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ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA REDE DE HIDRANTES
URBANOS DE INCÊNDIO EXISTENTE EM CAMPO
GRANDE-MS
PORTUGAL, A.C.X.; COSTA, F.P.; FREIRE, J.R.S.; BOTH, A.R.
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo identificar a rede de hidrantes urbanos
de incêndio existente na cidade de Campo Grande-MS e, mais especificamente, analisar
sua eficiência, tendo como parâmetro as legislações federal, estadual e municipal.
Diante da rede encontrada, verificou-se que esta não pode ser considerada eficiente face
às necessidades populacionais da capital de Mato Grosso do Sul, pois não se mostra
coadunada com as determinações legais. A distribuição racional dos hidrantes dentro
do município, principalmente em pontos estratégicos, evita o transporte de água por
viaturas do Corpo de Bombeiros, diminuindo a problemática de grandes viaturas do tipo
pipa em meio ao trânsito cada vez mais intenso na região central da capital. Foi
realizado neste trabalho uma coleta de dados relativos a rede de hidrantes e condições
existentes de combate a incêndios junto à Companhia de Águas Guariroba,
concessionária de águas e esgoto do município e Corpo de Bombeiros Militar de Mato
Grosso do Sul. Diante do levantamento realizado, pode-se concluir que Campo Grande
não vem cumprindo a legislação quanto à distribuição e padronização da rede de
hidrantes urbanos.
PALAVRAS-CHAVE: Hidrantes Urbanos, Combate a Incêndio, Legislação
ANALYSIS OF THE EFFICIENCY OF THE NETWORK OF MUNICIPAL FIRE
HYDRANTS IN
ABSTRACT:The present work have how purpose identify the fire hydrants’ net that
there are in Campo Grande city in Mato Grosso do Sul (MS) and, more specifically,
analyze her efficiency, take like parameters the federal laws, states and municipal.
Across from the net found, saw this can’t to be considered effective front the people
necessity of the principal city of the Mato Grosso do Sul because don’t show connect
with the lawful determinations. The rational distributions of the fire hydrants within of
the city, mainly at strategic points, prevents conduction of the water by fire
department’s vehicle cut down the problem’s nature of the big vehicle, for example,
water trucks amid the traffic each more quick in the region of the principal city. Was
made in this a data collection about a fire hydrants’ net and conditions existing combat a
fire together at Águas Guariroba company, water and sewer dealership of the principal
city and Mato Grosso do Sul’s fire department. Across from of the data analysis could
conclude that Campo Grande doesn’t have been fulfilling the law as the distribution and
patterning of the fire hydrants’ net.
KEY-WORDS: Fire Hydrants – Fire Combat – La
INTRODUÇÃO
As cidades brasileiras têm crescido de forma muito rápida nas últimas décadas,
principalmente as capitais. O crescimento populacional e automobilístico é motivo de
preocupação para os órgãos de segurança pública, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros,
haja vista a necessidade de intervenção rápida e precisa, notadamente no combate a
Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v1, n.1, 2012.
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incêndios. Em algumas situações, as vias públicas estreitas e o excesso de veículos, tem
tornado o transito lento, o que obriga os órgãos citados a buscar alternativas para um
atendimento mais eficaz.
Dependendo da gravidade do incêndio, os veículos auto-tanque são insuficientes,
havendo a necessidade de reabastecimento e/ou deslocamentos de várias viaturas apenas
para a condução de água, além daquelas destinadas ao resgate de feridos, ficando ainda
mais comprometidas as manobras desses veículos pesados. De fato, a eficiência em tais
casos está diretamente ligada ao tempo-resposta e, com a limitação de suprimento, o
tempo aumenta sensivelmente. Se forem somados a isso os elevados custos para
aquisição e manutenção das viaturas auto-tanque, ter-se-á uma ideia mais precisa da
problemática situação aqui mencionada.
Tendo presente tais considerações, este trabalho procura analisar a situação da
rede de hidrantes públicos na cidade de Campo Grande-MS diante da necessidade
populacional e tendo como referencial as normas reguladoras incidentes nessa esfera.
MATERIAIS E MÉTODOS
Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, é um município com 8.092,97
km2, ocupando 2,26% da área total do estado. A sede do município está localizada em
uma área limitada pelas coordenadas 20º26’34” de latitude Sul e 54º38’47” de longitude
Oeste. A altitude varia entre as cotas 500 e 675 metros.
