Revista Hórus – Volume 5, número 1 – Jan-Mar, 2011
ARTIGO ORIGINAL
ANÁLISE DA CINÉTICA DE POTÊNCIA DE MEMBROS SUPERIORES E
MEMBROS INFERIORES DURANTE ETAPA DO CAMPEONATO PAULISTA
DE HANDEBOL DE AREIA
Clodoaldo José Dechechi1
RESUMO
O presente estudo tem por objetivo avaliar a cinética de potência de MMSS e MMII de jogadores de
Handebol de Areia participantes da 1° etapa do Campeonato Paulista de Handebol de Areia de 2009. Para
este estudo foram avaliados 71 jogadores, sendo 36 do sexo feminino e 35 do sexo masculino, num total
de 11 equipes, todos participantes do mesmo torneio. Os instrumentos de avaliações utilizados foram o
Arremesso de medicine ball de 1kg e o salto triplo em extensão alternado. Estes testes juntamente com
pesquisa bibliográfica fizeram com que fosse verificado que um torneio com esses moldes pode afetar a
performance de jogadores de handebol de areia para uma capacidade física determinante, como é a
potência.
Palavras-chave: handebol de Areia. Potencia de Membros Superiores. Potencia de Membros Inferiores
ABSTRACT
This study aims to evaluate the kinetic power of upper and lower limbs of players Handebol de Areia
participants of the 1st Tournament Paulista of Handebol de Areia 2009. For this study we evaluated 71
players, 36 were female and 35 males, a total of 11 teams, all participants in the same tournament. The
instruments used were the ratings Shot 1 kg medicine ball and triple jump in alternate extension. These
tests along with literature made it finds that a tournament with these patterns can affect the performance
of the handball players of sand to a physical capacity, factor as is the power.
Keywords: Beach Handball. Upper Limb Power. Lower Limb Power
INTRODUÇÃO
O handebol de areia é conhecido mundialmente como Beach Handball, surgiu
em 1992, quando em uma pequena ilha da Itália o então presidente do Sequax, Gianni
Butarelli e Franco Schiano, conceberam a idéia do que eles chamavam de
“handballbeach”. O primeiro torneio desta modalidade foi realizado em Ponza na praia
de San Antonio, com a participação de cinco equipes. No mesmo ano Butarelli e
Schiano da Federação Italiana de Handebol (FIGH) criam o Comitê Organizador de
Handebol de Areia (COHB) (GEHRER, 2004)
De acordo com Guerrero (2004) em 1996, a Federação Internacional de
Handebol (IHF) publica o manual “Handebol de Areia – Rules of the Game” que foi
apresentado no congresso da IHF em Hilton Island (USA). A Federação Européia de
1
Bacharel em Treinamento Esportivo UNICAMP – Campinas-SP. Mestre em Bioquímica do
Exercício UNICAMP – Campinas-SP. Docente do Curso de Educação Física FAESO – Ourinhos-SP
[email protected]
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ARTIGO ORIGINAL
Handebol (EHF) promove o Seminário dos Especialistas em Handebol de Areia da EHF
em Marsala (Itália), onde seus objetivos eram como desenvolver o Handebol de Areia,
discutir suas regras e torneios e atividades futuras. No decorrer dos anos são realizados
inúmeros eventos para se discutir e aprimorar o Handebol de Areia, cursos para árbitros,
técnicos.
A evolução se torna algo iminente, vários campeonatos em todo mundo,
inclusive no Brasil. O presidente da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb),
professor Manoel Luiz Oliveira, participou do XXV Congresso da IHF e apresentou o
Handebol de Areia ao Brasil. O esporte ganhou credibilidade e começou a ser praticado
dentro das regras. Em 1995 foi realizado, I Mundialito de Handebol de Areia, e no ano
seguinte é realizado no Brasil, de 26 a 28 de janeiro o "II Mundialito de Handebol de
Areia" durante o Festival Olímpico de Verão, com as seleções do Brasil, Itália, Cuba e
Canadá. Depois de vários campeonatos o esporte ganha um número grande de adeptos
do então Handebol de Praia, num dos eventos da CBHB foi declarado a mudança de
nome da modalidade no país de Handebol de Praia para Handebol de Areia com o
objetivo de difundir o esporte para ser praticado em todo território nacional e não
somente no litoral como acontecia freqüentemente.
