UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
André Luiz Carvalho da Silva
COMPORTAMENTO MORFOLÓGICO E SEDIMENTOLÓGICO DO LITORAL DE
ITAIPUAÇÚ (MARICÁ) E PIRATININGA (NITERÓI), RJ, NAS ÚLTIMAS TRÊS
DÉCADAS
Niterói - RJ
2006
II
André Luiz Carvalho da Silva
COMPORTAMENTO MORFOLÓGICO E SEDIMENTOLÓGICO DO LITORAL DE
ITAIPUAÇÚ (MARICÁ) E PIRATININGA (NITERÓI), RJ, NAS ÚLTIMAS TRÊS
DÉCADAS
Dissertação apresentada ao curso de PósGraduação em Geologia e Geofísica Marinha
da Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para obtenção do Grau de
Mestre. Área de Concentração: Geologia e
Geofísica Marinha.
Orientador: Profª. Drª. Maria Augusta Martins da Silva
Niterói
2006
III
André Luiz Carvalho da Silva
COMPORTAMENTO MORFOLÓGICO E SEDIMENTOLÓGICO DO LITORAL DE
ITAIPUAÇÚ (MARICÁ) E PIRATININGA (NITERÓI), RJ, NAS ÚLTIMAS TRÊS
DÉCADAS
Dissertação apresentada ao curso de
Pós-Graduação em Geologia e Geofísica
Marinha da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do Grau de Mestre. Área de
Concentração: Geologia e Geofísica
Marinha.
Aprovada em
de 2006
BANCA EXAMINADORA
Profª. Maria Augusta Martins da Silva, Drª. - Orientadora
Universidade Federal Fluminense – UFF
Prof. Cleverson Guizan Silva, Dr.
Universidade Federal Fluminense - UFF
Prof. Alex Cardoso Bastos, Dr.
Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
Prof. José Antônio Baptista Neto, Dr.
Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ
Niterói-RJ
2006
IV
p___
Silva, André Luiz Carvalho da
Comportamento morfológico e sedimentológico
do litoral de Itaipuaçú (Maricá) e Piratininga
(Niterói), RJ, nas últimas três décadas. André Luiz
Carvalho da Silva. – Niterói: [s.n.], 2006.
___f.,__ cm.
Dissertação (Mestrado em Geologia e Geofísica
Marinha) – Universidade Federal Fluminense,
2006.
Bibliografia: f. __-___.
1. __________
CDD ________
V
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha esposa Lidiane Martins de Albuquerque, que
com seu amor, sabedoria, companheirismo, carinho e compreensão, tem muito
contribuído para a concretização deste, e de muitos outros projetos em minha vida.
Os obstáculos surgidos ao longo da vida, por mais espinhosos que possam ser, são
superáveis graças a sua existência e a de todo este amor lindo e verdadeiro que
sentimos um pelo outro.
VI
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela minha saúde e de meus familiares, pelo amparo nos momentos
mais difíceis, por colocar no meu caminho pessoas verdadeiramente iluminadas e
amigas, por me proporcionar o privilégio deste aprendizado enriquecedor e pelas
oportunidades que tenho tido ao longo da vida.
A profª. Drª. Maria Augusta Martins da Silva do Deptº de Geologia da UFF,
pela orientação companheira e presente deste trabalho, com sua magnífica
sabedoria e dedicação, fazendo desta, uma experiência enriquecedora e agradável.
Agradeço ainda pelo seu carinho, compreensão, paciência, alegria e pelas “pizzas”
durante os trabalhos de campo. Ao término deste trabalho, sinto-me honrado por ter
tido ao longo destes anos o privilégio de ser seu aprendiz. Aprendizado este, que
ultrapassa os limites da geologia e alcança, no mais alto nível, o universo do
profissionalismo, da competência e, acima de tudo, da ética.
A CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)
pelo financiamento deste projeto através da concessão da bolsa de mestrado.
A professora Msc. Carla Luiza dos Santos pelo apoio e companheirismo nos
trabalhos de campo, pelos momentos emocionantes que passamos juntos em meio
a ressacas e cobras de três metros, pelos anos de convivência no Departamento de
Geologia, pela troca de conhecimentos e, acima de tudo pela sua amizade.
Ao prof. Dr. José Antônio Baptista Neto, professor do Departamento de
Geografia da FFP-UERJ, pelo incentivo, pelas dicas, pelos ensinamentos, pelo
prazer da sua sempre agradável presença, e pelo grande exemplo de determinação
e profissionalismo.
Ao professor Cleverson Guizan Silva, pelas sugestões ao longo das
avaliações nos seminários, por integrar a banca examinadora e pelas considerações
finais feitas a este trabalho.
VII
Ao prof. Dr. Alex Cardoso Bastos por integrar a banca examinadora e pelas
considerações feitas a este trabalho.
Ao prof. Dr. Gilberto Pessanha que com sua generosidade e disposição
viabilizou o uso do equipamento rastreador geodésico para o mapeamento realizado
em Itaipuaçú, participando integralmente dos trabalhos de campo e do pósprocessamento dos dados, além das fotografias aéreas gentilmente cedidas.
Aos alunos graduandos Ricardo e Sérgio por colaborarem com este trabalho
por meio de participação nos trabalhos de campo com o rastreador geodésico e pelo
auxílio na confecção dos mapas gerados no software Spring.
Ao comandante CF - Leandro por autorizar o acesso e a realização de
pesquisa junto ao Arquivo Técnico do Centro de Hidrografia da Marinha – CHM. Ao
Sr. Hélio, funcionário do CHM, pelo suporte técnico.
A todos os professores e funcionários do Laboratório de Geologia Marinha do
Departamento de Geologia da UFF que direta ou indiretamente contribuíram não só
para a realização deste trabalho, mas também, na concretização de um ideal
alcançado em meio ao enfrentamento e superação de muitos obstáculos.
Aos amigos estudantes de doutorado, mestrado e graduação pelo apoio e
companheirismo ao longo destes dois anos de curso, contribuindo para que estes
sejam lembrados, não só em função dos inúmeros obstáculos superados, mas
também, pelos momentos de agradável convivência que desfrutamos a cada dia.
A minha esposa Lidiane, pela sua existência divina; pelo lindo, sincero e
eterno amor que nutrimos um pelo outro; pelo seu companheirismo e amizade; pela
sua presença marcante e consoladora nos momentos tempestivos; pelos seus
conselhos, ensinamentos e incentivos; enfim, obrigado por tudo o que já vivemos ao
longo desses anos e por tudo o que está por vir ao longo de nossas vidas.
VIII
A todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram para a
realização deste trabalho.
IX
ÍNDICE
Lista de figuras ................................................................................................... XI
Lista de tabelas ................................................................................................... XVI
RESUMO .............................................................................................................. XVII
ABSTRACT ........................................................................................................... XVIII
1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................. 01
1.1 - Objetivos ............................................................................................. 04
1.2 - Caracterização da área de estudo ..................................................... 05
1.3 – Barreira arenosa ................................................................................ 12
1.3.1 - Praia ...................................................................................... 13
Definição e terminologia do ambiente praial ......................... 13
Sedimentos de praia .............................................................. 17
Dinâmica de praia .................................................................. 18
Erosão de praia ..................................................................... 24
1.3.2 - Leques de arrombamento (“washover fans”) ........................ 26
2 - METODOLOGIA ............................................................................................... 29
2.1 - Metodologia de campo ........................................................................ 29
2.2 - Metodologia de laboratório .................................................................. 40
2.3 - Fotografias aéreas e imagens de satélites .......................................... 40
2.4 - Tratamento de dados .......................................................................... 42
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO DE DADOS .................................................... 44
3.1 - Praia de Itaipuaçú ................................................................................ 44
3.1.1 - Condições de mar em Itaipuaçú ........................................... 44
3.1.2 - Perfis topográficos da praia de Itaipuaçú .............................. 48
3.1.3 - Discussão dos dados em Itaipuaçú ....................................... 66
3.1.4 - Análise granulométrica dos sedimentos de praia em Itaipuaçú
........................................................................................................... 84
3.2 - Praia de Piratininga ............................................................................. 96
3.2.1 - Condições de mar em Piratininga ......................................... 96
3.2.2 - Perfis topográficos da praia de Piratininga ............................ 99
3.2.3 - Discussão dos dados em Piratininga ..................................... 110
X
3.2.4 - Análise granulométrica das areias de praia em Piratininga ... 125
3.3 - Mapeamento dos leques de arrombamento e crista da restinga ......... 133
4 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES ....................................................................... 144
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 148
6 – ANEXO 1 .......................................................................................................... 153
XI
LISTA DAS FIGURAS
Figura 1 A, B e C - Mapas de Vulnerabilidade das praias de Piratininga (A e B) e
Itaipuaçú (A e C). A - MUEHE, 1989; B - SANTOS, 2001 e C - BARROS, 2005.
Figura 2 - Localização da área de estudo. Imagem do satélite Landsat. Escala
1:25.000. Carta: SF-23-Z-B-IV-4-SE (site: www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br).
Figura 3 - Praia de Itaipuaçú localizada no município de Maricá (RJ), vista da Pedra
do Elefante na serra da Tiririca. Maricá - RJ, 14 de junho de 2005.
Figura 4 - Sedimentos da praia de Itaipuaçú composto por areia e grânulos
quartzosos, além, de fragmentos de “beach rocks” e conchas de vários tamanhos.
Figura 5 - Praia de Piratininga (vista para oeste) localizada no município de Maricá.
Maricá - RJ, 14 de junho de 2005.
Figura 6 – Barreira arenosa e subambientes costeiros associados (DAVIS, 2004).
Figura 7 – Classificação geomorfológica de praia de acordo com SILVA et al. (1999).
Figura 8 – Classificação morfológica de praia segundo Wright & Short (1984) apud
(Davis, 2004).
Figura 9 A, B e C – Porcentagem de ocorrência das direções de vento (A) (PINHO,
2003), mapa de previsão da direção e período da onda (B) e ocorrência de frente fria
se deslocando sobre o litoral (C) (CPTEC/INPE).
Figura 10 – Perfis topográficos de praia: verão e inverno.
Figura 11 – Células de circulação costeira. Fonte: www.clas.ufl.edu/users/mrosenme
/Oceanography/images
Figura 12 - Escarpa de tempestade bem íngreme na praia de Atafona (Campos dos
Goytacases, RJ). Foto: Hatushika, novembro de 2006.
Figura 13 - Leques de arrombamento (“washover fans”).
Figura 14 - Esquema ilustrando depósitos de leques de arrombamento
desenvolvidos sobre as dunas e restinga.
Figura 15 - Localizacao da area de estudo e dos perfis de praia. Imagem do satelite
Landsat. Escala 1:25.000. Carta: SF-23-Z-B-IV-4-SE (site: www.cdbrasil.cnpm.
embrapa. br).
Figura 16 - Localização do ponto inicial dos perfis topográficos de praia em Itaipuaçú
com o DGPS.
XII
Figura 17 - Localização dos perfis topográficos de praia em Piratininga e visão geral
da área em cada perfil e suas proximidades.
Figura 18 A e B - Método de Emery (1961) sendo empregado na realização de
perfis topográficos de praia em Itaipuaçú. Foto tirada por SILVA em 2002.
Figura 19 - DGPS - Rastreador geodésico Reliance Ashtech L1. Fonte: http://home.
eclipse.net/~essco/gps/reliance.htm.
Figura 20 - Na coleta de amostras retirou-se os primeiros centímetros de
sedimentos.
Figura 21 - Mapeamento do contorno dos leques de arrombamento realizado com o
DGPS junto ao perfil B da praia de Itaipuaçú.
Figura 22 - RN (Referência de Nível) utilizada para o emprego do DGPS.
Figura 23 - Localização dos pontos de controle obtidos com o DGPS na praia de
Itaipuaçú.
Figura 24 – Esquema ilustrando as etapas da análise granulométrica de amostras
de sedimentos de praia.
Figura 25 - (A) Incidência de ondas provenientes de sul em Itaipuaçú com
arrebentação do tipo “plunging” e (B) incidência de ondas de sudoeste com
arrebentação do tipo “spilling” (Ressaca ocorrida em 19 de julho de 2005).
Figura 26 A e B – Área do perfil A da praia de Itaipuaçú (08/10/2004).
Figura 27 – Perfis topográficos de praia do extremo oeste (PA) da praia de
Itaipuaçú.
Figura 28 – Extremo oeste da praia de Itaipuaçú durante ressaca ocorrida em julho
de 2004. A seta vermelha indica o início do perfil A.
Figura 29 A e B – Área do perfil B da praia de Itaipuaçú (08/10/2004).
Figura 30 – Perfis topográficos da porção centro-oeste (PB) da praia de Itaipuaçú.
Figura 31 A e B – Área do perfil C da praia de Itaipuaçú (02/03/2005).
Figura 32 – Perfis topográficos do meio do arco praial (PC) de Itaipuaçú.
Figura 33 A e B – Área do perfil D da praia de Itaipuaçú (10/09/2004).
Figura 34 – Perfis topográficos de praia no extremo leste (PD) de Itaipuaçú.
Figura 35 A e B – Área do perfil E da praia de Itaipuaçú (02/03/2005).
Figura 36 – Perfis topográficos de praia no pontal de Itaipuaçú (PE).
XIII
Figura 37 - Perfis topográficos de praia em Itaipuaçú. Magalhães, M. (Nautilus
Navegator). Perfis de inverno de 2002, verão e inverno de 2003 foram coletados pela
orientadora deste trabalho.
Figura 38 – Extremo oeste da praia de Itaipuaçú no inverno de 2005 apresentando
uma escarpa de tempestade (seta) com declividade acentuada (≅ 45º).
Figura 39 A, B e C - Variação morfológica e na largura do extremo oeste da praia de
Itaipuaçú.
Figura 40 A a F - Variação morfológica e na largura do extremo oeste da praia de
Itaipuaçú.
Figura 41 – Esquema mostrando difração de ondas com erosão do costão e
deposição no embaiamento. As linhas perpendiculares representam a convergência
das ondas concentrando energia no costão e divergência de ondas dissipando
energia no embaiamento. Modificado de DAVIS, 2004.
Figura 42 - Largura da praia de Itaipuaçú até o nível médio do mar (observado no
campo), entre verão de 2004 e verão de 2006.
Figura 43 – Perfis topográficos de praia mostrando as variações sazonais ocorridas
na praial de Itaipuaçú (Santos, 2000).
Figura 44 - Largura da praia de Itaipuaçú até o nível médio do mar (observado no
campo). Gráficos confeccionados a partir dos dados originais de perfis topográficos
de praia de SANTOS, 2000 (inverno-98, primavera-98 e verão-99) e SANTOS &
SILVA, 2005 (primavera-01, inverno-02, verão-03 e inverno-03).
Figura 45 - Perfis topográficos mostrando as variações ocorridas no meio do arco
praial de Itaipuaçú no inverno de 1973 (MUEHE, 1975). Modificado por SANTOS &
SILVA (2005).
Figura 46 - Perfil topográfico transversal realizado no meio do arco praial em
Itaipuaçú, orientado de norte a sul (MUEHE, 1989).
Figura 47 – Mapa de variabilidade morfológica da praia de Itaipuaçú. Imagem
gentilmente cedida por Magalhães, M., 2004.
Figura 48 – Resultados das análises granulométricas das amostras de superfície
coletadas na praia de Itaipuaçú: área dos perfis A e B, na frente de praia (FP), póspraia (PP) e leque de arrombamento (LA).
XIV
Figura 49 – Resultados das análises granulométricas das amostras de superfície
coletadas na praia de Itaipuaçú: área dos perfis C, D e E, na frente de praia (FP) e
pós-praia (PP).
Figura 50 – Mapa de caracterização sedimentar da praia de Itaipuaçú. Magalhães,
M., 2004.
Figura 51 – (A) Incidência de ondas provenientes de sul em Piratininga com
arrebentação do tipo “plunging” (ressaca ocorrida em 19 de julho de 2005) e (B)
incidência de ondas de sul com arrebentação do tipo “spilling” (situação de tempo
bom em 09 de agosto de 2004).
Figura 52 A e B – Área do perfil A da praia de Piratininga (23/01/2006).
Figura 53 - Perfis topográficos de praia no extremo oeste (PA) de Piratininga.
Figura 54 – Extremo oeste da praia de Piratininga apresentando um perfil estreito e
canal com água no inverno de 2004 (09 de agosto).
Figura 55 A e B – Área do perfil B da praia de Piratininga (23/01/2006).
Figura 56 - Perfis topográficos de praia no meio do arco praial (PB) em Piratininga.
Figura 57 A e B – Área do perfil C da praia de Piratininga (23/01/2006).
Figura 58 - Perfis topográficos de praia no extremo leste (PC) em Piratininga.
Figura 59 - Perfis topográficos sobrepostos da praia em Piratininga. Perfis referentes
ao verão e inverno de 2001, inverno de 2002, verão e inverno de 2003 foram
coletados pela orientadora deste trabalho. Imagem do satélite IKONOS gentilmente
cedida pelo prof. Dr. Gilberto Pessanha do Deptº de Geografia da UFF.
Figura 60 - Largura da praia de Piratininga até o nível médio do mar (observado no
campo), entre verão de 2004 e verão de 2006.
Figura 61 – Perfis topográficos da praia de Piratininga coletados entre abril e outubro
de 1993 (BASTOS, 1994). Modificado por SANTOS & SILVA (2005).
Figura 62 - Perfis topográficos mostrando as variações ocorridas no meio do arco
praial de Piratininga no verão de 1974 (MUEHE, 1975). Modificado por SANTOS &
SILVA (2005).
Figura 63 - Largura da praia de Itaipuaçú até o nível médio do mar (observado no
campo). Gráficos confeccionados a partir dos dados originais de perfis topográficos
de praia de SANTOS & SILVA, 2005 (verão-04, inverno-01, inverno-02, verão-03 e
inverno-03).
XV
Figura 64 - Fotos mostrando a destruição do calçadão durante ressacas (19931999-2004).
Figura 65 A e B - Perfis batimétricos do fundo da enseada de Itaipu, orientados de
norte a sul (SALVADOR & SILVA, 2002 – menos o grifado em vermelho).
Figura 66 - Mapa de variabilidade morfológica da praia de Piratininga. Imagem do
satélite Ikonos gentilmente cedida por Pessanha, G., 2004.
Figura 67 – Resultados das análises granulométricas das amostras de superfície
coletadas na praia de Piratininga: área dos perfis A, B e C, na frente de praia (FP) e
pós-praia (PP).
Figura 68 - Mapa de caracterização sedimentar da praia de Piratininga. Imagem do
satélite Ikonos gentilmente cedida por Pessanha, G., 2004.
Figura 69 A, B e C - Barreira arenosa e praia de Piratininga: em 1960 (BARAÚNA),
em 1975 (DHN), e em 2004 (Imagem do satélite IKONOS). A seta aponta para um
possível leque de arrombamento, hoje encoberto pelas construções.
Figura 70 – Parte oeste da praia de Itaipuaçú, onde os leques de arrombamento são
mais expressivos (as setas indicam os leques aqui estudados. Fotografia aérea
gentilmente cedida por Magalhães, M.; 2004 (Nautilus Navegator).
Figura 71 A, B e C - Leque de arrombamento visto para leste (A), para oeste (B) e
lobo deposicional frontal do leque alcançando o canal existente no limite interno da
restinga (C).
Figura 72 A, B e C - Extremo oeste da praia de Itaipuaçú: em 1975 (DHN), agosto
de 1993 (SILVA, M. A. M.) e novembro de 2004. A seta aponta a mesma construção
nos diferentes momentos.
Figura 73 A a D - Praia de Itaipuaçú em 1993 e em 2004 (A e B - vista para oeste e
C e D - vista para leste). Fotos A e C, SILVA, M. A. M.
Figura 74 - Perfil topográfico de praia e restinga realizado próximo ao perfil B na
praia de Itaipuaçú, janeiro de 2006.
Figura 75 - Mapeamento da crista da restinga na parte oeste da praia de Itaipuaçú.
Levando-se em consideração a posição da crista da restinga entre 1976 e 2004 (no
período de 28 anos), constatou-se que a mesma retrogradou cerca de 13 metros.
Figura 76 - Mapeamento dos leques de arrombamento. A área total acrescida entre
1976 e 2004 para o trecho medido é de cerca de 5.000 m2.
XVI
LISTA DAS TABELAS
Tabela 1 – Coordenadas UTM do ponto inicial dos perfis topográficos de praia.
Tabela 2 – Classificação granulométrica dos sedimentos grossos, adaptada de
Wentworth (1922), (Em: Pettijohn, 1975).
Tabela 3 – Dados relativos às condições de mar observados na praia de Itaipuaçú:
direção da frente de ondas e forma de arrebentação, estado de mar, altura (H) e
período (T) das ondas incidentes junto à praia.
Tabela 4 - Dados relativos ao ângulo de inclinação da frente de praia em Itaipuaçú.
Tabela 5 – Resultado da análise granulométrica na Praia de Itaipuaçú segundo a
classificação de Wentworth (1922), (Em: Pettijohn, 1975).
Tabela 6 – Classificação das amostras coletadas na praia de Itaipuaçú quanto ao
grau de selecionamento.
Tabela 7 - Dados relativos às condições de mar observados na praia de Piratininga:
direção da frente de ondas e forma de arrebentação, estado de mar, altura (H) e
período (T) das ondas incidentes junto à praia.
Tabela 8 - Dados relativos ao ângulo de inclinação da frente de praia em Piratininga.
Tabela 9 – Resultado da análise granulométrica na Praia de Piratininga segundo a
classificação de Wentworth (1922), (Em: Pettijohn, 1975).
Tabela 10 – Classificação das amostras coletadas na praia de Piratininga quanto ao
grau de selecionamento.
XVII
RESUMO
O presente estudo, realizado nas praias de Itaipuaçú e Piratininga (estado do
Rio de Janeiro), tem por objetivo compreender o comportamento morfológico e
sedimentológico desse litoral nas últimas três décadas. Para isso, foram realizados
(1) novos perfis topográficos de praia com concomitante coleta de amostras
superficiais; (2) mapeamento da crista da restinga e dos leques de arrombamento
com DGPS; (3) análise de fotos aéreas e imagens de satélites; (4) e comparação
com dados de perfis de praia existentes levantados por diversos autores entre a
década de 1970 e ano de 2003. Os resultados indicam que a praia de Itaipuaçú
apresenta uma dinâmica mais acentuada junto à extremidade oeste, decorrente da
maior vulnerabilidade daquele trecho à ação de ondas de tempestades de sudoeste,
a qual diminui gradualmente para leste. Nesta praia os sedimentos predominantes
são de areias muito grossas e seixos no setor oeste, diminuindo a granulometria
gradativamente em direção a leste, onde predomina areia grossa de melhor grau de
selecionamento. O mapeamento da crista da restinga e dos leques de
arrombamento à oeste do arco praial em Itaipuaçú mostra que o cordão arenoso
retrogradou 13 metros nos últimos 28 anos. No entanto, comparações de perfis
topográficos de praia atuais com os realizados na década de 1970 mostram larguras
iguais para o perfil de praia, não indicando comportamento erosivo para a praia. Na
praia de Piratininga, o setor oeste apresentou-se também mais dinâmico em função
da maior amplitude de variação dos perfis topográficos de praia obtidos neste trecho,
decorrente da ação de ondas de ressacas de sudoeste. Porém, ao longo de toda a
extensão da praia foi constatada uma variação considerável na sua largura. A
destruição parcial do calçadão ao longo de toda a praia atesta a ação de ondas de
tempestades, o que aumenta a energia das mesmas, em toda a extensão da praia,
em função do efeito da própria construção sobre as ondas. As areias em Piratininga
são classificadas como média em toda a sua extensão e apresentam um melhor
grau de selecionamento para leste. Do mesmo modo que em Itaipuaçú, a
comparação dos perfis atuais de Piratininga com aqueles da década de 1970 não
apontam para diminuição na largura da praia: a largura do centro do arco de praia
permaneceu a mesma ao longo das três últimas décadas, não caracterizando,
portanto, um comportamento erosivo.
XVIII
ABSTRACT
This study was carried on in the Itaipuaçú and Piratininga beaches (Rio de
Janeiro state) with the main objective of understanding the morphological and
sedimentological behavior of this coastal region along the last three decades. Data
was obtained through the following procedures: (1) new beach topographic profiles
with concomitant sampling of surface sediments; (2) mapping the sand barrier crest
and washover fans with DGPS; (3) analysis of the aero photographies and satellite
images; (4) comparing new data to dataset published by several authors between the
decades of 1970 and 2003. The results show that the Itaipuaçú beach presents very
dynamic profiles at the west sector; this dynamic decreases gradually toward the
east, because the greater vulnerability of this area to southwest storm waves. The
beach sediments are very coarse sand and pebbles in the west sector and bettersorted coarse sand toward the east. The mapping of the sand barrier crest and
washover fans present to the west of the sandy barrier in Itaipuaçú revealed that the
barrier has retreated 13 meters during the last 28 years. However, when recent
beach topographic profiles are compared to profiles collected in the 70’s no beach
erosive behavior is observed: the profiles show the same beach width. In Piratininga,
the beach at the west sector also shows highly dynamic profiles as the result of
south-west storm wave action. Nevertheless, the beach as a whole presents
significant variation in width. The partial destruction of the sidewalk along the beach
indicates the strong action of storm waves, further increased by the effect of the wave
upon the sidewalk. The beach sands in Piratininga are medium improving sorting
towards the east. As observed in Itaipuaçú, the comparison between recent beach
profiles with those obtained in the 70’s do not indicate beach erosion: the width of the
beach arc center has remained the same along the last three decades.
