SOLUÇÃO SÉRIE PARA O CAMPO ELÉTRICO INDUZIDO POR ESTIMULADORES MAGNÉTICOS NA GEOMETRIA SLINKY GENERALIZADA MARCÍLIO FEITOSA, EDUARDO FONTANA Grupo de Fotônica, Dep. de Eletrônica e Sistemas, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Acadêmico Hélio Ramos, Cidade Universitária, Recife, PE, Brasil. E-mails: [email protected],[email protected] Abstract Magnetic stimulation is a technique to excite biological tissues by means of a time-varying magnetic field. This induced electric field can depolarize the cell membrane so as to evoke an action potential that propagates along neurons, eventually being transmitted to other neurons or to a muscular cell. Design of a magnetic stimulator requires modeling of the impulse propagation along the nerve cell, as well as numerical simulations for coil design optimization to determine adequate excitation levels as well as the degree of focalization on a given target cell. In this paper we report on a new methodology to calculate the stimulation field for the case of the traditional slinky coil geometry, that greatly reduces computation time, thus facilitating simulation studies of the dynamics of electric impulse propagation along a nerve cell. Keywords Biomagnetics, Biomedical applications of electromagnetic radiation, Biomedical engineering, Neuromuscular stimulation. Resumo A estimulação magnética consiste na excitação de tecidos orgânicos por um campo magnético variável no tempo. No desenvolvimento dessa técnica, interesse crescente tem sido devotado na literatura ao emprego de estimuladores magnéticos na configuração slinky (mola flexível de brinquedo), devido à possibilidade de melhor focalização magnética, relativamente a outras configurações. Neste trabalho é desenvolvida uma solução série para o cálculo do campo elétrico induzido em uma configuração Slinky generalizada válida para um número arbitrário de espiras do estimulador, computacionalmente eficiente para o projeto e estudo da dinâmica do sistema. Palavras-chave Efeitos biológicos da radiação eletromagnética, Bioeletromagnetismo, Cálculo de campos eletromagnéticos. 1 Introdução A estimulação magnética de tecidos nervosos é uma técnica que vem ganhando importância elevada para médicos e demais profissionais de saúde, principalmente para aqueles que atuam na área fisioterápica ou de reabilitação neuromuscular. É uma ferramenta que, da mesma forma que a estimulação elétrica, auxilia no diagnóstico e no tratamento de algumas doenças que afetam o sistema nervoso [1] mas, devido a características particulares, tem se sobressaído sobre esta técnica tradicional. Seu princípio consiste em estimular tecidos através de um campo elétrico induzido por um campo magnético externo, variável no tempo. O campo elétrico induzido pode despolarizar a membrana celular e iniciar a propagação de um potencial de ação, que pode atingir outra célula nervosa ou uma célula muscular, causando uma contração da mesma. A característica que torna a estimulação magnética mais atrativa é o fato de o campo magnético penetrar regiões eletricamente isoladas, como as camadas de gordura e ossos, praticamente sem sofrer atenuação [1]-[2]. Devido à alta impedância elétrica dessas regiões, a densidade de corrente exigida para se conseguir uma excitação efetiva, através da estimulação com contato elétrico direto, é elevada e capaz de produzir irritações na pele e queimaduras. O projeto de um estimulador magnético envolve a modelagem da dinâmica de propagação do impulso elétrico ao longo da fibra nervosa, necessária para se estabelecer o nível mínimo de estímulo, mas também envolve o estudo de como a geometria das bobinas afeta a focalização do campo. É nesse contexto que o presente trabalho se torna relevante, pois, através de uma nova formulação matemática, diminui o esforço computacional necessário à simulação do campo gerado para cada geometria de bobina proposta. 