No Brasil, o Handebol de areia chegou através do professor Manoel Luiz
Oliveira, Presidente da CBHb, quando em sua viagem à Holanda para participar do
XXV Congresso da Federação Internacional de Handebol (IHF), conhece o Handebol de
areia através de uma exibição das Federações da Holanda e Itália. De volta ao Brasil,
muito interessado, o professor Manoel Luiz Oliveira sugere ao Presidente do Comitê
Olímpico, Carlos Arthur Nuzman, a inserção do Handebol de areia no festival Olímpico
de Verão de 1995 (RIBEIRO e RIBEIRO, 2007).
Caracterização do Handebol de Areia
Segundo Caria (2007), a partida de handebol de areia é disputada em uma
quadra retangular de 27 metros de comprimento por 12 metros de largura, contém duas
áreas de gol, com uma baliza ao final de cada uma. A área de jogo possui 15 metros de
comprimento por 12 metros de largura. As linhas que delimitam a quadra serão
marcadas por uma fita ou corda, sendo necessariamente colorida. Os maiores lados da
quadra são chamados linhas laterais e os lados menores são chamados linhas de fundo
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(nos dois lados da baliza) e linha de gol (entre os postes da baliza) (RIBEIRO e
RIBEIRO, 2007).
O jogo inicia-se com os árbitros fazendo o sorteio para determinar a escolha da
quadra e da área de substituição. Após o primeiro tempo, as equipes trocam de quadra,
mas não da área de substituição. Para iniciar a partida, os jogadores se posicionam em
qualquer lugar da quadra, e só começa a movimentação ao sinal do árbitro (RIBEIRO e
RIBEIRO, 2007).
A partida é realizada em dois tempos de 10 minutos, com intervalo de cinco
minutos entre os tempos. Os resultados de cada tempo são computados separadamente,
então, a equipe vencedora do jogo é aquela que ganhar dois tempos. Em caso de empate,
a disputa vai para o Shoot Out (um jogador contra o goleiro). Se ocorrer empate no final
de um meio tempo, a decisão vai para o Gol de Ouro, onde a equipe que marcar o
primeiro gol será a vencedora (RIBEIRO e RIBEIRO, 2007).
A partida é encerrada com o sinal de termino automático do placar mural público
ou do cronometrista. Caso o sinal não seja dado, os árbitros apitam para indicar que o
jogo acabou (RIBEIRO e RIBEIRO, 2007).
O time out é uma decisão do árbitro e pode ocorrer nas seguintes situações:
desqualificação ou expulsão; tempo técnico de equipe; tiro de seis metros; sinal de apito
do cronometrista ou do delegado técnico, e; exclusão de um oficial (RIBEIRO e
RIBEIRO, 2007).
Cada equipe tem direito a um tempo técnico, em cada tempo de jogo. O tempo
técnico é de um minuto e só pode ser pedido quando a sua equipe estiver com a posse
de bola (RIBEIRO e RIBEIRO, 2007).
Existem poucos estudos acerca das capacidades físicas do handebol de areia. Um
estudo de Dechechi et. al (2009) que objetivou avaliar um treinamento físico específico
de 12 sessões sobre as capacidades físicas de potência de membros superiores e
inferiores, velocidade de sprint e resistência de sprints de 15 metros. A amostra foi
constituída por 12 atletas da seleção brasileira de Handebol de areia do sexo feminino
que estavam treinando e competindo regularmente. As capacidades físicas (resistência,
força, potência muscular e velocidade) foram avaliadas através de testes físicos
(arremesso de medicine ball, salto triplo horizontal alternado, teste de sprints
consecutivos de 15 metros com 10 segundos de pausa). Ao final das sessões, a equipe
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apresentou melhora significativa (p< 0,05) em todas as capacidades físicas avaliadas, ou
seja, o treinamento conseguiu atingir adaptações positivas esperadas.