1
1 - INTRODUÇÃO
Um estudo sobre a caracterização geomorfológica e sedimentológica do
sistema de praias e restingas no litoral Sul-oriental do estado do Rio de Janeiro
realizado na década de 70 do século XX por MUEHE (1975), destacou a carência de
interesse quanto à realização de pesquisas de geologia e geomorfologia costeira na
referida área. O autor acima citado aponta como motivos, a baixa densidade
populacional, a dificuldade de acesso, a reduzida importância econômica das
formações arenosas presentes, entre outros. Apenas três décadas se passaram e
atualmente este extenso trecho costeiro experimenta um intenso processo de
ocupação, o problema quanto ao acesso não mais existe e tamanha é a importância
econômica destas áreas, sobretudo para os setores imobiliário e turístico, que não
dá mais para se ignorar as características geológicas e geomorfológicas dessa área.
As
transformações
intensas
e
rápidas
ocorridas
neste
ambiente
essencialmente dinâmico acarretaram uma série de problemas. Em muitas áreas,
campos de dunas, restingas e até praias foram modificadas para “melhor”
adaptarem-se a um novo elemento: o homem. Tais transformações vêm contribuindo
para despertar o interesse da comunidade científica, que tem direcionado esforços
no sentido de ampliar os conhecimentos a cerca dos processos e variáveis
relacionados ao ambiente costeiro. Consequentemente, inúmeras praias até então
desconhecidas, do ponto de vista científico, tornaram-se ou estão se tornando,
melhor compreendidas quanto à sua morfodinâmica.
O entendimento da morfodinâmica de praias é indispensável para a adoção
de medidas, tanto preventivas quanto reparadoras, relacionadas ao gerenciamento
costeiro. O gerenciamento costeiro, por sinal, assume uma importância cada vez
maior em virtude da tendência de concentração populacional em áreas costeiras.
Nos Estados Unidos e na Austrália, por exemplo, a população vivendo junto à costa
representa, respectivamente, cerca de 50 e 80 % (CARTER, 1988).
Tal fato
geralmente, resulta em uma série de intervenções inadequadas, sobretudo no
ambiente praial, geralmente associadas com o avanço contínuo e incessante da
ocupação em áreas que deveriam ser preservadas. Em decorrência disso, inúmeras
obras de engenharia foram sendo realizadas no litoral, tanto em meio à restinga
2
quanto na própria faixa de praia, desconsiderando-se o elevado grau de mobilidade
tão característico das praias arenosas. Em conseqüência, inúmeras alterações
surgiram causando destruição de estruturas de engenharia e erosão das praias,
principalmente em litorais fortemente afetados pelos efeitos das ressacas.
No Brasil, a comunidade científica, sobretudo a partir da década de 70 do
século XX, vem buscando ampliar os conhecimentos relacionados à morfodinâmica
de praias, e consequentemente, contribuir para a preservação das mesmas.
Inúmeros trabalhos vêm sendo realizados desde então (MUEHE, 1975; MUEHE,
1984; MUEHE, et al., 1984; MUEHE, 1989; MUEHE, 1994; BASTOS, 1994; SILVA,
et al. 1999; SANTOS, et al. 2000; SANTOS, et al. 2000; SANTOS, 2001; SOUZA, et
al. 2003; SILVA, et al. 2004, entre outros), para apenas citar os exemplos de
trabalhos no litoral do Rio de Janeiro. Atualmente, os trabalhos inserem-se numa
nova fase, caracterizada pela integração a nível nacional das experiências e
conhecimentos acumulados ao longo de décadas, visto o projeto Milênio (RECOS –
www.mileniodomar.org.br).
Mapas indicando áreas de maior susceptibilidade a ação das ondas vêm
sendo propostos nas últimas décadas por MUEHE, 1989; SILVA & SANTOS, 2003 e
BARROS, 2005 (figura 1). MUEHE (1989), apresentou um mapa referente às praias
localizadas entre Rio de Janeiro e Cabo Frio (RJ). SILVA & SANTOS (2003)
apresentaram um mapa de vulnerabilidade a ação das ondas de ressaca nas praias
de Niterói, apontando as áreas mais dinâmicas, onde confirmam a susceptibilidade
de alguns trechos apontados por MUEHE e acrescentam outros trechos, decorrentes
do aumento da urbanização. BARROS (2005), elaborou um mapa do litoral de
Maricá caracterizando as áreas críticas e de risco potencial devido a instabilidade
local condicionada pela erosão costeira. Diante disso, é necessário a continuidade e
o avanço de estudos em determinadas áreas, as mais vulneráveis as ressacas e,
sobretudo, dentro das áreas urbanizadas. Como é o caso da praia de Itaipuaçú e
Piratininga.
3
4
1.1 - Objetivos
Os principais objetivos desta pesquisa são:
1 – contribuir para um maior entendimento do comportamento dinâmico e sedimentar
das praias de Itaipuaçú e Piratininga com relação à ação de ondas de tempo bom e
de ressacas;
2 – entender o papel dos leques de arrombamento na mobilidade e o recuo do
cordão arenoso (retrogradação da barreira) no intervalo de tempo entre 1954 e 2004
(função das fotos aéreas existentes); e
3 – contribuir através da geração de novos dados, para o monitoramento das áreas
mais vulneráveis e que apresentam problemas.
Para a realização desta pesquisa foram feitos novos levantamentos de campo
e a comparação destes com os dados pré-existentes coletados ao longo de 8 anos
na praia de Itaipuaçú (Maricá-RJ) e 5 anos em Piratininga (Niterói-RJ), por um grupo
de pesquisadores sobre a coordenação da Drª Maria Augusta Martins da Silva
(Deptº de Geologia da UFF). Além destes dados, existem também outros trabalhos
publicados a respeito destas praias, como: MUEHE (1975) e Bastos (1994). A
reunião de todos esses dados, novos mais os pertencentes ao acervo, permitiram o
entendimento do comportamento morfodinâmico dessas áreas nas últimas três
décadas.
5
1.2 - Caracterização da área de estudo
As praias de Itaipuaçú (Maricá-RJ) e Piratininga (Niterói-RJ) foram escolhidas
para a realização desta pesquisa por apresentarem comportamentos morfológicos
marcantes devido a variação sazonal nas condições de mar (figura 2). Estudos
realizados por MUEHE (1975), BASTOS (1994), SILVA (1999), SANTOS (2000),
SANTOS (2001), SANTOS et al. (2005) e SANTOS & SILVA (2005) nestas praias,
contribuíram de forma significativa para a aquisição de conhecimentos a cerca da
morfodinâmica das praias em questão e apontam os problemas existentes. Porém, é
necessário a continuação de tais estudos no intuito de se conhecer melhor os
processos
e
variáveis
relacionados
à
morfodinâmica
destas
praias,
e
conseqüentemente, seu comportamento e suas áreas de maior ou menor
instabilidade frente às ondas de ressaca, ao longo de um período de tempo mais
significativo e
representativo.
Desta
forma,
faz-se
necessário
uma
breve
caracterização da área de estudo, assim como, das principais condicionantes
meteorológicas e oceanográficas, em função do importante papel que os processos
físicos exercem na dinâmica dos sedimentos junto à costa.
Praia de Itaipuaçú
A praia de Itaipuaçú localiza-se no município de Maricá no estado do Rio de
Janeiro (figura 3). Situa-se a cerca de 13 km a Leste da entrada da Baía de
Guanabara e possui uma extensão de aproximadamente 10 km de orientação E - W,
sendo limitada à Oeste pela Pedra do Elefante (parte da serra da Tiririca), a Leste
pelo Pontal de Itaipuaçú e ao Sul pelo oceano Atlântico.
Uma contribuição pioneira acerca da praia de Itaipuaçú remonta a década de
70 através de um estudo realizado por MUEHE (1975) com o objetivo de estabelecer
uma análise ambiental do sistema litorâneo a partir da realização de perfis
topográficos de praia e restinga. Diversos trabalhos se sucederam, tais como: a
caracterização da linha de costa entre Rio de Janeiro e Cabo Frio (MUEHE, 1987);
SANTOS (2000) e SANTOS & SILVA (2000), apresentaram os resultados de um
estudo sobre a morfodinâmica apresentada pela praia de Itaipuaçú, através do
acompanhamento sazonal da morfologia e sedimentologia da referida praia; SILVA &
6
7
8
SILVA (2005), realizaram um estudo sobre os efeitos das ressacas no litoral de
Niterói e Maricá (RJ); e BARROS (2005), a partir da análise e comparação de
fotografias aéreas e perfis topográficos mapeou as áreas consideradas críticas e de
risco potencial à erosão costeira no município de Marica (RJ); entre outros.
Um dos aspectos da praia de Itaipuaçú que mais impressiona é a
granulometria dos sedimentos e o arredondamento dos grãos. Na praia se observa
um sedimento composto por areia, grânulos e seixos quartzosos, além, de
fragmentos de “beach rocks” e conchas de vários tamanhos (figura 4). MUEHE
(1975) destaca o elevado grau de selecionamento dos sedimentos da praia de
Itaipuaçú e ressalta o aumento textural dos sedimentos do fundo marinho em direção
ao pós-praia. SANTOS (2000) mostrou que os sedimentos da praia de Itaipuaçú
variam da seguinte forma: predomínio de areia muito grossa no setor oeste,
diminuindo progressivamente em direção à leste, onde predomina areia grossa,
enquanto que o grau de selecionamento aumenta em direção ao setor leste. Um
estudo realizado por MENDES (2004) classificou as areias como bem arredondadas
(para a fração 1,00 mm).
A elevada pureza do quartzo e demais características desse sedimento vem
ocasionando a sua retirada ilegal em algumas partes da praia. O aumento da
atividade mineradora na área em questão não é recente. MUEHE (1984), ressalta a
necessidade de implementar medidas que impeçam tal atividade que ocorre de
forma crescente na praia e cordão litorâneo. A extração de areia da praia, por
qualquer que seja o motivo, tende a interferir na quantidade de areia estocada na
praia, podendo gerar uma situação de desequilíbrio entre a quantidade de perda e
ganho ao longo do ano, o que pode resultar em erosão da praia.
A ação das ondas junto à praia de Itaipuaçú é diferenciada em função da
intensidade e da direção das mesmas, que podem ser de sudeste, sul e sudoeste e
a interação das mesmas com as ilhas de Marica e o costão rochoso da pedra do
Elefante. Estudos realizados anteriormente (SANTOS, 2000; SANTOS & SILVA,
2000) na praia de Itaipuaçú, permitiram observar que as maiores variações na
morfologia e na largura da praia ocorreram em direção à oeste, sendo que, o centro
do arco praial e a extremidade leste, apresentaram pouca alteração se comparado
ao trecho mais a Oeste. SANTOS (2000) destaca ainda, a ação predominante de
9
ondas de sudeste, que incidem com maior energia no setor oeste da praia,
condicionando o desenvolvimento de correntes de deriva litorânea em direção à
oeste, ocasionando um alargamento da praia nesta direção.
Figura 4 - Sedimentos da praia de Itaipuaçú composto por areia e grânulos
quartzosos, além, de fragmentos de “beach rocks” e conchas de vários tamanhos.
Um estudo realizado por MUEHE (1987) sobre a influência do arenito de praia
(“beach rock”) de Itaipuaçú no fluxo de sedimentos, concluiu que os arenitos de praia
submersos funcionam como barreiras impedindo ou dificultando o deslocamento das
frações arenosas mais finas, colocadas em suspensão durante as tempestades, na
direção da praia, o que explicaria o aumento da granulometria na praia. De acordo
com MUEHE (1984), os arenitos de praia, medindo aproximadamente 2.500 metros
de comprimento, estão alinhados paralelamente à linha de praia e a uma distância
de cerca de 80 metros da mesma, a uma profundidade de 4 a 5 m. No caso de
Itaipuaçú, o referido autor aponta para a possibilidade de que os arenitos tenham se
formado durante a regressão ocorrida por volta de 2.800 anos B.P., o que remete a
um deslocamento do cordão de cerca de 80 metros nessa época. Isso corresponde
a uma taxa de deslocamento de 3 centímetros por ano.
10
Praia de Piratininga
A praia de Piratininga localiza-se no município de Niterói, litoral Leste do
estado do Rio de Janeiro (figura 5). Possui uma orientação aproximada E-W e uma
extensão de cerca de 2,5 km, limitando-se por promontórios rochosos tanto a Oeste
quanto a Leste.
Tal como em Itaipuaçú, os estudos pioneiros realizados sobre a praia de
Piratininga (quando ainda era denominada praia do Mar Azul), pertencem a MUEHE
(1975 e 1987). Na década de 90 foi realizado um estudo da variação morfológica a
partir de perfis de praia em Piratininga por BASTOS (1994). De acordo com
BASTOS (1994) a praia de Piratininga apresenta um comportamento dinâmico
diferenciado ao longo da praia. O setor Oeste da praia é apontado como sendo o
mais dinâmico, o qual apresenta maior instabilidade e maior vulnerabilidade à
atuação das ondas de ressacas.
SANTOS (2001) mostra que tanto a extremidade Leste quanto a Oeste
apresentam-se vulneráveis aos efeitos das ressacas. Além disso, os dados de
SANTOS (2001) mostram que há um estreitamento da faixa de praia na extremidade
Leste e o progressivo alargamento em direção a Oeste.
O meio do arco praial da praia de Piratininga vem apresentado um
comportamento que pode ser caracterizado como estável devido à menor variação
na morfologia e na largura, como apontam diversos autores (MUEHE, 1975;
BASTOS, 1994; e SANTOS et al., 2005).
A granulometria dos sedimentos da praia de Piratininga, para MUEHE (1975)
pode ser classificada como areia média, composta por areia e fragmentos de
conchas de vários tamanhos. O grau de arredondamento apresentado por MENDES
(2004), classifica a areia da praia de Piratininga como sendo sub angular e sub
arredondado para a fração predominante (0,250 mm).
11
12
1.3 – Barreira arenosa
Barreiras arenosas, ou cordões arenosos, são acumulações de sedimentos
com características lineares e que se apresentam geralmente paralelas à costa. Em
termos de largura, podem variar de poucas dezenas de metros a vários quilômetros.
Quanto ao comprimento, podem ocorrer na forma de pequenas “pocket barriers”,
apresentar algumas centenas de metros, ou até mesmo, extensão superior a 100
quilômetros em costas abertas. Apresentam-se geralmente mais largas em meio às
áreas junto ao litoral onde a disponibilidade e suprimento de sedimentos é
abundante; e mais estreitas, onde predominam taxas elevadas de erosão e/ou
suprimento de sedimentos deficiente ou escasso durante a fase de formação. Sendo
assim, o comprimento de uma barreira é influenciado: (1) pelo aporte de sedimentos
e (2) pela relação entre a energia das ondas e a maré (DAVIS & Fitzgerald, 2004).
Segundo DAVIS & Fitzgerald (2004), nas barreiras estão localizadas as
praias mais bonitas do mundo, o que contribui para que estas áreas sejam
extremamente importantes, tanto do ponto de vista da ocupação, quanto da própria
valorização econômica das mesmas. Para o referido autor, “a beleza da paisagem
oceânica tem sempre atraído veranistas e pessoas querendo erguer suas casas de
veraneio e residências permanentes nas barreiras”. Porém, o mesmo ressalta a
existência de características não tão atrativas inerentes às barreiras, como por
exemplo, a vulnerabilidade: às tempestades, às subidas do nível do mar (“uma das
forças de maior impacto nas barreiras hoje e no passado”) e à atuação de outros
processos. A mobilidade dos sedimentos da barreira, assim como, a topografia
relativamente baixa, facilitam para que ondas, sobretudo de tempestades, devastem
a barreira durante a ocorrência de tsunamis e de tormentas, como furacões.
A estabilidade das barreiras, a erosão ou o crescimento das mesmas
depende do suprimento de sedimentos, da taxa de elevação do nível do mar, dos
ciclos de tempestades e da topografia do continente e da zona submarina. Uma
determinada barreira pode progradar, quando a construção da barreira ocorre na
direção do oceano. O processo oposto, ou seja, o recuo da barreira em direção ao
continente, é denominado retrogradação da barreira. Entretanto, além de progradar
13
e retrogradar, uma barreira também pode sofrer agradação vertical, quando o
crescimento da barreira se dá verticalmente (DAVIS & Fitzgerald, 2004).
Diversos subambientes, do ambiente de sedimentação costeiro, estão
diretamente associados às barreiras, são eles: praias, dunas, canais de maré,
lagunas, mangues, destas de maré, leques de arrombamento, etc. (figura 6).
Continente
Manguezal
Leque de arrombamento
Delta de maré
enchente
Laguna
Dunas
Praia
“Shoreface”
Delta de maré
vazante
Plataforma continental
Figura 6: barreira arenosa e subambientes costeiros associados (SCHOLLE &
SPEARING, 1982).
1.3.1 – Praias
Definição e terminologia do ambiente praial
O conceito de praia de acordo com Friedman e Sanders (1978) referese a um “depósito sedimentar formado por sedimentos inconsolidados ao longo de
uma costa sujeita à ação das ondas”. O alcance máximo das ondas de tempestade
representa o limite interno (continental) da praia e a área mais externa da zona de
arrebentação das ondas na maré baixa o limite externo (marinho). Para BASCON
(1964) o termo praia refere-se a “uma acumulação de fragmentos de rocha sujeito ao
movimento devido à ação da onda”, tais fragmentos variam granulometricamente
“mudando em tamanho de pedregulho a areia fina. Segundo MUEHE (1994), o termo
praia refere-se a “depósitos de sedimentos, mais comumente arenosos, acumulados
14
por ação de ondas que, por apresentar mobilidade, se ajustam às condições de
ondas e maré”. O referido autor destaca ainda a importância das praias para a
proteção do litoral contra a erosão causada pela ação das ondas e a ampla
utilização das mesmas para atividades de lazer. O conceito de praia assumido para
esta pesquisa é o proposto por Friedman e Sanders (1978).
SILVA et al. (1999), utilizando o conceito de praias de FRIEDMAN &
SANDERS (1978), subdivide a praia nos seguintes sub-ambientes: pós-praia, frente
de praia e face de praia (figura 7). (1) O pós-praia (“backshore”, ou região de
supramaré) é a parte superior da praia, geralmente permanece seca, exceto quando
da ação de ondas de ressaca. Apresenta-se normalmente com baixo ângulo de
inclinação, podendo apresentar-se horizontalmente ou próximo da horizontalidade.
(2) A frente de praia (“foreshore”, ou intermaré) é a parte da praia sujeita ao alcance
diário das ondas e, conseqüentemente, é intenso o transporte e retrabalhamento de
sedimentos. Apresenta perfis mais íngrimes se comparados com o pós-praia. O
ângulo de inclinação de um perfil está relacionado a intensidade das ondas, o que
tende a influenciar na granulometria dos sedimentos. Ou seja, quanto maior a
energia das ondas mais íngrimes serão os perfís e maiores os valores referentes ao
tamanho do grão de areia. (3) A face de praia (“beachface”, ou submaré), por sua
vez, corresponde à parte submersa que contém a zona de surf e arrebentação no
seu limite, onde as ondas e correntes atuam constantemente transportando
sedimentos. A interação destas correntes que atuam junto a parte submersa da praia
ocasiona um movimento em zigue-zague de sedimentos em uma direção
preferencial ao longo da praia, gerando áreas de deposição efetiva e áreas de perda
de sedimentos.
A subdivisão do ambiente de praia proposta por SILVA et al. (1999) foi
adotada para esta pesquisa. Para a escolha desta forma de classificação e
subdivisão do ambiente praial, assim como, a terminologia empregada, foram
considerados os aspectos morfológicos e hidrodinâmicos. Divergências envolvendo
o emprego de terminologias na definição dos sub-ambientes de praia são freqüentes
e geram inúmeras divergências e imprecisões conceituais, como ressalta ANGULO
(1996). Porém, este estudo não objetiva a continuidade da discussão sobre o
referido problema.
15
Praia
Duna
Pós-praia
Frente de praia
Face de praia
(supramaré)
(intermaré)
(submaré)
Offshore
nível máximo
da maré
berma
nível mínimo
da maré
barras
canais
Figura 7 – Classificação geomorfológica de praia de acordo com SILVA et al. (1999).
Estudos realizados no litoral da Austrália por WRIGHT & SHORT (SHORT,
1979; WRIGHT & SHORT, 1984) contribuíram de forma significativa para o
entendimento da morfodinâmica de praias. Estes autores sugeriram uma forma de
classificação morfodinâmica de praias baseada em fatores morfológicos e
hidrodinâmicos. A classificação morfodinâmica de praias apresentada pelos referidos
autores aponta para a ocorrência de dois estágios extremos: refletivo e dissipativo, e
estágios intermediários (figura 8). Os diferentes estágios estão diretamente
associados
às
diferentes
condições
hidrodinâmicas
e
as
características
sedimentares.
Praias com características morfodinâmicas de um estágio extremo refletivo
geralmente apresentam: (1) gradiente acentuado (perfis mais íngremes), (2) areias
predominantemente grossas, (3) ondas cuja arrebentação tende a ocorrer junto à
frente de praia, (4) cúspides de praia rítmicos e expressivos; e (5) correntes de
retorno vigorosas (WRIGHT & SHORT, 1984).
As praias com comportamento relativo a um estágio dissipativo, por outro
lado, de uma forma ampla: (1) apresentam gradientes pouco acentuados (perfis
menos íngremes), (2) predominância de areias finas, e (3) zona de surf bem
desenvolvida e mais de uma linha de arrebentação, ocasionalmente associada à
existência de barras arenosas submersas paralelas á linha de costa, que contribuem
para a dissipação da energia das ondas incidentes (WRIGHT & SHORT, 1984).
16
Figura 8 – Classificação morfológica de praia segundo Wright & Short (1984)
apud (Davis, 2004).
17
Os estágios intermediários propostos por WRIGHT & SHORT (1984) são:
“longshore bar-trough”, rhythmic bar and beach”, transverse bar and rip”, e “ridgerunnel or low tide terrace”. Praias que apresentam um comportamento distinto dos
dois extremos (dissipativo e refletivo), se inserem em um desses quatro estágios
intermediários. Que se caracterizam por: (1) apresentar maior grau de mobilidade
em meio a condições de ondas altamente variáveis, (2) praia e zona de surf que
tendem a se alternar entre os vários estágios intermediários, e (3) barras bem
desenvolvidas. Tais características condicionam um maior grau de complexidade
tanto morfológica quanto hidrodinâmica para os estágios intermediários.
Sedimentos de praia
Os sedimentos que constituem a praia, segundo DAVIS (1985), variam
significativamente, tanto temporal quanto espacialmente, em tamanho, composição e
forma. Uma determinada praia possui, em geral, sedimentos com textura e
composição própria e que pode variar: ao longo da praia; em um mesmo trecho,
entre a parte emersa e submersa; e ao longo do tempo em resposta às variações
nos processos costeiros. Ainda segundo este mesmo autor, os sedimentos que
formam as praias podem ter uma origem local ou terem sido transportados por
grandes distâncias. Podem ser originados de fonte terrígena ou biológica. Os
sedimentos de fonte terrígena podem ser provenientes de: (1) intemperismo e
erosão do continente, gerando sedimentos que são posteriormente transportados
para o oceano pelos rios, geleiras e ventos; (2) intemperismo e erosão da costa, que
conduz a um fornecimento direto de material para a praia; (3) retrabalhamento e
transporte de sedimentos oriundos da plataforma continental interna, de grande
importância, sobretudo durante períodos de elevação do nível do mar; e (4)
transporte pelas correntes litorâneas que deslocam grande quantidade de
sedimentos. Os sedimentos de origem biológica (ou esqueletal) possuem grande
variação granulométrica e são expressivos em algumas áreas, como nos trópicos,
onde se concentram os recifes de corais. Nestas áreas são encontradas algumas
praias com até 100% de sedimentos biogênicos.
A composição dos sedimentos de praia é variada e, de acordo com
FRIEDMAN & SANDERS (1978), consiste basicamente de: fragmentos de rocha,
18
restos esqueletais carbonáticos e minerais pesados. Os referidos autores ressaltam
ainda a predominância do mineral quartzo, sobretudo em praias arenosas. DAVIS
(1985) considera que as praias compostas de areia quartzosa são maioria, sendo o
mineral feldspato segundo em abundância. A predominância de quartzo e feldspato
se deve ao fato de que estes são mais resistentes ao intemperismo. Minerais
pesados ou acessórios em pequenas proporções são comumente encontrados em
praias onde predominam os minerais de quartzo e feldspato.
A importância da textura dos sedimentos siliciclásticos é ressaltada por
TUCKER (1981). Para o referido autor, tal característica é produzida por processos
deposicionais e pode ser compreendida através do estudo de sedimentos modernos.
Estudos da textura dos sedimentos requer o entendimento do tamanho, da
morfologia e da superfície do grão, assim como, da fábrica do sedimento. Uma vez
obtida a distribuição do tamanho do grão e a conseqüente caracterização do mesmo,
pode-se representar graficamente a freqüência dos grãos em cada classe de
tamanho através de um histograma. O histograma possibilita uma imediata
visualização da distribuição do tamanho do grão permitindo a classificação do
sedimento.
Dinâmica de praia
DAVIS (1985) considera que ondas, correntes e marés são os fatores
primários causadores de modificações no ambiente de praia e nearshore, sem
descartar a importância dos ventos. Para este autor, a interação destes processos
com os materiais que constituem a praia são responsáveis pelo caráter dinâmico
deste ambiente, assim como, pelas mudanças geradas.
Segundo DAVIS (1985), a ação das ondas influencia direta e indiretamente a
dinâmica natural da praia e “nearshore”, causando modificações na configuração do
fundo em função da movimentação e distribuição de sedimentos. Para KOMAR
(1976), o input de energia na zona litorânea ocorre principalmente devido à ação das
ondas de superfície geradas pelo vento e são elas as responsáveis pela erosão ao
longo da costa e pela formação de praias.
19
As ondas formadas pela ação dos ventos, enquanto permanecem na área de
geração são denominadas vagas (wind-sea). Ao se propagar para além da área de
geração são chamadas de ondulações (swell) (LAING, 1998).
