GLOBALIZAÇÃO, CIDADANIA MULTICULTURAL E POLÍTICA EDUCACIONAL Carlos Alberto Torres – UCLA, IPF [email protected] Resumo: O século XX foi marcado pela extensão de oportunidades educacionais para crianças e adolescentes e para jovens e adultos de todos os setores sociais na América Latina. Foi o século da educação e o papel do Estado na promoção da educação pública foi decisivo para alcanzar este objetivo. O novo século latino-americano tem a marca da globalização e da agenda hegemônica do neoliberalismo na educação. Esta conferência discutirá as grandes teses da política econômica neoliberal e seu impacto na educação, com referência especial à educação latino-americana. Palavras-chave: globalização e neoliberalismo; educação pública e o Estado; educação latinoamericana. INTRODUÇÃO Quero oferecer-vos uma narrativa sobre os dilemas do nosso tempo e sobre algumas possibilidades de emancipação. Quero oferecer-vos algumas idéias acerca do modo como a globalização afeta a justiça social, a cidadania multicultural e a educação. Mas, também quero celebrar convosco alguns dos triunfos da liberdade e da imaginação utópica. Hoje farei a descrição e análise dos dilemas, das contradições e das tensões actuais da globalização neoliberal, em que vivemos. Amanhã teremos a oportunidade de explorar algumas opções e responsabilidades que nos cabem a nós neste momento, ao tratarmos da importância de reinventarmos o pensamento e as práticas educacionais de Paulo Freire. O TRAUMÁTICO COMEÇO DO NOVO MILÊNIO E A GLOBALIZAÇÃO Talvez a mudança mais importante na transição entre os dois milénios foi o ataque terrorista às torres de Nova Iorque e ao Pentágono. Este ataque mudou a noção de invencibilidade dos Estados Unidos – nunca antes atacado no seu território continental – e ressalto as suas implicações na economia global, na política, na cultura e, evidentemente, na educação. Um dos aspectos contundentes deste ataque foi o sentimento de mudança que produziu na definição, no uso e na administração da liberdade. Talvez, colocando de um modo retórico, seja a transição da imagem de liberdade sem limites a que nos convidava o iluminismo com o exercício da razão, para uma nova imagem tão bíblica quanto perversa do Apocalipse. Este debate e o ataque às torres gémeas jogaram um papel muito importante na política militar e na diplomacia unilateralista, com que respondeu a 1 administração republicana do presidente Bush, nos Estados Unidos. Esta resposta apresenta pelo menos quatro aspectos centrais. Primeiro, uma volta à Pax Americana com a hipótese que alguns analistas chamaram de iluminismo militarista, ou seja, a exportação da democracia com bombas que arrasam a terra. Segundo, como se observou em Abu Grail e em Guantánamo, bem como em outras partes do mundo, uma política de intransigência e de falta de respeito pelos direitos humanos. Terceiro, como observa criticamente o prémio nobel e ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, um interesse muito forte em reforçar os interesses dos Estados Unidos em toda a sua costa ignorando por completo os tratados internacionais – o que permite qualificar a política externa norte-americana de unilateralista. Quarto, uma administração que reflecte e representa os interesses da burguesia americana, vinculada à produção de petróleo e ao lobby energético em geral, que não reconhece os acordos de Kyoto e, evidentemente, vinculada à segurança dos Estados Unidos com a aquisição e controlo das principias fontes de energia como o petróleo, foram as razões que estiveram em jogo e que motivaram a invasão ao Iraque (quarto produtor mundial de petróleo, documentado como o segundo mais importante do mundo) e sua subsequente ocupação com as consequências desastrosas que já todos conhecemos. Evidentemente, que a manipulação da informação para justificar a invasão ao Iraque em busca de armas de destruição massiva e pelo posterior controlo do território e o fatal discurso do presidente Bush de “Missão Cumprida” a bordo de um porta-aviões com uniforme militar quatro anos depois, liquidaram a pouca credibilidade que esta administração norte-americate ainda tinha – nó-tese que depois desta declaração de missão cumprida morreram mais de três mil soldados americanos e a conta ainda não está fechada. Convém então assinalar que este novo milénio está marcado pelas contradições da globalização que estão a afectar profundamente o mundo da cultura e da educação. Quero propor a hipótese que não há uma só globalização, mas várias globalizações ou diversas faces da globalização. 