucalyptus (ABNT, 2002).
4.1 Caracterização da área de estudo
A área de estudo da sflorestas que fornecam a madeira está situada na
região do Banhado do Taim, localizada na mesoregião do Sudeste RioGrandense pertencente à Planicie Litorânea conforme a Figura 1.
29
Figura 1 – Mapa do Rio Grande do Sul em miniatura e em destaque a região do
banhado do Taim.
Fonte: Google, 1998.
A Planicie Litorânea consiste em terrenos arenosos com cerca de 500km
de extensão no sentido nordeste-sudoeste e largura muito variável. Os areais
se desenvolvem tanto nas margens orientais quanto nas ocidentais das lagoas
dos Patos e Mirim. Essas lagoas apresentam um desenho característico, com
recorte lobulado, em virtude das pontas de areia que de uma e outra margem
se projetam para dentro delas. Ao contrário do que acontece no interior das
lagoas, a linha da costa apresenta traçado regular. A planície é constituída pela
justaposição de restingas, que às vezes deixam entre si espaços vazios
ocupados por lagoas alongadas ou banhados.
O clima do Taim é parecido com o da cidade de Rio Grande é
subtropical ou temperado, com forte influência oceânica, ventos rigorosos e
30
com invernos relativamente frios, verões tépidos e precipitações regularmente
distribuídas durante o ano. A temperatura média anual da região é de 21,6 °C e
a precipitação média anual de 1.162 mm. O mês mais quente é janeiro, com
temperatura média de 23 °C, e o mês mais frio é jul ho, com temperatura média
de 13°C devido à intensa incidência de ventos, a se nsação térmica no inverno
frequentemente chega abaixo de 0°C, durante os mese s mais frios.
Apresentando campos de vegetação rasteira e herbácea, como também
pequenas florestas de Pinus e Eucalyptus, rodeadas por altas dunas de areia.
4.2 Caracterização do processo de desdobro
As toras foram selecionadas ao acaso, marcadas com um giz de cor e
normalmente processadas na linha de produção, conforme o fluxograma
utilizado na serraria Liptos conforme a Figura 2. Após o desdobro das toras, as
mesma foram separadas e em seguida foi feito a análise de qualidade das
peças seccionadas.
Serra-defita vertical
Resserra
horizontal
Destopadeira
Refiladeira
ajustavel
FIGURA 2. Fluxograma do processo de desdobro da empresa.
4.3 Seleção das toras para desdobro
Na empresa onde foi desenvolvido este trabalho, as classes diamétricas
das toras variam de 15 a 45 cm. Dessa forma adotou-se uma divisão em 3
classes, levando em conta a disponibilidade das toras na serraria. Para cada
classe diamétrica foram selecionadas três toras, totalizando um total de nove
31
toras de madeira de Eucalyptus grandis procedentes de florestas do grupo
Trevo localizadas no extremo sul do Rio Grande do Sul, conforme a Tabela 3.
A verificação dos diâmetros de cada tora, foi realizada com uma trena, a partir
da medição em cruz das pontas fina e grossa, sendo classificadas de acordo
com as classes diamétricas em estudo. Para efeito de controle as toras foram
pintadas no topo com spray de cor preta, para posterior separação.
Tabela 3 – Seleção de toras de Eucalyptus grandis em três classes diamétricas
para o processo de desdobro.
Classe
Nº de toras
Diâmetro (cm)
Comprimento (cm)
A
3
15 a 25
565
B
3
26 a 35
565
C
3
36 a 45
565
Total
9
4.3.1 Volume real das toras
Depois da seleção das toras, foi possível calcular o volume real de cada
tora por meio do método de Smalian dentro da sua classe respectiva, conforme
a Equação 1.
em que:
V1 = volume real da tora (m³);
gi = área da maior secção da tora (m²);
gf = área da menor secção da tora (m²);
L = comprimento total da tora (m).
4.4 Desdobro das toras
As toras selecionadas foram desdobradas de acordo com a linha de
produção da empresa conforme o fluxograma anterior. Por meio desse, se
32
analisou a qualidade das peças produzidas quanto à variação da espessura ao
longo de seu comprimento.
As tábuas foram posicionadas de forma vertical para facilitar a medição
da espessura nas duas laterais. Adotando-se a metodologia empregada por
Carmo (2004), os pontos de medição foram numerados em seqüência
crescente, eqüidistantes, a partir da extremidade no qual o desdobro teve início
e marcados com giz de cera. Em cada tábua, foram tomadas dez medidas de
espessura, com o auxílio de um paquímetro digital, sendo cinco em cada
lateral.
Para determinação dessas medições, foram definidos cinco pontos para
avaliação das espessuras, sendo que em cada ponto foi determinada a
espessura superior e inferior das tábuas, onde o primeiro ponto situa-se a 40
cm da entrada da tora na secção de desdobro, e os demais pontos de medição
a cada 157 cm, ou seja, medições em 197 cm, 354 cm, 511 cm. Em cada ponto
foram feitas duas medições nas laterais, uma superior e a outra inferior
conforme a Figura 3, de modo a permitir a identificação das irregularidades das
peças desdobradas, como também para diferenciar após secagem.
0,40
1,57
1,97
3,54
5,11
Figura 3 – Pontos de medição das espessuras das peças de madeira serrada
de Eucalyptus grandis.
4.5 Rendimento
O rendimento volumétrico é a relação entre o volume produzido de
madeira serrada e o volume utilizado de toras. Após o processo de desdobro
(madeira verde), as peças obtidas foram separadas nas suas respectivas
classes diamétricas para a obtenção do volume de madeira serrada e do
rendimento final da tora. Para a obtenção do volume foram medidas as peças
em sua largura, espessura e comprimento, respectivamente nos pontos, mais
estreito, mais fino e mais curto da peça, exceto quando se notou a presença de
esmoado, conforme a Norma Técnica NBR 14806 (ABNT, 2002).
33
Todas as tábuas obtidas nos processos receberam a mesma marcação
das toras que as originaram e foram separadas em seus respectivos grupos
para posterior determinação dos volumes serrados, os quais foram obtidos logo
após o desdobro.
Para a medida dos volumes das tábuas, foram tomadas dez medidas de
espessura, com auxílio de paquímetro, cinco medidas em cada lado. Com
auxílio de uma trena, foram tomadas também, dez medidas de largura, sendo
cinco em cada lado da peça, além de uma medida de comprimento. As
medidas de espessura foram tomadas em mm e as medidas de largura e
comprimento em centímetro. Todas as medidas foram tomadas logo após o
desdobro.
Para mensurar o rendimento de cada classe diamétrica, utilizou-se a
equação 2.
em que:
R = rendimento em madeira serrada obtida de cada classe diamétrica
(%);
ΣV = somatória dos volumes de todas as toras de classe diamétrica
(m3);
ΣVt = somatória dos volumes de todas as peças serradas de cada
classe diamétrica (m3).
