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PUBLISHER RICARDO GALUPPO
DIRETOR JOAQUIM CASTANHEIRA
DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA
DIRETOR ADJUNTO (RJ) RAMIRO ALVES
Arte ou dinheiro?
Jogo contra pirataria
Aberturas de franquias de museus
famosos como Louvre ou Guggenheim
estão gerando muita polêmica. ➥ P28
Michael Jordan, a lenda do basquete,
vai aos tribunais contra empresa chinesa
que usa sua marca sem autorização. ➥ P36
Streeter Lecka/AFP
SEXTA-FEIRA E FIM DE SEMANA, 24, 25 E 26 DE FEVEREIRO, 2012
O
ANO 4 | N 628 | R$ 3,00
Geração de empregos mostra que
mercado de trabalho está aquecido
O Brasil criou 118.895 novas vagas em janeiro de 2012, contra 152.091 de um ano antes. Essa queda de 21,8% poderia parecer um
sinal negativo, mas demonstra a pujança da economia, já que o país vive quase o pleno emprego. A queda dos juros ajudou. ➥ P6
Fabio Rodrigues-Pozzebom/ABr
BC, munição contra real forte Riscos que a Europa
traz para o Brasil
O Banco Central
mostrou ontem
que tem bala
na agulha para
enfrentar a
desvalorização
do dólar. Depois
de seis meses
de trégua, fez
operações no
mercado à vista e
leilões cambiais. ➥ P30
A piora do cenário na Zona do Euro, com a previsão de
um PIB de -0,3% para 2012 na região, deve ter reflexos
na economia brasileira e reduzir o crescimento. ➥ P4
Bradesco capta o
dobro do previsto
BB Seguro Vida Empresa Flex.
Proteção para seu empregado,
segurança e produtividade
para seu negócio.
Alexandre Tombini:
de olho na oscilação do dólar
e instrumentos para intervir
Dívida da
Busscar agora
é de R$ 1,4 bi
Lupatech tem
nova chance
de sobreviver
Techintcaça
US$1 bipara
pagar Usiminas
A fabricante de carrocerias
em recuperação judicial
teve sua dívida com 6,8 mil
credores aumentada. ➥ P17
Empresa, que fechou 2011
à beira da falência e deve
R$ 1,3 bi, faz empréstimo e
viu ações valorizarem. ➥ P16
Grupo italiano vai aos
bancos atrás de dinheiro
para comprar parcela da
empresa brasileira. ➥ P16
23.2.2012
INDICADORES
Como evitar as gafes
em reuniões no exterior
Cursos ensinam empresários e executivos a se
saírem bem nos encontros de negócios com
seus colegas de outros países e culturas. ➥ P34
TAXAS DE CÂMBIO
Dólar comercial (R$/US$)
Euro (R$/€)
JUROS
Selic (ao ano)
BOLSAS
Bovespa — São Paulo
Dow Jones — Nova York
FTSE 100 — Londres
COMPRA
VENDA
1,7090
2,2625
1,7110
2,2636
META
EFETIVA
10,50%
10,40%
VAR. %
ÍNDICES
-0,41
0,36
0,36
65.819,62
12.984,69
5.937,89
Banco da Empresa da Ana
O registro deste plano na SUSEP não implica, por parte da Autarquia, incentivo ou recomendação à sua
comercialização. Um produto da Companhia de Seguros Aliança do Brasil CNPJ: 28.196.889/0001-43
comercializado pela BB Corretora de Seguros e Administradora de Bens S.A. CNPJ: 27.833.136\0001 39.
Processo SUSEP nº 15414.005138/2011-71. Os serviços de assistência são prestados pela Brasil Assistência
CNPJ: 68.181.221/0001-47.
A meta do banco era levantar US$ 500 milhões com
emissão, mas apetite dos investidores dobrou esse
valor e permitiu uma redução na taxa de retorno. ➥ P31
2 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
CARTAS
A deputada federal Luíza Erundina (PSB-SP)
está certa sobre sua decepção com o despejo de
milhares de famílias do Pinheirinho em São José
dos Campos (página 39 da edição de 7/2/2012).
Mas este caso não foi o primeiro nem será
o último. De quem é a culpa das vítimas de
enchentes, dos deslizamentos e dos sinistros em
favelas? É do governo e da prefeitura, que fazem
vistas grossas para o crescimento da favelização
em locais ilegais, como encostas, à beira de rio,
montanhas e nas marginais, ou do próprio povo
que constrói sabendo dos riscos que corre?
Os órgãos públicos só tomam atitude quando
ocorre incêndio, deslizamento ou os próprios
moradores ateiam fogo para conseguirem ser
vistos pelas autoridades e conseguirem a casa
própria. A favelização está na nossa cara, cresce
e triplica-se por gerações e vem a desgraça.
Aí as autoridades correm atrás do prejuízo.
Parece que o Brasil vive fazendo reparo das
calamidades, porque não tem política pública
contra os desastres. O Brasil não é como o
Japão, que cresce sem esquecer de se proteger
das desgraças da natureza, como terremoto,
maremoto. Em pouco tempo o Japão se
recuperou do maremoto. E o Brasil? O Brasil vive
injetando milhões sobre as tragédias públicas
e não combate com eficácia esses problemas
para que não ocorram em tamanha proporção.
Se os políticos impedissem o crescimento ilegal
da favelização, não haveria estes despejos
e deslizamento e tantos problemas como os que
temos a cada chuva, a cada incêndio ou despejo.
Esse filme se repete e não há político que faça
algo de concreto para inibir estas barbaridades.
Será que dá lucro aos políticos ver a favela
crescer onde não se deve e está na cara
que é ilegal onde eles fazem seu ninho,
como a beira de rio e sobre e sob montanhas
ou em terrenos invadidos? Por que os
governantes deixam desenvolver estes núcleos
e só agem quando o problema vem à tona?
Regina Teles
São Paulo (SP)
A propósito da reportagem “Empresários
brasileiros querem os portos trabalhando
24 horas” (publicada na página 4 da edição de
13/2/2012), informo-lhes que o tema vem sendo
tratado pelo Comitê de Usuários dos Portos
e Aeroportos do Estado de São Paulo (Comus),
desde setembro de 2007. Diferentes visões
do Porto 24 Horas estão disponíveis no item
eventos do www.logisticainternacional.com.br.
As apresentadas a partir de setembro de 2011
deverão estar acessíveis até o final deste mês.
José Cândido Senna
São Paulo (SP)
Com relação ao artigo “Hora de atacar os
spreads” (página 2 da edição de 23/2/2012),
de José Dirceu, sempre votei no PT, mas
estou em dúvida se continuarei votando
a partir deste ano. Até o momento não vejo
o PT se manifestar e até mesmo enviar para
apreciação da Câmara Federal a Reforma
Política e a Reforma Tributária. Pena que eu
acreditava muito no PT, não só eu como muitos
dos meus parentes aos quais eu pedia voto.
Amilton Oliveira Santos
São Paulo (SP)
ERRATA
O executivo Greg Brown, que aparece
na foto que ilustra a reportagem “Motorola
adia atualização com Android”, publicada na
página 19 da edição de 22/2/2012, é presidente
da Motorola Solutions. O presidente
mundial da Motorola Mobility — empresa
de que trata a reportagem — é Sanjay Jha.
Cartas para a Redação: Avenida das Nações Unidas,
11.633, 8º andar, CEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP).
E-mail: [email protected]
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endereço, telefone e assinatura. Em razão de
espaço ou clareza, BRASIL ECONÔMICO reserva-se
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OPINIÃO
Avanço
Roberto Freire
Presidente do PPS
Hamid Karzai
Presidente do
Afeganistão
Uma vitória da cidadania
Michele Tantussi/Bloomberg
Obama pede desculpas a Karzai
por queima de cópias do Alcorão
O presidente Barack Obama enviou a seu colega
afegão Hamid Karzai uma carta de desculpas pela
queima de cópias do Alcorão numa base militar
americana, informou, ontem, o gabinte de Karzai.
Obama disse que o incidente não foi intencional
e que determinou uma ampla investigação.
“Desejo expressar meu profundo pesar pelo
incidente informado”, afirma Obama em sua
carta entregue a Karzai pelo embaixador
americano Ryan Crocker. “Estendo ao senhor
e ao povo afegão minhas sinceras desculpas”.
A queima dos exemplares do Alcorão provocou
revolta entre os afegãos. Ontem, um soldado
afegão matou a tiros dois soldados da Otan. AFP
Retrocesso
Costa Concordia
Naufrágio foi
provocado por
uma sucessão
de erros
Fruto de um amplo e profundo movimento da sociedade civil,
que por meio da Articulação Brasileira contra a Corrupção e a
Impunidade (Abracci) e do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), de organizações engajadas, que por meio
da utilização das redes sociais, e da força da internet, conseguiram mobilizar milhões de pessoas para a consecução de uma lei
que aprimora a representação política, é aprovada a Lei da Ficha Limpa, contribuindo, assim, para o aperfeiçoamento do nosso sistema democrático de governo. Não podendo desconsiderar o movimento e suas repercussões, o Congresso a aprovou,
tornando-a lei. Filigranas jurídicas sobre sua abrangência e início de sua validade foram agora vencidas, com a decisão do Supremo Tribunal Federal, que não apenas reconheceu sua constitucionalidade, mas a importância social.
Para quem não sabe, aliás, o julgamento no STF foi fruto da
ação do PPS (ADC 29), que garantiu a possibilidade de aplicação
da Lei da Ficha Limpa a atos e fatos jurídicos ocorridos antes da
publicação da lei. A ação proposta pela Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB-ADC 30) tratava muito da questão da presunção
de inocência, mas não pedia a retroatividade.
Assim, desde o primeiro momento o PPS não apenas apoiou
esse movimento, como participou ativamente, tanto na sociedade quanto no Parlamento para sua aprovação. Tanto que, em nosso XVII Congresso, realizado em dezembro, em São Paulo, aprovamos uma moção, que, independentemente da posição do STF,
proibia registro de candidatura a quem não se enquadrasse nos
tópicos da “Ficha Limpa”, incluindo aí nossas coligações.
Para aprofundar a conquista do Ficha Limpa, o deputado federal Sandro Alex (PPS-PR), nosso representante na comissão da
reforma política, apresentou Proposta de Emenda à Constituição (PEC 11/2011) para estender o Ficha Limpa para os cargos de
confiança da administração pública. Com sua aprovação, a Ficha Limpa será condição para nomeação para cargos de ministros, secretários e demais cargos de livre provimento.
Será um esforço em vão se a sociedade não
se interessar pela política e não acompanhar
os trabalhos de seus representantes
Giampiero Sposito/Reuters
Novas acusações a envolvidos
no acidente do Costa Concordia
O capitão do navio Costa Concórdia, que
naufragou no mês passado na costa italiana
matando pelo menos 25 pessoas, cometeu uma
série de erros que foram agravados por falhas
em terra dos operadores da embarcação,
segundo documentos da promotoria. Ontem, os
promotores acrescentaram duas novas acusações
contra o capitão Francesco Schettino, por ter
abandonado passageiros incapacitados e deixado
de prestar informações às autoridades marítimas.
O imediato Ciro Ambrosio e sete outros oficiais do
navio e executivos da empresa Costa Cruzeiros
também estão sendo investigados. Reuters
A decisão do STF reconhecendo a constitucionalidade da Lei
da Ficha Limpa pode ter implicações importantes no desenvolvimento de nosso próprio processo democrático, abrindo as
portas para outras iniciativas da cidadania organizada.
Apenas não nos esqueçamos que se a “Ficha Limpa” é um
marco importante, podendo inclusive ser um ponto de inflexão
do próprio processo democrático do país, é tão somente um
marco. Que será um esforço em vão se a sociedade, como um todo, não se interessar pela política e acompanhar os trabalhos de
seus representantes e mandatários, no Legislativo e Executivo.
Na nossa visão, a democracia, mais que um sistema de governo, é um processo de inclusão dos cidadãos(ãs) ao processo de governo e de definição de sua(s) finalidade(s), em função dos interesses da maioria, esses — os produtores de riqueza por meio do trabalho.
Num tempo no qual a banalização da corrupção é a norma e
a desfaçatez do governo petista é o método, essa vitória da cidadania ganha contornos épicos ao reacender a esperança de
termos ética na política. ■
NESTA EDIÇÃO
Alessandro Bianchi/Reuters
Revolução digital para combater a fome
Bill Gates, fundador da Microsoft, propõe uma revolução digital para
aliviar a fome no mundo com o aumento da produtividade na agricultura
com o uso de satélites e sementes manipuladas geneticamente. ➥ P37
Asas do desejo sobrevoam o solo baiano
A Bahia pode receber um projeto de R$ 120 milhões para
produzir aviões de pequeno porte para o transporte de
passageiros, com capacidade para até 14 pessoas. ➥ P14
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 3
MOSAICO POLÍTICO
Paulo Rabello de Castro
Presidente do conselho de economia
da Fecomercio e do Lide Economia
[email protected]
SIMONE CAVALCANTI*
[email protected]
Fábio Pozzebom/ABr
Reformas de Obama e Romney
No mundo hipercompetitivo em que vivemos, nenhum país pode ficar dormindo no ponto: qualquer estrutura tributária afeta
as decisões de investimento das empresas e dos indivíduos. Sistemas de impostos mais amigáveis atraem empresas, geram
mais empregos e aceleram o crescimento de um país. Sistemas
complicados, injustos e onerosos expulsam investimentos e matam a prosperidade. É por isso que Obama e seu possível rival
republicano, Mitt Romney, estão neste momento engajados em
fazer o marketing de suas respectivas reformas tributárias. Ambos têm um discurso só, reconhecendo que os EUA precisam
voltar a ser mais competitivos do ponto de vista tributário, mesmo para as pessoas físicas, cujas alíquotas de imposto de renda
o pré-candidato republicano quer reduzir drasticamente, para
a faixa de 8% a 28%. A gravidade do déficit fiscal americano ensejaria um discurso fiscalista de elevação de impostos, mas os
candidatos batem na tecla oposta, da elevação da competitividade industrial americana como precondição de uma saída para a explosiva dívida pública. Crescer é preciso.
Como milagres não existem, a carga tributária total nos EUA
vai aumentar, não diminuir, para controlar o déficit fiscal nesta
década, hoje superior a 8% do PIB. Uma mistura de cortes em despesas militares e sociais, com aumento efetivo de impostos nas camadas superiores de renda, é uma inevitabilidade. Isso não conflita com fomentar a competitividade produtiva, porém arrecadando mais da sociedade como um todo. Obama parece ter uma noção mais clara do que quer fazer, embora não tenha detalhado as
sutilezas da pretendida reforma. Na sua fórmula, os mais ricos
perderiam privilégios que hoje diminuem o que pagam no final
da linha. Obama quer adotar um sistema com menos isenções, especialmente para os que vivem de rendas de capitais aplicados. É
a regra Buffett, por conta da autodenúncia feita pelo homem
mais rico dos EUA, Warren Buffett, ao escrever, num artigo, que
paga menos imposto (relativamente à sua renda, é claro) do que a
secretária dele. Mas as injustiças não param por aí. No campo corporativo, certos setores têm tratamento diferenciado, como o de
óleo e gás. E as empresas americanas recebem incentivos para investir no exterior, enquanto são mais taxadas quando produzem
na jurisdição doméstica. Obama também propõe mudanças nesse ponto. A ideia geral é tornar o sistema mais simples, com menos alíquotas mas, sobretudo, com menos privilégios.
Visto da perspectiva brasileira, estamos muito mal posicionados. Qualquer empresa de bandeira brasileira, com operações
aqui e nos EUA, sabe que a desvantagem competitiva do Brasil
já começa nos investimentos, taxados pesadamente em nosso
território, mas isentos no EUA. A produção também é muito
mais onerada por tributos no Brasil. O efeito tributário sobre a
margem empresarial no Brasil é brutal, razão pela qual estamos perdendo rapidamente nosso espaço no decisivo setor industrial para ficar à mercê da exportação de produtos primários. Isso para não falar da absurda complicação da nossa tributação empresarial, com 27 ICMS diferentes nos estados, PIS,
Cofins, IPI, Cide, Previdência, FGTS etc. Precisa dizer onde vai
parar nosso poder de competir nos próximos anos? ■
Simplicidade para exportar é o que importa
O governo federal vai lançar nos próximos meses um conjunto de
medidas para facilitar as exportações de produtos manufaturados.
Um dos principais pontos será a desburocratização. ➥ P7
GM terá nova unidade em Santa Catarina
A General Motors vai investir R$ 710 milhões para construir uma
fábrica de transmissões de veículos em Joinville (SC), com previsão
de faturamento de R$ 200 milhões anuais. ➥ P20
Questão de reciprocidade para a Previdência
O princípio da reciprocidade será aplicado na próxima terça-feira, data marcada para a votação do
projeto de lei que cria o Fundo de Pensão dos Servidores Públicos Federais (Funpresp) na Câmara dos
Deputados. O PSDB fechou acordo com o líder do governo, Cândido Vacarezza, pela aprovação do mérito da questão. Até por coerência, alega, vê a necessidade de criar tal instrumento para minimizar as
chances de explosão do déficit da Previdência no futuro. Mas vai apresentar seus destaques por entender que é necessário fazer uma reforma muito mais ampla do que apenas o que está previsto no projeto. Assim, vai replicar no plano federal o mesmo que a bancada do PT fez no mês passado na Assembleia Legislativa, quando aprovou com várias ressalvas o projeto do governo paulista que cria o fundo
para funcionários públicos estaduais. Uma das alegações do partido na época era a de que seria melhor
esperar a lei federal para fazer os ajustes necessários e, quem sabe, aprofundar as novas regras. ■
La garantia soy yo
e ponto final
O filho volta, mas só
com herança - parte II
Poresse “alinhamento”comaoposição,o Executivo
esperaque obarulho nasemanaquevemseja feito
pelossindicatos dosservidores. Ossindicalistas
alegamque onovo modelonãodágarantia queo
funcionárioteráaposentadoriaintegral. Mas,rebatem
técnicosdo governo,hojeisso tambémnãoocorre...
O PR cobra da ministra Ideli Salvatti, das Relações
Institucionais, a promessa de um ministério feita
no final do ano quando o governo se descabelava
pela aprovação da votação da DRU. Mas faz com
cuidado. Afinal, o senador Blairo Maggi (PR-MT) já
declinou duas vezes e não pode fazer isso de novo.
CURTAS
➤
●
Mais alívio para
a equipe econômica:
coleta diária de dados feita
pela Fundação Getúlio
Vargas aponta que o IPCA
está rodando na casa
de 0,4% em fevereiro,
uma boa desaceleração
ante o 0,56% de janeiro.
●
Integrante da ala
➤ conservadora
do PT avalia que, com a
privatização dos aeroportos,
Dilma Rousseff acabou
com o seguro eleitoral contra
o PSDB. Agora, vai ter que
se garantir no crescimento
econômico. Mesmo.
➤
●
O interesse pelo
Brasil só aumenta. Na
semana que vem a CNI recebe
uma comitiva de 15 empresários
franceses interessados
em negócios e parcerias nos
setores de energia hidrelétrica,
nuclear e de tecnologia...
PRONTO, FALEI
“Falo isso
com vergonha,
mas o PDT
hoje é um
puxadinho
do PT”
➤
●
...Antes do Carnaval,
a Confederação
recebeu uma comitiva com
25 dirigentes de grandes
empresas alemãs e um grupo de
100 empresários da Finlândia.
Pedro Taques
Senador (PDT-MT)
➤
●
➤
●
O ministro da Fazenda,
Guido Mantega,
deve se sentar ao lado de seu
homólogo mexicano, Gerardo
Rodriguez, em um almoço
durante o encontro do G20.
Será que haverá apetite para
tratar do acordo automotivo?
Jose Cruz/Ag. Senado
É patético que as lideranças oficiais
de empresários não reclamem mais alto
contra o manicômio tributário tupiniquim
Parece incrível, mas
o novo comercial do Itaú
com um bebê que cai na risada
ao ver o pai rasgar extratos
bancários, não conseguiu
agradar a todos. Abigraf,
Bracelpa, Firjan e Fiemg exigem
revisão conceitual da campanha.
➔
Pedro Venceslau
está em férias
*Com colaboração
de Luciano Feltrin
4 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
DESTAQUE CRISE NA EUROPA
Editora: Elaine Cotta
[email protected]
Piora do cenário europeu
limita crescimento brasileiro
Para consultorias como a Austin Rating, PIB, que poderia chegar à casa dos 5% no país, não deve passar
de 3,7% em 2012. Mesmo assim, empresas e setor financeiro sofrerão menos do que na crise de 2008
Déborah Costa e Luciano Feltrin
redacaobrasileconomico.com.br
O cenário internacional, com a
anunciada recessão europeia,
já começa a influenciar projeções, que trazem cenários menos otimistas para a economia
brasileira — apesar de os especialistas se dividirem quanto à extensão dos efeitos da piora externa no Brasil.
Para a consultoria Deloitte,
por exemplo, mesmo com a possível retração nas exportações
para o Velho Continente, o cenário não será dos piores. As receitas com exportações brasileiras
seriam mais atingidas caso a
China sofresse uma grande desaceleração, estima a consultoria.
“Vendemos pouco mais de 20%
do total para a Europa e não apenas commodities, como fazemos para os asiáticos”, afirma
Luis Vasco, sócio de finanças
corporativas da empresa. Outro
fator que ajudará a blindar a
economia é o grande interesse
de empresas estrangeiras pelo
país, observa o especialista.
Já a consultoria Austin Rating é bem mais pessimista e
projeta que o Produto Interno
Bruto (PIB) brasileiro deverá
crescer 3,7% em 2013, após
avançar 3,4% neste ano. “Entendemos que ainda haverá limitações em termos de investimentos, o que não permite crescer tanto”, afirma Alex Agostini, economista-chefe da Austin
Rating, lembrando que trabalha
com o cenário básico, ou seja, o
que tem maior possibilidade de
acontecer. Já em um cenário
otimista, Agostini acredita que
Ariana Lindquist/Bloomberg
“
Vendemos pouco
mais de 20% do total
(das exportações)
para a Europa e não
apenas commodities,
como fazemos
para os asiáticos
Luis Vasco
Sócio de finanças
corporativas da Deloitte
Uma forte
desaceleração
econômica na China
causaria mais impacto
nas exportações
brasileiras do que a
crise na Europa
o PIB brasileiro poderia crescer algo em torno de 4% e 5%
— projeção semelhante a do governo federal. “Isso poderia
acontecer se o quadro internacional melhorasse, aliado a um
aumento significativo dos investimentos. Mas não é nesse
cenário que acreditamos, porque ainda vemos o ambiente
externo volátil e os problemas
na Europa interferindo no crescimento do Brasil.”
Investimentos
A Austin espera que a taxa de investimento alcance 21,2% em
2012 e avance para 22,5% no
próximo ano, números considerados positivos.
Outro ponto positivo para o
Brasil, acredita a Deloitte, é que
que o mercado financeiro global não fechará suas portas para
empresas brasileiras, como
aconteceu no primeiro ciclo da
crise, após a quebra do banco
Lehman Brothers, em 2008.
Fabio Kanzuc, professor da
FEA, tem opinião parecida. “O
relevante que é o canal bancário, também o mais perigoso,
não será afetado”, diz. Já para
Madeleine Blankenstein, sócia
da Grant Thornthon, o cenário
é bem mais nebuloso, com as
captações externas secando
em breve.
Para a Austin, a crise também tem efeitos na inflação. A
expectativa é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recue de
6,5% em 2011 para 6% neste
ano e para 4,5% em 2013.
O economista-chefe da Austing explica que a redução não
tão significativa dos preços neste ano reflete os valores elevados das commodities e, internamente, reajustes de tarifas e
uma possível alteração no preço dos combustíveis. “Apesar
do Banco Central projetar reajuste zero nos preços dos combustíveis, não trabalhamos
com essa hipótese, porque há
uma pressão grande sobre a Petrobras para ajustar porque isso
tem afetado a companhia.”
Quanto à inflação em 2013,
Agostini justifica a previsão de
4,5% dizendo que os preços vão
passar por acomodação e dificilmente continuarão a subir. Já a
Selic deve encerrar o ano em
torno de 9% e subir para 10%.
“Para convergir a inflação para
o centro da meta, é possível que
no segundo semestre de 2013 o
governo tenha que subir os juros”, diz Agostini, para quem o
governo não usará somente a
Selic para restringir o crédito.
“Será algo no sentido de retirar
estímulos, como voltar a subir
os impostos, mexer com prazos
de financiamentos e empréstimos para o setor público.” ■ Colaborou Érica Ribeiro
China condiciona ajuda à UE a fim de ação antidumping
A União Europeia, que depende
da ajuda chinesa para superar
a crise da dívida, investiga
possível dumping na importação
de alguns tipos de aço chinês
A China condicionou sua eventual ajuda para resolver a crise
da dívida soberana na Europa à
suspensão de duas investigações sobre dumping (venda de
produtos abaixo do preço de
mercado) e subsídios abertas pela União Europeia, informou o
Ministério do Comércio chinês.
A União Europeia iniciou no
dia 21 de dezembro uma investigação por dumping às importações de alguns tipos de aço revestidos de matéria orgânica
procedentes da China e na última quarta-feira outra para averiguar se o governo subsidia estes produtos. “Enquanto a economia mundial prosseguir sem
pôr fim à crise financeira e vários países europeus estiverem
afundados na crise da dívida soberana, todos os países devem
adotar uma atitude cooperati-
va, aberta e tolerante”, diz o texto do ministério chinês. “Contudo, a investigação sobre os subsídios da Europa envia ao mundo um péssimo sinal protecionista que ofusca tanto o comércio regular entre Europa e China como os esforços conjuntos
sino-europeus para responder à
crise da dívida”, ressalta.
Na semana passada, a China
reiterou seu apoio à integração
europeia e ao euro. O governador do banco central, Zhu Xiaochuan, afirmou recentemente
que a instituição “continuará
comprando títulos da dívida
dos estados europeus, ao mesmo tempo em que garantiu sua
segurança, sua liquidez e a apreciação de seu valor.”
A China conta com as maiores reservas do mundo — cerca
de US$ 3,2 trilhões — e divulgou em várias ocasiões que poderia contribuir com o fundo de
ajuda para socorrer os países
com dificuldades. A China investiu meio trilhão de dólares
em dívida soberana europeia.
A investigação foi aberta em
meio a uma queda dos ganhos
da Associação Europeia de Aço
(Eurofer), que representa mais
de 70% dos produtores europeus. Eles acreditam que seus
competidores chineses se beneficiam de subsídios sob a forma
de isenções fiscais e compras
efetuadas pelo governo chinês
abaixo do preço do mercado, de
acordo com o site da Comissão
Europeia.A Comissão afirmou
que a investigação durará 15 meses. ■ AFP
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 5
LEIA MAIS
➤
●
A piora das expectativas
para a economia europeia
pode afetar as projeções para
o desempenho do Brasil, que
tende a sofrer com restrições de
crédito no mercado internacional.
➤
●
A dificuldade de países
como a Grécia de
renegociar sua dívida e de conter
o déficit público prejudica os
demais países da Zona do Euro,
cujas projeções pioraram.
➤
●
A Comissão Europeia voltou
a reduzir as estimativas
de crescimento das economias
da região e prevê recessão de
0,3% na Zona do Euro e queda
nos PIBs de Itália e Espanha.
GREGOS MANTÊM MOBILIZAÇÃO CONTRA PACOTE DE AUSTERIDADE
O Parlamento grego
adotou ontem em caráter
de urgência o projeto de lei
que define as modalidades
para o perdão de
¤ 107 bilhões da dívida.
O resultado da votação era
previsível, dada a maioria
com que conta o governo
de coalizão, integrado
pelos socialistas do PASOK
e os conservadores da
Nova Democracia, que
juntos somam 193 dos 300
assentos do Parlamento.
O Partido Comunista,
o de esquerda radical
e o de extrema direita se
pronunciaram contra o
projeto. O perdão de
¤ 107 bilhões corresponde
a um pouco mais da
metade da dívida em mãos
dos credores privados.
Paralelamente à votação,
continuaram os protestos
de trabalhadores contra
os ajustes fiscais exigidos
pelos credores públicos
e privados para liberar
a ajuda ao país. AFP
Zona do Euro deve entrar em recessão
com recuo do PIB de até 0,3% em 2012
Novas projeções da Comissão Europeia (CE) indicam que as economias de 8 dos 17 países que integram a Eurozona
terão desempenho negativo neste ano, incluindo Itália e Espanha, terceira e quarta economias da Europa, respectivamente
A Zona do Euro voltará a entrar
em recessão (caracterizada por
dois trimestres consecutivos de
queda do Produto Interno Bruto, PIB) em 2012 e oito de seus
17 países registrarão crescimentos negativos no ano, incluindo
Espanha e Itália, com prognósticos piores que os previstos anteriormente, anunciou ontem a
Comissão Europeia (CE).
O Produto Interno Bruto
(PIB) da Zona do Euro cairá
0,3% em 2012, segundo novas
projeções. A previsão anterior
estimava um crescimento de
0,5%. A última recessão da Eurozona ocorreu em 2009, quando a economia da região registrou recuo de 4,3%.
A revisão para baixo dos dados foi motivada pela crise da dívida que fragilizou os mercados
financeiros e provocou uma depressão da economia real, segundo a Comissão. O órgão executivo europeu destaca que a re-
A revisão para baixo
dos dados da CE
foi motivada pela
crise da dívida
que fragilizou os
mercados financeiros
e provocou uma
depressão da
economia real
cessão será “moderada” e afirma que haverá sinais de melhora nas economias da Eurozona
já a partir do segundo semestre
deste ano.
cimento de 0,7% da economia
espanhola. As previsões da CE
são ainda melhores que as do
Fundo Monetário Internacional
(FMI) e do Banco da Espanha.
