Josué Campanhã
DISCIPULADO
QUE
TRANSFORMA
DISCIPULADO
QUE
Princípios e passos para revigorar a igreja
TRANSFORMA
Princípios e passos para
revigorar a igreja
JOSUÉ CAMPANHÃ
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O DISCIPULADO
e a missão da igreja
HISTÓRIAS DE TRANSFORMAÇÃO
Gabriel era um homem de 80 anos. Convertido ao
evangelho há mais de cinquenta anos, estava aposentado,
frequentava os cultos, dava o dízimo e entendia que sua
vida estava chegando ao fim. Ficava a maior parte do
tempo em casa, com a esposa, deixando a vida passar.
Depois de observar que a vida de muitas pessoas da
igreja estava passando por transformação, decidiu
descobrir o que estava acontecendo. Ele já era
membro da igreja há tanto tempo e nunca tinha visto
nada parecido com o que via. Depois de conversar
com algumas pessoas, ouviu de todas elas que o
motivo da transformação de vida era a compreensão
do que significa ser discípulo de Jesus. A princípio,
ele ficou intrigado com o que ouviu, mas como todos
falaram tão bem do processo de discipulado da igreja,
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DISCIPULADO QUE TRANSFORMA
decidiu participar de um dos grupos para ver de
perto o que tinha apenas ouvido. Após alguns meses
estudando a Bíblia, sendo discipulado e aprofundando
o relacionamento com Deus, procurou o pastor e fez a
seguinte declaração:
- Pastor, por que vocês não ensinaram essa verdades
para mim há mais tempo? Se eu tivesse aprendido
esses princípios há cinquenta anos, minha vida teria sido
diferente. Eu passei cinquenta anos em diversas igrejas
apenas com um estilo de vida superficial. Eu conhecia a
Jesus, mas nunca soube que poderia viver como discípulo
de forma tão profunda e tão radical.
- Eu já tenho 80 anos e achei que não experimentaria
mais nada novo. No entanto, se for possível, estou
pedindo mais 20 anos de vida ao Senhor. No tempo que
ele me der, quero viver essas verdades que aprendi e ser
um discípulo que faça diferença no mundo.
Depois disso, Gabriel entrou para a universidade da
terceira idade, começou a estudar canto e participar
de um coro, e dedicava a maior parte do seu tempo
num projeto social. A vida de Gabriel mudou muito.
Atualmente ele está com 95 anos de idade e ainda
ativo. Não sei se ele terá os 20 anos que pediu a Deus,
mas nos 15 que já viveu após suas descobertas, ele tem
sido um discípulo de Jesus que tem feito uma incrível
diferença no lugar onde vive. Gabriel é um exemplo
claro de que é possível aprender a ser discípulo de
Jesus em qualquer tempo da vida, e experimentar
transformações na vida pessoal, na igreja e no lugar
onde vive.
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O DISCIPULADO E A MISSÃO DA IGREJA
A EXISTÊNCIA COM UMA MISSÃO
Jonas e Marta eram jovens sonhadores que se conheceram e
começaram a namorar. Depois de algum tempo eles se casaram.
Cerca de um ano depois do casamento nasceu o Júnior. Depois
de mais um ano nasceu a Patrícia. A família foi vivendo, as
crianças cresceram, chegaram à juventude e se casaram. Após o
casamento de Júnior e Patrícia, Jonas e Marta olharam um para
o outro e se perguntaram:
- O que estamos fazendo juntos? Nossa missão acabou!
Assim, depois de 25 anos de casados, pensaram em divorciar-se,
mas acharam que seria um escândalo muito grande. Combinaram
então, viver por conveniência. Cada um foi cuidar das suas coisas.
Passaram apenas a dividir o mesmo teto. Cada um tinha seu quarto,
suas coisas e quando se encontravam com a família toda, tudo
parecia estar a mil maravilhas. Será que esse estilo de vida é família?
Será que cumpre o propósito de Deus?
Essa resumida história de uma família que se desfez, mas
continuava mantendo as aparências é muito similar à história de
muitas igrejas. Algumas delas surgiram por causa de um amor
genuíno a Cristo. Depois se estruturaram, começaram a gerar “filhos”
e até criaram bem alguns deles. No entanto, depois de uma geração,
a vida caiu na mesmice. Essas igrejas passaram apenas para um estágio de manutenção. Talvez atingiram certo número de membros,
construíram um bom templo e entenderam que já tinham
cumprido sua missão. Passaram a ser igrejas de conveniência.