A área urbana do município é de 35.302,82 ha (353,03 km2). Segundo o Censo
do IBGE 2010, Campo Grande tem uma população de 786.797 habitantes, com uma
taxa de urbanização de 98,66%. A densidade demográfica é de 97,22 hab/km2.
Em 1999, a Prefeitura Municipal de Campo Grande e o Governo do Estado
assinaram um Termo de Acordo em que o município se obrigou a licitar os serviços de
saneamento básico de Campo Grande para um período de 30 anos. No ano de 2000 a
comissão especial de licitação publicou o resultado, classificando em primeiro lugar o
Consórcio Guariroba. Ficando assim essa agência responsável pelo fornecimento de
água e tratamento de esgoto, instalação de novos hidrantes e manutenção dos hidrantes
já existentes na capital.
No presente trabalho procurou-se fazer uma coleta de dados junto aos órgãos
responsáveis pelo combate a incêndios e instalações de rede de hidrantes. Após essa
coleta os dados foram organizados e confrontados conforme legislação vigente, para se
estabelecer um parâmetro de como se encontra essa rede em Campo Grande e mais,
Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v1, n.1, 2012.
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verificar também se ela está coerente ou não com a legislação e se atende com eficiência
no caso desse tipo de acidente.
Hidrante urbano
Segundo a NBR 5667/2006, hidrantes são aparelhos ligados aos encanamentos
de abastecimento de água que permitem a adaptação de bombas e/ou mangueiras para o
serviço de extinção de incêndios.
O hidrante, como ferramenta importante de combate a incêndio, deve ser
instalado em pontos estratégicos das redes de distribuição, com a finalidade de fornecer
água em quantidade e pressão adequadas, sendo preferencialmente instalado nas
esquinas das vias públicas e no meio das grandes quadras.
Hidrante de coluna convencional
Os hidrantes de coluna são fabricados em ferro fundido, obedecendo a NBR
5667-1/2006. O corpo deverá ser fabricado em ferro fundido dúctil do tipo FE 42012,
de acordo com a NBR 6916. Alternativamente, podem ser empregados ferros fundidos
nodulares (dúcteis) dos tipos 400-15 ou 450-10, de acordo com a ISO 1083 (GGG40).
Os bujões do hidrante de coluna devem ser fabricados em latão fundido, com
uma resistência mínima à tração de 230 MPa, de acordo com a ABNT NBR 6314. O
hidrante de coluna deve ser dotado de dois bujões de DN 60 e um de DN 100. O tampão
deverá ser fabricado do mesmo material do corpo, sendo que, no caso de DN 60, deve
apresentar seis ranhuras externas e o de DN 100 deve apresentar oito ranhuras externas.
As ranhuras externas dos tampões de ferro fundido devem ter de 8 mm a 12 mm de
profundidade e de 8 mm a 12 mm de largura, e ser uniformemente espaçadas em relação
ao perímetro do tampão.
O registro de gaveta fica instalado abaixo do nível do passeio, abrigado em uma
caixa de concreto subterrânea com tampão de passeio em ferro fundido.
A critério do órgão responsável pelo abastecimento público e/ou da corporação
do Corpo de Bombeiros podem ser definidas cores de acabamento, bem como para
identificar a capacidade de vazão da rede de abastecimento público de água.
Antes da aplicação da pintura, os hidrantes de coluna devem ser submetidos a
um ensaio de estanqueidade, sob uma pressão hidrostática interna de 1,5 MPa, durante
um período de, no mínimo, 1 minuto ou sob uma pressão pneumática de 0,30 MPa,
durante um período de 5 a 10 segundos, durante os quais não podem apresentar sinais
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de vazamentos ou exsudações. Os resultados desses ensaios devem constar nos registros
do fabricante.
Hidrante subterrâneo
O hidrante subterrâneo (NBR 5667-2/2006) é um dispositivo instalado sob o
piso de passeios públicos em uma caixa de ferro fundido, dotado de uma saída para o
combate a incêndios ou, alternativamente, para a utilização em descarga e serviços de
desinfecção de redes de abastecimento público de água. O corpo é a parte principal do
hidrante subterrâneo, dotada de uma base flangeada, com uma saída para ligação à rede
de abastecimento público de água. O ferro fundido dúctil empregado para a fabricação
do corpo deve ser do tipo FE 42012, de acordo com a ABNT NBR 6916.
