MUNDO ATUAL:
PERVERSIDADES OU
POSSIBILIDADES
Objetivos
• Conhecer as origens do processo histórico que
culminou no que hoje se chama “globalização”;
• Compreender
globalização;
as
principais
características
da
• Compreender o processo de fragmentação ocorrido
no século XX com o surgimento de vários novos
países, sobretudo na África;
• Adquirir novas estratégias para que os alunos
compreendam a gênese e as mudanças
provocadas pela globalização.
Problematização

O que é a globalização?

Qual a sua origem?

Quais as suas consequências?

Como podemos percebê-la no nosso dia a dia?

Quais suas características fundamentais?

Que estratégias podemos utilizar para trabalhar
esse tema em sala de aula?
Conceitos & Conceitos
Globalização

É um dos processos de aprofundamento da integração econômica,
social, cultural, política que teria sido impulsionado pelo
barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países
do mundo no final do século XX e início do século XXI. (Wikipedia)

Diz respeito a forma como os países interagem e aproximam
pessoas ou seja, interliga o mundo, levando em consideração
aspectos econômicos, culturais e políticos. Com isso gerando a
fase da expansão capitalista onde é possível realizar transações
financeiras. (Wikipedia)

A globalização é, de certa forma, o ápice do processo de
internacionalização do mundo capitalista. Para entendê-la, como
de resto, a qualquer fase da história, há dois elementos para levar
em conta: o estado das técnicas e o estado da política. (SANTOS,
2008 a.p.23)

Nas palavras de Otávio Ianni,
sociólogo brasileiro que já há algum
tempo vem estudando a questão da
globalização:
"O capitalismo tinge uma escala
propriamente global. Além das suas
expressões nacionais, bem como
dos sistemas e blocos articulando
regiões e nações, países
dominantes e dependentes, começa
a ganhar perfil mais nítido o caráter
global do capitalismo. Declinam os
estados-nações, tanto os
dependentes como os dominantes.
As próprias metrópoles declinam,
em benefício de centros decisórios
dispersos em empresas e
conglomerados {..{."(Otávio Ianni, A
sociedade global, p. 39.)
Otávio Ianni
Origem Histórica

A globalização não é um acontecimento recente. Ela se
iniciou já nos séculos XV e XVI, com a expansão marítimocomercial européia, consequentemente a do próprio
capitalismo e continuou nos séculos seguintes. O que
diferencia aquela globalização ou mundialização da atual é a
velocidade e abrangência de seu processo, muito maior hoje.
Mas o que chama a atenção na atual é sobretudo o fato de
generalizar-se em vista da falência do socialismo real. De
repente, o mundo tornou-se capitalista e globalizado. (Otávio
Ianni)
Origem do termo
• Década de 1980
• Teodore Levitte (Harverd – 1983)
• Contexto: aprofundamento da internacionalização capitalista sob o
comando das multinacionais. (estratégia de atuação global)

O termo globalização também se difundiu atrelado
ao discurso neoliberal veiculado por instituições
internacionais como FMI e Banco Mundial desde a
era Reagan e ao longo da vigência do chamado
Consenso de Washington.
GLOBALIZAÇÃO
OU
MUNDIALIZAÇÃO?
CARACTERÍSTICAS
DA GLOBALIZAÇÃO
Conexão entre o estado das
técnicas e o estado da política

Unicidade da técnica
Conjunto de técnicas
(da informação) que
pela primeira vez atinge
todo o planeta
 Técnicas não
hegemônicas que são
hegemonizadas
 Caráter invasor
 Relação de causa-efeito
com as demais
condições


Convergência dos momentos
Unicidade do tempo
 Conhecimento instantâneo do acontecer do outro


Motor único
Mais-valia universal
 Produção em escala
mundial por empresas
globais
 Conjunto de
mundializações: produto,
crédito, dinheiro, dívida,
consumo e informação.
 Competitividade entre as
empresas mundiais


Conhecimento do planeta
Possibilidade de conhecer o planeta extensiva
e aprofundadamente (satélites)
 Empiricização da universalidade


Império da informação

Produz imagens e imaginário a serviço do capital

Império do dinheiro

Economização e monetarização da vida social e
pessoal
OUTRAS CARACTERÍSTICAS

Confusão dos espíritos











Enfraquecimento da política de estado e imposição de uma
política de empresas
Culto ao consumo
Desemprego crescente
Elevação da pobreza
Novas enfermidades / velhas doenças
Educação de má qualidade
Enorme mistura de povos, raças, culturas e gostos
Mistura de filosofias
População cada vez mais aglomeradas em áreas pequenas
(sociodiversidades)
Aprofundamento de males espirituais


Violência estrutural
Egoísmos, sinismos, corrupções
Comportamentos competitivos

Países e pessoas
E LÁ NA SALA DE AULA?

