Ano V - Número 82
Informativo quinzenal da Pontifícia Universidade Católica de Campinas
16 a 29 de março/2009
www.puc-campinas.edu.br
Fotos: Ricardo Lima
Essa tal felicidade...
A felicidade está na pauta das discussões de cientistas, psicólogos e filósofos. Até a Organização das Nações Unidas
(ONU) reconhece como um medidor do progresso de um
país o índice Felicidade Interna Bruta (FIB). A ciência já
descobriu que a Genética interfere na felicidade de uma pes-
soa; a Psicologia reconhece a influência do ambiente na condição de ‘ser feliz’ e diversas reflexões sobre o tema já foram
feitas por diferentes filósofos, em momentos distintos. Mas
em um ponto os pesquisadores são unânimes: cada um tem
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sua base para a felicidade.
Museu do Futebol
Os alunos Ana Gabriela Pinesso
Prado, da Faculdade de Jornalismo e Ademilson Ramos, da
Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo (FAU) visitaram o
novo Museu do Futebol, localizado no Estádio do Pacaembu,
em São Paulo, com a equipe de
reportagem do Jornal da
PUC-Campinas. O local, que
mescla a tecnologia e a interatividade, conta a história do futebol brasileiro, que faz parte da
cultura do país.
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MURAL
PATATIVA DO ASSARÉ: 100 ANOS
O maior poeta
popular do Brasil e
da América Latina,
o cearense Patativa
do Assaré,
completaria cem
anos se estivesse
vivo. Cantado em
verso e prosa,
Patativa teve seus
versos musicados por grandes nomes da
música brasileira, como Luiz Gonzaga,
Fagner, Chico Buarque e pelo grupo
pernambucano Cordel do Fogo
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Encantado.
De 23 a 25 deste mês, uma Comissão Externa de Avaliação Institucional do MEC visitará a PUC-Campinas.
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16 a 29 de março/2009
Jornal da PUC-Campinas
Editorial
Cultura autoritária alimenta a impunidade
alar da impunidade é falar de um problema que vivenciamos no cotidiano. Não só porque parece “faltar” algo quando os meios de comunicação não nos mostram algum fato novo, mas, sobretudo, porque
sentimos na carne a lentidão da justiça quando se trata de lidar com
os pobres e na sua presteza em acudir os poderosos. Mais ainda: uma lentidão posta a serviço dos que têm meios de garantir indefinidamente a tramitação dos processos de que são vítimas. E, se condenados, as garantias de
“prisão especial”, de habeas corpus, fatos tão corriqueiros que levam a um
descrédito generalizado nas instituições, mais especificamente naquelas ligadas à justiça. Há também uma espécie de reação. A sociedade organizada
consegue assegurar direitos antes inimagináveis. Os meios de comunicação
vivem dos anunciantes – poderosos – mas, para assegurar a fidelidade do
leitor, dão espaço à defesa do consumidor. Também faz parte da realidade
uma reação surda presente em ditos populares, como aquele dito no Brasil
que só vão presos os pobres, negros e prostitutas. E aqueles que dão de ombros
quando injustiçados, pois sabem, de antemão, que perderão tempo, saúde
com carimbos, atestados, documentos, provas. Resignar-se como tentativa de
manter a sanidade.
O que temos aqui é um dos retratos da sociedade de classes, suficiente para
levar muitas pessoas a verem a Constituição Brasileira, que preconiza como fundamento a igualdade de todos perante a lei, como ideologia em estado puro. O
risco dessa visão é ignorar que essa afirmação fundante é a garantia que, no
mínimo, permite lutar por garantias e conquistas, ainda que pequenas.
Uma longa tradição histórico-cultural, marcada por um viés autoritário,
F
constitui característica de nossa formação social. O fenômeno do coronelismo,
a política da troca de favores, do apadrinhamento contribuíram para, de forma velada, ocultar o braço do forte que oprime o fraco. A opressão aparece sob
a marca do favor. Marco de uma cultura autoritária. Torna os poderosos ciosos de sua dignidade e certos de sua impunidade. Não fora isso o que levaria
a norte-americana Dorothy Stang, religiosa de 78 anos, desarmada, a caminho de seu trabalho com os pobres, a ser morta por pistoleiros? Uma visão
moralista pode reduzir isso à crueldade e até mesmo a desvios comportamentais, explicáveis por uma psicologia de manual. E, anos depois, nenhum dos
responsáveis estar preso?
Costuma-se ver no Livro de Jó uma espécie de convite à aceitação da "impunibilidade", um elogio à paciência, mesmo quando a vida pessoal e social não
justifica qualquer espécie de castigo. Antonio Negri, intelectual, ex-militante da
luta armada na Itália nos anos 70, redescobre Jó. Um homem que não confunde existência e destino. Face à prova a que é submetido por Deus, Jó não se
arrepende, não se retrata, não se justifica. Redescobre-se a si mesmo no momento em que se defronta com o infinito e o santo do qual é criatura: é colhido por
sua finitude ao receber a revelação de um infinito.
O poeta espanhol Rafael Alberti faz uma leitura política dos aparentemente
impunes. Sua situação de impunidade assemelha-se à morte. Homenageando
o poeta Pablo Neruda, diz dos ditadores: “No morireis, cuervos sangrientos de
sangrientas uñas; no morireis porque estais muertos !”
Padre Wilson Denadai
Reitor da PUC-Campinas
Notas
Professor da PUC-Campinas
recebe título de Pesquisador Sênior pelo CNPq
Comissão Europeia quer
atrair jovens brasileiros
Agenda
Fotos: Ricardo Lima
O professor e assessor da Pró-Reitoria de Graduação da
PUC-Campinas, Newton César Balzan, recebeu, no mês de
fevereiro, do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), o título de Pesquisador
Sênior, considerado o grau máximo da carreira de pesquisador. Recebem o título apenas os pesquisadores que tenham
uma constante produção científica em sua área de atuação e
mais de 10 anos de carreira como pesquisador na categoria 1A, considerado o mais alto nível de pesquisa do CNPq.