Alternativamente, podem ser empregados ferros fundidos nodulares (dúcteis) dos tipos
400-15 ou 450-10, de acordo com a ISO 1083 (GGG40).
O flange é a extremidade chata e circular do hidrante subterrâneo, perpendicular
em relação ao seu eixo, com furos para instalação de parafusos igualmente espaçados
em círculo, chamado de círculo de furação.
O tampão é a peça móvel do hidrante subterrâneo, em forma de tampa, provida
de rosca interna e cabeçote externo para retirada e colocação. Serve para tamponamento
do bujão, o qual, uma vez atarraxado, impede a passagem da água ou a entrada de
detritos para o corpo do hidrante, além de proteger a rosca externa do bujão. O tampão
do hidrante subterrâneo deve ser dotado de roscas e cabeçote, do mesmo material do
corpo. Deve ser dotado, especificamente, de tampão DN 60.
No caso de o órgão de saneamento do local a que se destinam utilizar tampões
antifurto do tipo magnético, estes devem ser fabricados com plásticos de alto impacto,
resistentes a raios ultravioleta, e ser dotados de sistema de travamento magnético para as
operações de abertura ou fechamento dos hidrantes. As ferramentas (chaves magnéticas)
devem ser dotadas de um sistema de travamento de alto poder magnético,
correspondente ao do dispositivo dos tampões, sendo fabricadas a partir de chapas e
barras de aço inoxidável com empunhaduras de latão recartilhadas.
O bujão do hidrante subterrâneo deve ser fabricado em latão fundido, com uma
resistência mínima à tração de 230 MPa, de acordo com a ABNT NBR 6314. O hidrante
subterrâneo deve ser dotado de um bujão de DN 60. A caixa de proteção é constituída
de ferro fundido dúctil e a tampa deve ser do tipo FE 42012, de acordo com a ABNT
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NBR 6916. Alternativamente, podem ser empregados ferros fundidos dúcteis dos tipos
400-15 ou 450-10, de acordo com a ISO 1083 (GGG40).
As propriedades mecânicas dos componentes de ferro fundido dúctil FE 42012
devem ser verificadas conforme a ABNT NBR 6916. Os componentes de tipos 400-15
ou 450-10 devem atender aos requisitos da ISO 1083. O pino de articulação empregado
na caixa de proteção deve ser de aço inoxidável, conforme a ABNT NBR 5601,
fabricado em peça única, sem soldas ou emendas.
Hidrantes de coluna com obturação própria
O hidrante de coluna com obturação própria é um dispositivo instalado sobre o
piso de passeios públicos, com corpo cilíndrico e três saídas, incorporado de dispositivo
de vedação automática no próprio corpo, utilizado para combate a incêndios e está
regulado pela NBR 5667-3/2006, sendo fabricado em ferro fundido.
O corpo superior é de ferro dúctil do tipo FE 42012, de acordo com a ABNT
NBR 6916. Alternativamente, podem ser empregados ferros fundidos nodulares dúcteis
dos tipos 400-15 ou 450-10, de acordo com a ISSO 1083 (GGG40). Os tampões são do
mesmo material do corpo, dotado de dois tampões de DN 60 e um de DN 100. Corpos e
tampões do bujão de hidrante de coluna com obturação própria devem ser jateados ao
metal quase branco, grau Sa 2 ½ , conforme ABNT NBR 7348.
Os bujões, sendo a parte que permite a instalação de uma conexão roscada de
mangueira e/ou mangote de combate a incêndio, devem ser fabricados em latão fundido,
com uma resistência mínima à tração de 230 MPa, de acordo com a ABNT NBR 6314.
O hidrante de coluna deve ser dotado de dois bujões de DN 60 e um de DN 100.. O
tampão deverá ser fabricado do mesmo material do corpo, sendo que no caso de DN 60
devem apresentar seis ranhuras externas e o de DN 100 deve apresentar oito ranhuras
externas. As ranhuras externas dos tampões de ferro fundido devem ter de 8 mm a 12
mm de profundidade e de 8 mm a 12 mm de largura, e ser uniformemente espaçadas em
relação ao perímetro do tampão.
