OS LUSÍADAS - Luís
de Camões
1527 e 1580
ESTRUTURA
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Utiliza a estrofação em Oitava Rima,
inventada pelo italiano Ariosto, que
consiste em estrofes de oito versos,
rimadas sempre da mesma forma:
abababcc. A epopéia se compõe de 1102
dessas estrofes, ou 8816 versos, todos
decassílabos, divididos em 10 cantos.
O poema se organiza
tradicionalmente em cinco partes:
1. Proposição (Canto I, Estrofes 1 a 3)
Apresentação da matéria a ser cantada:
os feitos dos navegadores portugueses,
em especial os da esquadra de Vasco da
Gama e a história do povo português.
2. Invocação (Canto I, Estrofes 4 e 5)
O poeta invoca o auxílio das musas do rio
Tejo, as Tágides, que irão inspirá-lo na
composição da obra.
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3. Dedicatória (Canto I, Estrofes 6 a 18)
O poema é dedicado ao rei Dom Sebastião,
visto como a esperança de propagação da fé
católica e continuação das grandes conquistas
portuguesas por todo o mundo.
4. Narração (Canto I, Estrofe 19 a Canto X,
Estrofe 144)
A matéria do poema em si. A viagem de Vasco
da Gama e as glórias da história heróica
portuguesa.
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5. Epílogo (Canto X, Estrofes 145 a 156)
Grande lamento do poeta, que reclama o
fato de sua “voz rouca” não ser ouvida
com mais atenção.
NARRAÇÃO
"In Media Res",
 Vasco da Gama e sua frota se dirigem
para o Cabo da Boa Esperança, com o
intuito de alcançarem a Índia pelo mar.
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Auxiliados pelos deuses Vênus e Marte e
perseguidos por Baco e Netuno, os heróis
lusitanos passam por diversas aventuras,
sempre comprovando seu valor e fazendo
prevalecer sua fé cristã. Ao pararem em
Melinde, ao atingirem Calicute, ou mesmo
durante a viagem, os portugueses vão
contando a história dos feitos heróicos de
seu povo.

Completada a viagem, são
recompensados por Vênus com um
momento de descanso e prazer na Ilha
dos Amores, verdadeiro paraíso natural
que em muito lembra a imagem que então
se fazia do recém descoberto Brasil.
ILHA DOS AMORES
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Nesta frescura tal desembarcaram
Já das naus os segundos argonautas,
Onde pela floresta se deixavam
Andar as belas deusas, como incautas
Algüas doces cítaras tocavam,
Algüas harpas e sonoras flautas;
Outras, cos arcos de ouro, se fingiam
Seguir os animais que não seguiam.
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(...)
Duma os cabelos de ouro o vento leva
Correndo, e de outra as flaldas delicadas.
Acende-se o desejo, que se cava
Nas alvas carnes, súbito mostradas.
Máquina do mundo
"Faz-te mercê, barão, a Sapiência
Suprema de, cos olhos corporais,
veres o que não pode a vã ciência
dos errados e míseros mortais.
Segue-me firme e forte, com prudência,
por este monte espesso, tu cos mais."
Assim lhe diz e o guia por um mato
árduo, difícil, duro a humano trato.
"Vês aqui a grande Máquina do Mundo,
etérea e elemental, que fabricada
assim foi do Saber, alto e profundo,
que é sem princípio e meta limitada.
Quem cerca em derredor este rotundo
globo e sua superfície tão limada,
é Deus: mas o que é Deus ninguém o entende,
que a tanto o engenho humano não se estende"
Gigante Adamastor, (Canto V,
estrofes 37 a 60)
Tão grande era de membros, que bem posso
Certificar-te que este era o segundo
De Rodes estranhíssimo Colosso,
Que um dos sete milagres foi do mundo.
Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo,
A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!
Episódio de Inês de Castro
(Canto III, estrofes 118 a 135)
As filhas do Mondego a morte escura
Longo tempo chorando memoraram,
E, por memória eterna, em fonte pura
As lágrimas choradas transformaram.
O nome lhe puseram, que inda dura,
Dos amores de Inês, que ali passaram.
Vede que fresca fonte rega as flores,
Que lágrimas são a água e o nome Amores.
Um homem do Renascimento
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Em carta a Dom Francisco de Almeida, o
poeta sintetiza este momento: "...acabarei
a vida e verão todos que fui tão afeiçoado
à minha Pátria que não me contentei em
morrer nela, mas com ela".
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