2 Modelo Dinâmico da Membrana de uma Célula Nervosa A dinâmica da propagação de um distúrbio elétrico ao longo de um neurônio ou de uma fibra nervosa pode ser descrita com o auxílio do modelo desenvolvido por Hodgkin-Huxley [3], indicado na Fig.1, no qual o axônio, isto é, a fibra nervosa ao longo da x EL EK ENa gL gK gNa cm ri I(x+∆x) ∆x I(x) V(x) V(x+∆x) Fig1. Modelo de parâmetros distribuídos para a membrana de um axônio. qual o estímulo se propaga, é modelado como uma linha de transmissão de parâmetros distribuídos. Nesse modelo os canais iônicos para o sódio, o potássio e os demais íons envolvidos no processo são representados por condutâncias (gNa, gK e gL respectivamente) que são funções não-lineares da tensão entre as faces da membrana [3]. As paredes da membrana são modeladas eletricamente como as placas de um capacitor cuja capacitância por unidade de comprimento é dada por cm e a solução iônica presente no interior do axônio é representada por um resistor cuja resistência por unidade de comprimento é ri. As diferentes concentrações iônicas nas soluções interna e externa da célula produzem tensões de equilíbrio para cada íon. Estas são representadas por fontes de tensão contínuas ENa, EK, e EL, associadas aos gradientes iônicos produzidos pelos íons Na, K e demais íons envolvidos. Para o caso de uma fibra nervosa localizada ao longo do eixo x, sob a ação de um campo elétrico Ex induzido magneticamente, o potencial elétrico através da membrana V satisfaz a equação diferencial Λ2 ∂ 2V ∂x 2 −V = τ ∂E x ∂V + Λ2 , ∂t ∂x (1) onde as constantes de espaço e tempo são dadas respectivamente por r Λ = m ri 1 2 , τ = rm c m , (2) (3) com rm representando a resistência transmembrana equivalente para o modelo. Essa resistência é uma função não linear do potencial de membrana. Podemos observar que (1) tem, a princípio, a estrutura de uma equação de difusão devido a sua segunda derivada no espaço e primeira derivada no tempo. De fato, se a intensidade do estímulo (representado pelo gradiente longitudinal da componente na direção x do campo elétrico induzido) for inferior a determinado valor, o distúrbio de tensão produzido em um ponto da membrana vai se difundir longitudinalmente, mas sem se propagar. Esse distúrbio causará apenas um pequeno desvio na tensão de equilíbrio da membrana a qual se re-estabelece logo em seguida. Existe, no entanto, um valor limiar para a tensão de membrana que, se for superado devido à intensidade do estímulo, um potencial de ação irá se propagar como uma onda não amortecida cuja velocidade depende de parâmetros intrínsecos ao nervo [1]. 3 Estudo da Geometria Slinky Generalizada Como pode ser observado em (1), o termo responsável pela estimulação é a derivada em x da componente x do campo elétrico externo. Esse termo, que representa a função de ativação, depende da configuração geométrica da bobina de estimulação, além da distribuição temporal do pulso de corrente produzido pela descarga de um banco de capacitores e controlado por um dispositivo semicondutor de alta potência. Faz-se necessário então um estudo detalhado sobre qual configuração possibilita alcançar estímulos mais efetivos e mais focalizados, utilizando-se um mínimo de energia. Em algumas pesquisas o uso da bobina circular clássica [4]-[5] é bastante difundido (Fig.2), mas outros resultados da literatura a respeito do tema indicam que as bobinas do tipo slinky apresentam melhor rendimento [2]. Nessa geometria, as espiras são todas de mesmo raio e têm um ponto em comum. A geometria estudada no presente trabalho, mostrada na Fig.3 é uma generalização da configuração slinky, em que os raios, correntes e inclinações relativas das espiras são arbitrários. O nome slinky foi adotado por Richard James em 1943 para designar um conhecido brinquedo por ele criado, que tem a forma de uma mola flexível. A configuração Slinky traz como benefício a diminuição do espalhamento lateral do campo usado para estimulação, além de minimizar a possibilidade de estímulo de outros nervos que se encontrem próximo ao nervo alvo [2]. Em estudos anteriores [6] mostramos que, para a geometria slinky de duas espiras, se mantivermos o ápice da bobina a uma distância fixa do nervo, obtemos uma distribuição do gradiente longitudinal do campo elétrico com uma largura rms mínima para um ângulo de aproximadamente 47º entre o plano das espiras e a superfície de trabalho (Fig.4). Nesses mesmos estudos, observamos que essa bobina, para esse mesmo ângulo, concentra o gradiente do campo em uma região aproximadamente 35% menor que a região excitada por uma bobina circular convencional [6]-[7]. Fig.2. Aplicação do pulso magnético no nervo mediano, utilizandose uma bobina circular clássica. z i3 (a) zk X X’ X z r3 θk X’ ik rk ik rk yk Rk Xk i2 r2 r1 αk y i1 y x x x Fig.3. Geometria da configuração Slinky generalizada. 