Grécia e outros países
Política fiscal
De acordo com a CE, a recessão
na Grécia será maior que a prevista anteriormente, com uma
queda de 4,4% do PIB, contra recuo de 2,8% na estimativa inicial. O país, inclusive, aprovou
ontem um novo pacote de ajuste fiscal que provocou novos
protestos (leia acima). Assim,
2012, será o quinto ano de recessão consecutivo na Grécia, cujo
PIB caiu 6,8% no ano passado.
Na Itália, a contração será de
1,3%, muito acima do recuo de
0,1% anunciado na previsão inicial. Já a Espanha, que é a quarta economia da Eurozona, sofrerá uma contração de 1%, disse a
Comissão, que em suas projeções anteriores previa um cres-
A revisão dos prognósticos econômicos para os países da Europa reavivam o debate sobre se o
remédio para reduzir e cumprir
as metas de déficit para este ano
— a austeridade fiscal —, deveria ser flexibilizado. E nos últimos dias cresceram os rumores
de que Madri prevê pedir um aumento da meta de déficit para
este ano, de mais de 5% do PIB
no lugar dos atuais 4,4%.
Após assumir o poder, o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, disse que o déficit orçamentário da Espanha para
2011 ficará acima de 8% do PIB,
muito maior que os 6% prometidos pelo governo anterior — e
acima do previsto para este ano.
Portugal também finalizará o
ano com retração de 3,3% da
economia — o país é outro que
passa por reestruturação de sua
dívida, como a Grécia.
Já a Irlanda é o único dos países chamados periféricos — o
PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda,
Grécia e Espanha) — que escapará a recessão.
Motores do euro
O crescimento de 2012 será levemente inferior também nas chamadas economias motoras da
Eurozona, Alemanha e França.
A Alemanha crescerá 0,6% em
2012 e França 0,4%, contra estimativas anteriores de 0,8% e
0,6%, respectivamente. “Isso
mostra mais uma vez que a Europa precisa mudar a estratégia
e se concentrar em impulsionar
o crescimento e não a consolidação fiscal”, disse Sony Kapoor,
analista do centro de reflexão
econômica Re-Define. ■ AFP
6 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
BRASIL
Editora: Elaine Cotta [email protected]
Subeditora: Ivone Portes [email protected]
Geração de vagas formais
mostra mercado ainda robusto
Em janeiro, foram abertos 118.896 novos postos de trabalho. Resultado é 21,8% inferior ao de igual mês
de 2011, mas considerado positivo por analistas, já que o Brasil vive momento de baixa taxa de desemprego
Elza Fiuza/ABr
“
Eva Rodrigues
[email protected]
Foram gerados 118.895 postos
de trabalho formais no país em
janeiro último, o pior resultado
para o mês desde 2009, o que pode aparentar um movimento
ruim. No entanto, um mercado
de trabalho capaz de criar mais
de 100 mil vagas num cenário
de taxa de desemprego historicamente baixa (a taxa ficou em
5,5% em janeiro) está longe de
ser avaliado como negativo.
Segundo o Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados
(Caged), a expansão do emprego em janeiro ficou 21,8% menor ante o mesmo mês de 2011.
A geração de postos formais resultou do aumento em seis dos
oito setores de atividade econômica. O destaque foi o setor de
Serviços, com a geração de
61.463 postos (alta de 0,40% ante dezembro de 2011). Na Construção Civil foram registrados
42.199 novos postos (1,46% — a
maior taxa de crescimento entre os oito setores).
Na Indústria de Transformação, o saldo foi de 37.462.345
postos (0,46%). Os desempenhos negativos ocorreram no
Comércio, com a perda de
36.345 postos (-0,43%) e na Administração Pública, com queda de 370 postos (-0,05%).
Analistas ouvidos pelo BRASIL E CONÔMICO apontam que o
mercado de trabalho, que costuma ter um impacto defasado
no tempo em relação aos movimentos restritivos ou expansivos da economia, teve seu momento de piora na geração de
vagas verificado entre os meses de outubro e novembro.
Desde então, a sinalização é de
um cenário melhor.
O economista do Espírito
Santo Investment Bank, Flávio
Serrano, observa que o mercado de trabalho poderia estar ainda respondendo à política monetária restritiva do início de
2011, mas não é o que se observa nos resultados vistos. “Nos
últimos três meses estamos vendo ligeira melhora na margem
na criação de postos formais de
trabalho. E a geração de mais
de 100 mil vagas no mês é um
A grande quantidade
de admissões e
desligamentos,
ambos os maiores
para o mês,
reforçam o foco que
o Ministério do
Trabalho e Emprego
vem dando no
aprofundamento
do debate sobre as
altas taxas de
rotatividade de mão
de obra no mercado
de trabalho brasileiro
Paulo Roberto Pinto
Ministro observa que o saldo de
janeiro é resultado de 1.711.490
admissões e 1.592.595 desligamentos
Murillo Constantino
Flávio Serrano
Economista do
Espírito Santo
Investment
Bank
“Nos últimos três meses
estamos vendo ligeira
melhora na margem na
criação de postos formais
de trabalho no país”
bom resultado se considerarmos que o país vive um momento de taxa de desemprego historicamente baixa — o que significa dizer que há limites para a geração de muitos postos de trabalho no país hoje.”
Na avaliação do economista
do banco ABC Brasil, Felipe
França, os reflexos do aperto
monetário do ano passado no
mercado de trabalho foram
marginais e tanto o Caged
quanto a Pesquisa Mensal de
Emprego (PME, medida pelo
IBGE) apontam melhora. “Pelo
critério da média móvel trimestral, a geração de vagas pelo Caged registrou alta pelo segundo mês consecutivo depois de
encontrar o pior momento em
novembro”, diz.
França acha difícil a taxa de
desemprego brasileira cair muito abaixo do nível de 6%. “Como já estamos próximo desse
patamar, isso deve se refletir
em melhora nos ganhos de renda do trabalhador ao longo do
ano”, pondera. A economista
do Santander, Fernanda Consorte, segue na mesma linha de
análise: “Nós projetamos crescimento real de 5,5% na renda
Ministro interino do
Trabalho e Emprego
média do trabalhador neste
ano, uma alta bem maior do
que os 2,8% de alta em 2011”.
A se considerar que o nível de
atividade retoma fôlego como
consequência do afrouxamento
monetário em andamento desde agosto do ano passado — desde então foram quatro cortes de
0,50 ponto percentual nos juros
básicos do país — a perspectiva
é a de que o mercado de trabalho prossiga em situação favorável. “No terceiro trimestre o nível de atividade deve ficar mais
forte por conta dos efeitos da política expansionista do governo,
mas não sabemos como será o
impacto no mercado de trabalho. De todo modo, é possível
pensar em pressões inflacionárias vinda de um ambiente de
trabalho apertado”, diz Serrano, que projeta a geração de postos formais de trabalho em fevereiro no mesmo patamar do que
foi visto em janeiro.
O decorrer de 2012 deve ser
de recuperação (leia mais no texto ao lado) já que ao longo de
2011 o enfraquecimento da atividade econômica teve impacto
direto na geração de empregos
formais. ■
GERAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO FORMAIS NO BRASIL
Evolução para meses de janeiro, segundo o Caged
200
150
100
100.106 115.972
86.616 105.468
181.419
142.921
152.091
118.895
50
0
-50
-100
-101.748
-150
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Fonte: Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)
2011
2012
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 7
Marcello Casal Jr
Cheque caução em hospitais pode virar crime
O governo federal estuda tornar crime a exigência de cheque caução por
hospitais particulares, afirmou ontem o ministro da Saúde, Alexandre
Padilha. “Queremos encaminhar o mais rápido possível (ao Congresso
Nacional)”, explicou. O Código de Defesa do Consumidor trata a prática
como abusiva, sujeita à multa. Outra proposta é ampliar o papel da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para fiscalizar hospitais
privados e clínicas conveniados a planos de saúde. ABr
Elza Fiuza/ABr
Ano será de
recuperação
na criação
de emprego
Para Teixeira, as perspectivas
do resultado da balança
comercial brasileira para
este ano são positivas
Segmentos mais voltados para
o mercado doméstico devem
ganhar fôlego mais rápido
Em sintonia com a retomada no
nível de atividade doméstico,
os diferentes setores medidos
pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)
devem mostrar um movimento
de recuperação na geração de
postos formais de trabalho ao
longo de 2012.
Até mesmo a indústria, segmento que mais tem sofrido ante os demais setores da economia, registra dados mais positivos para o emprego. Na abertura de dados feita pelo banco
ABC Brasil, os piores meses para
o emprego industrial — feito o
ajuste sazonal — foram outubro
e novembro. “Em dezembro a
gente tinha visto uma recuperação na margem. Em janeiro o
número veio mais fraco que o
de dezembro, mas continua positivo.” Foram gerados 37.462
postos pela indústria de transformação em janeiro.
Setores como o de
Serviços, Comércio
e Construção Civil,
que são voltados para
o mercado doméstico
e muito vinculados
à melhora da renda
e oferta de crédito,
devem se beneficiar
mais rapidamente
da retomada de
fôlego da economia
É claro que ainda é prematuro falar em tendência. Porém,
os números se alinham a uma
melhora na confiança dos empresários que já aparece na pesquisa feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV). “Esse movimento é consequência da sinalização, por parte do governo, da
retomada de investimentos no
país. Agora, é preciso compreender que, antes de voltar a contratar de forma consistente, o
empresário vai aumentar horas
trabalhadas — somente quando
o cenário estiver muito claro é
que a tendência de contratações
se consolida”, pondera o economista do banco ABC Brasil, Felipe França. ■ E.R.
“
Estamos trabalhando
em três linhas:
simplificação e
desburocratização,
melhora no
financiamento às
exportações e
fortalecimento e
ampliação da
estratégia de acesso a
novos mercados, com
promoção comercial
Alessandro Teixeira
Secretário-executivo do MDIC
Governo vai lançar medidas
para elevar exportações
Iniciativas farão parte do Plano Brasil Maior, lançado em agosto do ano passado, e terão
como objetivo aumentar vendas de produtos manufaturados ao mercado internacional
O governo federal vai lançar
nos próximos meses um conjunto de medidas para facilitar as
exportações de produtos manufaturados, de acordo com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC), Alessandro Teixeira.
“O governo está fazendo um
esforço e nós devemos anunciar,
nos próximos meses, medidas
para fortalecer e expandir as exportações de manufaturados. O
Brasil sofre mais na área de manufaturados porque, com a crise
internacional, as pessoas não param de comprar alimentos. Elas
precisam de produtos semimanufaturados para industrializar.
É normal que esses produtos não
sejam tão afetados quanto os manufaturados”, afirmou.
Segundo Teixeira, as medidas
que serão implementadas fazem parte do Plano Brasil
Maior, lançado em agosto do
ano passado. E, apesar de não
ter antecipado os detalhes da
ação, ele revelou as áreas beneficiadas. “Estamos trabalhando
em três linhas: simplificação e
As perspectivas para
a balança comercial
brasileira este ano
são positivas, embora
dificilmente se
consiga o mesmo
resultado de 2011
desburocratização, melhora no
financiamento às exportações e
fortalecimento e ampliação da
estratégia de acesso a novos
mercados, com promoção comercial. Essas três áreas são as
quais vamos nos concentrar para aumentar as exportações de
manufaturados.”
O secretário-executivo do
MDIC esteve presente nos dias
de desfile do Grupo Especial
das Escolas de Samba do Rio
no camarote da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). O local funciona como ponto de encontro informal entre exportadores brasileiros e empresários
estrangeiros, que são convidados para assistir à festa e apro-
veitam para iniciar ali mesmo
contatos de negócios.
Para Teixeira, as perspectivas
do resultado da balança comercial brasileira para este ano são
positivas, embora dificilmente
se consiga o mesmo resultado
de 2011. Ele acredita que, em fevereiro e em março, deverá haver superávit comercial — com
as exportações superando as importações. No mês que vem,
lembrou o secretário, o governo divulgará a meta de exportações para 2012.
“O primeiro trimestre é complicado (janeiro foi deficitário
nas quatro semanas), por causa
da crise da Europa muito forte e
os Estados Unidos retomando algumas crises institucionais no
Oriente Médio. Mas o Brasil vai
ter superávit este ano e teremos
crescimento das exportações,
não tão forte quanto 2011, que
foi um ano recorde, em que tivemos um saldo de US$ 30 bilhões
e chegamos a US$ 257 bilhões
em exportações”, disse.
Teixeira disse que a pauta brasileira de exportações em 2012
ainda será marcada pelos seto-
res de alimentos e minério de
ferro. Mas destacou também os
setores automotivo, motores,
metal-mecânica, ônibus e
aviões como promissores.
Em relação ao mercado de
carnes, Teixeira disse que já
houve conversas aprofundadas
com representantes russos e
também chineses para que os
produtos brasileiros entrem
com mais facilidade nesses mercados. Com a China, o entrave é
basicamente técnico, pois depende de vistoria chinesa em
um número maior de abatedouros brasileiros.
No caso da Rússia, além de
exigências técnicas, há pressões
protecionistas de países europeus produtores de carne, que
sofrem com a crise europeia e
precisam vender para o mercado russo. “Nossa balança vai
continuar tendo um peso importante das commodities e dos semimanufaturados. Isso é uma
característica brasileira. Hoje,
nós somos um dos principais
produtores de minério de ferro
e de produtos agrícolas e vamos
continuar sendo”, disse. ■ ABr
8 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
BRASIL
Divulgação
IMPOSTO DE RENDA 1
IMPOSTO DE RENDA 2
Contribuintes não podem mais imprimir guia
de recolhimento do IR com antecedência
Receita estuda criar versão de programa de
declaração do IR para tablets
Os contribuintes que parcelarem o pagamento do Imposto de Renda
Pessoa Física (IRPF) não poderão mais usar o programa de
preenchimento da declaração para emitir a guia de recolhimento das
oito parcelas com antecedência. A cada mês, o contribuinte terá de
entrar na página da Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br) para
imprimir o Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf). ABr
A Receita Federal estuda a criação de uma versão específica para
tablets do programa de declaração do Imposto de Renda (IR), que
deverá estar à disposição nos próximos anos, informou ontem a
secretária-adjunta do órgão, Zayda Manatta. Ela ressaltou, no entanto,
que a ferramenta, como meio de entrega da declaração, pode não
entrar em operação. ABr
Brasil estuda ampliar incentivo
fiscal bilionário do petróleo
O Repetro, regime tributário especial do setor, resultou em renúncia de R$ 46 bi desde sua criação, em 1999
Diego Giudice/Bloomberg
O governo está revendo o regime tributário especial para a
área de petróleo e gás (Repetro) e deve anunciar ainda neste ano a extensão dessa política
bilionária de incentivos fiscais
para todos os elos da cadeia produtiva,segundo o presidente
da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI),
Mauro Borges Lemos.
Hoje, o Repetro atende apenas ao primeiro elo da cadeia
produtiva, principalmente as
operadoras dos campos de petróleo e gás. Desde sua criação, em
1999, ele resultou em uma renúncia fiscal de aproximadamente R$ 46 bilhões, beneficiando principalmente a Petrobras.
“É um regime de grande importância para o setor de petróleo e gás e, particularmente, para a Petrobras. Ele opera no Brasil há muitos anos e nós estamos implementando uma revisão do Repetro”, disse o presidente da ABDI.
“Isso pode resultar numa desoneração maior do que ele faz
hoje”, acrescentou Lemos,
que comanda a agência do governo federal que atua na execução e na elaboração da política industrial.
A Petrobras, que opera mais
de 90% das concessões de exploração do país, é a principal beneficiada pelo regime, que concede isenções de impostos de importação (II), sobre produtos industrializados (IPI), PIS, Cofins,
além da taxa para renovação da
marinha mercante.
A ampliação do Repetro ajudaria a estatal a cumprir seus
Refinaria da Petrobras em
Fortaleza, no Ceará: na lista de
beneficiados pelas isenções
da cadeia produtiva, ajudando
por consequência a Petrobras a
cumprir seu plano de investimentos, que hoje supera US$
200 bilhões em cinco anos. “A
ideia é anunciar neste ano, com
certeza. A renúncia é para o ano
que vem”, afirmou, explicando
que os efeitos das mudanças só
deverão ser sentidos no caixa
do governo em 2013.
A ADBI não sabe informar
quantas empresas se beneficiam atualmente do Repetro,
mas com base em um estudo do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a agência
acredita que, com a expansão
da política para todos os elos da
cadeia, cerca de 3,4 mil empresas industriais e de serviços possam ser beneficiadas.
Assimetrias
A Petrobras, que
opera mais de 90%
das concessões
de exploração do
país, é a principal
beneficiada pelo
regime tributário
especial
ambiciosos objetivos de produção de petróleo no pré-sal e a
atingir os índices de nacionalização de peças e equipamentos
exigidos em suas encomendas
de plataformas e sondas.
Como atende apenas o primeiro nível da cadeia produtiva, a
maior parte da desoneração feita até agora foi sobre as encomendas de plataformas e embarcações — cerca de R$ 40 bilhões
deixaram de ser arrecadados pelo governo, segundo dados da
Receita Federal fornecidos pela
ABDI. Em 2010, a renúncia fiscal atingiu quase R$ 10 bilhões.
Sem projeção
Lemos disse que ainda não está
definido se os incentivos fiscais
dados pelo Repetro até agora serão ampliados por inteiro para
os outros elos da cadeia produtiva. “O que você pode fazer numa recalibragem é tirar alguns
itens da lista de isenção do Imposto de Importação. Aqueles
que já têm produção nacional
desenvolvida”, exemplificou o
presidente da ABDI.
Por conta disso, ele evita fazer uma projeção de quanto será a renúncia do governo para
incentivar o desenvolvimento
Para Bruno Musso, superintendente da Organização Nacional
da Indústria do Petróleo (Onip),
o importante é que o governo
consiga sanar assimetrias tributárias em uma eventual reformulação do Repetro.
“Preservar o conceito atual
de incentivo à cadeia do petróleo e gás é benéfico. O regime
foi eficiente em desonerar os investimentos, mas questões relativas à isonomia precisam ser
analisadas com mais cuidado”,
reivindicou Musso.
Mas outra fonte do setor, que
preferiu não ser identificada,
disse que o Repetro necessita de
ajustes porque possui falhas e
brechas que precisam de uma
reavaliação por parte do governo. ■ Reuters
Capacidade de geração de energia cresceu 4% em 2011
A energia proveniente de
usinas hidrelétricas predomina
e responde por 66,91% da
capacidade instalada do Brasil
No ano passado, a capacidade
instalada de geração de energ i a n o B ra s i l c h e g o u a
117.134,72 megawatts (MW), o
que representa um crescimento de 4% em relação à de 2010.
Segundo a Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), a
energia proveniente das usinas
hidrelétricas predomina e responde por 66,91% da capacidade instalada do país.
As energia gerada pelas termelétricas corresponde a
26,67% do total, e as pequenas
centrais hidrelétricas tiveram
participação de 3,3%.
As termelétricas
responderam por
26,67% do total de
energia gerada no
país no ano passado
Compõem ainda a matriz
1,71% de potência de usinas nucleares, 1,22% de eólicas e
0,18% das centrais geradoras.
Os dados constam de relatório de fiscalização da Aneel, que
apresenta a atualização do parque gerador do Brasil até o dia
31 de dezembro do ano passado.
No início deste mês, o presidente da Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmou que a projeção é de crescimento de cerca
de 4,5% no consumo de energia
no Brasil este ano, contra aumento de 3,4% registrado no ano
passado. Segundo ele, a previsão decorre do fato de a economia brasileira estar retomando o
crescimento. “Então, deve crescer o consumo”, disse. ■ ABr
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 9
Liliana Espinoza/Reuters
SAÚDE
CHUVAS
Índice de mortalidade materna de 2011
pode ser o menor dos últimos dez anos
Nível do Rio Acre subiu um centímetro
a cada três horas nos últimos dias
Foram registradas 705 mortes maternas no primeiro semestre de 2011,
ante 870 em igual período de 2010, uma queda de 19%, segundo o
Ministério da Saúde. O cálculo de 2011 ainda está em fase de conclusão.
O governo prevê para 2011 a maior queda da mortalidade materna dos
últimos dez anos. De 1990 a 2010, a taxa de mortalidade materna no
Brasil caiu de 141 para 68 mulheres para 100 mil nascidos vivos. ABr
O nível do Rio Acre subiu um centímetro a cada três horas nos últimos
dias, atingindo 17,48 metros. É a segunda maior cheia registrada desde
1997, mas é o maior desastre enfrentado pelo estado em termos de
população afetada. No total, nove municípios decretaram situação
de emergência. A tendência é que o nível do Rio Acre continue a subir
de maneira gradual, especialmente na capital, Rio Branco. ABr
Indústria vive momento de cautela
Sondagem da FGV mostra que o índice que mede o otimismo dos empresários do setor ficou estável em fevereiro
Henrique Manreza
O nível de confiança da indústria registrou estabilidade em fevereiro, segundo informações
preliminares divulgadas ontem
pela Fundação Getulio Vargas
(FGV). O Índice de Confiança
da Indústria (ICI) marcou 102,3
pontos neste mês — inalterado
quando comparado com o número final de janeiro.
Essa pontuação, que mostra o
nível de otimismo dos empresários do setor da indústria de
transformação, é inferior à média histórica desde 2003, de
103,8 pontos. Em fevereiro do
ano passado, o índice havia alcançado 112,5 pontos, depois de
registrar 112,8 pontos em janeiro de 2010.
O Índice de
Confiança da
Indústria (ICI)
marcou 102,3
pontos neste mês —
inalterado quando
comparado com
o número final
de janeiro
Entre os componentes, o Índice da Situação Atual (ISA) avançou 0,6%, apontando crescimento pelo terceiro mês seguido, para 103,6 pontos.
Já o Índice de Expectativas (IE)
caiu 0,6%, para 101,1 pontos.
Enquanto isso, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada
(Nuci) ficou estável em 83,7%
na prévia de fevereiro, patamar
superior à média histórica desde 2003, de 83,3%.
Para a prévia dos resultados
da Sondagem da Indústria foram consultadas 805 empresas
entre os dias 1º e 17 deste mês.
O resultado final da pesquisa
será divulgado no dia 29 de fevereiro. ■ Redação
Já as expectativas
dos industriais com
o futuro pioraram
QUEM GERA EMPREGOS E OPORTUNIDADES
TAMBÉM CONTRIBUI PARA UM PAÍS MAIOR
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10 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
BRASIL
André Az/O Dia
COPA DE 2014
TURISMO
Comissão especial da Câmara vota Lei Geral
do Mundial na terça-feira da próxima semana
Transatlânticos devem movimentar
US$ 26 milhões na economia carioca
As discussões e votação do parecer do relator, deputado Vicente
Cândido, (PT-SP), ao Projeto de Lei Geral da Copa do Mundo de 2014, na
comissão especial criada para analisar a proposta do governo, estão
previstas para a próxima terça-feira (28), às 14h30, depois de terem
sido adiadas no dia 14. As maiores divergências são sobre a
meia-entrada para estudantes e idosos e venda de bebida alcoólica. ABr
Até domingo (26), 37 transatlânticos devem passar pela capital
fluminense trazendo 86 mil visitantes e movimentando cerca de
US$ 26 milhões na economia carioca. De acordo com a Riotur (Empresa
de Turismo do Município do Rio de Janeiro), este é o recorde de
embarcações aportadas no Píer Mauá. Entre sábado (18) e terça-feira
(21), data oficial do carnaval, 22 navios atracaram no porto. ABr
Importação e economia em alta
elevam rombo nas contas externas
Déficit acumulado em 12 meses chega a US$ 54 bilhões. Só em janeiro, ele somou US$ 7 bi, diz Banco Central
Elza Fiuza/ABr
Gustavo Machado
[email protected]
O crescimento da economia brasileira, comemorado pelo governo e pela própria sociedade,
traz com ele uma realidade nem
tão positiva assim: a piora nas
contas externas. Segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central, em janeiro, o Brasil
teve um déficit de US$ 7,085 bilhões — o pior na série histórica, iniciada em 1980. Em doze
meses, o rombo acumulado chega a US$ 54,1 bilhões — havia sido de US$ 52,6 bilhões no mês
anterior. O saldo em transações
correntes contabiliza todas as
operações do Brasil com o exterior, das operações comerciais
às trocas de serviços e às viagens internacionais.
Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Banco
Central, relativiza o dado com o
resultado da balança comercial.
“Com o crescimento do país, há
uma maior demanda por bens e
serviços”, diz, lembrando que a
queda nas exportações e o aumento das importações estão
entre os responsáveis por esse
resultado. A balança comercial,
por exemplo, teve déficit de
US$ 1,292 bilhão no período puxada, entre outras coisas, pelo
menor preço de commodities
como o minério de ferro.
“
Em outros
“carnavais” já
tivemos déficits
bem maiores
que isso, da ordem
de 4% do Produto
Interno Bruto
Túlio Maciel
Chefe do Departamento
Econômico do Banco Central
“Apesar do dólar mais caro
que o visto há um ano, exportações de outros produtos não
conseguiram se recuperar. A diferença de quase dez centavos
entre as cotações médias de janeiro de 2012 e janeiro de 2011
foi insuficiente para influenciar
a balança, diz o economista Roberto Luis Troster. “Mesmo
com o dólar em R$ 1,76 neste
primeiro mês do ano, as deci-
PROBLEMA À VISTA PARA O BANCO CENTRAL
Projeção da MB Associados prevê déficit em transações
correntes de US$ 74 bilhões ao final do ano. Saldo tem piorado
com crescimento econômico, em US$ bilhões
20,0
11,8
10,0
0
-10,0
-20,0
-30,0
-40,0
-50,0
-60,0
JAN/05
JAN/06
JAN/07
JAN/08
Maciel, do Banco Central:
déficit está em crescendo,
mas já foi maior nos anos 1990
JAN/09
Fonte: Banco Central e Brasil Econômico
*Saldo acumulado em 12 meses das transações correntes
JAN/10
JAN/11
-54,1
JAN/12
sões de compra não mudaram.
Ninguém parou de importar para esperar o dólar baixar. A demanda está muito aquecida. Há
uma defasagem entre variação
do câmbio e importações.”
E as expectativas de expansão da economia elevam ainda
mais as estimativas para o déficit em transações correntes neste ano — que, além da balança
comercial, tem sido muito influenciado pelos gastos de brasileiros no exterior (leia ao lado),
aluguel de equipamentos e compra de serviços lá fora.
Segundo o economista-chefe
da MB Associados, Sérgio Valle,
a tendência de piora nas contas
externas veio para ficar. Para
ele, isso indica a necessidade do
país de usar recursos externos
para crescer. “O resultado para
o ano como um todo deverá ser
pior do que em 2011. Esperamos
um déficit em conta corrente
na casa dos US$ 74 bilhões este
ano. Não conseguimos financiar nosso parco crescimento
com recursos domésticos”, diz.
Com essa perspectiva, Valle
parece torcer para que a crise internacional impeça uma maior
expansão da economia nacional
em 2012. “Se a Europa entrar
em equilíbrio podemos ver uma
piora ainda maior nessa conta
nos próximos anos”, afirma.
“Esse dado (janeiro de 2012) foi
atípico. Não é provável vermos
números tão elevados nas transações correntes nos próximos
meses basicamente porque a balança comercial não deve vir
tão ruim, o que já ficou claro
com o dado até a terceira semana de fevereiro. É provável que
neste mês o déficit em conta corrente caia para algo em torno de
US$ 2,5 bilhões”, afirma Valle.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), a balança comercial de fevereiro, até a
terceira semana, está com superávit de US$ 1,72 bilhão. No
ano, no entanto, o saldo está positivo em US$ 429 milhões.
Balanço de pagamentos
Na conta geral do balanço de pagamentos, que inclui as transações correntes e a conta capital
e financeira, o mês de janeiro fechou com superávit de US$ 363
milhões. O saldo foi salvo pelos
ingressos líquidos de US$ 7,3 bilhões pela conta financeira, resultado da diferença entre investimentos estrangeiros no Brasil
(leia na página 30) e de brasileiros no exterior. ■
CONTA CORRENTE
Déficit em transações
acima de 3% do PIB
alarma economistas
Com a elevação do déficit em
conta corrente em doze meses
para US$ 54,1 bilhões, o rombo
nas contas externas alcança
2,17% do Produto Interno Bruto.
Segundo economistas, o Banco
Central não pode perder de vista
esta relação, importante para a
saúde financeira do país.
No final dos anos 1990, após
enfrentar diversas crises
internacionais, esta razão subiu
para expressivos 4,82% do PIB
em 1999, e contribuiu para
aumentar a desconfiança em
relação a economia brasileira.
Segundo o economista Roberto
Luis Troster, o governo não
precisa se preocupar desde
que o limite de 3% não seja
ultrapassado. No entanto, caso
a projeção da MB Associados
se concretize — de déficit em
transações correntes da ordem
de US$ 74 bilhões ao final do ano
— esta proporção ficará próxima à
temida por Troster. “Além disso,
o déficit influenciará as reservas
internacionais”, diz. G.M.
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 11
Marcela Beltrão
INFLAÇÃO 1
INFLAÇÃO 2
Alimentos em queda ajudam a segurar índice
de preços ao consumidor calculado pela FGV
Custo da construção sobe 0,42% no mês de
fevereiro e desecelera em relação a janeiro
Os itens alimentícios ajudaram a frear a velocidade de alta do Índice
de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), medido pelo Instituto
Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A taxa passou de 0,3% para 0,27%, na terceira prévia deste mês.
Os alimentos apresentaram queda de 0,09%, puxada pelas hortaliças e
legumes — que saíram de uma alta de 0,66% para queda 2,75%. ABr
O Índice Nacional de Custo da Construção-M (INCC-M) apresentou alta
de 0,42% em fevereiro, mas ficou abaixo do resultado do mês anterior,
de 0,67%, segundo dados da FGV. No ano, o aumento chega a 1,09%.