A descrição de uma onda requer o conhecimento de algumas definições
básicas, tais como: 1. Comprimento de onda (L): que é a distância horizontal em
metros entre duas cristas sucessivas; 2. Período da onda (T): é o intervalo de
tempo em segundos entre a passagem de duas cristas por um ponto fixo. 3.
Freqüência (f): é o número de cristas que passa por um ponto fixo em 1 (um)
segundo. 4. Altura da onda (H): é a diferença na elevação superficial entre a crista
e o cavado da onda. 5. Amplitude da onda (a): expressa em metros, corresponde à
metade da altura da onda. 6. Esbeltez da onda: é a relação entre a altura e o
comprimento da onda (KOMAR, 1976).
Existem várias formas de quebra ou arrebentação da onda, que variam em
função do gradiente do fundo e da natureza da onda em águas profundas (DAVIS,
1985). De acordo com KOMAR(1976), a quebra da onda pode ser classificada em 3
tipos: spilling (ou progressiva), plunging (ou mergulhante) e surging (ou ascendente).
GALVIN (1968) apud KOMAR(1976), acrescenta mais um tipo de quebra da onda, o
qual denominou de collapsing breaker, como sendo um tipo intermediário entre
plunging e surging breaker. O gradiente da praia varia significativamente com o tipo
de arrebentação, sendo a declividade do fundo crescente de spilling, passando por
plunging, até atingir maiores gradientes em surging. A classificação das formas de
arrebentação, no entanto, não é sempre fácil de ser aplicada, conforme ressalta
KOMAR (1976).
Uma característica que certamente influencia no caráter dinâmico das praias
é a sua suscetibilidade às mudanças relacionadas à energia da onda como destaca
CARTER (1988). Para este autor, as praias e zonas costeiras adjacentes amortecem
o impacto da energia das ondas que variam significativamente numa escala de
tempo que vai de segundos a anos. A praia, por sua vez, responde a tais mudanças
na energia da onda através de modificações na morfologia e nos sedimentos que a
constituem.
Em determinados trechos do litoral brasileiro, sobretudo nas regiões sul e
sudeste, este aumento sazonal na energia das ondas está relacionado às ressacas
20
associadas à passagem de frentes frias provenientes do sul do país. No verão do
continente Sul americano a situação se inverte, ou seja, ocorre uma diminuição na
energia das ondas que atingem os litorais destas regiões, conforme afirmam
diversos autores (MUEHE, 1975, 1989 e 1994; BASTOS, 1994; SILVA et al., 1999;
SANTOS, 2000; SANTOS et al., 2000; SANTOS et al., 2000; SILVA et al., 2004). O
litoral do município de Niterói e Maricá, onde estão localizadas as praias de
Piratininga
e
Itaipuaçú,
respectivamente,
é
influenciado:
(1)
por
ventos
predominantes do quadrante nordeste com variações para norte e para leste (figura
9 A), formados pelo Anticiclone do Atlântico Sul (AAS) (PINHO, 2003), o que,
associado à orientação do litoral neste trecho (leste-oeste), contribui para a geração
de ondas predominantes de sudeste; e (2) por massas de ar polar (massa Polar
atlântica – mPa) que se origina nas proximidades do continente Antártica, ao sul nas
altas latitudes, deslocando-se para norte, onde, a frente desta massa (fria) ao entrar
em contato com a massa tropical local gera tempestades ocasionais e,
conseqüentemente, ondas de tempestades que causam grande instabilidade
morfológica e sedimentológica na costa, sobretudo nas praias (MUEHE, 1975)
(figura 9 B e C).
Variações morfológicas que ocorrem com o perfil da praia, devido a
alterações sazonais na energia das ondas, são o produto de um intenso e dinâmico
deslocamento de sedimentos. Trata-se de uma troca constante de material que
ocorre entre a parte emersa e submersa da praia, além, do deslocamento que ocorre
lateralmente. Diversos autores (BASCOM, 1964; KOMAR, 1976; FRIEDMAM &
SANDERS, 1978; DAVIS, 1985; CARTER, 1988; e 1994; SILVA, et al., 2004)
destacam a ocorrência de uma fase de alargamento e/ou acréscimo da praia,
sobretudo no verão, devido ao acúmulo de sedimentos na parte emersa da praia,
ocorrendo o oposto no inverno, ou seja, o estreitamento da praia, devido à influência
das ondas de tempestades que retiram sedimentos da parte emersa da praia
depositando-os na parte submersa, formando assim, perfis de praia de verão e
inverno, respectivamente (figura 10). Os perfis de praia, conforme KOMAR (1976),
são importantes, pois, refletem a atuação efetiva de mecanismos naturais
condicionados pela arrebentação das ondas e conseqüente dissipação da energia.
Mudanças no perfil de praia podem ocorrer também devido a influência das
21
correntes litorâneas que transportam sedimentos ao longo da praia e devido às
variações das marés.
A
B
C
Figura 9 A (PINHO, 2003), B e C (CPTEC/INPE) – Porcentagem de ocorrência
das direções de vento (A), mapa de previsão da direção e período da onda (B)
e ocorrência de frente fria se deslocando sobre o litoral (C).
Praia de Itaipuaçú
Extremo Oeste-PA
Legenda:
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
-1
-2
-3
Altura (m)
Verão 2005
Inverno 2005
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95 100 105 110 115 120 125 130
Distância horizontal (m)
Figura 10 – Perfis topográficos de praia: verão e inverno.
22
As ondas possuem a capacidade de transportar sedimentos, sobretudo na
medida em que se aproximam de águas rasas. Entretanto, além de participar
diretamente neste processo, as ondas também são responsáveis pela geração de
correntes junto à costa. Tais correntes participam ativamente no transporte de
sedimentos ao longo do litoral e, de acordo com KOMAR (1976), estão inseridas em
dois sistemas de correntes geradas por ondas na zona de nearshore: correntes
litorâneas (longshore current) e correntes de retorno (rip currents). Este mesmo
autor ressalta ainda a existência de correntes de deriva litorânea produzidas pela
obliquidade com que as ondas se aproximam da linha de costa.
Correntes litorâneas (longshore current) ou correntes de deriva litorânea,
segundo BASCOM (1964), são geradas por ondas que se chocam com o litoral
formando um ângulo, ou seja, aproximam-se da costa obliquamente. Estas correntes
deslocam-se paralelamente ao longo da linha de praia com velocidades variadas e
são mais desenvolvidas em extensas costas retilíneas. A incidência oblíqua e
sucessiva de ondas gera um transporte de sedimentos ao longo da costa, que se
movimenta em zig-zag e paralelamente à praia (DAVIS, 1985).
As correntes litorâneas embora extensas, podendo se estender por dezenas
ou até centenas de metros, são segmentadas por correntes que se deslocam
perpendicularmente à linha de costa na direção do oceano, denominadas correntes
de retorno, ou rip currents. O deslocamento destas correntes é impulsionado pelo
empilhamento de água em função das ondas e a ação do vento sobre a praia. Esta
água tende a se deslocar, num primeiro momento, paralelamente à praia em meio as
barras e canais existentes e, em seguida, em direção ao oceano podendo também
formar canais, porém, perpendicular ou oblíquos em relação à linha de costa. Os
locais onde as alturas das ondas se apresentam menos expressivas são mais
favoráveis ao desenvolvimento de correntes de retorno. O caráter cíclico do
processo segue, segundo KOMAR (1976), com o retorno lento, e por entre as rips,
de água na direção da zona de surf, ocasionando um lento transporte de massa.
A interação da corrente de deriva litorânea, a corrente de retorno e o lento
transporte de massa devido ao deslocamento de água em direção à costa, resultam
na formação de células de circulação costeira (SHEPARD & INMAN, 1951, apud
23
KOMAR, 1976). Estas células exercem grande influência no transporte e distribuição
de sedimentos nas praias (figura 11).
DAVIS (1985) ressalta a existência de um outro processo capaz de influenciar
no transporte de sedimentos ao longo da costa, trata-se de um movimento gerado
devido à ação do fluxo (swash) e refluxo (backwash) das ondas. Transporte de
sedimentos, em zig-zag, ocorre ao longo da praia devido à interação do
espraiamento gerado pela incidência oblíqua de ondas junto à frente de praia, com a
corrente de refluxo que movimenta o sedimento no sentido oposto ao espraiamento.
A variação no nível do mar causada pelos ciclos de maré é importante para os
processos que atuam sobre a praia. A área da praia sujeita à ação das ondas é
menor em áreas com pouca variação de maré. Enquanto que, em praias cuja
variação de maré é mais expressiva, a área submetida à ação das ondas,
consequentemente, é bem maior devido à migração do limite relativo à área de
atuação das ondas (KOMAR, 1976). DAVIES (1964) apud KOMAR (1976) apresenta
uma classificação de marés baseado na variação da mesma junto a costa: (1)
micromaré, para variação menor que 2 metros; (2) mesomaré, quando a variação
for de 2 a 4 metros; e (3) macromaré, para variação superior a 4 metros. A
ocorrência de micro e mesomaré é mais comum em costas abertas ao longo do
globo, enquanto que, macromaré geralmente ocorre em costas associadas com
golfos e embaiamentos.
Correntes de
retorno
Figura 11 –
Células de
circulação
Célula de circulação
costeira.
Barra
arenosa
C
Correntes
Praia
Fonte:
www.clas.ufl.edu/
users/mrosenme/
Oceanography/im
ages
24
Erosão de praias
Erosão de praias refere-se a um processo caracterizado pela remoção de
sedimentos sem a sua posterior reposição, resultando em perda efetiva. Tal
processo, pode ocorrer em função de uma variedade de causas, tais como: (1)
elevação do nível do mar; (2) instabilidade tectônica, incluindo subsidência; (3)
alterações climáticas, sobretudo relacionada com o aumento da freqüência e
intensidade das tempestades; e (4) influência do homem. Cabe destacar ainda, que
praias com estoque reduzido de sedimentos são mais susceptíveis às variáveis,
acima mencionadas, que condicionam os processos erosivos. Atualmente observase uma tendência mundial de erosão da linha de costa, que pode resultar em perda
de terreno costeiro, geralmente associado a perdas materiais e até situações
envolvendo risco de vida para populações costeiras; e desaparecimento completo de
praias em casos de erosão acelerada (CARTER, 1988).
De acordo com CARTER (1988), as variações no nível do mar constituem um
fator determinante no tocante ao processo evolutivo das costas. As condições de
nível do mar apresentam três estágios e/ou fases: elevação, rebaixamento ou nível
do mar estacionário. Durante a fase de elevação ou rebaixamento do nível do mar
ocorre maior liberação e transporte de sedimentos, ocasionando rápidas mudanças.
Por outro lado, quando o nível do mar apresenta-se estacionário ocorre um
ajustamento do litoral aos processos costeiros que conduz a uma situação hipotética
de equilíbrio. O referido autor ressalta ainda o consenso que existe a cerca da atual
fase de elevação do nível do mar, decorrente do aquecimento global e derretimento
de espessas camadas de gelo, o que tende a instaurar uma fase erosiva da linha de
costa, assim como, a intensificação de problemas relacionados com o manejo
costeiro. Uma subida do nível do mar pode provocar: (1) dispersão de sedimentos
costeiros erodidos para a “shoreface” e abaixo do nível de base das ondas; (2)
migração de sedimentos costeiros acompanhando o recuo da linha de costa
(retrogradação); e (3) permanência de sedimentos no “mesmo local”.
SOUZA & SUGUIO (2003), ressaltam que “a maioria das costas mundiais
está experimentando uma ampla variação de pressões de natureza antropogênica e
natural”. Por pressão antropogênica, neste caso, entende-se: “rápida urbanização,
crescimento
populacional,
atividade
turística,
desenvolvimento
portuário,
25
industrialização, exploração de recursos naturais e poluição ambiental”. Quanto aos
fenômenos naturais, o autor destaca a elevação do nível do mar e as alterações
climáticas.
A elevação do nível do mar ocorre de maneira diferenciada ao longo do globo,
o que talvez explique a não uniformidade quanto às estimativas e valores relativos à
taxa de elevação. A nível global e para os últimos 100 anos, BURROUGHS &
LYNAGH (1999) apresentam uma elevação média de 18 centímetros, com uma
variação de 10 a 25 cm, enquanto GORNITZ (1995), citado por SOUZA & SUGUIO
(2003), aponta para uma elevação entre 10 e 15 cm. GORNITZ et al. (1982), apud
SILVA et al. (2004), analisando registros de marégrafos do século XIX, sugerem uma
taxa de elevação global da ordem de 1 mm por ano, ou seja, de 10 cm para o
período mencionado.
Os valores relativos à elevação do nível do mar apresentados para uma
escala local são geralmente mais expressivos que os mencionados para a escala
global. Ao analisar registros maregráficos das décadas de 60 a 80 alguns
pesquisadores observaram uma elevação de cerca de 1 cm/ano na Baía de
Guanabara (RJ) e Cananéia (SP) (MESQUITA & HARARI, 1983; MESQUITA &
LEITE, 1985; SILVA & NEVES, 1991; e SILVA, 1991; Em: MUEHE, 1994). O mesmo
valor foi observado em Recife para o período entre 1946 e 1988 (PE) (HARARI &
CAMARGO, 1993; Em: MUEHE, 1994). Uma elevação de aproximadamente 30 cm
referente aos últimos 50 anos foi observada em Santos, Ubatuba e Cananéia (SP)
por MESQUITA (1994); Em: SOUZA & SUGUIO (2003).
Algumas previsões futuras apontam para taxas de elevações no nível do mar
que poderão atingir nos próximos 100 anos cerca de 68 e 200 centímetros,
respectivamente (IPCC, 1990; e TITUS, 1998; citados por SILVA et al. 2004).
A recuperação de uma praia erodida é um processo lento e que pode ser
comprometido se tempestades persistirem com certa freqüência, o que tende a
intensificar a erosão (DAVIS, 1985). Segundo FRIEDMAN & SANDERS (1978), a
evidência de uma praia em processo de erosão é a presença de uma escarpa de
tempestade, que pode alcançar até alguns metros de altura (figura 12).
26
Figura 12 - Escarpa de tempestade bem íngreme na praia de Atafona (Campos dos
Goytacases, RJ). Foto: Hatushika, novembro de 2006.
1.3.2 - Leques de arrombamento (“washover fans”)
Ressacas de grande magnitude podem formar depósitos de areia no formato
de um leque sobre a restinga denominados leques de arrombamento ou
Washover fans (figura 13). Os depósitos de washover se formam devido à retirada
de areia da praia e região submarina próxima e sua deposição para além da praia,
ou seja, durante as tempestades, água e sedimentos podem ultrapassar o limite
interno da praia e passar por sobre a crista da restinga rompendo a mesma,
ocorrendo deposição em camadas na parte posterior da barreira (figura 14). O fluxo
turbulento de água e sedimentos pode romper a barreira gerando um depósito
sedimentar que reflete uma diminuição na velocidade de escoamento do fluxo de
areia da crista para a retaguarda da barreira. Tal processo denomina-se overwash
(CARTER, 1988). A transposição para além da praia pode ocorrer, tanto de forma
periódica, em função do alcance do swash condicionado às condições extremas das
ondas, quanto de forma não periódica, por exemplo, devido à interferência do
homem (ORFORD & CARTER, 1984., apud CARTER, 1988). CARTER (1988)
27
destaca ainda que os depósitos de washover podem se formar tanto em sistemas
dissipativos quanto refletivos e é um mecanismo de grande importância para a
compreensão de eventos transgressivos do mar.
La
go
Du
n
o
Pr
ai
a
O
an
ce
as
Washover fan
a
Figura 13 - Leques de arrombamento (“washover fans”) (CROSLAND, 1981).
Washover fan
Figura 14 – Esquema ilustrando depósitos de leques de arrombamento
desenvolvidos sobre dunas e restinga (SCHOLLE & SPEARING, 1982).
De acordo com MORTON & SALLENGER (2003), as respostas da morfologia
da praia e o alcance e/ou extensão do washover depende da interação de
determinadas variáveis, como: (1) alcance e duração das ondas de tempestades, (2)
28
diferença de nível d’água entre oceano e lagoa / laguna, (3) ação construtiva e
destrutiva das ondas de tempestades, e (4) variações na batimetria da praia e
“shoreface”. As maiores acumulações e alcance do depósito de washover são
resultantes de: (1) fluxo confinado, (2) intenso stress de vento e (3) escoamento
superficial. Um estudo realizado por estes mesmos autores sobre o impacto
morfológico causado por tempestades extremas na costa do Golfo do México nos
Estados Unidos, onde o processo de washover é comum, apontam para a existência
de uma estreita relação entre: (1) a intensidade da tempestade; (2) impacto
morfológico; e (3) a distância, para além da praia, do sedimento transportado pelo
overwash.
Segundo CARTER (1988), uma elevação no nível do mar provoca o
desenvolvimento de formas contínuas de washover que são geradas em função do
aumento no volume de overwash, que variam de: (1) fan splays, para (2) washover
flats, seguido por flame washovers, cujo produto final é (4) uma barreira
completamente submersa devido a transposição das ondas sobre a barreira e a
formação de uma nova barreira mais interior em relação à anterior.
29
2 - METODOLOGIA
Para se alcançar os objetivos desta pesquisa foram realizados: (1) 20
trabalhos de campo, onde se fizeram levantamentos de 40 perfis topográficos de
praia e 1 perfil topográfico de restinga, concomitante à coleta de 66 amostras de
sedimentos superficiais de praia; mapeamento da crista da restinga e leques de
arrombamento
com
rastreador
geodésico;
(2)
no
laboratório,
a
análise
granulométrica das amostras; (3) análise de dados de perfis topográficos coletados
por outros autores desde a década de 70, para ampliar o tempo de observação e
compreender melhor o comportamento da área de estudo; (4) análise de fotografias
aéreas e imagens de satélites e (5) levantamento bibliográfico.
2.1 - Metodologia de campo
O trabalho de campo consistiu em: perfis topográficos de praia e restinga,
amostragem de sedimentos, levantamento de dados com o DGPS e observações
oceanográficas (altura média das ondas na arrebentação, tipo de arrebentação e
período). No total, foram realizados 20 trabalhos de campo nas praias de Piratininga
e Itaipuaçú, sendo: Piratininga – 3 no verão, e 3 no inverno; Itaipuaçú – 7 no verão e
7 no inverno, todos entre fevereiro de 2004 a janeiro de 2006. Além disso, variações
morfológicas apresentadas pelas praias de Piratininga e Itaipuaçú em resposta às
alterações nas condições de mar foram acompanhadas através de observações
locais e fotografias tiradas eventualmente, e sobretudo em períodos de ressacas.
Os perfis topográficos de praia em Piratininga e Itaipuaçú foram realizados
nos mesmos pontos selecionados para a coleta de tais dados, em projetos
desenvolvidos anteriormente pela orientadora desta dissertação: são três perfis (A,
B, e C) em Piratininga e quatro (A, B, C e D) em Itaipuaçú; nesta praia um quinto
perfil (E), na área do pontal de Itaipuaçú, foi acrescentado (figuras 15, 16 e 17 e
tabela 1). A coleta de dados foi realizada nas estações de inverno e verão, que
representam, respectivamente, os dois extremos em relação aos momentos de
estreitamento e alargamento dos perfis de praia.
30
31
32
33
Tabela 1 – Coordenadas UTM do ponto inicial dos perfis topográficos de praia.
Piratininga
Perfil B
Perfil A
Perfil C
Extremo oeste
próximo a rua Gen.
Rubens Teixeira.
Meio do arco praial
próximo à rua João
Tavares.
Extremo leste próximo à
rua João Gomes da
Silva.
N-7460074
E-694457
N-7459872
E-696247
Itaipuaçú
Perfil C
N-7459603
E-696839
Perfil A
Perfil B
Perfil D
Extremo
oeste junto a
pousada do
Recanto.
Centro-oeste
alinhado com
a antena de
telefonia.
Meio do arco
em frente a
avenida 1.
Extremo leste
em frente ao bar
Biroska dos
Pescadores.
N-7458399
E-703821
N-7458447
E-704525
N-7458422
E-707165
N-7458000
E-711261
Perfil E
Junto ao
pontal de
Itaipuaçú.
N-7458065
E-714900
Os trabalhos de campo, para a aquisição de perfis topográficos de praia,
foram realizados durante variação de maré entre 0.3 e 0.8 metros, isto é, maré
média (DHN – INPE) e sempre na baixa-mar (pela manhã), objetivando com isso,
um maior grau de uniformidade referente às condições de maré, sobretudo no que
diz respeito à variação mensal e diária do nível do mar.
Os perfis topográficos de praia (Piratininga e Itaipuaçú) e o perfil
atravessando a restinga no local dos leques de arrombamento (Itaipuaçú) foram
obtidos através da utilização do método de Emery (1961), que consiste na utilização
de três balizas de madeira medindo 1,5 metro e graduadas em 2 centímetros. Este
método, é simples e eficiente, e foi utilizado com êxito na obtenção dos dados
mencionados. A variação topográfica é registrada alinhando-se três “balizas de
Emery” perpendicularmente a linha de praia e, em seguida, deslocando-se com duas
balizas. Logo a seguir, realiza-se a leitura fazendo uma “linha de visada” entre as
balizas e a linha do horizonte. A observação é realizada sempre da primeira baliza e
a segunda, ao ser alinhada, fornece a variação vertical da topografia da praia
(figuras 18 A e B).
34
35
Foi realizado um perfil atravessando a restinga em Itaipuaçú com o objetivo
de mapear os leques de arrombamento. Assim como os perfis de praia, o perfil de
restinga foi obtido utilizando-se o método de Emery (descrito anteriormente), com
apoio do equipamento DGPS (Rastreador geodésico – Reliance Ashtech L1, modo
de operação Relativo ou Diferencial), para o posicionamento dos pontos (figura 19).
Foram coletadas 66 amostras de sedimentos de superfície nas praias em
estudo. Os locais de coleta das amostras correspondem aos trechos onde estão
sendo realizados os perfis de praia, sendo que, em cada uma dessas áreas, a
amostragem foi feita na área do pós-praia e frente de praia (além, de locais com
leque de arrombamento expressivos – PA e PB em Itaipuaçú). A coleta da amostra
foi realizada nos primeiros centímetros de sedimentos superficiais utilizando-se um
recipiente de plástico abrangendo uma área representativa do perfil estudado (figura
20).
Através da obtenção de dados precisos de localização da crista da restinga e
extensão dos leques de arrombamento da praia de Itaipuaçú, objetivou-se criar
meios que possibilitassem o acompanhamento das alterações da morfologia da
restinga, bem como, o desenvolvimento dos depósitos atuais de leques de
arrombamento por meio da marcação da posição espacial dos limites dos leques de
arrombamento e a linha de crista da restinga nessa área. O mapeamento ocorrido
em 27 de novembro de 2004, utilizando o DGPS, foi realizado sobre a crista da
restinga entre a extremidade oeste e proximidades do perfil B; o contorno dos leques
de arrombamento foi realizado somente junto ao perfil B onde estão localizados os
leques de arrombamento mais expressivos (figura 21). Para a execução de tais
tarefas, utilizou-se o sistema GPS no modo relativo cinemático, onde pode se
alcançar uma precisão de 20 centímetros. Foram estabelecidos ainda, pontos de
controle à retaguarda dos locais de início dos perfis topográficos (B, C, D e E) (figura
23), operando o DGPS em modo estático, o que possibilita uma menor imprecisão
(cerca de 2 centímetros, a depender do tempo de ocupação). Cada ponto
de
controle foi ocupado por cerca de 1 hora e 10 minutos, o que dependeu do
número de satélites monitorados, que variou entre 5 e 11. Para o emprego do
DGPS foi necessário o estabelecimento de uma “estação base” para a utilização de
dados de uma RN (referência de nível), que neste caso, foi a RN de código 3.000-A
36
(IBGE), localizada no Campus Praia Vermelha da UFF - Universidade Federal
Fluminense (junto ao relógio do Sol, próximo ao Instituto de Geociências) (figura 22).
Por ocasião da coleta dos perfis foram observadas ainda algumas condições
de mar, tais como: altura da onda na arrebentação, tipo de arrebentação, direção de
chegada das ondas e período médio das ondas (sempre estimada por 2 ou 3
pessoas).
37
38
39
40
2.2 - Metodologia de laboratório
A análise granulométrica das amostras foi realizada no laboratório de
sedimentologia do Departamento de Geologia do Instituto de Geociências da UFF. A
análise granulométrica consistiu nas seguintes etapas (figura 24 - fluxograma):
(1) Lavagem para a eliminação do sal, que consiste em um procedimento simples
onde as amostras são colocadas em bacias com água e lavadas por três vezes,
sendo o procedimento repetido por três dias.
(2) Secagem, logo após a lavagem e a remoção do excesso de água da bacia, a
secagem é realizada em uma estufa com temperatura média de 50 ºC.
(3) Quarteamento da amostra, através do qual a mesma é fracionada. O
fracionamento é realizado por meio de um quarteador, que divide a amostra em duas
partes iguais aleatoriamente. O processo é realizado sucessivas vezes até que a
amostra alcance um peso aproximado de 100 gramas.
(4) Pesagem, que resultou do quarteamento. Neste caso, cerca de 100 gramas.
(5) Peneiramento, realizado com as peneiras de abertura em milímetros, 4.00, 2.83,
2.00, 1.00, 0.500, 0.250, 0.125 e 0.062, objetivando estabelecer correlação com a
classificação granulométrica de sedimentos proposta por Wentworth,1922 (em:
Pettijohn, 1975). A “torre” de peneiras sobrepostas é levada ao vibrador por 15
minutos para a separação das frações correspondentes.
(6) Pesagem das frações, etapa final da análise, é o resultado expresso pelo peso
de cada fração. É obtida utilizando-se uma balança de precisão. Depois de pesadas
as frações são ensacadas e devidamente catalogadas.