4.6 Medição das dimensões
Todas as peças serradas tiveram as suas medidas de largura espessura
e comprimento, a fim de se avaliar as possíveis influências dos principais
fatores relacionados ao desdobro, na variação das dimensões das peças. Os
fatores foram: classe diamétrica e sistema de desdobro.
No caso das tábuas verdes, foram utilizadas as medidas de largura,
espessura e comprimento obtidas para o cálculo do volume verde das tábuas.
Para as tábuas secas, foram utilizadas as medidas de largura e espessura
34
tomadas para o cálculo do volume das tábuas. O comprimento, em função da
pouca retratibilidade longitudinal que a madeira apresenta, foi medido somente
na condição verde.
4.7 Medição e quantificação dos defeitos
As avaliações quanto à qualidade dos defeitos naturais e de secagem
das peças desdobradas, foi realizada na pior face tanto em madeira verde
como em madeira seca, levando em conta as classes diamétricas prédefinidas, conforme a Figura 4. Nas classes de madeira verde, foram
analisados apenas defeitos naturais. Já nas classes de madeira seca, além dos
defeitos naturais, foram quantificados os defeitos resultantes da secagem.
Figura 4 – Defeitos da madeira, demonstrando nó solto (A), defeito de
empilhamento (madeira seca) (B), bolsa de goma com nó (C), defeito de
empilhamento (madeira úmida) (D), rachadura (E), furo da bolsa de goma (F),
bolsa de goma limpa (G), nó cariado (H).
35
4.7.1 Defeitos naturais
4.7.1.1 Nós
Os nós podem ser definidos como tecidos lenhosos, resultante do rastro
deixado por um galho, cujos caracteres diferem da madeira que o circunda.
Foram quantificados por meio de contagem, considerando os nós presentes na
pior face da peça. Posteriormente, calculou-se o percentual de proporção de
nós por meio da relação entre a soma do diâmetro de todos os nós e a área da
peça em razão da largura rea,l por metro de comprimento da peça, de acordo
com a Equação 3 abaixo:
em que:
L1 = comprimento real da peça (m);
L1= largura real da peça (m);
X1+X2+X3+Xn = diâmetro dos nós (m).
4.7.1.1 Furos de insetos
São definidos como perfurações na madeira causadas por insetos
biodegradadores conforme a Figura 5.
Figura 5 – Tábua apresentando um furo de inseto e suas medições.
36
Os furos de insetos foram medidos em função da área da peça afetada
pelos agentes xilófagos conforme a Equação 3.
em que:
Fi = furo de insetos (%);
L1 = comprimento real da peça (cm);
L2 = comprimento afetado pelos furos de insetos inativos;
L1 = largura real da peça.
4.7.1.2 Quantificação da medula
Localizada próxima ao centro do tronco, é de pequeno diâmetro e
constituída por tecidos menos resistentes do que os do lenho que a circunda.
Foi mensurada a partir da medição da sua largura máxima e seu comprimento
máximo. A quantificação ocorreu por meio da Equação 4. Em caso de
descontinuidade da medula ao longo da peça, a quantificação foi realizada a
partir do somatório dos seus vários segmentos.
em que:
Cm = comprimento da medula (%);
L1 = comprimento real da peça (mm);
L2= comprimento máximo da medula (mm).
37
4.7.2 Defeitos de secagem
Após o desdobro, no momento das medições das tábuas, estas tiveram
seus defeitos avaliados. Foram medidas as flechas dos empenamentos
(arqueamento, encurvamento e encanoamento) e a somatória das rachaduras
ao longo da tábua. A medição dos defeitos antes da secagem, foi realizada a
fim de se verificar o aumento ou não dos mesmos, após as peças passarem
por este processo. Depois de realizada a secagem dos lotes, foram medidos
novamente os empenamentos e as rachaduras de todas as tábuas.
Os defeitos de empenamento foram subdivididos em defeitos de
arqueamento, encurvamento e encanoamento.
4.7.2.1 Arqueamento
É o empenamento longitudinal das bordas. Ou seja, curvatura ao longo
do comprimento da peça em um plano paralelo à face, conforme a Figura 6.
Figura 6 – Tábua apresentando defeito de arqueamento e suas
medições
O arqueamento foi quantificado percentualmente em relação ao
comprimento da peça por meio da Equação 5.
38
em que:
I = intensidade de arqueamento (%);
Y = maior flecha da curvatura da peça (mm);
L1 = comprimento real da peça (mm).
4.7.2.2 Encurvamento
Encurvamento é definido como o endurecimento superficial da madeira,
pela secagem artificial rápida da parte externa, permanecendo úmida a parte
interna, conforme a Figura 7.
Figura 7 – Tábua apresentando defeito de encurvamento e suas
medições
O encurvamento foi quantificado percentualmente em relação ao
comprimento da peça por meio da equação 6.
em que:
I = intensidade de encurvamento (%);
X = maior flecha da curvatura da peça (mm);
L1 = comprimento real da peça (mm).
4.7.2.3.Encanoamento
Definido como empenamento transversal da face. Ou seja, curvatura
através da largura da peça. Foi medido e quantificado por meio da diferença
39
entre a espessura nominal e a espessura obtida após o aplainamento da peça
encanoada, com fins à eliminação desse defeito, conforme a Figura 8.
Figura 8 – Tábua apresentando defeito de encanoamento e suas
medições.
O encanoamento foi medido e quantificado por meio da diferença entre a
espessura nominal e a espessura obtida após o aplainamento da peça
encanoada com fins à eliminação desse defeito, conforme a equação 7.
Em que:
En= intensidade do encanoamento (%)
E1= espessura nominal (mm)
E2= espessura aplainada (mm)
4.7.2.4. Esmoado
É a ausência de madeira, originada por qualquer motivo, na quina da
peça, ou seja, quina morta, conforme a Figura 9.
Figura 9 – Tabua apresentando defeito de esmoado e suas dimenções.
40
O esmoado foi medido percentualmente em relação as dimencões reais
da peça, conforme as equações 8, 9 e 10.
em que:
Ee = espessura do esmoado (%);
E1 = espessura real da peça (mm);
E2 = diferença entre a espessura real da peça e a maior espessura do
esmoado (mm).
No caso de a peça apresentar dois ou mais esmoados na sua pior face,
considerou-se a maior espessura dos esmoados existentes.
em que:
Le = largura do esmoado (%);
l1 = largura real da peça (mm);
l2 = diferença entre a largura real da peça e a maior largura do
esmoado (mm).
No caso de a peça apresentar dois ou mais esmoados na sua pior face,
considerou-se a maior largura dos esmoados existentes, quando eles
ocorreram em uma quina; ou a somatória das larguras de dois esmoados,
considerando a largura do maior esmoado existente em cada uma das duas
quinas longitudinais da peça.