O desempenho atlético é determinado por vários fatores, tais como físico
(condição física geral e específica), psicológica (personalidade e motivação), técnico e
tático (técnica e tática do jogo) e corporal (características morfológicas) (BAYER, apud
VASQUES et. al, 2007). As características morfológicas mantêm estreita relação com o
desempenho esportivo em diferentes modalidades (VASQUES et. al, 2008). Com isso,
elas influenciam cada vez mais na escolha dos atletas, proporcionando melhores
condições para o treinamento das qualidades físicas (McARDLE, KATCH e KATCH,
2008)
O presente estudo tem por objetivo avaliar a cinética de potência de Membros
Superiores e Inferiores em jogadores de Handebol de Areia masculino e feminino
durante a 1° etapa do Campeonato Paulista de Handebol de Areia de 2009.
MATERIAIS E MÉTODOS
Caracterização dos Sujeitos
Participaram do presente estudo 71 jogadores, sendo 36 do sexo feminino e 35
do sexo masculino, com idade variando entre 17 e 25 anos, todos participantes da 1°
Etapa do Campeonato Paulista de Handebol de Areia. Todos os jogadores foram
informados dos testes que foram aplicados e participaram voluntariamente das coletas
de dados.
Caracterização do Campeonato
O Campeonato Paulista de Handebol de Areia 2009 foi realizado ao longo do
segundo semestre deste ano. É constituído por etapas, realizadas a cada 30 ou 40 dias
entre as mesmas. A etapa é realizada em único dia para cada categoria, tendo início por
volta de 09:00. Na categoria adulta as equipes são divididas em duas chaves na fase
classificatória, e para a categoria adulto feminino, as duas equipes que vencerem suas
respectivas chaves, disputam a final da etapa. E para a categoria adulto masculino, as
duas equipes melhores classificadas em suas chaves, disputam as semifinais da etapa, na
forma de chaveamento cruzado (1° colocado grupo A x 2° colocado grupo B; 1°
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colocado grupo B x 2° colocado grupo A), e as equipes que vencerem os respectivos
jogos, disputam as finais da etapa.
As equipes com mais pontos acumulados ao longo das etapas disputam a etapa
final do Campeonato Paulista de Handebol de Areia 2009
Metodologia
Instrumentos de Avaliação
Arremesso de medicine ball de 1kg
Objetivo: avaliar a potência de membros superiores (VASSEN et al, 2000; LIDOR et
al, 2005).
Metodologia: O teste é feito com o atleta sentado com a parte posterior da coluna
posicionada na tela de proteção da quadra de jogo. Com a bola posicionada na altura do
esterno, o atleta deve arremessar a bola sem retirar as costas da parede. É medida a
distância do lançamento da bola entre o ponto inicial até o ponto onde a medicine ball
toca o chão. Foram realizadas três tentativas para cada arremesso, com intervalo
aproximado de 30 segundos entre cada uma, sendo considerado o melhor resultado de
cada arremesso.
Salto triplo em extensão alternado.
Objetivo: avaliar a potencia de membros inferiores (SPURRS, MURPHY e
WATSFORD, 2003).
Metodologia: Consiste numa medição de salto a partir de um local pré-determinado
com três passadas consecutivas com a máxima extensão percorrida possível.
É
mensurada a distância total do salto com uma trena. Era medido o local na areia
marcado pela pisada. Foram realizadas três tentativas de saltos, com intervalo
aproximado de 3 minutos entre cada uma, sendo considerado o melhor resultado de cada
atleta.