2 AS VÁRIAS FACES DA GLOBALIZAÇÃO A globalização é demasiado complexa para ser apresentada em forma de receita simples. É bastante óbvio para nós que existem múltiplas manifestações de globalização interactuando simultaneamente de forma intricada (ou existem múltiplas globalizações). No entanto, as distintas formas da globalização encontram-se profundamente afectadas pelas dinâmicas das relações internacionais dos últimos anos e que, por consequência, influenciam o papel que a educação e que as reformas educativas jogam no melhoramento das vidas das pessoas e das sociedades. Consequentemente, em vez de apresentar uma noção unificada de globalização, apresento cinco manifestações primárias que se destacam no contexto actual. Certamente, existem outras formas de globalização, mas as cinco que se seguem provêem de sólidos fundamentos que emolduraram a nossa análise. Uma primeira forma de globalização, vista no geral como “globalização de cima”, está enquadrada por uma ideologia que descrevemos como neoliberal. A procura dos neoliberais da abertura das fronteiras nacionais com o propósito da troca de produtos e capitais, da criação de múltiplos mercados regionais, do enaltecimentos dos mercados livres sobre os mercados controlados pelo Estado e sua intervenções, da proliferação das rápidas transacções económicas e financeiras, assim como da presença de modelos de sistemas de distintos governos dos Estados-nação, fazem parte do pacote do neoliberalismo. O neoliberalismo procura privatizar virtualmente cada processo ou serviço que possa ser transformado em capital privado. Desregulação selectiva é o lema que desta versão da globalização. Uma segunda forma de globalização representa a antítese da primeira. Esta forma de globalização é normalmente descrita como globalização de baixo ou antiglobalização, designação que consideramos errónea dado que, de um modo geral, os distintos grupos e movimentos dirigidos a desafiar versões neoliberais da globalização não se opõem a uma maior integração. A globalização de baixo manifesta-se sobretudo na presença dos indivíduos, instituições e movimentos sociais activamente opostos aquilo que é percebido como globalismo corporativo. Para estes indivíduos e grupos, o lema é: “não há globalização sem representação. Nos distintos Institutos Paulo Freire decidimos impulsionar a noção de planetarização para designar este modelo de integração planetária que não está sob o controlo das corporações, mas dos cidadãos do mundo. 3 Uma terceira forma de globalização está representada pela mobilidade e intercâmbio das pessoas, ideias e pela subsequente influência na cultura. Pois bem, é verdade que a globalização da pessoas e ideias remete para o período colonial e para a emergência das primeiras grandes armadas e industrias navais. Mas, na última parte do século XX, assistimos a uma aumento do intercâmbio internacional de tal magnitude que agora é mais comum falar de internacionalização de culturas e sociedades. Há, de certo modo, uma creolização do mundo estando tecnologia a desempenhar um papel central neste processo, como as tecnologias de transporte e de comunicação – a industria de computador e Internet – que estão a dar uma nova forma ao mundo. A integração internacional das culturas é manifestação da globalização. Uma quarta manifestação da globalização que emerge da crescente integração internacional e que responde mais aos direitos das pessoas que aos mercados é a globalização dos direitos humanos. Com a crescente ideologia dos directos humanos que se apoderam do sistema e da lei internacional, muitas práticas tradicionais endémicas ao tecido das sociedades particulares ou às culturas (desde as práticas religiosas até às práticas esotéricas) estão a ser questionadas, desafiadas, esquecidas, ou até mesmo proibidas. A ascensão das democracias cosmopolitas e a cidadania plural é o tema desta versão da globalização. Finalmente, há uma quinta manifestação da globalização que devemos considerar. Esta forma estende-se para além dos mercados e, em grande medida, está contra os direitos humanos. Falamos aqui da globalização da guerra internacional contra o terrorismo. Esta nova forma de globalização foi impulsionada pelos acontecimentos de 11 de Setembro – que foram interpretados como a globalização da ameaça terrorista – e pela reacção dos Estados Unidos, apoiado por diversos governos, muito especialmente pela Grã-Bretenha. A resposta anti-terrorista tem sido militarista na sua natureza, com o resultado de duas guerras de coligação lideradas pelos Estados Unidos contra os regimes muçulmanos do Afeganistão e do Iaque. Contudo, o tema geral deste processo não tem sido exclusivamente de sabor militar, também têm tido ênfase na segurança e no controlo das fronteiras, das pessoas, do capital, das mercadorias, isto é, no reverso dos mercados abertos e de rápidos intercambio. A segurança, como uma pré-condição de liberdade, é o lema desta forma de globalização. Não é surpreendente; su némesis, a globalização do terrorismo endossa o lema de que só o caos causará a liberdade. 