41
em que:
Ce = comprimento do esmoado (%);
L1 = comprimento real da peça (mm);
L2 = comprimento do esmoado (mm).
No caso de a peça apresentar dois ou mais esmoados na sua pior face,
considerou-se o somatório dos comprimentos de todos os esmoados
existentes.
4.7.2.5 Rachaduras
É a separação dos elementos constituintes da madeira no sentido
longitudinal à grã, conforme a Figura 10.
Figura 10 – Tabua apresentando defeitos de rachaduras e suas
medições.
As rachaduras foram quantificadas percentualmente, com a soma de
seus comprimentos em relação ao comprimento real da peça, conforme a
equação 11.
42
em que:
R = índice representativo das rachaduras (%);
L1+L2+L3+Ln = comprimento individual das rachaduras (mm);
L1 = comprimento total da peça (mm).
4.7 Construção da pilha
As estruturas que serviram de base para a pilha foram confeccionadas a
partir de sobras de madeira seca de 20,0cm de altura (pedaços de prançhões),
num total de 3 a 5 apoios por pilha. Sobre estes apoios, foram depositadas
travessas com perfil de 120 x 7 x 5 cm (comprimento x altura x largura). O
comprimento da pilha foi determinado pelo próprio comprimento das tábuas,
variando de 5,35 a 5,45 m. A largura da pilha foi de 1,1m, tendo o cuidado de
deixar espaçamentos de, aproximadamente, 3 cm entre as tábuas. Foram
colocadas tábuas de mesma espessura para tornar a pilha mais estável, para
evitar desmoronamento da pilha e empenamentos das tábuas.
4.8 Determinação do teor de umidade.
Após o período de secagem ao ar livre, foi avaliado o teor de umidade
das peças desdobradas. Verificando-se em três pontos distintos ao longo das
tábuas, com o auxilio de um medidor de umidade MUMC-620 (precisão ± 1% e
escala de medição entre 6% e 44%). Medidas a 40 cm das extremidades e
uma no centro da tábua.
4.9 Análise estatística dos dados
Os dados colhidos durante o estudo foram analisados com o auxílio de
programas estatísticos a partir de análise de variância.
43
4.10 Classificação quanto à qualidade da madeira serrada.
A classificação quanto à qualidade das amostras de madeira foi possível
a partir da determinação, quantificação e análise dos dados coletados durante
a pesquisa.
1. Examinar visualmente ambas as faces da peça;
2. Determinar a pior face da peça;
3. Medir e quantificar os defeitos que ocorrerem na pior face (Ver );
4. Medir e quantificar os empenamentos existentes (Ver ).
Dessa forma, fez-se a classificação das amostras relacionando-as com
as classes existentes, de acordo com a Tabela 4.
44
Tabela 4 – Normas de madeira serrada de eucaliptos (ABNT, 2002).
45
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Avaliação do rendimento em madeira serrada
O rendimento médio na condição verde obtido para o Eucalyptus grandis
foi de 43,41%. Tal valor aproxima-se do resultado obtido por Jara et al. (1997),
que obtiveram para o mesmo, um rendimento médio de 46,08%. Del Menezzi
(1999) observou um rendimento médio de 51,8%, consideravelmente superior
ao encontrado. Já Acosta (1999), apresenta para a classe diamétrica de 20 a
25 cm, um rendimento médio de 53% e para a classe diamétrica de 25 a 30
cm, 57%, valores estes bem acima dos resultados deste trabalho. Pode-se citar
ainda o exemplo de Carpinelli (2002) que encontrou rendimentos em madeira
serrada de toras com diâmetros de 20 a 55cm variando de 33% a 61%.
Pode-se observar que os rendimentos para as classes A, B e C foram
respectivamente em ordem crescente, apresentando rendimentos maiores de
acordo com o aumento do diâmetro das toras, e apresentando diferença
estatística a 5% de probabilidade de erro apenas na classe C, de acordo com a
Tabela 5.
Tabela 5 - Valores dos rendimentos médios para cada classe diamétrica
submetidos ao teste de médias.
Classe
Nº
Rendimento
C. V. (%)
amostras Mínimo
Máximo Médio
A
3
25,45
40,29
34,57 a
23,1%
B
3
31,27
46,62
37,16 a
22,3%
C
3
58,42
58,61
58,51 b
0,2%
Total
9
25,45
58,61
43,41
29,4%
Fcalc.
P
11,75
0,0084
Em que: C.V. = Coeficiente de variação; F = Valor de F calculado; P =
Probabilidade de erro; Médias seguidas da mesma letra não diferem
estatisticamente a um nível de 5% de probabilidade de erro.
Esse resultado, já era esperado, pois é normal em serrarias, as toras de
maiores diâmetros apresentarem rendimentos superiores. Porém, o ajuste dos
equipamentos pode alterar tal tendência. Nesse caso, provavelmente os
46
equipamentos estavam mais ajustados para a classe diamétrica maior,
consequentemente a classe C e, ao se desdobrar as classes diamétricas B e C
houve uma maior perda de madeira na forma de costaneiras e refilos. Segundo
Vianna Neto (1984), cada equipamento possui características próprias de
concepção, que devem ser conhecidas e que interferem na produção,
produtividade e rendimento volumétrico. Segundo o autor, o correto
posicionamento e orientação da tora para o desdobro são importantes, pois
uma abertura de corte inadequada pode significar grandes perdas em volume
ou qualidade da madeira.
Um fator importante a ser avaliado é a eficiência do sistema de
desdobro, que determina o volume de madeira serrada por um determinado
número de operários por um período de tempo. Apesar de não ter sido
abordado nesse estudo.
A manutenção é outro fator que influencia significativamente no
rendimento e qualidade da madeira serrada (PONCE, 1992). Equipamento bem
cuidado pela manutenção preventiva apresenta menor variação na serração,
de modo que as peças de madeira produzidas necessitam menores
sobremedidas, o que aumenta o rendimento. A manutenção inclui o
equipamento e as lâminas de serra, sendo que o trabalho realizado na sala de
afiação influi diretamente na variação de serração, conseqüentemente, no
rendimento.
É importante ressaltar que os fabricantes de lâmina de serra-de-fita têm
uma recomendação da tensão a que ela deve ser submetida entre os volantes
da serraria. Muitos profissionais de serraria costumam usar um nível muito
superior ao recomendado pelos fabricantes das lâminas com muito sucesso na
obtenção de melhor qualidade do corte e manutenção da bitola, como também
para uma alta velocidade de alimentação. Após algumas horas de operação de
serragem, a lâmina de serra fita perde eficiência. De um modo geral, após 4
horas de operação, a lâmina deve ser trocada por outra, corretamente travada
e afiada.