Com a nova denominação, o professor terá seu título
renovado a cada seis anos, além de continuar como avaliador
de projetos e pedidos de bolsa. De acordo com o docente, o
novo cargo é um reconhecimento do trabalho como pesquisador. “É um passo importante, porque a carreira como pesquisador exige muita dedicação”, afirmou o professor.
A carreira de Balzan como pesquisador no CNPq começou em 1986, mas desde 1975 ele orienta teses, dissertações, trabalhos científicos e teve textos publicados em livros e revistas acadêmicas. Formado na área de Ciências
Humanas (Geografia e História) pela Universidade de São Paulo (USP), ele fez seu doutorado em Educação na USP
e UNESP e seu pós-doutorado na Universidade de Boston, nos Estados Unidos.
Há 22 anos como professor da PUC-Campinas, Balzan sempre dedicou suas pesquisas a temas relacionados à
avaliação de ensino superior, avaliação institucional e formação de professores. Além de ser professor titular da PUCCampinas, ele é docente aposentado pela Unicamp. Para o professor, títulos como o do CNPq são um incentivo
para a pesquisa no país. “O Brasil precisa de pesquisa em muitas áreas básicas, com destaque à área educacional. As
pesquisas dão vida ao ensino em salas de aulas e laboratórios, exigem muita reflexão, atualização permanente e dedicação por parte do pesquisador”, disse.
Professor de Filosofia lança livro de
elaboração de projetos e monografias
O professor da Faculdade de Filosofia e Direito
e coordenador do Núcleo de Pesquisa, do
Centro de Ciências Humanas Sociais Aplicadas
(CCHSA) da PUC-Campinas Samuel Mendonça lança este mês o livro ‘Projeto e
Monografia Jurídica’, que, na sua 4ª edição, está
totalmente atualizado. A publicação tem como
objetivo orientar os estudantes de Direito e
também os da área de Ciências Humanas na elaboração de projetos. Entre os temas abordados
pelo livro estão normas técnicas da ABNT e discussões relativas à teoria do conhecimento. O livro já está à venda no site www.millenniumeditora.com.br e custa R$ 22,00.
A Comissão Europeia escolheu o Brasil como foco
do programa educacional “Study in Europe”, em
2009. O objetivo é atrair os jovens brasileiros às instituições de ensino superior de 32 países europeus,
como Reino Unido, França, Portugal, Islândia,
Lituânia e República Checa, entre outros. No ano
passado, mais de 12 mil brasileiros estudaram em
universidades europeias. Criado em 2007, o “Study
in Europe” é um projeto destinado a jovens de todo
o mundo, embora, neste momento, o foco da
Comissão Europeia sejam os países que compõem
o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). A opção
deve-se pelo fato de que essas nações apresentam
potencial econômico e um grande número de estudantes. No ano passado, o alvo foi a Rússia e, em
2009, as atenções se voltam para o Brasil.
O programa “Study in Europe” será oficialmente
apresentado no Brasil durante a ExpoBelta, tradicional feira de educação, que ocorre de 27 a
29 de março, na capital paulista. Mais informações podem ser obtidas por meio do site www.study-in-europe.org. Nesse espaço, os interessados
encontram, em português, dados sobre os países participantes, as universidades e o que é
necessário para viver e estudar no exterior.
Missa dos Universitários
No próximo dia 29, às 19 horas, será realizada
a Missa dos Universitários da Paróquia Divino
Salvador, presidida pelo padre João Batista
Cesário, da Pastoral Universitária da PUCCampinas. Na ocasião, serão homenageados
os alunos que ganharam o concurso para criação do cartaz da Campanha da Fraternidade
2009 e os professores orientadores da Agência
Experimental (Agex), da Faculdade de
Publicidade e Propaganda, do Centro de
Linguagem e Comunicação (CLC), da
PUC-Campinas. A Igreja está localizada na
Avenida Júlio de Mesquita, 126, Cambuí.
16 a 26/03
Período de inscrição
para o Processo
Seletivo do Crédito
Educativo APLUB
17/03
Divulgação do cronograma das atividades de
Monitoria para o 2º
semestre de 2009
19/03
Reunião do CONSUN
23/03
Início das atividades de
Iniciação à Extensão
27/03
Data-limite para
pedido de trancamento
de matrícula dos alunos
dos cursos de
Graduação e dos
cursos dos Programas
de Pós-Graduação
stricto sensu
Desenvolvimento regional
é tema de palestra
A Faculdade de Ciências Econômicas da
PUC-Campinas realiza no dia 20 de março a
palestra “A discussão sobre a importância do
desenvolvimento regional no processo de desenvolvimento econômico nacional”. Ministrada pela
diretora do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), Liana Maria da Frota Carleial, a
palestra tem como objetivo discutir a importância
do desenvolvimento regional para a economia
nacional. O evento será realizado no Auditório
Dom Gilberto, no Campus I, às 19h30.
Expediente
Reitor- Padre Wilson Denadai; Vice-reitora - Angela de Mendonça Engelbrecht; Conselho Editorial - Wagner José de Mello, Rogério Bazi e Sílvia Regina Machado de
Campos; Coordenador do Departamento de Comunicação - Wagner José de Mello; Editora - Ciça Toledo (MTb. 14.181); Repórteres - Adriana Furtado, Ana Paula Souza
e Raquel Lima; Revisão - Marly Teresa G. de Paiva; Fotografia - Ricardo Lima; Tratamento de Fotos - Marcelo Adorno; Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica - Neo Arte;
Impressão - Grafcorp; Redação - Campus I da PUC-Campinas, Rodovia D. Pedro I, km 136, Parque das Universidades. Telefones: (19) 3343-7147 e 3343-7674. E-mail:
[email protected]
Jornal da PUC-Campinas
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03
Opinião
Um basta à impunidade
Dalmo de Abreu Dallari
o ponto de vista jurídico, a punição
não é um ato de vingança ou um castigo, mas sim um ato de justiça. Para
que se caracterize a punição e para que ela não
se confunda com alguma forma de violência
contra a pessoa humana, é indispensável que
sejam atendidos vários pressupostos, como a
existência de regras jurídicas previamente estabelecidas que deem a base legal para o exercício, com legitimidade do direito de punir. Mas
é importante acrescentar que, observados os
pressupostos legais, a punição, além de ser um
direito, é uma obrigação, não uma faculdade
da autoridade que tem competência legal para
punir os faltosos. Não pode a autoridade pública, a seu arbítrio, conceder privilégios de qualquer espécie, criando uma categoria de criminosos privilegiados e deixando de cumprir sua
obrigação de punir.
