CADEIRA N° 02
PATRONO:
GRACIANO DOS SANTOS NEVES
Nasceu em São Mateus, ES, em 12 de junho de 1868. Formou-se médico pela
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1889. Político, fez parte da Junta
Governativa do Estado do Espírito Santo em 1891. Foi eleito presidente do Estado em
1896, cargo a que renunciou no ano seguinte. Em 1906, representou o Espírito Santo na
Câmara dos Deputados. Publicou: A doutrina do engrossamento: tratado irônico de
bajulação, primeira edição, Rio, Laemmart, 1901; segunda edição, Rio: Flores & Mano,
1935, com prefácio de Madeira de Freitas; terceira edição, Rio: Artenova, 1978; quarta
edição: Vitória : IHGES, 1999; A meia ciência e outros ensaios, 1920; e Problemas
contemporâneos, 1921. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1922.
“(...) A vaidade e o Engrossamento são duas coisas complementares que se
procuram, que se atraem de longe e que se justificam reciprocamente, pois que uma
representa a aprovação e a outra a aprobatividade. O valor do Engrossamento mede-se
pela grandeza da vaidade e vice-versa:- é uma relação quase tão precisa como a
proporcionalidade dos lados homólogos em geometria.
E não há talvez no espírito humano um fator mais intenso de sociabilidade do que
essa benfazeja sofreguidão de aplausos pela qual se caracteriza a vaidade”.
(In: NEVES, Graciano. Doutrina do engrossamento. 1999, p.109 a 110)
1º. OCUPANTE:
AFONSO CORREIA LYRIO
Nasceu em Vitória, ES, em 11 de setembro de 1877. Diplomou-se pela Faculdade
Livre de Ciências Jurídicas e Sociais, do Rio de Janeiro, em 1903. Foi Procurador da
República, em sua cidade, por longos anos, até que, em 1926, por questões políticas, foi
removido para Santa Catarina, sendo demitido, em 1928, do cargo que até então ocupava.
De retorno a Vitória, é nomeado Secretário do Interior e da Justiça do Estado. Em 1932, o
presidente Getúlio Vargas o nomeou para o cargo de Juiz Federal, seção do Espírito
Santo, mas, assinada a carta constitucional de 1937, foi colocado em disponibilidade pelo
governo central. Contava já 60 anos de idade, quando foi nomeado pretor da 5º Pretoria
Civil, no Distrito Federal, sendo depois, ali mesmo, Juiz de Direito, até alcançar a
aposentadoria compulsória. Em 1948, retornou ao Espírito Santo, vindo a falecer, em
Vitória, em 23 de fevereiro de 1949. Jornalista vigoroso, de fartos recursos, mesmo
aposentado, continuou a mandar para A Gazeta, sob pseudônimo, periodicamente, seus
artigos, abordando os mais variados assuntos. Colaborou, com destaque, no Diário da
Manhã, no A Tarde, de sua propriedade, e na Folha do Povo. “Homem de vida privada
modesta e simples, di-lo o acadêmico Nelson Abel de Almeida, o velho jornalista e
professor era também advogado, e, como advogado, sempre patrocinou os direitos dos
humildes. Político, Afonso Lyrio o foi e ardoroso; não recuava ante as dificuldades, não
temia perigos ou ameaças, enfrentava todas as vicissitudes, todas as dificuldades com
alma espartana.” Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, lecionou
Direito Constitucional na Faculdade de Direito do E. Santo, também Português e outras
disciplinas no antigo Ginásio do Espírito Santo e no Ginásio São Vicente de Paulo.
Publicou: Feitos e proezas de um piedoso conde do Papa, 1915; O maior poder (A
imprensa), 1924; Segundas e sábados , crônicas, 1924, e Discurso de posse no
IHGES, além de artigos de doutrina política na imprensa de seu Estado.
2º. OCUPANTE:
ALONSO FERNANDES DE OLIVEIRA
Nasceu em Vitória, ES, em 26 de março de 1893. Bacharel pela Faculdade Livre de
Direito do Rio de Janeiro. Lecionou Direito Civil na Faculdade de Direito do Espírito Santo,
tendo exercido, em São Paulo, onde viveu algum tempo, funções de delegado de polícia.
Colaborou no Diário da Manhã, em Vitória, no Correio de Assis, e na Folha do Povo,
editados, respectivamente, nas cidades de Assis e Campinas. Foi um dos fundadores e
presidente da Rádio Clube do Espírito Santo. Publicou: Manual do Júri, 1932, e deixou
inéditos: Contos juvenis e Uma tempestade na primavera, romance, além de um
volume de poemas. Faleceu em 22 de outubro de 1952.
Nosso Roteiro
“Um novo diário, em nossa Capital, é uma imperiosa e evidente necessidade.
Não há quem o conteste e quem não reconheça este reclamo urgente de um meio
adiantado e progressista.
Custa a crer que tenhamos levado tanto tempo sem realizar esta iniciativa (...)
Um único jornal, entretanto, em uma cidade, que é a metrópole do Estado, era um
documento de atraso e um testemunho de inércia da mentalidade capixaba que, digamos
de passagem, já teve períodos de intensa vibração, e de ruidoso entusiasmo no domínio
do jornalismo (...)
Ele tem que ser conciso, reservado, obediente a conveniências múltiplas, uma vez
que reflete uma organização de elevadas finalidades mas de indeclináveis compromissos
de cujos vínculos não se pode afastar, sem que arraste na sua ainda que justa e oportuna
exacerbação a responsabilidade de opiniões naturalmente incompatíveis com as fraquezas
permitidas e necessárias aos periódicos desenlaços e exigências e princípios
governamentais (...)”
