Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Programa de Pós-Graduação em Botânica Respostas fisiológicas e celulares de macroalgas e corais à acidificação da água do mar Vanessa Moura dos Reis Orientador: Dr. Leonardo Tavares Salgado Co-orientador: Dr. Gilberto Menezes Amado Filho Nível: Doutorado Rio de Janeiro, maio de 2012 1 SUMÁRIO Página Lista de ilustrações e tabelas ...................................................................................3 Resumo ...................................................................................................................4 1. Introdução ...........................................................................................................5 2. Hipóteses ........................................................................................................................................10 3. Objetivos .........................................................................................................................................11 4. Justificativa .....................................................................................................................................11 5. Material e Métodos ........................................................................................................................12 5.1. Área de estudo .....................................................................................................................12 5.2. Amostragens .......................................................................................................................13 5.3. Efeito in vitro do aumento [CO2] e da redução dos valores do pH ...............................13 5.4. Determinação das taxas de mineralização de CaCO3 .....................................................14 5.5. Avaliação das respostas fisiológicas .................................................................................15 5.6. Avaliação das respostas celulares .....................................................................................15 5.7. Determinação da taxa de sobrevivência/letalidade do coral e da alga calcária ...........16 5.8. Avaliação da capacidade reprodutiva e da taxa de sobrevivência de esporos de L. abyssalis ......................................................................................................................................17 6. Cronograma de metas ....................................................................................................................17 7. Orçamento ......................................................................................................................................18 8. Referências bibliográficas .............................................................................................................18 2 Lista de ilustrações e tabelas Figura 1: L. superpositum ................................................................................................................ 9 Figura 2: M. braziliensis ............................................................................................ 10 Figura 3: Indivíduo de L. abyssalis associado a rodolitos ........................................... 10 Tabela1: Concentrações de CO2 e valores de pH usados nos experimentos in vitro (Cenário A1F1 do IPCC) .......................................................................................... 14 RESUMO O termo “acidificação dos oceanos” diz respeito a mudanças na química do carbonato nas águas oceânicas devido ao aumento da concentração atmosférica do CO2 e, consequentemente, da sua absorção pela água do mar. Atualmente, várias pesquisas vêm sendo desenvolvidas para avaliar a influência da acidificação dos oceanos em organismos marinhos. No entanto, esses trabalhos estão voltados principalmente a respostas fisiológicas, como crescimento tecidual, enquanto que respostas celulares não têm sido frequentemente estudadas, principalmente em relação à calcificação. Dessa forma, este trabalho terá como objetivo avaliar os efeitos da