Um ponto essencial que deve ser ressaltado para que se perceba que a impunidade
prejudica direitos de todo o povo é que o direito de punir não decorre de alguma convicção
política específica ou dos interesses de algum
governo, mas está sempre ligado a um interesse social. Com efeito, aquele que pratica ato
ilegal em prejuízo do interesse público causa um
D
Galeria
“É tempo de se iniciar
uma intensa campanha
de âmbito nacional
pela punição dos
corruptos, envolvendo-se
nessa campanha os
mais diversos segmentos
da população, órgãos
da grande imprensa e
também autoridades
que prezem sua
dignidade…”
dano imediato a todo o povo, mas, além disso,
causa também um prejuízo indireto pela desmoralização das instituições e pelo desvio ilegal
de recursos que deveriam ser usados no atendimento de necessidades essenciais da população.
Assim, pois, existe interesse social na punição dos
faltosos, o que torna necessária a punição quando ocorrer uma hipótese em que ela é cabível.
Cabe lembrar aqui a lição do grande jurista italiano Cesare Beccaria, quando, na sua obra clássi-
ca sobre os delitos e as penas, observa que, mais
do que a intensidade da pena, o que importa é a
certeza da punição, que pode desencorajar a reincidência. Em sentido oposto, haverá incentivo à
prática de novos crimes se o autor e outros que
pretenderem seguir o mesmo caminho tiverem
a certeza de que em relação a eles estará garantida a impunidade.
Tudo isso merece especial atenção no Brasil
de hoje pela ocorrência de práticas flagrantemente
ilegais e obviamente antissociais, cujos autores,
escudados no poder econômico ou encastelados
em altos postos da vida pública e protegidos por
autoridades e agremiações políticas coniventes,
têm a convicção de gozarem do privilégio da mais
absoluta impunidade. Essas ilegalidades manifestas ocorrem em contratações por órgãos públicos, assim como na distribuição de recursos públicos por critérios imorais e ilegais, visando, antes
de tudo e sem qualquer consideração pelo interesse público, o favorecimento de amigos, parentes e sócios na distribuição dos recursos. Isso também ocorre na prática de fraudes financeiras, de
contrabando e de sonegação fiscal. Muitas denúncias dessas ilegalidades, apesar de bem fundadas,
são sufocadas pelos que têm o dever de punir os
corruptos. E os autores, às vezes protegidos e
auxiliados por agentes públicos da mais elevada
posição hierárquica, estão absolutamente segu-
ros de sua impunidade e, por isso, persistem
nas práticas ilegais e altamente prejudiciais aos
interesses do povo brasileiro. É tempo de se
iniciar uma intensa campanha de âmbito nacional pela punição dos corruptos, envolvendose nessa campanha os mais diversos segmentos da população, órgãos da grande imprensa
e também autoridades que prezem sua dignidade, tenham verdadeiro espírito público e não
fiquem intimidadas pela força econômica ou
política dos corruptos. Quem tem o direito de
punir tem também o dever de impedir a impunidade dos que menosprezam o direito, os
interesses e a dignidade do povo brasileiro.
Arquivo pessoal
Dalmo de Abreu Dallari é jurista e professor
Emérito da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo
O QUE VOCÊ ACHA QUE DEVE SER FEITO PARA ACABAR COM A IMPUNIDADE NO BRASIL?
Fotos: Ricardo Lima
“O que vale na hora
de votar, para a
maioria das pessoas,
é a aparência do
candidato. E se o
político tiver uma
boa apresentação e
retórica, fica mais
fácil manipular as
pessoas. Nesse
caso, é difícil conter a impunidade política, já
que há muitos corruptos no governo.”
Marcelo Magalhães - Aluno do
2º ano da Faculdade de Filosofia
“Creio que poderia
haver leis que
acompanhassem de
perto o trabalho
dos parlamentares,
para que fique mais
difícil de se praticar
a corrupção.
Acredito que a
população deveria
ser mais participativa na escolha dos políticos.”
Nayla Toretta – Aluna do 4º ano da
Faculdade de Jornalismo
“É difícil pensar
em acabar com a
impunidade,
porque existe todo
um sistema que
impede. Mas
acredito que as
pessoas deveriam
pesquisar mais
sobre a vida dos
candidatos, na época das eleições, para observar
o caráter de quem estão votando.”
Fabiano Facio – Aluno do 1º ano da
Faculdade de Publicidade e Propaganda
“Penso que
faltam exemplos
para os jovens,
tanto por parte
dos pais, quanto
da parte política
desse País. É
necessário que
os jovens tenham
bons exemplos,
para que nosso
povo seja mais honesto.”
Márcia Miranda – Assistente Administrativa
do Comitê de Ética da PUC-Campinas
“O Brasil deveria
investir mais em
cultura, para que
a população
tivesse mais
conhecimento e,
assim, mais
argumentos e
poder de palavra
para exigir uma
postura ética dos políticos.”
Marcos Antônio Souza – Funcionário
da PUC-Campinas e aluno
de Engenharia Elétrica
“A questão da
impunidade
refere-se a um
modelo de estado
ineficiente, que age
com distinção de
classes na hora
de cobrar
cumprimento de
leis. Fazer com que
todos sigam as leis igualitariamente é uma forma
de combater a impunidade.”