O índice referente à mão de obra desacelerou, passando de 0,98%
em janeiro para 0,43% em fevereiro. Já o índice relativo a Materiais,
Equipamentos e Serviços aumentou de 0,35% para 0,40%. Redação
Jerome Favre/Bloomberg
Para Brasil, novo
aporte ao FMI não
será definido agora
Ajuda ao Fundo é tema de
encontro de ministros do G-20
que começa hoje, no México
Viva o shopping:
melhora da economia
estimula compras e
viagens ao exterior
Brasileiros deixam
US$ 2 bi no exterior
Melhora da renda do trabalhador, valorização do câmbio e mês de férias
escolares determinaram o resultado expressivo dos gastos em janeiro
Cristina Ribeiro de Carvalho
[email protected]
Os gastos dos brasileiros no exterior subiram 12,3% em janeiro
deste ano, somando US$ 1,99 bilhão quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Esse é o maior patamar dos últimos seis meses, segundo divulgou ontem o Banco Central. Para fazer essa conta, um dos itens
considerado pelo BC é o total de
gastos com cartão de crédito no
exterior, que somou US$ 1,206
bilhão em janeiro.
Economistas ouvidos pelo
BRASIL ECONÔMICO apontam que a
melhora interna da renda do trabalhador, a valorização do câmbio e o período de férias escolares foram fatores que influenciaram esse resultado, levando os
brasileiros a uma procura maior
por destinos internacionais.
“Muitos países estão oferecendo produtos e serviços a preços
mais baixos por conta ainda dos
riscos incidentes dos problemas
econômicos mundiais. Isso favorece um cenário mais atrativo
aos gastos dos brasileiros no exterior”, observa o economista
do Ibmec, Eduardo Coutinho.
Por conta disso, os custos
com passagem aérea e hospeda-
Muitos países estão
oferecendo produtos
e serviços a preços
mais baixos para
driblar os efeitos
da crise econômica
mundial. Isso
cria um cenário
internacional
mais atrativo aos
gastos com
viagens ao exterior
gem ficam mais baratos para os
brasileiros. “A tendência é que
este cenário se mantenha para
os próximos meses, em virtude
também do aumento da classe
média”, aponta Coutinho.
Em busca dos brasileiros
Essa aposta pode ser confirmada
com a decisão do governo americano de acelerar a liberação de
vistos para os brasileiros— ação
estimulada nos últimos meses pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. “Essa agilidade de acesso ao visto americano ainda não começou a ser vista, mas é algo que começaremos
a observar em breve. Isso pode
também acabar por estimular
uma participação maior dos brasileiros no mercado externo”,
diz o economista da Tendências
Consultoria, Bruno Lavieri.
O economista da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), Samy Dana, aponta a falta de competitividade interna também como
um dos fatores a colaborar com
esse resultado. “O brasileiro encontra um leque maior de opções para viajar, por exemplo,
para Nova York — já que existem diversas companhias aéreas que cobrem esse trecho —
enquanto que para destinos nacionais, as opções são mais limitadas pelo fato de o país ter um
número menor de empresas aéreas. Além disso, o financiamento das passagens para o exterior
acaba sendo mais facilitado.”
Para o economista, há falta
de ações de investimentos do
governo para estimular esse setor. “Temos aqui abuso de preços causado, justamente, pela
falta de concorrência. Isso precisa ser revisto. O governo precisa interferir no câmbio, estimular a concorrência”, diz Dana,
argumentando que essa falta pode levar o turismo brasileiro a
obter prejuízos expressivos. ■
O Brasil acredita que um aporte
de recursos no Fundo Monetário Internacional (FMI) por parte dos demais países emergentes não será decidida na reunião
de ministros da Fazenda e presidentes do Banco Central dos países do G20, que começa hoje,
no México. O motivo seria o fato de a própria Europa ter adiado para março a resolução sobre quanto os países europeus
— boa parte deles em crise —
destinariam ao Fundo.
O fato de a Europa ter deixado para março “anula a opção
de já haver uma decisão final, isso deve ser discutido em abril”,
afirmou um representante do
governo ontem à Reuters. A crise europeia irá dominar as conversas durante o encontro, que
acontece na Cidade do México
durante o final de semana.
O Brasil concorda que há
uma demora na decisão sobre a
ajuda aos países europeus, mas
a contrapartida dos emergentes
só pode ocorrer depois que a Europa defina formas de elevar os
aportes ao FMI.
O ministro da
Fazenda, Guido
Mantega, e o
presidente do Banco
Central, Alexandre
Tombini, estarão
no encontro.
Mantega terá agenda
paralela com o
ministro das finanças
da Alemanha
A Europa analisa a possibilidade de combinar o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, na sigla em inglês), hoje com ¤ 500 bilhões
com o Mecanismo Europeu de
Estabilização Financeira (ESM,
na sigla em inglês), para criar
uma barreira de proteção de
¤750 bilhões. A decisão foi marcada para uma cúpula no início
de março. ■ Reuters
América Latina e Brics querem
crédito especial a emergentes
Banco do Sul, apoiado pelo
Brasil, está entre as propostas
para compensar “vácuo” do FMI
Os países emergentes, diante
do impasse sobre o futuro de instituições como Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco
Mundial começam a se articular
para criar mecanismos próprios
de financiamento. Na América
do Sul crescem as discussões sobre a possibilidade de parte das
reservas internacionais serem
usadas para a criação de um fundo emergencial de liquidez nos
moldes do próprio FMI e que teria a função de apoiar governos
com falta de recursos.
Brasil e a Argentina, líderes
do G-20 na América do Sul, estão entre os governos que se
comprometeram a contribuir
com US$ 20 bilhões para o Banco do Sul, instituição cuja criação foi proposta pelo presidente
da Venezuela, Hugo Chávez,
em 2006, com o objetivo de financiar projetos de integração
de infraestrutura na região.
Ontem, às vésperas da reunião do G-20, a Índia propôs a
criação de um banco de desenvolvimento no âmbito do BRIC.
Ele serviria como porto seguro
já que hoje faltam linhas de financiamento aos emergentes
pelos organismos tradicionais
devido, especialmente, à crise
nas nações desenvolvidas. O tema proposto pela Índia será discutido na cúpula dos BRICs que
será realizada em março, em Nova Délhi. ■ Bloomberg
12 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
INOVAÇÃO & TECNOLOGIA
SEGUNDA-FEIRA
TERÇA-FEIRA
ECONOMIA CRIATIVA
EMPREENDEDORISMO
Editor executivo: Gabriel de Sales [email protected]
Fotos: Divulgação
Luis Minoru Shibata: qualquer
funcionário pode comentar e
apoiar ideias. O objetivo é ajudar a
fomentar a inovação na empresa
“Mural de ideias” mobiliza as
equipes da PromonLogicalis
Destaque é rede social interna que permite aos cerca de 530 funcionários compartilhar e votar em propostas
Fabiana Monte
[email protected]
Há cerca de três meses, a PromonLogicalis, integradora de soluções de tecnologia e comunicação que faz parte do grupo Promon, tirou do papel seu programa
de inovação. O projeto, que começou a
ser planejado há dois anos, teve início na
prática em maio de 2011 e entrou no ar
em novembro, com o lançamento de um
portal interno com três ferramentas de
interação e compartilhamento de informações. “Provavelmente, ao longo dos
anos várias ideias inovadoras surgiram,
mas não ficaram documentadas. Esse
processo acontecia na informalidade.
Com o portal, conseguiremos potencializar isso e também reconhecer as pessoas”, afirma Luis Minoru Shibata, diretor de consultoria da empresa.
“Facebook” interno
O principal pilar do programa é um portal interno, cujo desenvolvimento consumiu cerca de R$ 150 mil, sem contar custos com mão-de-obra, pois a própria
equipe da PromonLogicalis trabalhou no
projeto. Ao todo, 16 funcionários atuaram no desenvolvimento do portal, cujo
destaque é uma ferramenta que funciona
como um Facebook corporativo. Tratase do “mural de ideias”. “Qualquer funcionário pode inserir ideias, apoiar, ‘desapoiar’ e comentar as sugestões posta-
“
Provavelmente ao longo
dos anos, várias ideias
inovadoras surgiram e
foram colocadas em
prática. Mas não foram
documentadas. Nossa
ideia não é burocratizar,
é potencializar isso
Luis Minoru Shibata
Diretor de consultoria da PromonLogicalis
das. Isso ajuda a fomentar a inovação na
empresa”, diz Shibata.
Além disso, diretores podem patrocinar ideias, o que significa que elas serão
avaliadas para uma possível implantação. O patrocínio de diretores, bem como o número de comentários e de apoios
de funcionários somam pontos, criando
uma espécie de ranking de ideias. As que
obtiverem maior pontuação são avaliadas trimestralmente pelo comitê de inovação da PromonLogicalis, que escolhe a
melhor ideia do período.
Além de ver sua sugestão colocada em
prática, o vencedor recebe um prêmio
em dinheiro para ser gasto com cursos.
Se o treinamento for relacionado ao ne-
gócio da PromonLogicalis, o valor dobra. “Mas a maior premiação é a visibilidade que a pessoa ganha”, avalia Shibata. Ele não informa o valor do prêmio,
mas diz que o montante deve aumentar.
Tanto ideias quanto comentários são
publicados anonimamente, para evitar
que as pessoas fiquem inibidas ou sejam
incentivadas a apoiar as sugestões em
função do cargo do autor. Apenas o comitê de inovação da PromonLogicalis consegue identificar os autores.
Desde que o “mural de ideias” entrou
no ar, foram publicadas cerca de 130
ideias, que receberam mais de 1400 votos e 270 comentários. E cerca de 220 pessoas usaram a ferramenta. “Há ideias das
mais táticas às mais estratégicas. No primeiro momento, não estamos estimulando ou filtrando um tipo de ideia, mas se
percebermos que precisamos inovar
mais em determinada área, vamos criar
um prêmio interno para ideias nesta direção”, conta Shibata.
As duas outras ferramentas do portal
são “lições aprendidas” e “registro de
inovação”. A primeira é uma área do portal que permite o compartilhamento de
situações do dia a dia da empresa e soluções adotadas. “A inovação ocorre não
só por conta de ideias, mas também em
função de algo que não está sendo bem
feito”, observa Minoru. Se a solução usada for inovadora, é incluída no “registro
de inovação”. ■
PORTAL DA INOVAÇÃO
Ferramenta no ar há cerca de três meses
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 13
QUARTA-FEIRA
QUINTA-FEIRA
EDUCAÇÃO/GESTÃO
SUSTENTABILIDADE
Canon cresce de
carona nas patentes
FELIPE SCHERER
Sócio-fundador da Innoscience,
professor da ESPM-Sul
e autor do livro Gestão
da Inovação na Prática
Fabricante japonesa de câmeras e impressoras contabiliza 2.821 registros em
2011 e atinge terceira posição global em registros, atrás da IBM e Samsung
Thais Moreira
[email protected]
O legado da Canon
para câmeras está
fundamentado na
tecnologia própria
de estabilização de
imagem, capacidade
avançada de zoom
e a praticidade
de produtos
Para sobreviver à competitividade do mercado mundial de fotografias, a Canon ampliou os investimentos em pesquisa e desenvolvimento em todos os segmentos em que atua. Em 2010,
8,5% do faturamento global de
US$ 45 bilhões da companhia japonesa foram destinados à área
de inovação. Em 2011, esse total
foi de 8,7%, o que colaborou para a companhia encerrar o ano
com 2821 patentes e subir do
quarto para o terceiro posto no
ranking do Patent and Trademark Office dos Estados Unidos,
que mostra as empresas que registram mais patentes.
RANKING DA INOVAÇÃO
“Nosso foco é reforçar o trabalho de produtos em linha e inEmpresas que mais registraram
crementar com a construção de
patentes em 2011
novas tecnologias e diferenciação em todas as áreas de atua-7500
ção. Exemplos disso são as câmeras mais finas, leves e de co6.180
res diferentes”, afirma Luciano
Quidicomo Neto, gerente sê4.894
nior de revenda, distribuição e 5000
varejo da empresa no Brasil.
Segundo o executivo, o “legado” da Canon está fundamen2.821
tado na tecnologia própria de
2500
estabilização de imagem, capacidade avançada de zoom e a
praticidade de produtos. Os
produtos de consumo, que se
resumem em câmeras, filmado- 0
IBM
SAMSUNG
CANON
ras, impressoras e scanners, reFonte: Patent and Trademark Office
presentaram nada menos que
37% das vendas globais da Canon no ano passado.
Luciano credita o destaque a
produtos como a câmera EOS 5D
Mark II SLR, lançada no início do
ano passado é uma das apostas
da marca para a fotografia, por
ter qualidade de alta resolução.
Outro destaque na Canon foi
o Sistema EOS de Cinema lançado em novembro de 2011 em
Hollywood. Segundo a empresa, o dispositivo pode capturar
de imagens em movimento, e
foi projetado para atender as necessidades de profissionais da
indústria do cinema. “O sistema colabora com cineastas de
qualquer produção, seja grande, média ou pequena, no local
ou no estúdio”, diz Neto. Segundo a empresa, o produto ainda
não tem previsão do lançamento no território brasileiro.
Participação brasileira
Apesar da presença em cerca de
200 países e mais de 100 mil funcionários, a marca registrada
Canon ainda tem tímida participação no país. A operação brasileira está focada apenas na distribuição das linhas de consumo como câmeras digitais, filmadoras e impressoras de uso
pessoal, que são comercializadas por distribuidores exclusivos como a Opeco e Elgin. Segundo Neto, o plano é ampliar a
presença no país com outros
produtos de todas as áreas de
atuação da empresa. ■
Goh Seng Chong/Bloomberg
Empresa investe
mais de 8% do
faturamento
global em P&D
Napoleão Bonaparte,
o pai da inovação
As primeiras histórias de inovação aberta não são recentes, remontam dos tempos de Napoleão. Ele foi um dos
pioneiros a lançar um torneio para encontrar uma solução
para conservar alimentos para as tropas durante as longas
marchas do inverno europeu. Motivado pelo chamado da
pátria, um confeiteiro e chefe francês idealizou e desenvolveu a técnica que deu origem às comidas enlatadas. Por
sua contribuição, recebeu 12 mil francos de recompensa.
A busca da inovação extrapolou os limites físicos e
geográficos de uma empresa. A necessidade de ampliar
a produtividade da inovação tem ensejado companhias
de diferentes portes e setores a obterem auxílio externo
para inovar. As diferentes fases da cadeia de valor da
inovação podem ser alavancadas com o aproveitamento de competências disponíveis em outras empresas,
profissionais liberais, institutos de pesquisa, academia
e clientes. Muito se fala de inovação aberta, co-criação,
crowdsourcing, inovação em rede, etc. Mesmo assim, o
número de empresas que consegue efetivamente utilizar essas práticas para inovar ainda é restrito.
Separei quatro fatores que considero críticos para fazer essas iniciativas funcionarem. O primeiro é
direcionamento. As
Quatro fatores são
campanhas de inovacríticos para fazer
ção aberta precisam ter
com que iniciativas um direcionamento
bem definido, ou seja,
de inovação
que tipo de colaboração
funcionem:
queremos e para quê. É
direcionamento,
a chamada estratégia
de inovação. Queremos
público,
que nos ajudem a inorecompensa e
var em quê? Isso serve
manter ou não
para mobilizar as pessoas em prol do objetio canal aberto
vo desejado.
continuamente
O segundo é: torneio
ou contínuo? Essa é
uma decisão fundamental. Vamos deixar o canal aberto permanentemente ou serão torneios específicos, com começo e fim definidos. A
P&G, com o Connect &Develop, mantém o canal permanentemente aberto, incluindo desafios, que são retirados quando as soluções desejadas são encontradas. Outras empresas, como a Pepsico, com o Faça-me um Sabor do Ruffles, realizou um torneio. A escolha passa por
uma questão simples: por quanto tempo temos como
manter mobilizados os públicos-alvo das campanhas?
Públicos são a terceira questão: a seleção das fontes
mais adequadas para cada empresa depende de seus objetivos com a inovação, sua cultura de relacionamento
com os envolvidos e o nível de maturidade dos mesmos. Os clientes têm sido a fonte mais comum de inovação para as empresas como parte do desenvolvimento
de produtos, geração de novas ideias e sugestões. Outras iniciativas envolvem universidades, fornecedores
e inventores independentes. Um estudo recente de
mais de 150 desafios realizados no portal de inovação
aberta Innocentive mostrou que, ao contrário do senso
comum, a maioria das soluções vencedoras veio de pessoas que não estavam diretamente ligadas à área do desafio. Isso mostra a importância de ir além das fontes óbvias e buscar quem possa pensar de forma criativa.
O quarto aspecto são as recompensas. Criar mecanismos de reconhecimento ou recompensa para fomentar a
participação é fundamental para criar um fluxo contínuo
de ideias. Essa simbologia serve como motivação para
quem busca o “prêmio”, mas também dá um ar de seriedade ao desafio, reforçando o estímulo para que se coloque tempo e recursos na busca pela melhor solução. ■
14 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012
ENCONTRO DE CONTAS
MARCADO
● No próximo domingo, a cerveja Heineken faz em São Paulo
a primeira festa da marca no Brasil. A Oscar Party 2012 será
no Cine Joia, casa noturna instalada em um antigo tradicional
cinema de rua no bairro Liberdade, na capital paulista.
● No dia 1, a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira promove palestra
com Marcos Jank, presidente da Única, sobre etanol e açúcar.
● Nos dias 7 e 8 de março, a Coan Consultoria realiza em Ribeirão Preto
(SP) o maior encontro brasileiro sobre confinamento de bovinos.
LURDETE ERTEL
[email protected]
Jair Lanes
Fotos: Divulgação
Campeã de audiência
GIRO RÁPIDO
Ivete Sangalo voltou a
mostrar bala na agulha
com a mídia neste carnaval.
A cantora foi a artista com
maior exposição na cobertura
da TV da folia de Salvador
(BA), com mais de 19 horas
de aparição na telinha.
O levantamento da MidiaClip
foi realizado entre os dias
16 e 21 de fevereiro e mostrou
também que Neymar foi a
celebridade vip que mais
repercutiu na mídia.
Luxo com toque nacional
É com um produto criado
especialmente para o Brasil
que a marca italiana Gucci abre
amanhã sua terceira loja no país.
A coleção cápsula Pantanal (foto)
vai estar à venda apenas na nova
unidade que será inaugurada no
Shopping Cidade Jardim.
Asa branca
Cifras & cifrões
O cantor e compositor
sertanejo Sorocaba, da dupla
Fernando & Sorocaba,
foi o grande campeão em
arrecadação do Ecad em 2011.
Mas apesar de ter faturado R$ 50
milhões em direitos autorais no
ano passado, Fernando Fakri de
Assis, nome verdadeiro do astro,
ainda mora com os pais,
conforme revelou à GQ Brasil,
que publicará um ensaio com o
sertanejo na edição de março.
— É bacana estar sempre
enriquecendo a sua música,
mas não tenho este perfil
de pirar o cabeção — diz
Sorocaba, 31 anos, considerado
o precursor do chamado
sertanejo universitário.
A Bahia foi alvoroçada ontem pelos rumores de que uma
fábrica de aviões está em vias de aterrissar no interior baiano.
Segundo arapongas, tratar-se-ia de uma empresa de capital 100%
brasileiro que pretende produzir no Estado pequenos aviões para
transporte de passageiros, com capacidade para até 14 pessoas.
Fala-se de investimento de R$ 120 milhões, de olho da demanda
de aeronaves para atender a aviação regional.
Gás nas prateleiras
Criada no Brasil no ano passado,
a rede Coca-Cola Clothing acaba
de desembarcar no Nordeste.
A primeira loja da marca na
região foi inaugurada dias atrás
no Shopping Center Recife,
na capital de Pernambuco.
A unidade é a quarta no Brasil:
a rede criada pela catarinense
AMC Têxtil tem unidades ainda
em Porto Alegre, Rio e São Paulo.
A Coca-Cola Clothing é o segundo
licenciamento da marca de bebida
ligado à moda (o primeiro foi
concedido à Dolce & Gabbana).
Por enquanto, só existe no Brasil.
Sinal para zarpagem
Sete empresas aguardam a
decisão final da concorrência
pública para a construção do
terminal marítimo de passageiros
de Salvador (BA). As propostas
foram abertas no fim de janeiro.
Conforme edital da Companhia de
Docas do Estado da Bahia
(Codeba), a obra deve ficar
pronta até maio de 2013.
O terminal portuário deverá ser
construído no bairro Comércio.
A obra tem R$ 36 milhões
garantidos do PAC da Copa.
Subindo
Pernambuco vai ganhar mais
um supermercado da bandeira
Pão de Açúcar — marca que ainda
tem presença modesta no Estado.
A nova loja será construída
em Piedade, na região
metropolitana de Recife.
O grupo tem apenas outras
duas unidades da rede
Pão de Açucar no Estado.
Básica
Mais lugar ao sol
Festa atropelada
O trágico acidente de trem em
Buenos Aires na quarta-feira
ofuscou a festa de confirmação
oficial das Cataratas do Iguaçu
como uma das Novas Sete
Maravilhas da Natureza.
O anúncio foi feito pela
fundação suíça New 7 Wonders,
responsável pelo concurso, na
Embaixada do Brasil em Buenos
Aires, no dia do acidente.
O resultado será agora
comemorado com uma grande
festa popular em Foz do Iguaçu
no dia 25 de maio e, no dia
seguinte, em Puerto Iguazú.
As Cataratas não são as únicas
novas maravilhas brasileiras da
lista: a Amazônia também ficou
entre as sete eleitas no mundo.
A MPX entrou com pedido na Superintendência Estadual do Meio
Ambiente do Ceará (Semace) para ampliar a licença ambiental da Usina
de Energia Solar de Tauá, único empreendimento do gênero no Brasil.
A empresa solicitou a ampliação da capacidade para 50 MW.
Parte do Grupo EBX, do bilionário Eike Batista, o empreendimento
entrou em operação em 2011 com 1 MW na primeira fase, anunciando
logo depois sua expansão para 2 MW, em dobradinha com a GE.
Além de aprovação ambiental, a empresa aguarda decisão do
Ministério de Minas e Energia, que estuda possíveis incentivos
fiscais para a produção de energia solar no Brasil.
Deborah Secco será a
garota-propaganda da coleção
de outono 2012 da Hering.
As fotos foram feitas pelo
fotógrafo Gui Paganini no estúdio
Bob Wolfenson, em São Paulo.
FRASE
Patente
“É uma mentira
completa que o
governo sírio está
atacando terroristas.
O Exército está
simplesmente
bombardeando
uma cidade cheia
de civis famintos”
Marie Colvin, jornalista morta
em uma explosão na Síria, em
seu último depoimento à CNN.
O escritório Momsen, Leonardos
& Cia, especializado em marcas
e patentes, registrou uma alta
de 17% nos pedidos de registro
de marcas no Inpi em 2011.
Os destaques do ano ficaram
para os serviços de transportes —
sobretudo aéreos, de turismo
e de organização de viagens,
com elavação de 71%.
Seguiram serviços médicos e
veterinários, higiene e beleza
(+70%), construção civil (+64%)
e produtos de metalurgia (+52%).
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 15
SE SUA EMPRESA
GOSTA DE CRESCER,
AUMENTE O ALCANCE
DE SUA COMUNICAÇÃO
CORPORATIVA.
PUBLIQUE SEU
BALANÇO NO
BRASIL ECONÔMICO.
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16 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
EMPRESAS
Editora: Eliane Sobral [email protected]
Subeditora: Estela Silva [email protected]
Patrícia Nakamura [email protected]
Murillo Constantino
Lupatech ganha
segunda chance
do mercado
Alexandre Monteiro,
CEO da Lupatech: promessas
vem garantindo simpatia
Empresa fechou o ano à beira da solvência,mas já anima setor
financeiro com recuperação do valor das ações em quase 50%
Regiane de Oliveira
[email protected]
Para quem tem uma dívida de
R$ 1,3 bilhão, um empréstimo
de R$ 15 milhões parece nada. E
não é mesmo, mas a liberação,
por parte do Itaú, desse montante para a Lupatech parece ter dado novo ânimo aos assombrados
investidores da empresa. No ano
passado, a Lupatech viu suas
ações encerrarem com uma vertiginosa queda de 76,9%. O desempenho da companhia tem
deixado até os analistas mais tarimbados de orelha em pé.
Ninguém sabe explicar muito
bem o que se passa com a Lupatech - cuja área de atuação é
uma das mais aquecidas do
país. A Lupatech é fornecedora
de produtos e serviços para empresas de petróleo e gás. Apesar
do endividamento - R$ 1,3 bilhão até o terceiro trimestre de
2011 -, a empresa dá sinais de
que volta a respirar e parece, terá uma segunda chance em
2012 - até agora seus papeis valorizaram 45,3%.
Segundo analistas ouvidos pelo BRASIL ECONÔMICO, várias pequenas ações, e também especu-
AÇÕES DA LUPATECH
Dois meses de recuperação,
cotações no fechamento, em R$
22,0
19,28
2011
16,5
11,0
4,45
5,5
0,0
30/DEZ/2010 1/JUN/11
29/DEZ
7,00
2012
6,48
6,25
55,50
44,75
4,56
44,00
2/JAN/12
2/FEV
23/FEV
Fontes: Economatica, BM&FBovespa
e Brasil Econômico
lações, “justificam mas não explicam” todo esse otimismo. “A
Lupatech está tecnicamente
quebrada há dois anos, e não temos nenhum fato novo além
das promessas de garantia dos
acionistas Petros e BNDESPar”,
afirma um analista. O fundo de
pensão tem participação de
15% o BNDESPar, braço de investimentos do BNDES, tem outros 11,5% na Lupatech.
No entanto, qualquer fato novo tem sido motivo para os papeis da empresa serem bem recebidos. A mais recente dose de
otimismo foi o empréstimo de
R$ 15 milhões anunciado ontem. Segundo comunicado divulgado pela própria empresa,
o empréstimo terá o custo de
CDI acrescido de taxa de juros
de 5,5% ao ano, a serem pagos
no vencimento, em abril. A garantia é um contrato firmado
entre a Lupatech e a Petrobras.
O valor do empréstimo não é
alto, mas soma-se a uma série
de outras estratégias que prometem dar fôlego a Lupatech. Dentre elas, está o acordo que permitirá uma aporte de até R$ 700
milhões, além da entrada da GP
Investments como sócio da com-
panhia. E ainda a incorporação
da San Antonio Brasil, também
com atuação na área de petróleo
e gás. O negócio ainda está em
fase de due diligence, e prevê
um aumento de capital da ordem de R$ 300 milhões na empresa, que será feito pelas acionistas BNDESPar e Petros, totalizando R$ 300 milhões.
“Há a possibilidade de venda, com a entrada de outro sócio”, diz uma fonte. Um fato é
claro, não é de interesse de ninguém que a Lupatech quebre, especialmente do mercado de pe-
tróleo e gás. Segundo analistas,
um dos motivos dos problemas
da empresa é o fato de ela ter feito várias aquisições no passado
tendo em vista o aquecimento
do mercado. Vários projetos ainda não avançaram como deveriam, deixando a Lupatech muito dependente da Petrobras. “A
Lupatech é uma empresa que vive de promessas. Mas se ela quebrar agora, com a falta de fornecedores e tecnologia que temos,
o potencial de crescimento desse mercado será reduzido”, explica o analista. ■
Techint busca verba para pagar por Usiminas
Crédito de US$ 1,05 bilhão deve
ser concedido para as
subsidiárias Confab e Ternium
O Techint Group está tentando
levantar US$ 1,05 bilhão por
meio de dois empréstimos sindicalizados para financiar a compra uma fatia da Usiminas, de
acordo com duas fontes ouvidas
pela Bloomberg. O negócio deve ser realizado por meio de
suas subisidiárias Confab Industrial e Ternium.
A Confab, fabricante brasileira de tubos de aço controlada
pela Tenaris, que por sua vez é
subsidiária da Techint, contra-
tou o HSBC Holdings para liderar empréstimo de US$ 350 milhões com prazo de cinco anos,
disseram as fontes. O processo
de distribuição do empréstimo
ainda não foi concluído.
Consórcio de bancos
Já Ternium, a segunda maior fabricante de aço da América Latina, contratou o HSBC, o Banco Santander, o JPMorgan Chase & Co, o Citigroup e o Crédit
Agricole para liderar um empréstimo de US$ 700 milhões,
segundo as fontes. Esse financiamento também terá vencimento em cinco anos.
Grupo vai
desembolsar
US$ 2,7 bilhões
para adquirir
27,7% do capital
votante da
siderúrgica mineira
O resto dos US$ 2,7 bilhões
necessários para a aquisição da
participação na Usiminas virá
do caixa das diversas companhias envolvidas.
A Techint disse em novembro no ano passado que concordou em pagar R$ 5,03 bilhões
(US$ 2,7 bilhões) pela participação de 27,7% no capital votante
da Usiminas, a segunda maior
produtora de aço do Brasil. O
bloco de controle, que inclui a
Nippon Steel Corp., terá 63,9%
das ações ordinárias.
Desde o anúncio, a Techint
comprou da Camargo Corrêa,
do fundo de pensão dos funcio-
nários da Usiminas e do Grupo
Votorantim um total de 139,7
milhões de ações ordinárias da
Usiminas. Para tanto, a empresa utilizou caixa próprio e um
empréstimo - ponte do Banco
BTG Pactual, assessor da Ternium e da Confab na aquisição.
Agora esse crédito será refinanciado com os dois empréstimos
sindicalizados que as empresas
estão negociando.
Gustavo Pernalete, portavoz da Ternium em San Nicolas,
na Argentina, não quis comentar o assunto. A Confab não respondeu e-mail da reportagem. ■ Bloomberg
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 17
Antonio Milena
Ericsson mostra avanço dos celulares
Estudo recém-saído do forno da Ericsson mostra que 60%
dos terráqueos possuem um telefone celular. Em números
absolutos são 4 bilhões de pessoas. A perspectiva, segundo
o estudo da Ericsson, é que em 2016, 85% da população
do globo tenha um aparelho para chamar de seu. Só no quarto
trimestre de 2011, cerca de 180 milhões de pessoas (quase um
Brasil inteiro) passaram a assinar algum serviço de telefonia móvel.