Essas igrejas não entenderam a sua missão de maneira
integral. A missão de Deus para um casal não se encerra depois
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DISCIPULADO QUE TRANSFORMA
de 20 ou 25 anos de casamento. A missão é para a vida toda. Da
mesma forma, a missão de Deus para a igreja não é apenas para
uma ou duas gerações, mas envolve todo o tempo de existência
aqui na Terra. Quando esse princípio não é entendido, a igreja cai
na mesmice.
HISTÓRIA DA MISSÃO DA IGREJA
O foco deste livro não é analisar a missão da igreja. No entanto,
é impossível falar de discipulado e ensino bíblico sem considerar
a relação desses conceitos com a missão da igreja. Logo de início, é
preciso considerar que na Grande Comissão, as duas ordens de Jesus
são mencionadas e relacionadas com o propósito da igreja. Jesus
mandou seus discípulos irem, fazerem discípulos e ensinarem os novos
seguidores a obedecer a todas as coisas que Cristo havia mandado. O
discipulado e o ensino são parte intrínseca da missão da igreja.
É impossível
falar de
discipulado
e ensino
bíblico sem
considerar
a relação
desses
conceitos
com a missão
da igreja.
A igreja que não entende a missão
que recebeu acaba divorciando-se do
“noivo”, ou vivendo de aparências com
ele. Nesse caso o “noivo” é Jesus. Igrejas
desse tipo tentam fazer Jesus morar na
mesma “casa” e tentam demonstrar que
estão com excelente relacionamento
com o “noivo”, mas na verdade estão
vivendo de aparências.
A missão da igreja envolve aspectos
mais profundos ainda. O dr. Russell Shedd
afirmou numa conferência missionária
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O DISCIPULADO E A MISSÃO DA IGREJA
que Se não fosse Deus ter pensado em nós antes da fundação do
mundo, a igreja não teria missão para cumprir hoje. Normalmente
fazemos a ideia de que a missão da igreja só existiu a partir de Mateus
28, mas, na verdade, Deus já tinha pensado nela antes da criação do
mundo. Por isso temos de ampliar a visão sobre o assunto.
A primeira coisa a fazer é considerar a extensão da missão
da igreja. John Stott mostra que, no conceito tradicional, a missão
é igual a “evangelização”, tornando o missionário apenas um
“evangelista”, e “missões” um “programa de evangelização”.
2
Esse conceito reduz a Comissão de Mateus 28.19-20 a um dos
seus aspectos. Na Grande Comissão, Jesus manda ir, pregar, fazer
discípulos, batizar e ensinar. Se olharmos para Mateus 10, quando
Jesus enviou os doze para sua missão, a extensão da tarefa é muito
maior. Ele mandou ir, pregar, curar os enfermos, ressuscitar os
mortos, purificar os leprosos e expulsar os demônios.
Uma “comissão” é a ordem que uma pessoa dá a outra para
que efetue algum encargo. Assim, a Grande Comissão é a ordem de
Jesus a seus seguidores, para serem seus representantes na Terra.
Jesus veio para servir às pessoas. ele envia sua igreja para
servir ao mundo. É essa verdade que Mateus 20.28 mostra quando
diz: como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.
Jesus deseja que sua igreja faça o mesmo que ele fez, quando
afirma em João 13.15 que: Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam
como lhes fiz. O exemplo de Jesus foi completo. Ele não apenas
pregou, mas sua missão incluía um atendimento integral do homem.
2
STOTT, John R. W. La mision cristiana hoy. Buenos Aires: Ediciones Certeza, 1977.
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DISCIPULADO QUE TRANSFORMA
Jesus também disse em João 17.18: Assim como me enviaste ao
mundo, eu os enviei ao mundo. Ele está nos dizendo que o fato de ele
ter cumprido a sua missão é um exemplo para fazermos o mesmo.
Quando olhamos para o que Jesus fez, começamos a perceber
a extensão da missão. Pelo fato de Deus ter pensado na missão da
igreja antes da fundação do mundo, e de Jesus estar com Deus
desde o início, a missão se amplia muito. Quando Deus pensou
nessa ordem antes da fundação do mundo, a principal coisa que
existia para ser feita era a adoração a ele. A decisão de Deus na
eternidade, dá um caráter atemporal à missão. No entanto,
parece que a maioria das igrejas tem trabalhado apenas com um
parâmetro temporal de missão.