Geisa Mendes – Professora da
Faculdade de Pedagogia
“A partir do momento
que se cumpram as leis
existentes e os direitos
e deveres de toda a
população, de maneira
justa e igualitária,
já estaremos
combatendo a
impunidade. Acredito
que a mídia tem um
papel fundamental na fiscalização das
atividades do poder público.”
Paulo Lot Júnior – Professor da
Faculdade de Administração
“Acho que o
primeiro passo
é criar uma
consciência
política para que
as pessoas
descubram o
que é ser
cidadão e,
assim, fiquem
conscientes de seus direitos e deveres para
com a comunidade que vivem.”
Orlanda Dias Rodrigues – Aluna da
Faculdade de Filosofia
Imagem
AULA MAGNA O senador da República
Pedro Simon (PMDB-RS)
esteve, no dia 9 de março,
na PUC-Campinas para
ministrar no Auditório Dom
Gilberto, no Campus I, a
Aula Magna 2009, que
marca o início do ano letivo
da Universidade. A aula teve
como tema a Campanha da
Fraternidade 2009, que é “A
paz é fruto da justiça”. No
mesmo dia, o senador
visitou o Centro de Ciências
da Vida (CCV) e o Hospital e
Maternidade Celso Pierro da
PUC-Campinas, no
Campus II, acompanhado
pela vice-reitora Angela de
Mendonça Engelbrecht, pelo
diretor da Faculdade de
Medicina, José Espin Neto e
outros diretores, professores
e funcionários.
Fotos: Ricardo Lima
O critério
“O
DA
IMPUNIDADE
não É
jurídico, é
MORAL”.
Juarez Tavares, doutor em Direito,
é subprocurador-geral da República.
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04
Jornal da PU
polêmica
Qual é a
base da sua
felicidade?
“Acredito que conquistar
os meus objetivos e
alcançar o sucesso
profissional é a base da
minha felicidade.”
Luis Torres – Aluno do
2º ano da Faculdade
de Odontologia
FELICIDADE est
Tema é objeto de
discussão da ciência,
Psicologia e Filosofia.
Até a Organização das
Nações Unidas (ONU)
reconhece o índice
Felicidade Interna Bruta
(FIB) como um medidor
do progresso de um país
Raquel Lima
[email protected]
“A minha felicidade é o
meu jardim. Nos finais de
semana, passo mais de
três horas cuidando dele,
faço isso há 20 anos.”
Ângela de Campos
Trentin – Diretora da
Faculdade de Nutrição
“Escutar os problemas das
pessoas e ajudar da
melhor maneira possível,
na base da conversa.”
Antonio Carlos Valota
Francisco – Aluno
do 1º ano da Faculdade
de Psicologia
“A minha felicidade
está na religião cristã e
para alcançá-la é preciso
estar bem
espiritualmente.”
Andrius Sperque –
Aluno do 2º ano da
Faculdade de
Engenharia de
Computação
“A minha felicidade está
em ajudar os jovens e
crianças a resgatar
valores desgastados,
como a família e amigos.”
Adriana Angélica dos
Santos - Funcionária
do Departamento de
Serviços Gerais
Foi o ateniense Sócrates (470-399 a.C.) quem
iniciou a discussão, há mais de dois mil anos.
Mas hoje, em pleno século 21, a humanidade
ainda busca respostas sobre a felicidade. O que
é, onde e como encontrá-la? Será que todos
podem ser felizes? É possível atingir a felicidade plena?
A ciência já descobriu que a genética interfere, sim, na felicidade de uma pessoa. “Pesquisas
já comprovaram que há genes que a favorecem.
Esses genes, porém, não necessariamente trazem felicidade, mas oferecem o potencial para
que a pessoa seja feliz”, explicou o professor da
Faculdade de Biologia, do Centro de Ciências
da Vida (CCV) da PUC-Campinas, Edmilson
Ricardo Gonçalves.
Por que isso ocorre? “Esses genes comandam a produção de determinados neurotransmissores, relacionados à sensação de bem-estar,
como a endorfina, que é liberada, por exemplo,
quando comemos chocolate ou praticamos exercícios físicos”, declarou. O que ainda falta, no
entanto, é a identificação desses genes para o
aprofundamento dos estudos. “Temos 26 mil
genes e não sabemos a função da metade deles”,
argumentou.
A própria Psicologia se rendeu à felicidade.
Há cerca de 20 anos os estudos sobre sentimentos negativos, como a tristeza, a angústia e
a raiva, passaram a dividir espaço com a chamada ‘Psicologia Positiva’, que tem como objetivo analisar a relevância das emoções boas para
o nosso equilíbrio físico e mental. “É de extrema importância que a Psicologia tenha a preocupação com tais aspectos, buscando descrever
as contingências que controlam as emoções
positivas, tais como a felicidade, pois, ao fazêlo, estará ajudando na promoção de uma vida
mais feliz e bem-sucedida”, disse Sofia Helena
Porto Di Nucci, professora da Faculdade de
Psicologia, do CCV.
É a partir da Psicologia que compreendemos a influência do ambiente em que vivemos
no nosso grau de felicidade. “Com Skinner, psicólogo norte-americano, aprendemos que nossas emoções, tal como todos os comportamentos, são resultado de mecanismos que envolvem aspectos ontogenéticos e o ambiente.
Portanto, ‘ser feliz’ é uma condição que aprendemos ao longo de nossa vida, com as pessoas
com quem convivemos e com as condições que
esse ambiente nos dispõe”, analisou. “A vivência da felicidade vem do aprendizado diário de
conhecer e expressar os desejos e sentimentos,
construindo os próprios projetos de vida e
F
Acima, o
professor do
Centro de
Ciências da Vida
(CCV) da
PUC-Campinas
Edmilson Ricardo
Gonçalves; ao
lado, o professor
da Faculdade de
Filosofia da
PUC-Campinas
Arlindo Ferreira
Gonçalves Júnior e
acima, à direita, a
professora da
Faculdade de
Psicologia Sofia
Helena Porto
Di Nucci
empenhando-se para realizá-los. À medida
que o ambiente nos ensina a lidar desse modo
com nossas emoções e nos gratifica pelas conquistas que geram tais emoções, este tem papel
fundamental na construção da felicidade do ser
humano”.