acidificação da água do mar na biologia celular e fisiologia de macroalgas marinhas e corais escleractínios. Para isso, foram escolhidos os organismos: Lithothamnion superpositum – alga calcária incrustante mais importante em termos de abundância e distribuição no Banco do Abrolhos, Mussismilia braziliensis – coral endêmico do Brasil e principal espécie de coral em águas rasas do Banco dos Abrolhos e Laminaria abyssalis, alga endêmica do Brasil, com elevada importância econômica e ecológica. Serão realizados experimentos in vitro, com manipulações nas concentrações de CO2 e a partir disso, serão analisados os seguintes parâmetros: taxas de mineralização de CaCO3, respostas fisiológicas e celulares, taxa de sobrevivência/letalidade e capacidade reprodutiva e sobrevivência de esporos de Laminaria abyssalis. Palavras chave: acidificação, Lithothamnion superpositum, Abrolhos, Mussismilia braziliensis, Laminaria abyssalis. 4 1. Introdução O termo “acidificação dos oceanos” diz respeito a mudanças na química do carbonato nas águas oceânicas devido ao aumento da concentração atmosférica do CO2 e, consequentemente, da sua absorção pela água do mar. Essas mudanças se resumem ao aumento nas concentrações de bicarbonato (HCO3-) e prótons H+ e ao decréscimo na concentração de íons carbonato (CO32-) e no ponto de saturação do carbonato de cálcio (CaCO3) (Gattuso et al. 1998; Caldeira & Wickett 2003, Orr et al. 2005). Quando absorvido pelos oceanos, o CO2 reage com a água e produz ácido carbônico, que, por sua vez, se dissocia para formar íons bicarbonato e prótons, que novamente reagem com íons carbonato para produzir mais íons bicarbonatos, reduzindo a disponibilidade de carbonatos nos sistemas biológicos (Hoegh-Guldberg et al. 2007). A alteração da química do carbonato oceânico vem ocorrendo desde a Revolução Industrial (The Royal Society 2005, Doney et al. 2009), como reflexo do aumento do CO2 atmosférico, que no período pré-industrial era de aproximadamente 280 ppm e, atualmente, já está em torno de 380 ppm (Solomon et al. 2007). O cenário projetado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) indica que o carbono orgânico dissolvido nas águas superficiais dos oceanos possa aumentar cerca de 12% até final do século XXI, quando as concentrações de CO2 atmosférico poderão chegar a 760 ppm. Como resultado, a concentração iônica dos carbonatos [CO32-] será reduzida em até 60%. De fato, a grande preocupação em relação à acidificação dos oceanos é em relação à velocidade com que esse processo vem ocorrendo. Isso porque os níveis de CO2 atmosférico já estiveram elevados, assim como os atuais, mas em períodos glaciais e inter-glaciais (Sanyal et al. 1995). No entanto, as maiores concentrações de CO2 inferidas de registros geológicos surgiram ao longo de muitos milhões de anos, através de processos lentos, como tectonismo e evolução biológica (Caldeira & Wickett 2003). Os oceanos têm capacidade de absorver grande parte do CO2 gerado por atividades antropogênicas, porém, de maneira geral, a velocidade de degradação dos sistemas naturais está sendo cada vez maior do que a capacidade de tamponação desses sistemas. Nas últimas décadas, apenas a metade do CO2 emitido ficou retido na atmosfera, da outra metade, 30 % foi absorvido pelos oceanos e 20% pela biosfera terrestre (Feely et al. 2004). Estudos de modelagem sugerem que, desde o início do período industrial houve um declínio médio de 0,2 U no pH da água do mar, por causa do aumento da 5 concentração de CO2, resultado da queima de combustíveis fósseis (Caldeira & Wickett 2003) e, até o final do século XXI, esse declínio poderá chegar até 0,3–0,4 U (Haugan & Drange 1996). Projeções de Orr et al. (2005) indicam ainda que a acidificação das águas superficiais dos oceanos do hemisfério sul passará a um estado de não saturação da aragonita (uma das formas cristalinas do CaCO3) no ano de 2050, tendo como conseqüência a destruição de estruturas carbonáticas, como formações recifais, por exemplo. É proposto ainda que as taxas de dissolução possam exceder as de calcificação, em