A MISSÃO TEMPORAL E ATEMPORAL DA IGREJA
O dr. Russell Shedd também afirmou numa conferência que “A
vontade de Deus para Jesus Cristo é também a vontade de Deus para
a igreja”. Assim, Deus espera que a igreja siga o exemplo que Jesus
deu na Terra. Ele veio ao mundo com uma missão temporal dentro
de uma missão atemporal.
A missão
de Jesus e
a missão
da igreja
têm um
caráter
atemporal
A palavra atemporal significa “acima
do tempo”, pois este é o parâmetro de Deus.
Um dia para Deus é como mil anos e mil
anos como um dia. Quando tratamos sobre
a missão dada por Deus, não podemos
esquecer o fator tempo.
A missão temporal de Jesus era morrer
e ressuscitar, para que o homem pudesse
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O DISCIPULADO E A MISSÃO DA IGREJA
ter vida eterna e viver em adoração constante diante do Pai. Jesus
mesmo disse em João 10.10: ... eu vim para que tenham vida, e a
tenham plenamente. A missão temporal de Jesus estava inserida
dentro da missão atemporal. Jesus estava com Deus e existia antes
mesmo de vir ao mundo. Ele disse em João 8.58: ... Antes que Abraão
existisse, eu sou.
A sua missão terrena foi apenas uma fração de tempo dentro
da missão eterna. O significado do cumprimento dela foi, e continua
sendo fantástico.
Missão
Missão
Atemporal
Total de
Cristo e
Missão
Temporal
da igreja
Da mesma forma, a missão temporal da igreja precisa estar
dentro da missão atemporal. Uma vez que a igreja é composta
de pessoas, e Deus criou as pessoas para adorá-lo, a missão delas
também não se restringe apenas à existência terrena. Quando o
povo de Israel sofria com a escravidão no Egito, Deus chamou
Moisés para resgatá-los. Deus deu uma missão clara para Moisés:
salvar o povo e levá-lo para o Monte Sinai a fim de adorá-lo.
Deus não queria apenas salvar o povo, mas desejava ser adorado
constantemente pelos israelitas. O mesmo fato acontece em
outras situações na Bíblia.
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DISCIPULADO QUE TRANSFORMA
A missão que Deus deu para a igreja é a mesma de Jesus:
glorificá-lo eternamente. Quando Jesus curou o cego de nascença,
alguns fariseus perguntaram a ele se aquele
homem era cego por causa do seu pecado ou
A missão
do pecado dos seus pais. Jesus respondeu:
temporal
Nem ele pecou nem seus pais, mas isto
da igreja
aconteceu para que se manifestem nele as
precisa
obras de Deus. Este foi um milagre para
estar
glorificar a Deus.
dentro da
missão
atemporal
A morte de Jesus na cruz e sua
ressurreição, além de salvar o homem,
glorificam a Deus. Elas são parte da missão
temporal de Jesus. A igreja não precisa
“morrer na cruz” novamente, mas deve entender que sua ação neste
momento é parte da missão terrena. Entretanto, a igreja precisa ter
a visão de que tal ação também é parte da missão atemporal.
A igreja que não sabe adorar e glorificar a Deus não entendeu
direito o que é missão. Automaticamente, o membro da igreja
que não glorifica a Deus em tudo que faz também não entendeu
a missão. Paulo afirma em 1Coríntios 10.31: Assim, quer vocês
comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para
a glória de Deus. Em 1Coríntios 6.19-20, ele completa dizendo:
Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito
Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês
não são de si mesmos? Vocês foram comprados por alto preço.
Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo. O homem
cumpre sua missão quando glorifica a Deus em tudo o que faz. A
igreja cumpre sua missão quando adora a Deus em tudo o que faz.
Quando faz algo com o espírito de adoração a Deus, a igreja não
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O DISCIPULADO E A MISSÃO DA IGREJA
está fazendo apenas no plano temporal,
mas também no atemporal.
É isto o que Jesus diz em Mateus
5.16: Assim brilhe a luz de vocês diante dos
homens, para que vejam as suas boas obras
e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos
céus. O papel da igreja no mundo é fazer
coisas que levem as pessoas a ver Deus, a
se reconciliar com ele e passar o restante da
vida adorando-o.
A igreja que
não sabe
adorar e
glorificar a
Deus não
entendeu
direito
o que é
missão
Para entender melhor a diferença entre missão temporal
e atemporal da igreja, é necessário entender que não vamos
levar nem corpo, nem templos para o céu. Há igrejas muito mais
preocupadas com a estrutura física do que com a vida espiritual. A
igreja que entende o aspecto atemporal da missão passa a valorizar
mais aquilo que está construindo para a eternidade do que aquilo
que ela está construindo na Terra.