Filosofia
Diversas reflexões sobre o tema já foram feitas por diferentes filósofos, em momentos distintos. De acordo com Arlindo Ferreira Gonçalves
Júnior, professor da Faculdade de Filosofia da
PUC-Campinas, dentre algumas concepções de
felicidade presentes na antiguidade, a noção desenvolvida por Aristóteles (384 a 322 a.C.) é a que
merece destaque para a história da filosofia.
“Aristóteles a faz reconhecer como sendo a própria realização de determinados bens, tais como
a virtude e a sabedoria, e tende a identificá-la
como uma atividade de
rado, associando-a com
plação”, explicou.
O professor de Filo
mação de Bertrand R
várias noções filosófica
feitas as necessidades vitais,
de, para maioria dos hom
trabalho e de suas relações
No entanto, Gonça
uma importante contri
temporânea, principalm
sua interpretação, está
lógica, sobretudo ao co
felicidade como finalid
“Daí, podemos compre
a satisfação de estar cu
entre tantos, mas o dev
os poros da existência”
UC-Campinas
16 a 29 de março/2009
05
tá na pauta do dia
e caráter racional e modem a faculdade de contem-
osofia escolheu uma afirRussel para sintetizar as
as atuais: “Uma vez satisa felicidade profunda depenmens, de duas coisas: de seu
s com os outros”.
alves Júnior ressaltou que
ibuição da filosofia conmente pela atualidade de
na corrente fenomenoompreender a noção de
dade da vocação pessoal.
eender a felicidade como
umprindo não um dever
ver que preenche todos
”, explicou.
Qual é a
base da sua
felicidade?
Fotos: Ricardo Lima
“Moro longe da minha
família, então, quando
volto pra casa tento ao
máximo aproveitar os
momentos juntos.”
Giullian de Castro –
Aluna do 2º ano da
Faculdade de Ciências
Biológicas
“Manter um bom
relacionamento no
trabalho e com a família e
ter tempo para atividades
como fotografia e
cinema.”
Lineu Fonseca –
Professor da Faculdade
de Medicina
FIB, O ÍNDICE DE FELICIDADE
A felicidade pode ajudar no desenvolvimento de
uma cidade ou país? Para o índice de Felicidade
Interna Bruta (FIB), sim. O conceito surgiu em
1972, no Butão, com o objetivo de permitir o
desenvolvimento social e econômico do país. O FIB
avalia questões como educação de qualidade,
bem-estar psicológico, grau de felicidade, proteção
ambiental, acesso à cultura, além dos Índices de
Desenvolvimento Humano (IDH) conforme
preconizado pela Organização das Nações Unidas.
Para o diretor adjunto da Faculdade de
Administração, Francisco Prisco Neto, o FIB permite um despertar da
conscientização da sociedade. “As pessoas terão uma nova visão sobre
desenvolvimento econômico e vão se dar conta dos danos que algumas atitudes
podem causar para o país e para suas vidas”, explicou o professor.
Na França, o presidente Nicolas Sarkozy instituiu uma comissão visando a proposição de um indicador que exprima também a felicidade e danos ambientais. Na
Inglaterra está sendo desenvolvido um indicador que avalie a felicidade do planeta
(Happy Planet); a China está desenvolvendo o PIB verde, pois descobriram que o
PIB cresce em média 10 % ao ano, mas após os expurgos dos danos causados à
natureza e sociedade esse número cai para "0". Finalmente no Canadá as autoridades estão estudando indicadores que demonstrem não só o desenvolvimento
econômico, como o bem-estar das pessoas. Aqui, no Brasil, o FIB foi colocado em
prática na cidade de Angatuba e no mês de outubro de 2008, a cidade de São Paulo
sediou a 1º Conferência Nacional sobre FIB.
De acordo com a professora Sofia, para a
Psicologia não há uma definição sobre o que é
felicidade, mas considerações sobre que condições produzem tal sentimento. Ela explicou
que, de acordo com o norte-americano Martin
Seligman (um dos expoentes da Psicologia Positiva) a felicidade é a soma de três coisas diferentes: prazer, engajamento e significado.
Segundo ele, o prazer está relacionado a sensações positivas como, por exemplo, as que as pessoas costumam sentir no corpo quando estão
dançando uma boa música.
Já o engajamento, explicou ela, é caracterizado pela ênfase no envolvimento que a pessoa tem
em relação à sua vida, é uma pessoa que tem uma
participação muito ativa na vida. “O significado
é nada mais do que a sensação de que nossa vida
faz parte de algo que tem um significado maior.
Segundo esse cientista, a busca da felicidade deve
ser feita considerando esses três aspectos, não
adianta se focar em apenas um, como por exemplo, o prazer sem se atentar para os outros dois.”
“Assim, podemos nos sentir felizes diante de algumas situações gratificantes e prazerosas, mas trata-se de um estado ou uma condição momentânea”, completou.
“Respeito é a base da
minha felicidade. Assim
que passarmos a respeitar
mais as pessoas e o mundo
à nossa volta seremos mais
felizes.”
Daniel Malhado – Aluno
do 2º ano da Faculdade
de Medicina
“A felicidade começa
dentro de casa. A partir
disso, conquistamos
outras coisas que nos
fazem bem.”
José Roberto Tessarollo
– Funcionário do
Departamento de
Serviços Gerais
“Impossível necessário”
Na opinião do professor da Faculdade de
Filosofia, não é possível atingirmos a felicidade
plena. “Se eu considerar que a felicidade é aquilo pelo qual designo a realização da pretensão de
minha biografia, e considerando que sou um ser
projetivo, lançado sempre adiante, não posso
considerar a ideia de felicidade plena, uma vez que
me reinvento a cada instante e sou condenado a
isso”, disse. “Creio que a essência da felicidade
seja sua condição de ‘impossível necessário’.”