Os resultados da análise granulométrica permitem a classificação dos
sedimentos baseando-se na classificação proposta por Wentworth (1922) – tabela 2.
2.3 - Fotografias aéreas e imagens de satélites
Fotografias aéreas e imagens de satélites foram utilizadas com o objetivo de
estabelecer comparações, sobretudo no que diz respeito às transformações na
restinga, tanto as naturais como, as decorrentes do processo de urbanização nas
últimas décadas.
41
AMOSTRA DE SEDIMENTO
LAVAGEM PARA ELIMINAÇÃO DO SAL
SECAGEM NA ESTUFA
QUARTEAMENTO DA AMOSTRA
PESAGEM
(aproximadamente 100G)
PENEIRAMENTO
4,00 mm, 2,83 mm , 2,00mm; 1,00mm; 0,500mm; 0,250mm; 0,125mm; 0,062mm
PESAGEM DAS FRAÇÕES
CONFECÇÃO DE GRÁFICOS
Figura 24 – Esquema ilustrando as etapas da análise granulométrica de amostras
de sedimentos de praia.
42
Tabela 2 – Classificação granulométrica dos sedimentos grossos, adaptada de
Wentworth (1922), (Em: Pettijohn, 1975).
Classificação
Cascalho
Areia
Tamanho em milímetros (mm)
Muito grosso
Grosso
Médio
Fino
Muito fino
Muito grossa
Grossa
Média
Fina
Muito fina
32 a 64
16 a 32
8 a 16
4a8
2a4
1a2
0,50 a 1,00
0,25 a 0,50
0,125 a 0,25
0,062 a 0,125
Foi realizada uma pesquisa junto ao Arquivo Técnico do CHM (Centro de
Hidrografia da Marinha) para identificação e escanerização de fotografias aéreas
referentes às praias em estudo. Foram identificadas e escanerizadas (em extensão
TIF, com 300 dpi) fotografias aéreas referentes aos anos de: 1954, 1968, 1975, 1976
e 1981.
O mesmo também foi feito junto ao DRM-RJ (Departamento de Recursos
Minerais) do Estado do Rio de Janeiro onde foram identificadas e escanerizadas
fotografias aéreas referentes aos anos de 1970 e 1976, ambas escanerizadas no
mesmo padrão citado anteriormente.
2.4 - Tratamento de dados
Todos os dados coletados foram processados no Departamento de Geologia
da UFF, que dispõe de ampla capacidade estrutural com computadores e
“softwares” apropriados.
Os dados referentes aos perfis topográficos de praia coletados foram
processados no software Grapher. A geração de perfis de praia individuais permite a
caracterização morfológica da praia por ocasião da coleta de dados e a
sobreposição dos mesmos permite a observação das variações morfológicas da
43
praia através dos perfis novos e pretéritos. Os resultados podem ser comparados
aos perfis pretéritos permitindo com isso uma compreensão das variações ao longo
de um intervalo de tempo maior (7 anos para Itaipuaçú e 5 para Piratininga).
Os resultados das análises granulométricas foram processados no Microsoft
Excel, que possibilitou a confecção dos histogramas utilizados para representar
graficamente os dados granulométricos.
O pós-processamento dos dados gerados no mapeamento realizado com
rastreadores geodésicos (GPS – modo relativo) na parte oeste da praia de Itaipuaçú
e os dados obtidos a partir de fotografias aéreas foram tratados no softhware SIGSpring 4.1 e consistiu das seguintes etapas: tratamento da linha de 2004;
vetorização da linha de 1976; poligonização das linhas (1976-2004); medição da
área acrescida dos leques; e medição da distância média entre a crista da restinga
em 1976 e 2004.
44
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS
Neste capítulo são apresentados e discutidos os dados e resultados obtidos
ao longo do desenvolvimento deste trabalho. A organização será feita da seguinte
forma: (1) praia de Itaipuaçú – condições de mar durante levantamento de campo,
perfis topográficos de praia realizados entre o verão de 2004 e verão de 2006,
discussão
dos
dados
e
comparação
com
dados
prévios,
caracterização
granulométrica dos sedimentos; (2) praia de Piratininga – a mesma seqüência
adotada para Itaipuaçú; e (3) apresentação e discussão dos resultados obtidos com
o mapeamento dos leques de arrombamento e crista da restinga.
3.1 - Praia de Itaipuaçú (Maricá – RJ).
3.1.1 - Condições de mar em Itaipuaçú
As observações de determinadas condicionantes oceanográficos tais como,
direção da onda, forma de arrebentação, altura e período médio das ondas
incidentes junto às praias de Itaipuaçú e Piratininga, permitiram uma caracterização
do estado de mar por ocasião dos levantamentos de campo.
A variabilidade morfológica apresentada pelas praias de Itaipuaçú e
Piratininga é uma resposta às variações nas condições hidrodinâmicas. As praias
estudadas estão sujeitas à ação de ondas provenientes de SE, S e SW.
Os resultados dessas observações realizadas na praia de Itaipuaçú estão
expressos na tabela 3. Na praia de Itaipuaçú, a incidência de ondas provenientes de
SE associadas ao tempo bom é predominante, tanto no verão quanto no inverno,
sobretudo em situação de tempo bom. Estas ondas, durante os trabalhos de campo,
apresentaram altura média entre 0,20 e 1,00 metro, aproximadamente, chegando a
atingir uma média de 1,50 m no inverno de 2004. Apresentaram período médio
variando entre 7.5 (verão-2006) e 13.6 segundos (inverno-2004), sendo que, em
alguns monitoramentos foi possível perceber dois padrões distintos de períodos de
ondas. Quanto à forma de arrebentação das ondas de SE, verificou-se o predomínio
do tipo “colapsing” (C), seguido por “spilling” (Sp) e “plunging” (P), além de “surging”
(Su),
em
menor
proporção.
As
ondas
associadas
a
tempestades
e,
conseqüentemente as de maior energia, são basicamente de S e, principalmente, de
45
SW (figura 25). Estas ondas, em Itaipuaçú, apresentaram altura média entre 0,40 e
1,10 metro, chegando a atingir 3 metros de altura durante ressacas. Apresentaram
período médio entre 8.4 (inverno-2004) e 11.8 segundos (inverno-2005). Constatouse a incidência de ondas de S e SW com arrebentação predominante do tipo
“plunging”, seguida por colapsing e spilling. Cabe destacar que, na praia de Itaipuaçú
a arrebentação das ondas ocorre praticamente junto à linha d’água, onde
comumente se observa um canal proeminente paralelo à praia na área de ocorrência
da arrebentação. Verificou-se ainda, a quase total inexistência de “zona de surf”
nesta praia, exceto junto ao extremo oeste onde se observa uma estreita e discreta
“zona de surf” (figura 25). Correntes de deriva litorânea nesta praia parecem
predominar em direção a oeste, em resposta à obliqüidade na incidência de ondas
provenientes de sudeste. No entanto, a incidência de ondas provenientes de mais de
uma direção (SE e SW, por exemplo) pode contribuir para a geração de correntes
tanto para oeste quanto para leste ao longo da praia. Esse comportamento foi
constatado no inverno de 2004, com a corrente de deriva litorânea para oeste nos
locais dos perfis A e B e para leste no perfil D.
46
Tabela 3 - Dados relativos às condições de mar observadas na praia de Itaipuaçú:
direção da frente de ondas e forma de arrebentação, estado de mar, altura (H) e
período (T) das ondas incidentes junto à praia.
PRAIA DE ITAIPUAÇÚ
Perfil A Perfil B Perfil C Perfil D
SE
SE
SE
SE
SE
C, P
C, P
P, C
C, P
P, C
Mar
calmo
calmo
calmo
calmo
calmo
H
0,71 m
0,48 m
0,36 m
0,34 m
0,98 m
T
10.1 s
12.6 s
10.0 s
11.7 s
09.5 s
SE
SE
SE
S, SW
SE, SW
C, Su
C, Su
Sp
P
P, C, Sp
calmo
calmo
agitado
calmo
calmo
H
0,45 m
0,56 m
1,44 m
0,82 m
0,78 m
T
12.5 s
10.8 s
13.6 s
08.4 s
09.2
Direção
SW, S
S
S
S
S
P, C
C, P
P, C
P, C
P, C
Mar
calmo
calmo
H
0,45 m
0,37 m
modera
do
0,97 m
modera
do
0,84 m
modera
do
0,88 m
T
08.8 s
09.7 s
09.7 s
10.2 s
09.0 s
SW, S, SE
S, SW
SE
SE
SE
Sp, C, P
Sp, P, C
C, P
C, P
P, C
agitado
agitado
calmo
calmo
H
1,15 m
1,13 m
0,91 m
0,59 m
modera
do
1,06 m
T
11.8 s
10.9 s
09.7 s
08.8 s
10.2 s
SE
SE
SE
SE, S
SE, S
Arrebent.
Sp, Su
Sp, Su
Sp
Su, Sp
C, Su
Mar
calmo
calmo
calmo
calmo
H
0,20 m
0,22 m
0,39 m
0,38 m
modera
do
0,35 m
T
10.0 s
08.5 s
07.5 s
10.5 s
07.3 s
Direção
Arrebent.
Verão – 2004
Direção
Arrebent.
Inverno – 2004 Mar
Arrebent.
Verão – 2005
Direção
Arrebent.
Inverno – 2005 Mar
Direção
Verão – 2006
Perfil E
47
48
3.1.2 - Perfis topográficos da praia de Itaipuaçú.
Perfil A (extremidade oeste)
Verão de 2004
No setor oeste da praia de Itaipuaçú (figura 26), o perfil topográfico referente
ao verão de 2004 apresentou uma largura de 61 metros até o alcance médio das
ondas. Foi observado um pós-praia com cerca de 37 metros de largura,
caracterizado por apresentar duas bermas, sendo a mais interna localizada a 5,3
metros acima do nível médio do mar, ambas ligeiramente inclinadas para o
continente e crista bastante alta no limite separando o pós-praia da frente de praia. A
frente de praia apresentou-se com largura de cerca de 24 metros e com inclinação
acentuada, de aproximadamente 22º (figura 27).
Inverno de 2004
O perfil topográfico apresentou uma largura de 49,5 metros até o alcance
médio das ondas. Verificou-se um estreitamento na largura da praia de 11,5 metros
em relação ao verão de 2004. O pós-praia com aproximadamente 32 metros,
apresenta duas bermas, sendo a mais interna a cerca de 4 metros acima do nível
médio do mar observado, com declividade acentuada, bastante íngreme, se
comparada à segunda, que apresenta-se quase horizontal. A frente de praia,
medindo cerca de 18 metros, apresentou uma inclinação acentuada, da ordem de
22º (figura 27).
Entre maio e julho de 2004, a praia foi monitorada durante períodos de
ressaca sendo detectada uma grande remoção de sedimentos da parte emersa da
praia e um intenso e rápido estreitamento em resposta às ressacas. A variação
relativamente pequena na largura da praia no ano de 2004 expressa nos perfis
coletados no verão (61 m) e inverno (49,5 m) sugere poucas mudanças nesse
sentido, o que não é verdade, pois a largura da praia variou intensamente entre uma
coleta e outra de dados, tendo desaparecido quase que totalmente durante eventos
de ressacas (figura 28). Desta forma, a destruição de muros de casas construídas
em meio a praia foi algo inevitável, tendo em vista a localização dos mesmos.
49
50
51
Figura 28 – Extremo oeste da praia de Itaipuaçú durante ressaca ocorrida em julho
de 2004. A seta vermelha indica o início do perfil A. Comparar com figura 26 A.
Verão de 2005
O perfil topográfico apresentou-se bem largo, 88,5 metros até o alcance
médio das ondas, cerca de 39 metros de alargamento em relação ao inverno de
2004. O pós-praia, com cerca de 69 metros, caracterizou-se por exibir três bermas,
todas ligeiramente inclinadas para o continente e separadas por escarpas
pronunciadas, estando a mais interna localizada a cerca de 4 metros acima do nível
médio do mar observado. A frente de praia, com aproximadamente 19,5 metros,
também com inclinação acentuada, cerca de 23º, assemelha-se às mencionadas
anteriormente em tamanho e declividade (figura 27).
Inverno de 2005
O perfil topográfico apresentou uma largura de 49 metros até o alcance médio
das ondas. Verificou-se um estreitamento significativo na largura da praia de cerca
de 37,5 metros em relação ao verão de 2005. O pós-praia com aproximadamente 34
52
metros, apresenta uma única berma, a cerca de 4,2 metros acima do nível médio do
mar observado, com declividade próximo da horizontalidade e limitada por uma
crista de berma bem destacada. A frente de praia, medindo cerca de 15 metros,
apresentou uma inclinação bastante acentuada, da ordem de 45º, declividade muito
superior ao constatado nos demais monitoramentos (figura 27).
Verão de 2006
O perfil topográfico apresentou uma largura de 73,5 metros até o alcance
médio das ondas, alargando-se cerca de 24,5 metros em relação ao inverno de
2005. Verificou-se um pós-praia com cerca de 48 metros de largura, com duas
bermas, ambas localizadas a pouco mais de 4 metros acima do nível médio do mar
e sutilmente inclinadas para o continente. Na frente de praia, com mais ou menos
25,5 metros de largura, observou-se uma inclinação acentuada, de 25º
aproximadamente (figura 27).
Perfil B (centro oeste)
Verão de 2004
A área correspondente ao perfil B da praia de Itaipuaçú (figura 29) no
monitoramento referente ao verão de 2004 apresentou perfil topográfico com largura
de 62 metros até o alcance médio das ondas. O pós-praia, medindo 44 metros,
apresentou uma única berma próxima da horizontalidade e localizada a
aproximadamente 7 metros acima do nível médio do mar observado. A frente de
praia, com cerca de 18 metros, apresentou-se íngreme, com uma inclinação de
aproximadamente 23º (figura 30).
Inverno de 2004
O perfil topográfico apresentou largura de 61 metros até o alcance médio das
ondas, largura quase semelhante a observada no verão de 2004. O pós-praia, com
cerca de 45 metros, caracterizou-se por apresentar duas bermas relativamente
planas e com um desnível de cerca de 3 metros da primeira para a segunda, sendo
a primeira bem destacada pela crista e localizada a cerca de 7 metros em relação ao
nível médio do mar. A frente de praia apresentou-se íngreme, com 23º
aproximadamente, e bastante semelhante ao observado no verão, embora menos
extenso, com cerca de 16 metros (figura 30).
53
54
55
Verão de 2005
O perfil topográfico apresentou uma largura de 75 metros até o alcance médio
das ondas, 14 metros mais largo que no inverno de 2004. O pós-praia, com
aproximadamente 37 metros, pode ser caracterizado pela presença de duas bermas,
quase horizontais e limitadas externamente por uma crista. A frente de praia
apresentou-se extensa, medindo cerca de 38 metros, e com declividade homogênea
de cerca de 16º (figura 30).
Inverno de 2005
O perfil topográfico apresentou-se com 69 metros de largura até o alcance
médio das ondas, cerca de 6 metros mais estreito que no verão do mesmo ano. O
pós-praia, medindo aproximadamente 47 metros, caracterizou-se por apresentar
duas bermas relativamente planas e , a primeira, localizada a cerca de 4,5 metros
em relação ao nível médio do mar. A frente de praia, com 22 metros, apresentou-se
íngreme, com cerca de 23º de inclinação (figura 30).
Verão 2006
O perfil topográfico apresentou uma largura de 81 metros até o alcance médio
das ondas, desta forma, 12 metros mais largo que o inverno de 2005. Este perfil é o
mais largo observado desde o verão de 1999, o único perfil com mais de 100 metros
de largura até o alcance médio das ondas (103,5 metros) (SANTOS, 2000). O póspraia, com 51 metros, apresentou duas bermas, sendo a primeira localizada a mais
ou menos 6,5 metros acima do nível médio do mar observado e a segunda, a cerca
de 5 metros. A frente de praia, medindo cerca de 30 metros, apresentou-se com
declividade acentuada, da ordem de 23º (figura 30).
Perfil C (meio do arco praial)
Verão de 2004
O meio do arco praial da praia de Itaipuaçú (figura 31), no verão de 2004 o
perfil topográfico apresentou-se com 69 metros de largura até o alcance médio das
ondas. O pós-praia, com aproximadamente 37 metros, apresentou uma única berma,
a uma altura relativa ao nível médio do mar de cerca de 5 metros, praticamente
horizontal. A frente de praia, por outro lado, apresentou-se íngreme,cerca de 21º de
inclinação, e extensa, medindo 32 metros (figura 32).
56
57
58
Inverno de 2004
O perfil topográfico apresentou-se com 55,5 metros de largura até o alcance
médio das ondas, 13,5 metros mais estreito que no verão do mesmo ano. O póspraia, com apenas 15 metros de extensão, caracterizou-se por apresentar uma única
berma horizontal. Na extensa frente de praia, medindo cerca de 40,5 metros
verificou-se uma inclinação acentuada, 18º aproximadamente, e com declividade
homogênea em toda sua extensão (figura 32).
Verão de 2005
O perfil topográfico apresentou-se com 63 metros de largura até o alcance
médio das ondas. Observou-se um alargamento de 7,5 metros em relação ao
inverno de 2004. Foi constatado um pós-praia largo, cerca de 42 metros, com uma
berma próximo da horizontalidade. A frente de praia apresentou-se estreita, medindo
21 metros, íngreme (aproximadamente 22º) e com declividade homogênea (figura
32).
Inverno de 2005
O perfil topográfico apresentou-se com 70,5 metros de largura até o alcance
médio das ondas, 7,5 metros mais largo que no verão do mesmo ano. Mesmo
alargamento observado entre inverno de 2004 e verão de 2005. O pós-praia amplo,
medindo 54 metros de extensão, caracterizou-se pela presença de duas bermas
horizontais, sendo a mais interna, localizada a quase 6 metros de altura em relação
ao nível médio do mar. Na estreita frente de praia, medindo cerca de 16,5 metros
verificou-se uma inclinação acentuada de cerca de 23º (figura 32).
Verão de 2006
O perfil topográfico apresentou uma largura de 68 metros de largura até o
alcance médio das ondas, praticamente não houve diferença na largura em relação
ao inverno de 2005. O pós-praia apresentou-se estreito, com cerca de 15 metros, e
com uma única berma horizontal. A frente de praia apresentou-se extensa, com
largura superior a 53 metros, íngreme (com cerca de 18º de inclinação) e com
declividade homogênea (figura 32).
59
Perfil D (extremidade leste)
Verão de 2004
Na área correspondente ao perfil D da praia de Itaipuaçú (figura 33), por
ocasião do monitoramento realizado no verão de 2004, o perfil topográfico
apresentou-se com 72 metros de largura até o alcance médio das ondas. O póspraia, com cerca de 42 metros de extensão, apresentava uma única berma
horizontal localizada a mais ou menos 5 metros acima do nível médio do mar e
limitava-se externamente por uma crista de berma bem destacada. Na frente de
praia, com 30 metros aproximadamente, verificou-se uma declividade acentuada, na
ordem de 23º. Uma escarpa com forma côncava no limite com o pós-praia,
apresentava feições de desmoronamento (figura 34).
Inverno de 2004
O perfil topográfico apresentou uma largura de 73,5 metros até o alcance
médio das ondas, praticamente não houve diferença na largura em relação ao verão
do mesmo ano. O pós-praia, medindo aproximadamente 60 metros de extensão e
cerca de 6 metros acima do nível médio do mar, apresentou-se largo e com três
bermas praticamente horizontais. A frente de praia, por sua vez, apresentava-se
estreita, mais ou menos 13,5 metros, e com declividade acentuada, medindo cerca
de 20º (figura 34).
Verão de 2005
O perfil topográfico apresentou-se com 64.5 metros de largura até o alcance
médio das ondas, tendo portanto, estreitado cerca de 10 metros em relação ao verão
e inverno de 2004. O pós-praia, que apresentou-se com cerca de 52 metros, exibia
uma única berma estreita e localizada a aproximadamente 5 metros acima do nível
médio do mar. A frente de praia, com cerca de 12,5 metros de extensão,
apresentava uma morfologia ligeiramente inclinada para o mar na metade superior e
um gradiente íngreme na metade inferior, com aproximadamente 22º (figura 34).
Inverno de 2005
O perfil topográfico apresentou-se com 72 metros de largura até o alcance
médio das ondas, 7,5 metros mais largo que no verão do mesmo ano. O pós-praia,
medindo aproximadamente 55 metros de extensão e cerca de 6 metros acima do
60
61
62
nível médio do mar, apresentou duas bermas horizontais e, a mais interna,
localizada a mais ou menos 5,5 metros acima do nível médio do mar. A frente de
praia apresentava-se estreita, com cerca de 17 metros, e com declividade
acentuada, com inclinação de 20º aproximadamente (figura 34).
Verão de 2006
O perfil topográfico apresentou uma largura de 75 metros até o alcance médio
das ondas, praticamente a mesma largura registrada no inverno de 2005. O póspraia, com cerca de 53 metros de extensão, apresentava duas bermas próximas da
horizontalidade, estando a mais interna, localizada a pouco mais de 5 metros acima
do nível médio do mar e limitava-se externamente por uma crista de berma bem
destacada. Na frente de praia, com 22 metros aproximadamente, verificou-se uma
declividade acentuada, de cerca de 22º, e homogênea (figura 34).
Perfil E (pontal de Itaipuaçú)
Verão de 2004
Na área do pontal de Itaipuaçú (figura 35), no verão de 2004 o perfil
topográfico apresentou-se com 73 metros de largura até o alcance médio das ondas.
No pós-praia, medindo 58 metros aproximadamente, verificou-se a existência de
duas bermas, sendo a primeira sutilmente inclinada para o continente, localizada a
cerca de 4,5 metros acima do nível médio do mar e a segunda horizontal. A frente de
praia, que mede cerca de 15 metros, apresentou-se com declividade acentuada, por
volta de 19º (figura 36).
Inverno de 2004
O perfil topográfico apresentou-se com 70,5 metros de largura até o alcance
médio das ondas, praticamente a mesma largura observada no verão de 2004. No
pós-praia, com extensão de cerca de 53 metros, constatou-se a presença de duas
bermas, sendo a primeira localizada a cerca de 4,7 metros acima do nível médio do
mar, larga e ligeiramente inclinada para o continente, e a segunda, estreita e
horizontal. A frente de praia, com aproximadamente 17,5 metros, apresentava
estreita e com declividade moderada, com inclinação da ordem de 15º (figura 36).
63
64
65
Verão de 2005
O perfil topográfico apresentou-se com 63,5 metros de largura até o alcance
médio das ondas, 7 metros mais estreito que no inverno de 2004. No pós-praia, que
mede cerca de 42 metros, constatou-se a presença de duas bermas, onde a primeira
estava localizada a aproximadamente 4,7 metros acima do nível médio do mar,
sutilmente inclinada para o continente e a segunda próxima da horizontalidade. A
frente de praia, com cerca de 21,5 metros, apresentou-se relativamente larga e com
declividade semelhante e moderada em toda a sua extensão, com 17º
aproximadamente (figura 36).
Inverno de 2005
O perfil topográfico apresentou-se com 75 metros de largura até o alcance
médio das ondas. Evidenciando com isso, um alargamento da ordem de 11,5 metros
em relação ao verão do mesmo ano. O pós-praia, com extensão de cerca de 51
metros, apresentava uma única berma, localizada a cerca de 4,7 metros acima do
nível médio do mar, tal como o inverno de 2004 e verão de 2005, e com largura e
declividade semelhante aos perfis mencionados anteriormente. A frente de praia,
com aproximadamente 24 metros, apresentava declividade homogênea e moderada,
com inclinação da ordem de 17º, tal como no verão do mesmo ano (figura 36).
Verão de 2006
O perfil topográfico apresentou uma largura de 72 metros até o alcance médio
das ondas, em comparação com o inverno anterior, trata-se de uma variação ínfima.
O pós-praia, com cerca de 55 metros de extensão, apresentava uma única berma
próxima da horizontalidade e localizada a cerca de 5 metros acima do nível médio do
mar. Na frente de praia, com cerca de 17 metros, observou-se uma declividade
acentuada, de cerca de 22º (figura 36).
66
3.1.3 - Discussão dos dados em Itaipuaçú
Perfil A (extremidade oeste)
A sobreposição dos perfis topográficos de praia (figura 37) coletados para
este trabalho permite observar uma variação expressiva na largura e uma menor
variação na morfologia da praia. A expressiva variação na largura da praia neste
trecho foi maior entre o inverno de 2004 e verão de 2005, que chegou a alcançar 50
metros de diferença. A quantidade de bermas variou de um máximo de 3 (verão de
2005), até o mínimo de 1 berma (inverno 2005); variando ainda, na altura (entre 4 e
5,5 metros aproximadamente) e inclinação da berma (figura 37).
A inclinação da frente de praia neste trecho chama a atenção pela sua
elevada declividade. No inverno de 2005, por exemplo, o ângulo médio de inclinação
ultrapassou os 40º (figura 38). Cabe destacar ainda, que a inclinação da frente de
praia
neste
trecho
é
mais
acentuada
próximo
do
costão,
diminuindo
progressivamente em direção ao perfil topográfico B (mais à leste) (tabela 4) .
Um acompanhamento fotográfico, entre verão e inverno de 2004, permitiu
constatar não só uma grande eficiência no tocante à atuação de ondas de
tempestade (destrutivas) que causam o estreitamento da praia, mas também, uma
rápida recuperação devido à ação de ondas de tempo bom (construtivas), que
proporcionam um rápido alargamento neste trecho (figuras 39 e 40).
Provavelmente, a acentuada inclinação apresentada pela frente de praia no
inverno, assim como o maior dinamismo neste trecho, estejam relacionados com a
existência do costão rochoso na extremidade oeste da praia. O costão pode exercer
influência, através dos processos de refração (figura 41) e difração das ondas de
tempestades, que assim convergem neste trecho, intensificando a sua ação
destrutiva.