algas coralíneas, no final do século XXI, devido à acidificação dos oceanos (Martin & Gattuso 2009). O ponto de saturação do carbonato de cálcio é dado pelo produto da relação entre as concentrações iônicas ([Ca2+] x [CO32-]) sobre o produto de solubilidade do mineral, sendo que este último depende de determinadas condições, como alcalinidade, salinidade e temperatura (Caldeira et al. 2004). Desta forma, a partir destes conhecimentos básicos sobre a química da mineralização é que se fundamentam diversas teorias e estudos a respeito dos danos causados pela acidificação da água do mar aos organismos calcificadores. As pesquisas atuais sobre o fenômeno da acidificação dos oceanos têm sido mais direcionadas aos efeitos que podem causar aos organismos calcificadores (Hurd et al. 2009), comprometendo a capacidade destes manterem ou construírem estruturas carbonáticas (Bijma et al. 1999, Riebesell et al. 2000, Orr et al. 2005, Shirayama & Thornton 2005, De’ath et al. 2009). Estudos sugerem que os efeitos do fenômeno da acidificação ocorrerão primeiro em altas latitudes - devido ao aumento da solubilidade do CO2 em temperaturas frias onde é predito que o estado de não saturação da aragonita ocorrerá entre 2030 e 2038 (McNeil & Matear 2008), enquanto em mares do hemisfério Sul, ocorrerá no ano de 2050 (Orr et al. 2005). Experimentos para simular os efeitos biológicos do aumento de CO2 nos organismos marinhos não são simples, porque quando o pH da água é alterado, a especiação do carbono também é modificada, o que pode gerar fortes implicações em processos como fotossíntese, respiração e calcificação (Hurd et al. 2009). Além disso, os próprios processos metabólicos dos organismos também modificam o pH; a fotossíntese aumenta o pH, enquanto que a calcificação e a respiração reduzem o mesmo (Hurd et al. 2009). 6 Duas técnicas têm sido mais utilizadas para simular as condições de acidificação da água do mar na maioria dos experimentos de perturbação biológica: a injeção de CO2 e adições de HCl⁄ NaOH. Cada método produz um alvo específico de especiação do CO2, mas eles os atingem de maneiras diferentes (Langdon 2003). A diluição do CO2 gasoso com a água do mar estabiliza o equilíbrio pCO2, sem que ocorra mudança na alcalinidade total (AT). Como resultado, o carbono total (CT) aumenta a partir de um valor inicial. Em contraste, a adição de HCl envolve um decréscimo na AT, mas não muda o CT. Até o momento, a técnica de borbulhamento de CO2 vem sendo considerada a mais próxima da realidade atual da acidificação dos oceanos (Hurd et al. 2009). Os estudos das respostas de macroalgas à acidificação são recentes, tendo se iniciado os estudos de ecologia e fisiologia na década de 1990 (Gao et al. 1991, 1993). Sabe-se que algumas macroalgas são capazes de responder a mudanças tanto na concentração de CO2 quanto nos valores do pH na água do mar (Hurd et al. 2009). O crescimento de Porphyra yezoensis, por exemplo, aumenta significativamente com o enriquecimento de CO2 a 1000 ppm (Gao et al. 1991). Por outro lado, um decréscimo nas taxas de crescimento causado por elevados níveis de CO2 ocorre em algumas algas vermelhas (Israel et al. 1999). Além disso, um recente estudo mostra que as taxas de crescimento de 13 espécies (Chlorophyta, Rhodophyta e Ochrophyta) cultivadas em condições atuais são comparáveis ao crescimento daquelas cultivadas em água enriquecida com CO2, e isso é atribuído à ocorrência de mecanismos de concentração de carbono (CCMs) (Israel & Hophy 2002). Além da fotossíntese, o CO2 influencia no processo de calcificação/biomineralização. Esse processo corresponde à formação biogênica de carbonato de cálcio (Borowitzka 1987), pelo qual são produzidas estruturas diversas, como carapaças de invertebrados marinhos, esqueletos dos vertebrados, conchas dos moluscos, dentes e otólitos. As formas mais comuns de carbonato de cálcio (CaCO3) são aragonita, calcita e calcita com alto teor de magnésio (Adey 1998). Dentre essas três formas, a calcita com alto teor de magnésio é a forma mais instável (Chave et al. 