“Está na convivência com
os amigos, poder contar
com eles para tudo,
desde resolver problemas
ou mesmo um simples
bate-papo.”
Mariana Kry – Aluna do
1º ano da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas
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16 a 29 de março/2009
Jornal da PUC-Campinas
In loco
Universidade é
avaliada pelo MEC
Comissão de especialistas avalia as atividades da Universidade,
bem como sua infraestrutura e responsabilidade social
Ciça Toledo
[email protected]
De 23 a 25 deste mês, a PUC-Campinas receberá a visita da
Comissão Externa de Avaliação Institucional, designada pelo Ministério
da Educação (MEC). Essa é a primeira vez que a Universidade é avaliada institucionalmente por uma Comissão Externa. O objetivo da
visita in loco dos especialistas é avaliar a qualidade das atividades de
Ensino, Pesquisa e Extensão desenvolvidas pela Universidade. Assim,
além das políticas que orientam as atividades-fim da PUC-Campinas,
serão avaliadas outras dimensões da vida universitária, como, por
exemplo, as relações com a sociedade, a responsabilidade social, a
infraestrutura de laboratórios e bibliotecas, os recursos humanos
docente e técnico-administrativo, bem como a gestão.
Esse processo de avaliação foi instituído pela Lei nº 10.861/04, que
criou o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES.
A partir da publicação da Lei, foi constituída, naquele ano, a Comissão
Própria de Avaliação - CPA da PUC-Campinas.
A atribuição da CPA é coordenar todos os processos internos de
avaliação das atividades de Ensino, Pesquisa, Extensão e gestão aca-
dêmico-administrativa, organizar e encaminhar ao MEC-INEP relatórios com os resultados dos processos avaliativos realizados pelos
diferentes setores, bem como divulgar dados e informações à comunidade interna e externa.
Na PUC-Campinas, os trabalhos da CPA são apoiados pelo Núcleo
Técnico de Avaliação - NTA, que também organiza Boletins periódicos para divulgação da Avaliação Institucional e já publicou cinco
números do Cadernos de Avaliação, visando socializar os resultados
dos projetos de autoavaliação, realizados no âmbito do Programa de
Auto-avaliação Institucional - PROAVI.
Segundo o coordenador da CPA, professor Pe. José Benedito de
Almeida David, a Universidade tem longa tradição no que se refere
à avaliação. Em 2004, a CPA resgatou, sistematizou e organizou os processos avaliativos já desenvolvidos pela Universidade, integrando-os
às diretrizes do SINAES. O coordenador ressalta que essa trajetória
de avaliação conta com a contribuição de muitos professores, funcionários e alunos. “Ela confirma a busca permanente da PUCCampinas para consolidar, com qualidade, sua identidade e missão
enquanto universidade católica e comunitária”, explica.
Ricardo Lima
VOCÊ SABIA?
A PUC-Campinas tem longa tradição no
que se refere à autoavaliação. Em 1984,
apresentou na III Conferência de
Educação, realizada em Niterói (RJ), os
resultados de uma pesquisa que fez
parte do projeto “A participação do aluno
como base para a re-estruturação da
Universidade”. Esta pesquisa, pioneira
no país à época, envolveu cerca de 10 mil
alunos e contribuiu de forma significativa
com indicadores importantes para a
elaboração e aprimoramento do Projeto
Pedagógico Institucional.
Avaliação do ensino de graduação
A Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) desenvolve, desde 2006, o projeto
Avaliação do Ensino, que tem como objetivo ouvir alunos e professores sobre a qualidade de ensino da graduação, visando seu
constante aprimoramento. “Essa avaliação
configura-se como um processo pedagógico
de crescimento das pessoas e qualificação das
práticas pedagógicas, tendo como foco principal a sala de aula”, explica o Pró-Reitor de
Graduação, Germano Rigacci Junior.
Com um Grupo de Trabalho coordenado pelo professor Arnaldo Lemos, a PROGRAD tem promovido, desde o início do
processo, reuniões nos Centros e Faculdades,
tanto para discussão dos instrumentos de avaliação, quanto para socialização e discussão
dos resultados e encaminhamento de ações
que possam superar dificuldades e avançar na
qualificação das atividades de ensino.
Em 2008, além da avaliação feita pelos alunos, também os professores puderam avaliar
as condições de ensino, como salas de aula,
bibliotecas, equipamentos e também aspectos do desenvolvimento curricular, como o
Estágio e o Trabalho de Conclusão de Curso,
entre outros.
“Hoje contamos com uma série histórica na avaliação realizada pelos alunos, com
uma média acima de 6.500 alunos que respondem voluntariamente à avaliação, a cada
semestre, de forma que podemos constatar
a importância dos resultados obtidos para o
redirecionamento de muitas questões pedagógicas nas Faculdades e Centros, bem como
uma importante contribuição para o
Programa de Autoavaliação Institucional, o
PROAVI”, explica.
Reunião da
Comissão
Própria
de Avaliação
(CPA), da
PUC-Campinas
A PUC-Campinas participou
voluntariamente, em 1994, do Programa
de Avaliação Institucional das
Universidades Brasileiras - PAIUB. A
Universidade apresentou seu projeto
de autoavaliação institucional, que foi
aprovado pelo MEC. Esse projeto
constituiu a base do Programa de
Autoavaliação “Conhecer para
Aprimorar”, que desde 1998 desenvolve,
juntamente com todos os setores da
Universidade, diferentes projetos de
avaliação do Ensino, da Pesquisa, da
Extensão e da gestão acadêmico-pedagógica.
O SINAES avalia as instituições, os cursos e
o desempenho dos estudantes por meio
do Exame Nacional de Desempenho dos
Estudantes - Enade, do processo de
autoavaliação, da avaliação externa e da
avaliação dos cursos de graduação.
Os resultados das avaliações permitem que
seja traçado um verdadeiro raio X da
realidade dos cursos e das instituições de
educação superior do País, tendo em vista
a melhoria de sua qualidade. Os processos
avaliativos são coordenados e
supervisionados pela Comissão Nacional
de Avaliação da Educação Superior Conaes. A operacionalização é de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira -Inep.