Todavia, esse tempo depende das condições de operação, da dureza
dos dentes e do corpo da lâmina de serra fita, da madeira e se existe terra ou
areia aderida à tora. É comum que durante a operação de colheita florestal, no
momento da queda da árvore, traçamento do tronco e do arraste das toras, que
47
partículas de areia fiquem aderidas à mesma. A melhor maneira de saber o
momento de substituição da lâmina de serra fita é por meio de avaliação
freqüente das peças de madeira desdobradas; quando o desbitolamento é
superior ao limite para aquela espécie, deve-se trocar a lâmina. Outro método
prático é perceber a formação diferenciada de cavacos ou do acabamento na
lateral da peça (EMBRAPA, 2007).
5.2 Avaliação das dimensões
Para a avaliação dos métodos de desdobro nas dimensões das peças
serradas, as tábuas obtidas foram medidas apenas na condição verde,
conforme a Tabela 6, essa medidas foram realizadas apenas nessas
condições, pelo motivo da serraria vender 95% da madeira serrada logo após o
desdobro. A escolha das tábuas para classificação quanto às classes foi de
forma aleatória, ou seja, foram sorteadas.
Tabela 6 – Valores médios das espessuras para cada posição submetidos ao
teste de medias.
Espessura
Posição
C. V. (%) Fcalc.
P
Media
Mínimo
Máximo
Inferior
2,57ª
2,14
3,08
6,83%
35,32
<0,0001
Superior
2,65 b
2,17
3,13
6,56%
Total
2,61
2,14
3,13
6,86%
Em que: C.V. = Coeficiente de variação; F = Valor de F calculado; P =
Probabilidade de erro; Médias seguidas da mesma letra não diferem
estatisticamente a um nível de 5% de probabilidade de erro.
Observou-se uma diferença estatística, a nível de 5% de probabilidade
de erro entre as espessuras superiores e inferiores. Tal fato ocorreu pelo
motivo da troca de serra, ou seja, a serra fita principal (vertical) desdobra
pranchões de 2 polegadas, onde os mesmos são tombados em uma mesa para
posterior ressera (serra-de-fita horizontal), liberando tábuas de uma polegada.
Na mesa onde os pranchões são resserrados observou-se um pequeno
desgaste, devido ao arraste dos mesmos. Essa inclinação resultou na diferença
das espessuras superiores e inferiores.
48
A Tabela 7 apresenta a variação da espessura ao longo do comprimento das
peças oriundas das 3 classes em estudo, para uma bitola ajustada em 2,54mm,
onde a variação média foi de 2,61 mm após o processo de desdobro.
Estatisticamente não houve diferença significativa a nível de 5% de
probabilidade de erro entre as peças.
Tabela 7 – Valores médios das espessuras ao longo da peça submetidos ao
teste de médias.
Espessura
Pos. Long. Media
Mínimo
Máximo
C. V. (%) Fcalc.
P
0,40
2,62*
2,17
3,09
7,31%
1,60
2,62 *
2,26
3,06
6,64%
2,80
2,60 *
2,21
2,99
6,38%
0,51
0,7256
4,00
2,61 *
2,14
3,1
6,93%
5,20
2,62 *
2,2
3,13
7,02%
Total
2,61*
2,14
3,13
6,86%
Em que: C.V. = Coeficiente de variação; F = Valor de F calculado; P =
Probabilidade de erro; Asteriscos não diferem estatisticamente a um nível de
5% de probabilidade de erro.
Com análise desses resultados, pode-se constatar que não existe uma
variação significativa relacionada a possíveis problemas com o equipamento.
Tais problemas poderiam ser ocasionados por pequenas variações no
bitolador, tensão na lâmina da fita, condições do carrinho porta toras, apesar do
mesmo ter sua base em madeira maciça, como também, o mau uso da guia
(Brown & Bethel, 1975).
Outro fator que poderia causar variações de espessura seria a presença
de serragem na superfície da tábua, o que pode ser resultado de um pequeno
avanço por dente, baixa velocidade de alimentação associada à alta velocidade
da lâmina. Desse modo, a serragem produzida é facilmente perdida entre os
dentes, causando um atrito entre a lâmina e a madeira que pode afetar a
tensão interna da lâmina-de-fita.
Com base na não incidência dos problemas citados acima, deduz-se que
a empresa faz os trabalhos adequados de manutenção nos equipamentos de
corte.
49
5.3 Avaliações dos defeitos independentes da secagem
Tecnologicamente, a presença de nó vivo ou morto na madeira prejudica
a sua qualidade, reduz sua resistência e, como conseqüência, leva a uma
classificação comercial inferior (FINGER et al., 2001).
Por meio da Figura 14 observa-se que as peças oriundas das toras
desdobradas apresentaram 4 tipos de nós (firme, cariado, solto e de quina) e
suas respectivas porcentagens.
Quina
12%
Solto
18%
Firme
Nós
47%
Cariado
23%
Figura 14 - Tipos de nós encontrados nas peças de madeira.
O manejo da floresta pode ser uma contribuição importante para a
melhoria da qualidade da madeira. Nesse sentido, o espaçamento influi no
rítmo de crescimento, na proporção de madeira juvenil e na queda natural dos
ramos; o desbaste, além de influir na produtividade final, ajuda a controlar a
quantidade de madeira juvenil, a presença de nós e a proporção de lenho
tardio, dentre outras características; e a desrama é efetuada primordialmente
para diminuir a nodosidade (GALVÃO, 1992).
No caso de madeira serrada, o diâmetro dos nós assume importância
decisiva. O diâmetro dos nós individuais, principalmente aqueles com grande
porção morta absorvida, contribui muito mais, para a diminuição das
propriedades de resistência de uma peça de madeira, como também, da
diminuição da qualidade, do que sua quantidade.
50
Também se observa, na Figura 14, uma grande porcentagem de nós
firmes e cariados. Dessa forma, pode-se inferir que as florestas dessa região
são pouco manejadas com vistas à qualidade da madeira, resultando em
material que produzirá perdas e baixa qualidade na sua industrialização. A
quantidade média de nós encontrada por metro de tábua foi alta e isto se deve
à escassez de desrama artificial ao longo do manejo dado ao plantio, como
também, as alturas de desrama podem afetar de forma significativa o número
de nós e a nodosidade.
Outra característica intrínseca a madeira, que quando surgiu nesse
trabalho foi decisiva na qualidade da mesma, foram as gomas, que de forma
geral quando presentes reduziram explicitamente a classe de qualidade,
conforme a Figura 15.
3 gomas
8%
2 gomas
4%
1 goma
38%
0 gomas
Total
50%
Figura 15 – Quantidade de gomas por Tabuas
Esse problema pode ser ocasionado principalmente pelo apodrecimento
dos nós, ou ainda, devido certos ferimentos com a árvore ainda viva na
floresta. Pelo fato de 50% das tábuas apresentarem esse defeito, podemos
acreditar que possivelmente na hora do desbaste, houve o contato entre os
troncos das árvores derrubadas, com os das árvores que ainda permaneceram
na floresta. Outro motivo citado por alguns autores seria a influencia genética
dos clones, porém ainda não existem estudos com essas relações.