Dívida da Busscar é revisada para
cima e chega a R$ 1,4 bilhão
Alteração mais significativa ocorreu nos valores devidos a familiares, que venderam participação em 2002
Érica Polo
[email protected]
Mais um capítulo da novela da
fabricante de carrocerias Busscar Ônibus, de Joinville (SC),
que pediu recuperação judicial
em novembro passado, tornouse público ontem. O administrador judicial do processo e representante da Justiça, o contador
Rainoldo Uessler, revisou para
cima os valores apresentados
pela companhia como devidos a
uma lista de 6,8 mil credores entre eles, três familiares, tios
de Claudio Nielson, presidente
e atual dono da companhia.
Enquanto a Busscar afirma
dever R$ 622 milhões a bancos,
fornecedores e trabalhadores,
Uessler, após conferir documentos e processos, chegou à conclusão que a cifra atinge R$ 869
milhões. O valor, somado a débitos tributários que chegam a
R$ 580 milhões, totaliza então,
“
Revisamos o valor
sujeito à recuperação,
sem contar o
tributário, e ele chega
a R$ 869 milhões
Rainoldo Uessler
Administrador judicial
R$ 1,4 bilhão - ou R$ 250 milhões a mais que o total apresentado pela Busscar. “Revisamos
apenas o valor sujeito à recuperação, sem contar a parte tributária”, diz o contador.
A publicação da segunda versão da lista de dívidas sofreu
dois atrasos e poderá ser contestada pela empresa e por credores. No entanto, segundo Uessler, se houver discussão, ela
não deve atrasar o próximo passo do processo, que é a realização da assembleia de credores.
Previsto para meados de maio,
o objetivo do encontro será
aprovar, ou não, o plano de recuperação judicial apresentado
pela Busscar em dezembro (ver
matéria abaixo).
Dívida familiar
A alteração mais significativa foi
a dos valores devidos aos familiares que firmaram contrato de
venda de ações para Nielson em
2002. Pelas contas do administrador judicial, os tios de Claudio estão corretos em seu pleito
e a Busscar lhes deve R$ 304 milhões. A empresa, no entanto,
afirmou que essa dívida soma
R$ 16,9 milhões.
A disputa é antiga. Valdir
Nielson, sócio da Prata Participações e Empreendimentos, e o casal Ilonie Nielson e Randolfo Raiter, que constam na lista de credores por meio da RR Empreendimentos e Participações, venderam um lote de ações que
equivalia a 44% do capital da
empresa para Claudio há dez
anos. No entanto, nem 10% da
dívida foi paga e, com o passar
dos anos,sofreu reajustes, segundo o advogado Dicler de Assunção, que já representou os
credores. As complicações tiveram início no mesmo ano em
que o contrato de venda de
ações foi firmado. Em novembro de 2002, ou seja, nove me-
ses depois da assinatura, os controladores já não efetuavam os
pagamentos com regularidade,
informa Assunção. Segundo o
advogado, os sócios majoritários da Busscar alegavam, na
época, que a empresa estava em
dificuldades. “Mas no ano anterior a empresa havia chegado a
produção recorde”, comenta.
De acordo com documento
elaborado pela ERS Consultoria
e Advocacia, que organiza o processo de recuperação judicial
da Busscar, a companhia alcançou recordes produtivos em
2001, quando fabricou 5,2 mil
unidades de ônibus e mantinha
um quadro de cinco mil funcionários. No entanto, os números
não refletiam a realidade do caixa, segundo Euclides Ribeiro Júnior, da ERS. Na época, a empresa trabalhava com capital
de terceiros, houve crise de crédito e a companhia precisou recorrer ao BNDES. ■
A HISTÓRIA DA BUSSCAR
1946
1959
1962
1988
1998
2001
2002
2002 – 12
A companhia
Nielson & Irmão
dá início às
atividades em
SC, com reforma
de ônibus
O grupo passou a
produzir carrocerias
e, nessa época,
a fabricação chegava
a 10 por ano (menos
de uma por mês)
A partir desse ano,
a empresa expandiu
as atividades para fora
do estado ao receber
a primeira encomenda de
uma companhia paulista
A marca Busscar
é lançada e o nome
da empresa
é alterado para
Busscar Ônibus
Harold Nielson, controlador
da companhia, morre
em um acidente de avião;
tem início um período
de desentendimentos
entre familiares e Edson
Andrade, executivo
nomeado para ocupar
a presidência
A empresa alcança
recorde de produção:
5.208 unidades; nesse
ano, houve crise de
crédito e o mercado se
retraiu. Como a Busscar
trabalhava com capital
de terceiros, precisou
recorrer ao BNDES
Familiares firmam
contrato de venda de
ações que equivaliam
a cerca de 44% do
capital para Claudio
Nielson, filho de
Harold e já presidente
da companhia
Ao longo da década,
a companhia acumulou
dívidas da ordem de
R$ 1,4 bi e a produção
não foi suficiente para
quitá-las. Pediu
recuperação judicial
em novembro de 2011
Fontes: ERS Consultoria & Advocacia
e Sindicato dos Mecânicos de Joinville
PROPOSTA
Plano prevê descontos e captação de R$ 100 mi
A Busscar Ônibus apresentou
seu plano de recuperação judicial à Justiça em dezembro.
Para resolver a dívida junto a
6,8 mil credores e voltar a crescer, a companhia sugeriu, entre os principais pontos do documento apresentado à Justiça,
a negociação de descontos de
valores devidos a bancos, fornecedores e funcionários, além
da captação de R$ 100 milhões
por meio da venda de imóveis,
terrenos e novos empréstimos.
Além disso, a empresa, uma
das mais tradicionais do segmento, está disposta a fazer mudanças profundas em sua gestão. Entre elas, aceitar novos sócios na estrutura e criar um conselho consultivo e fiscal. O plano também inclui o recurso cha-
Fabricante recebeu
encomendas,
mas para sindicato
local não se trata
ainda de retomada
de atividades
mado gatilho de incremento de
receita: caso algum fornecedor
continue vendendo a prazo para a companhia, por exemplo,
há a possibilidade de negociar
prazos mais curtos para a devolução do dinheiro devido, além
de descontos.
Enquanto o plano não é aprovado, a empresa não está parada. Fabrica, no momento, uni-
dades encomendadas por duas
companhias de Joinville (SC),
informaram trabalhadores. A
venda de um terreno avaliado
em R$ 7 milhões deve ajudar na
retomada. Essa operação teve
autorização da Justiça. “Não é
uma retomada, o volume é muito baixo”, diz João Brugmann,
presidente do Sindicato de trabalhadores local. ■ E.P.
18 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
EMPRESAS
Adam Berry/Bloomberg
PARCERIAS
TECNOLOGIA
Brasil Insurance e D’Avó oferecem
garantia estendida a eletroeletrônicos
SanDisk inaugura centro de distribuição
em Miami para suprir América Latina
A Brasil Insurance fechou parceria com a rede de supermercados
D’Avó para oferecer garantia estendida para eletroeletrônicos
comprados nas nove lojas da varejista. Com a novidade, os eletrônicos
podem ser reparados sem custos adicionais por um período que
varia entre um e dois anos, depois do término da garantia da fábrica.
A expectativa é de penetração de 23% na venda de eletroeletrônicos.
A SanDisk, que oferece soluções de armazenamento de memórias flash,
inaugurou um centro de distribuição em Miami (EUA). Desde 21 de
fevereiro, todos os pedidos feitos pela América Latina são emitidos
de Miami, para reduzir o período de entrega dos produtos e oferecer
uma logística mais eficiente. Com o centro, a intenção da companhia
é oferecer os produtos no mesmo dia, para pedidos feitos antes de 12h.
Máquina de Vendas
engrena seu e-commerce
Bunge amplia
em R$ 1 bi
investimento
no Brasil
Divisão de comércio eletrônico do grupo varejista cresceu três vezes em 2011
e vai lançar nas próximas semanas o Cipela, site focado na vender calçados
Multinacional do agronegócio
já havia programado
aportes de US$ 2,5 bilhões
no país entre 2011 e 2016
Naiara Bertão
[email protected]
O quarteto formado por Ricardo
Nunes, Luiz Carlos Batista Erivelto Gasquese Richard Saunders, donos da Máquina de Vendas — segunda maior rede varejista do país — parecem felizes
com as incursões no mundo virtual. Nos próximos dias eles lançam a Cipela, site focado na venda de calçados. E não é só. Segundo Marcelo Ribeiro, diretor de
e-commerce do grupo, ao longo
do ano podem ser lançadas até
seis novas lojas com o mesmo
formato — de produtos específicos. Hoje, a rede tem quatro portais: Ricardo Eletro, Insinuante,
City Lar e Eletro Shopping, todos com o ponto com no final.
Nesses portais, diz Ribeiro, haverá incremento com o lançamento de novos departamentos como instrumentos musicais e suplementos e vitaminas.
Apesar de eletrônicos e eletrodomésticos serem ainda as
estrela das vendas virtuais, em
2011 o grupo também passou a
oferecer pela internet perfumes e cosméticos, roupas de cama, mesa e banho, artigos automotivos, produtos para bebês e
natalinos. Em outubro, o grupo
lançou o “Clube do Ricardo”,
site de descontos e, um mês depois, o E-colchão, loja-nicho
especializada em produtos para cama. Não é por acaso que o
e-commerce vem conquistando espaço dentro do grupo. Entre 2010 e 2011 a participação
das vendas online saltou de 5%
para 10% no faturamento total,
de aproximadamente R$ 7 bilhões. A expectativa para este
ano é chegar a 15%.
Dever de casa
Em 2011, o número três perseguiu a divisão e-commerce da
Máquina de Vendas: ela triplicou de tamanho. O centro de
distribuição próprio está três vezes maior, o número de funcionários passou de 150 para 450 e
o faturamento cresceu 200%.
“Batemos a meta de aumentar
em 150% nosso faturamento logo em outubro”, conta Ribeiro.
Rodrigo Capote
“
A Bunge fará investimentos adicionais de R$ 1 bilhão no Brasil e
considera aplicar recursos no setor de óleo de palma, disse o presidente-executivo da multinacional do agronegócio no país,
Pedro Parente. Os investimentos se somam aos US$ 2,5 bilhões, anunciados em 2011, para serem investidos até 2016 na
expansão da capacidade de produção de açúcar, etanol e geração de energia elétrica.
“Tivemos autorização do nosso conselho para aumentar o investimento em outros setores”,
disse Parente após reunião com
a presidente Dilma Rousseff.
“Estamos considerando a possibilidade de fazer investimentos
na área de palma, ou dendê”,
afirmou, sem explicar se a empresa optará por comprar ativos
na indústria ou se começaria algum projeto novo no setor.
Batemos a meta
de crescer 150%
no final do ano
em outubro. No final,
fechamos com 200%
Marcelo Ribeiro
Diferentemente de 2010, quando teve problemas de logística
em novembro, o que acarretou
reclamações e atrasos nas entregas de produtos, a companhia
fez o dever de casa ano passado
e se preparou para o forte crescimento que esperavam.
O grupo aumentou o número
de transportadoras de 16 para
30. O escritório antigo, que abrigava a sede do e-commerce da
Máquina de Vendas, ficou pequeno. Os dois andares no bairro de Moema precisaram ser
abandonados para dar lugar aos
cinco andares de um prédio na
região da Berrini, também na capital paulista, que contou com
investimento de R$ 1 milhão.
Segundo Ribeiro, 2012 será
outro ano de forte expansão para a companhia. Estão previstos para os próximos meses outros dois novos centros de distribuição: outro em em Contagem (MG), onde já há um exclusivo para e-commerce, e um pequeno no Nordeste. Para mover toda essa máquina, o quadro de funcionários vai dobrar
para 900 funcionários e 10 novas transportadoras serão contratadas. “Queremos crescer
150% em faturamento e já preparamos nossa estrutura pensando nisso”, diz Ribeiro. ■
Companhia
estuda ingressar
na produçãode
dendê ou de palma,
insumo que é
importado pelas
companhias
brasileiras
Marcelo Ribeiro, diretor de
e-commerce da Máquina de
Vendas (Ricardo Eletro, Insinuante,
City Lar e Eleytro Shopping)
CRESCIMENTO DO E-COMMERCE DA MV
Divisão on-line cresce a ritmo acelerado depois de reformular
os sites Ricardo Eletro, Insinuante, City Lar e Eletro Shopping
PARTICIPAÇÃO DO E-COMMERCE
NO FATURAMENTO
0000
FATURAMENTO DO GRUPO,
EM R$ BILHÕES
9
7,2
15%
33333
6
10%
6667
0000
5%
2010
5,7
3
2011
Fonte: Máquina de Vendas
2012*
*Expectativa
0
2010
2011
“Estamos olhando outros setores. Já trabalhamos no setor
de soja, milho, alimentos, canade-açúcar, fertilizantes, e pensamos agora em entrar em outros setores”, disse.
Atualmente, o Brasil é importador de óleo de palma, usado
na produção de margarinas industriais, gorduras, cosméticos, o que reforça a atratividade
do setor para a empresa, segundo Parente. “É um dos óleos que
tem o maior aumento de consumo nos últimos anos. Então seria de um alto interesse estratégico para o país na nossa visão”,
disse. A produção de óleo de palma do Brasil está concentrada
no Pará, onde a Agropalma produz cerca de 70% do total produzido no país. ■ Reuters
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 19
Divulgação
ENERGIA
TELECOMUNICAÇÕES
Hailo inicia produção de escadas eólicas
no país com encomendas para Gestamp
Receita operacional consolidada
da NII Holdings sobe 20% em 2011
A alemã Hailo produziu para a Gestamp, parceira da multinacional GE,
kits de escadas para 23 torres de energia eólica de 80 metros.
O contrato entre a Hailo e a GE foi de kits para 270 torres, sendo que
parte da produção foi feita nos EUA. A empresa abriu recentemente
em Jaguariúna (SP) sua fábrica no Brasil com foco no mercado
de escadas e elevadores de serviço para torres de energia eólica.
A NII Holdings, controladora da Nextel, registrou receita operacional
consolidada de US$ 6,7 bilhões em 2011 - alta de 20% em relação
a 2010. A companhia gerou lucro líquido de US$ 199 milhões, ou
US$ 1,17 por ação unitária. No ano passado, as despesas de capital
foram de US$ 1,45 bilhão, informou a companhia, que prevê receita
operacional consolidada de aproximadamente US$ 7,1 bilhões em 2012.
Renato Stockler/Folhapress
Construtoras devem
reduzir metas em 15%
SOBE E DESCE
Em março
a Dasa deve
anunciar uma
nova estrutura
de gestão
Desempenho das ações
da Dasa em 2012, em R$
18,2
das contratadas em 2012 de um
intervalo de R$ 8,7 bilhões a
R$ 9,8 bilhões para o patamar
entre R$ 6,9 bilhões a R$ 8 bilhões. A partir de agora, a companhia também não divulga
mais as metas de lançamentos.
A Tecnisa também anunciou
revisão. A meta de lançamentos de R$ 2,8 bilhões este ano
caiu para R$ 2,2 bilhões. “O
mercado aceitou o fato das empresas não crescerem mais aceleradamente”, diz Wesley Bernabé, do Banco do Brasil. “Se
as empresas diminuem a oferta de imóveis e mantêm a força de vendas trabalhando, a
tendência é reduzir o número
de estoques e permitir maior
entrada de dinheiro no caixa”.
Quando a Tecnisa anunciou a
revisão, o preço de suas ações
subiram no dia seguinte.
Este ano, os papéis das principais incorporadoras superaram
o desempenho do Ibovespa.
Cyrela e MRV, por exemplo,
avançaram 23% e 32%, respectivamente. Algumas companhias
conseguiram recuperar perdas
registradas no segundo semestre de 2011, como PDG, Brookfield e Rossi Residencial. ■
Investidores e analistas aprovam
revisão para que empresas
concentrem o foco em vendas
16,8
Denise Carvalho
[email protected]
15,4
15,50
15,52
14,0
29/DEZ
26/JAN
23/FEV
Fontes: Economatica, BM&FBovespa
e Brasil Econômico
Dasa investe R$ 200 mi
para acabar com as filas
Neste ano, foco da companhia de medicina diagnóstica é diminuir o tempo
de espera em laboratórios da rede como Delboni Auriemo e Lavoisier
Carolina Pereira
[email protected]
O grupo de medicina diagnóstica Dasa esteve focado nos últimos anos em adquirir laboratórios de diferentes regiões do
país, o que resultou em uma rede formada por 25 empresas.
Desde 2011, no entanto, a mira
da companhia saiu das compras e se voltou para a melhoria da qualidade dos laboratórios, movimento que incluiu
ações como a compra de equipamentos novos e contratação
de dez médicos renomados,
por exemplo. Em 2012, a aposta é na diminuição do tempo e
melhoria no atendimento, o
que deve consumir investimentos de R$ 200 milhões no ano.
Segundo Rafael Romanini, diretor geral do Delboni Auriemo,
um dos laboratórios da rede Dasa, as mudanças na gestão do
atendimento incluem a integra-
ção dos sistemas das diferentes
unidades, que não “conversavam” entre si. Agora, nos laboratórios Delboni e Lavoisier, em
São Paulo, o software de gerenciamento alerta quando um funcionário falta ao trabalho (quando não acessa o ponto eletrônico) e, com isso, já sugere para a
central que transfira outro profissional para a unidade, por
exemplo. Com ações deste tipo,
o tempo de atendimento, que
era de cerca de 16 minutos, caiu
40%, segundo Romanini.
Para Iago Whately, analista
do Banco Fator, a aposta na melhoria da qualidade dos laboratórios da Dasa tem se intensificado desde a compra da MD1, em
2010. “Antes disso, de 2009 a
2010, o grupo privilegiou as
margens e o retorno do capital,
e o crescimento da receita não
acompanhou”, afirma. “A qualidade do atendimento estava
caindo. A estratégia era boa pa-
ra os acionistas, mas não para os
clientes e médicos”.
Para Whately, resultados da
estratégia já devem refletir nos
resultados da Dasa do quarto trimestre de 2011, que serão anunciados em 26 de março. A expectativa é que a empresa atinja receita de R$ 561,2 milhões, alta
de 51,5% em relação ao mesmo
período de 2010. Porém, em
2010 a MD1 não fazia parte do
gupo. “O crescimento orgânico
deve ser de 6%”, estima.
Quando apresentar as cifras
de 2011, a Dasa irá anunciar
uma nova estrutura de gestão.
Hoje, onze áreas se reportam
ao presidente Marcelo Noll Barboza, e esse modelo deve ser alterado, segundo a empresa.
Além disso, a Dasa está sem os
diretores comercial e financeiro, que saíram neste mês. A Dasa diz que contratou consultores de recursos humanos para
encontrar substitutos. ■
As construtoras que registraram
expansão meteórica nos últimos anos devem mudar a marcha no ritmo de crescimento e
revisar, para baixo, as metas de
lançamentos em 2012, na opinião de analistas ouvidos pelo
BRASIL ECONÔMICO. As previsões
apontam uma redução de até
15% em relação aos “guidances” (metas) anunciados pelas
companhias em 2011 ou que
eram comentados pelos diretores financeiros nos bastidores.
O “guidance” é a expectativa
da administração de como alguns dos indicadores operacionais vão se comportar ao longo
do ano. “A tendência é de manutenção ou de revisão para baixo.
Com isso, as empresas sinalizam que estão se adequando ao
menor patamar de absorção do
mercado”, diz o analista Iago
Whately, da corretora Fator.
Em janeiro, a Cyrela anunciou a redução da meta de ven-
ACIMA DO IBOVESPA
Desempenho das construtoras na BM&FBovespa em 2012
VALOR DE
MERCADO, EM R$ BI*
TECNISA
JHSF
CYRELA
EVEN
GAFISA
EZTEC
PDG
MRV
ROSSI
BROOKFIELD
IBOVESPA
1,96
2,57
7,49
1,79
2,22
2,94
8,69
6,82
2,88
2,98
VALORIZAÇÃO
2º SEM/2011
EM 2012
-23,75%
14,64%
-2,56%
-21,77%
-44,77%
-8,73%
-34,44%
-21,03%
-38,18%
-35,71%
-10,47%
Fontes: Economatica e Brasil Econômico
0
5
5,47%
12,81%
22,04%
24,27%
25,00%
26,98%
31,02%
32,8%
34,25%
35,56%
15,97%
10
*Em 23/fev
15
20
25
30
35
40
BP Energy fica com 40% de blocos de exploração da Petrobras no Maranhão
Petrolífera também cede direitos
para a Shell na Bacia de Santos
Érica Ribeiro
[email protected]
A BP Energy do Brasil passa a
ter 40% dos contratos de con-
cessão dos blocos BM-BAR-3 e
BM-BAR-5 , localizados na Bacia de Barreirinhas, no Maranhão. A cessão dos direitos foi
aprovada pela Agência Nacional
do Petróleo (ANP) no último dia
16. Até a aprovação da mudança
pela diretoria da ANP, a Petro-
bras figurava como única detentora da concessão, depois da saída da SK do Brasil e da Devon.
Além da BM-BAR-3 e BMBAR-5, a Petrobras tem a concessão também em outros dois
blocos no Maranhão. O valor da
transação não foi revelado.
Mudanças também no contrado da BS-4, campos Atlanta e
Oliva, na Bacia de Santos. A ANP
também aprovou cessão de direitos de 40% da participação da
Shell Brasil, sendo 30% para a
Queiroz Galvão Exploração e
Produção e 10% para a Barra
Energia do Brasil Petróleo e Gás.
Também foi aprovada a transferência da operação do contrato
da Shell para a operadora Queiroz Galvão Exploração e Produção. A empresa passa a ser responsável pelas atividades de exploração e produção. ■
20 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
EMPRESAS
Divulgação
FARMACÊUTICA
AVIAÇÃO
Laboratório indiano Ranbaxy anuncia maior
perda trimestral dos últimos quatro anos
Azul Linhas Aéreas amplia número de voos
entre Campinas e Rio de Janeiro
Os Laboratórios Ranbaxy, maior fabricante de medicamentos da Índia,
anunciou um dos maiores prejuízos trimestrais de seus últimos quatro
anos, ocasionado por conta de um pagamento de US$ 500 milhões que
teve que acertar para encerrar um disputa legal com autoridades
americanas em dezembro. Por conta da dívida, as perdas da empresa
chegaram a US$ 606 milhões no quarto trimestre de 2011.
A Anac aprovou a 14ª frequência de voo entre os aeroportos de
Viracopos (Campinas, SP) e Santos Dumont (Rio de Janeiro) da Azul
Linhas Aéreas. Somada às outras 7 frequências da companhia no
Galeão, a empresa totaliza 21 voos entre as duas cidades das 5h às 21h
de segunda a sexta. Isso significa que a partir de 20 de março,
a Azul irá operar voos de hora em hora de e para a Cidade Maravilhosa.
Marisa Cauduro/Folhapress
GM terá fábrica de
R$ 710 milhões
em Santa Catarina
Constantino
Júnior, da Gol:
pauta de 2012
tem fusão com
Webjet e negócios
com a Delta
Montadora fortalece mercados
estratégicos para garantir
subsídios para novos negócios
Gol diz que
toma a liderança
da Tam em 2012
Companhia prevê transportar 45 milhões de passageiros
Michele Loureiro
[email protected]
A Gol quer, já neste ano, ultrapassar sua principal rival, a
Tam, em volume de passageiros. Documento divulgado pela
empresa comandada por Constantino de Oliveira Júnior, prevê que a Gol transporte entre 42
milhões e 45 milhões de passageiros neste ano. Enquanto isso, se a rival Tam mantiver a média de crescimento de 9,1% verificada em 2011, o volume de passageiros saltaria de 37,7 milhões
para 41,1 milhões em 2012.
Se as expectativas forem concretizadas, a empresa de símbolo laranja se consagra como preferida dos brasileiros. Entretanto, a Gol não revelou qual seria
o índice de crescimento no volume de passageiros em relação a
2011, já que os resultados anuais
serão divulgados apenas no início do próximo mês.
Para o consultor de mercado
de aviação Tadeu Alencar, a mudança de posições entre as companhias revela um cenário mais
competitivo. “O consumidor
sai ganhando com o aumento
de oferta e a disputa entre as
duas grandes. A estratégia da
Gol continua sendo a proposta
de baixo custo, mas é importante frisar que o volume de passa-
DISPUTA ACIRRADA
Tam e Gol brigam por liderança
no mercado de aviação no país
Gol
Projeções econômicas
Tam
43,00
40,75
38,50
40,4%
38,8%
38,3%
36,25
34,00
35,0%
AGO SET OUT NOV DEZ
Fonte: Anac
geiros nem sempre garante um
faturamento favorável”.
Além disso, Alencar destaca
os desafios das duas empresas
para este ano, quando as fusões
entre Tam e Lan e Gol e Webjet
com a Gol devem ser aprovadas. “Ainda há os trabalhos
com a americana Delta (que
comprou no ano passado uma
fatia da Gol por US$ 100 milhões). Será um ano de muitos
ajustes”, diz o consultor.
O documento divulgado pela
Gol prevê que o mercado de
aviação desacelere em 2012,
com alta entre 7% e 10%, ante
15,7% em 2011. A taxa de ocupação, por outro lado, deve mostrar avanço, ficando entre 71%
e 78%, ante os 68,8% registrados no ano passado.
A Gol também afirmou que está revisando o plano de frota para os próximos anos, para englobar a renovação da Webjet. As
empresas continuam operando
separadas e aguardam aprovação da fusão pelo Cade. ■
A GM vai investir R$ 710 milhões para construir uma fábrica de transmissões de veículos
em Joinville (SC), com previsão
de faturamento de R$ 200 milhões anuais.
A unidade será construída na
área onde atualmente estão sendo finalizadas as obras civis da
fábrica de motores e que vai começar a operar em 2014, com
uma capacidade de produção
de 150 mil transmissões por
ano, na primeira fase. A implantação da nova fábrica vai gerar
350 empregos diretos em sua fase inicial de produção.
“Ao investir em uma nova fábrica de transmissões, a GM reafirma a importância do Brasil
no cenário automotivo internacional, como centro produtor
determinado a superar desafios
estruturais para ser competitivo”, afirmou o vice-presidente
da GM do Brasil, Marcos Munhoz, que assinou o protocolo
de intenções com autoridades
catarinenses.
Metade da produção da nova
fábrica terá como destino o mercado local e substituirá as importações, e a outra metade será exportada para a Europa.
O continente europeu, aliás,
é um ponto de atenção da GM.
A companhia americana pode
firmar uma parceria comercial
com o grupo francês PSA Peugeot Citroën, que enfrenta dificuldades financeiras em decorrência dos maus resultados vindos do velho continente.
Enquanto não formaliza a parceria, a GM volta a tenção para
mercados como o Brasil, que pode ser esteio para os novos negócios da empresa. ■ M.L.
“
A fábrica de Santa
Catarina reafirma
a importância
do Brasil no cenário
automotivo
internacional
Marcos Munhoz
Vice-presidente da GM do Brasil
RECUPERAÇÃO
Vendas de carros nos EUA
devem alcançar 14 milhões
O J.D. Power and AssociatesLMC Automotive, aumentou de
13,8 milhões para 14 milhões o
número de automóveis a serem
vendidos nos Estados Unidos
em 2012. A consultoria disse
que o fraco desempenho da economia europeia não deve prejudicar os negócios das montadoras americanas.
Em 2011, as vendas de automóveis nos EUA alcançaram
12,8 milhões de unidades.
A recuperação das operações
de leasing, mais crédito disponí-
vel no mercado e prazos maiores de financiamento deverão
ajudar a aquecer o mercado local, segundo a J.D. Power.
As montadoras americanas
devem encerrar o mês de fevereiro com vendas de 1,06 milhão de unidades, 3% superior
em relação ao mesmo período
em 2011. Ainda de acordo com a
J.D. Power, as montadoras devem ter seu melhor desempenho desde 2007. E, em 2016 o
mercado alcançará 16 milhões
de unidades. ■ Reuters
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 21
Scott Eells/Bloomberg
ENERGIA
IMÓVEIS CORPORATIVOS
Queda na demanda e consumo reprimido
levam Iberdrola a rever previsão de lucro
São Paulo fecha ano com ligeira alta na taxa
de vacância, encerrando 2011 em 1,6%
A Iberdrola, maior companhia de energia da Espanha, anunciou uma
redução em sua meta de lucros ontem, após uma fraca série de
resultados em 2011 que mostrou queda na demanda em seus principais
mercados, enquanto o consumo permaneceu reprimido em países
europeus. A Iberdrola tem avançado em setores semi-regulados como
de energia eólica, assim como no negócio de redes de energia.
De acordo com levantamento da Colliers International Brasil, a entrega
de dois edifícios de alto padrão na região da Marginal Pinheiros foi uma
das causas da ligeira alta da taxa de vacância na cidade de São Paulo,
que fechou o ano em 1,6%. O índice é 1,1% maior que o apresentado no
terceiro trimestre de 2011. Alphaville também ganhou empreendimento
e fechou 2011 com elevação de 1,8%, totalizando uma taxa de 29,7%.
Movimento fraco na Europa faz
Abertis buscar concessões no exterior
Maior gestora de rodovias da Espanha vai intensificar participação em leilões de rodovias no Brasil, México e Estados Unidos
Cesar Rangel/AFP
Manuel Baigorri, de Madri
Bloomberg News
PERFIL
A Abertis Infraestructuras,
maior operadora de concessões
rodoviárias da Espanha, está
em busca de contratos nos Estados Unidos e na América Latina
compensar a queda do tráfego
nas estradas europeias.
A empresa, com sede em Barcelona, está trabalhando para
conseguir concessões principalmente no Brasil, EUA e México
enquanto procura renovar contratos que vencem em breve,
disse o presidente da empresa,
Francisco Reynes. “Este ano será desafiador para nossas receitas devido ao movimento fraco
na Espanha, mas vamos tentar
manter a rentabilidade controlando custos”, disse. A Abertis
não tem operações no Brasil.