Durante a etapa, as coletas de dados eram realizadas da seguinte maneira:
• Baseline: anteriormente a 1° partida de cada equipe
• Logo após cada partida.
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ARTIGO ORIGINAL
ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para a análise estatística foi utilizado o teste de normalidade de KolmogorovSmirnov, com valor de referência p>0,1. Quanto a diferença entre as médias, foi
utilizado o teste Ttest bicaudal, com valor de referência significativa p<0,05.
RESULTADOS
A tabela I apresenta os resultados coletados para o teste de potência de MMSS e
MMII com as equipes femininas. Foram observados diferença significativa para a
potência de MMII entre as coletas do jogo 2 em relação as coletas do jogo 1.
Tabela I. Valores médios (m) e desvio padrão (entre parênteses) dos testes de potência de
MMSS e MMII das equipes participantes da I etapa do Campeonato Paulista de Handebol de
Areia. ¥ p<0,05 em relação ao Jogo 1.
Feminino 1
Feminino 2
Feminino 3
Feminino 4
Feminino 5
MÉDIA
MMSS
MMII
MMSS
MMII
MMSS
MMII
MMSS
MMII
MMSS
MMII
MMSS
MMII
Baseline
Média (dp)
5.24 (0.89)
5.08 (0.58)
4.18 (0.50)
4.33 (0.27)
4.92 (0.49)
5.06 (0.55)
4.54 (0.75)
4.81 (0.38)
5.41 (0.13)
5.11 (0.48)
4.86 (0.50)
4.88 (0.33)
Jogo 1
Média (dp)
4.85 (0.70)
4.94 (0.52)
4.10 (0.48)
4.39 (0.46)
5.14 (0.70)
5.06 (0.42)
4.87 (0.63)
4.77 (0.28)
5.23 (0.43)
5.46 (0.44)
4.84 (0.44)
4.92 (0.39)
Jogo 2
Média (dp)
4.96 (0.55)
4.81(0.56)
4.27 (0.66)
4.49 (0.49)
4.71 (0.45)
4.85 (0.41)
4.78 (0.74)
4.82 (0.41)
5.15 (0.39)
5.13 (0.44)
4.57 (0.33)
4.82(0.22) ¥
Jogo 3
Média (dp)
4.95 (0.66)
4.86 (0.35)
5.07 (0.57)
5.21 (0.40)
5.01 (0.09)
5.03 (0.24)
A Figura 1 apresenta os dados normalizados em relação ao baseline do teste de
medicine ball de 1 kg com as equipes femininas.
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Revista Hórus – Volume 5, número 1 – Jan-Mar, 2011
ARTIGO ORIGINAL
Figura 1: resultados normalizados do teste de arremesso de medicine ball de 1 kg com
as equipes do sexo feminino
Já a Figura 2 apresenta os resultados normalizados em relação ao baseline para o
teste de salto triplo horizontal alternado para as equipes femininas.
Figura 2: resultados normalizados do teste de salto triplo horizontal alternado com as
equipes do sexo feminino.
Em relação as equipes da categoria masculino, foi observada diferença
significativa (p<0,05) para a capacidade física de potência de MMSS entre baseline e o
jogo 2, entre o jogo 1 e o jogo 2. A Tabela II apresenta os valores médios de cada
equipe.
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Revista Hórus – Volume 5, número 1 – Jan-Mar, 2011
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Tabela II. Valores médios (m) e desvio padrão (entre parênteses) dos testes de potência de MMSS e
MMII das equipes participantes da I etapa do Campeonato Paulista de Handebol de Areia. ¥ p<0,05
em relação a jogo2; § p<0,05 em relação ao jogo 2.
