FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
ESCOLA BRASILEIRA DE ADMNISTRAÇÃO PÚBLICA
ALSENE BESERRA DA SILVA
QUAL O COMPORTAMENTO E EDUCAÇÃO FINANCEIRA DO CONSUMIDOR
BRASILIENSE DIANTE DA CONCESSÃO DE CRÉDITO?
Brasília, março 2011.
2
ALSENE BESERRA DA SILVA
QUAL O COMPORTAMENTO E EDUCAÇÃO FINANCEIRA DO CONSUMIDOR
BRASILIENSE DIANTE DA CONCESSÃO DE CRÉDITO?
Dissertação para obtenção do grau de
mestre apresentada à Escola Brasileira
de Administração Pública e Empresas.
Área de concentração: Finanças e educação.
Orientador: Istvan Karoly Kasznar.
Brasília, março 2011.
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ALSENE BESERRA DA SILVA
QUAL O COMPORTAMENTO E EDUCAÇÃO FINANCEIRA DO CONSUMIDOR
BRASILIENSE DIANTE DA CONCESSÃO DE CRÉDITO?
Dissertação para obtenção do grau de mestre apresentada à Escola Brasileira de
Administração Pública e Empresas. Área de concentração: Finanças e educação.
E aprovado em Março de 2011.
Pela comissão organizadora:
--------------------------------------Istvan Karoly Kasznar
FGV - Fundação Getulio Vargas
--------------------------------------Vicente Riccio Neto
FGV - Fundação Getulio Vargas
--------------------------------------Antonio Carlos Figueiredo Pinto
PUC - Rio
4
A Deus, por me proporcionar saúde e disposição.
A minha Família e meus Amigos que sempre me apoiaram em todos os momentos.
Aos Mestres, em especial Prof. Dr. Istvan Karoly Kasznar, pelo apoio e orientação.
5
Resumo:
Em meados de 2008, um dos grandes problemas e motivos para toda essa crise mundial, é
que a mesma não começou agora, é oriunda de certa forma do resultado de anos de
negligência na concessão do crédito, em que se deu crédito as pessoas físicas ou mesmo
jurídicas, que não tinham condições de honrar com as obrigações financeiras assumidas.
Com isso despontou uma inadimplência generalizada, comprometendo assim a economia
de várias empresas e consequemente de inúmeros países.
Por conta disso este trabalho acadêmico buscou pesquisar como é o comportamento das
pessoas diante da oferta ou mesmo da necessidade das mesmas de empréstimos ou
financiamentos. Foi possível por intermédio de esta pesquisa verificar os principais motivos
que levam o consumidor a inadimplência e identificar qual era o estado de consciência
destas pessoas quando da negociação. Tinha-se na pesquisa o objetivo de verificar como é o
conhecimento e comportamento do consumidor diante da oferta do crédito. Ele faz
pesquisa, compara preços e taxas, barganha, negocia? No momento de transacionar com
instituições que oferecem crédito, o consumidor considera se a instituições é uma empresa
responsável?
Foi possível com esta pesquisa perceber que de certo modo, dentre os entrevistados existe
certa negligência quanto a algumas práticas que deveriam ser tomadas por um tomador de
empréstimos ou financiamentos.
Como isso, este trabalho acadêmico sugere que deve haver uma atuação em conjunto e
articulado pelos governos, empresas, e os próprios consumidores, objetivando uma
melhoria na orientação e educação dos consumidores, que os permita evitarem um
endividamento desnecessário e por consequência uma eventual insolvência financeira.
Palavras chave: empréstimo, financiamento, inadimplência, consumismo, consumidor
consciente, educação para o consumo, pesquisa.
6
Abstract:
It was observed specifically in mid-2008 that a major problem and reason for all this global
crisis, is that it did not start now, it's coming from some form of the result of years of
negligence in the granting of credit, which gave credit to individuals or legal entities, which
were unable to honor its financial obligations with. Thus emerged a widespread defaults,
thereby undermining the economy of several companies and therefore many countries
Because of that this scholarly work is aimed to investigate how people's behavior before the
offer, or even the necessity of such loans or financing. It was possible through this research
to assess the main reasons that lead consumers to identify which default and what state of
consciousness of these people when trading. Had the research to verify how and knowledge
of consumer behavior on the supply of credit. He does research, compare prices and rates,
bargain, and negotiate? At the time to transact with institutions that provide credit, the
consumer considers whether the institutions is a responsible company?
Could this research to realize that somehow, among the respondents there is a certain
neglect of some practices that should be taken m by a borrower or financing. And more
could verify that the consumer who becomes insolvent with their financial obligations, as of
right tithe dumb aware that this is very likely to occur.
Like this, this academic work suggests that there must be a working together and articulated
by governments, businesses, and consumers themselves, aiming to improve the orientation
and education of consumers, enabling them to avoid unnecessary debt and therefore a
possible financial insolvency.
Keywords: loan, financing, inadimplência, consumerism, consumer aware, education for
consumption, search.
7
Sumário
Capitulo I
1. Introdução
......................................................................................9
1.1 Objetivos
....................................................................................12
1.2 Delimitação do estudo
....................................................................................13
1.3 Relevância do estudo
....................................................................................14
1.4 Hipótese
....................................................................................16
Capitulo II
2. Metodologia
....................................................................................16
2.1 Tipo de pesquisa
....................................................................................17
2.2 Universo da pesquisa
....................................................................................18
2.3 Seleção dos sujeitos
....................................................................................18
2.4 Coleta de dados
....................................................................................19
2.5 Tratamento dos dados
....................................................................................20
2.6 Limitações do método
....................................................................................20
Capitulo III
3. Referencial Teórico
3.1. O que é finanças?
.
............................................................21
.
............................................................22
3.2 Por que conhecer finanças?
............................................................23
3.3 Decisões financeiras das famílias
............................................................25
3.4 Risco
............................................................27
3.5 Responsabilidade social das empresas e percepção do
consumidor brasileiro.
............................................................28
3.6 Crédito em ambiente perfeito e transparente e crédito em ambiente imperfeito e
sujeito a assimetria de informação
............................................................30
3.7 Administração financeira e a globalização das empresas...................................31
3.8 Características de financiamento de longo prazo
.....................................33
8
3.9 O mercado de crédito no Brasil
.....................................37
3.10 Administração de recebíveis e seu monitoramento
.....................................44
3.11 Políticas de crédito
.....................................46
3.12 Padrões de crédito
.....................................47
3.13 O sistema das cinco condições para crédito
.....................................49
3.14 Fontes de informações creditícias
.....................................50
3.15 A hierarquia das escolhas de financiamento
.....................................52
3.16 As 10 medidas do bom tomador de empréstimos
.....................................57
Capitulo IV
4. Análise de dados
1.1 Perfil da amostra
.....................................59
.....................................59
1.2 Comportamento dos tomadores de empréstimos ou financiamento....................61
Capitulo V
2. Conclusões e sugestões
.....................................74
Capitulo VI
1. Referências bibliográficas
.....................................80
2. Apêndice
.....................................83
9
Capítulo I
1. Introdução
A economia brasileira vem passando nos últimos tempos por crescentes aumentos e
melhorias consideráveis em seus resultados. Os principais índices econômicos indicam
crescimento e superação de dados históricos.
Dessa forma despontam algumas empresas em determinados setores da economia que vêem
sobressaindo sobre os concorrentes podendo assim apresentar certa dominância no
marketing share em seu segmento.
É observado também que a concessão de crédito pelas grandes ou mesmo empresas
menores sofreram sérios abalos quanto ao risco do crédito. Viu-se que desde 2007 grandes
economias se encontram em recessão, a exemplo disso foi os Estados Unidos, que no final
de 2008 se encontrava mergulhado em uma crise financeira sem precedentes e que de certa
forma ainda luta para sair desta situação. Eram bancos falindo, montadoras de grande
renome vindo a público e afirmando que suas contas não fechavam e recorriam ao governo
pedindo valores bilionários para que estas instituições não viessem a falir e assim aumentar
ainda mais a crise naquele país e consequentemente viesse a se espalhar por empresas e
países mundo a fora, algo realmente inevitável.
Diante de tal crise, pode-se observar que, uma questão chave foi à forma, qualidade e
critérios de como se concedeu crédito as pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas. Pois o
problema foi que as pessoas físicas estavam endividadas, não tinham como honrar suas
dívidas e mesmo assim continuaram a ter crédito e com isso consumo não parou. Mesmo
quanto às empresas jurídicas tal concessão negligente não foi diferente.
10
Para agravar ainda mais, se juntou a isto outras questões como ineficiência operacional, má
gestão, gestão fraudulenta e outras questões que não foram objetivo deste estudo.
Por isso que dos objetivos deste trabalho acadêmico é de certa forma levantar a discussão
da concessão de crédito, pois as instituições financeiras devem verificar com muita
prudência os critérios que utilizam para a concessão do crédito, seja a pessoas físicas ou
mesmo jurídica.
Seguindo esta mesma linha de pensamento, é importante analisar como as empresas que
lidam diretamente com o consumidor lhes concederam o crédito, tendo em vista que esses
consumidores apresentam algumas restrições financeiras por falta de pagamento no
mercado que concedeu o crédito.
MERTON (2002, p. 54) destaca que o sistema financeiro proporciona meios para a
administração de risco. Reforça que os fundos e os riscos embora normalmente venham
agregados, é possível separá-los. E uma forma de fazer isto é transferindo o risco do crédito
a um terceiro garantidor, como por exemplo, o fiador.
O autor indicado acima ainda faz considerações quando o assunto é o incentivo e
motivação. Ele chama de “os perigos de ordem moral”. Destaca por exemplo que o tomador
do empréstimo para montar um negocio ou mesmo o que tenha contratado um seguro
contra incêndio, pode ter diminuída a sua motivação para minimizar os riscos do incêndio,
tomando precauções de manutenção, assim como o tomador do empréstimo que tendo
dificuldade em honrar o pagamento não se esforce tanto para isto e acabe por deixar de
pagar. E isto são questões que devem ser amplamente consideradas pelas empresas e
fomentadores de crédito.
Ocorre que a concorrência no mercado é bastante acirrada e as empresas utilizam vários
meios visando captar a parte maior para si. Munem-se de certas estratégias, técnicas e
11
metodologias de atuação junto aos mercados que muitas vezes não oferecem o retorno
esperado.
O fato que uma destas ações é o oferecimento de crédito ao cliente e que muitas vezes a
análise das possibilidades de pagamento não são feitas de maneira criteriosa, mas sim
superficiais e ineficazes. Ou pode ocorrer ainda que mesmo dispusesse de informações
indicativas sobre possibilidade de não haver o adimplemento das obrigações por parte do
tomador do credito, mesmo assim, se concede o crédito.
A esta questão deve ser avaliado ainda o fato de que mesmo o tomador do crédito
constando negativado em cadastrados dos órgãos que fazem este monitoramento, como
SERASA, SPC dentre outros, ainda sim existem empresas que quebram a regra de mercado
em não conceder crédito a essas pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, que constam o seu
nome no cadastrados de devedores destes órgãos.
Mais recentemente foi aprovado pelo legislativo o projeto de lei que cria o cadastro positivo
no sistema de proteção de crédito. A proposta altera o Código de Defesa do Consumidor,
abrindo espaço para que os agentes possam monitorar o grau de endividamento dos
consumidores e com isso reduz o risco de calote nas operações e estimula a redução das
taxas de juros para os bons pagadores.
Os órgãos de proteção de crédito atualmente trabalham apenas com um cadastro negativo,
especificando se “nada consta” ou se há sinal de alerta. A justificativa do projeto destaca
que esse mecanismo não revela o histórico financeiro do consumidor.
Adicionado a esta questão teve como proposta da pesquisa, a busca pela evidenciação de
identificar qual é o comportamento dos consumidores mediante a concessão do crédito,
inclusive daqueles que já se encontram em situação de inadimplência ou negativados, isto
é, mesmo sem crédito lhe foi concedido empréstimo ou financiamento.
12
Dessa forma, a presente pesquisa visa questionar e analisar qual o comportamento e
educação financeira do consumidor brasiliense diante da concessão de crédito.
1.1 Objetivos
Considerando a relevância do assunto, o objetivo final deste trabalho foi identificar o
verificar e analisar o comportamento do consumidor frente à concessão de crédito oferecido
pelas empresas.
No gera certamente este estudo teve outros objetivos, sendo estes intermediários, que
pretendeu verificar e de se entender como sendo um caminho para obter o resultado final
desta pesquisa na qual esta pretendeu esboçar.
Assim destacam-se:
•
Verificar se o consumidor é educado e informado sobre a concessão de
crédito. Sabe taxas de juros, faz comparação entre as instituições;
•
Possibilitar uma análise dos principais motivos da inadimplência;
•
De forma geral analisar como o consumidor reage às possibilidades de
oferecimento e necessidade do crédito;
•
Verificar como é o comportamento do consumidor diante de sua eventual
situação de inadimplência;
•
Obter resultados da reincidência desta inadimplência com credor que
concedeu crédito, mesmo sabendo da situação de inadimplemento junto a
outras empresas;
•
Principais motivos que levam as empresas a conceder o crédito a quem
não tem crédito;
•
Verificar o crescimento da inadimplência no Brasil e na região foco deste
estudo, neste caso Brasília; Verificar em quais segmentos do mercado
13
brasiliense a inadimplência é mais acentuada; Traçar um paralelo entre
as empresas que normalmente concedem o crédito a quem não tem
crédito com as empresas que não concedem;
•
Verificar e comparar os principais meios de verificação e analise antes de
concessão do credito;
•
Visa ainda verificar e comparar os valores considerados relevantes para
não concessão do credito.
1.2 Delimitações do estudo
O estudo por ser extenso e de certa forma composto por muita complexidade, torna-se mais
que necessário o estabelecimento de limites para esta pesquisa, haja vista o problema
envolvido.
Desta maneira o estudo se concentrou na análise dos dados de inadimplência no Brasil e em
Brasília, divulgados pelo Banco Central, SERASA, SPC, dentre outros, no período de 2002
a 2010, onde tais dados foram utilizados para analisar e comparar especificamente com os
números obtidos na pesquisa de campo sobre o comportamento do consumidor frente à
vasta possibilidade de obtenção de crédito e suas várias modalidades.
Tal período deve-se pelo fato de que vislumbra o início do mandado Presidencial de Luiz
Inácio Lula da Silva, com um período de agravamento da crise econômica mundial, assim
como também por representar um período de vasta concessão de crédito.
Foram analisados índices de inadimplência na região de Brasília, no período de 2005 a
2010. Este período se justifica pelo fato de ser uma época em que a concessão de crédito foi
feita de forma mais significante, contudo, em meados do segundo semestre de 2008, devido
à crise financeira mundial passou a ser feita de maneira mais criteriosa, mas como é sabida
esta crise permanece ainda nos dias atuais muito forte em vários países.
14
1.3 Relevâncias do Estudo
Tem como impute inicial a crise financeira mundial, que veio a tona por volta do segundo
semestre de 2008, tendo como início a especulação imobiliária nos Estados Unidos da
América, passando por falência de alguns bancos norte americano, chegado inclusive a
gerar uma crise sem precedentes em grandes montadores de carros naquele país e outros
mais mundo a fora.
Ainda como relevância, tem-se por causa de um aumento considerável no volume de
recursos destinados a concessão do crédito no Brasil.