O uso da música, poesia e charge aplicada ao
ensino de Geografia/ globalização.
A GEOGRAFIA EM
VERSO E PROSA
OBJETIVOS
GERAL:
•
Mostrar a importância da música, da poesia e das charges como
facilitadores do processo ensino-aprendizagem de Geografia
ESPECÍFICOS:
•
Identificar a contribuição da música popular, da poesia e das charges
como instrumentos de interpretação do espaço geográfico, local,
nacional e mundial;
•
Apresentar sugestões para trabalhar a música, a poesia e as charges
como técnica auxiliar no ensino de geografia em nível fundamental e
médio;
•
Relacionar a cultura popular á linguagem, tendências e
conhecimentos geográficos;
PROCEDIMENTOS DE ENSINO:



Contextualização do conteúdo previamente trabalhado em sala-aula com
a proposta de ensino e com a realidade dos educandos;
Pesquisas bibliográficas e seleção das músicas, poesias e charges, pelos
educandos sob a orientação do professor;
Leitura e execução das músicas, poesias e charges de acordo com o
conteúdo trabalhado em sala de aula;

Discussões e análise das músicas, poesias e charges;

Realização de Seminários, questionários e produções de texto;

Para facilitar o acompanhamento e alcance dos resultados, os
procedimentos de ensino foram realizados através de atividades em
grupos de quatro alunos, com pelo ou menos três datas para pesquisa,
análise e produção do material sob supervisão e orientação do professor,
em sala de aula
CHARGES
Disneylândia
Titãs


Filho de imigrantes russos casado
na Argentina
Com uma pintora judia,
Casou-se pela segunda vez
Com uma princesa africana no
México

Música hindú contrabandiada por
ciganos poloneses faz sucesso
No interior da Bolívia zebras
africanas
E cangurus australianos no
zoológico de Londres.
Múmias egípcias e artefatos íncas
no museu de Nova York

Lanternas japonesas e chicletes
americanos
Nos bazares coreanos de São
Paulo.
Imagens de um vulcão nas Filipinas
Passam na rede dc televisão em
Moçambique
Armênios naturalizados no Chile
Procuram familiares na Etiópia,
Casas pré-fabricadas canadenses
Feitas com madeira colombiana
Multinacionais japonesas
Instalam empresas em Hong-Kong
E produzem com matéria prima brasileira
Para competir no mercado americano
Literatura grega adaptada
Para crianças chinesas da comunidade européia.
Relógios suiços falsificados no Paraguay
Vendidos por camelôs no bairro mexicano de Los
Angeles.
Turista francesa fotografada semi-nua com o
namorado árabe
Na baixada fluminense
Filmes italianos dublados em inglês
Com legendas em espanhol nos cinemas da
Turquia
Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos
ingleses na Nova Guiné
Gasolina árabe alimenta automóveis americanos
na África do Sul.
Pizza italiana alimenta italianos na Itália
Crianças iraquianas fugidas da guerra
Não obtém visto no consulado americano do Egito
Para entrarem na Disneylândia
REVOLUÇÕES POR MINUTO
RPM
Sinais de vida no país vizinho
Eu já não ando mais sozinho
Toca o telefone,
Chega um telegrama enfim
Ouvimos qualquer coisa de
Brasília
Rumores falam em guerrilha
Foto no jornal,
Cadeia nacional
Viola o canto ingênuo do caboclo
Caiu o santo do pau oco
Foge pro riacho,
Foge que eu te acho sim
Fulano se atirou da ponte aérea
Não agüentou fila de espera
Apertar os cintos,
Preparar pra decolar
Nos chegam gritos da Ilha do
Norte
Ensaios pra Dança da Morte
Tem disco pirata,
Tem vídeo cassete até
Agora a China bebe Coca-Cola
Aqui na esquina cheiram cola
Biodegradante
Aromatizante tem
GLOBALIZAÇÃO
TRIBO DE JAH
Globalização é a nova onda
O império do capital em ação
Fazendo sua rotineira ronda
No gueto não há nada de novo
Além do sufoco que nunca é pouco
Além do medo e do desemprego, da violência e da
impaciência
De quem partiu para o desespero numa ida sem volta
Além da revolta de quem vive as voltas
Com a exploração e a humilhação de um sistema
impiedoso
Nada de novo
Além da pobreza e da tristeza de quem se sente traído e
esquecido
Ao ver os filhos subnutridos sem educação
Crescendo ao lado de esgotos, banidos a contragosto
pela sociedade
Declarados bandidos sem identidade
Que serão reprimidos em sumária execução
Sem nenhuma apelação
Não há nada de novo entre a terra e o céu
Nada de novo
Senão o velho dragão e seu tenebroso véu de destruição
e fogo
Sugando sangue do povo,
De geração em geração
Especulando pelo mundo todo
É só o velho sistema do dragão
Não, não há nenhuma ilusão, ilusão
Só haverá mais tribulação, tribulação
Os dirigentes do sistema impõem seu
lema:
Livre mercado, mundo educado para
consumir e existir sem questionar
Não pensam em diminuir ou domar a
voracidade
E a sacanagem do capitalismo selvagem
Com seus tentáculos multinacionais
querem mais, e mais, e mais...
Lucros abusivos
Grandes executivos são seus abastados
serviçais
Não se importam com a fome, com os
direitos do homem
Querem abocanhar o globo, dividindo em
poucos o bolo
Deixando migalhas pro resto da gentalha,
em seus muitos planos
Não veem seres humanos e os seus
valores, só milhões e milhões de
consumidores
São tão otimistas em suas estatísticas e
previsões
Falam em crescimento, em
desenvolvimento por muitas e muitas
gerações
Não há nada de novo entre a
terra e o céu
Nada de novo
Senão o velho dragão e seu
tenebroso véu de destruição e
fogo
Sugando sangue do povo,
De geração em geração
Especulando pelo mundo todo
É só o velho sistema do dragão
Não, não há nenhuma ilusão,
ilusão
Só haverá mais tribulação,
tribulação
Não sentem o momento crítico,
talvez apocalíptico
Os tigres asiáticos são um
exemplo típico,
Agora mais parecem gatinhos
raquíticos e asmáticos
Se o sistema quebrar será
questão de tempo
Até chegar o racionamento e o
desabastecimento
Que sinistra situação!
O globo inchado e devastado
com a superpopulação
Tempos de barbárie então
virão, tempos de êxodos e
dispersão
A água pode virar ouro
O rango um rico tesouro
Globalização é uma falsa noção
do que seria a integração,
Com todo respeito a integridade
e a dignidade de cada nação
É a lei infeliz do grande capital,
O poder da grana internacional
que faz de cada país apenas
mais um seu quintal
É o poder do dinheiro regendo o
mundo inteiro
Ricos cada vez mais ricos e
metidos
Pobres cada vez mais pobres e
falidos
Globalização, o delírio do
dragão!
PARABOLICAMARÁ
GILBERTO GIL

Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande
Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena
Parabolicamará

Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará

Antes longe era distante
Perto só quando dava
Quando muito ali defronte
E o horizonte acabava
Hoje lá trás dos montes
dendê em casa camará

Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará

De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação

Pela onda luminosa
Leva o tempo de um raio
Tempo que levava Rosa
Pra aprumar o balaio
Quando sentia
Que o balaio ía escorregar
Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
Esse tempo nunca passa
Não é de ontem nem de hoje
Mora no som da cabaça
Nem tá preso nem foge
No instante que tange o berimbau
Meu camará
Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação
De avião o tempo de uma saudade
Esse tempo não tem rédea
Vem nas asas do vento
O momento da tragédia
Chico Ferreira e Bento
Só souberam na hora do destino
Apresentar
Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
3ª DO PLURAL
ENGENHEIROS DO HAWAII
Corrida pra vender cigarro
Cigarro pra vender remédio
Remédio pra curar a tosse
Tossir, cuspir, jogar pra fora
Corrida pra vender os carros
Pneu, cerveja e gasolina
Cabeça pra usar boné
E professar a fé de quem
patrocina
Querem te matar a sede, eles
querer te sedar
Eles querem te vender, eles
querem te comprar
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Corrida contra o relógio
Silicone contra a gravidade
Dedo no gatilho, velocidade
Quem mente antes diz a verdade
Satisfação garantida
Obsolescência programada
Eles ganham a corrida antes mesmo
da largada
Eles querem te vender, eles querem
te comprar
Querem te matar de rir, querem te
fazer chorar
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Vender, comprar, vendar os olhos
Jogar a rede... contra a parede
Querem te deixar com sede
Não querem te deixar pensar
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
POESIA

Em minha calça está grudado um nome

Que não é meu de batismo ou de cartório

Um nome... estranho

Meu blusão traz lembrete de bebida

Que jamais pus na boca, nessa vida,

Em minha camiseta, a marca de cigarro

Que não fumo, até hoje não fumei.

Minhas meias falam de produtos

Que nunca experimentei

Mas são comunicados a meus pés.

Meu tênis é proclama colorido

De alguma coisa não provada

Por este provador de longa idade.

Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,

Minha gravata e cinto e escova e pente,

Meu copo, minha xícara,

Minha toalha de banho e sabonete,

Meu isso, meu aquilo.

Desde a cabeça ao bico dos sapatos,

São mensagens,

(Carlos Drummond de Andrade)
Eu, etiqueta
(Carlos Drummond de Andrade
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-lo por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer, principalmente.)
E nisto me comprazo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma
essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a
compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se
espelhavam
E cada gesto, cada olhar,
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo de outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mar artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome noco é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.
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Globalizaçãox - Formação Continuada em Geografia de Teresina