4 âzk Modelo Teórico Em busca de uma configuração de bobinas que permita a geração de um campo de estimulação mais eficaz, foram realizados estudos sobre como a geometria das bobinas afeta esse campo. As variáveis envolvidas nesses estudos foram o número de espiras na bobina, o ângulo que cada espira faz com a superfície de trabalho (plano paralelo àquele onde está posicionado o nervo alvo do estímulo), o raio de cada espira e a intensidade e a forma de onda da corrente que percorre cada espira. Esses parâmetros estão detalhados na Tabela I. Cada nova espira adicionada à bobina é definida de forma uniformizada de acordo com os parâmetros citados com relação a um sistema de coordenadas rotacionado em torno do eixo x como indicado na Fig.5a. Essa uniformização permitiu uma redução no trabalho de se descrever cada bobina individualmente em função do plano cartesiano original. Foi considerada a determinação do campo elétrico induzido devido a uma configuração de N espiras circulares, onde a k-ésima espira possui um raio rk e é percorrida por uma corrente ik. Todas as espiras Relative rms width 1.80 1.70 Variable apex 1.60 1.50 1.40 (b) âz âyk αk âφk αk ârk ây φk âx Fig.5. (a) Geometria e parâmetros de definição de uma dada espira na configuração Slinky generalizada. (b) Vetores de definição de uma espira na configuração Slinky generalizada. têm um ponto em comum na origem do sistema do laboratório xyz. O sistema xykzk representa o sistema de coordenadas da k-ésima espira, desviada de um ângulo αk do plano xy. A formulação convencional para o cálculo do campo elétrico em um determinado ponto do espaço devido a uma dada distribuição de corrente, que emprega integrais elípticas, exige um grande esforço computacional o que introduz um longo atraso nas simulações numéricas da dinâmica do potencial de ação. Devido a isso, foi desenvolvida uma expressão analítica para o campo elétrico induzido bem como para sua derivada espacial usada como fonte de estímulo em (1). Em uma aproximação quase estática, o campo elétrico induzido por uma espira percorrida por uma corrente é dado por [8] G G ∂A (4) E=− ∂t G onde A representa o vetor potencial magnético, que pode ser escrito da forma Stationary apex 1.30 0 10 20 30 40 50 60 70 80 G µ A= 0 4 90 Angle(degrees) Fig.4. Largura rms relativa do gradiente do campo elétrico induzido ao longo do nervo. com N ∑ i F (R , u k k =1 k k k )âφk , (5) TABELA I. PARÂMETROS PARA A CONFIGURAÇÃO SLINKY GENERALIZADA. Parâmetro G Xk G X αk rk ik xyz xykzk Rk, θk, φk â x , â y , âz Definição Localização do centro da k-ésima espira. Ex = Vetor posição do ponto de observação. Ângulo entre o plano da espira e o plano xy. Raio da k-ésima espira. Corrente que percorre a k-ésima espira. Sistema de coordenadas do laboratório. Sistema de coordenadas da k-ésima espira Coordenadas esféricas no sistema xykzk Vetores unitários do sistema xyz. onde Vetores unitários do sistema xykzk â x , â yk , â zk Vetores unitários (radial e azimutal), no plano xyk. ârk , âφk µ0 4π di k rk ( y cos α k + zsinα k − rk ) Fk 1/ 2 dt R 1− u 2 N ∑ k =1 ( k k (17) ) − ysinα k + z cos α k . (18) Rk A derivada de (17) pode ser posta na forma uk = di k rk ( y cos α k + zsinα k − rk )H k N µ ∂E x = −x 0 4 ∂x ∑ dt ( R k2 1 − u k2 k =1 ) , (19) com 2π Fk = ∫ 0 em que rk cos φdφ G G , X − X' (6) G G X − X ' = R k â Rk − rk â r 'k . Assim, G µ E=− 0 4π N ∑ k =1 di k Fk (R k , u k )âφk . dt (8) â rk = cosφ k â x + sin φ k â yk , (10) â yk = cos α k â y + sinα k â z . (11) O vetor posição do ponto de observação no sistema xykzk pode ser obtido em função do sistema de coordenadas xyz por G G G Rk = X − X k . Utilizando a relação (12) (XG − XG )• (XG − XG ) , k k F2k = ( G X = xâ x + yâ y + zâ z , ) (14) (15) obtém-se 2 2 Rk = x + y + z 2 ∫ R 0 + rk2 ( ( (cosφ )2 2 k , (20) 1/ 2 ) + rk2 ) cos φ ( 1/ 2 − 2rk Rk 1 − u k2 3/ 2 3/ 2 u k = cos θ k . dφ , (21) dφ (22) (23) As equações (19)-(23) representam uma generalização da formulação integral para o cálculo do campo de estimulação gerado por uma bobina do tipo slinky. Essa formulação demanda um elevado esforço computacional no cálculo da distribuição do gradiente pois, para cada ponto no espaço, é necessário o cálculo de três integrais numéricas. A formulação integral pode ser evitada pelo uso de uma expansão em harmônicos esféricos [8] para o inverso do denominador de (7). De acordo com o teorema da adição para harmônicos esféricos [8], ∞ l ∑∑ 2l1+ 1 rr l < l +1 > l =0 m = −l * π Υlm ( , φ k ' )Υlm (θ k , φ k ) , (24) 2 com Ylm representando o harmônico esférico de índices (l,m). Inserindo (24) em (6) e aplicando-se as propriedades de ortogonalidade dos harmônicos esféricos [9], obtém-se Fk (Rk , u k ) = rk − 2rk ( y cosα k + zsinα k ) . (16) ∞ ∑ l =0 Substituindo-se (9) em (8), com o emprego de (11) e considerando-se apenas a componente de interesse no campo elétrico induzido, teremos ) cosφ 1/ 2 − 2rk Rk 1 − u k2 + rk2 e G G = 4π X − X' G X k = rk cos α k â y + sinα k â z 1 F1k − rk F2k + Fk Rk 1 − u k2 2π 1 e com 2 k (13) e com base na Fig.5, 1/ 2 cosφ ∫ R 0 (9) ) 2π F1k = âφk = −sinφ k â x + cos φ k â yk , Rk = ( (7) Os vetores unitários mostrados na Fig.5b obedecem às relações com H k = Rk 1 − u k2 onde al ≡ al R<2l +1 R>2l + 2 P21l +1 (u k ) (−1)l (2l − 1)!! , 2l (l + 1)! (25) (26) com P12l+1 representando o polinômio associado de Legendre de índices (2l+1,1). Substituindo-se (25) em (5), obtemos a expressão para o campo elétrico induzido de (4). O gradiente longitudinal desse campo é obtido após algumas manipulações algébricas, podendo ser expresso no sistema xyz na forma dE x µ =− 0 dx 4 di k x( y cos α k + zsinα k − rk ) Gk , R k4 N ∑ dt k =1 (27) ∞ ∑ ∑ a Rr l =1 ∞ r al k Rk l k k l =1 2l + 2 2l +1 H 1k , rk < Rk , (28) H 2 k , rk > Rk H 1k = − (2l + 3)R k P12 l +1 + ( ysin α k − z cos α k )P 2 2 l +1 , (29) e H 2 k = 2lR k P12l +1 + ( ysin α k − z cos α k )P 2 2l +1 . (30) Para se evitar problemas computacionais no cálculo das derivadas dos polinômios de Legendre, particularmente para valores específicos de x e elevados valores do índice l, nas equações (29) e (30) as derivadas primeira e segunda dos polinômios foram expressas como combinações dos polinômios de Legendre [9] da seguinte forma: P1l (u k ) = l u k2 −1 e P2l (u k ) = ( u k2 l ) −1 2 [u k Pl (u k ) − Pl −1 (u k )] {[(l − 1)u 5 2 k ] uma matriz, como indicado a se" I max k " Sinal k t0 k " σk " " Raio k " Ang k " I max N " Sinal N t0 N " σN " " Raio N " Ang N (33) Onde, para cada uma das N espiras, temos: onde temos Gk = como colunas em guir. I max1 Sinal1 t 0 LOOP = 1 σ1 Raio1 Ang 1 (31) } − (l + 1) Pl (u k ) + 2 xPl −1 (u k ) . (32) Discussão Foram realizadas simulações computacionais no ambiente Mathcad 13 para calcular a distribuição espacial do campo elétrico induzido bem como do seu gradiente, tanto para a formulação integral como para a formulação série baseada nas expansões de Legendre. Nesses cálculos foram utilizadas as funções disponíveis no ambiente para o cálculo das integrais e das funções de Legendre. Apesar de o algoritmo desenvolvido aceitar qualquer distribuição temporal para os pulsos de corrente aplicado às espiras, optamos por pulsos gaussianos para as simulações. Os parâmetros de definição de cada espira são informados ao algoritmo Imax - Amplitude máxima do pulso gaussiano de corrente; Sinal - Sinal dependente do sentido da corrente; - Centróide do pulso gaussiano de corrente; t0 σ - Desvio padrão do pulso de corrente; Raio - Raio da espira; Ang - Ângulo de inclinação da espira com relação ao plano xy. O algoritmo inicialmente define as funções que serão utilizadas: os polinômios de Legendre e suas derivadas primeira e segunda, os polinômios associados de Legendre e a derivada temporal do pulso gaussiano de corrente. Em seguida são definidas as coordenadas esféricas do sistema de coordenadas rotacionado em função do sistema cartesiano