KASZNAR quando escreveu em 2008 um artigo intitulado de “Determinantes Modernos da
Inadimplência no Brasil”, destacou que um dos grandes problemas e motivos para toda essa
crise mundial, é que a mesma não começou agora, é oriunda de certa forma do resultado de
anos de negligência na concessão do crédito, onde se deu crédito às pessoas físicas ou
mesmo jurídicas, que não tinham condições de honrar com a divida assumida. Com isso
despontou uma inadimplência generalizada, comprometendo assim a economia de várias
empresas e consequemente de inúmeros países.
Considerando tal situação esta pesquisa teve a preocupação de identificar qual o
comportamento financeiro dos consumidores, analisando suas condutas frente à vasta
disponibilidade de crédito oferecida pelos agentes financeiros ou mesmo o credito
oferecido diretamente nas lojas de varejo, pois em certos momentos é possível que o
consumidor haja de forma negligente com sua capacidade de honrar com as obrigações
financeiras assumidas.
Pode-se ainda enfatizar, até com mais contundência o fato do fornecedor também, a
exemplo do consumidor, igualmente negligentemente na concessão do crédito.
15
Vale destacar que esta concessão de crédito fora em sua grande maioria, no início foi
incentivada pelos governos, principalmente o na esfera federal, não parecendo que teve
uma preocupação com o adimplemento, postura agora mais recentemente, no segundo
trimestre de 2010, sendo mudada pelo governo, inclusive promovendo a edição de cartilhas
contendo orientações e comportamentos a serem adotados pela população no momento de
adquirir crédito ou mesmo como forma de promover o consumo consciente, este não
relacionado com questões do meio ambiente, mas sim com a real necessidade e
possibilidade de pagamento.
É de se considerar que este estudo acadêmico, visa também servir de fontes para que
consultorias, bancos e demais empresas que concedem ou mesmo tomam crédito, e que
possam rever seus critérios e metodologias de análise de risco na concessão dos credito.
Mas, o mais importante deste trabalho é o fato de haver a possibilidade de servir como
fonte de informação para órgãos que visem promover um consumo consciente, a fazer
orientações aos consumidores sobre as relações de consumo em sua forma correta e segura.
Que possibilite alertar os consumidores sobre uma maior prudência na obtenção de crédito
e planejamento de suas finanças.
Vislumbra-se também a possibilidade de discutir como os órgãos de defesa do consumidor
podem agir com ações mais enérgicas perante as empresa que de certo modo se utilizam da
condição de inadimplência do cliente e mesmo da alegação de não consultarem
determinados órgãos que divulgam os nomes de devedores, e de posse desta desculpa
acabam por cobrarem valores e taxas de juros exorbitantes de seus clientes. Vindo assim
cada vez mais colocar o consumidor na condição de um possível inadimplemento tanto com
esta empresa que concedeu o crédito quanto com outras empresas nas quais o consumidor
estava legalmente adimplente.
16
1.4 Hipótese
Considerando o problema, os objetivos a delimitação do estudo e a relevância do mesmo é
que se chega à hipótese, qual seja: analisar o comportamento e a motivação do consumidor
de crédito do Distrito Federal.
Tal situação se dá devido à possibilidade de haver um consumo e de certa forma uma
negligência por partes dos consumidores, das empresas, dos governos e da própria
sociedade no que tange a contração de empréstimos e financiamentos. Este consumidor
muitas vezes não informado e por isso negligenciando boas práticas de um bom tomador de
empréstimos ou financiamentos, tendo como conseqüência disto um risco para um possível
aumento no índice de inadimplência e o próprio aumento do custo da aquisição do crédito.
17
Capitulo II
2. Metodologia
Esta parte do capítulo procura abordar a metodologia na qual foi desenvolvida esta
pesquisa. Destaca tipo de pesquisa, universo da amostra, faz um relato sobre a seleção dos
sujeitos, aborda a forma de coleta de dados e como os mesmos foram tabulados. Esboça
ainda a questão da limitação do método.
É salutar destacar que todos os conceitos e indicações deste capítulo tiveram como fonte de
estudo e orientação, autores como Nilton Gil e Sylvia Vergara, esta última com maior
ênfase, por mais completa e didática suas obras sobre o assunto.
2.1 Tipos de pesquisa
Visando obter uma maior consistência e embasamento, a pesquisa foi desenvolvida na
proposta indicada por Vergara (2007), que diferencia com muita propriedade os dois tipos
de pesquisa que eventualmente podem ser escolhidas pelo pesquisador.
Dentre as sugestões da autora, optou-se da seguinte forma:
1) Quanto aos fins: será descritiva e explicativa. Vislumbra-se descritiva
porque se objetiva expor e relacionar características das empresas e segmentos nos
quais concedem ou mesmo recebem o credito. Pretende-se ainda demonstrar os
dados de reincidência da inadimplência, assim como os critérios utilizados para a
negativa e concessão do credito.
2) Quanto aos meios: utilizou-se bibliográfica documental que tratam sobre
o assunto, e de Campo. É necessária uma pesquisa bibliográfica para conhecer
melhor os critérios utilizados mercado e instituições financeiras. Os documentos
18
divulgados por essas empresas também serão consultados, desde que seus conteúdos
estejam relacionados com a matéria em estudo.
Na pesquisa de campo foi realizado um estudo empírico com seiscentas (600) pessoas,
escolhidas de forma aleatória, que circulavam na Rodoviária de Brasília.
Vale considerar que trinta e três (33) destas foram descartadas após a realização do prétestes, por ter sido identificado necessidade de se fazer algumas melhorias e adaptações no
questionário, seja por erro e incoerência na sequência lógica das perguntas ou por serem as
primeiras aplicações dos questionários, ocasionando o descarte de alguns, seja por ser parte
inicial da atividade que foi aplicada em um ambiente não controlável e de certa forma
imprevisível em alguns momentos ou mesmo por verificação de erros nas perguntas e no
preenchimento.
Desta forma e devido tais questões elencadas acima foi que o número de questionários
considerados na pesquisas foi exatamente 567.
2.2 Universo e amostra da pesquisa
O universo da pesquisa abrange 600 (seiscentos) consumidores das mais várias classes
sociais.
Contudo os dados se restringiram apenas quanto a operações efetuadas em Brasília, mas
podendo ser verificado certos dados da empresa quanto a resultados obtidos em outras
regiões do país, servindo nesta ocasião como fonte demonstrativa dos resultados positivos
ou negativos, até mesmo como base comparativa.
Vergara (2007) faz uma distinção entre dois tipos de amostra: probabilística, caracterizada
em procedimentos estatísticos, e não probabilísticos. A amostra desse trabalho pode ser
19
entendida como aquela que procurará abranger ambos os tipos de amostra. Inserido na
probabilística será utilizada a estratificada, que procurará aplicar questionários visando
formar uma base estatística que possa de certa forma facilitar no atendimento do objetivo
dessa pesquisa.
Quanto ao modelo de amostragem não probabilista a ser utilizado, onde tratamento dos
dados foi especificamente analítico no qual envolveu todos os grupos pesquisados, visando
dessa forma obter uma maior compreensão dos dados coletados, de tal forma que foi
possível promover uma análise de dados de inadimplência relacionados com os
comportamentos e situações dos consumidores diante do fácil acesso ao crédito, assim
como sua possível concessão e obtenção de forma negligente.
2.3 Seleção dos sujeitos
A seleção dos sujeitos teve duas vertentes. A primeira se deu em analise dos dados da
inadimplência constante em bancos de dados que consolidam estas informações, como
SERASA, Banco central, CDL - Câmara de Diretores Lojistas, dentre outros institutos que
disponibilizam estas informações.
A segunda vertente e mais importante forma de seleção dos sujeitos, foi feita com os
próprios consumidores, em abordagem feitas em um centro urbano de Brasília, mais
especificamente na rodoviária desta capital, local onde circulam aproximadamente
seiscentas mil pessoas por dia (600 mil), das mais variadas classes sociais.
2.4 Coleta dos dados
A pesquisa bibliográfica consistira na busca de informações sobre o problema de pesquisa
em documentos, balancetes livros, revistas, periódicos, redes eletrônicas, dissertações e
teses.
20
A pesquisa documental realizada nas empresas estudadas e no CDL/DF e SERASA por
meio de consulta a documentos internos, como atas, relatórios, memorandos, circulares,
despachos e correspondências eletrônicas, sites, que possam ser relevantes para o estudo
hora proposto. Tudo isso visando suportar com mais afinco a pesquisa de campo, a análise
e conseqüentemente todo o trabalho de pesquisa.
Quanto à pesquisa de campo a mesma ocorreu por meio de questionário fechado com
perguntas fixas a serem respondidas pelos sujeitos da pesquisa - consumidores.
As entrevistas foram individuais e estruturadas, pois dessa forma podem exprimir de forma
mais precisa a verdadeira opinião dos entrevistados, não permitindo respostas subjetivas.
Destaca-se que as entrevista foram feitas aos consumidores, selecionados aleatoriamente
em um dos maiores centros urbanos de Brasília – Rodoviária, onde a circulação de pessoas
é da ordem de 600 mil diariamente.
É salutar destacar que antes das entrevistas os entrevistados foram informados sobre o
objetivo e relevância da pesquisa.
Destaca-se que ainda foi explicado aos entrevistados sobre a confidencialidade das
respostas, não sendo possível identificar individualmente os mesmos.
2.5 Tratamento dos dados
Posteriormente a coleta dos dados promoveu-se o tratamento dos mesmos. Neste momento,
após a consolidação e tratamento dos dados, foi feita a análise dos dados sobre os principais
comportamentos dos consumidores frente à obtenção de crédito. Juntamente a isso se fez
uma analise comparativa entre o comportamento do consumidor e os índices de
21
inadimplência disponibilizados pelos institutos que consolidam e monitoram a evolução
destes índices em Brasília e no Brasil
2.6 Limitações do método
É abordado por Vergara (2006, p. 61) que “todo método tem possibilidade e limitações”.
Assim é prudente aqui fazer algumas considerações quanto a limitações do método hora
nesta pesquisa utilizado.
•
A restrição de algumas informações junto ao CDL/DF e SERASA,
pois se deve considerar o sigilo de algumas informações necessárias
para uma maior abrangência do trabalho de pesquisa;
•
Pode ter ocorrido alguma omissão por parte dos consumidores
entrevistados no momento da aplicação do questionário, pois estes
podem primar pelo sigilo da informação ou mesmo por se tratar de
alguma tão pessoal e de certa forma desonroso;
•
Dificuldades de acesso a dados em bancos de informações públicos;
•
Por fim, mas não menos importante, a complexidade e variedade de
inúmeras possibilidades aqui não previstas.
22
Capitulo III
3. Referencial Teórico
Este capítulo está desenvolvido e apresentado a partir de uma pesquisa básica relacionada
sobre os conceitos do assunto ora em estudo.
Teve como base uma busca sobre o que é finanças; o porquê conhecer finanças; entender as
decisões financeiras das famílias; uma busca com referencia ao conceito de risco; realizada
uma capitulação do que se entende por responsabilidade social das empresas e percepção
do consumidor brasileiro; crédito em ambiente perfeito e transparente e crédito em
ambiente imperfeito e sujeito a assimetria de informação; como se dá administração
financeira e a globalização das empresas; características de financiamento de longo prazo;
fazer uma pesquisa literária sobre o mercado de crédito no Brasil; familiarização sobre
administração de recebíveis e seu monitoramento; política de crédito e padrões de crédito;
entender como se dá o sistema das cinco condições para crédito; verificar o que a literatura
diz sobre as fontes de informações creditícias; entender a hierarquia das escolhas de
financiamento.
Por fim, mas não menos importante, verificar quais eram de certa forma os conselhos e
orientações fornecidos pela literatura como o que foi destaco como as 10 medidas do bom
tomador de empréstimos.
Fazendo assim uma busca por eventuais pensamentos e teorias autores sobre o tema, que
pudessem auxiliar este autor na busca de uma melhor compreensão sobre a situação ora
abordada.
23
3.1. O que é finanças?
GITMAN (1997, p. 4) destaca alguns conceitos que envolvem a finanças. Em primeiro
lugar para ele finanças é “a arte e a ciência de administrar fundos”. Já serviços financeiros
ele conceitua como sendo “a área de Finanças voltada à concepção e à prestação de
assessoria, tanto quanto à entrega de produtos financeiros a indivíduos, empresas e
governo”. A administração financeira tem como delineamento questões que dizem respeito
ás responsabilidades do administrador financeiro numa empresa. Por fim o autor quanto aos
administradores financeiros entende que eles “administram ativamente as finanças de todos
os tipos de empresas, financeiras ou não financeiras, privadas ou publicas, grandes ou
pequenas, com ou sem fins lucrativos”.
Assim os administradores financeiros não podem fugir a sua responsabilidade, deixando de
gerir de forma consistente e coerente as finanças dos agentes possuidores do capital.
Para destacado autor, finanças:
“Ocupa-se do processo, instituições, mercados e instrumentos
envolvidos na transferência de fundos entre pessoas, empresas e
governos”.
Já para BODIE (2002 p. 32), finanças:
“É o estudo de como as pessoas alocam recursos escassos ao longo
do tempo”.
De acordo com este autor as duas características que distinguem as decisões financeiras de
outras decisões de alocação de recursos, que são custos e benefícios das decisões
financeiras, têm-se:
1ª a distribuição ao longo do tempo;
2ª o fato de geralmente serem desconhecidos de antemão, ou por
quem vai tomar as decisões ou por qualquer outra pessoa.
24
O já mencionado autor exemplifica que, para decidir se deve ou não abrir seu próprio
restaurante, você deve pesar os custos (tais como os investimentos na preparação do local,
na compra de fogões, mesas, cadeiras, dentre outros equipamentos necessários) contra os
benefícios incertos (seus lucros futuros) que você espera colher ao longo de vários anos.
O mesmo autor destaca que:
“Ao implementar suas decisões, as pessoas utilizam-se do sistema
financeiro, definindo como o conjunto de mercados e instituições
usados para elaboração de contratos financeiros e o intercambio de
ativos e riscos”.
É certo que o estudo de como o sistema financeiro evolui ao longo do tempo é uma parte
relevante do assunto de finanças e que deve ser tratado com algo em constante evolução.
Desta feita, para BODIE (2002. p. 33)
“A teoria financeira consiste em um conjunto de conceitos que
ajudam a organizar o pensamento das pessoas sobre como alocar
recursos ao longo do tempo e um conjunto de modelos quantitativos
para ajudar as pessoas a avaliarem alternativas, tomarem decisões e
implementá-las”.
Para este autor, os mesmos conceitos básicos e modelos quantitativos aplicam-se em todos
os níveis de decisão, desde a decisão de fazer o leasing de um automóvel ou abrir um
negócio à decisão do diretor financeiro de uma grande empresa de entrar para a área das
telecomunicações, ou à decisão do banco mundial sobre qual projeto de desenvolvimento
deve financiar.
Importante destacar que um princípio muito relevante das finanças, como bem destaca
BODIE (2002) é:
25
“Que a função fundamental do sistema é a de satisfazer as
preferências de consumo das pessoas, inclusive todas as necessidades
básicas da vida, como alimentos, vestuário e abrigo”.
Desta feita as organizações econômicas, como as empresas e o governo, existem a fim de
facilitar estas conquistas. Estes facilitadores perpassam desde o acesso até a promoção de
educação e orientação sobre as formas de obtê-las.