Este hidrante possui o obturador emborrachado, que é um tipo de mecanismo
feito de uma peça maciça em ferro fundido dúctil, com revestimento de elastômero. O
tubo de manobra é responsável pela movimentação do obturador emborrachado.
A bucha da haste deve ser fabricada em bronze ou latão, com um teor máximo
de 5% de chumbo. A haste deve ser fabricada em aço inoxidável, conforme ABNT NBR
5601, ABNT 410 ou ABNT 420, fabricada em peça única sem saídas ou emendas. O
Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v1, n.1, 2012.
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cabeçote é de ferro fundido dúctil do tipo FE 42012, de acordo com a ABNT NBR
6916. Alternativamente, podem ser empregados ferros fundidos dúcteis dos tipos 40015 ou 450-10, de acordo com a ISSO 1083 (GGG40).
Na guarnição de vedação não plena podem ser empregados anéis de vedação
toroidais ou guarnições planas confeccionadas a partir de borracha natural ou EPDM. O
elastômero utilizado na fabricação do dispositivo de vedação deve apresentar uma
dureza de (60 ± 5) shore A. Em operações de manutenção de hidrantes já instalados,
outras espessuras podem ser empregadas.
LEGISLAÇÃO E NORMAS
Como parâmetros, foram analisadas as legislações à nível federal, estadual e
municipal, conforme se segue:
a. Nível federal
1) Constituição Federal
2) NBR 12.218/94 (Projeto de rede de distribuição de água para abastecimento
público)
b. Nível estadual
1) Lei nº 1.092, de 06 de setembro de 1990 (Dispõe sobre a segurança Contra
Incêndio e Pânico e dá outras providências)
2) Decreto nº 5.698, de 21 de novembro de 1990 (Dispõe sobre o Regulamento
Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, e
da outras providências)
3) Decreto nº 11.594, de 27 de abril de 2004. (Dispõe sobre a estrutura, fixa o
Quadro de Organização do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato
Grosso do Sul, e dá outras providências)
c. Nível municipal
1) Lei Orgânica do Município de Campo Grande-MS / 1990
2) Lei Complementar nº 105, de 06 de novembro de 2007 (Título II, Capítulo
IV, os Artigos 37-A a 37-G, da Lei nº 2.909/92, que tratam sobre os hidrantes
no município de Campo Grande e dá outras providências)
3) Decreto nº 10.531, de 3 de julho de 2008 (Aprova o Regulamento de Serviços
- Sistema de Abastecimento de Água do Município de Campo Grande-MS)
Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v1, n.1, 2012.
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4) Lei Complementar nº 161, de 20 de julho de 2010 (Institui o Plano para
revitalização do centro de Campo Grande dá outras providências)
DISTRIBUIÇÃO DA REDE DE HIDRANTES EM CAMPO GRANDE
Segundo Campos e Conceição (2006), a segurança contra incêndio e pânico
inicia-se no planejamento de uma cidade, bairro ou quadra, isto é, no planejamento
urbanístico. Nessa fase, deve ser pensada a localização dos hidrantes urbanos e do
quartel de atendimento a emergências, conjuntamente com a definição dos critérios de
parcelamento territorial (taxa de ocupação dos lotes, afastamentos, vias de acesso), de
destinação dos imóveis (comerciais, residenciais, industriais) e de porte das edificações
(altas, baixas, etc.).
Campo Grande tem uma população urbana aproximada de 790.000 habitantes,
distribuída em uma área urbana de 353,03 km2, com 98,66% de urbanização.
Levando-se em consideração a NBR 12.218/94, que regula a distância máxima
de 600 metros entre hidrantes urbanos, contados ao longo dos eixos das ruas,
deveríamos ter em média 313 (trezentos e treze) hidrantes na capital sul-matogrossense.