67
68
Figura 38 – Extremo oeste da praia de Itaipuaçú no inverno de 2005 apresentando
uma escarpa de tempestade (seta) com declividade acentuada (≅ 45º).
Tabela 4 - Dados relativos ao ângulo de inclinação da frente de praia em Itaipuaçú.
Verão-2004
Inverno-2004
Verão-2005
Inverno-2005
Verão-2006
PA
22º
22º
23º
45º
25º
PRAIA DE ITAIPUAÇÚ
PB
PC
23º
21º
23º
18º
16º
22º
23º
23º
23º
18º
PD
23º
20º
22º
20º
22º
PE
18º
15º
17º
17º
22º
69
70
71
Figura 41 – Esquema mostrando refração de ondas com erosão do costão e
deposição no embaiamento. As linhas perpendiculares representam a
convergência das ondas concentrando energia no costão e divergência de ondas
dissipando energia no embaiamento. Modificado de DAVIS & FITZGERALD
(2004).
Perfil B (centro oeste)
A sobreposição dos perfis topográficos de praia neste trecho (figura 37)
expressa uma variação significativa na morfologia e na largura da praia semelhante
ao encontrado no perfil A. Apesar da variação significativa, a largura da praia
manteve-se superior aos 60 metros, chegando a ultrapassar os 80 metros (verão de
2006). As bermas apresentaram variação na quantidade (máximo de 2 no verão de
2005 e 2006, até o mínimo de 1 berma), altura (entre 3 e 7 metros
aproximadamente) e inclinação da berma (figura 30) .
A morfologia apresentou-se pouco variada, porém, trata-se de um trecho da
praia que registra perfis bastante íngremes. A altura do início do perfil em relação ao
nível médio do mar observado é a mais alta entre os cinco trechos da praia
monitorados (cerca de 7 metros acima do nível médio do mar).
O pós-praia é
caracterizado pela presença de bermas quase planas e separadas por escarpas
íngremes. A frente de praia apresentou-se, de uma maneira geral, com menor
inclinação (cerca de 23º) em relação ao trecho anterior, (perfil A) (figura 30).
72
Perfil C (meio do arco praial)
A sobreposição dos perfis topográficos de praia (figura 37) coletados neste
trecho em Itaipuaçú permite observar uma variação morfológica pouco expressiva. A
largura apresentou uma variação de apenas 15 metros aproximadamente, com o
máximo de estreitamento medindo cerca de 55 metros (inverno de 2004) e o máximo
de alargamento pouco superior a 70 metros (inverno de 2005). Foi verificada a
existência de uma única berma, com exceção do perfil de inverno de 2005, quando
se observou 2 bermas; variaram pouco em tamanho, altura (iniciando em quase 6
metros) e inclinação da berma (em média 21º) (figura 32).
Perfil D (extremidade leste)
Os perfis topográficos de praia sobrepostos (figura 37) permitem observar
uma variação, tanto na largura quanto na morfologia da praia, pouco expressiva,
inclusive entre verão e inverno. No tocante à largura, o perfil apresentou-se mais
estreito no verão de 2005, medindo cerca de 64,5 metros, e mais largo no verão de
2006, com cerca de 75 metros, o que representa uma variação de 10 metros
aproximadamente
(que
é
muito
estável
ao
longo
do
tempo
estudado).
Morfologicamente, este trecho apresenta o pós-praia caracterizado por bermas
proeminentes e pela variação na quantidade das mesmas, tendo variado de um
máximo de 3 (Inverno de 2004) para uma única berma (verão de 2004 e 2005). A
frente de praia apresenta pouca, ou nenhuma, alteração no gradiente ao longo do
período analisado, com ângulo de inclinação variando entre 20º e 23º (figura 34).
Perfil E (pontal de Itaipuaçú)
A sobreposição dos perfis topográficos de praia neste trecho (figura 37)
mostra uma variação morfológica sutil, tanto na morfologia quanto na largura da
praia. No que diz respeito à largura, o perfil apresentou-se mais estreito no verão de
2005, com cerca de 63,5 metros, e mais largo no inverno de 2005, medindo 75
metros aproximadamente, trata-se de uma variação inferior a 10 metros, pouco em
se tratando de um ambiente essencialmente dinâmico. A morfologia do pós-praia
(também estável como em D) é caracterizada pela existência de bermas extensas
que, apesar da variação na quantidade (de duas no verão e inverno de 2004 e verão
73
de 2005 a uma nos demais), apresentaram pouca variação na altura (predominante
em torno dos 5 metros) e inclinação das bermas. A frente de praia apresenta-se
menos íngreme, com ângulo médio de 17º, o que provavelmente se deve à
influência das ilhas de Maricá, que atuam minimizando o impacto das ondas de
tempestade, sobretudo de sul e sudoeste (figura 36). A comparação dos perfis de
praia coletados com perfis pretéritos, neste trecho, não foi possível devido à
ausência de dados. Este perfil passou a ser monitorado durante este trabalho.
Este trecho não apresenta problemas decorrentes da morfodinâmica da praia.
No entanto, é importante chamar a atenção para o problema da extração ilegal de
areia na área de restinga. Tal problema vem despertando preocupações desde a
década de 80 (MUEHE, 1984).
Morfodinâmica da praia de Itaipuaçú
A seguir apresentar-se-á uma breve discussão a cerca da morfodinâmica da
praia de Itaipuaçú integrada, baseada nos resultados obtidos com esta pesquisa. A
praia de Itaipuaçú, em todos os monitoramentos realizados por ocasião deste
trabalho, apresentou: maior dinâmica e maior variabilidade morfológica no setor
oeste (perfil B e, principalmente A); e perfis com ângulo de inclinação acentuado,
sobretudo na frente de praia, que diminuem de inclinação em direção a leste (tabela
4).
A largura da praia é praticamente a mesma ao longo de toda a sua extensão,
o que aponta para um comportamento uniforme neste período. A praia de Itaipuaçú
no verão de 2004 apresentou-se mais estreita na extremidade oeste, alargando-se
progressivamente de forma bem sutil em direção a leste do arco de praia, cerca de
12 metros mais larga no perfil E (figura 42).
No inverno de 2004 foi registrado um ligeiro estreitamento no extremo oeste,
principalmente junto ao perfil A, que estreitou cerca de 11 metros; e no meio do arco
praial, junto ao perfil C, que diminuiu 13 metros. No perfil B foi encontrada a mesma
largura anteriormente registrada, enquanto que no perfil D e E observou-se uma
variação ínfima. Trata-se de um período no qual a praia foi atingida por uma série de
ressacas, ocasionando um estreitamento da praia no extremo oeste (perfil A) e no
meio do arco praial (perfil C) (figura 42).
74
Itaipuaçú - largura (inverno-2004)
Itaipuaçú - largura (verão-2004)
PA
PB
PC
PD
PA
PE
0
10
20
30
metros
metros
40
50
60
70
62
61
69
80
72
73
100
30
40
50
60
70
Itaipuaçú - largura (verão-2005)
PB
PC
PD
61
55.5
PD
PE
73.5
70.5
63
64.5
49.5
Itaipuaçú - largura (inverno-2005)
PE
PA
metros
PA
metros
PC
80
90
100
90
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
PB
0
10
20
63.5
75
88.5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
PB
PC
PD
PE
69
70.5
72
75
48.8
metros
Itaipuaçú - largura (verão-2006)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
PA
PB
73.5
81
PC
PD
PE
75
72
68
Figura 42 - Largura da praia de Itaipuaçú até o nível médio do mar (observado
no campo), entre verão de 2004 e verão de 2006.
75
Os resultados relativos ao verão de 2005 mostram um significativo
alargamento da praia na extremidade oeste, sobretudo no perfil A que quase dobra a
sua largura, passando de 49,5 m (inverno-2004) para 88,5 m, alargando-se cerca de
39 metros. Curiosamente, do extremo leste (perfil D) até o pontal de Itaipuaçú (perfil
E) ocorre uma diminuição na largura da praia de cerca de 9 e 7 metros,
respectivamente (figura 42). Apesar de ínfima, esse estreitamento, juntamente com o
alargamento expressivo no extremo oeste, sugere a influência da corrente de deriva
litorânea no transporte de sedimentos ao longo da praia em direção a oeste. A
formação de tais correntes é condicionada, sobretudo pela predominância da
incidência de ondas de sudeste, comuns nesta área, principalmente no verão.
No tocante ao inverno de 2005, a praia de Itaipuaçú apresentou um
estreitamento expressivo na porção oeste, sobretudo junto ao perfil A que diminuiu
de 88,5 m para cerca de 49 m, em comparação com o verão do mesmo ano,
estreitando-se em quase 40 metros. Curiosamente, ocorreu um alargamento da
praia em direção à extremidade leste, a partir do meio do arco praial (perfil C) (figura
42). O alargamento da praia em direção a leste sugere: a atuação de correntes de
deriva litorânea para leste neste período; e/ou que tal alargamento resulta de uma
herança atribuída ao verão passado, com o prolongamento do período caracterizado
pelo predomínio de processos que condicionam o alargamento da praia. As ressacas
que ocorreram, apesar do ano ter sido atípico, com número reduzido de ressacas,
promoveram a remoção de areias no perfil A. Além disso, ondas de sudeste podem
ter contribuído para o alargamento observado no meio do arco e na extremidade
leste da praia. O estreitamento junto à extremidade oeste e, principalmente no perfil
A, pode ser o produto da ação combinada: da dinâmica mais intensa deste trecho
devido à ação das ondas de tempestades (destrutivas), predominantes de sul e
sudoeste; somado à influência do costão rochoso na aproximação de ondas, que
neste caso pode estar influenciando na propagação das ondas através do processo
de difração, ocasionando a convergência das ondas neste trecho, intensificando a
ação das mesmas.
Quanto ao verão de 2006, a praia de Itaipuaçú apresentou um alargamento
em direção a oeste, variando de cerca de 49 m para 73,5 m, o que representa um
alargamento de cerca de 25 metros junto ao perfil A, em relação ao inverno de 2005.
76
O meio do arco praial e a extremidade leste praticamente não sofreram alterações
nesse período (figura 42). A recuperação do setor oeste da praia, restaura um
padrão de comportamento parecido com o observado no verão de 2004, onde a
praia apresenta uma largura, e conseqüentemente, um comportamento uniforme em
toda a sua extensão. O comportamento apresentado pela praia por ocasião deste
monitoramento reforça o que já foi postulado anteriormente quanto: a eficiência da
ação da corrente de deriva litorânea e da ação das ondas de sudeste no transporte
de sedimentos em direção a oeste, visto o ligeiro alargamento detectado junto aos
perfis A e B; e a maior vulnerabilidade da extremidade oeste da praia à ação das
ondas de tempestades, assim como, a grande capacidade de recuperação deste
trecho, sobretudo junto ao perfil A, no Recanto de Itaipuaçú.
77
Perfis pretéritos
A sobreposição dos perfis topográficos de praia coletados para este trabalho
comparados com os dados de perfis coletados por SANTOS & SILVA (2005), os
coletados por SANTOS (2000), e os perfis realizados por MUEHE (1975), permitem
a compreensão da morfodinâmica num intervalo de tempo de pouco mais de 3
décadas.
Perfis anteriormente coletados por SANTOS & SILVA (2005) entre 2001 e
2003 (figura 37); e SANTOS (2000) no período entre 1998 e 1999 (figura 43)
também evidenciam uma maior dinâmica da praia no setor oeste (perfis B e,
principalmente A), visto a maior variabilidade morfológica e na largura apresentada
pelos perfis topográficos.
Na área do perfil A, o máximo de estreitamento registrado corresponde a
apenas 35 metros no inverno de 2002 (SANTOS & SILVA, 2005) (figura 44)
enquanto que para o verão observou-se um máximo de alargamento de 100,5
metros em 1999 (SANTOS, 2000) (figura 43 e 44). No entanto, o máximo de
alargamento observado corresponde à primavera de 1998, quando a largura da
praia era de 116 m. O máximo de alargamento verificado durante levantamentos
realizados nesta pesquisa corresponde a 88,5 m no verão de 2005 (figura 42). A
comparação da largura da praia nos monitoramentos realizados no verão, quando
predominam condições de tempo bom, apontam uma diferença para menos de 12 m
em relação ao verão de 1999. A comparação com a primavera de 1998 não é
possível devido à inexistência de dados relativos a esta estação. A redução na
largura da praia acima mencionada é entendida como sendo característica da
própria dinâmica deste trecho, e não representa uma redução efetiva na largura e
nem indício de erosão da praia, para o período entre 1999 e 2005 (últimos 6 anos).
Dados coletados ao longo de 8 anos neste trecho (1998 a 2006) permitem constatar
a dinâmica acentuada apresentada por este trecho.
78
Figura 43 – Perfis topográficos de praia mostrando as variações sazonais ocorridas
na praial de Itaipuaçú (Santos, 2000).
79
Itaipuaçú - largura (primavera-1998)
Itaipuaçú - largura (inverno-1998)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
PB
PC
PD
*
PE
PA
*
39
metros
metros
PA
67
78
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
PB
PC
PD
PE
*
33
52.5
89
116
Itaipuaçú - largura (verão-1999)
metros
PA
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
PB
PC
PD
*
52.5
61
100.5
103.5
Itaipuaçú - largura (primavera-2001)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
PB
PC
PD
*
Itaipuaçú - largura (inverno-2002)
PE
PA
*
metros
metros
PA
61.5
82
96
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
PC
PD
69
71
76
PD
PE
35
58.5
64.5
76
PA
*
65.5
PC
Itaipuaçú - largura (inverno-2003)
PE
metros
metros
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
PB
PB
*
Itaipuaçú - largura (verão-2003)
PA
PE
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
PB
PC
PD
PE
*
48
64.5
70.5
78
Figura 44 - Largura da praia de Itaipuaçú até o nível médio do mar (observado
no campo). Gráficos confeccionados a partir dos dados originais de perfis
topográficos de praia de SANTOS, 2000 (inverno-98, primavera-98 e verão-99)
e SANTOS & SILVA, 2005 (primavera-01, inverno-02, verão-03 e inverno-03)
( * Perfil topográfico não realizado).
80
No perfil B, a largura máxima foi constatada no verão de 1999, com a praia
medindo cerca de 103,5 metros (SANTOS, 2000); e o estreitamento máximo
correspondeu a 64,5 metros no inverno de 2002 e 2003 (SANTOS & SILVA, 2005)
(figura 44). A comparação a médio prazo, possibilitou a constatação de uma
variação expressiva na largura da praia. Perfis coletados apresentaram-se com: 62
metros (verão-2004), 61 metros (inverno-2004), 75 metros (verão-2005), 69 metros
(inverno-2005) e 81 metros (verão-2006) (figura 42). A comparação da largura da
praia nos monitoramentos realizados no verão de 1999 e de 2006 (no período de 7
anos), que representam o máximo de alargamento verificado por SANTOS (2000)
(figura 44) e por ocasião dos monitoramentos realizados para este trabalho (figura
42), respectivamente, mostra uma diferença para menos na largura da praia de
cerca de 22 metros. Por se tratar de um trecho que apresenta grande variabilidade
morfológica e principalmente na largura, a diferença mencionada anteriormente,
apesar de significativa (22 m), é compreendida como decorrente da própria dinâmica
acentuada do perfil B, tal como foi constatado no perfil A.
O perfil C apresentou um alargamento máximo de 78 m no inverno de 2002
(SANTOS & SILVA, 2005) e um máximo de estreitamento no inverno de 39 m (1998)
(SANTOS, 2000). No entanto, o máximo de estreitamento foi verificado na primavera
de 1998, quando a largura da praia era de 33 m. Este trecho da praia apresenta um
comportamento distinto do setor oeste da praia (perfis A e B), onde os perfis mais
largos foram constatados no verão, o que não ocorre neste trecho. A comparação
dos perfis coletados (figura 42) com os descritos por SANTOS & SILVA (2005)
(figura 44), SANTOS (2000) (figura 43) e MUEHE (1975) (figura 45) permite
constatar que a largura da praia neste trecho foi praticamente a mesma, ao longo de
três décadas de monitoramento, com uma variação que pode ser compreendida
como uma resposta da praia à dinâmica característica do próprio ambiente, não
tendendo ao efetivo alargamento nem estreitamento. A existência de perfis
topográficos coletados na década de 70 por MUEHE (1975) no meio do arco praial
de Itaipuaçú permite estabelecer comparação a longo prazo (figura 45). Tais perfis
foram coletados diariamente, ao longo de 12 dias, no inverno de 1973 e apresentam
variações morfológicas na frente de praia. No tocante à largura, a praia variou de
pouco mais de 40 a 65 metros aproximadamente. Perfis coletados na primavera de
81
1998 e verão de 1999 apresentaram largura de 33 m e 52,5 m, respectivamente
(SANTOS, 2000). Perfis descritos por SANTOS & SILVA (2005) na primavera de
2001 e no verão de 2003 apontam, respectivamente, para 61,5 m e 71 m (figura 44).
Perfis coletados para este trabalho apresentaram-se com: 69 metros (verão-2004),
55,5 metros (inverno-2004), 63 metros (verão-2005), 70,5 metros (inverno-2005) e
68 metros (verão-2006) (figura 42). Desta forma, a análise da variação na largura da
praia no verão, período em que esta tende a se apresentar mais larga, a partir de
dados de perfis coletados ao longo dessas três décadas, permitem afirmar que o
meio do arco praial vem apresentando um comportamento morfodinâmico
relativamente estável, não tendendo nem ao alargamento nem ao estreitamento. No
entanto, cabe destacar que se trata de um trecho dinâmico e vulnerável à ação de
ressacas devido à largura reduzida, como já ressaltava SANTOS (2000).
Praia de Itaipuaçú
Legenda:
8
Meio do Arco Praial
P.1-22/7/73
P.2-23/7/73
7
P.3-24/7/73
Altura (m)
6
P.4-25/7/73
5
P.5-26/7/73
4
P.6-27/7/73
3
P.7-28/7/73
2
P.8-29/7/73
1
P.9-30/7/73
P.10-31/7/73
0
P.11-1/8/73
0
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125 130
Distância Horizontal (m)
P.12-2/8/73
P.13-3/8/73
P.14-4/8/73
Figura 45 - Perfis topográficos mostrando as variações ocorridas no meio do arco
praial de Itaipuaçú no inverno de 1973 (MUEHE, 1975). Modificado por SANTOS &
SILVA (2005).
No perfil D, constatou-se uma largura máxima de 76 m no inverno de 2002 e
verão de 2003 (SANTOS & SILVA, 2005). O máximo de estreitamento verificado
corresponde a 52,5 m na primavera de 1998 (SANTOS, 2000). A comparação dos
perfis coletados com os descritos por SANTOS & SILVA (2005) e SANTOS (2000)
permitiu verificar, apesar da menor existência de dados, um padrão de
comportamento parecido com o apresentado pelo perfil C. A largura da praia neste
trecho permaneceu praticamente a mesma, desde os primeiros levantamentos
82
realizados por SANTOS (2000) no ano de 1998. Os perfis realizados neste trecho
apresentam pouca variação morfológica e na largura. Perfis coletados por SANTOS
(2000) apresentaram 52,5 m e 61 m na primavera (1998) e no verão (1999),
respectivamente. SANTOS & SILVA (2005), registraram perfil cuja largura da praia
era de 76 m no verão de 2003 (figura 44). Neste trabalho, os perfis coletados
apresentam largura de: 72 metros (verão-2004), 73,5 metros (inverno-2004), 64,5
metros (verão-2005), 72 metros (inverno-2005) e 75 metros (verão-2006) (figura 42).
Sendo assim, constata-se que o perfil D, tal como o C, vem apresentando um
comportamento parecido ao longo dos 8 anos de monitoramento, não apresentando
variações na largura que apontam para erosão ou engordamento da praia neste
trecho.
MUEHE & CORRÊA (1989), realizaram um estudo sobre a evolução da linha
de costa entre Rio de Janeiro e Cabo Frio, onde se localiza a praia de Itaipuaçú.
Perfil realizado no meio do arco praial em Itaipuaçú permite observar uma
declividade acentuada para o perfil submerso. O que pode ser resultante da ação de
ondas de tempestades neste trecho. Apesar dos perfis topográficos de praia não
indicarem uma situação o qual predominam processos de erosão, é importante
atentar para a declividade acentuada apresentada pelo perfil submerso (figura 46).
Figura 46 - Perfil topográfico transversal realizado no meio do arco praial em
Itaipuaçú, orientado de norte a sul (MUEHE & CORREA, 1989).
A sobreposição dos perfis topográficos de praia coletados ao longo deste
estudo e a comparação com os dados de perfis coletados por SANTOS & SILVA
(2005), SANTOS (2000), e MUEHE (1975), permite constatar uma variabilidade
morfológica diferenciada ao longo do arco praial de Itaipuaçú, com elevada
variabilidade dos perfis topográficos de praia no setor oeste (área dos perfis A e B),
moderada no meio do arco praial (perfis C e D) e baixa no setor leste (perfil E)
(figura 47).
83
84
3.1.4 - Análise granulométrica dos sedimentos de praia em Itaipuaçú.
As 42 amostras de sedimentos de praia coletadas foram classificadas
segundo Wentworth (1922).
Perfil A (extremidade oeste)
Inverno de 2004
Frente de praia
Neste trecho verificou-se a predominância de areia na fração 1,00 mm, com
52,07%, o que permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou
um bom selecionamento (figura 48).
Pós-praia
Observou-se o predomínio de areia na fração 1,00 mm, com 49,65%, o que
permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou um
selecionamento baixo (figura 48).
Leque de arrombamento
Na região do leque de arrombamento constatou-se o predomínio de areia na
fração 1,00 mm, com 70,53%, o que permite classificá-la como areia muito grossa. A
amostra apresentou um selecionamento moderado (figura 48).
Verão de 2005
Frente de praia
Neste trecho verificou-se a predominância de areia na fração 1,00 mm, o que
permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou um bom
selecionamento (figura 48).
Pós-praia
Observou-se o predomínio de areia na fração 1,00 mm, com 63,22%, o que
permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou um
selecionamento pobre (figura 48).
Inverno de 2005
Frente de praia
Verificou-se a predominância de areia na fração 1,00 mm, com 76,01%, o que
permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou um bom
selecionamento (figura 48).
85
Pós-praia
Constatou-se o predomínio de areia na fração 1,00 mm, com 63,09%, o que
permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou um baixo
selecionamento (figura 48).
Extremo oeste - PA
Verão-2005
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-05) PA-FP
0.26 0.42
3.34
0.01 0.00 0.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
16.18
0.00 0.65 2.44
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-05) PA-PP
30.18
13.02
3.50 0.01 0.00 0.00 0.00
3.55
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
%
16.12
8.37 7.03
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-06) PA-FP
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
80.94
17.89
4.93
0.02 0.00 0.00 0.00
0.33 0.82
17.92
0.00 0.00 1.11
5.21
0.01 0.00 0.00 0.00
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-06) PA-PP
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
63.09
22.26
2.46 8.05
4.12
0.03 0.00 0.00 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
0.00 0.00 0.00 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-05) PA-PP
63.22
%
%
49.65
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
76.01
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-04) PA - PP
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
0.00 0.00 0.00 0.00
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
%
43.85
Verão-2006
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-05) PA-FP
80.71
%
52.07
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
%
%
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-04) PA - FP
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
Inverno-2005
61.46
%
Inverno – 2004
24.83
8.99
2.65 0.00 0.00 0.00 0.00
2.07
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
%
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-04) PA - LA
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
70.53
20.90
3.53
4.15
0.70
0.03 0.00 0.00 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
Centro oeste - PB
Verão-2005
1.56 0.00
0.00 0.06 0.60
0.00 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
%
%
51.91
17.79
16.83
10.21
22.04
0.01 0.00 0.00 0.00
0.67 0.01 0.00 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
90.00
80.00
70.00
60.00
48.19
50.00
40.00
30.00
15.19
12.78
12.78
20.00
9.62
10.00
1.37 0.06 0.00 0.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
68.64
20.53
0.14 1.64
8.56
0.48 0.01 0.00 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-05) PB-PP
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-04) PB - PP
2.53
21.83
7.88
0.58
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
mm
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
47.66
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
68.68
%
38.87
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
%
58.92
Verão-2006
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-06) -PB-FP
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-05) PB-FP
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.03
40.00
26.29
30.00
18.19
20.00
8.98
6.39
10.00
0.11 0.00 0.00 0.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
25.59
4.89
0.02 0.00 0.00 0.00
0.17 0.65
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-05) PB-PP
%
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
Inverno-2005
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-05) PB-FP
%
%
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-04) PB - FP
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-06) PB-PP
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
48.54
%
Inverno – 2004
26.86
7.77 11.67
5.10
0.06 0.00 0.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-04) PB - LA
63.68
%
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
29.23
0.00 0.06
0.18
6.50
0.18
0.00 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
Figura 48 – Resultados das análises granulométricas das amostras da praia de
Itaipuaçú: área dos perfis A e B, na frente de praia (FP), pós-praia (PP) e leque de
arrombamento (LA).
86
Verão de 2006
Frente de praia
Neste trecho verificou-se o predomínio de areia na fração 1,00 mm, com
80,94%, o que permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou
um bom selecionamento (figura 48).
Pós-praia
Observou-se o predomínio de areia na fração 1,00 mm, com 61,46%, o que
permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou um baixo
selecionamento (figura 48).
Perfil B (centro oeste)
Inverno de 2004
Frente de praia
Caracterizou-se pela predominância de areia na fração 1,00 mm, com
58,92%, o que permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou
um bom selecionamento (figura 48).
Pós-praia
Observou-se o predomínio das areias de fração 1,00 mm, com 51,91%, o que
permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou um
selecionamento baixo (figura 48).