51
De acordo com as características da madeira de Eucalyptus podemos
citar outros defeitos como a podridão do cerne, presença de medula, fissuras
de compressão, colapso, furo de insetos, esmoado e outros menos
importantes. Porém nesse trabalho, após a avaliação das tabuas serradas,
não foi verificado nenhum desses defeitos.
5.4 Avaliação dos defeitos dependentes da secagem
Os principais defeitos avaliados foram o arqueamento, encurvamento,
encanoamento e rachaduras ainda com as tábuas na condição verde, esses
defeitos podem ser ocasionados por vários fatores, como por exemplo:
diferenças de contração entre as camadas de crescimento (tensões-decrescimento), lenho juvenil e adulto, cerne e alburno, desvios na orientação das
fibras, e presença de madeira de reação. Se a madeira, em razão de sua
formação e posterior estrutura anatômica, apresenta tendência a distorções; o
processo de secagem e retração decorrente da perda de umidade tenderão a
agravar as distorções.
Esses defeitos estão associados às tensões de crescimento com maior
intensidade nas árvores mais jovens, diminuindo consideravelmente com o
amadurecimento da árvore, principalmente aquelas acima de 20 anos, Remade
(2000). Após a secagem os defeitos foram novamente analisados, conforme a
Tabela 8.
Tabela 8 – Análise dos empenamentos observados nas tabuas desdobradas.
Dados
Média
mm/m
Maximo
mm/m
Mínimo
mm/m
CV
F
P
Seca
Arqueamento
Úmida
Encurvamento
Seca
Úmida
Encanoamento
Seca
Úmida
3,45a
1,93b
6,86a
5,11b
7,94a
0b
7,12
4,89
14,39
9,13
29,41
0
0,91
0,19
1,45
0,23
0
0
33,19
138,61
37,1242%
47,4912% 33,75
25,09
<0,0001
10,03
<0,0001
0
14,06
<0,0001
Em que: C.V. = Coeficiente de variação; F = Valor de F calculado; P =
Probabilidade de erro; Médias seguidas da mesma letra não diferem
estatisticamente a um nível de 5% de probabilidade de erro.
52
Após a secagem das tábuas, pode-se verificar uma diferença estatística
a 5% de probabilidade de erro entre as peças secas e úmidas, onde a
porcentagem de peças afetadas por este defeito, foi superior à porcentagem
para as peças na condição verde. Observa-se também que as flechas de
arqueamento foram maiores, demonstrando que, apesar de as tábuas
apresentarem uma baixa incidência de arqueamento no momento do desdobro,
estas continuaram a arquear, durante o processo de perda de umidade.
Segundo Malan (1984) com a utilização de cortes simultâneos, ocorre
uma liberação simétrica e simultânea das tensões, produzindo tábuas menos
arqueadas. O mesmo não aconteceu para tábuas de cortes sucessivos. Porém,
a manifestação deste defeito está também associada às tensões ainda
presentes na tábua. Del Menezzi, (1998), ao desdobrar Eucalyptus tereticornis
por cortes sucessivos observou que já no desdobro da tora, o quadrante obtido
sofria apreciável arqueamento.
O arqueamento médio que era de 1,93 mm/m para tábuas verdes,
passou para 3,45 mm/m após o processo de secagem. Isso ocorreu
principalmente devido as peças ainda continuarem perdendo umidade e
principalmente pelas condições climáticas ao longo do período de secagem
(dias muito quentes e de grande circulação de ar).
No encurvamento, após a secagem das tábuas, observou-se diferença
estatística a 5% de probabilidade de erro entre as peças secas e úmidas, onde
a porcentagem de peças afetadas por este defeito, foi superior à porcentagem
para as peças na condição verde. Observa-se também que as flechas do
encurvamento foram maiores, demonstrando que, apesar de as tábuas
apresentarem um alto índice de encurvamento no momento do desdobro, estas
continuaram a encurvar, durante o processo de secagem.
Segundo Ponce (1995), os empenamentos no plano das faces são
defeitos
mais
comuns
e
mais
freqüentes
em
peças
desdobradas
tangencialmente.
Del Menezzi (1999) observou que para o Eucalyptus grandis o
encurvamento médio foi de 5,65 mm/m para as tábuas verdes, valor superior
ao encontrado nesse trabalho. Segundo o mesmo autor, já para as tábuas
secas houve uma significativa redução dos encurvamentos, tal fato pode ser
explicado pela restrição que foi imposta às tábuas durante o seu gradeamento
53
e processo de secagem. Tal restrição associada à pressão exercida sobre as
camadas das pilhas de tábuas, fazendo com que o encurvamento seja
amenizado.
O encurvamento médio que era de 5,11 mm/m para as tábuas verdes,
passou para 6,86mm/m depois de secas, esse pequeno aumento nos valores
dos encurvamentos, ocorreram principalmente devido a má formação da pilha,
provavelmente devido a falta de peso em cima das tábuas, como também,
pelas condições climáticas ao longo do período de secagem (dias muito
quentes e de grande circulação de ar), que juntamente com o mau
empilhamento, foram os principais motivos dos defeitos de empenamentos.
Em relação ao defeito de encanoamento, pode-se observar que este é
um defeito típico de tábuas procedentes de desdobro tangencial e que ocorre
somente depois da secagem das mesmas, deixando claro que esse defeito não
tem nada a ver com as tensões de crescimento. Isso é explicado devido a
grande diferença de contração entre os sentidos tangencial e radial das tábuas.
Dentre os defeitos de empenamentos, o encanoamento é o mais
limitante no que diz respeito a usinagem da madeira, pois na maioria das
vezes, torna-se inviável o aplainamento das peças. Já o arqueamento e o
encurvamento podem ser amenizados ou até eliminados com a redução do
comprimento das tábuas, operação comum em indústrias de beneficiamento de
madeira, no momento da retirada de defeitos como nós, furos de goma e
outros.
No encanoamento também houve diferença estatística a 5% de
probabilidade de erro, devido 100% das peças úmidas não ter apresentado
esse defeito. As peças secas apresentaram uma média de 7,94 mm/m de
encurvamento, com uma flecha máxima de 29,41 mm/m valor este muito acima
do encontrado por outros autores.
Rocha (2000), desdobrando toras de Eucalyptus com diâmetros médios
de 25 a 30 cm, obteve um encanoamento médio com flecha de 1,75mm.
Comparando os resultados das rachaduras nas tábuas desdobradas,
observa-se que não há diferença estatística a 5% de probabilidade de erro,
antes e após secagem. Mas mesmo sem essa diferença as tábuas de
Eucalyptus grandis continuaram desenvolvendo rachaduras durante a redução
da umidade, conforme a Tabela 9.