4 Claramente, a globalização pode ser caracterizada por uma multiplicidade de factores e suas contradições com causas históricas profundamente enraizadas e, a se se tratar de uma doutrina dos direitos humanos, teremos um processo histórico difícil de reverter ou até mesmo confrontar. IMPLICAÇÕES REGIONAIS DAS CONTRADIÇÕES DA GLOBALIZAÇÃO A política na América latina está a mudar drasticamente. Sem dúvida que a política neoliberal na Argentina mostrou que as suas prescrições económicas levaram o país à beira de uma guerra civil, possibilitando a emergência do governo de Kirschener que reflecte, tanto nas suas orientações gerais como em muitos membros do seu governo, o que se denomina de Socialismo Nacional e Juventude Peronista dos anos setenta, violentamente reprimidos pelo Estado das juntas militares entre 1976-1983. A subida ao poder de Hugo Chávez na Venezuela é outra resposta anti-liberal que combina uma mistura de regionalismo (revolução bolivariana), populismo, nacionalismo e socialismo com uma clara pregação e acção anti-imperialista. A recente re-nacionalização do petróleo na Venezuela, especialmente tratando-se de um dos países com maiores reservas documentadas do mundo, é especialmente importante. A subida ao poder de Ignacio “Lula” da Silva, o dirigente metalúrgico e fundador do Partido dos Trabalhadores, triunfando sobre o aparato estatal neoliberal montado pelo sociólogo Fernando Henrique Cardoso, mostra não só a derrota do ideário neoliberal (embora Lula represente realmente um modelo muito tímido de socialdemocracia), mas também a importância da educação libertadora da América Latina. Frei Betto, o conselheiro espiritual de Lula, afirmou: “Lula chega à presidência do Brasil graças aos movimentos sociais articulados nos últimos quarenta anos, onde a pedagogia de Paulo Freire teve muito mais peso do que as teorias de Marx. Sem dúvida, o movimento social brasileiro com mais peso e prestígio internacional é o movimento de reforma agrária Sem Terra, tão bem representado nas fotografias de Sebastião Salgado, um movimento que tem resistido à cooptação pelo partido governante. O triunfo de Evo Morales na Bolívia traz ao centro das atenções a luta dos indígenas latino-americanos. Depois de mais de 500 anos de lutas contra a submissão, a opressão, a alienação das suas terras, e a exploração da força de trabalho, os indígenas latino-americanos, de pé e desafiantes, procuram o seu próprio destino. Sem dúvida, tanto o projecto de Evo Morales, como os movimentos sociais indígenas dos Zapatistas 5 em Chiapas e os movimentos do Equador oferecem uma nova perspectiva e, atrevo-me mesmo a dizer, um novo espírito à política e à democracia latino-americana. As economias asiáticas, orquestradas sob a hegemonia do Japão, têm lutado para sobreviver à deflação japonesa que só agora começa a recuperar. A China, com a sua sustentação ao nível da produtividade e do crescimento económico, começa a confrontar as crises do seu deficit energético e prepara-se para ser a potência dominante como vendedor de mercadorias do século XXI, seguido muito de perto pela Índia. Contudo, a surda confrontação entre a Índia e o Paquistão, dos países com bombas atómicas, constituem um dos pontos de maior desestabilização da região. Claro está se o vírus H5N1 da gripe das aves ou gripe aviar não produzir uma pandemia mundial, que pode chegar a eliminar um quarto da população mundial nas previsões mais dramáticas. Apesar dos esforços dos países europeus – especialmente dos países escandinavos em termos de doação per capita – e, em menor medida, pelo Japão e pelos Estados Unidos, a África subsariana continua a ser um lugar pobre e altamente conflituoso, sendo a experiência de Danfur emblemática da violência massiva do sistema sobre as pessoas. A epidemia da SIDA na África já mostrou um rosto devastador da região e o aparecimento de doenças catastróficas, como o vírus ébola, mostram como são frágeis as relações sociais quando estão à mercê das condições sociais, económicas e, neste caso, de saúde. COMO É QUE ESTES PROCESSOS AFECTAM A EDUCAÇÃO, A CIDADANIA MULTICULTURAL E A JUSTICE SOCIAL? Quero começar esta parte da minha comunicação com uma frase do presidente dos Estados Unidos, George Bush. No seu primeiro discurso como presidente, Bush afirmou aos alunos de graduação da sua alma mater, a Universidade de Yale, o seguinte: Para todos aqueles que receberam honras, prêmios e distinções, lhes digo: bem feito. Para aqueles que são estudantes de C, lhes digo: vocês também podem ser presidentes dos Estados Unidos. A educação tem estado sempre vinculada ao pensamento liberal da meritocracia. Esta frase brutalmente honesta do presidente dos Estados Unidos – que, recordemos, nunca teve as qualificações para entrar numa universidade tão prestigiada como Yale, a não ser como estudante especial, que a Universidade classifica de Heritage Student e sem distinção, tendo apenas obtido conceitos “C”, ou seja, o mínimo necessário em 6 termos de notas de aprovação – revela algo de importante se pensarmos do ponto de vista da sociologia da educação. Parece uma brincadeira de mau gosto, mas na realidade o que Bush disse é que a educação não só produz à desigualdade, como também legitima o privilégio. Bush sugere que o êxito na política e no mundo dos negócios está mais vinculado a quem nós conhecemos e ao tipo de redes a que pertencemos, do que ao desempenho acadêmico. No entanto, se observarmos os grandes modelos de reforma educativa praticados pelos governos neoliberais, verifica-se que estes se baseiam nos movimentos de “avaliação” ou exames em que todos devem