1962). Como a calcita com alto teor de magnésio é mineralizada pelas algas calcárias (Borowitzka 1987), esses organismos podem ser os primeiros a sofrerem mais drasticamente os efeitos da acidificação da água do mar. As algas podem apresentar diferentes mecanismos de calcificação. Os cocolitoforídeos, por exemplo, produzem calcita nas regiões intracelulares e essa é extruída para as superfícies das células, enquanto que a alga verde Halimeda mineraliza 7 aragonita no espaço intercelular e por fim, as algas vermelhas coralíneas depositam a calcita com alto teor de magnésio no interior das paredes celulares (Borowitzka 1987). As algas calcárias são a principal fonte marinha de carbonatos e sedimentos nas zonas costeiras (Gattuso et al. 1998, Feely et al. 2004, Balch et al. 2007, Farina & AmadoFilho 2009). Nesse contexto, as macroalgas coralíneas são componentes importantes nas comunidades bentônicas (Littler 1972, Adey 1975, Foster 1975, Johansen 1981, Paine 1984, Steneck 1986). Elas são os primeiros organismos colonizadores de espaços nus (Matsuda 1989, Kendrick 1991) além de competidores dominantes por espaço (Quinn 1982, Paine 1984, Steneck 1986), construtores de recifes (Adey 1998, Chisholm 2003) e de estruturas carbonáticas (nódulos calcários de vida livre, formados for algas nãogeniculadas) denominadas rodolitos (Foster 2001, Amado-Filho et al. 2007). Os corais escleractínios - denominados anteriormente como hermatípicos mineralizam o carbonato de cálcio na forma de aragonita, sendo assim, esses organismos também podem sofrer com os efeitos da alteração do pH na água do mar. Os corais segregam CaCO3 pela epiderme de sua base, formando um esqueleto rígido calcificado (Goreau et al. 1979). Os recifes coralíneos estão entre os ecossistemas mais ricos e produtivos, provendo serviços ecológicos e subsistência para cerca de 500 milhões de pessoas (Wilkinson 2004). Metade dos recifes do mundo desapareceu nas últimas cinco décadas e 70% do restante está criticamente degradado (Pandolfi et al. 2003, Wilkinson 2004). Estudos indicam que as taxas de calcificação de corais construtores de recifes de regiões tropicais serão reduzidas entre 20-60% quando as concentrações de CO2 atingirem o dobro das concentrações pré-industriais (cerca de 560 ppm) (Gattuso et al. 1998, Langdon 2003, The Royal Society 2005). As formações coralíneas e bancos de rodolitos (formados por algas calcárias) são reconhecidos como os mais importantes bioconstrutores de carbonato de cálcio e contribuem significativamente no ciclo do CaCO3 nos ecossistemas costeiros tropicais. Neste sentido, é fundamental avaliar os efeitos que a acidificação dos oceanos pode trazer a esses ecossistemas. Entre as algas calcárias e não-calcárias testadas até o presente, pode-se dizer que não há um padrão em relação às respostas quanto à produção primária, crescimento ou calcificação frente à acidificação (Hurd et al. 2009). O que é observado é que o espectro de respostas pode ser devido a diferenças inerentes a fisiologia das algas, ao ambiente onde a alga cresceu antes do experimento, à escala de tempo das respostas fisiológicas medidas (ex. estimativas de fotossíntese vs. crescimento), duração do experimento ou 8 época do ano (Tortell et al. 2008). Outro fator que influencia é a escolha do método de manipulação do pH, pois ele pode afetar de maneira diferente a química do carbonato (Iglesias-Rodriguez et al. 2008, Riebesell et al. 2008). Assim, não há ainda modelos disponíveis que permitam prever o impacto, em diversos organismos e ecossistemas marinhos, do aumento da concentração atmosférico do CO2 e, consequentemente, do grau de acidificação dos oceanos. Neste contexto, é preocupante como estas mudanças globais poderão afetar, inclusive, os organismos que formam os ambientes recifais brasileiros mais extensos, ricos e com elevada taxa de endemismo, como o Banco dos Abrolhos, onde ocorrem extensas formações coralíneas (recifes e banco de rodolitos). Nesse sentido procuramos, nesse projeto, comparar o efeito da acidificação em organismos construtores e não construtores importantes no contexto da biodiversidade tropical brasileira. Foram escolhidos para esse estudo uma alga calcária incrustante (Lithothamnion superpositum) e um coral (Mussismillia braziliensis), organismos construtures, e a macroalga endêmica Laminaria abyssalis. Figura 1: L. superpositum (Fonte: Bahia 2010). 