3.2. Por que conhecer finanças?
BODIE (2002) destaca pelo menos cinco bons motivos para se conhecer ou mesmo estudar
finanças. Dentre os motivos frisa-se:
1. Para administrar os recursos pessoais
2. Para lidar como o mundo dos negócios
3. Para buscar oportunidades de carreira interessantes e compensadoras
4. Para fazer escolhas como cidadão através de informações conhecidas
publicamente
5. Expandir a mente
Certamente todas são importantes, mas para enfoque deste estudo optou-se pelas
considerações apenas das indicadas nos números, 1, 2 e 4, tendo em vista a relevância a que
se presta.
O conhecimento de finanças ajuda você a administrar seus próprios recursos. Talvez seja
possível conviver sem qualquer conhecimento de finanças, mas certamente e totalmente
inconcebível tal situação, no atual mundo em que vive a sociedade.
Pois como bem destaca BODIE (2002) “se for completamente ignorante sobre o assunto
estará à mercê dos outros”.
26
E lembra o velho ditado “Um tolo e seu dinheiro logo se separam”.
3.3. Decisões financeiras das famílias
A maioria das residências é composta de famílias, e estas podem ser encontradas em várias
formas e tamanhos. Em um extremo está a família ampliada, constituída por várias
gerações vivendo sob o mesmo teto e dividindo seus recursos econômicos e no lado oposto,
está o individuo que mora sozinho, o qual não seria considerado pela maioria das pessoas
como sendo um família. Nas finanças, entretanto, ambos são classificados como família e
por consequinte plenamente ativa nas relações de consumo.
Para BODIE (2002), as famílias enfrentam quatro tipos básicos de decisões financeiras,
quais sejam:
•
Decisões de consumo e economia: isto é, quanto da renda atual deve gastar
em consumo e quanto da renda atual deve economizar para o futuro;
•
Decisões de investimento: como devem investir o dinheiro que foi
economizado;
•
Decisões de financiamento: quando e como devem usar o dinheiro de
terceiros para implementar seus planos de consumo e investimento;
•
Decisões de administração de risco: como e em que termos devem procurar
reduzir as incertezas financeiras que enfrentam ou quando devem aumentar
seus riscos.
Pela consequência de ter economizado parte de sua renda para uso futuro, as pessoas
acumulam um fundo de riqueza, que pode ser conservado de várias maneiras. Uma
alternativa pode ser a conta bancária; uma outra pode ser um imóvel ou mesmo uma parcela
em algum empreendimento de negócios. Todos esses são conhecidos como ativos. Um
ativo pode ser entendido como qualquer coisa que tenha valor econômico. BODIE (2002 p.
35).
27
No momento em que as pessoas escolhem como manter seu fundo de economias
acumuladas, isso se chama investimento pessoal ou alocação de ativos. Alem de investirem
em suas próprias casas, as pessoas por vezes optam por fazer investimentos em um ativo
financeiro, como as ações e debêntures.
Contrariamente, quando as pessoas tomam dinheiro emprestado, elas incorrem em passivo,
que nada mais é do que o sinônimo de débito. Pode-se dizer que a riqueza de uma família,
ou o patrimônio líquido, é medida pelo valor de seus ativos menos seu passivo. É certo que
no final das contas, todos os recursos da sociedade pertencem as famílias, porque são elas
as donas das empresas, (seja diretamente ou através da propriedade de ações, planos de
pensão ou apólices de seguro de vida) e pagam os impostos gastos pelo governo.
BODIE (2002) afirma que:
“A teoria financeira trata as preferências de consumo das pessoas
como determinadas. Mesmo que embora as preferências possam
mudar ao longo do tempo, como e por que mudam não é assunto
abordado pela teoria. O comportamento das pessoas é explicado
como uma tentativa de satisfazer essas preferências, enquanto o
comportamento das empresas e dos governos é visto da perspectiva
de como afeta o bem estar das pessoas”.
O consumidor precisa estar preparado para suas decisões de compra, pois como destaca
BAKER (2005, p. 88), o processo decisório do consumidor é:
“Usualmente descrito como cognitivo. O consumidor se conscientiza
de uma necessidade ou desejo e de um possível meio de satisfazê-lo,
normalmente anunciado na propaganda de uma nova marca.
Recupera mentalmente as informações que tem à mão para avaliar as
alegações do anunciante e quando acha que não são adequadas,
procura mais informações – talvez com outros fabricantes ou com
amigos”.
28
3.4. Risco
Quanto mais alto for o risco de inadimplência sobre instrumentos de renda fixa, maior a
taxa de juros, desde que as demais características sejam constantes
As taxas de juros são taxas prometidas de retorno sobre o investimento de renda fixa.
Entretanto, muitos ativos não oferecem uma taxa de retorno prometida. Por exemplo, se
você investir em imóveis, ações ou obras de arte, não há promessa de pagamento em
dinheiro no futuro.
Quando se investe em ações, como ações ordinárias, o retorno provém de duas fontes. A
primeira fonte são os dividendos em dinheiro pagos aos acionistas pela empresa que emitiu
as ações. Esses pagamentos de dividendos não são prometido, portanto, não são chamados
de pagamentos de juros. Os dividendos são pagos aos acionistas segundo critérios do
conselho da empresa. A segunda fonte de retorno aos acionistas é qualquer ganho ou perda
no preço de mercado das ações ao longo do período em questão. Este segundo tipo de
retorno é chamado de ganho de capital ou perda de capital. A duração do período para que
sejam medidos os retornos de ações pode ir de um dia a uma década. BODIE (2002 p. 66).
KASZNAR (2009), em um artigo divulgado pela IBCI, quando faz uma análise dos riscos
mais conhecidos. Enfatiza que o:
“Maior risco para o banqueiro ao conceder um empréstimo é o de não
reaver nem o capital emprestado (principal), nem os juros atualizador
por um indexador previamente definido”.
O autor faz uma menção a vários tipos de riscos, reforça que o risco zero, mais conhecido
como risco nulo, ou ausente, pode ocorrer quando se casam corretamente prazos, volumes e
natureza financeira, no risco de transformação. Indica que na realidade é o desejo de toda
operação financeira. “Trata-se do risco mínimo; do risco ausente; do risco controlado na
plenitude; do risco totalmente seguro, porque existe plena certeza e transparência”.
29
Reforça o autor que no “mundo real, este é um sonho e uma verdadeira miragem. Inexiste”.
O mundo possui inúmeros e variados riscos.
3.5 Responsabilidade social das empresas e percepção do consumidor brasileiro
A pesquisa Akatu-Ethos-Market analysis de 2005, considerando que o papel das empresas
tem mudando nos últimos anos, de modo geral, visa entender percepções, expectativas e
reações dos consumidores com relação à responsabilidade social das empresas. Como
questão peculiar, há lugar para a avaliação de estratégias de ação e de esforços de
comunicação das empresas, alem de se buscar saber como os entrevistados percebem os
diferentes tipos de empresas e como elas poderiam de certa forma atender às expectativas
dos consumidores.
Desta forma a pesquisa do Akatu-Ethos-Market analysis de 2005, trouxe em seu conteúdo a
revelação de que o consumidor brasileiro continua disposto e antenado com as ações de
responsabilidade social e ambiental das empresas.
O aumento de seu interesse e das suas expectativas reflete o crescente estimulo a que as
corporações são submetidas no mundo e não por menos também no Brasil. De todo modo
tal situação está longe de ser uma atitude anti-corporativa, isso porque a opinião pública é
favorável ao papel das empresas e aos investimentos estrangeiros, refletindo desta forma
uma postura pragmática, contudo é ativa e exigente.
Assim o consumidor brasileiro define as iniciativas de responsabilidade da empresa a partir
de dois focos principais. Onde um é vinculado á própria dinâmica do negócio e que está
envolvido em praticas e procedimentos de qualidade, e o outro, como sendo o que
especificamente identifica uma empresa como empresa cidadã, ou seja, ações vinculadas à
esfera social e da comunidade onde ela se insere. O conceito empírico de responsabilidade
social e ambiental, desta forma, emerge como complexo plural e sofisticado. Para as
30
empresas, tal questão significa uma heterogeneidade de focos de ação, o que representa
oportunidade se, uma vez identificadas corretamente às reais necessidades dos seus
públicos-alvos, elas alinhem nesta direção suas iniciativas. Por isso, pode de certa forma
por outro lado, representar também problemas quando se evidencia uma discrepância entre
o que o publico espera e o que elas de maneira concreta efetivamente fazem ou mesmo
podem fazer.
A intensidade com que o consumidor brasileiro esboça a expectativa de que as empresas se
engajem social e ambientalmente, demonstra certa tendência de que os investimentos em
responsabilidade social das empresas estão deixando de ser uma opção para estas
instituições empresariais, e tornando-se cada vez mais uma real obrigação. Nesta mesma
linha, fica evidente que tais iniciativas devem ser criveis e comunicadas de forma efetiva,
ficando o risco de passarem despercebidas ou até mesmo, entre o grupo mais alerta e
engajado enquanto consumidores cidadãos, serem motivados a reações diversas destes,
capazes de denegrir a reputação da corporação.
Aquele que porventura se encoraje em ignorar os apelos socais e ambientais expressados
pelo consumidor poderão ter seus produtos e serviços minorados num futuro não muito
distante. Atualmente, quase um terço dos consumidores puniu uma marca ou empresa que
considere não socialmente responsáveis, evitando comprar ou mesmo fazendo criticas de
forma mais aberta. Contrario sendo, há uma boa recompensa, na medida em que um grupo
ainda maior de consumidores conscientes está disposto a premiar as empresa se mostrarem
socialmente responsáveis, promovendo a compra de seus produtos e ainda falando bem
destas empresas.
De acordo com a pesquisa, trata-se de um grupo relativamente concentrado nos segmentos
mais influentes da sociedade, mas já presente também em todos os segmentos sociais. Por
isso é um número impossível de ser ignorado sem que haja sérias consequências para a
imagem da corporação. O mesmo público questiona e está atento à veracidade das
informações divulgadas pelas empresas, e na medida em que não ocorram ações
31
significativas ou parâmetros objetivos para diferenciar investimentos efetivos de simples
marketing promocional, possivelmente haverá margem e legitimidade popular para que o
governo intervenha e regule o setor.
Por isso conforme divulgado na pesquisa em referência, as iniciativas e o perfil dos
produtos e do atendimento ao consumidor das empresas de alimentos e tecnologia – com
percepção de responsabilidade social de empresa pelo público acima da média oferecem
uma indicação sobre os passos capazes de gerar resultados concretos e reconhecimento
social. Um outro meio de se obter isto é, o caminho que envolve abraçar parcerias com
agentes de prestígio social, incluindo-se aí, as entidades de caridade e ONG´s, bem como o
governo e entidades internacionais, capazes de dar credibilidade aos esforços de
responsabilidade social e assim poder auferir o respeito dos consumidores e sociedade de
forma geral.
Certamente é evidente a oportunidade de diferenciação para as empresas dispostas a um
compromisso efetivo com a responsabilidade social e a agenda dos consumidores
conscientes, assim podem-se dizer como claros os cuidados que devem tomar no sentido de
não confundirem tal atitude com ações pirotescas ou de marketing social, associadas ou não
a instituições de caráter público.
3.6. Crédito em ambiente perfeito e transparente e Crédito em ambiente imperfeito e sujeito
a assimetria de informação.
Segundo KASZNAR (2009), o crédito em ambiente perfeito e transparente, este foi o sonho
dos economistas clássicos, marshallianos. Simplesmente, não existe. Simplificação para
facilitar a feitura de modelos e de contextos em que certos comportamentos de variáveis
visam ser destacados, corresponde à extinção e à ausência do risco.
32
Agora a respeito do crédito em ambiente imperfeito e sujeito a assimetria de informação
este sim é o verdadeiro. O autor indica:
“Que ocorre, sucede e se repete. Pois na realidade admite a assimetria
da informação: enquanto alguns agentes econômicos são bem
informados e sabem, conhecem se antecipam a fatos e realidades,
outros agentes são mal ou desinformados e desconhecem fatos e
realidades. Enquanto alguns agentes são pró-ativos, outros se nutrem
de tamanha passividade e malemolência, que deixam ser desfeitos
pela mudança dos quadros da realidade intertemporal”.
Toda esta questão pode não comprometer alavancagem financeira arriscada, qual seja:
quando se estima gerar retorno ao negócio através de empréstimos, de tal sorte que a taxa
de crescimento dos lucros supera a taxa de crescimento dos juros e principais de
empréstimos a pagar, mas a situação idealizada não ocorre. É possível ainda afetar a
alavancagem operacional arriscada, na qual diz-se dos riscos incorridos quando o grau de
imobilização é elevado; as receitas são proporcionalmente pequenas ou tendem a cair muito
e a crescer pouco; e portanto o GAO – Grau de Alavancagem Operacional é baixo, ou
insuficiente para mobilizar na direção de retornos atraentes, a empresa e seus negócios.
3.7. Administração Financeira e a Globalização das Empresas
É destacado por alguns autores que a administração financeira emergiu como um campo
diferente de estudo em princípios dos anos 90, a ênfase residia nos aspectos legais das
fusões, na formação de novas empresas e nos vários tipos de títulos que as empresas
podiam emitir para levantar capital. Durante a depressão, na década de 1930, a ênfase
estava na falência e reorganização, liquidez empresarial e regulação dos mercados de
títulos.
Na década de 1940 e no início de 1950, as finanças continuaram a ser ensinadas como uma
matéria descritiva e institucional, examinada mais do ponto de vista de alguém de fora do
33
que de alguém de dentro da administração. No entanto, na década de 1960, iniciou-se um
movimento rumo a analise teórica, e o objetivo da administração financeira passaram a ser
as decisões administrativas pertinentes à escolha de ativos e passivos para maximizar o
valor da empresa.
A focalização na avaliação continuou nos anos 80, mas a analise foi expandida para incluir:
(1) a inflação e seus efeitos maléficos sobre as decisões empresariais; (2) a
desregulamentação de instituições financeiras e a conseqüente tendência para companhias
de serviços financeiros bastante diversificados; (3) a forma ampliada de utilização dos
computadores para analise e transferência eletrônica de informações; e (4) o fato de haver
uma maior importância dos mercados globais e das operações empresariais.
Considerando tal situação as duas tendências mais importantes nos anos 90 e seguintes,
possivelmente serão a continua globalização das empresas e a larga utilização da tecnologia
do computador. (Weston, 2000 p. 6).
O mesmo ator destaca quatro fatores que tornaram compulsória a tendência à globalização
para muitas empresas:
“(1) A melhoria nos transportes e nas comunicações tem reduzido os
custos de embarque e tornado o comércio internacional mais viável.
(2) O peso político dos consumidores que desejam produtos de baixo
custo e alta qualidade tem ajudado a reduzir as barreias comerciais
destinadas a proteger fabricantes domésticos ineficientes e de alto
custo. (3) À medida que a tecnologia avançou, o custo de
desenvolvimento de novos produtos aumentou. E como os custos de
desenvolvimento sobem, o mesmo deve ocorrer com as vendas
unitárias para que a empresa continue competitiva. (4) em um mundo
povoado empresas multinacionais são capazes de mudar a produção
para onde os custos são mais baixos, uma empresa cujas operações
34
financeiras são restritas a um só país não pode competir, a menos que
os custos em seu país de origem sejam baixos, condições que não
existe necessariamente para muitas empresas Norte-Americas. Em
virtude desses quatro fatores, a sobrevivência requer que a maioria
dos fabricantes produza e venda globalmente”. (Weston, 2000 p. 7).
Além de outras empresas, as pertencentes ao setor de serviços, inclusive bancos, agências
de publicidade e empresas de contabilidade, também estão obrigadas a ser “globais”, tendo
em vista que elas podem servir a seus clientes multinacionais se tiverem operações
mundiais.