Como consequência, o tipo de discipulado e ensino que essa
igreja oferece também reflete essa postura. A igreja que valoriza
mais sua missão temporal, voltada para coisas ou estruturas, coloca
o discipulado e o ensino bíblico no segundo plano. A igreja que
entende a amplitude da sua missão atemporal coloca o discipulado
e o ensino como centro de seus propósitos.
A AMPLITUDE DA MISSÃO
A missão da igreja não pode ser restrita a alguns aspectos da
missão. Jesus pregou, ensinou, curou, fez milagres, ajudou, exortou,
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DISCIPULADO QUE TRANSFORMA
discipulou, adorou, serviu, e fez uma porção de outras coisas para
alcançar as pessoas de forma integral.
Deus enviou a igreja local para uma comunidade e sua
missão não se restringe à evangelização. A igreja tem de fazer o
que Jesus fez. A missão da igreja deve ser modelada pela missão
de Jesus.
Quando a igreja apenas evangeliza, está convidando pessoas
para aceitarem as boas novas de Jesus, mas não para serem
discípulos dele. Evangelizar é levar as boas novas. Discipular é
promover transfusão de vida. Jesus veio para que as pessoas tenham
vida e vida em abundância.
A igreja que entende a missão temporal apenas como parte da
missão atemporal vai observar cada coisa que Jesus fez e tentar fazer
o mesmo em sua comunidade. A visão é para pessoas e não para
coisas. Sua perspectiva é voltada para a eternidade e não apenas
para seu tempo de existência na Terra. Seu maior projeto é enviar
mais pessoas ao céu para glorificar a Deus e não somente construir
um belo templo aqui.
A SUPERFICIALIDADE DA MISSÃO
Assim como uma igreja pode enxergar a amplitude da missão,
ela também pode deixar de ver isso e ficar na superficialidade,
considerando a missão da igreja apenas como evangelização. Aqui a
missão da igreja tem uma relação direta com o discipulado e o ensino.
Uma missão superficial gera discipulado e ensino
superficiais. Discipulado e ensino superficiais realimentam
uma missão superficial.
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O DISCIPULADO E A MISSÃO DA IGREJA
Uma coisa alimenta a outra e ambas se tornam um “círculo
vicioso”. Normalmente igrejas desse tipo querem discipulado e
ensino que não gerem crises nas pessoas. O discipulado e o ensino
que não geram crises são superficiais. Como uma pequena “caixa
de promessas” com versículos bíblicos, esse tipo de discipulado e
ensino não confronta as pessoas com a Palavra.
Naamã Mendes diz que na época dos apóstolos A preocupação da igreja se voltava especialmente para o ensino dos novos
convertidos, com a preocupação específica de explicar as Escrituras
à luz dos fatos cristãos e não apenas anunciar o evangelho.
3
O primeiro confronto de cristãos com a Palavra é registrado
em Atos 5, quando Pedro aborda Ananias e Safira a respeito do
valor de um terreno vendido. Eles mentiram e morreram. Essa era
a prova que Deus estava dando para os demais cristãos sobre como
desejava que vivessem o evangelho. Não era uma vida superficial.
Quando a igreja não confronta os seus membros com a Palavra,
para que tal confrontação gere crise neles e os leve a mudança de
atitude, essa igreja está vivendo na superficialidade. A falta de
discipulado que confronte, e de ensino que gere transformação leva
ao legalismo. Normalmente igrejas
desse tipo criam centenas de regras
A falta de
para seus membros.
discipulado que
Regras geralmente mantêm
as pessoas na superficialidade. A
Bíblia conduz as pessoas a uma vida
profunda com Cristo. A igreja que
3
confronte, e de
ensino que gere
transformação
leva ao
legalismo
MENDES, Naamã, Igreja, lugar de vida. Venda Nova: Editora Betânia, 1992.
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DISCIPULADO QUE TRANSFORMA
deseja diminuir o legalismo e o tradicionalismo precisa discipular
para confrontar e ensinar a palavra para transformar vidas.