Jornal da PUC-Campinas
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16 a 29 de março/2009
MURAL
Fotos:Reprodução
Tenho na vida um tesôro
Que vale mais de que ôro:
O meu liforme de côro,
Pernêra, chapéu, gibão.
Sou vaquêro destemido,
Dos fazendêro querido,
O meu grito é conhecido
Nos campo do meu sertão.
(trecho do poema “O vaqueiro”)
Seara do cordel do Ceará
Ricardo Lima
[email protected]
O maior poeta popular do Brasil e da América
Latina, Patativa do Assaré, se estivesse vivo completaria cem anos, nascido na longínqua Serra de Santana,
a três léguas do município de Assaré, na região do
Cariri cearense. Ficou conhecido por seus versos de
cordel, marcados pela oralidade rara, propagando e
preservando a consciência e o povo nordestino.
Cantado em verso e prosa, Patativa (que é nome de
um pássaro, de canto melacólico e triste) teve seus versos musicados por grandes nomes da música brasileiSetembro passou, com outubro e novembro ra, como Luiz Gonzaga,
Fagner, Chico Buarque e
Já tamo em dezembro.
pelo grupo pernambucaMeu Deus, que é de nós?
no Cordel do Fogo EnAssim fala o pobre do seco Nordeste,
cantado. O trabalho do
Com medo da peste,
poeta ultrapassou as fronDa fome feroz.
teiras do Brasil e foi estu(trecho do poema “A triste partida”,
dado na cadeira de
gravado por Luiz Gonzaga)
Literatura Popular Universal, sob a regência do professor Raymond Cantel,
na Universidade de Sorbonne, na França, além de ser
homenageado pelo então presidente da República
Fernando Henrique Cardoso, recebendo a medalha
“José de Alencar”.
Para a professora Teresa de Moraes, da Faculdade
de Letras, especialista em literatura brasileira, Patativa
do Assaré era um gênio da literatura, porque produ-
Seu doutor me dê licença pra minha história contar.
Hoje eu tô na terra estranha, é bem triste o meu penar
Mas já fui muito feliz vivendo no meu lugar.
Eu tinha cavalo bom e gostava de campear.
E todo dia aboiava na porteira do curral.
(trecho do poema “Vaca estrela e boi fubá”)
zia versos clássicos, com padrão erudito. “Considero
o Patativa do Assaré um gênio da literatura por ser uma
pessoa que não teve muitas condições de estudo, mas
adorava literatura e desde muito novo já proclamava
trechos da obra de Camões em praças", avalia.
No Ceará, uma das iniciativas para comemorar o
centenário do poeta foi a criação de um Museu
Temático na casa em que morava Patativa (de taipa,
chão batido, coberta com telhas artesanais), onde os
visitantes podem ter contato com o mundo retratado pelo poeta.
Em São Paulo, a Casa das Rosas traz uma programação intensa com palestras, oficinas de literatura de cordel, xilogravura e apresentação de repentistas. Informações: www.poiesis.org.br/casadasrosas/
Poetas niversitário,
Poetas de Cademia,
De rico vocabularo
Cheio de mitologia;
Se a gente canta o que pensa,
Eu quero pedir licença,
Pois mesmo sem português
Neste livrinho apresento
O prazê e o sofrimento
De um poeta camponês.
(trecho do poema
“Aos poetas clássicos)
Festival de Quadrinhos >> No próximo dia 20, às 19h, a Fnac do Shopping Dom Pedro sediará o 1º Festival de Quadrinhos.
O evento contará com a participação de caricaturistas, desenhistas, autores de histórias em quadrinhos e profissionais das diversas áreas
dos cartuns. O Festival terá também a presença do ganhador do prêmio Salão Brasileiro, na categoria Mangá, realizado este ano.
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Jornal da PUC-Campinas
História
Museu do Futebol
imortaliza paixão nacional
Fotos: Reprodução/Ricardo Lima
Jornal da PUC-Campinas
visita o local com uma
aluna apaixonada pelo
esporte e um estudante
que não suporta ouvir
falar de gol
PONTO DE VISTA
Garrincha e Mazzola vestem uniforme
social da Seleção Brasileira de 1958
Pelé é aclamado no final
da Copa de 70
Na foto de 1910, público com
traje social assiste partida de futebol
Fotos: Ricardo Lima
Du Paulino
[email protected]
De todos os museus que
já visitei, o Museu do
Futebol foi único na questão tecnologia e interatividade. Uma das partes
mais legais é onde se
pode escolher um narrador ou uma jogada para
assistir. Além do futebol,
o Museu também mostra
um pouco da história do
Brasil e pequenas biografias de personagens
importantes, como Di
Cavalcanti, Sérgio
Buarque de Holanda,
entre outros. Mas a
melhor parte é a das
Copas do Mundo, que
tem, além de fotos históricas de jogadores e técnicos, fotos de objetos e
pessoas que faziam parte
da cultura popular da
época.
Ana Gabriela Pinesso
Prado, 3º ano de
Jornalismo
PONTO DE VISTA
Eu, particularmente, não
gosto de futebol, mas, mesmo assim, gostei muito do
conteúdo que está disponível no Museu do Futebol,
porque pude entrar em
contato e relembrar de
momentos que marcaram
época e ficaram escondidos
no subconsciente, como o
sucesso imediato dos
Mamonas Assassinas, a
velocidade inalcançável de
Ayrton Senna, além de
conhecer fatos que aconteceram muito antes do meu
próprio nascimento e
poder traçar um paralelo
com o que acontecia no
mundo e no
futebol.Também tomei
ciência de quando uma
jogada está impedida ou
não – coisa que nunca consegui entender. Ainda continuo não gostando de futebol, mas a visita ao Museu
foi algo novo, que, com certeza, valeu muito a pena.
Ademilson Ramos, 2º
ano de Arquitetura e
Urbanismo
A tensão é tanta que enrijece cada músculo. Um torpor pelo corpo denuncia o sangue
fervendo nas veias. As mãos suam frio. A garganta seca. O coração dispara. Tundum!