Certamente, sempre haverá empresas domesticas, mas deve-se ter em mente que o
crescimento mais dinâmico e as melhores oportunidades muitas vezes ocorrem com
empresas que estão prontas para efetuar suas operações de maneira globalizada.
3.8. Características de financiamento de longo prazo
A obtenção do empréstimo a longo prazo é uma fonte importante de financiamento. O
financiamento pode ser obtido com um empréstimo a longo prazo, no qual é negociado com
uma instituição financeira, ou por meio de da venda de títulos negociáveis, sendo estes
vendidos a um número de credores institucionais ou individuais. O processo de venda de
títulos, tal como as ações, são geralmente acompanhadas por uma instituição financeira que
auxilia nas negociações. Empréstimos de longo prazo possibilitam uma alavancagem
financeira, sendo importante componente desejável na estrutura de capital, desde que tenha
um menor custo de capital médio ponderado.
Como destaca MERTON (2006), de forma geral, o empréstimo a longo prazo de um
negócio possui vencimento entre cinco e vinte anos. Quando o empréstimo a longo prazo
tiver um ano ou menos para vencer, os contadores passarão o empréstimo a longo prazo
35
para passivo circulante, porque nesse ponto ele se tornou uma obrigação de curto prazo.
Tratamento semelhante é dado às parcelas de empréstimos longo prazo que devem ser
pagas no próximo ano. Essas entradas são comumente denominadas parcelas circulantes
dos empréstimos de longo prazo.
Isso se fez relevante, pois as empresas ao concederem empréstimos ou financiamentos
devem atentar para questões do recebimento, onde afeta diretamente o capital de giro.
3.8.1 Cláusulas padronizadas de empréstimos
De acordo com GITMAN (1997) as cláusulas em contratos de empréstimos a longo prazo
especificam certos critérios a respeito de registros e relatórios contábeis satisfatórios, do
pagamento de impostos e da manutenção geral do negocio por parte da empresa tomadora.
Normalmente, essas cláusulas não constituem um problema para as empresas em boa
situação financeira.
Seguindo as orientações do próprio GITMAN (1997) a tomada de um empréstimo sugerese que:
•
O tomador mantenha registros contábeis satisfatórios, de acordo com os
princípios contábeis geralmente aceitos (GAAP, do inglês generally
accepted accounting principles);
•
O tomador apresente periodicamente demonstrações financeiras auditadas,
as quais são usadas pelo credor para monitorar a empresa e forçar o
cumprimento do contrato de empréstimo;
•
O tomador deve pagar os impostos e outras obrigações no vencimento;
•
O credor exige que o tomador mantenha todas as suas instalações em bom
estado, garantido a continuidade de seu funcionamento.
36
Assim é muito evidente que para se conceder o empréstimo o credor deve se cercar de
inúmeros recursos para restringir ao máximo a possibilidade de não recebimento. E o
controle e acompanhamento dos dados contábeis do tomador do empréstimo é um excelente
meio de minimizar um eventual calote.
É por conta disso que as empresas devem ter muito cuidado e controle no momento da
concessão do crédito.
3.8.2 Cláusulas restritivas de empréstimos
As cláusulas restritivas de empréstimos são cláusulas contratuais nos contratos de
empréstimos que a longo prazo que estabelecem certas restrições operacionais e financeiras
ao tomador.
Contratos de empréstimos a longo prazo resultantes quer de um empréstimo negociado a
longo prazo, quer da emissão de títulos negociáveis, normalmente incluem certas cláusulas
restritivas, que impõem certas restrições operacionais e financeiras do tomador. A lógica é
básica, pois já que o credor está comprometendo seus fundos por um longo período,
certamente ele deve procurar se proteger.
As cláusulas restritivas, juntamente com as cláusulas padronizadas de empréstimo,
permitem ao credor monitorar e controlar as atividades do tomador para se proteger.
GITMAN (1997, p. 469), exemplifica que “sem essas cláusulas, o tomador poderia “levar
vantagem” sobre o credor, agindo no sentido de elevar o risco da empresa, talvez pelo
investimento de todo o capital da empresa na loteria estadual, sem ser obrigado a pagar ao
credor um retorno maior (juro)”.
De certa forma as cláusulas restritivas se mantêm em vigor durante toda a vida do contrato
de financiamento, onde entre as mais comuns conforme indicação de GITMAN (1997) tem-
37
se: 1. A exigência do tomador a manutenção de um nível mínimo de capital circulante
liquido. Capital circulante liquido abaixo do mínimo é considerado indicativo de liquidez
inadequada, um precursor da falta de pagamento e, em última instância, da falência; 2. Os
tomadores são proibidos de vender contas a receber para gerar caixa, pois tal operação
poderia causar um problema de caixa a longo prazo, se essas entradas fossem usadas para
quitar obrigações de curto prazo; 3. Credores a longo prazo normalmente impõem
restrições quanto ao ativo permanente da empresa. Essas restrições para empresa são
relativas à liquidação, aquisição e hipoteca dos ativos permanentes, frente ao fato que essas
ações podem deteriorar a capacidade da empresa para pagar seus débitos; 4. Vários
contratos
que
concedem
financiamento
proíbem os
empréstimos
subseqüentes,
submetendo-os a subordinação, isto é, todos os credores subseqüentes ou menos
importantes concordam em esperar até que todas as reivindicações do atual credor sejam
satisfeitas, antes de serem atendidas as suas; 5. Os tomadores podem ser proibidos de entrar
em certos tipos de leasing para limitar obrigações adicionais com pagamentos fixos; 6.
Ocasionalmente, o credor proíbe combinações, exigindo que o tomador concorde em não
consolidar, fundir ou combinar-se com qualquer outra empresa. Tais ações poderiam
produzir mudanças significativas no negocio e no risco financeiro do tomador; 7. Visando
evitar a liquidação de ativos devido ao pagamento de altos salários, o credor pode proibir
ou mesmo limitar o aumento de salários de alguns funcionários; 8. O credor pode incluir
restrições administrativas, exigindo que o tomador mantenha certos funcionários na
empresa, onde sem estes o futuro da empresa seria incerto; 9. Pode ainda o credor incluir
cláusula limitando as alternativas do tomador quanto aos investimentos em títulos. Essa
restrição protege o credor pelo controle de risco e negociabilidade dos títulos do tomador;
10. Eventualmente, poderá uma cláusula especifica exigir que o tomador aplique os fundos
obtidos em itens de comprovada necessidade financeira; 11. Uma outra cláusula muito
comum é de limitar a distribuição de dividendos em dinheiro a um máximo de 50 a 70% de
lucro liquido, ou de uma determinada importância.
38
De todo modo no processo de negociação dos termos do contrato de empréstimo de longo
prazo, credor e tomador devem concordar em definitivo sobre as cláusulas padronizadas e
restritivas aceitáveis.
GITMAN (1997) destaca que a violação de quaisquer cláusulas padronizadas ou restritivas
pelo tomador dá ao credor o direito de exigir o reembolso imediato dos juros acumulados e
do principal do empréstimo.
Considerando as garantias financeiras, MERTON (2006, p. 292-293) destaca que são
seguros contra o risco de crédito, ou seja, o risco de que a outra parte de contrato não
cumpra com a obrigação, vindo a se tornar um inadimplente. Uma garantia de empréstimo é
um contrato que obriga o fiador a efetuar o pagamento prometido de um empréstimo, se o
tomador não o fizer. Finaliza o mesmo autor dizendo que “as garantias de empréstimo estão
difundidas na economia e exercem um papel critico para facilitar os negócios”.
Mas este papel ou objetivo de facilitar, por muitas vezes acabam por dificultar, e aí mora
um complicador, pois o governo e certas instituições, visando uma desburocratização na
concessão do crédito, acabam por confundir isso, vindo por negligenciar algumas garantias
financeiras essenciais.
3.9 O mercado de crédito no Brasil
De acordo com relatório do BC, o estoque total das operações de crédito do sistema
financeiro totalizou R$1.583 bilhões em agosto, elevando-se 5,6% no trimestre e 19,2% em
doze meses, passando a representar 46,2% do PIB, ante 45% em maio e 43,3% em igual
período de 2009. A representatividade dos bancos públicos no crédito total, evidenciando a
intensificação das operações com recursos direcionados, passou de 41,7%, em maio, para
42,2% em agosto, enquanto as relativas às instituições privadas nacionais e às estrangeiras
recuaram 0,3 p.p. e 0,1 p.p. situando-se, na ordem, em 40,2% e 17,6%. O volume de
39
recursos bancários destinados ao setor privado somou R$1.517 bilhões em agosto,
aumentando 5,5% em relação a maio e 19,3% em doze meses. Os empréstimos destinados à
indústria, impulsionados pelas operações com os segmentos de energia, petroquímica e
agroindústria, elevaram-se 8,6% no trimestre, enquanto os contratados pelo segmento
comércio, refletindo a demanda dos setores exportação mineral e automotivo, registraram
expansão de 5,9%. (HTTP//www.bcb.gov.br, disponível em 01/08/2010).
No relatório de setembro/2010, o Banco Central indica que o volume de crédito bancário
manteve-se em expansão no trimestre encerrado em agosto, movimento consistente com a
evolução da atividade econômica e dos indicadores do mercado de trabalho. As carteiras
relativas a recursos direcionados seguiram impulsionadas pelas contratações junto ao
BNDES – destinadas, fundamentalmente, a investimentos para infraestrutura – e pelos
financiamentos habitacionais, enquanto no segmento de recursos livres, o maior dinamismo
das operações contratadas no segmento de pessoas jurídicas foi sustentado pelo
desempenho das modalidades capital de giro e conta garantida. (HTTP//www.bcb.gov.br,
disponível em 01/08/2010).
O desempenho do mercado de crédito ocorre em ambiente de retrações nas taxas de juros e
de inadimplência relativas às operações no segmento de pessoas físicas.
Ressalte-se, adicionalmente, a manutenção da tendência de alongamento dos prazos, tanto
nas operações destinadas às empresas quanto às famílias, neste último caso em ambiente de
elevações nas participações dos financiamentos habitacionais e para aquisição de veículos.
Vale enfatizar, adicionalmente, que o mercado de capitais vem-se mantendo como
importante fonte de captação de recursos, o que é evidenciado pelo expressivo desempenho
observado no mercado de ações ao longo do ano.
Diz este relatório, que a taxa média de juros atingiu 35,2% a.a. em agosto, com variações
de 0,3 p.p. no trimestre e de -0,2 p.p. em doze meses. A taxa relativa às operações no
40
segmento de pessoas jurídicas situou-se em 28,9%, ressaltando-se que a elevação de 2 p.p.
registrada no trimestre esteve condicionada, em parte, pela elevação da participação dos
créditos contratados por pequenas e médias empresas. Em sentido inverso, a taxa relativa
ao segmento de pessoas físicas recuou 1,6 p.p. no trimestre, para 39,9%, menor patamar da
série histórica, iniciada em julho de 1994, evolução compatível com o aumento da
participação das modalidades crédito consignado e financiamento de veículos.
Em outro relatório de infração, divulgado pelo Banco Central em dezembro de 2008,
destaca que as operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional, embora se
mantivessem em patamar elevado, apresentaram relativo arrefecimento no trimestre
encerrado em outubro daquele mesmo ano. Evolução consistente com o agravamento da
crise nos mercados financeiros internacionais.
O relatório reforça que no cenário doméstico, a ampliação das incertezas e da aversão ao
risco por parte dos agentes econômicos traduziu-se, em especial, no aumento da
seletividade nas concessões, expresso tanto na redução dos prazos máximos de contratação
quanto na exigência de maior aporte de recursos por parte dos tomadores, conforme
observado no segmento de financiamentos e arrendamentos de veículos a pessoas físicas.
Na conclusão do relatório, o Banco Central do Brasil, destaca que:
“a intensificação da crise nos mercados financeiros internacionais se
traduziu em acentuada contração da liquidez em escala global,
expressa em restrição ao acesso de bancos e empresas nacionais à
linhas de crédito externas, bem como, em ambiente de crescente
aversão ao risco”.
Em conseqüência também houve uma redução das operações no mercado interbancário
doméstico.
41
Segundo o relatório, considerando este cenário, o Banco Central teve que adotar medidas
objetivando prover liquidez em moeda estrangeira, ao tempo em que promoveu alterações
nas regras relativas aos recolhimentos compulsórios, inclusive estabelecendo incentivos à
negociação de ativos entre instituições financeiras.
KASZNAR, em seu artigo de 2008, intitulado, Determinantes Modernos da Inadimplência
no Brasil, divulgado pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e
Investimento, destaca que “existe uma relação direta e positiva entre crescimento e
desenvolvimento econômico, e volume de oferta de crédito financeiro”.
O autor completa que a ofertar crédito depreendida de taxas de juros nominais, reais e
baixas, tem que ser sustentadas por uma política monetária, fiscal e cambial disciplinada e
macroeconomicamente estabilizadora, e que é uma questão primordial para que haja um
adequado controle dos orçamentos públicos e domésticos e gerar a expansão ordenada do
consumo e do investimento agregados
KASZNAR destaca que
“A inadimplência há de ser vigiada e acompanhada de perto, para que
se evitem graus excessivos de endividamento, cujo desfecho final é a
desgastante renegociação de dívidas, a retração do consumidor e do
sistema de crédito e o clima de desconfiança em relação ao bom
funcionamento das instituições”.
Uma questão bastante clara e pode ser exemplificada foi à questão de inadimplência
surgida na crise imobiliária nos EUA, que culminou na crise em meados de 2008, vindo a
intensificar a restrição de credito. Desta forma fica latente a evidencia que existe um limite
para a oferta de créditos e quando ele é ultrapassado, põe em crise até mesmo as grandes
potências econômicas.
42
A questão do crédito é tão relevante para o país que afeta diretamente PIB brasileiro, como
destacam dados do Banco Central. Ele previa em 21.12.2007 antes da crise, que o
crescimento do produto interno bruto para 2009 seria na ordem de 4,17%, já em 19/09/2008
após a deflagração da crise, a previsão ficou em 3,60% de crescimento do PIB para o
mesmo período.
Neste sentido TROSTER, (2008) destaca alguns motivos para esta redução na expectativa
de redução de crescimento do PIB brasileiro para 2009, entre os quais ele enfoca:
sustentabilidade fraca; uma forte dependência externa; uma dinâmica social ruim; uma
estagnação da produtividade; considera que a inserção social é assistencialista. Mas
também afirma que um dos motivos é o aperto na concessão do credito.
3.9.1 Determinantes modernos da inadimplência no Brasil
A respeito deste tema KASZNAR (2008) destaca que:
“Deste modo, é preciso conhecer e dominar as causas que explicam
as inadimplências, no nível macroeconômico e microeconômico, para
conhecendo-as, evitar que aconteçam antes ou cresçam a ponto de
darem grandes prejuízos à sociedade – trata-se da adoção de medidas
prudenciais, preventivas e que muito se sujeitam à correta
autoregulação dos mercados, quando bem executada e implantada – e
caso tenham ocorrido, minorar seus efeitos com acuidade, justiça e
velocidade.”