Fórmula para determinar o número de hidrantes:
am=πr2= (3,14)x(0,6km)2 = 1,13km2
(1)
Nh=AM = 353,03km2 = 312,41 313
(2)
am
1,13 km2
Onde: am: área mínima de abrangência de cada hidrante
Nh: número de hidrantes
AM: área urbana do município
O Corpo de Bombeiros em Campo Grande divide a cidade em “Área Sul” e
“Área Norte”, as quais são controladas pelo 1º Grupamento de Bombeiros e 6º
Grupamento de Bombeiros, respectivamente. Segundo o Corpo de Bombeiros, existem:
Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v1, n.1, 2012.
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Tabela 01 – Hidrantes existentes
Área
Hidrantes de Coluna
Total
Sem
existente
funcionar
Sul
37
13
Norte
50
Total
87
Hidrantes Subterrâneos
Total
Sem
existente
funcionar
35,14
09
01
11,00
04
8,00
01
01
100,00
17
19,54
10
02
20,00
%
%
Fonte: CBM/MS, 6º GB (Set/2011) e 1º GB (Jan/2012)
Verifica-se que na cidade existe um total de apenas 97 (noventa e sete) hidrantes
públicos, sendo que, deste total, 19 (dezenove) estão sem funcionar, ou seja, 19,58%
inoperantes. A necessidade de hidrantes na cidade de Campo Grande é de 313 (trezentos
e treze) unidades, o que evidencia uma alarmante defasagem de 69%.
O 1º Grupamento de Bombeiros, responsável pela área Sul, fez um levantamento
da situação dos hidrantes urbanos existentes em sua área, na condição de abertura total,
no bocal de 63mm, conectados a redução de 2 ½” para 1 ½” e esguicho agulheta de
19mm, utilizando-se para tal o aparelho Pitot, com graduação em kgf/cm2. Já o 6º
Grupamento de Bombeiros, responsável pela área Norte, fez o levantamento dos
hidrantes existentes em sua área, segundo relatos dos militares, de maneira improvisada,
ou seja, conectou-se um manômetro no bocal de 60mm e realizou-se a leitura. Em
ambas as situações não foram verificadas as calibrações dos instrumentos e nem se
soube informar qual a marca e modelo dos mesmos.
Tabela 02 – Pressões dos Hidrantes
Área
Hidrantes de Coluna
Hidrantes Subterrâneos
Máximo
Mínimo
Prejudicado
Máximo
Mínimo
Prejudicado
Kgf/cm2
Kgf/cm2
Kgf/cm2
Kgf/cm2
Kgf/cm2
Kgf/cm2
Sul
3,5
2,5
0,0
3,5
2,5
0,0
Norte
6,0
0,5
0,0
0,0
0,0
0,0
Fonte: CBM/MS, 6º GB (Set/2011) e 1º GB (Jan/2012)
No município existem diversos tipos de hidrantes, sendo que alguns modelos
atendem aos requisitos da NBR 5667/80, ao passo que outros não apresentam estruturas
que atendam tal NBR, a qual, inclusive, encontra-se revogada. Cada hidrante possui
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características de vazão, pressão e diâmetros de tubulação próprios, sendo quase todos
distintos, além de nem todos apresentarem condições de serem utilizados, conforme
informado pelo Corpo de Bombeiros.
A instalação de novos hidrantes fica a cargo da Companhia de Águas e Esgoto
do município (Águas Guariroba), após a verificação da necessidade por parte do Corpo
de Bombeiros. Em novembro de 2011, o 6º Grupamento de Bombeiros solicitou à
Agência de Regulação a instalação de 33 (trinta e três) novos hidrantes, bem como a
manutenção dos hidrantes já existentes, conforme os critérios:
 aumento da densidade populacional da região nos últimos anos e sua projeção
para as décadas posteriores;
 proximidade de indústrias, comércios, importantes prestadoras de serviço,
assim como outros locais onde se têm grande concentração de pessoas como,
por exemplo, universidades, condomínios, dentre outros;
 vias de rápido e fácil acesso que permitam agilidade e eficiência no
reabastecimento das viaturas;
 locais que propiciem uma ampla cobertura de hidrantes de tal forma que, em
caso de sinistros, o tempo em deslocamentos para reabastecimento das
viaturas não venha a representar perda de vidas e bens materiais.
É necessário que os novos hidrantes a serem instalados, bem como os já
existentes, tenham a sinalização adequada para a identificação de proibição de
estacionamento em frente de cada hidrante urbano, utilizando-se para tal uma tinta
especifica para pisos. A responsabilidade pela implantação da sinalização descrita deve
ser da Concessionária de Água municipal ou da Agência Municipal de Transporte e
Trânsito. Na maioria dos hidrantes verificados a sinalização estava inadequada.