Tundum! Tundum! E tudo culmina num êxtase incontrolável que dá vontade de gritar, pular,
abraçar o amigo ou mesmo o desconhecido que
estiver mais próximo. Se você é um torcedor
apaixonado de futebol, certamente já viveu essas
emoções. A expectativa e a euforia da hora do
gol. Ou a frustração do gol perdido. Pior, ainda: a decepção de perder o campeonato com o
time jogando em casa.
Euforia e decepção são sentimentos reproduzidos nas salas Exaltação e Rito de Passagem,
situadas do Museu do Futebol, que fica no
Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho,
o Pacaembu, em São Paulo, e que o Jornal da
PUC-Campinas visitou no último dia 10 de
março.
Além da nossa equipe de reportagem,
embarcaram nessa viagem pela história do futebol brasileiro dois alunos da Universidade. Ana
Gabriela Pinesso Prado, estudante do 3º ano
da Faculdade de Jornalismo e Ademilson
Ramos, que cursa o 2º ano da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo (FAU).
Ana Gabriela é apaixonada por futebol e torcedora fanática do Palmeiras. “O esporte representa minha relação com meu pai, porque foi
ele quem me ensinou a gostar do esporte e me
incentivou a torcer pelo Palmeiras”,
conta. Já Ramos não suporta ouvir
falar do esporte. Culpa do irmão
mais velho, um corintiano alucinado que assiste a todos os jogos exibidos na televisão. “É só passar qualquer jogo que ele monopoliza a tevê e ninguém
pode assistir a mais nada”, reclama.
Com 6.900 metros quadrados de área, dividida em quatro pavimentos, o Museu do
Futebol foi inaugurado em outubro de 2008 e
é o resultado de uma parceria entre a Fundação
Roberto Marinho e os governos municipal e
estadual de São Paulo. Desde então, cerca de 145
mil pessoas já conheceram a estrutura construída embaixo das arquibancadas do Pacaembu,
em uma área até então obsoleta do estádio.
Na entrada, a sala chamada de Grande Área
rende homenagens ao torcedor com
a exposição de cerca de 480 reproduções ampliadas de diversos objetos que materializam a paixão do
brasileiro pelo esporte: flâmulas, bandeiras, cartazes, chaveiros e outros
tantos apetrechos e adereços. Para recepcionar
o público, ninguém menos que o Rei Pelé. O
futebol que nasce nos pés descalços nas peladas jogadas nos campos de terra, de grama ou
no asfalto é retratado na seção Pé na Bola, que
A
No alto, Ana Gabriela e Ademilson conhecem
uma das exposições do local; acima, tecnologia e
interatividade são atrações do Museu
prepara o público para o que está por vir. Na
sala Anjos Barrocos imagens em tamanho natural de 25 jogadores lendários, representando o
nosso futebol-arte, revezam-se em telas transparentes que descem do teto e pairam sobre a
cabeça dos visitantes. Jogadores do passado, como Pelé, Garrincha,
Djalma Santos, só pra citar
alguns, dividem o espaço com
craques mais atuais como Romário,
Ronaldinho Gaúcho e o badaladíssimo Ronaldo
Fenômeno, cuja volta aos gramados é o maior
destaque da imprensa de todo o mundo, no
momento. Os grandes craques e suas jogadas
geniais ainda vão encantar o visitante por vários espaços do Museu.
Além dos ídolos que ajudaram a
construir a nossa história futebolística, também entram em campo a
tecnologia e a interatividade no Museu
do Futebol. E a tabelinha entre as duas permite ao visitante escolher e assistir aos gols preferidos de alguns fãs famosos do esporte, além
de ouvir jogadas memoráveis narradas por alguns dos principais
locutores esportivos da história e relembrar dribles, defesas
e gols, muitos gols. Também é possível fazer de conta que se é um craque e tentar balançar as redes, seja jogando em pimbolins que simulam os principais esquemas táticos usados no futebol ou em minicampos projetados no chão, dotados com sensores de infra-
vermelho, onde a bola responde aos movimentos dos pés. Outra possibilidade de colocar a habilidade à prova é bater um pênalti em
um dispositivo onde se chuta uma bola real em
direção a uma trave virtual defendida, também,
por um goleiro virtual. “A proposta do Museu
é dar ao visitante a possibilidade de participar
da história relatada no local, de poder tocar e interagir realmente, situação que o brasileiro não está
acostumado”, analisa a coordenadora do Núcleo
de Ação Educativa do Museu, Larissa Foronda.
O futebol está arraigado não apenas na nossa cultura, mas também na história recente do
país, seja nas paredes da sala que contam a trajetória do esporte, da sua vinda por Charles
Miller ao Brasil, em 1895, até a década de 30,
ou na sala que rende homenagem a todas as
Copas do Mundo, a história está lá, presente.
Representada pelos costumes da época em que
o esporte era praticado pela alta sociedade e os
negros não podiam praticá-lo, ou retratada nas
mudanças sociais ocorridas no mundo enquanto o Brasil se tornava o único país a participar
de todas as Copas, a história sempre marcou
presente no Museu do Futebol.
E foi justamente a história que mais chamou a atenção dos nossos convidados, na visita. Ana Gabriela
gostou da história das Copas.
“Porque todo brasileiro adora
acompanhar Copa do Mundo”, justifica. E Ramos se interessou pelos aspectos históricos que relacionam o esporte e a sociedade.
“Gostei de ver que o futebol serviu para reduzir os preconceitos raciais”, revela.
Futebol é um esporte feito de números:
gols, recordes, regras, pontos ou títulos. Você
sabia, por exemplo, que a maior goleada em
um jogo oficial foi aplicada pelo Botafogo no
Mangueira, pelo Campeonato Carioca de 1909?
Na ocasião, o time alvinegro fez 24 gols no
adversário e não levou nenhum. Curiosidades
que também podem ser encontradas no Museu
Futebol.
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