KASZNAR (2008), em seu artigo intitulado de a “A Política Sócio-Econômica na Rota
certa e a Consolidação do Crédito ao Consumidor”, divulgado na revista EletroRevista,
tomando como base uma pesquisa feita pelo IBGE no ano de 2006, PNAD – Pesquisa
Nacional de Amostra de Domicílios, que investiga dados referentes ao perfil
43
socioeconômico e profissiográfico dos brasileiros, destaca que tal pesquisa evidenciou
melhora significativa nas condições de algumas classes da sociedade brasileira,
principalmente a classe C e D. Demonstra também que de certa forma e bastante
significativa, os rendimentos dos trabalhadores formais cresceram acentuadamente. Destaca
a queda no índice do trabalho infantil, mesmo deixando claro que o Brasil ainda apresenta
números inaceitáveis. Aborda a redução na taxa de desemprego, dentro outros questões, é
abordada o fato do aumento da concessão e acesso ao crédito por parte da população que
antes não dispunha.
De toda feita, considerando as escritas do autor, é de se destacar que mesmo:
“Sob esta ótica, merece atenção o fato de que o crescimento recente
da renda real do brasileiro e de seus gastos, registrado no PIB,
espelha a demanda ainda super-reprimida da camada mais pobre da
população. A compra se registra em bens essenciais, como alimentos,
vestuário, bebida, transporte, aluguéis e medicamentos. E a má
distribuição
de
renda
implica
num
consumo
segmentado,
diferenciado, por classes de renda, impedindo que o consumo de
massa se engrandeça e o varejo comercial – como deveria acontecer –
se expanda.”
Destaca ser de suma importância perceber que os gargalos e ineficiências de suprimento de
bens e serviços públicos inibem o desenvolvimento. E que a oferta de crédito barato e de
longo prazo é questão fundamental para excitar o consumo e assegurar o investimento.
A concessão do crédito, entre eles o consignado é fator preponderante para uma crescente
estabilidade macroeconômica. De todo modo o atual governo precisa sair da questão
assistencialista “ad-eternum” com os seus mais necessitados.
É salutar indicar que a expansão do mercado de crédito atual está abrindo novas fronteiras,
dentre elas, a grande expansão dos cartões próprios das lojas, que ao se aliarem as
44
financeiras, promovem crédito de forma abundante. E é aí que mora o perigo: crédito fácil e
negligente e anti-social.
Contundo Kasznar (2008), já prevendo a crise financeira mundial mais recente, alerta para
que:
“No Brasil, a propriedade imobiliária permanece excessivamente
concentrada, e o déficit habitacional alcança 68 milhões de
brasileiros, que vivem em condições precárias. No exterior,
“resolveu-se”
o
assunto,
com
garantias
hipotecárias
e
financiamentos inclusive àqueles tomadores, que não possuem
histórico de bom pagamento e mais cedo ou mais tarde,
estourarão a bolha de crédito em que se instalaram.” (grifei).
Continuando sua percepção, o autor considera que o Brasil:
“Precisa rever seus mecanismos de crédito, para financiar o
crescimento e o desenvolvimento, com responsabilidade; revisar seu
assistencialismo, que se tornou clientelismo partidário a favor de
quem libera e está no poder; e o exterior há de revisar as hipotecas,
pois o risco que elas representam colocará os mercados financeiros e
de ativos reais imobiliários em grandes problemas e dilemas de azar
moral e financeiro.”
KASZNAR (2008) em um artigo denominado “Bolsas de valores e severas oscilações:
entre bonança e crise mundial”, destaca que:
“Os fundamentos da Bolsa se calcam na economia real, no seu bom
funcionamento e positiva produção e da existência de um mercado de
crédito sadio. Quando estes funcionam a contento, em regime de
45
baixa inflação, as empresas evoluem e seus preços, os preços das
ações, sobem.”.
De todo modo ainda reforça que, quando a economia esfria e os mercados de crédito não
evoluem, seja qual for a sua causa, certamente os preços das ações tendem a cair. E ainda
destaca:
“Nos tempos que correm a evolução excessiva dos créditos subprime
nos EUA pode ser o indicador de que tempos complexos virão. Isto
merece atenção significativa por parte dos agentes econômicos, em
suas decisões de consumo e investimento.” KASZNAR (2008).
Neste mesmo sentido, o autor, quando escreveu um artigo sobre, “Bolsas de Valores e
Severas Oscilações: entre Bonança e Crise Mundial”, quando analisa a crise financeira
mundial que pessoalmente não acreditava em uma “abaixadela” nos juros que assegure a
extinção da uma crise no mercado de crédito, inclusa na também economia norteamericana.
Para mudar este cenário na economia americana, o autor considera ser necessária, dentre
outras ações, uma revisão no processo de concessão do crédito. Isso porque os problemas
do capitalismo moderno, centrado nos Estados Unidos, indicam que há um desequilíbrio no
mercado de crédito, pois existe um excesso de consumo naquele país fundado em créditos
mobiliários sem lastros e ainda a existência de um número grande de pessoas que não
conseguem pagar suas dívidas e entram no rol de inadimplentes.
3.10. Administração de recebíveis e o seu monitoramento
A administração de recebíveis pelas empresas demonstra ser crucial na concessão no
crédito, pois isso mantém uma relação direta e proporcional com o capital de giro da
mesma e consequentemente afetará seu resultado e lucratividade. Algumas destas empresas
46
preferem vender à vista do que vender a crédito, contudo as pressões competitivas forçam a
maioria delas a oferecer credito. Desta maneira, mercadorias são embarcadas, estoques são
reduzidos e uma conta a receber é criada, pois sempre que bens são vendidos a crédito, um
item do ativo, denominado contas a receber, aparece nos livros da empresa vendedora, e um
item do passivo, chamado contas a pagar, aparece nos livros do comprador.
Um dia, o cliente pagará a conta, ocasião em que a empresa receberá em dinheiro e seus
recebíveis declinarão. A posição em recebíveis tem custos diretos e indiretos, mas constitui
também um importante benefício, já que a concessão de credito aumenta as vendas.
(Weston, 2000 p. 432).
O ponto crucial da administração dos recebíveis começa com a decisão de conceder credito
ou não. Um sistema de sistema de monitoramento é importante porque, sem ele, os
recebíveis aumentarão excessivamente, os fluxos de caixa declinarão e as dívidas de
recebimento duvidoso anularão os lucros das vendas. Desta forma uma ação corretiva mais
enérgica é muitas vezes necessária, e de alguma maneira é tida como a única maneira de se
saber se a situação está ficando fora de controle. Por isso a existência de um bom sistema
de controle de recebíveis é mais que prudente para as empresas.
Weston, (2000 p. 433) destaca que a quantia total das contas a receber não liquidadas, em
qualquer ocasião dada, é determinada por dois fatores. Onde o primeiro significa o volume
de vendas a credito e o segundo pela extensão média de tempo entre as vendas e as
cobranças. Por isso enfatiza que os recebíveis dependem conjuntivamente do nível das
vendas a credito e do prazo de cobrança, onde qualquer dos recebíveis deve ser financiado
de alguma forma, mas que toda a quantia dos recebíveis não deve ser financiada porque a
parcela de lucro não representa uma saída de caixa.
É destacado por Weston, (2000 p. 434) que uma política ótima de credito e, assim, o nível
de contas a receber, depende das condições operacionais únicas da própria empresa. Ele
exemplifica a considerar uma empresa com capacidade excessiva e baixos custos variáveis
47
de produção deveriam conceder credito com mais liberalidade, carregando um nível mais
alto de recebíveis do que uma empresa operando à plena capacidade com uma margem de
lucro estreita. Contudo, embora as políticas de credito ótimo variem entre as empresas ou
mesmo em uma só empresa com o passar do tempo, ainda assim é proveitoso analisar a
eficiência da política de credito da empresa em sentido geral e agregado.
Devido às questões desta natureza é que os investidores e analistas de mercado, assim como
também os responsáveis pela parte financeira das empresas, devem ter uma atenção
especial à administração das contas a receber, pois os mesmos podem ser enganados pelas
demonstrações financeiras divulgadas e, mais tarde, sofrer sérias perdas.
De certo quando uma venda ocorre alguns fatos ocorrem, como: (1) os estoques são
reduzidos pelo custo da mercadoria vendida; (2) as contas a receber são aumentadas pelo
preço de venda dos produtos ou serviços; e (3) a diferença entre ambos é o lucro, que é
acrescentado aos lucros retidos. Ocorrendo a venda a vista, de certo o ganho é imediato,
mas se for a prazo, o lucro não é de fato ganho até que de concreto a conta seja recebida.
É destacado por Weston, (2000 p. 434 - 437) que empresas tem encorajado vendas a
clientes pouco confiáveis a fim de poder divulgar altos lucros. Isso de certa forma poderia
expandir os preços das ações da empresa, isto pelo menos até que as perdas do crédito
comecem a reduzir os lucros, momento em que os preços das ações caem.
Desta forma um acompanhamento e monitoramento sistemático dos prazos médios de
recebimento, assim como também o estabelecimento de um cronograma de vencimentos, e
uma política de crédito consistente vem de sobremaneira a ajudar na administração de
recebíveis.
48
3.11. Política de Crédito
É possível concluir que o sucesso ou fracasso de um negócio depende principalmente da
demanda de suas mercadorias, como regra, quanto mais altas são suas vendas, maiores seus
lucros e maior os valores de suas ações. As vendas, por sua vez, dependem de uma série de
fatores, alguns exógenos, mas outros sob o controle da empresa.
Weston, (2000 p. 438) conceitua política de crédito como:
“Um conjunto de decisões que incluem o período de crédito de uma
empresa, padrões de crédito, procedimentos de cobrança e desconto
oferecido”.
Destaca que as principais variáveis controláveis que afetam a demanda são os preços de
vendas, a qualidade dos produtos, a publicidade e a política de credito da empresa. O autor
destaca ainda que, por sua vez a política de crédito, consiste em quatro variáveis, conforme
indicado a seguir:
1. O período de crédito, que é constituído pela extensão de tempo que os
compradores recebem para pagar suas compras;
2. Os padrões de credito, que se referem à força financeira mínima dos
clientes a crédito aceitáveis e à quantia de crédito disponível para
diferentes clientes;
3. A política de cobrança da empresa, que é a medida por sua rigidez ou
frouxidão no acompanhamento das contas de pagamento lento;
4. Quaisquer descontos dados por pagamentos antecipados, incluindo-se a
quantia de desconto do período.
49
É importante destacar que o Gerente de crédito tem a responsabilidade de administrar a
política de crédito da empresa. Contudo, como a importância do crédito se expressa pela
influência que exerce em todos os setores da empresa, a política de crédito em si é
normalmente estabelecida pelo comitê executivo, composto, por exemplo, por presidente, e
os vice-presidentes a cargo de finanças, marketing e produção.
3.12. Padrões de crédito
De todo modo Weston, (2000 p. 439) reforça que os padrões de credito referem-se à força e
confiança que um cliente deve exibir a fim de se qualificar para o crédito. Se um cliente não
se qualifica pelas condições de créditos regulares, ainda assim ele pode comprar da
empresa, mas sob termos mais restritivos. Os padrões de crédito da empresa será aplicado
para determinar que clientes podem se qualificar para as condições de crédito regulares e
quanto crédito cada cliente devera receber. Desta forma ele destaca que os principais
fatores considerados no estabelecimento dos padrões de crédito relacionam-se com a
possibilidade de que um dado cliente pague com atraso ou mesmo possa a vir implicar uma
perda por dívida não paga.
É certo que os estabelecimentos de padrões de crédito requerem implicitamente uma
medida de qualidade de crédito, que é definida por Weston, (2000 p. 439), como sendo
determinada pela probabilidade de inadimplência de um ciente. A estimativa da
probabilidade de um cliente é em grande parte resultado de um julgamento subjetivo.
Destaca ainda que de toda maneira, a avaliação de crédito bastante comum, é que um bom
gerente de crédito pode emitir julgamentos precisos da probabilidade de inadimplência por
diferentes classes de clientes.
Embora a maioria das decisões de crédito seja feita de forma subjetiva, Weston, (2000 p.
430 - 440), destaca que muitas empresas passaram a utilizar um sofisticado método
estatístico de classificação de crédito chamado análise discriminante múltipla, (creditsccoring-systems), para avaliar a qualidade do crédito. A análise discriminante múltipla é
semelhante à análise de regressão múltipla. A variável dependente é, em essência, à
50
probabilidade de inadimplência e as variáveis independentes são fatores associados à força
financeira e à capacidade de liquidar a dívida se for cedido o crédito. Tal método de análise
possibilita classificar e diferenciar os clientes potencialmente bons de clientes
potencialmente maus na condição de liquidação dos débitos assumidos.
Como vantagem de um sistema de classificação de crédito é que a qualidade de crédito de
um cliente é expressa em um único número, em vez de mostrar uma avaliação subjetiva de
vários fatores.
Esta é uma enorme vantagem para uma grande empresa que precisa avaliar muitos clientes,
em diversos locais, e emprega vários funcionários diferentes no crediário, pois, sem um
procedimento automatizado, a empresa mal terá tempo de aplicar os padrões de igualdade a
todos os solicitantes de crédito. Devido a tais questões que as empresas de cartão de
crédito, lojas de departamentos, empresas petrolíferas e outras usam o sistema de creditscoring para determinar quem obtém crédito e quanto.
3.13. O sistema das Cinco Condições para o Crédito
É desatado por Weston, (2000 p. 441), que independente da abordagem, os métodos
utilizados para mensurar a qualidade do crédito envolvem a avaliação de áreas
normalmente consideradas relevantes para determinar o valor de crédito de um cliente. O
autor as chama de 5 C´s, qual seja; o Caráter; a Capacidade; o Capital; o Colateral e as
Condições.
Quanto ao Caráter o autor destaca que se caracteriza pela probabilidade de que os clientes
honrarão suas obrigações. Indaga a possibilidade dos fazerem esforços para quitar o
empréstimo ou simplesmente fugirão desta responsabilidade, e aí o credor fica no prejuízo.
51
No que tange a Capacidade, indica que se trata de um julgamento subjetivo das
possibilidades de pagamento por parte da clientela. Reforça que tal situação é avaliada em
parte, pelos registros passados dos clientes e pela observação prática da atual situação.
O Capital é medido pela condição financeira geral de uma empresa, quando se verifica as
demonstrações contábeis
O Colateral é representado pelos ativos que os clientes podem oferecer como garantia a fim
de obter o crédito.
Em relação às Condições, o mesmo autor indica que “referem-se tanto às tendências
econômicas gerais quanto ao desenvolvimento especial em certas regiões geográficas ou
setores da economia que poderiam afetar a capacidade dos clientes de atender às suas
obrigações”.
3.14. Fontes de informações creditícias
Existem duas grandes fontes de informação creditícia. A primeira compõe-se de uma série
de associações de crédito, que são grupos locais que se reúnem frequentemente e que se
correspondem para trocar informações sobre os clientes a crédito. Por exemplo, nos Estados
Unidos existe a National Association of Credit Management (Associação Nacional de
Administração de Crédito) Esses grupos criam o intercambio de crédito, onde coletam e
distribuem informações sobre o desempenho passado de seus devedores.
Weston, (2000 p. 441), indica uma segunda fonte de informações, qual seja, o trabalho das
agencias de informações de crédito, que coletam a informação creditícia e vendem por uma
taxa. Como exemplo, nos Estados Unidos tem-se as mais conhecidas como a Dun &
Bradstreet (D&B), Equifax e TRW.
52
No Brasil temos o SERASA, CDL dentre outras. Essas agências fornecem dados factuais
que possibilitam a sua utilização em análise de crédito e também proporcionam uma
classificação de risco.
Mais recentemente foi aprovado pelo pode Legislativo brasileiro o chamado cadastro
positivo, que consiste basicamente na existência de uma relação de bons pagadores, que
poderia ser acessado por eventuais interessados, principalmente aqueles que estão
oferecendo crédito.