9 Figura 2: M. braziliensis (Fonte: Francini-Filho 2005) Figura 3: Indivíduo de L. abyssalis associado a rodolitos (Fonte: Marins 2009) 2. Hipóteses A acidificação da água do mar altera o padrão de calcificação dos organismos bioconstrutores, reduzindo a calcificação num primeiro momento e causando a descalcificação, em condições extremas de acidificação. 10 A acidificação da água do mar altera as respostas fisiológicas e celulares dos corais e das algas. O grau de interação entre as colônias do coral e as zooxantelas diminui com a acidificação da água do mar. O aumento da concentração de CO2 e a redução dos valores do pH causa danos aos tecidos dos organismos bioconstrutores. A taxa de sobrevivência de esporos de L. abyssalis é menor em virtude da acidificação da água do mar, devido as alterações quimiosmóticas induzidas pela queda do pH. 3. Objetivos Objetivo geral: Testar os efeitos da acidificação da água do mar, causado pelo aumento das concentrações de CO2 atmosférico, na biologia celular e fisiologia de macroalgas marinhas e corais escleractínios. Objetivos específicos: - Verificar se a acidificação da água do mar interfere nas taxas de mineralização de CaCO3 no coral e na alga calcária. - Avaliar as respostas fisiológicas e celulares no coral, na alga calcária e em L. abyssalis, em diferentes condições de acidificação da água do mar. - Determinar se a acidificação da água do mar altera as taxas de sobrevivência/letalidade do coral e da alga calcária. - Verificar se a capacidade reprodutiva de L. abyssalis é prejudicada pela acidificação da água do mar. 4. Justificativa Atualmente, várias pesquisas vêm sendo desenvolvidas para avaliar a influência das mudanças climáticas, mais especificamente, da acidificação dos oceanos, em 11 organismos marinhos. No entanto, esses trabalhos estão voltados principalmente a respostas fisiológicas, como crescimento, enquanto que respostas celulares não têm sido frequentemente estudadas, principalmente em relação à calcificação. Já se considera que o processo de biomineralização em organismos marinhos está sendo drasticamente afetado pelo aumento das concentrações de CO2 nos oceanos. Ao mesmo tempo, tem sido cada vez maior a demanda por informações científicas no intuito de determinar a capacidade de resistência e resiliência destes organismos e das comunidades marinhas associadas. Sem dúvida, apenas com informações deste tipo será possível elaborar e executar estratégias de conservação e manejo e fomentar novas ações que visem à diminuição das emissões atmosféricas de CO2. A escolha dos modelos desse estudo foi baseada nos seguintes critérios: L. superpositum – alga calcária incrustante mais importante em termos de abundância e distribuição no Banco do Abrolhos, maior recife coralíneo do Atlântico Sul (AmadoFilho et al. 2012); M. braziliensis – coral endêmico do Brasil e principal espécie de coral em águas rasas do Banco dos Abrolhos (Leão & Kikuchi 2001); L. abyssalis, alga do tipo “kelp” endêmica do Brasil, com elevada importância econômica e ecológica (Marins et al. 2012) e que ocorre do sul do Banco dos Abrolhos até o norte do Estado do Rio de Janeiro. 5. Material e Métodos 5.1. Área de estudo O complexo recifal de Abrolhos ou Banco dos Abrolhos (16°50’ - 19°45’ S) localiza-se entre o sul da Bahia e o norte do Espírito Santo. Corresponde a uma área de ~46,000 km2, e é considerada a mais extensa área recifal do Brasil e do Atlântico Sul (Leão & Ginsburg 1997, Leão 2002), tendo como principal componente biológico as algas calcárias coralíneas (Kempf 1970, Mello et al. 1975, Leão & Ginsburg 1997, Leão 1996). Apesar da importância, a área do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos representa apenas ¼ da área recifal de Abrolhos. A forma de crescimento dos recifes é bem característica, a partir de uma estrutura em forma de cogumelo, denominada “chapeirão” (Leão 2002). O clima é tropical e úmido, com precipitação pluvial média de 17,5 cm ao ano (Nimer 1989). A temperatura da água do mar varia entre 23ºC (inverno) e 27ºC (verão) (Muehe 1988). 