REDE DE HIDRANTES
Segundo a Companhia de Águas Guariroba, na necessidade de uma manobra de
água emergencial, o município possui um sistema informatizado de controle operacional
de todo o complexo de abastecimento de água da capital. As operações são realizadas
através do Centro de Controle Operacional (CCO), instalado na sede da concessionária
e equipado com um moderno sistema de controle e monitoramento em tempo real,
funcionando 24 horas por dia, nos sete dias da semana. Este controle permite o
contingenciamento de todo o sistema de distribuição de água, uma vez que todos os
Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v1, n.1, 2012.
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sistemas de produção de água estão fisicamente interligados e automaticamente
controlados pelo CCO.
Apesar da existência de hidrantes na área central, alguns apresentam pressões
inadequadas para o reabastecimento dos carros do Corpo de Bombeiros e outros
apresentam falta de manutenção, o que torna difícil para o Corpo de Bombeiros
promoverem a abertura dos bocais. Quando ocorre de acoplamentos serem diferentes
das mangueiras e mangotes é feito o uso de adaptadores com junta Storz.
A cidade está tendo um crescimento populacional inversamente proporcional ao
crescimento da infra-estrutura de combate a incêndio. São poucos os hidrantes
disponíveis e nem todos oferecem condições de utilização adequada. Nesta pesquisa,
verificou-se a dificuldade do Corpo de Bombeiros em manter as condições de
operacionalidade frente a possíveis incêndios, não tendo pessoal suficiente para as
inspeções necessárias aos hidrantes públicos e, quando há a necessidade imediata de
utilização, se limita a procurar aqueles hidrantes que têm melhores condições de pressão
e vazão nas proximidades da ocorrência, e nem sempre encontra.
Verifica-se, pois, que diante da rede de hidrantes existente e dependendo do local
provável da ocorrência, o município não pode ser considerado eficiente no combate a
incêndio. Além disso, a região central, considerada o ponto nevrálgico municipal, dada a
aglomeração de prédios e pessoas, não dispõe de reservatório elevado para, em caso de
necessidade, realizar o reabastecimento de viaturas de forma mais rápida e precisa.
Empregabilidade
Segundo Ono (2000), “é necessário elaborar um documento específico, que trate
com maior profundidade este assunto, de forma que se garanta um bom desempenho
dos hidrantes urbanos e da rede a que estes estão interligados”. A autora afirma também
que devemos considerar as condições básicas a serem atendidas para a operacionalidade
dos equipamentos do Corpo de Bombeiros – que é usuário da rede de hidrantes – na sua
atividade de combate ao fogo.
A
necessidade
de
implementação
de
uma
política
voltada
para
o
desenvolvimento da segurança pública na área de incêndio é primordial. O próprio
município, em agosto de 2007, teve um grande incêndio, na loja de brinquedos
Paulistão (localizado no centro), onde a dificuldade de combate ao fogo foi
significativa. Na oportunidade o Corpo de Bombeiros teve que usar 260.000 (duzentos e
sessenta mil) litros de água no combate direto e 50.000 (cinquenta mil) litros de água no
Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v1, n.1, 2012.
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rescaldo. Os jornais à época relatavam que era notória a dificuldade de combate ao fogo
por parte do Corpo de Bombeiros, em função da ausência de hidrantes públicos nas
proximidades do incêndio. O hidrante mais próximo e em condições de utilização, onde
as viaturas foram reabastecidas, estava aproximadamente a dois quilômetros do local.
Em agosto de 2007, existiam no município aproximadamente 77 (setenta e sete)
hidrantes públicos. Atualmente, existem 97 (noventa e sete). Houve um aumento de
apenas 20 (vinte) hidrantes públicos ao longo de quase cinco anos. Não se verificou,
também, uma sistematização na distribuição desses hidrantes, pois os mesmos foram
instalados aleatoriamente em vários bairros.