É certo que na administração de uma empresa, o departamento de crédito necessita que as
informações sejam rápidas, precisas e atualizadas. Como ilustração a National Association
of Credit Management, um grupo com mais de 43.000 empresas membros, convenceu a
TRW a desenvolver uma rede de telecomunicações baseada em computador para coleta,
armazenagem, obtenção e distribuição de informações de crédito. O sistema TRW contém
dados de crédito de mais de 120 milhões de indivíduos e transmite eletronicamente
relatórios de créditos disponíveis em segundos para seus milhares de assinantes.
Semelhantemente a Dun & Bradstreet dispõe de sistema eletrônico com praticamente as
mesmas funcionalidades, acrescidos o envio de relatório detalhados, que são enviados pelo
correio americano.
Neste contexto, quando se quer analisar a capacidade de pagamento de uma pessoa jurídica,
Weston, (2000 p. 442), destaca que um típico relatório de crédito empresarial incluiria as
seguintes informações:
1. Um balanço resumido e a demonstração de resultado.
2. Vários índices-chave, com a informação de tendência.
3. informações obtidas dos fornecedores da empresa indicando se ela tem
feito pagamentos no prazo certo ou se recentemente deixou de efetuar
algum pagamento.
53
4. Uma descrição verbal das condições atuais dos equipamentos e
instalações da empresa.
5. Uma descrição verbal do passado dos donos da empresa incluindo
falências, processos, problemas de acordo de divórcio w outros.
6. Uma classificação resumida, indo de A, que indica os melhores de
crédito a F, para os que são vistos com probabilidade de inadimplência.
De todo o modo o autor é cauteloso. Ele reforça que, embora muita informação creditícia
esteja disponível, ela deve ser processada com discernimento. Sistemas de informações
computadorizadas podem auxiliar na tomada das melhores decisões de crédito, mas, na
análise final, a maioria das decisões de crédito é realmente um exercício de julgamento
pessoal fundamentado.
Se a política de crédito de uma empresa é abrandada por medidas como a extensão do
período do crédito, o relaxamento dos padrões de crédito, a adoção de uma política de
cobrança menos dura ou pelo oferecimento de descontos à vista, então as vendas deverão
aumentar.
É certo que o abrandamento da política de crédito estimula as vendas. Naturalmente, se a
política de crédito é abrandada e as vendas aumentam então os custos também se elevarão
porque mais mão-de-obra, mas materiais e assim por diante, serão necessários para produzir
as mercadorias adicionais. Além disso, os recebíveis também aumentarão o que ocasionará
um acréscimo dos custos de carregamento, e a dívida não paga ou despesas de desconto
também poderão aumentar.
Por isso, Weston, (2000 p. 446), diz que a questão-chave na decisão de mudança de uma
empresa na política de crédito é esta:
54
“As receitas das vendas se elevarão mais do que os custos, incluindose os custos relativos ao crédito, fazendo com que o fluxo de caixa
aumente, ou o aumento nas receitas das vendas serão mais do que
anulados pelos custos mais altos?”
É de se atentar que de certa forma uma política mais branda deverá aumentar as vendas e
reduzir os custos de cobrança, mas os descontos e vários outros tipos de cobrança podem
aumentar vindo a comprometer o resultado da empresa.
Weston, (2000 p. 444) destaca, entretanto que:
“É possível vender a crédito e também avaliar o encargo de carregar
recebíveis, então às vendas a crédito podem ser, na verdade, mais
lucrativas do que as vendas a vista”.
Tal situação é possível e especialmente verdadeira para a produção de consumo de duráveis
(automóveis, utensílios, roupas e outros) e também para certos tipos de equipamentos
industriais, na medida em que essas empresas fazem o carregamento dos encargos sobre
suas vendas a crédito.
3.15. A hierarquia das escolhas de financiamento
A teoria da hierarquia das escolhas começa com a informação assimétrica – um termo
pomposo que indica que os gestores sabem mais acerca das perspectivas, riscos e valores
respectivas empresas do que os investidores.
Os autores destacam (RICHARD & STAWARY, 1992 p. 498), que “obviamente os
gestores sabem mais do que os investidores”.
55
Eles fornecem como prova disto, o fato de se observar as alterações no preço das ações
provocadas pelos anúncios por parte dos gestores. Quando uma empresa anuncia um
aumento dos dividendos regulares, normalmente o preço das ações sobe, porque os
investidores interpretam o aumento como um sinal da confiança da administração nos
resultados futuros.
A existência da informação assimétrica afeta a escolha dentre o financiamento interno ou
no exterior à empresa e entre novas emissões de dívida ou ações. Isto levou aos autores a
indicarem uma hierarquia de escolha, na qual o investimento é financiado em primeiro
lugar por fundos internos, principalmente lucros reinvestidos; em seguida por novas
emissões de dívida; e, finalmente, por novas emissões de ações. As novas emissões de
ações são o último recurso para a empresa esgotar a sua capacidade de endividamento, ou
seja, “quando as ameaças dos custos das tensões financeiras trazem insônias constantes aos
credores existentes e ao gestor financeiro”. (RICHARD & STAWARY, 1992 p. 498)
BREALEY & MYERS, (1992 p. 500), resumem a teoria de hierarquia empresarial em
quatro tópicos:
1. Que as empresas preferem o autofinanciamento
2. Que as empresas adaptam seus objetivos para os rácios de distribuição de
dividendos, às oportunidades de investimento, tentando simultaneamente evitar
modificações súbitas nos dividendos
3. Procuram fazer com que as políticas de dividendos “viscosas” e flutuantes não
previsíveis tanto no nível de lucratividade como do das oportunidades de
investimento significam que os fundos gerados internamente ora são superiores
às necessidades de investimento, ora são inferiores. Caso forem superiores, a
empresa amortiza ou investe em valores mobiliários negociáveis. Mas se forem
inferiores, a empresa começa por sacar do seu saldo de tesouraria ou por vender
sua carteira de valores mobiliários negociáveis.
4. Caso haja necessidade de recorrer a financiamento exterior, as empresas
começam por emitir os valores mobiliários mais seguros. Ou seja, começam pela
56
dívida, depois emitem eventualmente títulos híbridos, como as obrigações
convertíveis, e a seguir, como último recurso emitem ações.
Arnold Sametz citado por BREALEY & MYERS, (1992, p. 992), já dizia em 1964:
“sabemos muito pouco sobre a forma como são tomadas as grandes
decisões financeiras não rotineiras”.
De certa forma dizem os autores:
“Isto não é menos verdadeiro atualmente. Sabemos bastante acerca
do valor dos ativos, mas não sabemos muito sobre as decisões que
fazer aumentar esse valor.”
Indagam ainda.
“Qual é o processo que leva uma empresa a fazer um importante
investimento, e outra, a rejeitá-la? Qual a razão por que uma empresa
decide emitir títulos de dívida, e outra, ações?”
Por isso, se soubéssemos por que as empresas tomam determinadas decisões estaríamos em
melhores condições para ajudar a melhorar essas decisões, concluem os autores. Reforçam
ainda que a nossa ignorância seja ainda maior quando se trata de decisões estratégicas. Isso
porque, descrevemos o planejamento estratégico como decisão de financiamento em grande
escala. O planejamento estratégico tenta identificar as linhas de negócio onde a empresa
tem maiores oportunidades a longo prazo, bem como desenvolver um plano para ter êxito
nesses negócios. Contudo segundo os autores, é difícil calcular o valor atual líquido das
grandes decisões.
Conforme o economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Credito,
Financiamento e Investimento (Acredif), Istvan Kasznar, o motivo ainda é uma aversão aos
riscos por parte dos agentes financeiros. “Agora os juros caíram porque houve uma queda
57
violenta nos preços, como mostram todos os indicadores de inflação, que chegaram quase
na fronteira de deflação”.
Disse. Isso, de acordo como ele, ocorreu por um desaquecimento na demanda, que causou
uma queda de juros na ponta final, porém ainda muito baixo.
Ainda segundo Kasznar, o que impede uma queda mais expressiva dos juros nas
instituições financeiras ainda é o recolhimento de compulsórios feito pelo Banco Central,
apesar das medidas de liberação dessas taxas tomadas pelo governo federal desde o início
da crise. “Esse recolhimento ainda é muito alto no Brasil. E esse não é o dinheiro que vai
para o crédito livre, e sim para a dívida publica. O que se necessita é o Estado se
administrar bem, aí os juros desapareceriam”. Concluir o autor.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, credita a alta dos
juros em relação a janeiro ao aumento da selic. A taxa básica de juros avançou de 11,25%
para 13,75% ao ano de abril até outubro do ano passado e, mais recentemente, a crise
financeira internacional também deu sua contribuição.
O quadro que vemos hoje, completa Lopes, é uma estabilidade na concessão de crédito
livre, um aumento da parcela dos bancos públicos, juros altos, mas estáveis, aumento do
spread e da inadimplência. Já em relação ao spread, o especialista é otimista. “O aumento
do spread não é uma surpresa como um todo. É normal num momento de aumento de
inadimplência”, destaca o autor
O professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuárias e Financeiras,
Alexandre Assaf é outro que não acredita em uma queda expressiva dos juros a curto prazo
para ele:
“O que houve de redução até agora, foi baixo e movido por pressão
de governo, via bancos oficiais”.
58
Ainda segundo este autor, o motivo da manutenção das taxas de juros é o temor da
inadimplência. Destaca ser um consenso que deve haver um aumento nesse índice este ano,
e isso segura os juros.
O mundo das finanças é fascinante, vasto e complexo. Como fazer as melhores aplicações?
Como evitar perdas? Como não cair nas mãos da especulação destrutiva? Como alcanças
lucros com um investimento? Como assegurar rendas estáveis e constantes, sem perder o
capital adquirido?
Para responder a estas indagações, há várias alternativas e muitas respostas simultâneas
para estas questões. E a cada momento, cada dia, elas podem mudar. A incerteza e o risco
estão vivas em nossas vidas e é preciso saber lidar com elas.
De todo modo, certamente um dos melhores caminhos para responder estas questões é o de
ter uma formação sólida, acompanhar a evolução dos mercados e das empresas, fazer
analises aconomico-financeiras e cercar-se de especialistas competente. O que importa não
é fazer uma bolada por uma única tacada. O que conta é saber gerar renda continuamente e
sempre guardar um certo valor, um percentual desta renda, investindo sempre.
Considerando isso, como destaca Kasznar (2003) é bom tomar cuidado com gastos que
viciam, é que se deve definir um padrão de consumo que seja coerente com o seu nível de
renda, com ênfase na criação de uma relação estreita entre sua renda e os seus gastos
essenciais.
Quando a pergunta é a duvida de verificar o que vem primeiro: investir ou quitar as
dívidas? Considera-se que ambas são essenciais. No Brasil, país que dispõe de recordes de
taxas de juros pagas pelos pelo consumidor, ter dívidas, segundo ele, “é garantia de quebra
e dilapidação de renda. Por isso é que o mercado de credito é tão pequeno e os
intermediários financeiros são tão seletivos”. KASZNAR (2003).
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Por isso o autor indica que se deve olhar bem para o custo das dívidas. Quais são as taxas
de juros que são cobradas? Sugere a negociação, redução das taxas, utilize a barganha.
É valido destacar que KASZNAR (2003), adverte que o investidor tem memória. Não pode
esquecer a historia dos mercados e deve se referenciar em parte em experiência do passado.
Destaca que no Brasil, as políticas monetária, fiscal e cambial nem sempre são de bom
senso. Aborda que “fala-se em estabilização e credibilidade, mas esses são elementos
escassos na praça”. As políticas de certa forma afetam de sobremaneira o andar dos
investimentos.
Um fator a destacar como bem aborda KASZNAR (2003) é o fato de que um aumento da
taxa de juros torna o crediário proibitivo, e inibe os empréstimos e o consumo. O
consumidor sai prejudicado. Assim por outro lado, aumenta o rendimento dos fundos de
renda fixa e eleva os lucros dos banqueiros.
3.16 As 10 Medidas do Bom Tomador de Empréstimos
Certamente, que se decidir pedir em empréstimo ao banco, o responsável pelo crédito pode
fazer algumas indagações sobre a situação financeira da sua empresa e os seus planos
futuros. Além disso, o banco vai querer acompanhar o desenvolvimento ulterior da
empresa. Isto tem um aspecto positivo. Os outros investidores sabem como é difícil
convencer os bancos, e por isso, quando uma empresa divulga que obteve um crédito
vultoso junto ao banco, o preço das suas ações tende a subir.
KASZNAR (2005) destaca que os empréstimos são meios importantes e saudáveis de
capitalização e de realização dos sonhos das pessoas e das empresas. Naturalmente, os
empréstimos têm um custo, que é repassado ao tomador final.
60
A financeira ou o banco devem fazer um esforço, para captar recursos na praça, a ponto de
deter um volume satisfatório, que satisfaça as requisições de montantes de seus clientes e
lhes proveja um retorno aceitável e digno. Neste sentido, é freqüente que uma financeira ou
um banco se veja a captar pequenos volumes de numerosos pequenos poupadores e
aplicadores, para dispor de linhas de crédito que atendam aqueles que precisam de
empréstimos.
A metodologia das taxas de juros negociadas pelas instituições financeiras com seus
clientes define o retorno e o custo do capital. Decorre que ao dirigir-se a um intermediário
financeiro, esta dinâmica é a base da negociação e há de ser considerada pelo tomador em
potencial.
Por isso o autor acima mencionado, destaca 10 passos a serem seguidos pelo tomador de
empréstimo, para que tal atitude não venha causar transtornos no furto, é necessário que
consumidor:
1. Esteja informado.
2. Visite e conheça os agentes de intermediação financeira.
3. Com paciência e detalhadamente as condições contratuais e pergunte ao
intermediário o que lhe parecer uma dúvida, para ter certezas na operação por fazer.
4. Tome preços e condições de pelo menos três intermediários.
5. Verifique como são feitos os cálculos de juros a pagar pelo crédito que for
tomado.
6. Note se o intermediário divulga informações e dados regulares sobre a sua
operação, em data e prazo confortável, para regularizar as operações.
7. Verifique em que medida a financeira se compromete em realmente lhe oferecer
um serviço personalizado, que é acompanhado por um oficial ou gerente de crédito com
expertise e que não é descartado a qualquer hora e sem aviso, pela instituição.
61
8. Faça um levantamento do perfil de risco do seu credor. Um bom credor tem
atributos, que dão evidências de qualidade, poder, capacidade, respeitabilidade e
estabilidade.
9. Verifique as suas necessidades verdadeiras e cheque se a instituição tem
condições de atendê-las.
10. Combine seu crédito com a sua capacidade de pagar.
Ao final é destacado pelo autor a importância do tomador honrar para com as suas
obrigações, pois estas questões certamente irão ser considerados em outros negociações,
seja qual for o a instituições.
62
Capitulo IV
4. Análise de dados
4.1. Perfil da amostra
Escolaridade
Sem alfabetização
Ensino fundamental
Ensino Médio
Superior
Pós-graduação
Total
Tabela 1
Freq.
7
178
296
84
2
567
%
1,2%
31,4%
52,2%
14,8%
0,4%
100,0%
Foram entrevistadas 567 pessoas de ambos os sexos e idade, selecionados aleatoriamente
entre as mais 600 mil pessoas que se transitam diariamente pela rodoviária de Brasília. Este
local é onde ocorre o maior número de circulação de pessoas por dia na Capital Federal. A
rodoviária serve de ponto de ligação entre todas as outras áreas de Brasília, inclusive se
encontra neste local a principal estação do metrô da região.