12 5.2. Amostragens As coletas das algas calcárias e das colônias do coral serão realizadas na porção central do Banco dos Abrolhos (17º32’23’’S, 38º12’91’’W). Amostragens destrutivas, com auxílio de martelo e ponteira, serão realizadas através de mergulho autônomo e livre em profundidades de 25 m. Os indivíduos de L. abyssalis (17 esporófitos férteis) foram coletados no sul do Banco dos Abrolhos, em agosto de 2010. O material coletado será trazido ao laboratório para ser realizado o cultivo das algas e dos corais. Todo material será acondicionado em caixas plásticas opacas, de modo a proteger o material contra a luminosidade excessiva e preservar pelo maior período de tempo possível sua coloração original. 5.3. Efeito in vitro do aumento da concentração de CO2 e da redução dos valores de pH Colônias de M. braziliensis e indivíduos de L. superpositum serão transportados para o Laboratório de Algas (IPJBRJ). As amostras serão mantidas para aclimatação por 15 dias em tanques aerados. Os indivíduos de L. abyssalis, coletados no sul do Banco dos Abrolhos, já se encontram em cultivo em câmaras de germinação, em placas de vidro com água do mar, enriquecida com meio Provasoli 25% e dióxido de germânio 0,1 mg/L, temperatura de 16°C, fluxo luminoso alternado claro: escuro (16h:8h) e intensidade luminosa constante (5 µE.m‾2.s‾1). Para avaliar a influência da concentração de CO2 e do pH nas taxas de mineralização e em outros processos celulares e fisiológicos dos organismos estudados, serão utilizados o método de injeção de CO2 atmosférico e adição de HCl/NaOH, em sistemas diferentes. Serão realizados experimentos no período de incubação de 15 e 30 dias. Para ambos os métodos, os indivíduos de L. superpositum e as colônias de M. braziliensis serão cultivados em tempos diferentes. A massa média inicial dos indivíduos cultivados será determinada (em média será utilizada 5 g por indivíduo). Para o método de injeção de CO2, espécimes de dimensões semelhantes serão mantidos em 2 aquários de 10 L, sendo 5 porções de indivíduos em cada aquário. Os aquários serão abastecidos com do mar água filtrada proveniente de uma caixa acrílica (40 L), na qual haverá manipulação das concentrações de CO2 atmosférico. Esse sistema será fechado e haverá circulação da água entre a caixa acrílica e os aquários. Haverá injeções de CO2 na atmosfera das caixas acrílicas (uma caixa para cada concentração de 13 CO2) a fim de atingir as concentrações correspondentes ao cenário A1F1 do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), representados na tabela a seguir. O experimento “controle” corresponderá ao tratamento cuja concentração de CO2 representa os níveis atuais. A concentração de CO2 será ajustada utilizando um controlador com sensor de CO2 Fuzzy Logic acoplado a um regulador e um cilindro de CO2. Período Concentração de CO2 (ppm) Valores de pH Pré-industrial 300 ~ 8.2 Presente (“Controle”) 400 ~8 Ano 2050 560 ~ 7.8 Final do século 1140 ~ 7.6 Tabela 1: Concentrações de CO2 e valores de pH usados nos experimentos in vitro (Cenário A1F1 do IPCC). Adicionalmente, em outros tanques, haverá adições de HCl/NaOH, para manipular o pH da água do mar, a fim de atingir os valores correspondentes aos das concentrações de CO2 citadas anteriormente. Serão cultivados, separadamente, indivíduos da alga calcária e do coral em dois aquários (n=5) para cada tipo de organismo, com 5 L cada. Para cada valor de pH haverá 2 aquários para cada organismo. Os indivíduos de L. abyssalis serão cultivados em placas de Petri (fundas) nas quais será manipulado o pH somente pela adição de HCl/NaOH. Os parâmetros físico-químicos (pH, salinidade, temperatura, concentração de carbonatos, alcalinidade total) da água do mar serão medidos semanalmente. A partir desse experimento, serão avaliados diversos parâmetros relacionados à biologia celular dos organismos, que serão explicitados a partir do sub-item seguinte. 