MMSS
Masculino 1
MMII
MMSS
Masculino 2
MMII
MMSS
Masculino 3
MMII
MMSS
Masculino 4
MMII
MMSS
Masculino 5
MMII
MMSS
Masculino 6
MMII
MMSS
MÉDIA
MMII
Baseline
Média
(dp)
7.17
(1.28)
5.41
(0.51)
9.03
(1.43)
5.61
(0.56)
6.81
(0.97)
6.34
(0.68)
7.63$
(1.13)
5.88
(0.68)
7.44
(0.86)
5.91
(0.63)
8.08
(0.83)
6.44
(0.83)
7.68
(0.78)¥
5.93
(0.40)
Jogo 1
Média
(dp)
7.21
(1.09)
5.64
(0.93)
8.80
(1.37)
5.74
(0.40)
6.73
(0.90)
6.02
(0.82)
7.16
(1.02)
5.92
(0.48)
7.31
(0.70)
5.76
(0.41)
8.62
(1.29)
6.81
(0.81)
7.64
(0.85)§
5.97
(0.40)
Jogo 2
Média
(dp)
7.22
(1.08)
5.73
(0.80)
8.62
(1.14)
5.63
(0.49)
6.45
(0.82)
5.77
(0.67)
6.82
(1.18)
6.18
(0.51)
6.73
(0.69)
5.70
(0.36)
8.13
(1.05)
6.81
(0.77)
7.33
(0.86)
5.97
(0.46)
Jogo 3
Média
(dp)
7.09
(1.02)
5.56
(0.58)
8.46
(1.56)
5.55
(0.45)
7.35
(1.35)
6.17
(0.51)
6.43
(0.54)
5.92
(0.43)
8.56
(0.79)
6.97
(0.74)
7.58
(0.91)
5.97
(0.47)
Jogo 4
Média
(dp)
Jogo 5
Média
(dp)
-
-
-
-
-
-
-
-
6.59
(0.80)
5.78
(0.50)
6.99
(1.41)
5.87
(0.57)
7.24
(0.59)
5.84
(0.50)
8.60
(0.93)
6.72
(0.81)
7.35
(0.87)
6.05
(0.45)
6.89
(0.09)
5.92
(0.61)
8.31
(0.89)
6.85(
0.76)
7.60
(1.00)
6.38
(0.65)
A Figura 3 apresenta os dados normalizados em relação ao baseline do teste de
medicine ball de 1 kg com as equipes masculina
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Revista Hórus – Volume 5, número 1 – Jan-Mar, 2011
ARTIGO ORIGINAL
Figura 3: resultados normalizados do teste de arremesso de medicine ball de 1 kg com
as equipes do sexo masculino
Já a Figura 4 apresenta os resultados normalizados em relação ao baseline para o
teste de salto triplo horizontal alternado para as equipes masculinas.
Figura 4: resultados normalizados do teste de salto triplo horizontal alternado com as
equipes do sexo masculino.
DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo verificar a possibilidade desse tipo de
campeonato interferir no desempenho dos atletas. Com isso realizamos dois diferentes
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Revista Hórus – Volume 5, número 1 – Jan-Mar, 2011
ARTIGO ORIGINAL
testes nas em seis equipes masculinas e cinco femininas estudadas durante a execução
deste trabalho.
Analisando a cinética da potência de membros superiores nas equipes femininas,
observamos que duas equipes (Feminino 1 e Feminino 2) apresentaram queda de
performance desta capacidade após o primeiro jogo, com melhora após o segundo jogo.
Já uma equipe sempre (Feminino 5) apresentou performance abaixo do seu baseline,
com apenas um pequeno aumento no
ultimo jogo. Já uma equipe (Feminino 3)
apresentou aumento após o primeiro jogo, mas após o segundo jogo ocorreu uma queda
brusca de performance, e uma única equipe (Feminino 4) apresentou cinética de
aumento de performance desta capacidade ao longo do torneio, oscilando entre queda e
aumento de performance mas sempre acima do seu baseline.