Quanto à escolaridade das pessoas que responderam o questionário, pouco mais da metade
(52,2%) dos entrevistados tinha o ensino médio. Contudo ao agruparmos os portadores do
ensino médio, mais aqueles que diziam ter o ensino fundamental (31,4%), chega-se a um
percentual de 83,6%.
Os entrevistados que se diziam portadores de curso superior forma de 14,8%, com pós
graduação um percentual muito pequeno, apenas 0,4%. Da mesma forma o índice das
pessoas que se declararam analfabetas foi baixo, apenas 1,2% assim se afirmaram.
Como visão geral a grande maioria dos entrevistados de fato de encontram inseridos nas
modalidades de fundamental e médio. Outra característica dos entrevistados é que a maioria
é do sexo masculino 68,1%, ficando apenas 31,7% para o sexo feminino.
63
Idade
Até 21 anos
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
De 51 a 60 anos
Acima de 60 anos
NS/NR
Total
Tabela 2
Freq.
84
228
127
75
39
13
1
567
%
14,8%
40,2%
22,4%
13,2%
6,9%
2,3%
0,2%
100,0%
Com referencia a idade, a grande maioria, 62,6% dos entrevistados está inseridos da faixa
da plena capacidade de trabalho, ou seja, dos 21 aos 40 anos de idade. Se considerarmos
também os que se diziam ter até 50 anos, este grupo de 21 a 50 anos passa a representar um
percentual de 75,8% dos entrevistados
Rendimentos
Sem rendimentos
Até 1/2 salário
mínimo
De 1/2 a 1 salário
mínimo
De 1 a 2 salários
mínimos
De 2 a 4 salários
mínimos
De 4 a 6 salários
mínimos
Mais de 6 salários
mínimos
NS/NR
Total
Tabela 3
Freq.
31
%
5,5%
14
2,5%
93
16,4%
256
45,2%
122
21,6%
31
5,5%
15
2,6%
4
567
0,7%
100,0%
Conforme indica a tabela 3 acima, quanto à renda das pessoas que responderam a pesquisa,
é relevante destacar que mais da metade, especificamente 66,8% das pessoas estão entre a
faixa de 1 e 4 salários mínimos como rendimento. Pouco mais de 2,6% dos entrevistados
possuíam rendimentos superiores a 6 salários mínimos.
64
Atividade
Estudante
Indústria
Serviços
Comércio
Agricultura
Outros
Total
Tabela 4
Freq.
24
47
280
109
15
92
567
%
4,2%
8,3%
49,5%
19,3%
2,7%
16,1%
100,0%
Quanto à atividade desenvolvida pelos entrevistados, quase que a metade (49,5%) pertence
ao ramo de atividade “serviços”, se acrescentarmos a isso, também o segmento do
“comércio” (19,3%), teremos apenas com estas duas atividades um percentual de 68,7%
dos entrevistados
4.2. Comportamento dos tomadores de empréstimos ou financiamento
Tabela 5
A pesquisa revelou que 72,7% das pessoas entrevistas fazem ou já fizeram empréstimos ou
financiamentos. É possível verificar que uma parcela muito significante dos entrevistados
já, em algum momento fez empréstimos ou financiamentos. Isso mostra que a população de
fato no dia a dia procura se valer desta modalidade de obtenção de recursos de terceiros
como forma de adquirir ou suportar sua situação financeira e para isso realizar seu sonho de
consumo.
Desta feita é mais do que relevante, o governo e as instituições que fomentam a aquisição
do crédito promoverem a busca por este meio de forma consciente e responsável, pois há
65
um percentual tão elevado de pessoas que tomam empréstimos ou fazem financiamento, e
isso não pode ser feito sem uma educação direcionada e específica. Deve sim haver uma
busca constante por educação financeira dos consumidores, pois caso contrário pode
ocorrer que sem esta educação, os empréstimos e financiamentos ocorram de forma
descontrolada e que venha a prejudicar demasiadamente a saúde financeira das pessoas,
assim como também a estabilidade das empresas por causa da inadimplência.
Tabela 6
Tal questão toma maior relevância quando se observa na tabela 6 que 43,2% dos
entrevistados não se consideram informados sobre as condições do crédito disponibilizado
para ele.
A situação piora muito e fica preocupante, quando junta-se a este grupo que “não se
considera informado”, mais aquele de diz que “tem muito pouca ou pouca informação”,
verifica-se que se tem um percentual de 83,1%. Isso quer dizer que a maioria esmagadora
dos entrevistados se considera desconhecedores sobre as condições do crédito colocado a
sua disposição
Tabela 7
66
Uma outra questão que corrobora com este discurso é o fato de a pesquisa ter mostrado que
48% dos entrevistados nunca fazem visitas às empresas para conhecer as condições do
crédito oferecido. Isso demonstra que as pessoas em quase na sua maioria somente se
dirigem na busca do crédito, quando realmente precisam, não fazendo assim uma pesquisa,
ou mesmo visita para conhecer previamente as condições. São de certa forma pessoas, e
porque não dizer, consumidores totalmente desenformados e leigos.
Tabela 8
Da pesquisa pode-se ainda verificar que, dos entrevistados o grupo de pessoas que “não
lêem, lêem pouco ou muito pouco”, os contratos que assinam no momento de fazerem os
empréstimos ou financiamento representam um percentual de 45,7%. Número muito
elevando pelo fato das pessoas estarem assumindo um compromisso financeiro, que na
maioria das vezes é de um prazo considerável.
Tabela 9
67
Uma outra questão bastante interessante foi que a pesquisa demonstrou que boa parcela
(28,9%) dos entrevistados não fazem qualquer pesquisa, simplesmente pegam o
empréstimo ou mesmo fazem o financiamento na primeira opção. Isso é não pesquisam as
menores taxas, tarifas, prazos e etc. Simplesmente não pesquisam.
Tal comportamento é algo nada bom do ponto de vista do consumidor, pois ele pode
contratar e fechar contratos sem ao menos fazer comparação sobre condições mais
favoráveis em outros estabelecimentos, seja ele uma loja de venda de um eletro doméstico
no momento de comprar uma televisão financiada ou mesmo no momento de contratar um
CDC – crédito direto ao cliente, que muitos bancos oferecem aos seus correntistas.
Tabela 10
Associado a isso, a pesquisa ainda evidenciou, conforme indica tabela 10, que mais da
metade, 56,4% dos entrevistados, nunca verifica ou pergunta como são feitos os cálculos de
juros a pagar pelo crédito.
Se somarmos a estes 56,4% também aqueles que perguntam “muito pouco ou pouco”, esse
percentual chega a 67% dos entrevistados. Desta forma, considerando os dados da pesquisa,
de a cada 100 pessoas, 67 delas não questionam de maneira eficaz de como são feito e
composição de juros que eles irão pagar no momento da tomada de empréstimos ou
financiamentos.
68
Tal comportamento dos pesquisados, vai totalmente de encontro com o que prescreveu o
Prof. Istvan Karoly Kasznar, mais especificamente os mandamentos 4 e 5, quando destacou
em um artigo as 10 atitudes de um bom tomador de empréstimos.
Tabela 11
Um ponto relevante que as instituições devem observar foi o fato de que na pesquisa a
maioria dos pesquisados não tiveram uma boa impressão das empresas, seja elas, por
exemplo, um banco ou mesmo uma loja de revenda de automóveis. Isso, pois na visão de
54,7% dos entrevistados, (os que nunca, muito pouco e pouco), a percepção da que a
instituição foi prestativa, com serviço e profissional especializado não foi nada boa.
Desta questão leva a entender que eles, consumidores, não guardam uma boa percepção
pela prestação do serviço, guardam assim uma certa insatisfação pelo serviço prestado.
Tabela 12
De outra forma, na pesquisa foi possível observar que a maioria esmagadora dos
entrevistados (70%) no momento em que promovem estas negociações de tomar
empréstimos ou financiamentos nunca atentam para se a instituição cumpre ou não com
suas obrigações legais, fiscais, monetárias ou sociais.
69
Considerando tal situação, isso leva a inferir que o consumidor não liga se a empresa é ou
não cumpridora de suas obrigações legais, sendo que isso de certa forma não interfere na
sua decisão de contratar com a empresa.
Tabela 13
Um fato que chamou muito atenção na pesquisa foi o fato de que o percentual considerável
de pesquisados já fez empréstimos ou financiamento mesmo sem muita necessidade. Da
pesquisa abstrai-se que 25,7% já tiveram esta atitude e que destes, 37,8% se arrependeram
de alguma forma por terem adquirido o empréstimo ou financiamento.
Desta questão pode entender se houve uma imprudência maior na aquisição do crédito,
assim como também uma deficiência ou ausência por parte das instituições no momento da
concessão, tal questão de descontentamento poderia ser evitada.
Tabela 14
Os dados da pesquisa revelaram uma situação bastante interessante, que foi o fato de que
certa parcela considerável dos entrevistados já tinha em mente que não conseguiria pagar
todas as parcelas em dia. Este percentual ficou em 23,8% dos entrevistados. Número
70
bastante relevante ao imaginarmos que de a cada 100 pessoas 23.8 delas já promovem
negociações, tomando empréstimos ou fazendo financiamentos, já tendo em mente de que
não conseguirão honrar em dia com sua obrigação financeira assumida.
E associado a isso, a pesquisa também demonstrou que dos pesquisados, 22,6% dos
entrevistados no momento de tomarem empréstimos ou financiamentos, de certa forma já
achavam possível que não pudessem pagar toda a dívida assumida. Isso é algo muito
relevante, como forma de se prevenir e atenuar a inadimplência
Como pode a pessoa assumir obrigações financeiras, se já acredita de forma antecipada na
impossibilidade de sanar seu débito. É por causa destas questões que de certa forma os
juros são elevados e que se defende uma maior rigidez e conscientização na concessão do
crédito
Tabela 15
Uma outra questão de muita relevância identificada na pesquisa foi o fato de que um
percentual considerável de pesquisados (27,9%) já de alguma forma se comprometeu
financeiramente, fazendo empréstimos ou financiamentos, mesmo estando protestado ou
até se encontrando em processo de cobranças por obrigações ainda não quitadas
Aqui a situação não deixa de ter uma atenção especial. Como pode as pessoas mesmo em
situação de crise, pois não estão honrado com suas obrigações, ainda sim, assumirem outras
obrigações financeiras? Cabe neste momento uma reflexão. Como isso passa? Por que as
empresas que concedem crédito, assim o fazem mesmo para pessoas com certo nível de
71
inadimplência. Os nomes em banco de dados dos inadimplentes não servem para informar
sobre isso as empresas? Por que elas não seguem? Será que é a concorrência? Vale até
correr este risco da reincidência da inadimplência? Cadê o incentivo, educação e
fomentação do consumo consciente e responsável por parte das empresas?
Mais recentemente, em 18/12/2010 foi ao ar por volta de umas 11h40min da manhã, um
programa chamado “VIA JUSTIÇA”, da Rádio Justiça, que funciona sob a
responsabilidade da Corte maior de do Brasil – STF Supremo Tribunal Federal, onde dois
debatedores, um deles Juiz de MG, onde na oportunidade que se discutiu os caminhos e
rumos do consumo consciente, dentre eles o papel das empresas em orientar o consumidor
sobre as possíveis alternativas e consequências de uma escolha mal feita no momento de
obter um crédito ou financiamento.
Neste debate teve até a discussão sobre a possibilidade de criação de uma agência
reguladora que vise a estabelecer regras e direcionamentos que possam promover uma
melhora desta questão do consumo consciente e responsável. Estas atividades poderiam
passar por questões de normas básicas de modelos de contratos, taxas de juros, análise e
orientação sobre endividamentos dentro outras questões que envolvem o consumo.
Mas recentemente pode-se verificar que até o próprio governo, preocupado com este
consumo de certa forma desenfreado, pois é sabido que se não houver consciências e regras
bem estabelecidas às conseqüências não serão nada agradáveis, seja no campo dos juros, da
inflação, da inadimplência dentre outros. E desde sempre os prejudicados em sua maioria
pela tão temida associação é a própria população, sendo ainda atingida como conseqüência
disso as empresas e governos.
Desta feita a responsabilidade por promover uma orientação, e por que não, uma vigilância
no consumo e na capacidade de endividamento dos consumidores é de todos, não só do
consumidor, mas também das empresas, sociedade porque não do governo.
72
Por isso o governo preocupado com estas questões, promoveu um certo freio no mercado
financeiro, tirando uma certa quantia significativa de dinheiro de circulação, obrigado os
bancos a reduzirem a oferta de crédito. Contudo não somente o governo é o responsável por
isso. Tal atribuição de ocorrer de forma conjunta e articulada
Um setor que causa certa preocupação é o setor imobiliário. Muitos dizem que em Brasília,
existe uma bolha imobiliária e que a qualquer hora isso pode estourar. De fato isso é
possível. Uma situação que afasta um pouco esta possibilidade, pelo menos
momentaneamente, é o fato de que os imóveis em Brasília de forma não são para moradia
do comprador, mas sim investimento. Mas nem por isso está totalmente afastada uma
possível situação semelhante a que ocorreu nos Estados Unidos por volta de 2007 e 2008.
Sabe-se que a economia está aquecida, os níveis de desemprego estão nos menores índices,
à mão de obra de muitos segmentos, especial construção civil e outras que requerem maior
especialização tem problema, pois faltam trabalhadores.
Não será por causa disso que se deve abrir mão de uma atenção especial quanto à promoção
de informações e orientações consistentes aos consumidores sobre algumas atitudes
corretas na lida com as questões relacionadas a finanças, principalmente quanto à
responsabilidade e o consumo consciente na concessão do crédito.
Pois bem, como demonstrou a pesquisa poucos consumidores se consideram conhecedores
ou mesmo conscientes de taxas de juros, e condições de pagamento no momento de
contração de empréstimos e financiamentos. E o pior, se o mercado consumidor está
crescendo, se não houver uma melhoria na orientação destes novos entrantes, ai sim,
teremos ainda mais consumidores menos conscientes e esclarecidos, promovendo um
consumo desarrazoado e desenfreado, podendo assim ocasionar um aumento nos índices de
inflação, inadimplência, endividamento dentro outros. Não podemos permitir e não
queremos que os índices de inadimplência e endividamento da população subam ainda
mais.
73
Tabela 16
A pesquisa revelou dados preocupantes, além da deficiência por farte dos entrevistados
sobre o conhecimento de taxas de juros, falta de pesquisa em outros concorrentes, um
percentual considerável tomando empréstimos ou financiamentos mesmo estando
negativado nos órgãos competentes ou mesmo estando sendo cobrando por obrigações não
cumpridas. Um destes dados foi o fato de que um percentual considerável, quase a metade
dos entrevistados, mais precisamente 46,2% do que responderam a pesquisa afirmaram que
em algum momento já foram protestados ou negativados por falta de pagamento.
Isso se traduz que de acordo com os dados da pesquisa de 100 pessoas que assumem
obrigações financeiras, cerda de 46.2 delas teve de alguma forma problemas para honrar
suas obrigações, chegando inclusive a ter seus nomes inseridos em banco de dados de mau
pagadores.
É de se considerar que algumas empresas antes de enviar e inserir o nome de seus clientes
nas listas de maus pagadores, eles primeiramente tentam obter o recebimento dos valores
em aberto, às vezes da forma amigável, efetuando ligações e enviando cartas para
residência de sua clientela comunicando tal fato, propondo inclusive a possibilidade de
acordos com parcelamentos e abatimentos de juros e multas.