54
Tabela 9 – Análise das rachaduras das tabuas antes e pós secagem
Madeira
Média
(mm/m)
Máximo
(mm/m)
Mínimo
(mm/m)
CV (%)
F
p
58,08*
227,27
0,0
96,10%
Seca
84,62*
245,27
16,73
58,11%
Úmida
2,80
0,102
71,35
245,27
0,0
75,24%
Total
Em que: C.V. = Coeficiente de variação; F = Valor de F calculado; P =
Probabilidade de erro; Asteriscos não diferem estatisticamente a um nível de
5% de probabilidade de erro.
Esses resultados estão de acordo com Del Menezzi (1999), que
trabalhando com a mesma espécie, também observou um aumento nas
rachaduras das tábuas após a secagem das mesmas
Segundo Skolmem (1974), as tábuas retiradas próximo ao centro da tora
apresentaram excessivo rachamento longitudinal. Del Menezzi (1999), também
verificou que rachaduras totais, ou seja, com extensão superior a 40% do
comprimento da tábua, foram mais frequentes naquelas próximas à medula.
Porém, nesse trabalho, acredita-se que o aumento do comprimento das
rachaduras ocasionadas, tenha acontecido principalmente durante a secagem
rápida, a qual a madeira de Eucalyptus grandis foi submetida. As condições
climáticas ao longo do período de secagem foram de dias quentes e de grande
circulação de ar, com temperatura média durante o dia de 24°C. Os
empenamentos também ocorreram devido a secagem rápida das peças e a
falta de pesos melhor distribuídos sobre a pilha de secagem, como também
observado por Mendes (1997).
5.5 Determinação da umidade
Observa-se que o teor de umidade das peças oriundas das toras da
classe A e C diferem estatisticamente a 5% de probabilidade de erro, porém
entre as classes B e C não houve diferença, conforme a Tabela 10.
55
Tabela 10 – Teor de umidade da madeira seca ao ar livre
Dados
Média (%)
Maximo
Mínimo
CV
F
P
Classes
A
30,67a
37,0
25,0
12,63
B
28,67ab
33,0
24,0
9,06
C
26,56b
33,0
24,0
9,80
4,0
0,032
Em que: C.V. = Coeficiente de variação; F = Valor de F calculado; P =
Probabilidade de erro; Médias seguidas da mesma letra não diferem
estatisticamente a um nível de 5% de probabilidade de erro.
O motivo da classe A apresentar o teor de umidade mais elevado, seria
a presença dos pranchões de 5,1 cm (2 polegadas), por serem mais grossos,
fato que dificulta a troca de umidade com o ar.
.
Ao comparar as classes B e C observa-se uma pequena diferença entre
os teores de umidade, principalmente devido às mesmas se encontrarem na
posição superior da pilha. Essas madeiras depois de desdobradas ficaram
secando por um período de 27 dias.
Na secagem natural de tábuas, na maioria das espécies, ocorre perda
da metade do teor de sua umidade entre 15 e 30 dias; o restante é eliminado
num tempo de 3 a 5 vezes maior, permanecendo as tábuas sob as mesmas
condições de exposição. Isso é conseqüência do estado da umidade da
madeira, visto que a água livre, que corresponde ao estado acima do ponto de
saturação das fibras, é evaporada facilmente. O mesmo, entretanto, não se dá
com a água de adesão que se apresenta em combinação coloidal com a
própria substância madeira, sendo, portanto, mais fortemente retida que a água
livre (GOMIDE, 1974).
Conforme citado anteriormente, a partir de 30 dias, a madeira começa a
perder umidade abaixo do PSF, logo a umidade média encontrada nesse
trabalho foi de 28,7%, valor um pouco inferior ao encontrado por Gomide
(1974).
O principal motivo dessas madeiras alcançarem esse teor de umidade,
foi devido aos dias quentes e de grande circulação de ar, com temperatura
media durante o dia de 24°C.
56
5.6 Determinação da qualidade da madeira serrada
Para classificação de qualidade da madeira serrada seguiram-se as
recomendações da Associação Brasileira de Normas Técnicas que consideram
os defeitos naturais, de desdobro e de secagem da madeira serrada (ABNT,
2002).
Conforme a Figura 16 observa-se a quantidade percentual obtida para
as peças de madeira serrada escolhidas ao acaso. Nota-se a dominância da
quinta classe, comportando 55% das peças analisadas.
4° Classe
30%
3°Classe
15%
2°Classe
0%
1°Classe
0%
5° Classe
55%
Figura 16 – Classes de qualidade para peças de madeira seca
Explica-se tal superioridade a partir do grande número e dimensões de
nós presentes na madeira e gomas, como também, a quantidade de peças que
sofreram encanoamento, devido ao mau processo de secagem que as mesmas
sofreram.
Segundo Lima et al. (2000), o principal problema encontrado na
produção de madeira de eucalipto, é a ocorrência de rachaduras nas toras e
empenamentos das peças serradas, provocadas pelas tensões de crescimento.
Nesse trabalho, os empenamentos identificados nas peças não
interferirem na qualidade da madeira, a ponto de rebaixar as tabuas para uma
classe mais inferior, exceto o encanoamento. Porém esse defeito não está
relacionado com as Tensões-de-crescimento, conforme descrito pelo autor, e
57
sim, devido ao péssimo empilhamento das mesmas, além da floresta possuir
mais de 20 anos, fato que diminui as tensões-de-crescimento.
Ressalta-se a inexistência de peças de madeira com qualidade 1° e 2°
classe, comprovando esses resultados, a Remade (2000) salientou que
madeira serrada procedente da espécie de Eucalyptus grandis não fornecem
qualidade superior.
Para se chegar a um produto de boa qualidade, é necessário a busca de
técnicas e medidas, que visem minimizar os principais problemas que afetam a
qualidade da madeira serrada de Eucalyptus. É necessário a incorporação de
procedimentos de ordem silvicultural já utilizados na formação das florestas
tradicionais, assim como, outros programas complementares de manejo e
condução da floresta, como o desbaste, poda dos ramos, além de avaliar
outros aspectos da madeira, como a estabilidade dimensional, a coloração, a
presença de madeira juvenil, a relação cerne/alburno, a resistência mecânica, a
trabalhabilidade e o seu comportamento em todas as fases do processamento
primário, desdobro e secagem (SILVA, 2000).
Todavia as florestas que forneceram a madeira para realização desse
trabalho tiveram tratos silviculturais, porém, sem o acompanhamento de um
Eng°. Florestal no momento da realização dos manejo s.
58
6. CONCLUSÔES
Com base nas análises de rendimento e qualidade da madeira serrada
de Eucalyptus grandis, concluiu-se que:
•
O desdobro das toras apresentou rendimento médio de 43,41%,
porém apresentando um rendimento de 58,51% para as toras da
classe C, essa considerável diferença, ocorreu pelo motivo do
maquinário estar regulado para toras de maior diâmetro;
•
A variação da espessura ao longo da tábua, não apresentou
diferenças significativas, ficando dentro dos padrões permitidos.