Recentemente, a Abertis participou, sem sucesso, do leilão
de concessão de rodovias no estado da Pensilvânia (EUA).
Além de administrar rodovias em mais de uma dezena de
países, a Abertis opera aeroportos e também tem participação
acionária em companhias de telecomunicações. Reynes mencionou o interesse daAbertis
em ampliar ainda mais sua participação na companhia de satélites Hispasat - a empresa comprou 13% das ações da Hispasat
da Telefónica.
Divisão das receitas
da Abertis em 2011
Faturamento
Concessões
rodoviárias
87%
Fonte: empresa
Reynes, da Abertis: de olho em
concessões fora da Espanha
¤ 3,9 bilhões
Telecomunicações
9%
Concessões
aeroportos
4%
Empresas de concessões rodoviárias e ferroviárias da Espanha como a Abertis, Ferrovial e
a Actividades de Construccion
& Servicios estão correndo para
reduzir a dependência do mercado interno uma vez que o governo do país está cortando o orçamento com transportes públicos. Além disso, o alto desemprego na Espanha vem reduzin-
do o número de viagens.
A Abertis teve lucro líquido
de ¤ 720 milhões em 2011, uma
alta de 8,8% em relação ao ano
anterior. O resultado foi beneficiado pela venda da italiana
Atlantia, empresa de logística e
de administração de estacionamentos. Metade da receita da
companhia, de ¤ 3,9 bilhões,
veio das operações espanholas.
A cobrança de pedágios respondeu por quase 90% da receita.
A companhia também deve
crescer em 2012 por meio de
aquisições de empresas de telecomunicações. “Queremos consolidar nossa participação na
Hispasat e queremos ter mais
da metade da empresa se o governo espanhol nos permitir”,
informou Reynes.
A compra das ações da Hispasat pela Abertis, realizada nesta semana, ainda depende de
avaliação do governo espanhol. Caso seja aprovada, a Albertis ficará com 46,6% do capital total da empresa de satélites. O negócio movimentou ¤
124 milhões. Algumas estatais
espanholas detêm juntas 25%
do capital total da Hispasat. ■
Governo superestimou investimento em aeroporto
Vencedores dos leilões dizem
que cumprirão exigência do
governo com menos dinheiro
O governo já calculava que as
empresas que vencessem os leilões dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília conseguiriam reduzir os investimentos necessários para cumprir as
obrigações previstas em edital,
disseram fontes que formataram a concessão dos terminais.
Dois dias depois de arrematar o aeroporto de Viracopos juntamente com a UTC Participações e a francesa Egis - , a
Triunfo Participações anunciou
que reduziu em 32% a previsão
de investimentos no aeroporto
ao longo da concessão em relação ao valor previsto.
Em vez dos R$ 11,5 bilhões estimados nos estudos do governo, a Triunfo prevê que pode
cumprir as exigências do edital
investindo R$ 7,8 bilhões. A Invepar, líder do consórcio que ficou com o terminal de Guarulhos, também estima que investirá menos do que os estudos do
governo apontavam. Em entrevista recente, o presidente da Invepar, Gustavo Rocha, disse
que os investimentos em expansão custarão 10% a menos do
Em vez dos R$ 11,5
bilhões estimados nos
estudos do governo,
a Triunfo prevê
que pode cumprir
as exigências do
edital investindo
R$ 7,8 bilhões
que os R$ 4,6 bilhões apontados
nos estudos do governo.
De acordo com uma fonte
que participou da elaboração
dos estudos de concessão, as estimativas de investimentos e
também de receitas e demanda
de passageiros foram conservadoras de propósito. “A lógica de
fazer uma concessão como esta
é deixar o risco da construção
para o consórcio privado, que fica com o ônus de projetar a receita e achar espaço para fazer
obras mais eficientes”, disse.
Nas opinião do professor do
Insper-SP, Eduardo Padilha,
existe um grande espaço para re-
dução dos investimentos projetados no estudo do governo, realiozado pela Empresa Brasileira
de Projetos (EBP). De acordo
com ele, a questão é a projeção
de demanda.
“Projeção de passageiro cada
um tem a sua. Pode ser que o
Brasil cresça esse tanto mesmo.
O que acontece é se a pista que
está lá suporta ou não o crescimento”, disse o professor. De fato, os consórcios vencedores
que já anunciaram que vão gastar menos enfatizaram que buscaram na engenharia maneiras
de cumprir as exigências gastando menos. ■ Reuters
22 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
EMPRESAS
Giuseppe Aresu/Bloomberg
CHOCOLATE
BEBIDAS
Ovos de Páscoa começam a desembarcar
em cerca de 800 mil pontos de vendas do país
Italiana Campari anuncia aporte de
US$44 milhões em fábrica nos Estados Unidos
Mais 800 mil pontos de vendas do país estão recebendo, desde quarta,
as tradicionais parreiras de ovos de Páscoa. As indústrias estão
lançando mais de 90 itens, segundo a Abicab (Associação Brasileira
da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados).
“Este momento é estratégico para o consumidor procurar os melhores
preços para a Páscoa", diz Getúlio Ursulino Netto, presidente da Abicab.
O italiano Gruppo Campari anunciou seu plano para construir uma
unidade de embalagem no terreno da famosa destilaria Wild Turkey,
em Lawrenceburg, no Tennessee. O governo local vai fornecer
US$ 2,35 milhões em incentivos para ajudar a criar empregos no
projeto que consumirá US$ 44 milhões em investimentos. A unidade
fornecerá engarrafamento total para todas as marcas Gruppo Campari.
Apple, Microsoft e Amazon
unidas pela privacidade
Acordo entre as compahias prevê que usuários devem ter clareza de como suas
informações serão usadas pelos internautas que baixam aplicativos pela internet
Emile Wamsteker/Bloomberg
Seis das maiores companhias
mundiais de tecnologia firmaram um acordo para oferecer
mais informações quanto às
suas normas de privacidade antes que usuários baixem aplicativos, a fim de proteger os dados
de milhares de consumidores,
anunciou a secretária da Justiça
da Califórnia Kamala Harris.
O acordo prevê que Amazon,
Apple, Google, Microsoft, Research In Motion e Hewlett-Packard -além dos programadores
que criam softwares usando
suas plataformas- revelem de
que forma utilizam dados privados, antes que um aplicativo seja baixado, segundo a secretária. “O custo do uso de aplicativos para aparelhos móveis não
deveria ser uma perda de privacidade pessoal, mas muitas vezes é”, afirmou Kamala.
Atualmente, 22 dos 30 aplicativos mais baixados não oferecem informações quanto a privacidade. Alguns deles permitem acesso às agendas de contatos dos usuários.
Decisão individual
O Google afirmou em comunicado que, sob os termos do acordo
da Califórnia, os usuários do Android terão “ainda mais maneiras de tomar decisões no que
tange à sua privacidade”.
A mudança de
normas do Google
daria ao site de
buscas acesso às
informações de
usuários de
diferentes produtos
da companhia
A Apple confirmou o acordo,
mas não acrescentou detalhes.
Kamala também estava entre
as autoridades norte-americanas que enviaram uma carta a
Larry Page, presidente-executivo do Google, para expressar
“séria preocupação” quanto à
recente decisão do gigante da
Web de consolidar suas normas
de privacidade.
A mudança de normas daria
ao Google acesso às informações de usuários de diferentes
produtos da companhia, como
Jeff Bezos, CEO da Amazon:
comprometimento com as
normas de privacidade
o Gmail e o Google Plus, sem
que o usuário tenha o direito
de optar por não revelá-las,
afirmaram os 36 secretários
de Justiça estaduais que assinaram a carta.Autoridades da
União Europeia solicitaram
que o Google adie a mudança
do sistema até que as organizações regulatórias possam investigar o assunto.
Direito a informação
A lei estadual de proteção da privacidade on-line aprovada pela
Califórnia em 2004 requer que
as empresas notifiquem os usuários quanto às normas de privacidade, mas Harris ressaltou
que poucos criadores de aplicativos a seguiram nos últimos anos
porque há dúvidas no caso de
aplicativos móveis.
“A maioria dos aplicativos móveis não se esforça em explicar
ao usuário de que forma suas informações são usadas”, disse Kamala. “O consumidor precisa
ser informado quanto ao que está cedendo”. ■ Reuters
Google concorda em informar usuário
Motor de busca apoia iniciativa
que esclarece ao usuário
como seus dados serão
utilizados, embora a ação
dificulte sua publicidade on-line
O Google vai permitir um mecanismo para ser incorporado em
seu navegador web, que permite aos usuários restringir a quantidade de dados que podem ser
recolhidos sobre eles.
O motor de busca mais popular do mundo vai se unir com outras empresas de internet para
apoiar a iniciativa de privacidade, o que impede que o histórico de navegação de um indiví-
duo seja usado para anúncios e
propagandas customizadas. O
Congresso deve aprovar uma lei
de privacidade de direitos para
os usuários da web, de acordo
com um relatório do governo.
O relatório da Casa Branca define princípios gerais para o uso
de informações pessoais que incluem os consumidores, mostrando e promovendo o controle dos usuários sobre quais dados são coletados sobre eles e como são utilizados, fornecendo
políticas de privacidade compreensíveis e manipulação de
dados de consumo de forma segura. O departamento de comér-
cio vai se reunir com as empresas e os defensores da privacidade para desenvolver normas voluntárias para as empresas com
base nos princípios.
As revelações sobre as vulnerabilidades potenciais de privacidade que vieram à tona durante o ano passado têm estimulado os reguladores e legisladores
em Washington para mecanismos de proteção mais eficientes de dados pessoais on-line e
em dispositivos conectados à internet móvel.
O Google anunciou planos
em 24 de janeiro para unificar
políticas de privacidade de pro-
dutos, incluindo os vídeos do
YouTube e o software Android
para celulares, dizendo que vai
simplificar as condições para
que os usuários as aceitem. O
Google e Facebook, maior rede
social do mundo, estão entre as
empresas da web que mais enfrentam pressões sobre o controle do seu tratamento de dados de consumo pelos usuários,
já que estão diante de um mercado de publicidade on-line
que deve atingir US$ 39,5 bilhões nos Estados Unidos neste
ano, segundo a companhia de
pesquisa de Nova York eMarketer. ■ Bloomberg
MÍDIA SOCIAL
Monitorar
navegação
reduz riscos
Recursos de gerenciamento de
risco, tais como auditoria e sistema de gerenciamento de mídia
social ajudam as empresas a proteger dados sensíveis e a escapar de erros potencialmente embaraçosos ou até mesmo ilegais.
A rede social pode ter começado em muitas empresas como
uma iniciativa popular, mas a
aplicação e valor dos esforços
da mídia social têm aumentado
rapidamente — e assim, também, têm acontecido com as
apostas e riscos.
Quanto mais as pessoas de
uma empresa se envolvem em
enfrentar publicamente as iniciativas de mídia social, o risco de um empregado postar algo indesejado é maior. “Ele explode exponencialmente. Há
muito espaço para que as empresas cometam erros potencialmente embaraçosos ou até
mesmo ilegais”, disse Scott Oppliger, fundador e CEO da SocialVolt,provedora de gerenciamento de mídia.
Em uma pesquisa com empresas globais com mais de
1.000 funcionários e com programas de gerenciamento de mídia, descobriu-se que as empresas têm uma média de 178 contas de mídia social.
De olho neste mercado, a SocialVolt anunciou uma ferramenta de monitoramento da
marca, que acrescenta recursos
de gerenciamento de escuta, de
publicação, moderação e risco à
plataforma. A empresa é projetada para servir em ambientes
complexos de mídias sociais,
com muitas pessoas diferentes,
contas, tipos de usuários e diversidade geográfica, disse
Scott Oppliger.
A SocialVolt aprimorou as capacidades da plataforma de monitoramento, permitindo que as
organizações monitorem conversas em redes sociais para ganhar visibilidade crítica.
“As empresas estão interessadas em acompanhar as suas próprias marcas, mas elas também
estão interessadas no rastreamento das marcas dos seus concorrentes, tendências e temas
quentes que podem pertencer a
sua indústria”, disse Oppliger,
lembrando que monitora Facebook, Google +, Twitter, YouTube e blogs. ■ ITweb.
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 23
Seokyong Lee/Bloomberg
ALIMENTAÇÃO
TECNOLOGIA
Dona do Frango Assado assina memorando
para comprar redes Wraps e Go-Fresh
LG planeja anunciar seu “phablet”, aparelho
maior que smartphone e menor que tablet
A International Meal Company Holdings, dona das marcas Frango
Assado e Viena, assinou memorandos de entendimentos com as
empresas LF BAR, BFC e LF Franchising para aquisição de direitos
das marcas Wraps e Go-Fresh. Com o acordo, a IMC passa a ser
responsável pelos sete restaurantes próprios das redes e pelos direitos
de franqueador sobre as marcas, que hoje contam com cinco franquias.
A sul-coreana LG Electronics planeja lançar um novo dispositivo móvel
de acesso à internet voltado aos consumidores que buscam algo maior
que um smartphone e menor que um tablet convencional. A expectativa
é que o produto batizado de “phablet” pelo jornal Korea Times seja
anunciado em Mobile World Congress, que começa no dia 25, em
Barcelona. O objetivo é bater a rival Samsung, dona do Galaxy Note.
PayPal tem novo rival para
pagamentos em lojas físicas
O serviço da concorrente Boku permite que as pessoas paguem usando seus números de celular
e inclui os valores debitados em suas contas mensais de telefonia móvel, usando 230 operadoras
Beck Diefenbach/Reuters
O PayPal, serviço de pagamentos on-line controlado pelo
eBay, acaba de encontrar novo
rival em sua corrida para desenvolver um sistema de pagamento móvel que possa ser usado
em lojas físicas.
A Boku, uma grande companhia de pagamentos móveis online que conta com investimentos de grupos de capital para
empreendimentos como a Andreessen Horowitz e a Benchmark Capital, revelou um novo serviço que permite que pessoas realizem pagamentos com
seus celulares em quaisquer estabelecimentos que aceitem
cartões de crédito.
A Boku já oferece um serviço
de cobrança em conta telefônica por meio de 230 operadoras
de telefonia móvel, entre as
quais AT&T, Vodafone Group e
Verizon Communications, em
mais de 60 países. O serviço permite que as pessoas paguem
usando seus números de celular
e inclui os valores debitados em
suas contas mensais de telefonia móvel.
A cobrança via operadora normalmente fica limitada a compras de baixo valor, seja via
computador pessoal ou por
meio de aplicativos móveis.
A nova plataforma da Boku,
conhecida como Boku Accounts, permite compras em lojas físicas, um mercado muito
maior. O serviço será oferecido
A nova plataforma
da Boku permite
compras em lojas
físicas, ampliando
o mercado da
companhia, que
opera em 60 países
A Boku sai na
frente com a
Boku Accounts
aos assinantes por suas operadoras com suas marcas e a Boku
operará o sistema primário.
O lançamento faz da Boku
concorrente direta do PayPal,
que está promovendo o uso de
seu popular serviço on-line de
pagamentos em lojas físicas. O
Google também está tentando
introduzir seu serviço Google
Wallet em lojas, por meio de parcerias com gigantes como MasterCard e Citigroup.
O sistema de pagamento em
loja da PayPal funciona nos terminais existentes de ponto de
venda do varejo, mas torna necessária uma atualização de software. O Google Wallet funciona
com celulares que disponham
de chips Near-Field Communication (NFC) e para lojas que
usem terminais que operem
com essa tecnologia. ■ Reuters
Uma corte de Xangai rejeitou o
pedido de uma companhia chinesa de tecnologia para que a
Apple suspendesse a venda do
tablet iPad na cidade, disse nesta uma fonte com conhecimento direto do assunto.
A empresa Proview Technology (Shenzhen) tem buscado
uma liminar contra a Apple co-
mo parte de sua batalha com a
gigante americana sobre a marca registrada iPad na China.
A China é importante para
Apple não apenas como um mercado consumidor, mas porque
o país é uma grande base de produção da Apple.
A disputa, originada por um
desacordo sobre a cobertura
de um acordo de transferência
da marca registrada para a Apple em 2009, ocasionou na suspensão, por ordem judicial, de
vendas do iPad em algumas cidades chinesas onde estão suas
Lucro líquido
da Itautec
aumenta
A Itautec informou que o lucro
líquido do ano de 2011 atingiu
R$ 43,6 milhões, superior em
278,3% ao apurado em 2010,
com margem líquida de 2,8%.
No quarto trimestre de 2011, a receita líquida consolidada de vendas e serviços foi de R$ 468,2
milhões, superior em 12,2% em
relação ao mesmo período de
2010, com crescimento em todas as unidades de negócios. O
lucro líquido deste período foi
de R$ 13,5 milhões, com margem liquida de 2,9%.
A receita líquida consolidada
de vendas e serviços acumulada
em 2011 atingiu mais de R$ 1,5
milhões, inferior em 1,9% ante
2010, impactada pela menor atividade do segmento de automações ocorrida no primeiro semestre de 2011 e pela queda no
preço médio dos equipamentos
de computação, especialmente
no segmento de varejo.
No quarto trimestre
de 2011, a receita
líquida consolidada
de vendas e serviços
foi de R$ 468,2
milhões, 12,2%
maior que o mesmo
período de 2010
Apple pode voltar a vender em Xangai
Decisão da corte de Xangai nega
pedido da Proview Technology
em suspender a venda de iPads
em Xangai, originada por direitos
sobre o nome do produto
RESULTADOS
A vitória da Apple
segue uma série
de defesas em outras
cortes chinesas,
e reverte o que
poderia ter sido
uma embaraçosa
suspensão das vendas
lojas próprias, sendo que três
ficam em Xangai.
Segredo Industrial
Em meio a disputas de patentes, a especificação do iPad 3
vazou. Desta vez, boatos dão
conta de que o aparelho da Apple pode ter uma câmera de 8
megapixels e irá deixar o botão Home no iPad 3. Ele é uma
parte essencial das funcionalidades do iOS, apesar de alguns
especialistas afirmarem que a
companhia o excluiria do hardware. ■ Reuters e ITweb
Apesar da redução na receita
líquida consolidada, as ações estruturais de melhoria de eficiência operacional, implementadas
ao longo do ano, contribuíram
para a melhora da margem bruta, que encerrou o período em
18,2%, 0,7 ponto percentual acima da registrada em 2010.
A geração operacional de caixa de 2011 atingiu R$ 72,8 milhões, sendo R$ 22,9 milhões
no quarto trimestre de 2011, o
que contribuiu para que a Itautec apresentasse em dezembro
o maior saldo de disponibilidades financeiras de curto prazo
dos últimos anos, de R$ 360,8
milhões, e dívida líquida negativa de R$ 138,4 milhões.
De acordo com o plano estratégico, foram investidos R$ 82,2 milhões, dos quais R$ 68,7 milhões
foram para pesquisa e desenvolvimento. ■ ITweb
24 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012
EMPRESAS
Tom Uhlman/Bloomberg
TECNOLOGIA
CRISE
Sony fecha parceria com locadora
de filmes on-line NetMovies
Procter & Gamble vai cortar 5,7 mil
postos de trabalho até 2013
A Sony Brasil e a locadora online NetMovies anunciaram uma parceria
que permitirá à Sony oferecer mais de 8 mil títulos a consumidores, por
meio da plataforma bravia internet vídeo em seus televisores, blu-rays
e home-theaters. A parceria começa a valer ainda em fevereiro e quem
comprar uma TV da Sony ganhará a assinatura do serviço pelo período
de dois meses. Depois, a mensalidade custará a partir de R$ 14,99.
A Procter & Gamble confirmou os rumores de que irá acabar com
5,7 mil postos de trabalho até o fim de 2013. A gigante americana
da área de higiene e cosméticos informou que o número representa
cerca de 10% de seus funcionários. A empresa está passando por uma
reestruturação cujo objetivo é reduzir os custos em US$ 10 bilhões.
Cerca de 1,6 mil pessoas serão demitidas ainda neste ano.
Venko ensaia retomada
para disputar multichip
Amazon
tira 4 mil
e-books
do ar
Após superar crise , fabricante planeja lançar seis modelos de celulares neste ano,
com foco no mercado pré-pago, que responde por cerca de 82% dos clientes no páis
Murillo Constantino
Fabiana Monte
[email protected]
DE OLHO NO PRÉ-PAGO
Depois um período turbulento,
no qual chegou a acumular dívida de R$ 5 milhões, a fabricante
de celulares Venko está se reestruturando para brigar pelo mercado de aparelhos que funcionam com múltiplos chips de
operadoras. “Estamos voltando
para o mercado”, afirma David
Ostrowiak, fundador e presidente da empresa criada em 2004.
Em julho do ano passado, Ostrowiak concluiu uma negociação com a distribuidora de aparelhos de baixo custo Bmobile,
que atua em 11 países da América Latina. A empresa é o braço
de telecomunicações do grupo
IBC, cuja matriz fica na Guatemala e que também tem negócios em áreas como cana de açúcar e confecção fabril, de acordo com o executivo. Com o negócio, a Venko recebeu um
aporte de cerca de US$ 6 milhões para retomar o negócio.
“A Bmobile comprou metade
do capital da Venko e, em setembro, demos início a um recomeço forte. Hoje não temos
mais preocupação com a parte
financeira”, diz Ostrowiak. “Minha ideia é, em um ou dois
anos, acertar as dívidas que tenho. Em quatro meses já paguei
12% do que devia”.
Esses clientes representam mais
de 80% do total de assinantes
de celular, em milhões
Fábrica em Campinas
Com o aporte, a Venko assinou
um contrato para comprar uma
unidade fabril de uma fabricante de eletroeletrônicos em regime de terceirização. Ostrowiak
não informa o nome do parceiro, mas diz que a unidade fabril
fica em Campinas (SP) e que a
produção local começará em
março. O investimento na fábrica será de US$ 2,5 milhões. “No
segundo trimestre, esperamos
colocar no mercado entre 100
mil e 150 mil unidades por mês.
E a capacidade produtiva atual
não atende essa previsão”, observa. No auge, a Venko chegou
a colocar no mercado 350 mil
aparelhos de um só modelo. Ostrowiak não informa a estimativa de faturamento para 2012.
Iure Gomes, diretor comercial
da Venko: passagem por Oi,
Nokia e Samsung
191,2
00
167,1
50
143,6
122,7
00
50
0
2008
2009
2010
2011
Fonte: Agência Nacional de Telecomunicações
Pré-pago em foco
O foco da Venko é o mercado
pré-pago, que responde por cerca de 82% da base de clientes de
telefonia móvel no país. Para
conquistar esses clientes, a empresa planeja lançar seis celulares de baixo custo e multichip
até o fim do ano. Dois já estão
no mercado - os modelos Carisma e Ideal - e outros dois chegarão até o dia das mães - os modelos Talento e Amigo. “Não focamos apenas em preço, mas
em ter a melhor relação custobenefício”, afirma Ostrowiak.
É possível encontrar produtos Venko em redes como Casa
& Vídeo, C&A e Carrefour e lojas virtuais de Casas Bahia, Ricardo Eletro, Ponto Frio e Magazine Luiza. “A gente vai em cima do cliente. A ideia é tentar
mostrar que a empresa está alçando voo, está em processo de
decolagem. E eles veem que a
Venko não é mais uma empresa
de um produto, que tem continuidade”, afirma Iure Gomes,
diretor comercial que se juntou
à Venko em novembro, após
passagens pelas áreas de produ-
tos de Oi, Nokia e Samsung.
O executivo é o responsável
direto por negociar os produtos com varejistas, apontados
por ele e por Ostrowiak como
os maiores parceiros da companhia. A relação é até natural,
uma vez que as operadoras ainda são um pouco resistentes a
aparelhos multichip, que permitem ao usuário trocar de
chip para aproveitar melhor
promoções de cada empresa de
telecomunicações. “Mas estamos conversando com operadoras”, diz Ostrowiak. ■
DIFICULDADES
“Tivemos erros em tudo”, diz David Ostrowiak
O fundador da Venko, David Ostrowiak, diz que houve uma série de falhas que levaram a
Venko à crise. “Tivemos erros
em tudo”, admite. Houve falecimento de sócio, falhas no desenvolvimento de produtos e problemas com parceiros que produziam aparelhos. “Tivemos ensinamentos na área fabril e no
que diz respeito à promoção e
ao desenvolvimento de produtos”, pondera o executivo.
Ostrowiak garante que não
chegou a pensar em fechar a
Venko, mas admite que a operação ficou fragilizada. “Ficamos
com meia dúzia de gatos pingados de funcionários”, afirma.
Desta vez, Ostrowiak está con-
fiante no sucesso da operação,
em parte devido à experiência
que ele teve com a crise da
Venko e à chegada de novos profissionais à empresa, que terá 80
funcionários em março e chegará a 200, considerando o quadro
de funcionários da unidade fabril em Campinas. “O tempo é algo valioso”, diz o executivo. ■
A Amazon.com, gigante do varejo online com sede em Chicago, removeu mais de 4 mil títulos de e-books de seu site nesta
semana, após tentar sem sucesso negociar preços mais baixos
com editoras dos Estados Unidos e do Canadá. A decisão repercutiu negativamente nos
dois países e tem como pano de
fundo as pressões que Wall
Street vem fazendo para que a
Amazon melhore suas margens
anêmicas. Ao mesmo tempo, a
companhia tem como obrigação vender e-books ao menor
preço possível, de forma a preservar sua liderança com os
dispositivos móveis Kindle.
A Amazon.com está colocando pressão sobre os editores e
distribuidores para mudar suas
condições de pagamento de livros eletrônicos, afirmou Mark
Suchomel, presidente do Grupo
de Editores Independentes do
Canadá, ao diário canadense
The Toronto Star.
Wall Street
pressiona a gigante
do varejo online
a melhorar suas
margens anêmicas
Ele explica que os editores
não podem continuar a concordar com os termos que levam,
cada vez mais, ao estreitamento
das margens dos editores.
A briga da gigante do varejo
online também envolve a EWC
Press, uma das maiores distribuidoras de livros dos Estados
Unidos, que reclama da dificuldade em manter margem pelo
acordo proposto pela Amazon.
O grupo diz que preços tão baixos oferecidos pela Amazon poderão matar seu negócio.
A saída do ar de mais de 4 mil
títulos de e-books não afeta os livros físicos e a ECW Press disse
que seus livros digitais permanecem disponíveis para outras plataformas e lojas, como Apple,
Kobo e Sony. Procurada pela reportagem, a Amazon não quis
comentar o assunto. ■ agências internacionais
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 25
26 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
EMPRESAS
Divulgação
INTERNET
SEGURANÇA
Com sede na Alemanha, Gourmeo chega ao
país de olho no amante da alta gastronomia
Relatório indica mais de 75 milhões
de softwares maliciosos em 2011
O Gourmeo, portal de reservas em restaurantes, chega ao Brasil com a
proposta de serviços e benefícios de alta gastronomia. Trata-se de um
modelo de negócio onde restaurantes de primeira linha oferecem aos
usuários facilidade na reserva de mesas. O usuário do portal recebe
30% de desconto na conta. Com sede na Alemanha e operação
no Brasil desde setembro, o portal tem foco no eixo Rio-São Paulo.
Um relatório da empresa de segurança da informação McAfee aponta
que softwares maliciosos superaram a estimativa da empresa de
75 milhões de amostras registradas no ano passado. Embora a criação
de novos malwares tenha desacelerado no último trimestre, o número
de programas com códigos mal-intencionados direcionados a
equipamentos móveis avançou e teve seu ano mais movimentado.
Danny Moloshok/Reuters
Apresentação
do Oscar 2012
volta à zona
de conforto
Funcionários colocam o
famoso tapete vermelho
em frente ao Kodak
Theatre, em Hollywood
Fora da cerimônia há oito anos, Billy Crystal
volta para dar tranquilidade ao evento
Bob Tourtellotte
Reuters
Quando subir o pano para a cerimônia do Oscar, no domingo, o
nervosismo irá tomar conta da
plateia, como sempre, mas para
quem estiver vendo pela TV certamente será um ano mais tranqüilo. Após várias edições tentando
apimentar o prêmio da Academia
de Artes e Ciências Cinematográficas com apresentadores chamativos e badalados, o mestre de cerimônias neste ano, pela nona vez,
será Billy Crystal, o que dá ao telespectador uma certa sensação
de conforto e previsibilidade.
O eleitorado da academia parece em sincronia com o apetite dos
fãs por entretenimento, e não há
ninguém mais adequado para celebrar Hollywood do que Crystal,
de 63 anos, astro cômico das décadas de 1980 e 1990, em filmes como “Harry e Sally” e “Amigos,
Sempre Amigos”. “Billy é a versão como apresentador da comida saudável, saborosa e familiar,
mas não muito picante”, disse o
colunista de cinema do Entertainment Weekly, Dave Karger.
Crystal e os produtores mantêm bico calado sobre o que ele
tem na manga para a noite do Oscar. Mas é provável que o apresen-
Segundo filme com
mais indicações
no Oscar deste ano,
“O Artista” disputará
as categorias de
maior peso da
cerimônica, como
Melhor Filme
e Melhor Ator
tador comece, como em outros
anos, editando-se comicamente
em um vídeo com cenas de filmes
importantes.
Comparando Crystal ao desbocado comediante Ricky Gervais, que apresentou o Globo de
Ouro, o coprodutor Don Mischer disse que “Ricky é entretenimento, mas não acho que o
Oscar seja lugar para ser mal humorado, nem para pegar pesado
com as pessoas”.
Briga acirrada
Sem diálogos, ambientado na
época da transição de Hollywood do cinema mudo para o
sonoro, “O Artista” conta a história de um astro decadente
que encontra a redenção no
Timothy A. Clary/AFP
amor. Ele chega à noite de domingo com dez indicações sendo franco favorito ao Oscar de
melhor filme.