74
Tabela 17
O monitoramento e conscientização e maior responsabilidade no momento de assumir e
conceder o empréstimo ou financiamento se revela importante, pois na pesquisa, foi
possível observar que 39,5% dos entrevistados que já foram negativados ou protestados por
falta de pagamento de uma a três vezes pelo menos, e que deste percentual, 81,8% deles no
momento de assumir as obrigações financeiras, achavam “muito” possível que não pudesse
pagar a dívida. Outros 58,% dos que foram negativados de uma a três vezes, achavam
“bastante” possível que também não pudessem honrar com seus compromissos; 60%
acreditavam que existia uma “média” possibilidade de isso ocorrer; 50 % achavam dos
entrevistados achavam que era “pouco” possível de serem negativados; 41,9% achavam
“muito pouco” possível que não pudesse pagar tudo. Por fim a pesquisa demonstra que dos
39,5% que foram protestados ou negativados de uma a três vezes, 31,3% destes achavam
que “nunca” isso poderia acontecer.
Diante destes dados é salutar dizer que a possibilidade de ocorrer o protesto e negativação
dos que foram negativados ou protestados de uma a três vezes, já era tida como possível
com elevados índices dos 39,5% dos entrevistados que foram negativados de uma a três
vezes.
Tabela 18
75
A pesquisa demonstrou que daqueles 39,5% que já foram negativados ou protestados de
uma a três vezes, 22,9% deles, nunca verificam ou perguntam sobre como são feitos os
cálculos de juros a pagar pelo credito recebido.
Isso demonstra mais uma vez que estes consumidores não procuram informação sobre o
oferecimento do crédito e financiamento. Talvez por esta questão é que um percentual
considerável de pessoas das quais respondeu a pesquisa, 37,6% deles, disseram que de
alguma se arrependeram de ter feito o empréstimo ou financiamento.
Tabela 19
Quando se analisa os dados por ramo de atuação profissional, ao se considerar os 39,4%
dos entrevistados que declararam ter sido negativados ou protestados de uma a três vezes
por atraso no pagamento, observou-se que o maior índice está presente nos profissionais do
comércio, com 47,7%. O menor percentual ficou entre os estudantes, com 20,8% que
afirmaram a ter sido negativados ou protestados de uma a três vezes por atrasos no
pagamento. A indústria ficou com um índice de 25,5%, os serviços com 41,4%, agricultura
com 26,7% e outras atividades com 37,8%.
Vale destacar ainda, que de acordo com aos dados da pesquisa, dos entrevistados que já
foram protestados de uma a três vezes, 33,5% são daquele grupo que disseram que não
compraram taxas de juros e fecham a negociação logo na primeira oportunidade. Isso de
certa forma é muito prejudicial ao consumidor, pois ele não busca efetuar comparação ou
mesmo sobre taxas de juros e pesquisa no momento de efetuar a contratação.
76
Tabela 20
Uma situação que chamou muita atenção na pesquisa é o fato de que entre aqueles 39,5%
que já foram negativados ou protestados de uma a três vezes por atraso no pagamento há
percentuais consideráveis destes tomadores que já faziam estas negociações, mesmo que no
momento na contratação já se encontrava protestado ou negativado. Neste caso 68,2% deste
grupo afirmaram que de alguma forma já tomaram empréstimo ou financiamento mesmo
estando sendo negativado ou protestado.
Tabela 21
Uma outra questão bastante curiosa na pesquisa foi nos clientes que já forma protestados de
uma a três vezes, que representou 39,5%, destes nos quais 64,7% já ao contratarem estes
empréstimos ou financiamentos já tinham em mente que era provável que não pudessem
pagar toda a dívida. Logo, isso leva a conclusão que de certa forma, o cliente ao contratar já
pode fazer uma previsão concreta de conseguirá ou não honrar seu compromisso financeiro.
77
Capítulo V - Conclusão
Por considerar de grande relevância analisar o comportamento, a educação e a motivação
do tomador de crédito, foi que o governo federal publicou em 22 de dezembro de 2010, o
Decreto nº. 7.397, a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef). O objetivo é
promover a educação financeira e previdenciária e contribuir para o fortalecimento da
cidadania, a eficiência e solidez do sistema financeiro nacional e a tomada de decisões
conscientes por parte dos consumidores.
Como diretrizes da Enef estão a atuação permanente em âmbito nacional, gratuidade das
ações de educação financeira, prevalência do interesse público, atuação por meio de
informação, formação e orientação, centralização da gestão e descentralização da execução
das atividades, formação de parcerias com órgãos, entidades públicas e instituição privadas,
e avaliação e revisão periódicas e permanentes.
É possível que assim adultos, alunos da rede pública e privada, assim como os demais
consumidores possam ser beneficiados com iniciativas para aprender a lidar com o
dinheiro, Desta feita um dos objetivos da Enef e de ser uma política pública e com a
finalidade de fortalecer a cidadania, a eficiência e solidez do sistema financeiro nacional.
A execução da Enef é instituída no âmbito do Ministério da Fazenda e do Comitê Nacional
de Educação Financeira (Conef). A Enef é composta por um diretor do Banco Central do
Brasil, pelo presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), diretorsuperintendente
da
Superintendência
Nacional
de
Previdência
Complementar,
superintendente da Superintendência de Seguros Privados, secretário-executivo do
Ministério da Fazenda, secretário-executivo do Ministério da Educação, secretárioexecutivo do Ministério da Previdência Social, secretário-executivo do Ministério da
Justiça e por quatro representantes da sociedade civil.
78
O Conef é presidido, a cada período de seis meses, em regime de rodízio e na ordem a
seguir, pelo representante do Banco Central do Brasil, da Comissão de Valores Mobiliários,
da Superintendência Nacional de Previdência Complementar, da Superintendência de
Seguros Privados e do Ministério da Fazenda.
O comitê também tem competência para poder criar grupos de trabalho, por prazo
determinado, destinados ao exame de assuntos específicos, bem como comissões
permanentes, de atividades especializadas, para dar-lhe suporte técnico, integrados por
representantes dos órgãos e entidades que dele participam.
De acordo com o decreto, compete ao Confe promover a Enef por meio da elaboração de
planos, programas e ações e estabelecer metas para o planejamento, financiamento,
execução, avaliação e revisão da Enef.
Em 2008, foi realizada uma pesquisa de âmbito nacional, com o apoio da
BM&FBOVESPA, visando mensurar o grau de educação financeira da população
brasileira.
Essa pesquisa mostrou alguns aspectos positivos, como por exemplo, que 69% dos
entrevistados fazem planilha para acompanhar os gastos da família e que 66% guardam os
comprovantes de suas compras. Mas também evidenciou aspetos preocupantes, tais como,
três em cada dez declarou pagar apenas o valor mínimo da fatura do cartão de crédito
quando a situação aperta e ¼ tem restrições cadastrais na praça.
A conclusão é que o nível da educação financeira da população brasileira é muito baixo.
79
BODIE (2002 p. 32) destaca que finanças:
“É o estudo de como as pessoas alocam recursos escassos ao longo
do tempo”.
Este autor enfatiza as duas características que distinguem as decisões financeiras de outras
decisões de alocação de recursos. Segundo ele pode-se entender que são custos e benefícios
das decisões financeiras, podendo ser destacas em:
1ª A distribuição ao longo do tempo;
2ª O fato de geralmente serem desconhecidos de antemão, ou por
quem vai tomar as decisões ou por qualquer outra pessoa.
É aqui nesta ultima opção que de certa forma reside uma celeuma, pois foi possível
evidenciar na pesquisa que para 81,8% daqueles 39,5% que já foram protestados de uma a
três vezes, achavam muito possível que não conseguissem poder pagar toda a dívida
assumida. Por isso não se pode dizer concretamente que no momento da pessoa toma uma
decisão financeira, não se poder dizer que de fato ela desconhece ou não tem de antemão
todos os fatos a sua disposição, ou mesmo conhecimento. Haja vista que foi evidenciado na
pesquisa que muitas pessoas já de certa forma prevêem a possibilidade de inadimplência
futura.
Por outro lado, não pode deixar de concordar com BODIE (2002), no momento em que o
mesmo destaca princípio muito relevante das finanças, qual seja:
“Que a função fundamental do sistema é a de satisfazer as
preferências de consumo das pessoas, inclusive todas as necessidades
básicas da vida, como alimentos, vestuário e abrigo”.
Em conseqüência disto as organizações econômicas, como as empresas e o governo,
existem a fim de facilitar estas conquistas. Estes facilitadores perpassam desde o acesso até
a promoção de educação e orientação sobre as formas de obtê-las.
80
Aqui vale destacar a grande importância e relevância abordada por BODIE (2002), quando
ele elenca a existência de pelo menos cinco bons motivos para se conhecer ou mesmo
estudar finanças:
1. Para administrar os recursos pessoais
2. Para lidar como o mundo dos negócios
3. Para buscar oportunidades de carreira interessantes e compensadoras
4. Para fazer escolhas como cidadão através de informações conhecidas
publicamente
5. Expandir a mente
E neste trabalho acadêmico fica muito claro a necessidade da população e mais
especificamente o consumidor brasiliense atentar o motivo 1, pois aqui sim mantém uma
relação direta com o objetivo do estudo. Obviamente que os demais motivos não devem ser
descartados, mas sim analisados e seguidos em uma condição secundária.
Pois é importante enfatizar que as decisões de financiamento enfrentadas pelo consumidor,
quando e como devem usar o dinheiro de terceiros para implementar seus planos de
consumo e investimento é algo que merece muita atenção, educação e responsabilidade.
Não se pode simplesmente, baseado na disponibilidade, sem uma real necessidade, o
consumidor tomar empréstimos ou mesmo efetuar financiamento, agindo de forma
negligente, sem efetuar as cautelas necessárias, seja uma pesquisa de preço, a promoção, ou
mesmo uma maior barganha junto ao fornecedor
O Instituto AKATU, em pesquisa de 2005 divulgou dados onde defende e enfatiza a
existência um crescimento por parte da população na busca por consumir produtos e
serviços de empresas que atendam aos ditames das ditas “empresas socialmente
responsáveis”.
81
Por mais que exista um movimento mundial, em defender que consumidores devem buscar
manter suas relações de consumo com empresas ditas socialmente responsáveis, dados
deste trabalho acadêmico revelaram que isso ainda precisa evoluir muito, pois na pesquisa
70% dos entrevistados afirmaram que no momento de fazer um empréstimo ou
financiamento não levam isso em consideração. Assim a existência de consumidores
ligados a rede de empréstimos ou financiamento pode ser ainda considerado uma falácia,
pois de fato isso tem pouca relevância no momento de sua decisão de compra de produtos
ou serviços ligados e este segmento.
Acredita-se que de certa forma esta pouca relevância neste segmento deve-se ao fato de que
a relação existente neste setor se dá em sua grande maioria por uma questão de necessidade
e não de vontade. Isso porque o consumidor que procura um empréstimo ou financiamento
de fato tem poucas alternativas reais e concretas.
Muitas vezes é algo que este consumidor precisa de forma imediata, seja por necessidade
urgente ou mesmo movido por uma onda de estímulo ou induzimento ao consumismo,
muitas vezes este desnecessário ou mal planejado. Visto que a pesquisa demonstrou a uma
grande incidência de pessoas que tornam a se tornam inadimplentes já prevendo isso forma
prévia.
Assim uma grande diferença que existe entre os entes da relação de consumo é a assimetria
da informação que ocorre, sucede e se repete, pois na realidade enquanto alguns agentes
econômicos são bem informados e sabem, conhecem se antecipam a fatos e realidades,
outros agentes são mal ou desinformados e desconhecem fatos e realidades.
Enquanto alguns agentes são pró-ativos, outros se nutrem de tamanha passividade e
malemolência, que deixam ser desfeitos pela mudança dos quadros da realidade
intertemporal.
82
Nesta mesa esteira assim como defendido por KASZNAR (2008), é preciso conhecer e
dominar as causas que explicam as inadimplências, no nível macroeconômico e
microeconômico, para conhecendo-as, evitar que aconteçam antes ou cresçam a ponto de
darem grandes prejuízos à sociedade – trata-se da adoção de medidas prudenciais,
preventivas e que muito se sujeitam à correta autoregulação dos mercados, quando bem
executada e implantada – e caso tenham ocorrido, minorar seus efeitos com acuidade,
justiça e velocidade.
Desta forma, considerando as perspectivas iniciais deste trabalho acadêmico assim
defendido pelo Prof. Istvan, é que se chega à idéia onde a inadimplência é algo que há de
ser vigiada e acompanhada de perto, para que se evitem graus excessivos de
endividamento, cujo desfecho final é a desgastante renegociação de dívidas, a retração do
consumidor e do sistema de crédito e o clima de desconfiança em relação ao bom
funcionamento das instituições e isso tramita necessariamente na efetivação de ações
conjuntas de todos os atores envolvidos, sejam os consumidores, as empresas, os governos
e a própria sociedade, visando educar, orientar, conscientizar e também vigiar de forma
responsável a efetivação da concessão do crédito.
Por isso é que se sugerem ações focadas por parte dos agentes envolvidos no fomento dos
10 passos do bom tomador de empréstimo, para que tal atitude não venha causar
transtornos no futuro. Ao quais são destacados abaixo:
1. Esteja informado.
2. Visite e conheça os agentes de intermediação financeira.
3. Com paciência e detalhadamente as condições contratuais e pergunte ao
intermediário o que lhe parecer uma dúvida, para ter certezas na operação por fazer.
4. Tome preços e condições de pelo menos três intermediários.
5. Verifique como são feitos os cálculos de juros a pagar pelo crédito que for
tomado.
83
6. Note se o intermediário divulga informações e dados regulares sobre a sua
operação, em data e prazo confortável, para regularizar as operações.
7. Verifique em que medida a financeira se compromete em realmente lhe oferecer
um serviço personalizado, que é acompanhado por um oficial ou gerente de crédito com
expertise e que não é descartado a qualquer hora e sem aviso, pela instituição.
8. Faça um levantamento do perfil de risco do seu credor. Um bom credor tem
atributos, que dão evidências de qualidade, poder, capacidade, respeitabilidade e
estabilidade.
9. Verifique as suas necessidades verdadeiras e cheque se a instituição tem
condições de atendê-las.
10. Combine seu crédito com a sua capacidade de pagar.
Isso se torna muito relevante qual sua importância e porque de fato a pesquisa demonstrou
que de forma geral esses passos não são seguidos por grande parte dos consumidores, e que
certamente estas questões irão de ser consideradas em outras negociações, seja qual for o a
instituições.
84
Capítulo VI. Referencias bibliografias e Apêndice
Neste capítulo são destacados as referencias bibliográficas nas quais foram consultadas e
que serviram de direcionamento e fonte de pesquisa para o desenvolvimento deste trabalho
acadêmico.
Aqui nesta parte do trabalho, mais especificamente no apêndice, se encontram as tabelas e
gráficos contendo o resultado de cada questão objetivo da pesquisa.
É também possível ser encontrado ainda neste capítulo o modelo do questionário aplicado
aos entrevistados.
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1. Referências bibliográficas
Financeiro a revista do crédito ACREFI - Em debate, o crédito nos países iberoamericanos
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7397.htm,acesso
disponível em 19/03/2011 as 11h30min.
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WESTON, J. Fred; Bringham, Eugene F. Fundamentos da Administração Financeira. 10
ed. São Paulo: Makron Books, 2000.
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2. Apêndice
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