Esses resultados evidenciaram um bom ajuste dos equipamentos de
desdobro;
•
Houve variação significativa entre as espessuras superior e inferior
das tábuas, porém esse defeito, não pode ser atribuído aos
equipamentos de corte, e sim, a um pequeno desgaste na mesa que
transporta os pranchões até a resserra;
•
As peças de madeira serrada apresentaram 4 tipos de nós: firme
cariado, solto e de quina. Sendo que a maior porcentagem de nós foi
do tipo firme, este defeito, juntamente com as gomas, foi o principal
motivo de desqualificação da madeira serrada;
•
Quanto aos defeitos de empenamentos, o encanoamento foi o único
defeito que teve interferência na qualidade final da madeira;
•
Quanto a ocorrência de defeitos naturais, destacou-se a presença de
bolsas de goma em metade das peças avaliadas, sendo decisivo
para desqualificação da madeira serrada;
•
A madeira serrada classificou-se principalmente como de 5° classe,
devido a significativa ocorrência de nós, encanoamento e bolsas de
goma;
59
Dessa forma, recomenda-se:
•
Reorganizar o sistema de desdobro, com o intuito de melhorar o
rendimento das toras de menor diâmetro;
•
Melhorar o plano de manejo florestal, com o intuito de diminuir a
incidência de nós nas peças de madeira;
•
Reorganizar o sistema de empilhamento, pra melhorar a qualidade
final da madeira serrada, principalmente, com o intuito de diminuir os
defeitos de empenamentos.
60
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Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - Universidade de São Paulo.
66
7. Anexos
Madeira Úmida
Tabua
1
1
2
2
3
3
4
4
1
1
2
2
3
3
4
4
5
5
1
1
2
2
3
3
1
1
2
2
3
3
4
4
5
5
6
6
7
7
8
8
9
9
10
10
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Espessuras
0,40
1,60
5,63
5,68
5,62
5,64
2,89
2,84
2,75
2,81
2,82
2,87
2,79
2,86
2,69
2,7
2,67
2,71
5,68
5,49
5,67
5,48
2,91
2,9
2,78
2,76
2,70
2,73
2,67
2,71
2,71
2,59
2,66
2,55
0,9
1,08
0,88
1,06
2,81
2,86
2,69
2,75
2,83
2,88
2,86
2,73
2,82
2,8
2,74
2,74
2,17
2,06
1,79
1,72
2,75
2,68
2,66
2,51
2,91
2,85
2,77
2,72
2,93
2,71
2,73
2,71
2,49
2,36
2,31
2,26
2,81
2,73
2,53
2,66
2,91
2,85
2,73
2,77
2,55
2,51
2,51
2,52
2,53
2,33
2,28
2,28
2,88
2,63
2,51
2,51
2,80
5,54
5,47
2,75
2,68
2,89
2,83
2,66
2,66
5,48
5,38
2,8
2,81
2,81
2,68
2,56
2,56
1,18
1,18
2,72
2,68
2,81
2,69
2,75
2,61
2,29
1,92
2,51
2,5
2,69
2,67
2,66
2,66
2,23
2,21
2,71
2,66
2,85
2,84
2,46
2,47
2,38
2,37
2,6
2,37
4,00
5,71
5,63
2,66
2,62
2,71
2,67
2,61
2,61
5,68
5,66
2,79
2,79
2,8
2,66
2,61
2,61
1,16
1,15
2,73
2,79
2,86
2,68
2,79
2,78
2,44
2,14
2,66
2,61
2,87
2,8
2,77
2,73
2,49
2,47
2,76
2,77
2,83
2,76
2,48
2,53
2,41
2,26
2,6
2,48
5,20
5,78
5,74
2,84
2,78
2,91
2,84
2,63
2,63
5,78
5,79
2,79
2,8
2,57
2,57
2,73
2,73
1,15
1,21
2,83
2,76
2,88
2,81
2,77
2,7
1,75
1,63
2,71
2,75
2,79
2,82
2,59
2,58
2,37
2,39
2,84
2,88
2,88
2,91
2,51
2,68
2,41
2
2,2
1,98
67
11
11
1
1
2
2
3
3
4
4
5
5
6
6
7
7
1
1
2
2
3
3
4
4
5
5
1
1
2
2
3
3
4
4
5
5
6
6
7
7
8
8
9
9
10
10
11
11
12
12
1
1
2
2
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
2,96
2,66
2,86
2,77
2,63
2,48
2,71
2,6
2,68
2,55
3,03
2,91
2,38
2,31
2,73
2,66
2,85
2,77
2,93
2,79
2,82
2,7
2,71
2,63
2,93
2,7
3,09
2,97
3,31
2,85
2,35
2,31
2,57
2,55
2,5
2,48
2,58
2,41
2,61
2,49
2,7
2,61
2,66
2,56
2,63
2,53
2,6
2,49
2,51
2,43
2,61
2,51
2,75
2,7
2,71
2,57
2,89
2,81
2,76
2,63
2,79
2,66
2,73
2,7
3,03
2,88
2,31
2,3
2,68
2,61
3,00
2,87
2,54
2,45
2,56
2,49
2,76
2,66
2,81
2,79
3,17
3,13
3,33
2,85
2,39
2,41
2,51
2,61
2,55
2,48
2,51
2,4
2,68
2,51
2,68
2,61
2,71
2,59
2,66
2,61
2,56
2,58
2,48
2,37
2,78
2,76
2,76
2,59
2,99
2,78
2,88
2,81
2,78
2,6
2,73
2,73
2,55
2,71
2,89
2,89
2,41
2,33
2,68
2,66
2,81
2,69
2,49
2,52
2,48
2,54
2,51
2,6
2,73
2,77
3,19
3,15
3,33
2,88
2,45
2,38
2,66
2,55
2,51
2,43
2,5
2,36
2,71
2,61
2,67
2,61
2,76
2,66
2,71
2,66
2,54
2,48
2,49
2,33
2,68
2,6
2,74
2,7
3,1
2,91
2,89
2,8
2,87
2,62
2,82
2,82
2,43
2,5
2,89
2,84
2,45
2,31
2,73
2,71
2,85
2,8
2,32
2,33
2,48
2,51
2,68
2,71
2,61
2,63
3,17
3,05
3,21
2,68
2,4
2,37