(Trechos retirados de um texto possivelmente de um jornal ou revista, encontrado na
pasta de arquivo referente ao ocupante da cadeira).
3º. OCUPANTE:
HILÁRIO SIGISMUNDO SONEGHET
Nasceu em Ibiraçu, ES, em 23 de março de 1904. Cirurgião dentista. Vice-cônsul da
Itália em seu Estado. Obteve o segundo lugar no Primeiro Concurso Nacional de Sonetos,
instituído pela Revista Brasileira (nº 186, ano XLI, de outubro de 1950, Rio de Janeiro).
Faleceu em Vitória, em 3 de fevereiro de 1969. Suas melhores produções poéticas foram
reunidas no volume Por estradas curvas, edição póstuma, Belo Horizonte, 1971, com
prefácio de José Augusto Carvalho, que, em 1999, publicou, também, com introdução e
notas, Quase toda poesia, de Hilário S. Soneghet. Vitória : Flor&Cultura.
Maria!
(A N. S. de Fátima)
Tangem os sinos lá no Convento,
reboa o eco na cercania,
o mar espuma, sibila o vento,
e os sons confusos dizem- Maria!
O sol lampeja dardos de ouro,
as nuvens rolam turvando o dia,
a noite chega qual triste agouro:
luzes e sombras dizem- Maria!
Folhas farfalham, troncos estalam,
brotam sementes na terra fria,
pipilam ninhos, asas tatalam:
é a natureza que diz- Maria! [...]
(In: SONEGHETI, Hilário S. Quase toda poesia. Vitória : Flor&Cultura, 1999, p. 27).
4º. OCUPANTE:
ATHAIR CAGNIN
Nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, em 20 de novembro de 1918,
filho dos imigrantes italianos Urbano Cagnin e Josefa Volpato Cagnin. Fez curso primário
no Grupo Escolar Bernardino Monteiro e o secundário em exames de madureza no
Externato Pedro II, depois de ter passado pelo Ginásio Pedro Palácios e Instituto Popular,
do professor João de Barros. Formado em Odontologia pela Faculdade de Farmácia e
Odontologia de Vitória, iniciou suas atividades profissionais na cidade da Serra. Foi
fundador, juntamente com Newton Meireles, Deusdedit Batista, Newton Braga, Elysio
Imperial, Ormando Moraes e Rage Miguel, do jornal A Época, em Cachoeiro de
Itapemirim, onde reside. Iniciou-se nas letras ainda muito jovem, colaborando nos jornais e
revistas do nosso Estado. Faz parte dos livros Trovadores do Brasil e Nossas Poesias,
de Aparício Fernandes. Em 1948, publicou a tese de concurso O aparelho fonador e a
articulação dos fonemas, tendo sido, então, nomeado professor catedrático do ensino
secundário pelo Governo do Estado do Espírito Santo, após ser aprovado com distinção
em concurso público de títulos e provas. Em outro concurso realizado em 1965 conquistou
o 1º lugar na cadeira de Ciências Físicas e Biológicas (2º ciclo) do Liceu Muniz Freire.
Exercendo o magistério foi diretor do Colégio Estadual e Escola Normal Muniz Freire e
agraciado com o título de “Professor Emérito” da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
Madre Gertrudes de São José pelos serviços prestados à entidade. Publicou: O aparelho
fonador a e articulação dos fonemas, tese, em 1948; Seixo rolado, poemas, 1982; A
Cigarra, soneto, (In: Nossas Poesias, coletânea organizada por Aparício Fernandes) em
1974; participou do livro Trovadores do Brasil, coletânea organizada por Aparício
Fernandes em 1968; do livro Torta Capixaba, organizado pela Academia EspíritoSantense de Letras em 1989 e no livro A Poesia Espírito-santense no século XX.
Cantigas em Quatro Linhas (Trovas), 1996 Suas últimas obras publicadas foram Meus
poemas teus, 2001 e Ainda o Soneto, 2006. Articulista do diário Folha do Espírito
Santo, de Cachoeiro de Itapemirim, ex-presidente da Academia Cachoeirense de Letras,
membro da Academia Espírito-santense de Letras, da Casa de Cultura de Cachoeiro de
Itapemirim, colabora eventualmente em jornais e revistas do Espírito Santo. Pertence ao
Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, à Academia de Artes e Letras de Muqui
e ao Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim. A Revista Cachoeiro
Cult, de Cachoeiro de Itapemirim, em seu n°15, de fevereiro de 2009, dedicou-lhe uma
matéria de capa intitulada: “Athayr Cagnin. A última cigarra.”
Um dia
Quando um dia nós formos bem velhinhos,
Tu de cabelos brancos, e eu curvado,
Iremos recordar nosso passado,
Com nossos corações muito juntinhos.
Dir-me-ás o que fui, quantos espinhos
Pisei nesta existência, resignado,
Tendo-te sempre, esplêndida, a meu lado,
Plena de amores para os meus carinhos.
Dir-te-ei o que foste em minha vida...
Dos beijos que trocamos, comovida,
Recordarás o juvenil ardor...
E ainda uma vez, num merecido preito,
Estreitarei de encontro ao velho peito
O meu primeiro e derradeiro amor!
(In:CAGNIN, Athair. Meus poemas teus, Cachoeiro de Itapemirim: Ed. do autor, 2001, p. 43).
5º. OCUPANTE:
JORGE ELIAS NETO
O médico cardiologista Jorge Elias é um divulgador da arte e da literatura
capixabas. Poeta nascido em Vitória, ele tem 49 anos. Livros
publicados: Verdes Versos (2007) e Rascunhos do Absurdo (2010); um terceiro
livro, Os Ossos da Baleia, deve sair em breve. Participou de diversas
antologias poéticas.
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