Leque de arrombamento
Na região do leque de arrombamento constatou-se o predomínio de areia na
fração 0,50 mm, com 63,68%, o que permite classificá-la como areia grossa. A
amostra apresentou um bom selecionamento (figura 48).
Verão de 2005
Frente de praia
Caracterizou-se pela predominância das areias de fração 1,00 mm, com
47,66%, o que permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou
um baixo selecionamento (figura 48).
87
Pós-praia
Observou-se o predomínio das areias de fração 1,00 mm, principalmente,
com 48,19%, o que permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra
apresentou um selecionamento pobre (figura 48).
Inverno de 2005
Frente de praia
Caracterizou-se pela predominância das areias de fração 1,00 mm, com
68,64%, o que permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou
um selecionamento moderado (figura 48).
Pós-praia
Verificou-se o predomínio de areia na fração 1,00 mm, principalmente, com
40,03%, o que permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou
um selecionamento pobre (figura 48).
Verão de 2006
Frente de praia
Neste trecho detectou-se o predomínio de areia na fração 1,00 mm, com
68,68%, o que permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou
um bom selecionamento (figura 48).
Pós-praia
Constatou-se o predomínio de areia na fração 1,00 mm, com 48,54%, o que
permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou um baixo
selecionamento (figura 48).
Perfil C (meio do arco praial)
Inverno de 2004
Frente de praia
Neste trecho verificou-se a predominância de areia na fração 0,50 mm, com
78,60%, o que permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou um
bom selecionamento (figura 49).
88
Meio do arco praial - PC
Verão-2005
13.67
7.58
0.05
0.00 0.00
0.00
3.26
0.16 2.07
1.21
0.00
0.00 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
3.13
0.95 0.00
1.39
82.11
17.63
0.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00 0.00
0.00
0.23
0.03
0.00
0.00
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-06) PC-PP
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
35.16 32.82
12.17 15.76
4.08
0.01
0.00
0.00
0.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-05) PC-PP
37.75
3.42
0.03 0.00 0.00 0.00
0.29 0.49 1.26
90.00
80.00
70.00
53.33
%
%
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
45.82
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-05) PC-PP
48.85 48.05
1.27
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-04) PC - PP
0.00 0.34
0.01 0.00 0.00
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
52.11
%
38.43
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
%
0.00 0.04
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
56.06
%
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
Verão-2006
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-06) PC-FP
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-05) PC-FP
%
78.60
%
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
Inverno-2005
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-05) PC-FP
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-04) PC - FP
45.77 43.49
%
Inverno – 2004
8.66
0.53 0.00 0.00 0.00
0.21 1.33
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
Extremo leste - PD
Verão-2005
0.00
0.01
0.29
0.35
0.00
0.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
33.72
2.98 1.68
0.20 0.00
%
%
40.00
30.00
20.00
9.75
0.14
2.87
4.08
0.01
0.00
0.00
0.00
10.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
22.19
4.88
0.98
0.14
0.80
0.01
28.11
0.57
0.00 0.00 0.15
0.00 0.00 0.00
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
89.73
9.65
0.00 0.00 0.00
0.00
0.00
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
33.91
1.35
0.00 0.00 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
12.74
4.46
0.00 0.00
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-06) PD-PP
45.27
2.27
0.62 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-05) PD-PP
50.00
39.94 43.02
71.17
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
71.00
70.00
60.00
60.00
%
0.00
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-05) PP
90.00
80.00
80.00
70.00
50.00
40.00
30.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500
mm 0.250 0.125 0.062 fundo
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-04) PD - PP
90.00
20.00
10.00
3.77
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-06) PD-FP
%
57.65
%
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
Verão-2006
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-05) PD-FP
%
50.82 48.56
%
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
Inverno-2005
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-05) PD-FP
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-04) PD - FP
%
Inverno – 2004
74.22
23.08
0.00
0.03
2.24
0.41
0.01
0.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
Pontal de Itaipuaçú - PE
Verão-2005
23.14
8.91
0.00 0.00
0.09
0.01
0.00 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
14.57
4.48
0.00 0.00 0.00
40.00
30.00
21.98
12.29
20.00
10.00
71.52
%
%
50.00
0.00
0.00
0.13
0.00
0.00
0.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
0.00 0.00
0.02 3.61
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
27.70
1.02
0.00 0.03 3.06
0.11
0.01
0.00 0.00
0.00 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
0.19 0.01
26.12
2.92
0.00 0.00 0.03
0.02 0.00 0.00
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-06) PE-PP
31.21
2.20 0.00 0.00 3.85
70.91
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
62.53
%
60.00
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
29.07
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-05) PE-PP
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-05) PE-PP
65.57
67.28
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-04) PE - PP
90.00
80.00
70.00
0.00 0.00 0.00
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
ITAIPUAÇÚ (VERÃO-06) PE-FP
%
80.94
%
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
Verão-2006
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-05) PE-FP
%
67.82
%
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
Inverno-2005
ITAIPIAÇÚ (VERÃO-05) PE-FP
ITAIPUAÇÚ (INVERNO-04) PE - FP
%
Inverno – 2004
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
66.67
27.76
0.00 0.00 0.16
5.33
0.07 0.00 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
Figura 49 – Resultados das análises granulométricas das amostras da praia de
Itaipuaçú: área dos perfis C, D e E, na frente de praia (FP) e pós-praia (PP).
89
Pós-praia
Observou-se o predomínio de areia na fração 1,00 mm, com 48,85%, o que
permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou um bom
selecionamento (figura 49).
Verão de 2005
Frente de praia
Este trecho caracterizou-se pela predominância de areia na fração 1,00 mm,
com 56,06%, o que permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra
apresentou um baixo selecionamento (figura 49).
Pós-praia
Observou-se o predomínio de areia na fração 0,50 mm, com 53,33%, o que
permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou um selecionamento
pobre (figura 49).
Inverno de 2005
Frente de praia
Verificou-se a predominância de areia na fração 1,00 mm, com 52,11%, o que
permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou um bom
selecionamento (figura 49).
Pós-praia
Caracterizou-se pela predominância de pequenos cascalhos na fração 2,00
mm, com 35,16%, seguido por areia na fração 1,00 mm, com 32,82%, o que permite
classificá-la como cascalho muito fino. A amostra apresentou um baixo
selecionamento (figura 49).
Verão de 2006
Frente de praia
Este trecho caracterizou-se pela predominância de areia na fração 0,50 mm,
com 82,11%, o que permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou
um bom selecionamento (figura 49).
Pós-praia
Observou-se o predomínio de areia na fração 1,00, com 45,77%, o que
permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou um baixo
selecionamento (figura 49).
90
Perfil D (extremidade leste)
Inverno de 2004
Frente de praia
Caracterizou-se pela predominância de areia na fração 1,00 mm, com
50,82%, seguida pela fração 0,50 mm com 48,56%, o que permite classificá-la como
areia muito grossa a grossa. A amostra apresentou um selecionamento muito bom
(figura 49).
Pós-praia
Observou-se o predomínio de areia na fração 0,50 mm, com 43,02%, o que
permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou um baixo
selecionamento (figura 49).
Verão de 2005
Frente de praia
Constatou-se a predominância das areias de fração 1,00 mm, com 57,65%, o
que permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou um
selecionamento moderado (figura 49).
Pós-praia
Observou-se o predomínio das areias de fração 0,50 mm, com 71,00%, o que
permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou um selecionamento
moderado (figura 49).
Inverno de 2005
Frente de praia
Caracterizou-se pela predominância de areia na fração 0,50 mm, com
71,17%, o que permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou um
bom selecionamento (figura 49).
Pós-praia
Verificou-se o predomínio das areia de fração 1,00 mm, com 45,27%, o que
permite classificá-la como areia muito grossa. A amostra apresentou um baixo
selecionamento (figura 49).
91
Verão de 2006
Frente de praia
Constatou-se a quase totalidade da amostra predominando na fração arenosa
0,50 mm, com 89,73%, o que permite classificá-la como areia grossa. A amostra
apresentou um bom selecionamento (figura 49).
Pós-praia
Detectou-se o predomínio das areias de fração 0,50 mm, com 74,22%, o que
permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou um bom
selecionamento (figura 49).
Perfil E (pontal de Itaipuaçú)
Inverno de 2004
Frente de praia
Neste trecho verificou-se a predominância das areias de fração 0,50 mm, com
67,82%, o que permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou um
bom selecionamento (figura 49).
Pós-praia
Observou-se o predomínio de areia na fração 0,50 mm, com 65,57%, o que
permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou um bom
selecionamento (figura 49).
Verão de 2005
Frente de praia
Caracterizou-se pela predominância das areias de fração 0,50 mm, com
80,94%, o que permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou um
selecionamento muito bom (figura 49).
Pós-praia
Observou-se o predomínio de areia na fração 0,50 mm, com 71,52%, o que
permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou um bom
selecionamento (figura 49).
92
Inverno de 2005
Frente de praia
Verificou-se a predominância das areias de fração 0,50 mm, com 67,28%, o
que permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou um bom
selecionamento (figura 49).
Pós-praia
Constatou-se o predomínio das areias de fração 0,50 mm, com 62,53%, o que
permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou um selecionamento
moderado (figura 49).
Verão de 2006
Frente de praia
Neste trecho detectou-se o predomínio das areias de fração 0,50 mm, com
70,91%, o que permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou um
bom selecionamento (figura 49).
Pós-praia
Observou-se o predomínio das areias de fração 0,50 mm, com 66,67%, o que
permite classificá-la como areia grossa. A amostra apresentou um bom
selecionamento (figura 49).
Discussão sobre os resultados das análises granulométricas
A análise granulométrica das 42 amostras superficiais de sedimentos de praia
coletadas em Itaipuaçú permitiu constatar o predomínio da fração arenosa ao longo
dos cerca de 10 quilômetros de praia, apesar da quantidade considerável de
cascalhos, sobretudo nas proximidades dos perfis A e B. Segundo a classificação de
Wentworth (1922, em: Pettijohn, 1975), os resultados apontam para o predomínio de
areia muito grossa, junto a extremidade oeste (perfis A e B), variando de muito
grossa a grossa nas proximidades do meio do arco praial (perfis C e D) e grossa, no
pontal de Itaipuaçú (perfil E). Desta forma, evidenciou-se um aumento no tamanho
dos grãos em direção a oeste. A única exceção ocorreu no inverno de 2005, no póspraia do perfil C, onde se verificou o predomínio da fração 2,00 mm, limite entre
areia e cascalho, o que permite classificá-la como cascalho muito fino (Wentworth,
1922, em: Pettijohn, 1975) (tabela 5 e figura 50).
93
Tabela 5 – Resultado da análise granulométrica na Praia de Itaipuaçú segundo a
classificação de Wentworth (1922), (Em: Pettijohn, 1975).
Verão
2006
Inverno
2005
Verão
2005
Inverno
2004
PRAIA DE ITAIPUAÇÚ
PA
PB
PC
PD
PE
Frente de praia
Areia muito
grossa
Areia muito
grossa
Areia
grossa
Areia muito
grossa
Areia
grossa
Pós-praia
Areia muito
grossa
Areia muito
grossa
Areia muito
grossa
Areia
grossa
Areia
grossa
Leque de
arrombamento
Areia muito
grossa
Areia
grossa
XXX
XXX
XXX
Frente de praia
Areia muito
grossa
Areia muito
grossa
Areia muito
grossa
Areia muito
grossa
Areia
grossa
Pós-praia
Areia muito
grossa
Areia muito
grossa
Areia
grossa
Areia
grossa
Areia
grossa
Frente de praia
Areia muito
grossa
Areia muito
grossa
Areia muito
grossa
Areia
grossa
Areia
grossa
Pós-praia
Areia muito
grossa
Areia muito
grossa
Cascalho
muito fino
Areia muito
grossa
Areia
grossa
Frente de praia
Areia muito
grossa
Areia muito
grossa
Areia
grossa
Areia
grossa
Areia
grossa
Pós-praia
Areia muito
grossa
Areia muito
grossa
Areia muito
grossa
Areia
grossa
Areia
grossa
Observou-se que há um padrão de selecionamento das areias da praia, no
sentido de um aumento no grau de selecionamento em direção a leste (tabela 6 e
figura 50). Estudo realizado por SANTOS (2000) aponta para um padrão de
selecionamento semelhante ao descrito no presente estudo.
Pode-se constatar também, um maior selecionamento junto à frente de praia
em relação ao pós-praia e leque de arrombamento (perfis A e B), o que é um
comportamento compatível com a dinâmica de frente de praia.
94
Tabela 6 – Classificação das amostras coletadas na praia de Itaipuaçú quanto ao
grau de selecionamento.
PB
PC
PD
PE
Frente de praia
Bom
Bom
Bom
Muito bom
Bom
Pós-praia
Baixo
Baixo
Baixo
Baixo
Bom
Leque de
arrombamento
Moderado
Bom
XXX
XXX
XXX
Verão
2005
Frente de praia
Bom
Baixo
Baixo
Moderado
Muito bom
Pós-praia
Baixo
Baixo
Baixo
Moderado
Bom
Inverno
2005
Frente de praia
Bom
Moderado
Bom
Bom
Bom
Pós-praia
Baixo
Baixo
Baixo
Baixo
Moderado
Frente de praia
Bom
Bom
Bom
Bom
Bom
Pós-praia
Baixo
Baixo
Baixo
Bom
Bom
Inverno
2004
PA
Verão
2006
PRAIA DE ITAIPUAÇÚ
O comportamento sedimentológico da praia de Itaipuaçú, com características
distintas ao longo do arco praial e com sedimentos mais grossos no setor oeste e um
maior selecionamento no setor leste (figura 50), pode ser resultante da atuação
combinada de diversas variáveis, tais como: a maior dinâmica no extremo oeste da
praia, resultando em um maior percentual de grossos neste trecho; a influência de
correntes de deriva litorânea, o que ocasiona um melhor selecionamento das areias
a leste; e o papel mitigador das ilhas de Marica junto ao extremo leste da praia,
contribuindo para que as ondas incidam com menor energia no extremo leste da
praia.
95
96
3.2 - Praia de Piratininga (Niterói – RJ).
3.2.1 - Condições de mar em Piratininga
Assim como em Itaipuaçú, na praia de Piratininga foram realizadas
observações de determinadas condicionantes oceanográficas, o que permitiu uma
caracterização do estado de mar por ocasião dos levantamentos de campo. Os
resultados dessas observações estão expressos na tabela 7.
Na praia de Piratininga, por ocasião dos monitoramentos, constatou-se a
predominância da incidência de ondas provenientes de S, exceto no inverno de 2004
onde predominaram ondas de SW. A menor observância nos monitoramentos da
incidência de ondas de SE chegando junto à praia, provavelmente se deve à
influência dos processos de difração e refração modificando a direção das ondas.
Tais processos são condicionados pela existência das ilhas do Pai, Mãe e Menina,
localizadas na enseada de Itaipu, como também ressalta BASTOS (1994). As ondas
provenientes de S (predominantes) apresentaram variação na altura média entre
0,25 e 0,65 metros e período médio variando entre 7.5 (verão-2006) e 13.2
segundos (inverno-2005). Estas ondas apresentaram arrebentação predominante do
tipo “plunging”, seguido em menor proporção por “spilling” e “colapsing” (figura 51).
As ondas de maior energia, provenientes de SW, foram predominantes apenas por
ocasião das observações realizadas no inverno de 2004 e apresentaram altura
média da onda variando entre 0,90 e 1,50 metros, algumas delas ultrapassando 2
metros. Verificou-se um período médio entre 11 e 13 segundos para estas ondas e,
arrebentação predominante do tipo “plunging”, seguida de “spilling” (figura 51). Em
Piratininga, a arrebentação das ondas propicia a formação de uma estreita “zona de
surf”, que se apresenta mais desenvolvida, sobretudo na porção oeste da praia
(figura 51). Correntes de deriva litorânea na praia de Piratininga, tal como em
Itaipuaçu, parecem predominar em direção a oeste, também em função da ação da
incidência de ondas provenientes de sudeste. Porém, correntes de deriva litorânea
em direção a leste foram comumente observadas. No inverno de 2005, por exemplo,
verificou-se a existência de correntes de deriva litorânea em direção a leste no meio
do arco praial e no setor leste da praia, apesar de forte e em direção a oeste no
setor oeste da praia.
97
Tabela 7 - Dados relativos às condições de mar observados na praia de Piratininga:
direção da frente de ondas e forma de arrebentação, estado de mar, altura (H) e
período (T) das ondas incidentes junto à praia.
PRAIA DE PIRATININGA
Perfil A
Perfil B
Verão – 2004
Direção
*
*
*
Arrebentação
*
*
*
Mar
*
*
*
H
*
*
*
T
*
*
*
SW
SW
SW
P, Sp
P, Sp
Sp, P
agitado
agitado
agitado
H
1,48 m
1,18 m
0,90 m
T
11.6 s
11.0 s
13.0
S
S
S
Arrebentação
P, Sp
P, Sp
Sp, P
Mar
calmo
calmo
calmo
H
0,61 m
0,43 m
0,57 m
T
10.7 s
10.7 s
10.1 s
Direção
S, SE
S, SE
S, SW
P
P
P
calmo
calmo
calmo
H
0,67 m
0,46 m
0,53 m
T
11.7 s
12.7 s
13.2 s
S
S
S, SW
P, Sp, C
P, Sp, C
C, Sp
Mar
calmo
calmo
calmo
H
0,42 m
0,34 m
0,24 m
T
09.8 s
11.3 s
07.5 s
Direção
Arrebentação
Inverno – 2004 Mar
Direção
Verão – 2005
Arrebentação
Inverno – 2005 Mar
Direção
Arrebentação
Verão – 2006
Perfil C
* Não foram coletados dados referentes às condições de mar no verão de 2004.
98
99
3.2.2 - Perfis topográficos da praia de Piratininga.
Perfil A (extremidade oeste)
Verão de 2004
O extremo oeste da praia de Piratininga (figura 52) no monitoramento
referente ao verão de 2004 apresentou perfil topográfico com largura de 73 metros
até o alcance médio das ondas. Foi observado um pós-praia, com cerca de 57
metros de largura, caracterizado por apresentar três bermas: a primeira, a mais
interna, localizada a 3 metros acima do nível médio do mar e quase horizontal; a
segunda, ligeiramente inclinada para o continente; e a terceira, a mais próxima do
mar, apresentou-se mais estreita e com considerável inclinação para o continente. A
frente de praia apresentou-se com largura de cerca de 16 metros e com inclinação
acentuada, de aproximadamente 20º (figura 53).
Inverno de 2004
O perfil topográfico apresentou-se estreito, com uma largura de 31,5 metros
até o alcance médio das ondas. Verificou-se um estreitamento na largura da praia de
41,5 metros em relação ao verão de 2004, ou seja, reduziu-se a menos da metade
da largura apresentada anteriormente. O pós-praia, localizado a apenas cerca de 2,6
metros acima do nível médio do mar, medindo aproximadamente 22,5 metros,
apresenta um canal com água corrente e cerca de 5 metros de largura, seguido por
uma única berma sutilmente inclinada para o continente (figura 54). A frente de
praia, medindo cerca de 9 metros apenas, apresentou uma inclinação acentuada, da
ordem de 23º (figura 53). Trata-se de um perfil característico de praia intermediária
(supostamente ridge – runnel), de acordo com a classificação de WRIGHT & SHORT
(1984).
Verão de 2005
O perfil topográfico apresentou-se bem largo, 100,5 metros até o alcance
médio das ondas, cerca de 69 metros de alargamento em relação ao inverno de
2004 e quase 30 metros em relação ao verão de 2004. Neste caso, verificou-se um
alargamento expressivo, com o perfil praticamente triplicando a sua largura em
relação ao inverno de 2004. O pós-praia encontrava-se a cerca de 3 metros acima
do nível médio do mar e com aproximadamente 82,5 metros de largura,
caracterizou-se por exibir três bermas, muito próximas da horizontalidade, exceto a
100
101
102
do meio que apresentou-se ligeiramente inclinada para o continente, e separadas
por uma discreta escarpa. A frente de praia, com aproximadamente 18 metros,
apresentou-se com inclinação de cerca de 17º (figura 53).
Figura 54 – Extremo oeste da praia de Piratininga apresentando um perfil estreito e
canal com água no inverno de 2004 (09 de agosto).
Inverno de 2005
O perfil topográfico apresentou uma largura de 50,5 metros até o alcance
médio das ondas. Observou-se uma redução na largura da praia de 50 metros em
relação ao verão de 2005, que era de 100,5 metros. O pós-praia, localizado a cerca
de 3 metros acima do nível médio do mar, medindo aproximadamente 35,5 metros,
apresenta uma única berma ligeiramente inclinada para o continente e limitada por
uma crista de berma bem pronunciada. A frente de praia, medindo cerca de 15
metros apenas, apresentou uma inclinação muito acentuada junto a crista da berma,
da ordem de 45º, seguida de uma mudança na inclinação para cerca de 23º (figura
53).
103
Verão de 2006
O perfil topográfico apresentou uma largura de 78,5 metros até o alcance
médio das ondas, desta forma, 28 metros mais largo que no inverno de 2005.
Verificou-se um pós-praia, com cerca de 58 metros de largura, caracterizado por
apresentar duas bermas: a mais interna, localizada a quase 3 metros acima do nível
médio do mar e; a segunda, praticamente no mesmo nível da primeira e limitada por
uma crista proeminente; ambas ligeiramente inclinada para o continente. A frente de
praia apresentou-se com largura de cerca de 20,5 metros e com inclinação
acentuada, de aproximadamente 20º (figura 53).
Perfil B (meio do arco praial)
Verão de 2004
O meio do arco praial da praia de Piratininga (figura 55), no verão de 2004
caracterizou-se por apresentar perfil topográfico com 61,5 metros de largura até o
alcance médio das ondas. O pós-praia, com aproximadamente 50 metros e
iniciando-se a cerca de 3 metros acima do nível do mar, apresentou uma única
berma próxima da horizontalidade. A frente de praia apresentou-se com inclinação
acentuada, cerca de 18º, e medindo aproximadamente 11,5 metros (figura 56).
Inverno de 2004
O perfil topográfico apresentou uma largura de 49,5 metros até o alcance
médio das ondas, em relação ao verão do mesmo ano, cerca de 12 metros mais
estreito. O pós-praia, com 37,5 metros de extensão, apresentou uma única berma,
localizada a cerca de 2 metros acima do nível do mar e horizontal. Na estreita frente
de praia, medindo apenas 12 metros, verificou-se uma inclinação acentuada, 23º
aproximadamente (figura 56).
Verão de 2005
O perfil topográfico apresentou-se com 70,5 metros de largura até o alcance
médio das ondas. Neste caso, constatou-se um alargamento da ordem de 21 metros
em relação ao inverno de 2004. O pós-praia, localizado a aproximadamente 3,5
metros acima do nível médio do mar e com cerca de 36 metros de extensão,
caracterizou-se por apresentar uma única berma próxima da horizontalidade. Uma
crista de berma seguida por uma escarpa estreita e íngreme, ambas proeminentes,
104
105
106
separam o pós-praia da frente de praia. A frente de praia apresentou-se com
aproximadamente 34,5 metros de largura e declividade moderada, com cerca de 12º
(figura 56).
Inverno de 2005
O perfil topográfico apresentou-se com 63 metros de largura até o alcance
médio das ondas, 14,5 metros mais estreito do que no verão do mesmo ano. O póspraia, com mais ou menos 30 metros de extensão e localizado a cerca de 3,5 metros
acima do nível do mar, apresentou uma única berma horizontal. Na ampla frente de
praia,
medindo
33
metros,
verificou-se
uma
inclinação
acentuada,
18º
aproximadamente (figura 56).
Verão de 2006
O perfil topográfico apresentou uma largura correspondente a 74,5 metros até
o alcance médio das ondas, o mais largo registrado entre o período de
monitoramento neste trecho. Tendo sido verificado um alargamento de cerca de 18,5
metros em relação ao inverno anterior. O pós-praia, medindo cerca de 68 metros e
iniciando-se a cerca de 3,5 metros acima do nível do mar, apresentou duas bermas
bem horizontais. A frente de praia, com 6,5 metros aproximadamente, apresentou
uma inclinação acentuada na ordem de 21º (figura 56).
Perfil C (extremidade leste)
Verão de 2004
No extremo leste da praia de Piratininga (figura 57), por ocasião do
monitoramento realizado no verão de 2004, o perfil topográfico apresentou-se com
60 metros de largura até o alcance médio das ondas. O pós-praia, com cerca de 41
metros de extensão e 3 metros acima do nível médio do mar, apresentava duas
bermas, próximo da horizontalidade. A frente de praia, com 19 metros
aproximadamente, apresentou uma declividade acentuada, na ordem de 19º, e
homogênea em toda a sua extensão (figura 58).
Inverno de 2004
O perfil topográfico apresentou uma largura de apenas 42 metros até o
alcance médio das ondas, ou seja, estreitou 18 metros em relação ao verão do
mesmo ano. O pós-praia, medindo 37 metros de extensão e cerca de 3 metros
107
108
109
acima do nível médio do mar, apresentou-se com duas bermas, ambas sutilmente
inclinadas para o continente, sendo a segunda, limitada na parte externa por uma
crista de berma bem destacada. A frente de praia apresentava-se estreita e bem
escarpada, mais ou menos 5 metros, e com declividade bem acentuada, cerca de
40º (figura 58).
Verão de 2005
O perfil topográfico apresentou-se com 49,5 metros de largura até o alcance
médio das ondas, cerca de 7,5 metros mais largo que no inverno de 2004. O póspraia, localizado a aproximadamente 3 metros acima do nível médio do mar e com
cerca de 19 metros de extensão, exibia apenas uma berma praticamente horizontal.
A frente de praia, com cerca de 30,5 metros de extensão, apresentava-se larga e
com gradiente íngreme, com 20º aproximadamente (figura 58).