Impactos do incêndio
Os incêndios sempre causam grandes prejuízos, sejam patrimoniais, sociais ou
humanos. É importante que os estudos estejam voltados para uma atuação preventiva de
combate ao incêndio, principalmente na fase de planejamento da infraestrutura
municipal. O Plano Diretor é uma ferramenta que pode auxiliar sobremaneira, pois o
crescimento e o zoneamento são ainda verificados na prancheta, tendo os custos de
combate aos incêndios diminuídos significativamente.
Segundo Campos e Conceição (2006), o objetivo fundamental da segurança
contra incêndio e pânico é minimizar o risco à vida e à perda patrimonial. Entende-se
como risco à vida a exposição severa dos usuários da edificação e das populações
adjacentes ao incêndio e seus efeitos (fumaça, calor e pânico). Entende-se como perda
patrimonial a destruição parcial ou total da edificação, dos estoques, dos documentos,
dos equipamentos ou dos acabamentos do edifício sinistrado ou da vizinhança, além dos
prejuízos ambientais e dos danos indiretos decorrentes da interrupção das atividades
desenvolvidas na edificação sinistrada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo nos mostrou que a cidade de Campo Grande-MS não atende de
forma integral à legislação NBR 12.218 (Projeto de rede de distribuição de água para
abastecimento público), bem como à Lei Complementar nº 105, de 06 de novembro de
2007 (Título II, Capítulo IV, os Artigos 37-A a 37-G, da Lei nº 2.909/92, que tratam
sobre os hidrantes no município de Campo Grande e dá outras providências).
A deficiência de hidrantes em Campo Grande é significativa, observa-se que a
manutenção oportuna não está sendo realizada, pois a Concessionária de Serviços de
Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v1, n.1, 2012.
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Água deveria estar cumprindo em 48 (quarenta e oito) horas aos pedidos de conserto
solicitados pelo Corpo de Bombeiros, conforme Lei Complementar nº 105/2007. Na
pesquisa realizada, verificou-se que a Concessionária de Serviços de Água está levando
um tempo muito superior ao previsto, como pode ser verificado no índice de 19,58% de
hidrantes inoperantes. É necessária a constituição de uma força tarefa, para que os
hidrantes existentes sejam mantidos em condições adequadas no mais curto espaço de
tempo possível, pois os incêndios, na maioria das vezes, acontecem de forma
inesperada, colocando vidas humanas em risco.
Podemos observar também que ainda não está implantado no município o
sistema de localização dos hidrantes urbanos em mapas georreferenciados e
constantemente atualizados, sendo essa tarefa de competência da concessionária local
de serviços de água, em parceria com o Corpo de Bombeiros, conforme legislação.
A legislação, embora considere hidrantes urbanos de incêndio aqueles fabricados
de acordo com a norma NBR 5667 e sua distribuição conforme a NBR 12.218, permite
verificar que o município mantém hidrantes distintos às normas; além disso, o
distanciamento máximo de 600 metros não vem sendo cumprido. Em algumas
situações, o distanciamento interhidrantes fica a quilômetros.
A Lei Complementar nº 105/2007 preceitua a instalação de, no mínimo, 03 (três)
hidrantes urbanos de coluna por mês, por parte da Concessionária de Águas, ficando
esta, ainda, obrigada a fazer a interligação definitiva dos hidrantes à rede pública de
distribuição de água, após inspeção, testes e verificação pelo Corpo de Bombeiros. Caso
essa norma estivesse sendo cumprida, teríamos hoje, no mínimo, 144 (cento e quarenta
e quatro) novos hidrantes, instalados nos últimos cinco anos, além dos já existentes.
Há a necessidade de uma vistoria mais aprofundada por parte do CBM/MS nos
hidrantes urbanos, para o conhecimento prévio das condições reais dos equipamentos
quanto à vazão e pressão, utilizando-se para tanto equipamentos com calibrações
adequadas.
Foi verificada a dificuldade de obtenção de informações junto aos órgãos
responsáveis e, na maioria das vezes, ficou evidenciada a falta de uma sintonia mais
afinada entre o Corpo de Bombeiros e a Companhia de Águas do município. O trabalho
em conjunto é importante, mesmo porque há uma interdependência operacional entre os
dois órgãos, e a necessidade do conhecimento por parte da população da situação real
do município quanto à segurança e combate a incêndio.
Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v1, n.1, 2012.
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Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v1, n.1, 2012.
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