2,61
2,61
2,56
2,41
2,5
2,36
2,75
2,58
2,71
2,66
2,7
2,61
2,73
2,58
2,61
2,46
2,53
2,41
2,7
2,55
2,53
2,62
2,64
2,52
2,99
2,88
2,59
2,51
2,79
2,79
2,63
2,63
2,83
2,85
2,36
2,36
2,65
2,66
2,81
2,77
2,76
2,65
2,66
2,57
2,67
2,77
2,88
2,79
2,57
2,59
3
2,99
2,37
2,36
2,59
2,68
2,71
2,54
2,6
2,39
2,78
2,55
2,73
2,58
2,8
2,58
2,68
2,55
2,66
2,51
2,58
2,43
3,13
3,03
2,55
2,7
68
3
3
4
4
5
5
6
6
7
7
8
8
9
9
10
10
11
11
12
12
1
1
2
2
3
3
4
4
5
5
6
6
7
7
8
8
9
9
10
10
11
11
12
12
13
13
14
14
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Inferior
2,61
2,48
2,63
2,47
2,66
2,37
2,54
2,41
2,61
2,47
2,56
2,36
2,37
2,47
2,37
2,2
2,48
2,33
2,56
2,38
3,06
2,99
3,28
2,42
2,57
2,51
2,59
2,41
2,52
2,4
2,63
2,43
2,55
2,41
2,54
2,38
2,48
2,37
2,49
2,38
2,73
2,55
2,78
2,51
2,44
2,28
2,57
2,41
2,77
2,53
2,5
2,48
2,48
2,39
2,61
2,4
2,55
2,39
2,61
2,31
2,48
2,56
2,48
2,39
2,39
3,31
2,61
2,44
3,15
3,12
3,06
2,95
2,59
2,48
2,66
2,48
2,52
2,39
2,61
2,48
2,61
2,47
2,66
2,41
2,58
2,35
2,46
2,51
2,88
2,61
2,88
2,66
2,58
2,31
2,6
2,44
2,69
2,4
2,39
2,36
2,46
2,51
2,6
2,37
2,51
2,43
2,54
2,33
2,48
2,66
2,48
2,39
2,39
2,39
2,74
2,49
3,17
3,14
3,43
3,08
2,67
2,39
2,68
2,46
2,48
2,41
2,58
2,39
2,67
2,49
2,61
2,44
2,55
2,35
2,41
2,51
2,79
2,63
2,91
2,68
2,66
2,26
2,74
2,49
2,71
2,35
2,48
2,47
2,59
2,53
2,57
2,48
2,66
2,51
2,48
2,39
2,39
2,56
2,39
2,29
2,41
2,43
2,59
2,53
3,17
3,05
3,07
3,08
2,69
2,51
2,49
2,53
2,61
2,55
2,71
2,41
2,65
2,41
2,68
2,39
2,66
2,31
2,54
2,55
2,71
2,68
2,76
2,53
2,66
2,2
2,59
2,51
2,99
2,88
2,41
2,46
2,61
2,57
2,51
2,47
2,61
2,58
2,47
2,41
2,48
2,47
2,37
2,31
2,43
2,37
2,51
2,53
2,42
2,45
3,07
3,3
2,41
2,39
2,39
2,58
2,6
2,49
2,7
2,53
2,48
2,36
2,48
2,39
2,41
2,31
2,56
2,49
2,51
2,61
2,71
2,47
2,45
2,25
2,54
2,5
69
Madeira Seca
Classe
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
C
C
C
C
C
C
C
C
C
C
Tora
1
1
1
1
1
1
2
2
2
2
2
2
3
3
3
3
3
3
1
1
1
1
1
1
2
2
2
2
2
2
3
3
3
3
3
3
1
1
1
1
1
1
2
2
2
2
1Superior
1Inferior
2Superior
2Inferior
3Superior
3Inferior
1Superior
1Inferior
2Superior
2Inferior
3Superior
3Inferior
1Superior
1Inferior
2Superior
2Inferior
3Superior
3Inferior
1Superior
1Inferior
2Superior
2Inferior
3Superior
3Inferior
1Superior
1Inferior
2Superior
2Inferior
3Superior
3Inferior
1Superior
1Inferior
2Superior
2Inferior
3Superior
3Inferior
1Superior
1Inferior
2Superior
2Inferior
3Superior
3Inferior
1Superior
1Inferior
2Superior
2Inferior
Espessuras
0,40
1,60
5,51
5,49
5,54
5,51
2,79
2,74
2,67
2,68
2,75
2,82
2,77
2,82
5,56
5,48
5,54
5,48
2,87
2,76
2,71
2,66
2,66
2,63
2,60
2,65
2,76
2,75
2,60
2,65
2,74
2,77
2,64
2,62
2,77
2,74
2,68
2,68
2,13
2,02
1,77
1,89
2,65
2,60
2,57
2,42
2,80
2,75
2,63
2,60
2,70
2,76
2,67
2,68
2,65
2,66
2,40
2,54
2,63
2,69
2,51
2,57
2,74
2,87
2,70
2,75
2,80
2,47
2,68
2,36
2,71
2,46
2,58
2,39
2,96
3,03
2,86
3,00
3,13
3,16
2,73
2,74
2,25
2,29
2,20
2,30
2,49
2,67
2,40
2,64
2,64
2,62
2,60
2,47
2,80
5,30
5,40
2,60
2,61
2,84
2,81
5,30
5,28
2,78
2,75
2,69
2,61
2,70
2,63
2,69
2,59
2,68
2,56
2,27
1,90
2,40
2,41
2,60
2,56
2,70
2,68
2,70
2,50
2,68
2,63
2,69
2,58
2,43
2,43
2,40
2,43
3,05
3,03
3,19
2,79
2,36
2,29
2,54
2,50
2,62
2,59
4,00
5,68
5,46
2,58
2,55
2,65
2,60
5,58
5,57
2,78
2,78
2,64
2,60
2,68
2,68
2,75
2,56
2,71
2,70
2,40
2,11
2,55
2,41
2,79
2,70
2,70
2,67
2,77
2,56
2,75
2,67
2,73
2,69
2,27
2,23
2,40
2,00
3,05
2,91
3,08
2,56
2,30
2,26
2,59
2,42
2,40
2,50
5,20
5,55
5,74
2,73
2,69
2,88
2,79
5,64
5,62
2,77
2,76
2,55
2,53
2,75
2,67
2,72
2,66
2,70
2,63
1,73
1,60
2,51
2,54
2,70
2,71
2,80
2,80
2,50
2,43
2,70
2,55
2,70
2,66
2,66
2,56
2,55
2,48
2,51
2,50
2,88
2,85
2,28
2,27
3,00
2,90
2,43
2,60
70
C
C
C
C
C
C
C
C
2
2
3
3
3
3
3
3
3Superior
3Inferior
1Superior
1Inferior
2Superior
2Inferior
3Superior
3Inferior
2,50
2,39
2,91
2,88
3,13
2,30
2,42
2,40
2,64
2,41
3,02
2,98
2,91
2,81
2,45
2,38
2,59
2,30
3,03
3,02
3,27
2,93
2,53
2,27
2,60
2,24
3,04
2,91
2,91
2,91
2,56
2,40
2,88
2,78
2,30
2,31
2,92
3,17
2,30
2,27
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TCC césar coelho