passar. Estes exames são, frequentemente, desenhados com perguntas de resposta múltipla, modelo baseado em livros de texto altamente sistematizados e regulamentados que paulatinamente eliminam a autonomia do mestre e fazem perder a sua condição de intelectual vinculada à docência. Em termos de políticas educativas específicas, a agenda neoliberal apresenta um amálgama de diretrizes, todas elas representadas pelas políticas do Banco Mundial. COMO É QUE A GLOBALIZAÇÃO TEM INFLUENCIADO A FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS EDUCATIVAS NA AMÉRICA LATINA? Há claramente três aspectos sobre os quais a globalização, especialmente a de cunho neoliberal, tem tido impacto na educação latino-americana: a nível da economia do financiamento educativo; em termos das vinculações entre a educação e o trabalho; e, mediante a criação de um movimentos pró standard de excelência académica internacional com suas implicações ao nível da avaliação, curriculum, educação superior e formação de professores. Em termos da economia política de educação, como assinalámos em cima, o modelo neoliberal reflecte uma agenda internacional de investigação e de investimento educativo que recomenda a privatização como solução educativa, tanto para corrigir as deficiências estatais na educação como para confrontar a crise fiscal do Estado. Isto terá levado a impulsionar distintos instrumentos de financiamento educativo, como os vouchers – bônus ou cheques educativos –, a privilegiar certos instrumentos tecnocráticos de análise e planificação educativa como as taxas de retorno em educação e certas experiências de descrentralização educativa como os charter schools. Muitos destes instrumentos de política, com as suas distintas variantes locales tornaram-se modelos e permissas hegemónicas – e portanto não negociáveis na formulação das 7 políticas educativas. É interessante observar como a experiência chilena em educação constitui um modelo prematuro e arquétipo desta orientação neoliberal. Em termos de vinculações entre o trabalho e a educação está claro que os velhos mecanismos de planificação da educação terão sido honrosamente enterrados com a certidão de óbito devidamente remetidos. Mas também está claro que não há respostas precisas em matéria de planificação. Dada a mudança tecnológica das últimas décadas, as modificações nas políticas educativas de emprego dos governos – especialmente a redução no sector público e as constantes transformações nas dinâmicas do mercado de trabalho – , de como fazer com que a educação responda claramente às dinâmicas do mercado de trabalho, continua a ser um verdadeiro enigma. Mesmo quando as fontes de trabalho sob o modelo de outsourcing diminuem. As fontes de emprego são desenraizadas dos países centrais e colocadas em países onde a força de trabalho é mais barata e altamente qualificada, onde os sindicatos não têm força e onde os governos oferecem descontos ou grandes isenções de impostos à implementação de empresas estrangeiras. Além disso, não está claro se estas dinâmicas podem ou não ser antecipadas com o tempo suficiente para ajustar os produtos educativos à satisfação das necessidades do mercado, velha utopia dos planejadores educacionais. O que está claro é que há uma autonomia relativa da educação que deveríamos honrar, independentemente das exigências dos mercados trabalho, para que a educação seja um instrumento de ilustração (cognitiva, moral, claro está) e não meramente uma política pública fundada em virtudes de empregabilidade e de produtividade da força de trabalho. O tema das políticas tecnológicas impulsionado nos países latino-americanos, na vinculação universidade-empresa, provoca dilemas aparentemente insolúveis como os aspectos de acesso ao sistema e de desempenho tecnológico que se conhece como alfabetização tecnológica. Por último, o modelo hegemónico neoliberal impulsionou, no âmbito da educação, um movimento para a criação de standards educativos confirmados por via de comparações internacionais sobre o rendimento educativo que terá influenciado, praticamente, todos os níveis educativos desde o pré-escolar até à universidade. Lamentavelmente, este movimento de standards terá sido usado mais como instrumento 8 de controlo politico do que como ferramenta para o aperfeiçoamento educativo. Propondo uma definição específica de qualidade de educação, este movimento de standards, produziu modificações substanciais na formação de professores e atribuiu uma maior importância às provas e aos exames de avaliação da aprendizagem bem como aos próprios mecanismos de avaliação dos sistemas. Termino aqui com duas perguntas: O que fazer diante deste panorama? Há alguma razão para termos esperança? Confio que as perguntas nos possam dar elementos para a preparação de nossa reunião de amanhã, em que falaremos dos sonhos de Paulo Freire e da importância de revisitar sua obra na aurora do novo milênio, à luz dos novos desafios que nos apresenta a globalização em matéria de cidadania multicultural e suas implicações para a política educacional e cultural de nossos países. 9