Inverno de 2005
O perfil topográfico apresentou-se com apenas 48 metros de largura até o
alcance médio das ondas. Largura muito próxima da observada no verão do mesmo
ano. O pós-praia, muito estreito, com cerca de 11 metros de extensão e pouco mais
de 3 metros acima do nível médio do mar, apresentou uma única berma horizontal. A
frente de praia apresentava-se larga, medindo mais ou menos 37 metros e com
declividade acentuada, cerca de 18º (figura 58).
Verão de 2006
O perfil topográfico apresentou-se estreito com largura correspondente a 45
metros até o alcance médio das ondas, cerca de 5 metros mais estreito em relação
ao último inverno. O pós-praia, medindo apenas 15 metros de extensão e localizado
a cerca de 3 metros acima do nível médio do mar, apresentava uma única berma
horizontal. A frente de praia, com 30 metros aproximadamente, apresentou-se
extensa e com declividade acentuada, na ordem de 19º (figura 58).
110
3.2.3 - Discussão dos dados em Piratininga
Perfis superpostos
Perfil A (extremidade oeste)
A sobreposição dos perfis topográficos de praia coletados (figura 59) permite
observar uma variação expressiva na largura e significativa na morfologia da praia.
No tocante à variação na largura, os dados coletados neste trecho indicaram um
máximo de estreitamento de 31,5 m no inverno de 2004, enquanto que para o verão
de 2005 observou-se um máximo de alargamento de 100,5 m. Esses valores
expressam um grande aumento na largura da praia, de quase 70 metros do inverno
ao verão seguinte. A quantidade de bermas variou de um máximo de 3 (verão de
2004 e 2005), até o mínimo de 1 berma (inverno de 2004 e 2005); a altura (entre 2 e
3 metros aproximadamente) e inclinação da berma.
A inclinação da frente de praia neste trecho impressiona devido a sua elevada
declividade. O ângulo médio de inclinação predominou entre 20º e 23º. Cabe
destacar ainda, que a inclinação da frente de praia em Piratininga é praticamente a
mesma, com ligeira variação em toda a sua extensão. Apenas no inverno de 2004 é
que se constatou uma inclinação mais acentuada, da ordem de 40º, junto ao perfil C,
provavelmente uma resposta à ação de ondas de tempestades incidindo com maior
energia no setor leste da praia (tabela 8).
Tabela 8 - Dados relativos ao ângulo de inclinação da frente de praia em Piratininga.
Verão-2004
Inverno-2004
Verão-2005
Inverno-2005
Verão-2006
PRAIA DE PIRATININGA
PA
PB
20º
18º
23º
23º
17º
12º
23º
18º
20º
21º
PC
19º
40º
20º
18º
19º
A maior dinâmica no setor oeste da praia (perfil A), pode ser decorrente da
existência do costão rochoso no extremo oeste e leste da praia em Piratininga,
intensificando a ação destrutiva das ondas pelos processos de refração e difração. O
mesmo comportamento foi encontrado na praia de Itaipuaçú junto ao perfil A,
conforme descrito anteriormente.
111
112
Perfil B (meio do arco praial)
A sobreposição dos perfis topográficos de praia coletados (figura 59)
apresenta uma variação significativa na morfologia e na largura. Porém, o meio do
arco praial apresenta maior estabilidade em relação às extremidades leste e oeste
da praia. A menor e a maior largura da praia verificada nesta pesquisa, corresponde
a 49,5 m (inverno-2004) e 74,5 m (verão-2006), respectivamente. No entanto, a
variação mais significativa foi observada entre o inverno de 2004 e o verão de 2005
(49,5 m para 70,5 m), o que equivale a cerca de 20 metros, pouco se comparado ao
perfil A. O pós-praia apresentou uma única berma em praticamente todos os
monitoramentos realizados, exceto no verão de 2006, quando apresentou 2 bermas;
a altura das bermas variou entre 2 e 3,5 metros aproximadamente. A frente de praia,
apesar de íngreme, apresenta-se com declividade ligeiramente inferior neste trecho,
em média 18º, sobretudo no verão.
Perfil C (extremidade leste)
Os perfis topográficos de praia sobrepostos (figura 59) permitem observar
uma variação significativa, tanto na largura quanto na morfologia da praia. Porém, a
variabilidade na largura da praia verificada neste trecho é maior que a observada no
meio do arco praial, no entanto, menor que a apresentada pelo perfil A. No tocante a
largura, os perfis apresentaram uma variação máxima e mínima de 60 e 42 m, nos
monitoramentos realizados em 2004 (verão e inverno), respectivamente. Trata-se de
uma variação mínima, e que pode ser compreendida como resultante da própria
dinâmica deste ambiente. Este trecho apresentou pós-praia com 2 bermas no verão
e inverno de 2004 e uma única berma nos demais monitoramentos, variando entre
cerca de 2 a 3,5 metros de altura. A frente de praia apresentou inclinação
acentuada, com média de 19º. Apesar da variação não tão expressiva da inclinação
ao longo da praia, foi justamente neste trecho que se verificou a maior inclinação da
frente de praia (cerca de 40º) no inverno de 2004.
Morfodinâmica da praia de Piratininga
A praia de Piratininga, por ocasião dos monitoramentos realizados apresentou
dinâmica mais expressiva e maior variabilidade morfológica nos extremos leste e
113
oeste, sendo mais intensa no setor oeste (perfil A), onde as variações são maiores
(figura 60); perfis com ângulo de inclinação acentuado na frente de praia, com ligeira
variação ao longo da praia (tabela 8); e perfis topográficos que refletem a atuação de
correntes de deriva litorânea influenciando no transporte de sedimentos para oeste
durante o verão e a ação predominante de ondas de tempestades ocasionando o
estreitamento nas extremidades do arco praial durante o inverno.
Perfis topográficos coletados apresentam um comportamento idêntico para os
perfis de verão e de inverno. Perfis coletados no verão são mais largos, sobretudo
no setor oeste, e refletem um período caracterizado pela ação predominante de
ondas construtivas provenientes de sudeste, que incidem obliquamente junto à praia
formando correntes de deriva litorânea para oeste, que ocasionam um transporte
lateral de sedimentos para oeste que se acumulam junto ao perfil A, onde são
contidos pelo costão. Perfis realizados no inverno são mais estreitos e apresentam
um comportamento idêntico, com o estreitamento das extremidades da praia no
inverno, principalmente no perfil A, em resposta à ação de ondas de tempestades
provenientes de sul e, principalmente, sudoeste. Nos extremos leste e oeste da praia
de Piratininga estão localizados os costões. A existência destes costões tende a
influenciar nos processos de refração e difração e contribui para a convergência da
energia das ondas incidentes nestes pontos (figuras 59 e 60).
A praia de Piratininga apresentou-se no verão de 2004 sensivelmente mais
estreita na extremidade leste, alargando-se gradativamente em direção à
extremidade oeste da praia, cerca de 13 metros mais larga no perfil A. O
alargamento em direção à oeste sugere a influência predominante da corrente de
deriva litorânea para oeste, ocasionando um transporte e acúmulo de sedimentos na
direção do perfil A. O mesmo padrão foi constatado nos verões de 2005 e 2006
(figura 60).
No inverno de 2004, verificou-se um estreitamento em ambas extremidades
do arco praial, principalmente, na face oeste que no verão de 2004 tinha 73 m,
passando para 31,5 m no inverno-2004, estreitando-se, portanto, em 41,5 metros
(figura 60). O estreitamento mais expressivo nas extremidades em relação ao meio
do arco praial sugere uma maior ação das ondas de tempestades, sobretudo as de
114
Piratininga - largura (verão-2004)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
PB
61.5
Piratininga - largura (inverno-2004)
PC
60
73
PA
metros
metro s
PA
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
Piratininga - largura (verão-2005)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
PB
31.5
49.5
PC
42
Piratininga - largura (inverno-2005)
PA
PC
49.5
70.5
100.5
metros
metros
PA
PB
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
PB
50.5
PC
48
63
Piratininga - largura (verão-06)
metros
PA
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
PB
PC
45
78.5
74.5
Figura 60 - Largura da praia de Piratininga até o nível médio do mar (observado
no campo), entre verão de 2004 e verão de 2006.
115
sudoeste, e a interação das mesmas com os costões localizados nas extremidades
da praia (figura 41). Esse mesmo padrão de comportamento foi constatado no
inverno de 2005.
Os resultados relativos ao verão de 2005 mostram um alargamento bastante
expressivo, principalmente no perfil A, que variou de 31,5 m (inverno-2004) para
100,5 m (verão-2005), o que significa dizer que o perfil neste trecho praticamente
triplicou sua largura no período mencionado (figura 60). Assim como no verão de
2004, provavelmente, tal situação sugere a influência da corrente de deriva litorânea
na distribuição espacial de sedimentos ao longo da praia predominando em direção
a oeste, além é claro, da variação nas condições de mar, onde predominaram
condições de tempo bom e a conseqüente atuação mais consistente das ondas de
sudeste.
Com relação ao inverno de 2005, a praia de Piratininga apresentou um
estreitamento com comportamento parecido com o que foi constatado em relação ao
inverno de 2004, ou seja, estreitou-se de forma bem sutil na extremidade leste,
moderadamente no meio do arco e de forma acentuada na parte oeste da praia,
neste caso, reduzindo-se pela metade do verão (100,5 m) ao inverno (50,5 m) de
2005 (figura 60). O comportamento verificado neste trecho reflete a elevada
susceptibilidade a ação das ondas de ressacas.
O verão de 2006 representou um alargamento da praia em relação ao inverno
de 2005, na extremidade oeste e no meio do arco praial, de cerca de 28 e 19
metros, respectivamente. (figura 60). A isto, credita-se a influência da corrente de
deriva litorânea predominando para oeste, tal como foi constatado no verão de 2004
e 2005. O papel preponderante das correntes de deriva litorânea no transporte de
sedimentos e o deslocamento destes da face de praia em direção à frente de praia,
e vice-versa, é inferido como sendo o principal mecanismo, juntamente com as
ondas de tempestades, responsável pela mobilidade dos sedimentos ao longo da
praia de Piratininga.
116
Perfis pretéritos
A sobreposição dos perfis topográficos de praia coletados para este trabalho
comparados aos dados coletados por SANTOS & SILVA (2005) de 2001 a 2003
(figura 59), BASTOS (1994) (figura 61), e MUEHE (1975), no meio do arco praial em
1974 (figura 62), permitem a compreensão da morfodinâmica num intervalo de
tempo de cerca de 3 décadas.
Perfis anteriormente coletado por SANTOS & SILVA (2005) (figura 59) e
BASTOS (1994) (figura 61) mostram uma dinâmica mais acentuada no setor oeste
(perfil A), devido à maior variabilidade morfológica e na largura apresentada pelos
perfis topográficos.
O perfil A da praia de Piratininga, desde os primeiros levantamentos
realizados, apresentou uma largura máxima de 100,5 m no verão de 2005 e uma
largura mínima de 22,5 m no inverno de 2003 (SANTOS & SILVA, 2005). A
comparação da largura da praia verificada nos monitoramentos de verão expressam
uma variação que, considerando a dinâmica apresentada por este trecho, pode ser
compreendida como normal, não mostrando tendência ao alargamento nem ao
estreitamento, para os últimos 6 anos. A única exceção foi o perfil realizado no verão
de 2005, quando a largura da praia chegou a ultrapassar os 100 m (figuras 60 e 63).
No inverno, este trecho da praia se apresenta sempre mais estreito, o que reflete a
vulnerabilidade do perfil A à ação das ondas de ressacas. As diferenças na variação
da largura da praia, entre verão e inverno, parecem ter aumentado nos últimos anos.
Nos monitoramentos realizados entre verão e inverno de 2001 observou-se um
estreitamento de cerca de 11 m, em 2003 o estreitamento foi de 37 m
aproximadamente, em 2004 da ordem de 40 m e em 2005 a diferença aumentou
para 50 m. Trata-se de aumento significativo na variação da largura da praia. Ou
seja, os perfis topográficos coletados em 2004, 2005 e 2006 mostram uma
morfodinâmica mais expressiva neste trecho (figura 59, 60 e 63). Um estudo
realizado por BASTOS (1994) sobre a variação morfológica da praia de Piratininga
através da realização de perfis topográficos de praia, concluiu que este trecho da
praia apresenta um processo erosivo bastante intenso. Os perfis topográficos
coletados por BASTOS (1994) foram realizados durante e entre a passagem de
frentes frias, o que torna necessária uma certa cautela ao se estabelecer
117
20
118
comparações com perfis coletados sistematicamente entre verão e inverno, como é
o caso deste trabalho. No entanto, é de fácil percepção a existência de uma
dinâmica diferenciada ao longo da praia, onde os perfis coletados no extremo oeste
apresentam-se mais instáveis, assim como, uma diminuição na variação dos perfis
no extremo leste e, principalmente, no meio do arco praial (figura 61). O padrão
evidenciado por BASTOS (1994), foi também constatado por ocasião deste estudo.
O referido autor destaca ainda, a problemática a cerca da construção em local
impróprio de um paredão e calçadão com 4,5 metros de altura, em substituição a
outro destruído pela ação das ondas. No entanto, no mesmo ano uma forte ressaca
já dava indícios de que a nova estrutura, ainda em construção, não estava imune à
ação destrutiva das ondas de tempestades, devastadoras neste trecho. Atualmente,
pouco mais de uma década depois, o calçadão e o muro encontram-se parcialmente
destruídos, não só neste trecho, mas em vários pontos ao longo da praia (figura 64).
Praia de Piratininga (antiga Mar Azul)
Legenda:
P.1-11/2/74
P.2-12/2/74
P.3-13/2/74
Meio do Arco Praial
P.4-14/2/74
5
4
3
2
1
0
-1
-2
-3
-4
P.5-15/2/74
P.6-16/2/74
P.7-17/2/74
Altura (m)
P.8-18/2/74
P.9-19/2/74
P.10-20/2/74
P.11-21/2/74
P.12-22/2/74
P.13-23/2/74
P.14-24/2/74
P.15-25/2/74
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Distância Horizontal (m)
50
55
60
65
70
75
80
P.16-26/2/74
P.17-27/2/74
P.18-28/2/74
Figura 62 - Perfis topográficos mostrando as variações ocorridas no meio do arco
praial de Piratininga no verão de 1974 (MUEHE, 1975). Modificado por SANTOS &
SILVA (2005).
119
Piratininga - largura (verão-2001)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
PB
Piratininga - largura (inverno-2001)
PC
PA
metros
metro s
PA
66
66
72
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
PB
PC
*
54.5
60
metros
Piratininga - largura (inverno-2002)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
PC
58
59.5
73.5
46.5
47.5
PA
metro s
metro s
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
PB
PB
PC
53
Piratininga - largura (inverno-03)
Piratininga - largura (verão-2003)
PA
PA
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
PB
PC
22.5
38
61.5
Figura 63 - Largura da praia de Itaipuaçú até o nível médio do mar (observado
no campo). Gráficos confeccionados a partir dos dados originais de perfis
topográficos de praia de SANTOS & SILVA, 2005 (verão-04, inverno-01,
inverno-02, verão-03 e inverno-03) ( * Perfil topográfico não realizado).
120
121
O perfil B, meio do arco praial, apresentou uma largura máxima de 74,5 m no
verão de 2006 e uma largura mínima de 38 m no inverno de 2003 (SANTOS &
SILVA,
2005).
Este
trecho
apresenta
menor
variabilidade
morfológica
e
principalmente na largura. A comparação entre perfis topográficos realizados por
SANTOS & SILVA (2005) (figura 59), BASTOS (1994) (figura 61) e MUEHE (1975)
(figura 62) mostra que a largura da praia neste trecho foi praticamente a mesma, ao
longo de três décadas de monitoramento, com uma variação correspondente a
dinâmica do próprio ambiente. Tal variação, não indica tendência de efetivo
alargamento nem estreitamento, muito menos caracteriza um comportamento
erosivo. Constatou-se uma variação significativa tanto no pós-praia quanto na frente
de praia. No pós-praia verificou-se um empilhamento de sedimentos junto ao
calçadão, sobretudo, a partir do verão de 2003, visto a menor altura apresentada
pelos perfis topográficos correspondestes ao verão de 2001 e inverno de 2002
(figura 59). Os perfis topográficos realizados na década de 70 por MUEHE (1975) no
meio do arco praial de Piratininga foram coletados diariamente, ao longo de 18 dias,
no verão de 1974 e apresentam poucas variações morfológicas. A largura variou de
47 a 62 metros, aproximadamente (figura 62).
No perfil C, os dados existentes mostram uma largura máxima de 72 m no
verão de 2001 (SANTOS & SILVA, 2005) e uma largura mínima de 42 m no inverno
de 2004. Perfis coletados por SANTOS & SILVA (2005) entre 2001 e 2003,
apresentam a largura da praia com os seguintes valores: 72 m (verão-2001), 60 m
(inverno-2001), 53 m (inverno-2002), 58 m (verão-2003) e 61,5 m (inverno-2003).
Estes valores são relativamente parecidos com os encontrados em 2004, 2005 e
2006. No entanto, perfis realizados por BASTOS (1994) durante a ocorrência de
ressacas, mostram uma variação na largura da praia entre 17 e 55 metros. Diante
disso, é importante destacar que apesar da largura da praia neste trecho ter
permanecido praticamente a mesma, desde os levantamentos realizados por
SANTOS & SILVA (2005) a partir de 2001, os perfis apresentados por BASTOS
(1994) atestam o caráter deste trecho e a sua variabilidade em resposta à ação das
ondas de ressacas. Os perfis realizados neste trecho apresentam ainda, variação
morfológica significativa, tanto no pós-praia, sobretudo na altura, quanto na frente de
praia, onde se verificou a maior variação no ângulo de inclinação da mesma.
122
A praia de Piratininga, para BASTOS (1994), vem apresentando um processo
erosivo, sobretudo na extremidade oeste. SOUZA et al. (2005), ressaltam a
existência, na referida praia, de vários indicadores de erosão, tais como: pós-praia
muito estreito ou inexistente; e destruição de estruturas artificiais. Como causas da
erosão, atribui efeitos e processos tanto de ordem natural quanto antrópica.
SALVADOR & SILVA (2002), realizaram um estudo morfológico e
sedimentológico da enseada de Itaipu, onde se localiza a praia de Piratininga. Foram
realizados perfis batimétricos em trechos consideravelmente próximos aos perfis
topográficos de praia A, B e C. A sobreposição dos perfis batimétricos gerados por
SALVADOR & SILVA (2002) permite observar uma diferença significativa na
declividade do perfil batimétrico A (extremo oeste da enseada de Itaipú) em relação
aos perfis B e C (figura 65). Desta forma, pode-se inferir que o estoque sedimentar
neste trecho é inferior aos demais. O que pode ser resultante da atuação mais
consistente de ondas de tempestades neste trecho. Sendo assim, apesar dos perfis
topográficos de praia não apontarem para uma situação onde predominam
processos de erosão, é importante atentar para a maior declividade apresentada
pelo perfil batimétrico neste trecho (perfil A).
Tentou-se estabelecer uma correlação entre o comportamento morfodinâmico
apresentado pelas praias estudadas com a provável influência dos fenômenos El
Niño e La Niña. A comparação foi feita com os eventos de El Niño ocorridos em
2004-2005 (de fraca intensidade), 1997-1998 e 1990-1993 (ambos de forte
intensidade); e ocorrências de La Niña de 2006 (de fraca intensidade) e 1998-2000
(de intensidade moderada) (CPTEC-INPE). No entanto, a carência de estudos neste
sentido dificulta tal comparação. Estudos sobre a influência dos fenômenos El Niño e
La Niña no Brasil são na maioria voltados para as mudanças nos índices e na
distribuição da precipitação decorrente de tais fenômenos (VICENTE & NUNES,
2005). A influência destes fenômenos junto a costa brasileira, segundo SOUZA et al.
(2005), pode resultar em mudanças no regime de ventos e de ondas, podendo
inclusive ocasionar inversão nas correntes de deriva litorânea. Porém, os autores a
pouco mencionados ressaltam ainda que nas costas sudeste e sul a influência do El
Niño parece não interferir junto à circulação costeira de forma tão intensa.
123
A
B
Profundidade em metros
Comportamento
idêntico
Comportamento diferenciado
N
S
A
Distância da praia em metros
Figura 65 A e B - Perfis batimétricos do fundo da enseada de Itaipu, orientados
de norte a sul (SALVADOR & SILVA, 2002 – menos o grifado em vermelho).
A sobreposição dos perfis topográficos de praia coletados e a comparação
com os dados de perfis coletados por SANTOS & SILVA (2005), BASTOS (1994), e
MUEHE (1975), permite constatar uma variabilidade morfológica diferenciada ao
longo do arco praial de Piratininga, com elevada variabilidade dos perfis topográficos
de praia no setor oeste (área do perfil A), moderada no meio do arco praial (perfil B)
e moderada a alta no setor leste (perfil C) (figura 66).
A comparação dos perfis topográficos realizados num intervalo de tempo de 3
décadas por SANTOS & SILVA (2005), BASTOS (1994) e MUEHE (1975), não
apontam para uma situação característica de erosão. Os perfis não expressam um
estreitamento gradual e progressivo da praia, que caracterizaria o processo de
erosão.
124
125
3.2.4 - Análise granulométrica das areias da praia de Piratininga.
As 24 amostras de areias da praia de Piratininga foram classificadas segundo
Wentworth (1922).
Perfil A (extremidade oeste)
Inverno de 2004
Frente de praia
Constatou-se a predominância de areia na fração 0,25 mm, com 46,43%, o
que permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou
um selecionamento moderado (figura 67).
Pós-praia
Observou-se o predomínio das areias de fração 0,25 mm, com 49,75%, o que
permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou um
selecionamento moderado (figura 67).
Verão de 2005
Frente de praia
Caracterizou-se pela predominância de areia na fração 0,25 mm, com
63,65%, o que permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia
apresentou um bom selecionamento (figura 67).
Pós-praia
Verificou-se o predomínio de areia na fração 0,25 mm, com 47,40%, o que
permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou um
selecionamento moderado (figura 67).
Inverno de 2005
Frente de praia
Constatou-se a predominância de areia na fração 0,25 mm, com 63 %, o que
permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou um
selecionamento moderado (figura 67).
Pós-praia
Caracterizou-se pelo predomínio de areia na fração 0,25 mm, com 57,29%, o
que permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou
um bom selecionamento (figura 67).
126
Extremo oeste - PA
Verão-2005
PIRATININGA (VERÃO-05) PA-FP
0.48
7.17
0.34
0.01
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062
mm
%
%
49.75
0.17
0.25
9.23
5.27
7.58
0.05
0.10
0.61
0.00
0.00
0.02
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062
mm
3.86
%
63.00
29.16
6.17
0.06 0.03 0.21 1.36
0.00 0.00
3.53
0.00 0.00
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
57.29
35.22
5.83
0.00 0.59 0.45 0.62
11.45
5.78
0.00 0.00
0.23 0.63 0.76
PIRATININGA (VERÃO-06) PA-PP
0.00 0.00
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
49.36
31.80
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
PIRATININGA (INVERNO-05) PA-PP
44.45 47.40
0.22 0.16 0.29
PIRATININGA (VERÃO-06) PA-FP
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
PIRATININGA (VERÃO-05) PA-PP
34.95
0.40
27.96
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
PIRATININGA (INVERNO-04) PA - PP
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
63.65
0.00
Verão-2006
PIRATININGA (INVERNO-05) PA-FP
%
3.17
0.60
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
%
41.79 46.43
%
%
PIRATININGA (INVERNO-04) PA - FP
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
Inverno-2005
%
Inverno – 2004
57.23
31.71
3.81
6.52
0.00 0.18 0.52
0.02 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
Meio do arco praial - PB
Verão-2005
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062
mm
%
%
14.83
0.00
0.00
6.50
0.03
0.02
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062
mm
0.01 0.00
22.44
0.08
0.00
0.03
0.83
0.00
16.32
8.85
0.00 0.03
0.00 0.06
0.02 0.00
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
76.85
%
20.95
0.00
0.02
2.44
0.02 0.00
0.01
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062
mm
19.96
2.97
0.11 0.02 0.00 0.04
0.02 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
10.43
0.00 0.00
75.83
17.70
6.26
0.00 0.08 0.00 0.11
0.02 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
Verão-2006
PIRATININGA (VERÃO-06) PC-FP
75.06
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
22.46
2.37
0.00 0.00 0.01 0.11
0.00 0.00
74.86
12.59
0.02 0.00
PIRATININGA (VERÃO-06) PC-PP
78.65
17.07
4.24
0.00 0.00 0.00 0.01
12.44
0.00 0.02 0.00 0.07
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
PIRATININGA (INVERNO-05) PC-PP
PIRATININGA (VERÃO-05) PC-PP
76.54
0.00
4.34
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
PIRATININGA (INVERNO-04) PC - PP
0.00
21.88
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
PIRATININGA (INVERNO-05) PC-FP
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
10.71
0.00 0.00 0.00 0.08
PIRATININGA (VERÃO-06) PB-PP
73.20
0.00 0.50 0.00 0.06
78.78
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
74.68
%
%
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062
mm
%
5.78
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
PIRATININGA (VERÃO-05) PC-FP
76.47
0.00
0.01 0.00
Extremo leste - PC
Verão-2005
Inverno-2005
PIRATININGA (INVERNO-04) PC - FP
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
19.11
0.04
10.97
PIRATININGA (INVERNO-05) PB-PP
74.97
0.00 0.04 0.00
12.66
0.00 0.00 0.00 0.00
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
Inverno – 2004
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
0.01 0.00
PIRATININGA (VERÃO) PB-PP
78.57
0.00
9.43
0.20
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
PIRATININGA (INVERNO-04) PB - PP
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
17.41
0.00 0.01 0.04
76.35
%
1.29
0.57
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
%
0.01
%
0.02
%
0.00
72.92
%
38.52
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
%
59.57
Verão-2006
PIRATININGA (VERÃO-06) PB-FP
PIRATININGA (INVERNO-05) PB-FP
%
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
Inverno-2005
PIRATININGA (VERÃO-05) PB-FP
%
%
PIRATININGA (INVERNO-04) PB - FP
%
Inverno – 2004
0.03 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
90.00
80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
75.53
19.53
0.00 0.07 0.00 0.12
4.72
0.03 0.00
4.000 2.830 2.000 1.000 0.500 0.250 0.125 0.062 fundo
mm
Figura 67 – Resultados das análises granulométricas das amostras de superfície
coletadas na praia de Piratininga: área dos perfis A, B e C, na frente de praia (FP) e
pós-praia (PP).