Se “O Artista” é o filme a ser
batido, o único com chances disso é “Histórias Cruzadas”, sobre empregadas negras de famílias brancas na década de 1960
no sul dos Estados Unidos. Seu
enredo triunfante cativou a academia e ele tem duas favoritas
ao Oscar de atuação: os atores
formam o maior grupo de eleitores do prêmio.
Viola Davis, que interpreta
uma empregada, trava uma disputa acirrada com Meryl
Streep, que vive a ex-primeiraministra britânica Margaret
Thatcher em “A Dama de Ferro”. Davis levou o prêmio da
Liga dos Atores e isso sugere
um favoritismo dela sobre
Streep, indicada 17 vezes, com
duas vitórias.
“Numa disputa apertada, a
academia vai para a atuação que
mais lhe comoveu”, disse Karger. “Sim, Meryl teve uma grande atuação, mas é Viola Davis
que tem a carga emocional.” ■
Billy Crystal em sua
última apresentação
da cerimônia do
Oscar, em 2004
Após quebrar a sina em 2007, Scorsese busca sua segunda estatueta como diretor
Renomado diretor americano
está na briga este ano com
“A Invenção de Hugo Cabret”
Admirado pelo público e reconhecido pela indústria cinematográfica de todo o mundo, o diretor americano Martin Scorsese já foi considerado por muitos
um “injustiçado” pela Academia responsável pelo Oscar até
ganhar sua primeira estatueta
em 2007 com “Os Infiltrados”.
Mas após quatro anos, Scorsese
volta ao Kodak Theatre brigando novamente pelo prêmio de
maior prestígio do cinema, agora na direção de “A Invenção de
Hugo Cabret”.
A acirrada disputa na categoria terá ainda o sonhador Michel Hazanavicius, de “O Artis-
ta”, e Alexander Payne, de “Os
Descendentes”, correndo por
fora. Hazanavicius parece na
frente, e já levou o prêmio da Liga dos Diretores neste ano, mas
Scorsese é um eterno favorito.
Especialistas dizem que as primeiras categorias já dão pistas
sobre o grande vencedor, e se
“O Artista” começar a acumular troféus em quesitos técni-
cos, como figurino e fotografia,
terá mais chances de sair aclamado. Se não, a categoria de melhor filme ficará em suspense
até que o último envelope seja
aberto.”Pode ser um ano interessante”, disse Poland, do MovieCityNews.com. “A outra coisa é que pode ser exatamente o
que todos estão esperando.”
Já na categoria de melhor ator
coadjuvante, Christopher Plummer (“Beginners”) e Max Von
Sydow (“Tão forte e tão perto”),
ambos de 82 anos, podem se tornar os mais idosos ganhadores
de um Oscar em toda a história.
Eles disputam a estatueta com Nick Nolte (“Warrior”), Jonah Hill
(“O homem que mudou o jogo”)
e Kenneth Branagh (“Sete dias
com Marilyn”). ■
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 27
CRIATIVIDADE & MÍDIA
R$ 130
milhões
Editora: Eliane Sobral [email protected]
F/Nazca e Nike formam time
exclusivo para o futebol
Fotos: divulgação
Naiara Bertão
[email protected]
Talvez Diego Dumont não possa
fazer muito pelo meio campo do
Corinthians, nem dar um jeito
na zaga do Santos, mas ele tem
funcionado como uma espécie
de ombudsman dos torcedores
desses times (e também do Coritiba, Internacional e Bahia). Dumont é gerente de planejamento
da F/Nazca, agência que tem a divisão de futebol da Nike. A missão dele? Pesquisar o que pensam e o que querem os torcedores dos clubes patrocinados pela
fabricante de material esportivo.
Mas não de todos os torcedores. Dumont e sua equipe se concentra no que ele chama de ‘torcedor/formador de opinião’.
“Com base em toda a pesquisa já
gerada e nos contatos que ainda
mantemos com os torcedoreschave, influenciadores, nossos
dois editores de conteúdo para
Nike Futebol produzem material
individuais de cada time para as
redes sociais”, afirma Dumont.
Ele conta que a interação nas
redes sociais exige ainda uma
Diego Dumont, gerente de
planejamento da F/Nazca
para a Nike Futebol
CASA fará publicidade de
outras três marcas da J&J
A agência de publicidade CASA,
do grupo JWT, acaba de
conquistar três novas contas da
Johnson & Johnson: Neutrogena,
Sempre Livre, Clean&Clear
e o site institucional da empresa.
Com isso, ela passa a atender
14 marcas da J&J, para quem
faz atendimento desde 2009.
É a verba publicitária de 2012 do
grupo Petrópolis em disputa pelas
agências NeogamaBBH, Fischer &
Fischer, Young & Rubicam,
Lew Lara TBWA, DPZ e NBS.
As quatro primeiras
já fizeram suas apresentações
ao presidente da empresa, Walter
Faria, enquanto as duas últimas
ainda irão mostrar seus projetos.
COM A PALAVRA...
...JOSÉ CARLOS RODRIGUES
Professor da Arena
Digital da ESPM
Devassa lança primeiro
filme com a escolhida
Após de fazer barulho com a
escolha no Carnaval de sua nova
garota-propaganda, entra no
ar o primeiro comercial da marca
Devassa com a modelo Juliana
Salles, a eleita. Criado pela
agência Mood, o filme chama
“Ladeira” e traz os humoristas
Leandro Hassum e Bento Ribeiro.
boa dose de equilíbrio na quantidade e qualidade das postagens
de cada clube para não causar
desavença de torcedores com a
marca. “Optamos por ter apenas um perfil social da Nike Futebol em cada rede social (Facebook, Twitter, Youtube e Flicker) e não ter canais indivuduais”, diz ele. Aspectos regionais, a linguagem de cada time,
o histórico de cada um deles
com a cidade em que estão também são levados em consideração na hora de produzir o conteúdo. Cuidado adicional: Dumont e sua turma estão sempre
de olho no humor da torcida para não dar bola fora.
Além do conteúdo digital, a
F/Nazca também é responsável
pelo conteúdo off line da Nike
no futebol. A conta da Nike está
na F/Nazca desde 2005. ■
Perrier terá stripper em
embalagens limitadas
A atriz de stripper burlesca
Dita Von Teese vai estampar
as embalagens da marca de
água mineral Perrier, em edição
limitada. O rótulo, criado por
designers do estúdio Hartland
Villa (França), lembra o mundo
das pin-ups de 1930 e 1940.
PARA LEMBRAR
NO MUNDO DIGITAL
Com índios e formigas, Philco quis se diferenciar
Internetéaque maiscresceemreceita demarketing
A internet foi a mídia que mais
cresceu em faturamento
publicitário nos primeiros
11 meses de 2011. Com um filão
de R$ 1,29 bilhão de receita no
período, o salto em comparação
com 2010 foi de 21,6%. Contudo,
a TV aberta ainda é a que mais
ganha com venda de espaço
comercial: R$ 16,2 bilhões.
No total, de janeiro a novembro do ano passado, o mercado
publicitário brasileiro cresceu 8,5% e movimentou R$ 25,6 bilhões.
As informações foram divulgados pelo Projeto Inter-Meios.
VAIVÉM
➤
●
O publicitário Fábio Fernandes reiventou o jeito que
a Philco fazia publicidade na década de 1990. Primeiro
com o bordão “Tem coisas que só a Philco faz por você”
e, mais tarde, com os roteiros do “Índio e indiozinho”
e “Formiguinhas”, ganhador do Leão de Ouro em 1996.
RICARDO MARQUES
E RODOLFO AMARAL
Novos diretores de criação da
CASA, agência do grupo JWT
A JWT acaba de promover
a dupla Rodolfo Amaral
e Ricardo Marques como
novos diretores de criação.
A mudança faz parte do plano
de reestruturação da agência
no país, colocando os dois
profissionais, com o diretor
de criação da agência CASA
(do grupo JWT), Gustavo Costi,
a frente do comando criativo da
agência em Curitiba. Marques
é diretor de arte da JWT há sete
anos e Amaral, há seis anos. Eles
respondem a Roberto Fernandez
e Ricardo John, da JWT Brasil.
PRECONCEITO COM
CLUBES DE COMPRA, VOCÊ
JÁ PASSOU POR ISSO
Possivelmente você já fez uma
compra em um dos vários sites
de compra coletiva. Apesar
da venda com um bom desconto,
há um consenso de que essa
é uma excelente maneira de
estimular a experimentação.
No setor de serviços, é impossível
desassociar a percepção de
qualidade do atendimento direto
prestado a ele. Em um restaurante,
por mais que a refeição esteja
ótima e o preço atraente, a atitude
do garçom está muito mais próxima
da percepção de qualidade total.
Isso faz com que pareçam
estranhas as situações em que,
ao frequentar um local cujo
serviço tenha sido adquirido
em um clube de compras, a
qualidade seja inferior àquela
de quem “está pagando”.
A maioria dos restaurantes pede
que seja informado na chegada
se o pagamento será com cupom
de clube de compras. Imaginamos
que seria para dar um tratamento
melhor a esse cliente (apesar
de todos, à primeira vista,
merecerem bom tratamento).
No entanto, boa parte dos
estabelecimentos trata os
clientes de clubes de compras
com preconceito. Recentemente
li um caso de uma clínica estética
que tratava esses clientes como
“peixes” urbanos. "Chegou
mais um peixe", “Fala com fulana
que ela atende aos peixes”.
Essas terríveis primeiras
experiências ganham volume
no meio online e isso reduz
o valor percebido dos
estabelecimentos, podendo fazer
com que o cupom não valha
o desgaste no tratamento.
O problema de atendimento
é resolvido com uma só palavra:
treinamento. Ao perceberem
que esses locais têm apenas uma
chance de causar boa impressão
em um potencial cliente,
deixaremos de ter as mesas do
canto para quem usa o cupom.
28 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
CULTURA
Louvre e Guggenheim viram
produtos de exportação
Filiais dos museus impulsionam turismo dos países onde chegam, mas deixam a desejar na expansão cultural
Cintia Esteves
[email protected]
Eles não são lojas, muito menos
restaurantes, mas também funcionam sob o sistema de franquia. Os principais museus de arte do mundo como o Louvre e Guggenheim estão dispostos a abrir
filiais em outros países mediante
a pagamento de taxas e royalties.
Os projetos para Abu Dhabi, nos
Emirados Árabes, são as iniciativas mais comentadas nos últimos
tempos. Para levantar uma filial
do museu francês e outra do americano mais um centro de de artes local, o governo desembolsará US$ 27 bilhões.
Mas será que a estratégia
traz benefícios aos países franqueados? Quando o assunto é
desenvolvimento e expansão
das artes, não. Quem afirma é
Fabio Cypriano, professor da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “Estas operações com nomes famosos trazem mais benefícios
em relação ao turismo local e à
imagem do país do que propriamente para as artes”, diz.
Um exemplo foi a transformação ocorrida em Bilbao, na Espanha, com a chegada da unidade
do Guggenheim. O empreendimento transformou a região devido ao poderoso projeto arquitetônico de Frank Gehry. “O prédio
se tornou um chamariz maior do
que a própria coleção do museu”, diz Cypriano.
Alastair Miller/Bloomberg
“
O Louvre, de Paris, vai
inaugurar este ano sua filial
em Lens, também na França
Estas operações com
museus famosos
trazem mais
benefícios em relação
ao turismo local
e à imagem do país
do que para as artes
Fabio Cypriano
Professor da PUC-SP
Em Abu Dhabi, a chegada dos
museus famosos vai ter de esperar mais um pouco. Em janeiro
deste ano, o governo local adiou
a inauguração do Louvre para
2015 e a do Guggenheim para
2017, antes previstos para 2013 e
2014, respectivamente. Parece
ser realmente complexa a expansão destes empreendimentos. O
Centre Pompidou, de Paris, tinha um projeto para levar sua
marca para Xangai, na China, o
qual não seguiu em frente. No entanto, o museu cumpriu a promessa de expansão para a cidade
francesa de Metz, onde inaugurou uma unidade em 2010.
O Louvre gostou da ideia e vai
abrir uma filial em Lens, também na França. Além do formato de expansão escolhido, as
franquias de museus têm outras
características em comum com
lojas e restaurantes. Eles fecham
unidades que não vão bem. O
Guggenheim encerrou as atividades de sua filial em Las Vegas, Estados Unidos, no ano passado e
em 2012 descerá as portas da
franquia de Berlim, na Alemanha. Os motivos nem sempre ficam claros. Na unidade alemã, a
justificativa foi o fim do contrato
entre o Deutsche Bank e a Fundação Solomon Guggenheim.
O Brasil já sonhou com um
museu mundialmente famoso.
Quando foi prefeito do Rio de
Janeiro, Cesar Maia queria levar o Guggenheim ao Píer
Mauá. A iniciativa causou polêmica pela indefinição dos custos e acabou naufragando. “Este tipo de projeto não faz mais
sentido para o Brasil, que hoje
tem museus muito importantes”, diz Cypriano. ■
Retrospectiva dos Irmãos Campana
Mostra premiada já esteve
em São Paulo, Espírito Santo
e Distrito Federal
A partir de 27 de fevereiro, a
mais completa retrospectiva
dos Irmãos Campana poderá ser
conferida no Rio de Janeiro. A
mostra, com 200 obras (de 1989
a 2009), foi realizada pelo Vitra
Design Museum, da Alemanha,
onde permaneceu até fevereiro
de 2010, percorrendo posteriormente outros museus da Europa. No Brasil, a mostra já esteve
no Museu Vale (ES), no Centro
Cultural do Banco do Brasil
(CCBB-Brasília) e no CCBB-São
Paulo, onde foi premiada pela
Associação Paulista de Críticos
de Arte (APCA) de 2011, na categoria Artes Visuais. A curadoria
de “Anticorpos” é de Mathias
Schwarz-Clauss, curador do Vitra Design Museum.
Os trabalhos
“Anticorpos” têm como foco o
conjunto dos trabalhos dos irmãos Fernando e Humberto
Campana - artes plásticas, peças de mobiliário e joias -, e
mostras suas estratégias, fontes
de inspiração e as variadas abordagens do design que eles utilizam. Enquanto Humberto cria
Considerados figuras
importantes do
design internacional,
os Irmãos Campana
têm uma linguagem
visual ancorada
no Brasil, com
contraste de cores,
formas e materiais
seus objetos como artesão e artista autodidata, Fernando participa como arquiteto experiente.
Juntos, ignoram todas as convenções do design tradicional,
brincam com a noção de funcionalidade e formam seus objetos
poéticos a partir de realidades
contraditórias.
Terra natal
Considerados figuras importantes do design internacional, os
Irmãos Campana têm uma linguagem visual ancorada no Brasil, com contraste de cores, formas e materiais. Utilizando fios
emaranhados de algodão, plásti-
co, cobre, retalhos coloridos e
estampas em formas exuberantes, transformam uma cadeira
numa obra de arte.
A retrospectiva apresenta a
maior parte dos trabalhos dos
Irmãos Campana, incluindo coleções particulares, institucionais e as obras do Estúdio Campana. Exibe ainda peças criadas pelos dois designers especialmente para “Anticorpos”,
desenvolvidas em cooperação
com o Vitra Design Museum.
Dentre elas, um número de experimentações em papel machê e uma série de colagens
em papel. ■ Redação
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 29
Divulgação
Aniston ganha estrela na Calçada da Fama
Esta semana, Jennifer Aniston foi homenageada com uma estrela
na Calçada da Fama de Hollywood. A atriz é a primeira integrante
do elenco do seriado “Friends” a receber a distinção das celebridades,
que ela descreveu como “surreal”. “Eu nasci em Sherman Oaks,
na Califórnia. Eu sou uma garota californiana por completo,
e tenho certeza que isto sempre esteve no fundo da minha mente”,
afirmou Jennifer durante a cerimônia.
Daniel Acker/Bloomberg
CINEMA ESTREIAS
A mulher de preto
O nova-iorquino Guggenheim
fechará unidade de Berlim este ano
Patrick Kovarik/AFP
O parisiense Centre
Pompidou inaugurou
uma unidade em Metz,
na França
Quando o personagem de Daniel Radcliffe entra num trem,
logo no começo de “A mulher
preto”, algum desavisado poderia pensar que ele estivesse a caminho de Hogwarts, em mais
uma aventura da cinessérie
“Harry Potter”. Mas não, ele
vai para um lugarejo remoto na
Inglaterra. O que vai fazer, pouco importa, porque não passa
de uma mera desculpa, para,
pouco depois, aprisioná-lo numa mansão assombrada pela
personagem-título.
Radcliffe é um advogado viúvo que não tem muito tempo para o filho pequeno e precisa lidar com fantasmas, reais e imaginários, durante sua viagem. A
mulher de preto, uma maldição
local, mata criancinhas toda
vez que alguém a vê, como punição por terem-na separado de
seu filho pequeno. Assim, a cada aparição, uma criança morre
de forma trágica. E o ex-Harry
Potter vê a mulher vezes suficientes para os moradores locais cogitarem expulsá-lo dali.
No longa, Daniel
Radcliffe é um
advogado viúvo
que não tem muito
tempo para o filho
pequeno e precisa
lidar com fantasmas,
reais e imaginários,
durante sua viagem
Só um ricaço, Ciarán Hinds,
toma as suas dores. Embora ele
tenha perdido um filho, não
acredita naquilo que chama de
crendice popular. Sua mulher,
Janet McTeer, de “Albert Nobbs”, pelo contrário, diz até travar contato com o filho morto
durante transes mediúnicos. Já
a tal mulher de preto aparece
sem qualquer sutileza e só vem
mesmo para provocar sustos.
Quando algum filme de fantasmas e casas amaldiçoadas
irá fugir da gramática do gênero? ■ Reuters
Tão forte e tão perto
A tragédia das torres gêmeas
em 11 de setembro de 2001 é o
pano de fundo da história de
“Tão forte e tão perto”, novo
drama do inglês Stephen Daldry. O longa conquistou duas indicações ao Oscar (melhor filme e melhor ator coadjuvante)
para o sempre magnético intérprete sueco Max von Sydow,
num papel em que ele não pro-
nuncia uma única palavra. E ainda assim diz tudo. O problema
do filme é bem o contrário do
misterioso personagem de von
Sydow. Tudo aquilo que no veterano ator sueco, habitué de filmes de Ingmar Bergman como
“O Sétimo Selo” (1957), é contenção e intensidade, no filme
de Daldry quase sempre se torna artifício e excesso. ■ Reuters
Albert Nobbs
chega ao CCBB Rio
Nas mãos dos
Campana,
emaranhados
de diversos
materais viram
verdadeiras obras
Há 24 anos sem ser indicada ao
Oscar, novamente Glenn Close
tem a chance de ser reconhecida pelo seu desempenho em “Albert Nobbs”, drama de época
que concorre a três estatuetas
da Academia: melhor atriz (a
própria Glenn), atriz coadjuvante (Janet McTeer) e maquiagem.
Baseado em um conto do escritor George Moore, o filme narra
a vida difícil e solitária de Albert Nobbs, que trabalha como
camareiro de um hotel em Dublin, capital da Irlanda.
Discreto, seguro e extremamente responsável, Albert Nobbs é na verdade uma mulher
que se veste e se faz passar por
homem desde a adolescência. O
filme dirigido por Rodrigo Garcia. ■ Reuters
Cada um Vive como Quer
Dando sequência a um bem-vindo relançamento de clássicos
do cinema em cópias restauradas, iniciado em dezembro de
2011 com “Taxi Driver”, de Martin Scorsese, o Cine Olido de
São Paulo exibe a partir de hoje
“Cada um Vive como Quer”, de
Bob Rafelson. O filme fica em
cartaz na sala até 1 de março. Este drama de 1970, com quatro in-
dicações ao Oscar foi o primeiro
papel como protagonista de Jack Nicholson, que vinha do sucesso num papel secundário em
“Sem Destino” (1969). A restauração do filme foi realizada em
2010, em seu quadragésimo aniversário. Filmado em 40 dias no
inverno de 1970, o longa contou
com um orçamento de apenas
US$ 900 mil. ■ Reuters
30 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
FINANÇAS
Editora executiva: Jiane Carvalho [email protected]
Editora: Maria Luíza Filgueiras [email protected]
Subeditora: Priscila Dadona [email protected]
Evaristo Sa/AFP
À frente da
autoridade
monetária,
Tombini, sinaliza
que está de olho
nas captações
de bancos
no exterior
BC retoma artilharia
para segurar dólar
Compras de dólar à vista e retomada do swap cambial reverso tentam sustentar cotação da moeda a R$ 1,70
Natália Flach
[email protected]
Depois de seis meses de trégua,
o Banco Central voltou a travar
uma batalha contra a valorização da moeda brasileira e parece estar disposto a usar artilharia pesada. Ontem, depois de fazer operação de compra de dólar no mercado à vista pelo segundo dia seguido, lançou mão
de um leilão de swap cambial reverso, recurso que não usava
desde agosto passado. Nessa
operação, o BC paga juros às instituições e assume os ganhos ou
perdas da variação cambial até
o vencimento do contrato —
equivalente a uma compra de
dólar no mercado futuro.
Mas, apesar de terem sido
ofertados 40 mil contratos com
vencimento em abril e julho,
apenas 3,5 mil com vencimento
em julho foram aceitos. Com isso, foi registrado o equivalente
a US$ 174,7 milhões — representa 8,75% do total previamente
colocado à venda, montante de
US$ 2 bilhões. Este é o menor
percentual efetivado dos últimos 30 meses. Para se ter ideia,
somados os 20 leilões de swap
cambial reverso realizados no
ano passado, o BC conseguiu negociar US$ 17 bilhões. Em cinco
deles, 100% dos papéis ofertados foram vendidos.
Foi o BC que não quis arcar
com a taxa pedida pelo mercado para vender os demais contratos. A explicação dos operadores e economistas para o resultado fraco do leilão é que,
na verdade, o BC estava apenas
reiterando que pode voltar a intervir no câmbio todas as vezes que o dólar perder o piso estipulado — que ao que tudo indica é de R$ 1,70, mesmo patamar em que interveio na sessão anterior.
“Foi mais uma sinalização de
que o BC está acompanhando a
oscilação e não quer que o câmbio desça. Demonstrou também que tem instrumentos pa-
ra intervir se julgar necessário”, explica Bruno Lavieri, economista da Tendências Consultoria. José Carlos Amado, operador da Renascença Corretora,
acrescenta que o leilão não passou de um teste para saber como o mercado iria responder.
“Tanto é que veio de surpresa,
sem aviso. Queriam ver se a demanda seria boa”, analisa.
Até a hora do leilão, a moeda
americana tinha atingido o menor patamar desde 31 de outubro
do ano passado, de R$ 1,697.
Mas, mesmo com o resultado
abaixo dos níveis observados em
leilões anteriores, o dólar reverteu a tendência de queda e voltou
QUEDA LIVRE
LEILÕES DO BC
Variação do dólar ante o real
mostra valorização da moeda
brasileira, em R$/US$
Volume efetivado de operações de swap cambial reverso, em US$ bi
1,90
1,869
1,85
1,80
3,5
Fontes: CMA e Brasil Econômico
3,4
2,5
2,0
1,75
30/DEZ/2011
tas que podia encerrar o ano acima do teto da meta, de 6,5%.
“O BC deixou o câmbio se valorizar levemente porque isso ajuda
no combate à inflação. Mas como ela está dando refresco no
curto prazo, voltaram a olhar
para o lado do câmbio”, afirma
Maurício Nakahodo, economista-chefe da CM Capital Market.
O BC também está acompanhando a série de captações no
exterior em dólar feitas por bancos e empresas, bem como um
ritmo ainda acelerado de fluxo
cambial e investimento estrangeiro direto — que ajudam a
pressionar para baixo a cotação
do dólar contra o real. ■
3,0
1,5
1,70
a ficar acima da casa de R$ 1,70.
Encerrou o dia a R$ 1,711.
O intervalo de seis meses entre a última intervenção da autoridade monetária com swap
cambial reverso e a realizada ontem se explica, segundo Lavieri, pelos impactos do cenário internacional nas moedas brasileira e americana. No segundo semestre de 2011, observou-se a
valorização do dólar frente a
uma cesta de moedas, já que os
investidores passaram a procurar ativos mais seguros, como
ouro e a divisa americana.
Nesse período, o BC também
estava preocupado com a trajetória da inflação, que dava pis-
1,0
1,711 0,5
0,0
23/FEV/2012
1,48
0,99 0,99 0,99
0,50
0,71 0,86
0,85
1,12 1,25
1,18
0,82
0,29 0,33
1,27 1,24
0,65
0,48 0,36 0,50
0,17
5/MAI 14/JAN 21/JAN 24/JAN 27/JAN 4/FEV 10/FEV 18/FEV 22/FEV 25/FEV 28/FEV 28/MAR 30/MAR 31/MAR 1/ABR 29/ABR 28/JUN 8/JUL 13/JUL 27/JUL 30/AGO 23/FEV
2009
2011
2012
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 31
Marcela Beltrão
Itaú reforça time de crédito sindicalizado
O Itaú Unibanco contratou John Corcoran, do Banco UBS, para dirigir
a área de captações sindicalizadas do banco em Nova York. Corcoran
vai substituir Surat Maheshwari a partir de meados de março, disse
Douglas Chen, diretor de distribuição internacional de renda fixa do
Itaú. Os empréstimos sindicalizados são feitos por grupos de bancos
para financiar grandes projetos, principalmente de infraestrutura,
viabilizando a demanda de clientes por grande volume financeiro.
FEVEREIRO
Fluxo
cambial está
positivo em
US$ 6,5 bi
O saldo de entrada e saída de
dólares no país (fluxo cambial)
ficou positivo em US$ 6,520 bilhões em fevereiro, até o dia 17,
segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. O movimento foi puxado pelo fluxo
decorrente de aplicações financeiras, que ficou positivo em
US$ 4,128 bilhões. Também foi
observada uma recuperação no
saldo de operações comerciais,
que somou US$ 2,392 milhões,
resultado de US$ 12,293 bilhões
em exportações e US$ 9,901 bilhões em importações.
No acumulado do ano, o fluxo cambial está positivo em
US$ 13,803 bilhões. Já as reservas internacionais no BC atingiram US$ 354,393 bilhões neste
mês, contra R$ 355,075 bilhões
em janeiro.
Investimento
Estrangeiro Direto
de janeiro atingiu
US$ 5,43 bilhões, acima
dos US$ 2,95 bilhões
do mesmo mês de 2011
Por sua vez, o Investimento
Estrangeiro Direto (IED) de janeiro no Brasil atingiu US$ 5,43
bilhões, acima dos US$ 2,95 bilhões atingidos no mesmo mês
do ano passado. A cifra, que representa a entrada de capital estrangeiro no setor produtivo,
foi inferior aos US$ 6,65 bilhões
que ingressaram em dezembro
como IED. Os ingressos líquidos em participação no capital
de empresas no país atingiram
US$ 5 bilhões, enquanto os empréstimos intercompanhias somaram US$ 407 milhões.
Neste ano, a projeção do BC é
que o IED acumule US$ 50 bilhões, uma desaceleração frente ao recorde de US$ 66,7 bilhões registrado em 2011. Para
os economistas, a expectativa é
que o fluxo continue em ritmo
acelerado nos próximos meses.
“Apesar do fluxo ter ficado negativo na terceira semana, continua muito forte. É possível
que outras companhias façam
captações em dólar, na esteira
do Bradesco e de outras empresas”, acredita Maurício Nakahodo, economista-chefe da CM
Capital Markets. ■
AGENDA
● Pela manhã, Serasa
Experian divulga sua medição
para o PIB mensal brasileiro.
● Às 8h, sondagem do
consumidor no Brasil.
● Nos Estados Unidos, às 12h55,
confiança do consumidor e
vendas de imóveis residenciais.
Demanda faz Bradesco dobrar
captação e reduzir taxa de bônus
Interesse dos investidores chegou a US$ 7 bilhões e, com oportunidade de captar mais barato
que o previsto, banco brasileiro levantou US$ 1 bilhão ao invés dos US$ 500 milhões previstos
Adriano Machado/Bloomberg
Ana Paula Ribeiro
[email protected]
O Bradesco conseguiu levantar
mais US$ 1 bilhão no mercado externo em operação finalizada ontem. Inicialmente, a instituição
ia emitir US$ 500 milhões em títulos de dívida com vencimento
em 10 anos. No entanto, a forte
demanda dos investidores, que
chegou a US$ 7 bilhões, fez a
oferta inicial do banco dobrar.
Além da demanda permitir o
acesso a um volume maior de
recursos, o Bradesco também
pagará menos aos investidores
graças ao interesse extra. Inicialmente, a taxa de retorno
(“yield”) para os compradores
desse papel seria próxima de
6%, mas foi possível oferecer
5,75%. A operação foi coordenada pelos bancos Bradesco BBI,
BB Securities, BNP Paribas,
Bank of America, JPMorgan e
Standard Chartered.
O diretor do Bradesco BBI, Renato Ejnismam, afirma que a distribuição da oferta foi diversificada não só em termos geográficos mas também em relação ao
tipo de investidor, com a participação de fundos de pensão, private bankings, entre outros. “Tivemos uma demanda considerável pelo bom momento do banco e também do Brasil e por isso
o prêmio pago foi bem interessante”, diz o executivo.
As empresas brasileiras consideradas de bom risco de crédito
e já com um histórico de emissões no exterior têm conseguido demanda significativa nas
operações neste ano. A Petrobras, por exemplo, captou US$ 7
bilhões no início do mês em
uma operação cuja a demanda
chegou aos US$ 25 bilhões. Desde o início do ano já foram emitidos cerca de US$ 18 bilhões em
títulos externos, incluindo aí a
captação de US$ 900 milhões
realizada pelo Tesouro.
O próprio Bradesco já havia
testado o mercado externo neste
ano, com uma operação em que
levantou US$ 750 milhões com a
emissão de títulos de dívida com
vencimento em cinco anos.