fundamental. Só então o campo elétrico é calculado bem como a sua derivada longitudinal. Esta função é utilizada como entrada em (1) e então o potencial de membrana é calculado. Para o caso da expansão polinomial, as expressões em série foram truncadas quando a precisão do resultado chegou a 0.1%. Essa foi a mesma tolerância adotada no cálculo das integrais numéricas realizado pelo Mathcad. Observou-se que a solução série permitiu uma redução no tempo de computação de um fator de pelo menos 10 relativamente à formulação integral. Esta vantagem se torna ainda maior quando o número de espiras na bobina aumenta. De fato, para um elevado número de espiras de corrente (>10), a formulação integral torna-se praticamente inviável. Foi observada uma desvantagem no uso da formulação por expansão de Legendre, na qual cada termo da expansão do campo elétrico, apesar de ser uma função contínua, possui derivada descontínua para a k-ésima espira quando a distância do centro da espira até um ponto no espaço é igual ao raio da espira. Obviamente, se todos os termos da série fossem incluídos, este problema não ocorreria. No entanto, quando a série é truncada, a derivada do campo se torna descontínua nessa condição. Para o caso onde todas as espiras se encontram no hemisfério superior e o nervo alvo se encontra no hemisfério inferior, paralelo ao eixo x, no plano y = 0, esse problema não ocorre. O problema de descontinuidade pode ser resolvido expandindo-se a derivada de (6) com respeito à variável x. Esse procedimento, no entanto, re- quer o emprego dos polinômios ultra-esféricos de Gegenbauer [9], e ainda está em desenvolvimento. 6 Conclusões Foi desenvolvido um método computacional eficiente para o cálculo do gradiente espacial do campo elétrico induzido por estimuladores na configuração Slinky generalizada. O método consiste no cálculo do campo, e do seu gradiente, através de uma expansão em série baseada nos polinômios de Legendre, ao invés do cálculo por integrais elípticas. Apesar de alguns problemas terem sido encontrados, como o aparecimento de algumas descontinuidades no cálculo do gradiente em situações específicas, o procedimento se mostrou bem mais eficiente, reduzindo o tempo de simulação em até 10 vezes. Este método está sendo utilizado em estudos de otimização e projeto de estimuladores magnéticos com boa focalização de campo para aplicações em nervos periféricos. O comportamento em tempo real da dinâmica das fibras nervosas sob influência do campo induzido está sendo estudado e novos resultados serão publicados em breve. Referências Bibliográficas [1] J. Malmivuo, R. Plonsey, “Bioelectromagnetism: principles and applications of bioelectric and biomagnetic fields”, Oxford University, Oxford, 1995. [2] C. Ren, P. P. Tarjan, and D. B. Popovic, “ A Novel Electric Design for Electromagnetic Stimulation – The Slinky Coil,” IEEE Transactions on Biomedical Engineering, vol. 42, no. 9, pp. 918-925, Sep. 1995. [3] A. L. Hodgkin and A. F. Huxley, "A quantitative description of membrane current and its application to conduction and excitation in nerve", Journal of Physiology, no. 117, pp.500544, 1952. [4] M. George, E. M. Wassermann and R. M. Prost, "Transcranial magnetic stimulation: a neuropsychiatric tool for the 21st century", Journal of Neuropsychiatric and Clinical Neurosciences, vol. 8, pp.373-382, 1996. [5] J. Ruohonen, “Transcranial magnetic stimulation: modeling and new techniques”, Helsinki University of Technology, 1998. [6] M. A. F. Feitosa and Eduardo Fontana, “Prospects for the Development of a Magnetic Stimulation Device for Human Tissue,” Proceedings of the 2005 International Microwave and Optoelectronics Conference. Brasília 2005. v. 1. p. 1-4. [7] Kai-Hsiung Hsu, Srikantan S. Nagarajan, and Dominique M. Durand, “Analysis of Efficiency of Magnetic Stimulation,” IEEE Transactions on Biomedical Engineering, vol.50, no. 11, pp. 1276-1285, Nov. 2003. [8] J. D. Jackson, “Classical Electrodynamics”, 3rd. edition. New York, John Wiley & Sons Inc., 1999, pp. 174-242. [9] Arfken and Weber, “Mathematical Methods for Physicists”, 5th. edition. United States, Academic Press, 2001, pp. 745-820.