127
Verão de 2006
Frente de praia
Detectou-se a predominância de areia na fração 0,25 mm, com 49,36%, o que
permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou baixo
selecionamento (figura 67).
Pós-praia
Observou-se o predomínio das areias de fração 0,25 mm, com 57,23%, o que
permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou um
selecionamento moderado (figura 67).
Perfil B (meio do arco praial)
Inverno de 2004
Frente de praia
Neste trecho verificou-se a predominância de areia na fração 0,25 mm, com
59,57%, o que permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia
apresentou um bom selecionamento (figura 67).
Pós-praia
Constatou-se o predomínio de areia na fração 0,25 mm, com 78,57%, o que
permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou um
bom selecionamento (figura 67).
Verão de 2005
Frente de praia
Este trecho apresentou-se com predominância das areias de fração 0,25 mm,
com 72,92%, o que permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A
areia apresentou um bom selecionamento (figura 67).
Pós-praia
Observou-se o predomínio das areias de fração 0,25 mm, com 74,97%, o que
permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou um
bom selecionamento (figura 67).
128
Inverno de 2005
Frente de praia
Verificou-se o predomínio da areia de fração 0,25 mm, com 76,35%, o que
permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou um
selecionamento elevado (figura 67).
Pós-praia
Constatou-se a predominância das areias de fração 0,25 mm, com 73,20%, o
que permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou
um bom selecionamento (figura 67).
Verão de 2006
Frente de praia
Detectou-se a predominância das areias de fração 0,25 mm, com 78,78%, o
que permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou
um bom selecionamento (figura 67).
Pós-praia
Este trecho apresentou um predomínio das areias de fração 0,25 mm, com
75,83%, o que permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia
apresentou um bom selecionamento (figura 67).
Perfil C (extremidade leste)
Inverno de 2004
Frente de praia
Caracterizou-se pela predominância das areias de fração 0,25 mm, com
76,47%, o que permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia
apresentou um bom selecionamento (figura 67).
Pós-praia
Verificou-se o predomínio das areias de fração 0,25 mm, com 76,54%, o que
permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou um
bom selecionamento (figura 67).
129
Verão de 2005
Frente de praia
Encontrou-se a predominância das areias de fração 0,25 mm, com 74,68%, o
que permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou
um bom selecionamento (figura 67).
Pós-praia
Constatou-se o predomínio das areias de fração 0,25 mm, com 76,85%, o que
permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou um
bom selecionamento (figura 67).
Inverno de 2005
Frente de praia
Caracterizou-se pela predominância das areias de fração 0,25 mm, com
75,06%, o que permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia
apresentou um bom selecionamento (figura 67).
Pós-praia
Verificou-se o predomínio de areia na fração 0,25 mm, com 78,65%, o que
permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou um
selecionamento elevado (figura 67).
Verão de 2006
Frente de praia
Neste trecho observou-se a predominância das areias de fração 0,25 mm,
com 74,86%, o que permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A
areia apresentou um bom selecionamento (figura 67).
Pós-praia
Detectou-se o predomínio das areias de fração 0,25 mm, com 75,53%, o que
permite classificá-la como areia média (Wentworth, 1922). A areia apresentou um
bom selecionamento (figura 67).
Discussão sobre os resultados das análises granulométricas
A análise granulométrica das 24 amostras superficiais de sedimentos
coletadas na praia de Piratininga permitiu detectar a predominância da fração
arenosa de 0,25 mm, correspondendo a areia média, ao longo dos cerca de 2,5
quilômetros de praia (tabela 9 e figura 68). As areias mostram um aumento
130
percentual da fração 0,500 mm em direção a extremidade oeste (perfil A), onde
fragmentos de conchas aparecem em maior proporção.
Tabela 9 – Resultado da análise granulométrica das areias da Praia de Piratininga
segundo a classificação de Wentworth (1922), (Em: Pettijohn, 1975).
Verão
2006
Inverno
2005
Verão
2005
Inverno
2004
PRAIA DE PIRATININGA
PA
PB
PC
Frente de praia
Areia média
Areia média
Areia média
Pós-praia
Areia média
Areia média
Areia média
Frente de praia
Areia média
Areia média
Areia média
Pós-praia
Areia média
Areia média
Areia média
Frente de praia
Areia média
Areia média
Areia média
Pós-praia
Areia média
Areia média
Areia média
Frente de praia
Areia média
Areia média
Areia média
Pós-praia
Areia média
Areia média
Areia média
O grau de selecionamento apresenta um padrão de ligeiro aumento em
direção a leste. A comparação do grau de selecionamento entre frente de praia e
pós-praia permitiu constatar um padrão bastante homogêneo, ou seja, o grau de
selecionamento é muito parecido em ambos os ambientes da praia (tabela 10 e
figura 68).
Análises granulométricas da areia em Piratininga, realizadas na década de 70
por MUEHE (1975), indicam tratar-se de areia média, composta por areia quartzosa
e fragmentos de conchas de vários tamanhos. Estudo realizado por SANTOS (2001)
em Camboinhas, localizada à leste da praia de Piratininga, constatou o predomínio
de areia média ao longo da praia, com ligeiro aumento dos grãos de areia junto ao
131
extremo oeste. Constatou-se ainda, um grau de selecionamento mais alto no meio
do arco e no extremo leste. Trata-se de um comportamento semelhante ao
apresentado pela praia de Piratininga.
Tabela 10 – Grau de selecionamento das areias da Praia de Piratininga segundo a
classificação de Wentworth (1922), (Em: Pettijohn, 1975).
Verão
2006
Inverno
2005
Verão
2005
Inverno
2004
PRAIA DE PIRATININGA
PA
PB
PC
Frente de praia
Moderado
Bom
Bom
Pós-praia
Moderado
Bom
Bom
Frente de praia
Bom
Bom
Bom
Pós-praia
Moderado
Bom
Bom
Frente de praia
Moderado
Bom
Bom
Pós-praia
Bom
Bom
Bom
Frente de praia
Baixo
Bom
Bom
Pós-praia
Moderado
Bom
Bom
O comportamento sedimentológico da praia de Piratininga com características
relativamente parecidas ao longo de todo o arco praial, é condicionado: pela
incidência de ondas de tempo bom predominante de sudeste que se alternam com
ondas de sul e sudoeste associadas à passagem de ressacas; pela influência de
correntes de deriva litorânea, principalmente para oeste; pela existência nos
extremos do arco praial de promontórios rochosos de orientação nordeste-sudoeste,
que influenciam na mobilidade dos sedimentos e na incidência de ondas através dos
processos de refração e difração; e, em parte, pela existência das ilhas do Pai, Mãe
e Menina que atenuam a energia das ondas incidentes sobre a praia.
132
133
3.3 – Mapeamento dos leques de arrombamento e crista da restinga.
As barreiras arenosas, onde estão localizadas as praias de Piratininga e
Itaipuaçú, vêm experimentando um intenso processo de urbanização nas últimas
décadas. Em decorrência disso, este ambiente que é essencialmente dinâmico, vem
sendo alterado pela construção de inúmeras obras de engenharia tais como: casas,
ruas asfaltadas, postes, calçadões, quiosques, etc.
Com o objetivo de caracterizar as mudanças morfológicas relacionadas à
mobilidade do cordão arenoso, foi realizado um mapeamento de determinadas
feições, como os leques de arrombamento e a crista da restinga.
Praia de Piratininga
Na praia de Piratininga o mapeamento dessas feições morfológicas não foi
possível devido ao elevado grau de modificações realizadas pelo homem neste
ambiente nas últimas décadas, o que levou à descaracterização da restinga.
No entanto, por meio de comparação entre fotografias, fotografias aéreas e
imagens de satélite, de diferentes épocas (1960, 1975 e 2004), foi possível constatar
tais mudanças (figura 69). A fotografia de 1960, por exemplo, mostra Piratininga
antes de ser urbanizada. Nesta época é possível reconhecer na restinga feições que
lembram um incipiente leque de arrombamento. A marcante presença de dunas
frontais aponta para os limites médio de alcance máximo de ocorrência das ondas
de tempestade. Uma escarpa de tempestade proeminente marca o limite interno da
praia e, conseqüentemente, a área vulnerável a ação das ondas de tempestades. Na
fotografia aérea de 1975 foi possível verificar o início do processo de urbanização da
barreira arenosa e a conseqüente destruição parcial da restinga, já completamente
devastada em 2004.
134
135
Praia de Itaipuaçú
A parte oeste da barreira arenosa onde está localizada a praia de Itaipuaçú
vem apresentando inúmeras alterações nas últimas décadas, sobretudo a partir da
década de 90: ondas de ressaca formam e desenvolvem leques de arrombamento
por sobre a vegetação da restinga (figura 70), bem como, removem dunas (figura
71). Essas amplas variações morfodinâmicas têm resultado freqüentemente na
destruição de diversas construções, tais como: casas, muros, avenidas, postes para
a rede elétrica, etc. (figuras 72 e 73). Diante disso, é de grande importância a
realização de estudos objetivando um maior entendimento das variações da barreira
arenosa neste trecho. Sendo assim, foi realizado um perfil topográfico de praia e
restinga em uma área onde os leques de arrombamento são mais expressivos;
mapeamento da crista da restinga e dos leques de arrombamento com o rastreador
geodésico (DGPS) (ambos nas proximidades do perfil B).
Leques de arrombamento
Figura 70 – Parte oeste da praia de Itaipuaçú, onde os leques de arrombamento
são mais expressivos (as setas indicam os leques aqui estudados). Fotografia
aérea gentilmente cedida por Magalhães, M.; 2004 (Nautilus Navegator).
A realização de perfil topográfico neste trecho, envolvendo praia e restinga,
tem por objetivo a caracterização topográfica e o mapeamento de feições
morfológicas como, por exemplo, a crista da restinga; além, da possibilidade de se
estabelecer uma referência para futuras comparações (figura 74).
136
137
138
139
140
A compreensão da mobilidade característica das barreiras arenosas, assim
como as variáveis envolvidas em tal processo, é de extrema importância, sobretudo
se considerarmos a intensa ocupação humana que geralmente ocorre sobre este
ambiente. BOAK & TURNER (2005), ressaltam a importância de se mapear a
posição da linha de costa no presente momento e compará-la com mapeamentos
antigos
e,
principalmente,
procurar
estabelecer
tendências
futuras
de
posicionamento em função da mobilidade da mesma. O mapeamento de uma linha
de costa é comumente realizado por meio de várias ferramentas, tais como:
fotografias históricas e aéreas, mapas e cartas costeiras, perfis topográficos de
praia, GPS diferencial, etc. (BOAK & TURNER, 2005).
Uma definição de linha de costa é geralmente associada à interface, ou limite,
entre o continente e o mar. No entanto, ao nível de mapeamento, o indicador
empregado para representar a linha de costa, dependerá do contexto da
investigação que se pretende realizar. Em função do caráter dinâmico da linha de
costa, inúmeros indicadores têm sido com freqüência utilizados para representar a
posição da linha de costa, como por exemplo: o topo de uma falésia, a crista/limite
da vegetação (seaward) de dunas, escarpas erosivas, o alcance máximo da maré, o
limite da praia sujeito ao alcance das ondas, a linha de arrebentação das ondas, etc.
(BOAK & TURNER, 2005).
A crista da restinga foi aqui empregada como indicador da linha de costa por
acreditar-se ser esta a feição morfológica mais diretamente submetida às alterações
verificadas neste trecho. O mapeamento da crista da restinga na parte oeste da
barreira arenosa possibilitou identificar um deslocamento em direção ao interior do
continente de cerca de 13 metros, levando-se em consideração a posição da crista
da restinga entre 1976 e 2004, o que corresponde a um intervalo de 28 anos (figura
75).
O mapeamento dos leques de arrombamento e a comparação dos mesmos,
também entre 1976 e 2004, permitiu constatar um alargamento destas feições em
direção ao continente. Trata-se de um acréscimo de cerca de 5.000 m2 neste
período para um trecho mapeado de cerca de 400 metros de extensão (figura 76).
Constatou-se que os processos relativos ao desenvolvimento dos leques de
arrombamento são responsáveis pela retirada dos sedimentos da praia e sua
141
redeposição na retaguarda da restinga; os lobos deposicionais frontais dos leques
de arrombamento agora já alcançam o canal existente no limite interno da restinga
atual (figura 71 C).
Estudo realizado por BARROS (2005), com o intuito de classificar a orla de
Maricá quanto ao grau de risco à erosão costeira, utilizou-se da superposição de
fotografias aéreas e comparação entre perfis topográficos transversais. Na praia de
Itaipuaçú, a comparação de tais perfis aponta para um recuo do cordão arenoso de
17,5 metros, entre 1974 e 2004 (o que corresponde a um intervalo de 30 anos). Para
a referida autora, a praia de Itaipuaçú apresenta um grau de risco à erosão
diferenciado ao longo dos seus 10 km: (1) elevado grau de risco à erosão na
extremidade oeste e meio do arco praial; (2) baixo grau de risco na parte leste da
praia.
Dentre os diversos fatores capazes de interferir na estabilidade das barreiras,
mencionados anteriormente, sugere-se que tanto a elevação do nível do mar, quanto
as tempestades sejam os maiores responsáveis pelas alterações observadas na
parte oeste da barreira arenosa em Itaipuaçú, sem desprezar a influência de fatores
antrópicos, como a urbanização e a retirada ilegal de areia. Diversos trabalhos
ressaltam a atual fase de elevação do nível do mar, inclusive no litoral do estado do
Rio de Janeiro (ver capítulo sobre erosão de praias). No tocante às tempestades, é
importante destacar que tem sido constatado nas últimas décadas um aumento no
número e na intensidade das tempestades mais intensas à nível global (WEBSTER,
et al., 2005). Tendências e previsões futuras, tanto no que diz respeito à elevação do
nível do mar quanto à intensificação das tempestades, ratificam tais mudanças, o
que pode resultar na continuidade, e até no aumento, de problemas relacionados
com a instabilidade, tão características dos cordões arenosos, sobretudo os mais
densamente povoados.
142
143
144
4 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES
A realização deste estudo a cerca do comportamento morfodinâmico e
sedimentológico do litoral de Itaipuaçú e Piratininga possibilitou uma melhor
compreensão deste litoral, num intervalo de tempo de cerca de 30 anos. A utilização
sistemática de uma metodologia prática e de baixo custo foi importante para a
execução deste projeto, e os resultados obtidos foram no mínimo satisfatórios, além,
de possibilitarem uma análise dos dados clara e objetiva.
A praia de Itaipuaçú apresentou, durante a realização deste estudo, um
comportamento diferenciado ao longo dos seus 10 km de arco praial, com grandes
variações morfológicas no setor oeste, na área representada pelos perfis A e B. A
comparação dos perfis coletados mais recentemente com dados pretéritos (MUEHE,
1975; SANTOS, 2000; SANTOS & SILVA, 2005), indica que a praia nas últimas 3
décadas vem apresentando um comportamento que, apesar da dinâmica intensa
junto ao perfil A e B, não pode ser caracterizado como erosivo, visto que a atual
largura da praia no meio do arco praial (que variou entre 55 m e 70 m) é semelhante
à verificada na década de 70 (entre 40 m e 65 m). Cabe destacar, que a praia de
Itaipuaçú apresenta um rápido estreitamento no inverno em resposta à ação das
ondas de tempestades predominantes de SW, mas se reconstrói também
rapidamente sob a ação predominante de ondas construtivas, demonstrando com
isso,
elevada
dinâmica
e
susceptibilidade
às
variações
nas
condições
hidrodinâmicas. Perfis coletados no inverno e primavera de 1998 (SANTOS, 2000)
indicam um alargamento de 49 m para este período. Acompanhamento fotográfico
realizado entre verão e inverno de 2004 mostra bem esta dinâmica acentuada: o
perfil A, que media 61 m no verão chegou a zero durante ressaca ocorrida em 19 de
julho, porém, em apenas 51 dias, o perfil voltou a se alargar chegando a cerca de 50
m. As ondas de tempestades provenientes de sudoeste são refratadas e difratadas
pelo costão (Pedra do Elefante), e são as grandes responsáveis pela dinâmica
acentuada neste trecho. A variação na largura, nos monitoramentos realizados entre
a primavera de 1998 e a primavera de 2001, sugere que a corrente de deriva
litorânea transporte areias para oeste. Esta tendência torna a se repetir no
monitoramento realizado no verão de 2005. Essas correntes de deriva litorânea para
145
oeste, são responsáveis pelo transporte lateral de sedimentos, ocasionando o
alargamento da praia nesta direção, o que contribui para a recuperação deste trecho
após eventos de ressacas.
Perfis coletados a partir do verão de 2003 (exceto no verão de 2005) apontam
para um padrão distinto, onde a largura da praia permanece praticamente a mesma
em toda a sua extensão, apesar da grande variabilidade apresentada pelo setor
oeste em resposta às variações nas condições de mar.
A análise granulométrica dos sedimentos superficiais da praia de Itaipuaçú
permitiu constatar uma variação significativa no tamanho das partículas e no grau de
selecionamento ao longo dos 10 quilômetros de praia, assim como, entre frente de
praia e pós-praia. Verificou-se o domínio de areias de fração 1,00 mm (muito
grossa), na extremidade oeste, diminuindo progressivamente para 0,50 mm (grossa)
até a extremidade leste. Verificou-se um aumento gradual do grau de
selecionamento da areia da praia em direção a leste, corroborando com resultados
obtidos por SANTOS (2000).
O mapeamento da crista da restinga e dos leques de arrombamento na parte
oeste da barreira arenosa da praia de Itaipuaçú permitiu estabelecer que este trecho
vem apresentando um comportamento retrogradante, da ordem de 13 metros em 28
anos (1976-2004), o que pode ser constatado pela localização atual da praia em
locais anteriormente (década de 90) ocupados pela vegetação de restinga e dunas.
A restinga vem apresentando inúmeras alterações no período indicado: formação de
leques de arrombamento, desaparecimento de dunas e da vegetação. Tais
variações têm resultado freqüentemente na destruição de construções (casas,
muros, avenidas, postes para a rede elétrica, etc.). Os resultados aqui encontrados
corroboram os apresentados por BARROS (2005), que sugere um recuo médio
dessa linha de costa de 15 metros nos últimos 30 anos.
A praia de Piratininga, por ocasião da realização deste estudo, apresentou
grandes variações morfológicas, principalmente, na largura, o que possibilita
caracterizá-la como dinâmica principalmente nas extremidades leste e oeste, sendo
mais intensa no setor oeste, junto ao perfil A. A comparação dos perfis coletados aos
dados pretéritos (MUEHE, 1975; BASTOS, 1994; SANTOS, 2001; SANTOS et al.,
2005; SANTOS & SILVA, 2005) mostra que a praia nas últimas 3 décadas vem
146
apresentando uma variação na largura característica da dinâmica do próprio
ambiente. A comparação de perfis coletados neste trabalho e mais os coletados por
SANTOS & SILVA (2005), quando comparados com perfis coletados por MUEHE
(1975) em 1974, mostram semelhanças na largura da praia. Os perfis topográficos
realizados no meio do arco praial por MUEHE em 1974 apresentaram largura entre
47 e 62 m. Valores parecidos com o que foi constatado para este estudo, entre 49,5
m e 74,5 m. Desta forma, conclui-se que o comportamento morfodinâmico da praia
de Piratininga não pode ser caracterizado como erosivo. Tal como ocorre em
Itaipuaçú, o setor oeste da praia, perfil A, é o mais dinâmico, e responde com grande
variação morfológica, principalmente na largura, reduzindo-se no inverno e
alargando-se no verão rapidamente em resposta às alterações nas condições de
mar. As diferenças na largura da praia entre verão e inverno neste trecho são
expressivas: houve uma redução de 37 m do verão ao inverno de 2003, seguido de
um alargamento de 50 m no verão e um estreitamento de 41,5 m no inverno de
2004, alargando-se novamente 69 m no verão e estreitando-se 50 m no inverno de
2005. Essa dinâmica acentuada neste trecho parece ser condicionada pela refração
e difração das ondas de ressacas incidentes de sudoeste e pelo costão. A variação
na largura ao longo do arco de praia sugere a ação da corrente de deriva litorânea
predominando para oeste apenas nos monitoramentos realizados no verão de 2004,
2005 e 2006. Monitoramentos realizados no verão de 2001 e 2003 indicam uma
largura relativamente parecida ao longo de toda a praia.
Os resultados da análise granulométrica dos sedimentos superficiais da praia
de Piratininga apontam para uma grande uniformidade quanto ao tamanho e grau de
selecionamento nos cerca de 2,5 quilômetros de arco praial. As areias
predominantes são de fração 0,25 mm, isto é, areias médias, ao longo de toda a
extensão da praia. Constatou-se, um ligeiro aumento do grau de selecionamento da
areia para leste.
A construção em local impróprio de um calçadão e paredão com 4,5 metros
de altura em meio à restinga em Piratininga ocasiona um aumento na energia das
ondas que incidem sobre a praia. A energia das ondas, que normalmente é
dissipada ou atenuada pelas areias da praia, quando da ocorrência de ressacas,
incide diretamente no calçadão, refletindo e aumentando sua capacidade de
147
mobilizar areias para o mar, causando diminuição na quantidade de areia estocada
na praia e constante destruição do calçadão.
Desta forma, conclui-se que as praias de Itaipuaçú e Piratininga apresentam
uma morfodinâmica semelhante. As semelhanças decorrem do fato de que ambas
caracterizam-se por apresentar uma orientação leste-oeste e são limitadas à oeste
(e também à leste em Piratininga) por promontórios rochosos de orientação
nordeste-sudoeste. Apesar de não apresentarem comportamento erosivo, estas
praias merecem atenção especial por se tratarem de praias com elevada
morfodinâmica e podendo se estreitar consideravelmente com as ressacas; e em
Itaipuaçú, a presença de leques de arrombamento e a retrogradação da barreira são
fortes indicadores da mobilidade da barreira arenosa. Em função do rápido processo
de urbanização que vem ocorrendo neste trecho do litoral, nem sempre respeitandose a dinâmica característica deste ambiente, como pode ser constatado com a
construção de obras de engenharia dentro dos limites da praia e a conseqüente
destruição das mesmas, considera-se preocupante a situação dessa região. Esta
situação reforça a necessidade de realização de estudos prévios (muitas vezes de
médio e longo prazo) para a construção de obras de tal porte, sobretudo em se
tratando de ambientes dinâmicos, como é o caso. Para tal, faz-se necessária a
aplicação de conhecimento científico e a integração do poder público, nas suas mais
diversas instâncias, com centros de pesquisa e universidades, para que se possa
pensar em formas de intervenção responsáveis, quando esta for inevitável.
148
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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153
ANEXO I
Tabela com os perfis topográficos realizados ao longo deste trabalho
Nº
Local
Data
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
Praia de Piratininga – PA
Praia de Piratininga – PB
Praia de Piratininga – PC
Praia de Itaipuaçú – PA
Praia de Itaipuaçú – PB
Praia de Itaipuaçú – PC
Praia de Itaipuaçú – PD
Praia de Itaipuaçú – PE
Praia de Piratininga – PA
Praia de Piratininga – PB
Praia de Piratininga – PC
Praia de Itaipuaçú – PA
Praia de Itaipuaçú – PB
Praia de Itaipuaçú – PC
Praia de Itaipuaçú – PD
Praia de Itaipuaçú – PE
Praia de Piratininga – PA
Praia de Piratininga – PB
Praia de Piratininga – PC
Praia de Itaipuaçú – PA
Praia de Itaipuaçú – PB
Praia de Itaipuaçú – PC
Praia de Itaipuaçú – PD
Praia de Itaipuaçú – PE
Praia de Piratininga – PA
Praia de Piratininga – PB
Praia de Piratininga – PC
Praia de Itaipuaçú – PA
Praia de Itaipuaçú – PB
Praia de Itaipuaçú – PC
Praia de Itaipuaçú – PD
Praia de Itaipuaçú – PE
Praia de Piratininga – PA
Praia de Piratininga – PB
Praia de Piratininga – PC
Praia de Itaipuaçú – PA
Praia de Itaipuaçú – PB
Praia de Itaipuaçú – PC
Praia de Itaipuaçú – PD
Praia de Itaipuaçú – PE
Praia de Itaipuaçú (perfil de praia e restinda) – PB
18-02-2004
18-02-2004
18-02-2004
08-03-2004
08-03-2004
08-03-2004
09-03-2004
09-03-2004
09-08-2004
09-08-2004
09-08-2004
10-09-2004
10-09-2004
13-09-2004
17-09-2004
17-09-2004
22-02-2005
22-02-2005
22-02-2005
01-03-2005
01-03-2005
02-03-2005
02-03-2005
02-03-2005
29-08-2005
29-08-2005
29-08-2005
08-09-2005
08-09-2005
10-09-2005
10-09-2005
10-09-2005
23-01-2006
23-01-2006
23-01-2006
06-02-2006
06-02-2006
07-02-2006
07-02-2006
07-02-2006
31-01-2006
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PROJETO DE DISSERTAÇÃO - Universidade Federal Fluminense