Mas a garantia de demanda
não se repete para todas as empresas brasileiras. Aquelas consideradas de maior risco, mesmo pagando mais juros aos investidores, não estão conseguin-
Em janeiro, banco já havia
captado US$ 750 milhões
pelo prazo de cinco anos
Companhias com
bom risco de crédito
e histórico de
emissões no exterior
têm conseguido
boa demanda por
parte dos investidores
estrangeiros
do finalizar suas operações. O caso mais recente é o da Gol, que
cancelou esta semana uma oferta de títulos no exterior. Empresas menos conhecidas entre os
investidores estrangeiros também não conseguiram sucesso,
como o Grupo Farias, de açúcar
e álcool, e o frigorífico Rodopa.
Segundo Ejnismam, há liquidez no mercado externo, mas
os investidores estão muito criteriosos. “O investidor está ainda mais seletivo. Ele faz uma
análise criteriosa da oferta e se
é um emissor novo, a análise é
ainda maior”, explica ele, acrescentando que em alguns casos
o prêmio pedido pode ser tão
elevado que a empresa emissora desiste da oferta.
Reforço no capital
Por ser uma dívida subordina-
■ INÍCIO
Proposta inicial do
Bradesco era emitir
US$
500mi
■ INTERESSE
Demanda dos investidores
pelos papéis chegou a
US$
7 bi
da, o valor captado pelo Bradesco ajudará a elevar a base de capital do banco. “Esta emissão
deve resultar em pequeno aumento do índice de capital regulatório do Bradesco, apoio
adicional à projetada expansão
da carteira de crédito em
2012”, avalia a agência de avaliação de risco Fitch.
Em dezembro, o índice de Basileia do banco era de 15,1%, acima do mínimo de 11% exigidos
pelo Banco Central. Esse indicador mostra a capacidade do banco em expandir a suas operações em relação ao seu patrimônio referência, que é formado
por capital de dois níveis. O de
“nível um”, como retenção de
lucro e ações, e o de “nível
dois”, que pode ser composto
por dívidas subordinadas após
autorização prévia do BC. ■
■ FINAL
Os títulos pagarão ao
investidor taxa de
5,75% a.a.
32 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
FATO RELEVANTE
Além de imóveis, Lopes e Brasil
Brokers também sabem se vender
Enquanto construtoras afundam em bolsa e lutam por resultados, imobiliárias têm resultados recordes
Marcelo Justo/Folhapress
MERCADO IMOBILIÁRIO
Imobiliárias encontram fôlego
operacional com venda de imóveis usados
Desempenho de ações
de imobiliárias
LOPES BRASIL (LPSB3), EM R$
48,0
38,58
38,7
36,11
29,4
20,1
30/DEZ
2010
23/FEV
2012
BR BROKERS (BBRK3), EM R$
10,6
9,35
8,4
7,46
Vanessa Correia
[email protected]
O desaquecimento nas vendas
de imóveis novos não deve afetar as imobiliárias, que aos poucos voltam sua atenção para o
que era o patinho feio dos negócios: os imóveis usados. É ao
crescimento de dois dígitos desse segmento que os analistas
creditam perspectivas positivas
nos balanços financeiros da Lopes e da Brasil Brokers e, consequentemente, impacto nas
ações em bolsa.
Enquanto o Índice Imobiliário (Imob), composto principalmente por incorporadoras, apresenta avanço de 22,43% este
ano depois de ter apanhado
27,70% no ano passado, as duas
únicas imobiliárias listadas na
bolsa brasileira mantêm ritmo
acelerado. A Lopes já avançou
38,88% este ano e a Brasil
Brokers, 33,69%.
No ano passado, a Lopes registrou recorde histórico de vendas, segundo a prévia operacional. Foram R$ 18,2 bilhões, 16%
acima de 2010. Em unidades, a
empresa contabilizou crescimento de 12%, com 63,1 mil unidades vendidas.
Para Luiz Maurício Garcia, analista da Bradesco Corretora, os
papéis das imobiliárias são menos relevantes dentro do setor
de construção civil, mas se apresentam como alternativa. “As
imobiliárias oferecem potencial
de crescimento menor quando
comparadas às demais empresas
do setor, porém embutem risco
menor uma vez que não estão envolvidas em possíveis preocupações quanto à execução dos projetos”, exemplifica. Ainda de
Para o analista da
Bradesco Corretora,
papéis de imobiliárias
são menos relevantes
dentro do setor
de construção civil,
mas se apresentam
como alternativa
às construtoras
e incorporadoras
acordo com o analista, por terem
baixa necessidade de capital de
giro, são consideradas boas pagadoras de dividendos.
As ações também devem se
beneficiar em um cenário no
qual o repasse de preços feito pelas construtoras é benéfico às incorporadoras, uma vez que sua
comissão também será elevada.
“Por outro lado, a grande oportunidade de expansão está segmento de imóveis usados, que
representa 60% de todo o mercado imobiliário, mas que responde entre 15% a 22% dos imóvel vendidos”, completa.
Entre as ações da Lopes e Brasil Brokers, Garcia prefere a segunda “por apresentarem desconto em relação à principal
concorrente listada em bolsa”.
O preço-alvo para as ações da
Lopes é de R$ 37,40 para o final
deste ano, ante cotação atual de
R$ 36,11, enquanto o preço-alvo para os papéis da Brasil
Brokers é de R$ 9,40, hoje cotada a R$ 7,46.
Já Esteban Polidura, analista
do Deutsche Bank, tem preferência pelas ações da Lopes dada a plataforma para desenvolver o mercado secundário em
parceria com o Itaú Unibanco e
a CrediPronto. No ano passado,
a joint venture assinada entre a
Lopes e o Itaú financiou R$ 1,3
bilhão, expansão de 118% em relação a 2010, segundo a prévia
operacional da companhia.
“O mercado ainda não reconheceu o valor que a CrediPronto tem. Além disso, a Lopes tem um dos maiores retornos sobre o patrimônio (ROE)
do mercado de construção civil e tem potencial para produzir o fluxo de caixa livre positivo em breve”, ressalta.
O preço-alvo do Deutsche para os papéis da Brasil Brokers é
de R$ 7,20, com recomendação
de manutenção, e de R$ 38,00
para os da Lopes, com recomendação de compra. Para as ações
da Lopes, o analista aponta R$
38, sendo R$ 30,00 referente à
Lopes e R$ 8,00 à CrediPronto.
Para Brasil Brokers, o analista
do Deutsche considera forte
crescimento nos próximos três
anos, mas dependência de acordos com parceiro financeiro.
“O potencial de renegociação
do acordo de geração de financiamento imobiliário com o HSBC poderá resultar em termos
menos vantajosos do que os assumidos atualmente”, diz. ■
6,2
4,0
30/DEZ
2010
23/FEV
2012
IMOB, EM PONTOS
1.100
1.036
940
917
780
620
30/DEZ
2010
23/FEV
2012
Fontes: Economatica, BM&FBovespa
e Brasil Econômico
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 33
MERCADO
Chris Ratcliffe/Bloomberg
Qualicorp tem impacto de oferta secundária
Os acionistas controladores da Qualicorp — fundos BHCS FIP e L2 FIP —
querem vender suas ações, em uma oferta secundária. Por trás dos
fundos estão o grupo de investimentos Carlyle Group e o fundador
da empresa, José Seripieri Filho, o que fez os demais acionistas e os
analistas não gostarem do comunicado e as ações chegaram a despencar
quase 6% ontem. “E é uma grande quantidade de ações vindo
ao mercado”, diz João Carlos dos Santos, analista do BTG Pactual.
BOLSAS
COMMODITIES
Terceira queda
seguida na Europa
Petróleo mantém
escalada de alta
Revisão de ritmo econômico para a Zona do Euro pesou sobretudo
nas ações do setor automotivo, mais dependente da demanda regional
O preço do petróleo do tipo
Brent, negociado na bolsa de
Londres, atingiu um novo recorde ontem, em euros, devido à
pressão entre o mercado do Irã e
os Estados Unidos. Referência
para o mercado europeu de petróleo cru e para a maioria das cotações em outras praças mundiais, o Brent futuro atingiu ¤
93,60 por barril na sessão, excedendo o recorde anterior na
moeda local de ¤ 93,46, atingido
em 3 de julho de 2008. Em dólares, a cotação do contrato de
Brent para abril subiu 0,2%, a
US$ 123,14 o barril — depois de
atingir US$ 124,50 na sessão.
A cotação aumentou ainda
mais a pressão sobre um mercado cuja economia luta para retomar fôlego — e no mesmo dia
de revisão de perspectiva econômica pela União Europeia, que
fez os índices acionários afundarem. O alto custo do barril pode
ser mais um empecilho para
As ações europeias caíram ontem pela terceira sessão consecutiva, sentindo o peso de projeções negativas de crescimento
econômico para a Zona do Euro
e resultados considerados fracos de alguns bancos regionais.
A estimativa da União Europeia é de uma retração de 0,3%
na economia do bloco, ante previsão anterior de crescimento
de 0,5% — apontando um cenário difícil para os lucros corporativos, ao mesmo tempo em que
o governo tenta reduzir custos.
As ações do setor automotivo, que estão pesadamente expostas à demanda doméstica,
foram as mais pressionadas na
sessão ontem, com queda de
1,7%. Ainda assim os papéis do
setor acumulam alta de 30%
no ano, conforme o índice setorial Stoxx 600.
Da ponta de resultados e perspectivas corporativas, um cenário pouco animador para o Commerzbank e o Credit Agricole
derrubaram as ações — o primeiro caiu 6,3% e o segundo, 4%,
depois de perdas recordes de
suas holdings com dívida grega
e o aviso ao mercado de que
dias duros virão pela frente.
O banco de investimento
francês Natixis chamou atenção durante a sessão pelo com-
“
A bolsa tem se
beneficiado dessa
expectativa de juros
mais baixos nas
últimas semanas,
mas agora parece
que está havendo
uma correção depois
que o IPC-S saiu
Luciano Rostagno
Estrategista-chefe do
Banco WestLB
portamento oposto — disparou com uma redução menor
que a esperada no lucro do último trimestre.
Bolsa brasileira
O Ibovespa, principal índice
acionário da bolsa brasileira,
acompanhou o dia de mau hu-
Pressão do Irã continua refletida no preço bem como dados nos EUA
mor externo, e fechou em queda de 0,41%, aos 65.819 pontos.
Durante boa parte do dia, o índice esteve em alta, mas reverteu tendência após o IPC-S divulgado hoje ficar acima das expectativas. Na mínima do dia, o
índice chegou a cair 0,8%.
“A bolsa tem se beneficiado
dessa expectativa de juros
mais baixos nas últimas semanas, mas agora parece que está
havendo uma correção depois
que o IPC-S saiu”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil
SA, à Bloomberg.
Na contramão, as bolsas americanas subiram após o Departamento de Trabalho dos Estados
Unidos dizer que o número de
pedidos de seguro-desemprego
se manteve em 351 mil na semana encerrada em 18 de fevereiro, no menor nível desde março
de 2008. A mediana das projeções de 47 economistas consultados pela Bloomberg apontava
para 355 mil pedidos.
A confiança do investidor na
Alemanha aumentou para o nível mais elevado em sete meses.
O índice Ifo de sentimento de
negócios subiu para 109,6, ante
estimativa mediana de 108,8
em pesquisa Bloomberg e 108,3
no mês anterior. ■
JUROS
Taxas avançam pelo
segundo dia consecutivo
Inflação e dados de geração de emprego dificultam redução da Selic
mercados que já estão com estrangulamento financeiro.
“Essa alta recorde está criando um impacto psicológico e pode afetar a demanda na Europa”, considera James Zhang,
economista do Standard Bank.
Impulso americano
No mercado americano, a cotação do barril também subiu, pela
sexta sessão seguida, depois que
o Departamento de Trabalho dos
Estados Unidos reportou que os
pedidos de seguro desemprego
mostram maior estabilidade. “O
índice de confiança na Alemanha e outros dados positivos deram razão ao mercado para operar com otimismo”, disse Tom
Bentz, diretor da corretora do
BNP Paribas em Nova York. O
contrato de petróleo WTI, negociado em Nova York, para abril
subiu 1,5%, para US$ 107,83 o
barril. No ano passado, acumulou alta de 9,9%. ■ Agências
CÂMBIO
Euro sobe com
confiança alemã
Índice que sonda perspectiva de negócios faz moeda avançar 0,7%
O euro avançou ontem para o
maior nível em 10 semanas contra o dólar depois que o índice de
confiança de negócios na Alemanha subiu para o maior patamar
em sete meses, considerando que
a crise de dívida da região está caminhando para uma resolução.
Por outro lado, ajudou na queda do dólar a notícia de que a taxa de pedidos de seguro desemprego está desacelerando — ficou no menos nível em quatro
anos. O iene subiu ante o dólar
após a venda de títulos do Tesouro com prazo de sete anos encontrarem maior demanda do
que o esperado.
O euro subiu 0,7% para US$
1,334. A moeda comum da região
foi negociada acima do tíquete
médio dos últimos 100 dias, de
US$ 1,331. No Brasil, a moeda
americana fechou a R$ 1,713, com
intervenções do Banco Central para segurar a cotação. ■
MOEDA ÚNICA
Euro ganha fôlego contra dólar americano, em US$/¤
Os juros nos mercados futuros
subiram pelo segundo dia após
dados de inflação e de geração
de emprego divulgados hoje superarem as estimativas, o que
poderia reduzir espaço para o
Banco Central cortar juros.
A economia brasileira criou
118.895 empregos com carteira
assinada em janeiro, de acordo
com dados do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados,
divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A
projeção mediana de 19 econo-
mistas consultados pela Bloomberg indicava geração de 100
mil postos de trabalho.
O dado de emprego ajuda a
pressionar os juros juntamente
com a alta da inflação, disse
Maristella Ansanelli, economista- chefe do Banco Fibra AS,
em entrevista por telefone de
São Paulo. “O dado veio um
pouco mais forte.”
Segundo Ansanelli, o aumento do emprego em janeiro é “sazonal” e não deve impedir o
Banco Central de cortar a taxa
básica para até 9% este ano.
Os juros futuros subiram ontem com a alta do petróleo contrabalançando os sinais de desaceleração econômica na Europa
e a queda da estimativa de inflação do mercado mostrada em
pesquisa do Banco Central.
O DI Janeiro 2014, o mais negociado com um giro de R$
15,11 bilhões, fechou a 9,68 %
ao ano. O segundo com maior
movimento, o Janeiro 2013,
apontou taxa 9,24 % ao ano. ■
Bloomberg
1,490
1,444
1,398
1,352
1,3741
1,3284
1,306
1,260
23/FEV/2011
23.MAR 25/ABR 23.MAI 24/JUN 22.JUL 23/AGO 23.SET 24/OUT 23.NOV 23/DEZ 23.JA23
23/FEV/2012
23
Fontes: BC e Brasil Econômico
34 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
FINANÇAS PESSOAIS
VIAJAR
Etiqueta cultural para evitar
gafes e facilitar negócios
Cursos especializados e viagens a lazer dão lições cotidianas a quem lida com executivos estrangeiros
Marília Almeida
[email protected]
Chegar cinco minutos atrasado
para uma reunião com executivos alemães pode colocar tudo a
perder em uma negociação. Por
outro lado, aceitar o convite para
um jantar de um executivo chinês e aproveitar a ocasião para
criar laços de confiança podem
decidir a assinatura de um contrato. Conhecer algumas características da cultura do país onde serão realizadas transações para evitar constrangimentos e estimular
a relação comercial têm ganhado
cada vez mais a atenção de executivos e corporações.
Com objetivo de treiná-los para encarar situações como as listadas acima, que podem impulsionar ou prejudicar o andamento
dos negócios em outro país, instituições de educação já oferecem
treinamento cross cultural para
profissionais — ou, em bom português, cruzamento de culturas.
São cursos rápidos tanto para
quem será transferido para outro
país com a família, quanto executivos que viajam para fechar negócios no exterior ou têm contato constante com clientes ou parceiros alocados em outro país.
Os cursos da escola de idiomas Berlitz para gestores globais duram, em média, dois
dias. A diretora de relações corporativas Silvia Freitas aponta
que cada vez mais empresas
multinacionais têm exportado
executivos brasileiros para outro país por sua facilidade de
adaptação e flexibilidade.
“O treinamento prepara o
profissional para encarar situações ligadas ao cotidiano corporativo. Primeiro, verificamos
para qual país o executivo está
indo”, explica a executiva da
Berlitz. “A partir daí, montamos um cronograma que passa
por características do processo
de negociação e diversos níveis
que tratam especificamente sobre a cultura do país para onde
irá viajar. Acreditamos que não
adianta entender o idioma se
não entender as diferenças culturais envolvidas no negócio.”
A questão cultural é tão importante que é um dos itens considerados na hora da contratação no escritório de advocacia
Tozzini Freire, que tem negócios no exterior e opta por advogados descendentes da nacionalidade onde serão realizados os
negócios, que conheçam tanto
a língua como a cultura do país.
Além de dicas sobre como se
comportar para que a relação seja harmoniosa e não afete os negócios, os cursos também abordam dicas de etiquetas, que evitam situações constrangedoras.
Por exemplo, recusar a cabeça
de um peixe ao fechar um negócio durante um banquete na China pode ser um problema.
“É um gesto honroso. A saída
pode ser oferecer o alimento para um empresário da nacionalidade que teve um papel importante durante a reunião. O gesto deve ser seguido por um belo
discurso”, aponta Ling Wang,
consultora da W!N Education
Business Support, que tem um
programa de imersão na China.
Uma das confusões comuns
são sorrisos e concordâncias durante uma negociação. “Orientais costumam evitar conflitos e
dizem sim, mas não significa
que estão concordando”, destaca Wang. ■
VIVÊNCIA
Henrique Manreza
O arquiteto
Fernando Brandão
se prepara para
montar um
escritório
na China
Na China, bom negócio merece brinde
O arquiteto Fernando Brandão,
51 anos, foi um dos expositores
do Pavilhão Brasileiro na feira
de projetos sustentáveis Expo
Shanghai, realizada em 2010 na
China. A participação no evento rendeu frutos e agora ele se
prepara para lecionar em uma
universidade de Pequim e montar um escritório no país.
Ele conta que pesquisou muito sobre o comportamento dos
novos parceiros de negócios e
percebeu que o brasileiro tem
um comportamento muito informal perante o modo de agir
protocolar dos orientais.
“Eles viram essa diferença como positiva e levaram numa
boa. Mas percebi que não gostam mesmo é de ser contra-argumentado”, aponta Brandão.
Isso foi um problema para o
arquiteto, que tinha o costume
de ter uma mesa de reunião especialmente para resolver conflitos em seu escritório. “Tive
que me adaptar. Quando vamos para a mesa, geralmente
os conflitos já estão resolvidos. A solução é articular nos
bastidores e resolver os problemas antes e com cada um dos
envolvidos.”
Brandão também cita situações cotidianas, nas quais o empresário brasileiro é obrigado a
“dar um jeitinho” para não cometer gafes. “Eles costumam comemorar negócios fazendo um brinde, mas os participantes têm que
virar o copo. Se bobear, você fica
‘de fogo’ rapidinho.”
A dica de Brandão é priorizar o
respeito pela cultura do país e ter
a mente aberta para mudanças.
“Acabei me relacionando bem.
Eles são divertidos e alegres. Se
você os respeita, te respeitam e,
se do respeito não surgir confiança, não tem negócio.” ■ M.A.
FRANÇA
ÍNDIA
DIFERENÇAS CULTURAIS
Cuidados na hora de negociar com executivos de outras nacionalidades
JAPÃO
CHINA
Dê seu cartão
de visitas
com as duas
mãos. É um
sinal de
respeito
e deferência
Fontes: Berlitz e especialistas
ALEMANHA
O minuto de silêncio
após a exposição
da proposta não
significa desaprovação,
mas um momento
de reflexão.
Não o interrompa
Presentes que
contenham unidades
em número par são
malvistos, assim como
aqueles que sugerem
ligações pessoais, como
oferecer rosas vermelhas
Após o brinde,
beba ao menos
um pouco
do vinho antes
de repousar
o copo
na mesa
Evite mostrar
objetos de
couro ou
mencionar
carne bovina.
A vaca é
sagrada no país
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 35
Adriano Machado/Bloomberg
FundosdoCredit atingem6,4%daEquatorial
A Equatorial Energia comunicou ao mercado, por meio de documento
publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que investidores
não residentes e fundos de investimento geridos pela Credit Suisse
Hedging-Griffo (CSHG) atingiram a participação relevante de 6,39%
do total de ações ordinárias emitidas pela companhia, equivalente
a 6.980.900 de papéis dessa espécie. A CSHG informa que não
pretende, com a aquisição, alterar a composição do controle.
HOME BROKER
(fechamento em R$)
Vale PNA (VALE5)
50,50
50,500000
46,85
46,850000
50,00
Para analistas, a expectativa
para o setor de construção civil
é de metas mais conservadoras
44,00
43,20
43,200001
42,80
41,50
40,80
39,55
35,90
39,550001
35,900002
31/OUT
EzTec e PDG são
apostas da Planner
Suporte/stop
Resistência
1/DEZ
Objetivo
2/JAN
30/JAN
23/FEV
Fontes: Leandro Martins, Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico
Vale segue rumo a resistência em R$ 44
Os papéis preferenciais da Vale (VALE5) registraram um bom
desempenho durante o pregão de ontem. Com ganhos de 1,95%,
as ações fecharam cotadas ao valor de R$ 42,80. E esse
desempenho segundo Leandro Martins, da Walpires Corretora
pode fazer com que a empresa rompa a resistência (ponto que,
se superado, indica a possibilidade de continuidade de movimento
de alta da ação) em breve. “Acredito que na próxima semana,
caso o mercado ajude, os papéis consigam atingir a resistência em
R$ 44.” De acordo com o analista-chefe se houver o rompimento,
os papéis seguem rumo ao objetivo de médio/longo prazo em
R$ 50. Já caso isso não ocorra, Martins alerta para o ponto de
suporte (patamar que, se perdido, aponta para uma chance de
queda em sequência) em R$ 41,50, que também aparece como
ponto de stop. Segundo ele, a análise do papel mostra uma
figura de bandeira, em que ocorre uma correção saudável
após uma impulsão de alta. Recentemente, a Vale comunicou
ao mercado que registrou lucro líquido recorde em 2011, ao
totalizar US$ 22,885 bilhões, equivalente a US$ 4,36 por ação.
Ainda no período, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização) ficou em US$ 33,759 bilhões. Para este
ano, a expectativa de investimento da mineradora é de R$ 21,4
bilhões, tendo como foco a implementação de diversos projetos.
No ano, os papéis registram ganhos de 13,17%. Rafael Palmeiras
Após um expressivo crescimento no financiamento imobiliário em 2011, a expectativa
é de um menor ritmo neste primeiro trimestre de 2012, pelo
menos nas empresas listadas
em bolsa.
“O aumento do custo de
construção e menor ritmo de
negócios deverão ainda causar
alguma pressão sobre as margens das empresas”, ressalta a
equipe de pesquisas da corretora Planner.
Ontem, foi revelado que a inflação da construção, medida
pelo Índice Nacional de Custo
da Construção-M (INCC-M), subiu 0,42% em fevereiro. O resultado, no entanto, ficou abaixo
do registrado no mês anterior,
quando a taxa foi de 0,67%.
Diante desse contexto, os
analistas informam que “continuamos bastante seletivos nas
recomendações do setor para
este ano, sendo a EzTec e a
PDG Realty nossas preferidas
dentro do setor.”
No pregão de ontem, os papéis da EzTec (EZTC3) caíram
0,84%, e fecharam a sessão cotados a R$ 20,05. No mesmo
sentido, as ações da PDG (PDGR3) recuaram 2,52%, cotadas
a R$ 7,73. ■
TWITTADAS
“Lembram que o passarinho
sugeriu ficar de olho em
#SNSY5, pois bem, subiu
né? Continue de olho...vai
voar mais longe, bem mais”
@bovespabrokers, Bovespa Brasil Ibov,
investidor
“Ditados da Bolsa: quando o
Petróleo sobe, a baixa está
próxima. Poucos setores da
economia passam incólumes
a uma alta do preço do óleo”
@picapautrader, Picapau Trader,
investidor
“Impressiona a recuperação
do emprego americano. Já
venho falando isso há algum
tempo. Enquanto o foco
continua no euro, EUA reage”
@chrinvestor, Christian Cayre,
investidor
ALL
Cosan compra participação no grupo de logística. Acordo está sujeito à aprovação
Corretora Concórdia
reitera recomendação
de compra para
ações da ALL
A corretora Concórdia considerou
positiva para a ALL, a notícia
da compra de participação na
empresa pela Cosan. Segundo os
analistas da corretora, o acordo
demonstra que a Cosan vê um
valor maior para a companhia
(ALL), haja vista que ela pagou
R$ 23 por ação, mais que o dobro
da cotação de fechamento de
quarta-feira. Conforme relatório
da corretora, apesar de parecer
pequeno o percentual de ações
a serem adquiridas pela Cosan,
ela representa cerca de 49% do
Bloco de Controle da companhia,
um dos motivos para um valor
elevado pago por ação.
Os analistas acreditam que outro
motivo para o prêmio esteja
relacionado à garantia da Cosan
ter uma infraestrutura de
transporte competitiva no longo
prazo, visto que a ALL possui
uma malha ferroviária bem
posicionada para fazer frente
ao crescimento do agronegócio
no Brasil, inclusive da Cosan.
A corretora reitera a recomendação
de compra para a ALL, e que o
preço alvo é de R$17,68 por ação.
Na quarta, a ALL informou
que dois de seus acionistas
controladores assinaram um
acordo com a Cosan para a
venda de metade de suas
participações na companhia.
No total, a Cosan irá adquirir
38,980 milhões de ações da ALL
por R$ 896,543 milhões.
BRAZILIAN FINANCE
GESTÃO
BOLSA
Fundo cria site
para investidor
Geração Futuro Banco Pine bonificará acionistas em março
marca encontro O banco Pine informou ontem O custo fiscal atribuído às O Pine informa que a partir
O Brazilian Capital Real Estate
Fund (BC FUND), fundo de investimentos imobiliário com cotas comercializadas na bolsa, desenvolveu uma área de Relações com Investidores em seu site. Dentre outras ações, o endereço eletrônico é o que vem trazendo mais resultados ao aproximar os investidores e cotistas
ao Fundo. Nele, é possível encontrar todos os serviços oferecidos pelas páginas de companhias abertas, a exemplo de
áreas de central de resultados e
alertas de RI. ■
No próximo dia 29 de fevereiro,
quarta-feira, às 19h, a Geração
Futuro promove a 29ª Reunião
com a Gestão. O encontro será
ministrado pelo sócio-diretor,
Wagner Salaverry, que apresentará o desempenho e a composição dos principais fundos sob
gestão da instituição, e também
comentará as perspectivas do
mercado acionário brasileiro
em 2012. O encontro ocorrerá
em São Paulo e a entrada é gratuita, porém as vagas são limitadas. Para participar, basta ligar
para 2137.8888. ■
aos acionistas, em comunicado
divulgado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que o
Banco Central homologou em
13 de fevereiro o aumento do capital social com parte do saldo
das contas de reserva legal e estatutária em R$ 129,7 milhões.
Por isso, foram emitidas 12,2 milhões de novas ações, sendo 6,4
milhões ordinárias e 5,8 milhões preferenciais, as quais serão distribuídas aos acionistas a
título de bonificação, observada a proporção de 14,17 novas
ações bonificadas para cada lote
de 100 ações possuídas.
ações bonificadas será de
R$ 10,56 por ação. As sobras decorrentes das frações de ações
serão vendidas na BM&FBovespa. O valor líquido apurado será
disponibilizado aos acionistas
detentores das eventuais frações e todas as informações relativas a tal procedimento serão
ainda divulgadas.
de 27 de fevereiro as ações serão negociadas “ex direito” à
bonificação, que será pago em
março. As ações a serem emitidas fazem jus à percepção integral de dividendos e juros sobre o capital próprio, distribuídos após a Assembleia Geral
Extraordinária que aprovou a
bonificação. ■
MAKRO ATACADISTA S.A. - CNPJ/MF 47.427.653/0001-15 - NIRE nº 35.300.114.060 - Edital de Convocação
- Assembleia Geral Extraordinária - Ficam convidados os senhores acionistas da Companhia a se reunirem em
Assembleia Geral Extraordinária, que será realizada no dia 01 de março de 2012, às 14:00 horas, na sede social, situada
na Rua Carlos Lisdegno Carlucci, 519, nesta Capital, para deliberarem sobre a seguinte “Ordem do Dia”: (a) eleição de
membros do Conselho de Administração e do Conselho Consultivo da sociedade. Os acionistas, seus representantes legais
ou procuradores, para participarem da Assembleia ora convocada, deverão observar as disposições previstas no artigo 126
da Lei nº 6.404/76, conforme alterada. São Paulo, 17 de fevereiro de 2012. Gopi Krishna Agarwal - Membro do Conselho
(22, 23, 24)
de Administração e do Conselho Consultivo.
36 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
MUNDO
Editor executivo: Gabriel de Sales [email protected]
Ethan Miller/AFP
Romney
recupera
favoritismo
após debate
Agressividade no
debate da CNN ajudou
Mitt Romney a
recuperar pontos
nas pesquisas
Disputa republicana atinge o pico em março,
quando 22 estados realizam votações —
10 deles no dia 6, a chamada “Super-Terça”
Steve Holland
Reuters, Mesa
Mitt Romney parece estar retomando o favoritismo na disputa
para ser o candidato republicano
a presidente dos Estados Unidos,
depois de uma boa atuação no debate de quarta-feira no Arizona e
de avançar numa pesquisa em Michigan contra o concorrente conservador Rick Santorum. Agressivo, Romney colocou Santorum repetidamente na defensiva durante o debate da CNN, na noite de
quarta-feira, e atacou o ex-senador por ter votado no Congresso a
favor de vultosos gastos públicos.