O DISCIPULADO E O ENSINO QUE CUMPREM A MISSÃO
O povo de Israel discipulava e ensinava os mandamentos de
Deus aos seus filhos desde a infância. O ensino era agente de saúde
e vida em todos os seus aspectos. Deuteronômio 6. 1-9 mostra uma
pedagogia interessante:
O ensino era diário e por toda a vida (2)
Deveria passar pelo coração de quem ensinava (pais) (6)
Deveriam ser incutidos na mente dos filhos (7)
Os pais deveriam falar dia a dia na família (7)
O conteúdo deveria ser escrito em lugares visíveis, para
lembrar as verdades (8,9)
Estes são os princípios que devem orientar o discipulado e o
ensino numa igreja. O discipulado que transforma vidas é aquele
praticado todos os dias e não apenas no domingo. Precisa passar
pelo coração de quem ministra para depois chegar ao discípulo.
Deve ficar incutido na mente do discípulo. Os pais espirituais
devem falar dia a dia. O conteúdo não pode estar apenas num
livro ou numa revista. Foi esse também o modelo de Jesus. Ele não
tinha uma classe semanal de discipulado, mas ele estava dia a dia
com os doze.
A maior dedicação de Jesus durante seu breve ministério
na Terra foi direcionada para a formação de um núcleo íntimo
de seguidores, uma equipe bem treinada de colaboradores.
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O DISCIPULADO E A MISSÃO DA IGREJA
Juan Stam diz que A prioridade no discipulado em Jesus era ‘ser
discípulo’, custe o que custar, com ou sem ‘êxito’, até a própria
morte. Somente depois desse seguimento custoso vem o segundo
passo, ‘fazer discípulos’ para seu Reino. Este é o discipulado que
cumpre a missão.
FUNÇÕES DO DISCIPULADO E DO ENSINO
No livro Princípios do reino para o crescimento da igreja, de
Gene Mims, usa-se o princípio “1 - 5 - 4” para descrever a Grande
Comissão. Segundo Mims, tomando por base o texto de Atos 2.42-47:
Existe um propósito maior para a existência da igreja.
Há cinco funções essenciais da igreja: evangelização,
discipulado, ministério, comunhão e adoração.
Há quatro resultados de seu trabalho: crescimento numérico,
crescimento espiritual, expansão do ministério e avanço missionário.
4
Isto implica dizer que o discipulado e o ensino bíblico
influenciam em todas as áreas e ministérios da igreja. Consequentemente influem na missão da igreja. A igreja que está distante da
sua missão ou que está vivendo na superficialidade deve primeiro
atentar para sua forma de discipular e ensinar as pessoas. O
discipulado e o ensino numa igreja são como fontes centrais de água
que abastecem toda a corredeira do rio. Se a água que parte desse
ponto não for de boa qualidade, todo o rio estará comprometido. Se
a fonte de água for cristalina, todo o rio será cristalino.
BROWN, Ronald K, (compilador). Hacia el año 2000 - Orientaciones para dirigir la
Escuela Dominical. Nashville: Life Way Resources, 1996.
4
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DISCIPULADO QUE TRANSFORMA
O discipulado e
o ensino numa
igreja são como
fontes centrais
de água que
abastecem
toda a
corredeira do rio
Charles Swindoll afirma que
“A igreja de Atos tinha três mil novos
crentes, sem prédio onde se reunir,
sem pastor, sem senso de direção,
sem conhecimento da vida cristã, sem
constituição eclesiástica, sem conjunto
de credos, sem compreensão da
presença ou do poder do Espírito Santo,
com uma Bíblia incompleta... eles não
tinham nada! Contudo constituíram os
membros fundadores da igreja. A partir deste corpo original de quase
três mil almas, a chama se espalhou por todo o mundo.”
5
A aprendizagem foi a espinha dorsal desse corpo segundo
Swindoll. Conforme Atos 2. 42-47 e 6.4 eles:
perseveravam na doutrina dos apóstolos (42)
vieram a ser conhecidos como os que criam (44)
os apóstolos continuaram a perseverar na oração e no
ministério da palavra (6.4)
O ensino sólido e constante da Palavra de Deus dá estabilidade à fé, equipa para detectar e confrontar o erro, acalma os
temores, cancela as superstições e transforma a vida de uma pessoa
a cada dia. O discipulado e o ensino não podem se tornar um
fim em si mesmos. Eles são um meio de conduzir uma pessoa a
um profundo relacionamento com Deus, uma vida constante de
adoração, e uma alavanca para que a igreja glorifique a Deus no
mundo e cumpra sua missão temporal e eterna.
5
SWINDOLL, Charles. A noiva de Cristo. São Paulo: Editora Vida, 1996.
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Ler um trecho - Editora Hagnos