Assim, observamos a estrutura do jogo de handebol de areia, onde no Brasil em
jogos de alto nível de rendimento e com as equipes sendo compostas por 10 atletas,
apenas uma atleta, participa do jogo tanto no ataque quanto na defesa por set, dois
atletas de linha atuam apenas na defesa, e dois atuam apenas no ataque, além do goleiro,
que é substituído quando sua equipe está de posse de bola pelo chamado “especialista”.
Desta forma, como a equipe Feminino 2 atuou com muitas atletas no campeonato,
podemos inferir portanto que esse tipo de campeonato não só não promoveu fadiga em
potência de membros superiores como auxiliou no aumento da velocidade de
recrutamento de Unidades Motoras, promovendo o aumento da performance ao longo
do campeonato.
Um ponto que deve ser ressaltado é que, salvo as atletas que participam de fases
de treinamento da Seleção Brasileira de Handebol de Areia Feminino e das atletas da
equipe Feminino 5, mais nenhuma jogadora tinha familiarização com o teste, o que
pode influenciar nos ganhos, ou mesmo na diminuição das perdas desta capacidade
física por estas jogadoras.
Em relação a potência de membros superiores com as equipes masculinas, duas
equipes (Masculino 2 e Masculino 3) apresentaram queda de performance, não obtendo
aumento da mesma, estando sempre abaixo do seu baseline. Uma equipe (Masculino 1)
apresentou pequeno aumento de performance após o primeiro jogo, com queda da
mesma após o segundo jogo. Nota-se que estas equipes que disputaram menos partidas
durante o campeonato, ou seja, as equipes que foram eliminadas na primeira fase foram
as que apresentaram a mesma cinética de queda constante de performance ao longo das
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Revista Hórus – Volume 5, número 1 – Jan-Mar, 2011
ARTIGO ORIGINAL
partidas disputadas, sendo portanto as que não se prepararam adequadamente para a
disputa do torneio. Já as equipes que disputaram o jogo final (Masculino 5 e Masculino
6) apresentaram cinéticas distintas, uma equipe (Masculino 5) apresentou queda brusca
de performance no primeiro e segundo jogos, porém com aumento após o terceiro jogo
e terminando o campeonato novamente em queda de performance. Analisando os
resultados desta equipe com a quantidade de atletas que coletaram os dados, notamos
que esta equipe foi a que era composta pelo menor número de atletas, indicando que não
havia tantas substituições entre ataque e defesa, e assim mais atletas participavam de
toda a partida, proporcionando assim mais fadiga por parte dos jogadores.
Já para o teste de salto triplo alternado com as equipes femininas, verificou-se
que três (Feminino 1, Feminino 3 e Feminino 4) das cinco equipes apresentaram
aumento da performance de membros inferiores após o jogo1. Isso denota que as
jogadoras podem não iniciado a primeira partida com aquecimento adequado, que
representasse um melhor preparo da performance de membros superiores para atuação
na partida. Já uma equipe (Feminino 1) sempre esteve abaixo do seu baseline,
apresentando queda constante de desempenho, e com uma equipe (Feminino 4) ocorreu
uma pequena queda após o primeiro jogo, mas após o segundo já ocorreu aumento no
seu desempenho.
Analisando a cinética de performance desta capacidade física ao longo do
campeonato, verificamos que a performance tende a se estabilizar, ou mesmo a uma
tendência de queda ao longo do campeonato. Essa mesma cinética foi identificada nas
equipes masculinas, onde a variação, tanto negativa quanto positiva, não apresentou
grandes modificações. Apenas uma equipe (Masculino 3) teve queda constante de
desempenho, não tendo aumento de performance em momento algum do campeonato.
Já uma equipe (Masculino 2) apresentou aumento de performance após o primeiro jogo,
mas terminando a sua participação no campeonato em queda de performance.
As demais equipes (Masculino 1, Masculino 4 e Masculino 5) oscilaram entre
queda e aumento de performance ao longo do campeonato. Isso pode ocorrer devido a
uma característica peculiar no handebol de areia no Brasil, onde todos os jogadores são
oriundos do handebol de quadra, e nenhum pratica exclusivamente o handebol de areia.