Ele também conseguiu assumir a liderança por uma estreita
margem em uma nova pesquisa
em Michigan, que realiza sua eleição primária no dia 28, junto
com o Arizona. Há uma semana,
Romney chegou a estar mais de
10 pontos percentuais atrás de
Santorum em Michigan. O ritmo
da disputa republicana se acelera
fortemente no mês que vem,
quando 22 Estados realizam suas
votações - dez deles no dia 6, a
chamada “Super-Terça”.
“Esse debate vai realmente
dar algum impulso a Romney até
a primária de Michigan”, disse o
estrategista republicano Ron
Bonjean. “Santorum claramente
estava tendo dificuldade por ter
de pedir desculpas e explicar tantos dos seus votos no Senado.”
Esse foi o primeiro debate
em que Santorum estava na berlinda depois de vencer as disputas do dia 7 em Missouri, Minnesota e Colorado, e de assumir a
liderança na maioria das pesquisas nacionais.
Mas sua defesa às vezes atrapalhada da sua atuação no Senado,
incluindo seu argumento de que
a política é um “esporte coletivo”, e que às vezes ele precisava
votar a favor de projetos que desgostava, pode afetar sua popularidade junto a conservadores cansados dos políticos de sempre.
“Sempre há uma desculpa”,
disse o pré-candidato Ron Paul
“
Esse debate vai
realmente dar
algum impulso
a Romney até
a primária de
Michigan, dia 28
Ron Bonjean
Estrategista do Partido Republicano
após ouvir as várias explicações
de Santorum. “Esse é o problema com Washington”, afirmou
o deputado do Texas, que descreveu como “falso” o conservadorismo fiscal do rival.
Desde o início da campanha,
o moderado Romney é visto como o candidato a ser batido, e
vários conservadores tentam
aglutinar o voto anti-Romney.
Uma vitória em Michigan seria crucial para ele, já que ele
nasceu no Estado, onde seu pai
foi um popular governador.
Mitt Romney e Newt Gingrich apoiaram a ideia de armar a
oposição síria na luta para derru-
bar o presidente Bashar al-Assad, durante um debate realizado pela CNN. “Precisamos trabalhar com a Arábia Saudita e
com a Turquia para dizer: ‘Vocês fornecem o tipo de armamento que é preciso para os rebeldes na Síria’”, disse o ex-governador de Massachussetts.
Ao falar no debate, Gingrich
disse que os aliados norte-americanos — os quais ele não nomeou — estavam secretamente
ajudando a destruir o regime
de Assad, e que havia armamento disponível na região para armar a oposição. ■ Colaborou Tim Gaynor
Streeter Lecka/AFP
Michael Jordan vai à Justiça
contra empresa chinesa
Michael
Jordan:
“usaram
até o nome
de meus
filhos”
A lenda do basquete Michael Jordan entrou com um processo na
China contra uma empresa de
material esportivo chinesa, acusando-a de usar seu nome sem
autorização. A ex-estrela do Chicago Bulls disse que a Qiaodan
Sports, empresa localizada na
província de Fujian, no sul da
China, construiu seu negócio
em torno do nome em chinês e
do número da camisa de Jordan
sem sua permissão.
“É extremamente decepcionante ver uma companhia construir
um negócio a partir do meu nome
em chinês sem a minha permissão, usar o número 23 e até tentar
usar o nome dos meus filhos”, disse Jordan em comunicado. “Esta
queixa não é sobre dinheiro. É sobre princípios e sobre proteger o
meu nome”, completou.
Jordan é conhecido como
Qiaodan na China, país louco
por basquete e que possui a sua
própria superstrela no esporte,
Yao Ming. O nome foi registrado pela Qiaodan Sports, afirmou o comunicado. O texto não
especificou que tipo de compensação Jordan pedia à empresa.
“Qiaodan é uma marca registrada na legislação chinesa por
nossa companhia e o uso legítimo da marca é protegido”, afirmou a Qiaodan Sports em comentários por e-mail.
Nos últimos anos, a empresa
se tornou parceira olímpica da
Mongólia, do Cazaquistão e do
Turcomenistão. Em 2010, tornou-se o parceiro oficial da Federação Internacional de Basquete (Fiba). ■ Reuters
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 37
Carl Court/AFP
Autora de Harry Potter escreve para adultos
A escritora J.K. Rowling voltará ao mundo das editoras com um
novo livro para adultos ainda sem título, disse a própria Rowling
em um comunicado. A escritora, cujas histórias sobre o mágico
adolescente se tornaram best-sellers e inspiraram uma série de filmes
de sucesso, disse que o novo romance será “muito diferente” dos livros
que a tornaram famosa. “A liberdade de explorar um novo território
é um presente que o sucesso de Harry me deu”, afirmou. AFP
REELEIÇÃO
Kevin Lamarque/Reuters
Bill Gates defende revolução
digital para combater a fome
Alessandro Bianchi /Reuters
Fundador da Microsoft acredita que será possível
triplicar a produção de alimentos em 20 anos
Dario Thuburn
AFP, Roma
Obama tenta
garantir os
votos dos
hispânicos
Matt Spetalnick
Reuters
O presidente americano, Barack
Obama, confiante de que conseguirá se reeleger em novembro,
disse a uma plateia de hispânicos
que usará o segundo mandato para buscar uma reforma imigratória abrangente. “Minha presidência não acabou”, disse Obama
em entrevista à Univisión Radio,
quando questionado sobre seu
fracasso até o momento para
avançar com uma lei de imigração. “Tenho mais cinco anos à
frente. Vamos fazer isso.”
Obama busca suporte dos eleitores hispânicos, cujo forte apoio
o ajudou a vencer as eleições presidenciais de 2008. Mas algumas
pessoas da comunidade latina estão descontentes com a falta de
progresso em direção à revisão
do sistema imigratório. Em entrevista transmitida um dia antes de
sua visita à Flórida, um reduto
eleitoral com imensa população
hispânica, ele tentou garantir aos
latinos que está comprometido
com a aprovação de uma reforma imigratória mais ampla.
O presidente dos EUA rejeitou
as sugestões de que não cumpriu
uma promessa de campanha e colocou a culpa sobre os republicanos no Congresso que estavam
“relutantes em conversar sobre
quaisquer soluções para o tema.”
“Até agora, não vimos nenhum pré-candidato republicano apoiar uma reforma imigratória”, disse, tendo em vista seus
adversários potenciais na eleição
6 de novembro.
A Casa Branca espera que as
posições mais conservadoras de
pré-candidatos republicanos sobre imigração ilegal e controle
de fronteira ajudem Obama com
os eleitores hispânicos em Estados importantes, como Flórida,
Nevada e Colorado. ■
O fundador da Microsoft, Bill
Gates, convocou uma “revolução digital” para aliviar a fome
no mundo através do aumento
da produtividade na agricultura
com a utilização de satélites e
variedades de sementes manipuladas geneticamente. “Precisamos pensar a sério sobre como começar a tirar vantagem
da revolução digital que está levando inovação, inclusive, às fazendas”, afirmou o bilionário filantropo americano em um discurso na agência de pobreza rural da ONU, a IFAD, em Roma.
“Se você se importa com a pobreza, você se importa com a
agricultura. Acreditamos que é
possível para pequenos agricultores dobrarem e, em alguns casos, triplicarem sua produção
nos próximos 20 anos preservando a terra”, afirmou Gates.
Ele deu como exemplo de inovação a manipulação genética
que permite que produtores de
mandioca na África prevejam como suas mudas vão se desenvol-
Gates: “Gostaria
que os operadores
de Wall Street
fossem trabalhar
com milho”
Gates disse que
o atual sistema
da ONU de ajuda
para a agricultura
está ultrapassado
e é ineficiente
ver, diminuindo o tempo que leva para uma nova variedade
crescer. Outro desenvolvimento-chave é o uso de tecnologia
de satélite desenvolvida por departamentos de Defesa para documentar dados sobre terras, assim como vídeos informativos
de agricultores discutindo as melhores práticas para ajudar os outros. “Se não fizermos isso, vamos ter uma exclusão digital na
agricultura”, afirmou.
Gates também defendeu a utilização de organismos modificados geneticamente (GMOs) no
mundo em desenvolvimento e
investimentos de longa-escala
em terras cultiváveis realizados
por estados estrangeiros no
mundo em desenvolvimento ambos temas muito controversos na comunidade de ajuda.
Quando perguntado sobre a
necessidade de reformas mais
amplas no capitalismo para aju-
dar os pobres, Gates disse: “Como você se livra dos excessos, incluindo as pessoas de finanças
que recebem estes enormes salários, sem ferir as coisas benéficas?” E acrescentou: “Gostaria
que operadores de Wall Street fossem embora... e trabalhassem
com milho e utilizassem seus modelos matemáticos para olhar para o fenótipo versus genótipo. É
claramente imperfeito, mas é o
melhor sistema que temos.” ■
Samantha Sin/AFP
ARTE CHINESA
OartistachinêsZhang
Daqian(1899-1983),autor
deA Fragrância da Flor de
LotusapósaChuva,ocupou
oprimeirolugarnalistade
leilõesmundiaisdearteem
2011,destronandoPablo
Picasso,relegadoaoquarto
lugar,atrásdeoutrochinês,
QiBaishi,edoamericano
AndyWarhol,anunciou
aArtprice.“AChina,que
passouaocuparoprimeiro
lugarnosleilõesdeobra
dearteapartirde2010,
colocouem2011doisde
seusartistasnaliderança
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Artprice”,afirmouThierry
Ehrmann,presidenteda
empresaespecializada
emdadossobreomercado
mundialdearte. AFP
38 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012
MUNDO
Mohamad Torokman/Reuters
“IMPUNIDADE”
IMPASSE
Irã responsabiliza Israel pelo assassinato
de cientistas nucleares em Teerã
Presidente palestino e Hamas adiam as
negociações sobre um governo unificado
O Irã “sofreu ações terroristas que incluíram a morte de vários
cientistas nucleares com o apoio tácito, porém explícito, do regime
israelense a grupos terroristas”, afirmou o embaixador iraniano
na ONU, Mohammad Khazaee. Em uma declaração dirigida ao
Conselho de Segurança da ONU, o diplomata afirmou que Israel “foi
autorizado a cometer esses crimes com toda a impunidade.” AFP
De acordo com um integrante do partido de Mahmud Abbas as
negociações foram adiadas “porque o Hamas continua a impedir
que a comissão eleitoral registre eleitores em Gaza”, o território
palestino governado pelo grupo islâmico. Representantes dos dois
grupos reuniram-se várias vezes para acabar com o impasse, depois
que o Hamas expulsou violentamente o Fatah de Gaza em 2007. AFP
Síria intensifica os ataques a rebeldes
Bulent Kilic/AFP
Morte de jornalistas foi assassinato,
reage o presidente francês, Nicolas Sarkozy
A morte da jornalista americana Marie Colvin e do francês Rémi Ochlik, na quarta-feira, vitimados por um bombardeio da
cidade rebelde síria de Homs, é
um “assassinato”, considerou o
presidente francês, Nicolas Sarkozy durante uma viagem de
campanha a Tourcoing.
“Aqueles que fizeram isso deveriam prestar contas”, disse
o presidente, acrescentando:
“Graças à globalização, não podemos mais assassinar em silêncio absoluto”. “Eu vi as imagens (...) há uma disposição
em bombardear um lugar onde
há jornalistas”, ressaltou.
Em Homs existe incerteza sobre o destino dos corpos dos
dois jornalistas. Também há
poucas informações sobre outros jornalistas feridos, como a
francesa Edith Bouvier. A situa-
ção no país piora a cada dia diante do impasse da comunidade internacional sobre os meios para
resolver a crise.
O Alto Comissariado da ONU
para os Direitos Humanos anunciou que dispõe de uma lista
confidencial de autoridades políticas e militares suspeitas de
estarem ligadas a crimes contra
a Humanidade.
Pelo 20º dia consecutivo, bairros de Homs foram violentamente bombardeados, principalmente Baba Amr, que sofreu com explosões “aterrorizantes”, segundo os militantes. “Nós lançamos
um último grito de angústia. As
pessoas, se não forem mortas
nos bombardeios, vão morrer de
fome e sede”, afirmou à AFP
Omar Chaker, um militante.
A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) tenta se comuni-
Sírios carregam o corpo de
jovem morto pelas forças
de segurança em Idlib,
nordeste do país
O edifício onde
estavam os jornalistas
foi deliberadamente
atingido, depois que
os aviões captaram
sinais de transmissão
car com seus contatos em
Homs, mas “como os bombardeios são particularmente intensos, ninguém consegue subir no telhado para utilizar telefones via satélite”, explicou
um porta-voz.
O regime sírio negou qual-
quer responsabilidade no caso,
justificando que os dois jornalistas assumiram os riscos ao entrarem clandestinamente no país.
A violência já causou a morte
de pelo menos 7.600 pessoas, a
maioria civis, em pouco mais de
11 meses de contestação. ■ AFP
Reuters
Mais de 60 mortos no Iraque
Os atentados visavam bairros
xiitas e forças de segurança, alvos
frequentes de insurgentes sunitas
Bairros xiitas e
agentes policiais são
os alvos preferidos
dos insurgentes
Ataques simultâneos no início
da manhã ontem em alvos predominantemente xiitas em todo o Iraque mataram ao menos
60 pessoas e feriram dezenas
em um dos dias mais violentos
desde que as tropas norte-americanas se retiraram do país em
meados de dezembro.
Os ataques, que aparentemente tinham de lados opostos
insurgentes muçulmanos sunitas ligados à Al Qaeda contra xiitas, levantaram temores de um
retorno da matança disseminada que custou milhares de vidas em 2006 e 2007.
A violência pôs fim a semanas
de relativa calma, quando o primeiro-ministro xiita, Nuri al-Maliki, e os líderes sunitas buscaram
resolver a crise política que ameaçava desfazer o acordo de divisão
de forças no governo depois da retirada norte-americana.
Pelo menos 32 pessoas morre-
ram em explosões em Bagdá, onde 10 bombas foram detonadas
em bairros de maioria xiita durante a hora do rush, enquanto
outros ataques tiveram por alvo
patrulhas policiais, trabalhadores e pessoas aglomeradas em
áreas comerciais.
Mais de uma dezena de explosões e ataques atingiram outras cidades do Iraque, de Mosul no norte até Hilla no sul, muitos atingindo policiais. A violência visava
bairros xiitas e forças de segurança. ■ Kareem Raheem, Reuters
Enrique Marcarian/Reuters
Argentina debate transportes
Oposição e central sindical
pedem fim da concessão à
Trens de Buenos Aires (TBA)
A polêmica sobre a qualidade do
serviço ferroviário começou a pegar fogo em uma Argentina comovida com a colisão de um trem
que deixou 50 mortos e 703 feridos. “Realizamos um relatório
em 2008 sobre deficiências da ferrovia Sarmiento. A situação era
desastrosa e o sistema de freios,
péssimo”, disse Leandro Despouy, chefe da Auditoria Geral da
Nação (AGN), cargo público de
controle reservado à oposição.
“Desde então (2008) não mudou muito (o serviço). O Estado
não agiu nem aplicou sanções
graves. A Trens de Buenos Aires
(TBA, empresa concessionária)
já protagonizou vários incidentes”, disse Despouy.
Em uma declaração que mereceu uma enxurrada de réplicas
no Twitter, o secretário de
Transportes do governo federal, Juan Pablo Schiavi, afirmou
que, se o acidente “tivesse ocor-
rido na terça-feira (feriado), teria sido uma coisa menor”.
A opositora União Cívica Radical (UCR, social-democrata),
segunda força parlamentar, pediu em um comunicado que
Schiavi se explique imediatamente no Congresso para que
responda pelo trágico acidente.
Despouy, junto com outras
forças da oposição e com a central trabalhista governista CGT,
exigiram também que o governo ponha fim à concessão dada
à TBA. ■ Daniel Merolla, AFP
Acidente de trem em Buenos Aires
deixou 50 mortos e 703 feridos
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 39
PONTO FINAL
Itália e Espanha descartam tensão social
O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, e o primeiro-ministro da Itália,
Mario Monti, concordaram ontem em Roma sobre a necessidade de adotar
medidas que impulsionem o crescimento econômico após os duros cortes
aplicados, e acreditam na “maturidade” e “sensatez” da população para evitar
a tensão social. “Falamos de nossas respectivas experiências no campo das
reformas para conseguir que a economia seja mais dinâmica", explicou Monti
ao fim de uma reunião de mais de uma hora com o dirigente espanhol. AFP
IDEIAS/DEBATES
[email protected]
Guilherme Abdalla
Luiz Valle
Advogado, mestre em Filosofia e
Teoria Geral do Direito pela USP
Presidente da Cavalo Marinho —
criação e beneficiamento de frutos do mar
O carnaval do pão e circo
190 anos depois,os mesmos erros
Hoje, sexta-feira pós-carnaval, é fácil contabilizar nas ruas o sorriso reluzente
dos brasileiros, o brilho incólume dos que festejaram a ausência de regras temporária, o orgulho de tomar parte de um evento coletivo que transcende a própria
individualidade. Nas ruas embriagadas do carnaval parece existir um vácuo de direitos e deveres, prevalecendo a suspensão de todos os preceitos morais e de conduta cumpridos à risca dia a dia. Títulos, cargos, rótulos e qualificações são deixados de lado, assim como a culpa moral por determinados atos — que seriam eticamente condenáveis em outros momentos — deixa de ser até mesmo uma possibilidade. O empregado, por quatro ou cinco dias, torna-se o efetivo patrão, e viceversa. Trata-se de um verdadeiro intervalo no tempo e no espaço. Não é por acaso, portanto, que vimos tantos esforços para sediar os grandes eventos esportivos
mundiais, o primeiro deles em 2014, ano de (re)eleição presidencial. Salários inumanos? Pouco importa, eu verei meu ídolo em campo. Pão e água durante toda a
semana? Oras, terei pipoca nos eventos. Investimentos bilionários em estádioselefantes brancos ao invés de encararmos a miséria que nos cerca à frente? Que
preguiça. Saúde estatal? Não preciso, serei socorrido por elegantes hospitais móveis durante os jogos. Condenados pela corrupção? Deixa pra lá, o resultado valeu
a pena, o Coliseu ainda está de pé. Estarei feliz, estaremos todos risonhos de tanta
esperança renovada. O espetáculo é dos grandes.
Diante da confusão que se implementou entre categorias éticas e jurídicas — a
contaminação da ética pelo direito —, para muitos hoje não seria possível assumir
uma culpa ou uma responsabilidade sem ingressar no campo do direito. Muito pelo contrário, essa distinção entre categorias ética e jurídica seria usada hoje somente na arrogância da absolvição nos Tribunais: um exemplo clássico é o julgamento
de Nuremberg, em que não raro os acusados declaravam-se eventualmente culpados perante Deus, mas não perante a ordem jurídica, porquanto somente seguiam
ordens de seu chefe — um dever funcional —, assim como este argumento foi
igualmente utilizado no posterior julgamento de Adolf Eichmann, em Jerusalém,
oportunamente retratado em obra específica por Hannah Arendt.
Poucos dos nossos produtores de peixes e frutos do mar sabem disso: o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) firmou, com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), acordo de cooperação técnica para estimular ações de fomento que visem à ampliação e ao incremento da produção de pescados cultivados ou capturados em nosso país. O setor há muito vem reivindicando um olhar especial dos mecanismos governamentais de financiamento, na tentativa de corrigir o enorme atraso tecnológico, responsável pela pouca produtividade e pelos elevados custos operacionais da produção brasileira. O acordo deveria ter aberto as portas para o financiamento da produção de peixe em cativeiro,
o aprimoramento genético, a aquisição de tecnologia e know-how modernizadores, a criação de novas espécies,a pesquisa científica e um sem-número de outras
possibilidades. Pois bem, o mecanismo foi criado, mas não foi aproveitado. Pior
que isso: o acordo, cujo texto segue abaixo, expirará em menos de um mês, sem
que nenhum dos pouquíssimos projetos apresentados tenha sido contemplado.
Neste clima pós-carnaval, prefácio das festanças
pós-Copa, atentemo-nos, pois uma vez
mais seremos hipnotizados pelo pão e circo
Assim, haveria ilegalidade no uso do dinheiro público em espetáculos pré-moldados? Decerto não, dir-se-ia que a cultura, o desporto e a integração dos povos são
deveres do Estado. Haveria violação jurídica no financiamento cruzado de interesses
privados por meio de projetos de suposto interesse social? A princípio não, pois todos os contratos administrativos em teoria são públicos e celebrados mediante a mais
ampla licitação. Mas, por outro lado, haveria culpa (aquela antiga culpa que não se
confunde com a violação da lei) em prestigiar a criação de um grande circo em prejuízo de milhões de espectadores da Nação? Sim. Novamente, sim. Uma vez mais, sim.
Protegidos pela separação da culpa advinda de violações morais (uma categoria ética) da culpa oriunda da transgressão da norma legal (uma categoria jurídica), representantes legitimamente eleitos insistem no abuso da psicologia humana para fazer valer suas pretensões. Neste clima pós-carnaval, prefácio das festanças pós-Copa, atentemo-nos, pois uma vez mais seremos hipnotizados pelo
pão e circo. Já tarda para que a ética seja descontaminada do direito. ■
O Brasil, com 12% da reserva total de água doce do
planeta, leva enorme vantagem sobre outros países,
mas patina na hora de explorar seu potencial
“Acordo de Cooperação Técnica nº 11.2.0235.1. Objetivo: Cooperação técnica
visando à realização de estudos técnicos para avaliação da situação atual da pesca e aquicultura, o estímulo a ações de fomento, bem como o apoio ao planejamento, à elaboração, ao desenvolvimento, à execução, à gestão, ao monitoramento e à
avaliação de políticas públicas econômicas para curto, médio e longo prazos. Vigência: 12 meses, a contar da data de sua assinatura, podendo ser prorrogado de
acordo com o interesse comum das partes. Assinatura: 17 de março de 2011.”
O Brasil, com 8.500km de costa marítima e 12% da reserva total de água doce
do planeta, leva enorme vantagem sobre outros países produtores, mas patina na
hora de explorar seu potencial. Aliás, esse é um erro que cometemos historicamente: já na época da Proclamação da Independência, estávamos à frente dos Estados Unidos nas exportações. Em alguns anos, nossas vendas chegaram mesmo
a ultrapassar as da poderosa Inglaterra. Mas em pouco tempo, o mundo rendeuse aos benefícios das máquinas. Nós, não! Em Liverpool e em Manchester, uma
máquina com um grupelho de operários logo produziria mil vezes mais que a gente com um mundo de escravos. Assim como o braço humano não poderia fazer
frente aos equipamentos do mundo industrializado, não podemos, hoje, competir internacionalmente utilizando barcos velhos e obsoletos para capturar, ou,
por exemplo, criar mexilhão com uso de canequinha para encher de semente as
cordas de engorda. Verdade: canequinha! Em 1822 possuíamos mais ferro que
qualquer outro país e importávamos máquinas e ferramentas. Esse equívoco se
repete hoje no setor do peixe: temos mais água doce e salgada cultiváveis que a
maioria dos países que exploram a aquicultura, contudo tecnológica e cientificamente estamos defasados, não exploramos o mecanismo criado pelo MPA e pelo
BNDES para financiar a nossa inserção tecnológica e observamos investidores
gregos, italianos, coreanos, chineses aportar em nossas terras (águas), como agora, sequiosos de aproveitar oportunidades que há 190 anos já desprezávamos.
Muito produtor brasileiro não sabe dessas coisas?! Experimente perguntar
se sabe quem venceu o desfile de carnaval... ■
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40 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012
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ÚLTIMA HORA
Norberto Duarte/AFP
Medidas argentinas
afetam exportações
Ricardo Galuppo
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As medidas de controle de importação introduzidas em
1º de fevereiro pela Argentina causaram uma retração
nas exportações brasileiras de até US$ 294 milhões, afirmaram ontem transportadores brasileiros. O governo
protestou contra as licenças antecipadas de importação
exigidas pela Argentina, cuja intenção é frear a saída de
dólares do país e proteger seu superávit comercial, mas
sustenta ainda ser cedo para determinar seus efeitos.
“Detectamos uma perda de aproximadamente 400
carregamentos depois da implementação em relação ao
mesmo mês de 2011”, disse Tadeu Campelo Filho, assessor jurídico da Associação Brasileira de Transportadores
Internacionais (ABTI). “Calculamos que o valor pode
chegar a até R$ 500 milhões”.
A disputa pelos controles de importação é um novo episódio na turbulenta relação comercial entre os dois maiores membros do Mercosul, cuja balança comercial se inclinou em 2011 a favor do Brasil com superávit de US$ 5,8
bilhões. Segundo autoridades da Argentina, as licenças
de importação seriam aprovadas em um prazo de cerca
de 15 dias e não afetarão os exportadores brasileiros.
Do lado brasileiro, o governo disse na semana passada que dispõe de uma série de recursos para responder
aos prejuízos. A Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo (Fiesp) calcula que cerca de 80% das exportações à Argentina podem ser afetadas. ■ Reuters
O bom emprego
Herminio Oliveira
Analistas veem taxa de
juros neutra em 5,5%
Os analistas do mercado financeiro acreditam que a taxa de juros real de equilíbrio, ou neutra, é de 5,5%, segundo levantamento feito pelo Banco Central. Em tese,
essa seria uma taxa que não produz pressão inflacionária. O valor divulgado ontem é inferior aos 6,75% de novembro de 2010, data da última pesquisa realizada pela
autoridade monetária. Atualmente, a taxa básica de juros da economia está em 10,5% ao ano.
Ainda de acordo com o levantamento, que é feito com
os analistas que participam da pesquisa semanal Focus sobre perspectivas para a economia, 49% dos entrevistados
supõem que a taxa de juro neutra continuará a cair nos próximos dois anos. Para 40% ela ficará estável e para os 11%
restantes, cairá. Um dos objetivos desse levantamento, segundo o BC, é “reduzir a assimetria de informações entre
os participantes do mercado”. ■ Ana Paula Ribeiro
CVM nega questionamentos à reorganização da Oi
Paulo Fridman/Bloomberg
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) negou, nesta
quinta-feira, a maioria das reclamações e pleitos de investidores a respeito da reorganização societária do grupo de telecomunicações Oi. Após algumas tentativas
frustradas de simplificar sua complexa cadeia societária, a Oi anunciou em maio passado o plano de concentrar sua estrutura acionária dentro da Brasil Telecom,
cuja compra foi concluída em 2009. Os acionistas da Oi
votarão sobre a proposta em assembleia extraordinária
prevista para segunda, dia 27. O colegiado da CVM indeferiu o pedido de direito de recesso aos donos de ações
ordinárias da Brasil Telecom e recurso sobre direito de
recesso para o empréstimo ou aluguel de ações, segundo informações disponíveis no site da autarquia.
Entre os fundos que entraram com recurso na CVM
sobre temas relacionados à reorganização da Oi estão
fundos do Credit Suisse Hedging-Griffo, a Tempo Capital Principal Fundo de Investimentos em Ações e a gestora de recursos Dynamo. ■ Reuters
Daqui a pouco vai ter gente considerando uma catástrofe o fato de o emprego com carteira assinada, em janeiro de 2012, ter crescido menos do que em janeiro de
2011. Isso realmente aconteceu, de acordo com os dados do Ministério do Trabalho divulgados ontem. Em janeiro deste ano foram criados pouco menos de 120 mil
empregos com carteira assinada, enquanto no primeiro
mês do ano passado surgiram mais de 150 mil novos postos com as mesmas características. Se a comparação for
feita com os números de 2010, então, a queda verificada é ainda mais vertiginosa. Em janeiro daquele ano,
mais de 180 mil novas vagas foram preenchidas nas empresas. A diferença em relação a este ano, como se vê, é
de 60 mil pessoas. A questão central é exatamente esta:
números sempre crescentes na criação de empregos
acabam reduzindo, em algum momento, o ritmo das
contratações. O importante é perceber que, mesmo
com a contratação de menos gente, o desemprego em
janeiro deste ano (quando atingiu 5,5%) caiu em relação a janeiro do ano passado (quando foi de 6,1%). Esse
é o xis da questão e mostra que, na vida real, a economia continua indo adiante — muito embora previsões
de que o pior está por vir surjam a todo instante.
Uma política industrial capaz de
aumentar a competitividade da
indústria brasileira teria como efeito a
geração de empregos mais qualificados
O grande trunfo dos analistas que passam o tempo todo a prever catástrofes na economia é que, mais cedo ou
mais tarde, eles acabam acertando alguma coisa. E é justamente por saber disso que a importância de números
como o do nível de emprego é fundamental para a compreensão do momento que o país está vivendo. Como se
sabe, boa parte do momento favorável dos últimos anos
deve-se ao fortalecimento do mercado interno — ou, em
outras palavras, à expansão do emprego e do consumo.
Nesse cenário, a redução da taxa de desemprego, mesmo após uma geração menor de postos de trabalho na
comparação com o ano anterior (se forem considerados
os números absolutos), mostra que não existe risco de
uma piora súbita na situação. Até aqui, tudo bem.
Tudo tranquilo, então? Não é bem assim. O principal
receio por trás desse cenário é o de que números positivos como esses acabam gerando distorções que podem,
no médio prazo, expor algumas feridas crônicas da economia. A entrada acelerada de dólares no país acaba gerando uma valorização excessiva no real, e a persistência dessa situação é extremamente nociva à indústria nacional.
A ação do Banco Central — que ontem comprou dólares
para evitar que a cotação da moeda despencasse — mostra que o governo está, sim, atento aos movimentos e disposto a agir para impedir o pior. Mas, por outro lado, também mostra a necessidade de uma política mais duradoura, capaz de impedir que ações emergenciais como essas
sejam exigidas de vez em quando. O que os números do
emprego têm a ver com isso? Tudo. A grande quantidade
de empregos criados nos últimos anos tem atraído trabalhadores menos qualificados, que atuam na construção civil e na base dos serviços. Uma política industrial capaz
de aumentar a competitividade da indústria brasileira teria como efeito colateral a geração de empregos mais qualificados, mais bem remunerados e com uma quantidade
maior de benefícios. Que são os que garantirão que os números atuais sejam ainda mais duradouros. ■
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