Com isso temos que leva em consideração que os esforços praticados na areia
comparada a superfícies sólidas do handebol de quadra, resultam em uma maior
degradação na potencialização de energia elástica e reduz a eficiência do complexo
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ARTIGO ORIGINAL
músculo – tendão (MORGAN e PROSKE, 1997). Em estudo recente de Davies e
Mackinnon (2006), monitorando as respostas fisiológicas da caminhada na areia e no
piso firme, observou-se que a freqüência cardíaca, o consumo de oxigênio, o gás
carbônico exalado e o consumo de oxigênio relativo apresentaram valores
significativamente maiores para a caminhada na areia.
ZAMPARO et al (1992) relataram uma redução na re-utilização de energia
elástica como também perda de energia. Essas condições biomecânicas e fisiológicas
têm sido consideradas as causas pelo maior gasto de energia na areia em relação a
superfícies firmes na corrida (MURAMATSU et al, 2006). Alguns estudos relataram
que a caminhada em areia apresenta um gasto energético de 1,8 a 2,7 vezes maior em
relação a superfícies firmes (LEJEUNE et al, 1997, ZAMPARO et al, 1992), enquanto
as corridas em areia apresentam um gasto energético de 1,2 a 1,6 vezes superior em
relação a superfícies firmes (LEJEUNE et al, 1997, ZAMPARO et al, 1992,
PINNINGTON e DOWSON, 2001).
Outra possível causa pode ser explicada devido a, no handebol tanto de quadra
quanto de areia, o jogador realiza muito mais esforços com os membros inferiores em
relação aos membros superiores. O atleta realiza muito mais saltos, sprints e
deslocamentos pela quadra do que passes e arremessos. Com isso, o nível de desgaste
de membros inferiores ao longo da partida também é menor (DECHECHI et al, 2009).
Com isso, mesmo que a potência de membros superiores tenha apresentado aumento, é
justificável que a potência de membros inferiores tenha apresentado maior queda de
performance.
O desempenho de um atleta é determinado por vários fatores, que tem uma
considerável queda em boa parte dos casos neste tipo especifico de campeonato, esse
excesso pode interferir em sua condição física geral e especificas, psicológica, no
trabalho técnico e tático, tendo então como base estudos diretos em equipes que
praticam este tipo de competição interferem de maneira considerável o rendimento dos
integrantes da equipe, o seja, sua performance oscila muito e é variável entre um
membro e outro do grupo em questão, por mais que esteja preparada, a musculatura de
um atleta sofre durante as partidas, considerando que a freqüência do esforço a cada
jogo faz com que seu desempenho diminua.
Podemos então avaliar o que este modo de competição provoca ao rendimento
do atleta, quais seus prós e contras, se baseando nos testes aplicados nestas equipes.
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CONCLUSÃO
Tendo como base todos os testes aplicados, juntamente com os estudos
pesquisados pode se concluir que um torneio com esses moldes pode afetar a
performance de jogadores de handebol de areia para uma capacidade física
determinante, como é a potência.
Com esses resultados, verificamos que durante os treinamentos a comissão
técnica não pode deixar de trabalhar a capacidade física de resistência anaeróbica, de
modo a auxiliar os atletas a manterem sua performance ao longo de todo o torneio.
Além disso, deve ser dada ênfase para o desenvolvimento desta capacidade física para
jogadores que atuam tanto no ataque quanto na defesa.
Além disso, pelos resultados observados, notificamos as equipes que realizem
aquecimentos que sejam mais benéficos para aumentar a velocidade de recrutamento de
Unidades Motoras dos jogadores, e assim eles poderem apresentar bons índices desta
capacidade física desde o começo da partida.
Entendemos também que são necessários mais estudos com o handebol de areia,
de modo a melhor caracterizar a modalidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
CARIA, P. F. A relação entre a impulsão e o gol espetacular (giro de 360°) no handebol
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