5.4. Determinação das taxas de mineralização de CaCO3 nos organismos calcificadores A taxa de mineralização será avaliada para verificar se haverá diferenças induzidas pelas diferentes concentrações de CO2 e valores de pH, no coral e na alga calcária. A taxa de mineralização será obtida pelo cálculo do volume deslocado pelos indivíduos no 14 tempo inicial e após o experimento de incubação. Basicamente, determina-se o volume deslocado de água após a imersão da amostra em um becker graduado. O método do volume deslocado para estimativa da massa seca de CaCO3 é validado posteriormente relacionando o volume final versus a massa seca determinada após secagem do material a 500°C. 5.5. Avaliação das respostas fisiológicas Serão avaliadas as taxas de fotossíntese e quantificação de pigmentos em organismos calcificadores e em L.abyssalis. A taxa de fotossíntese será medida in vitro, com a utilização de um fluorímetro ("Diving-PAM") para medição da fotossíntese por fluorescência da clorofila. Para a quantificação de pigmentos fotossintetizantes será feita a extração, purificação e quantificação dos pigmentos utilizado um cromatógrafo líquido de alta performance Shimadzu Prominence acoplado a detectores de absorção UV-Visível-Infravermelho e de emissão de fluorescência 400-750 nm. 5.6. Avaliação das respostas celulares Serão avaliados os seguintes parâmetros: volume celular e espessura da parede celular, quantificação de substâncias de reserva, interações simbióticas entre corais e zooxantelas e síntese de matriz extracelular. Serão avaliados, antes e após os experimentos, o volume celular e a espessura da parede celular. Para a análise do volume celular, será utilizado o marcador fluorescente Fm4-64 (para marcação do folheto externo da bicamada plasmática) e para a análise da espessura da parede celular, será utilizado o marcador fluorescente Calcofluor White (para marcação da celulose nas paredes celulares). Em seguida, serão obtidas imagens de células superficiais fixadas e desmineralizadas de corais e algas calcárias e de L. abyssalis por microscopia confocal de varredura a laser (LSM – sigla do termo em inglês Laser Scanning Microscopy). A partir das imagens obtidas será realizada a reconstrução tridimensional das células e o cálculo do volume intracelular, comparando células de mesmos indivíduos antes e depois do experimento de cultivo em diferentes concentrações de CO2 e valores de pH. Por fim, as taxas relativas de crescimento ou redução do volume celular serão comparadas entre os diferentes tratamentos. Para a quantificação das substâncias de reserva nas algas e nos corais, especificamente para grãos de amido das florídeas, será utilizada a microscopia 15 eletrônica de transmissão convencional (MET), para a contagem e medida dos grãos de amido comparando os diferentes indivíduos de tratamentos e tempos (zero e final). As amostras para MET serão fixadas (GA 2,5%, PA 4% em CACO 0,1 M), lavadas, desmineralizadas em EDTA 10%, lavadas, pós-fixadas (OsO4), desidratadas, incluídas em resina SPURR, cortadas em ultramicrótomo e observadas ao microscópio eletrônico. Para a quantificação de lipídeos, será utilizado o marcador fluorescente de lipídeos neutros Nile Red. As amostras serão fixadas (formaldeído 4%), desmineralizadas em EDTA 10%, incubadas com Nile Red a 10ug/mL por 30 min., lavadas em PBS (pH 6,5), montadas em lâminas com n-propilgalacto diluído em glicerol:PBS (9:1) 0,2 M e, em seguida, observadas por LSM (emissão 535 nm), para análise de número e tamanho de gotículas lipídicas. Para a análise do efeito do aumento da concentração de CO2 e da redução dos valores do pH nas interações simbióticas entre os corais e as zooxantelas será analisada a taxa de fotossíntese, pela fluorescência dos pigmentos fotossintetizantes e a densidade e integridade celular das zooxantelas. Será determinada a densidade de zooxantelas e de cloroplastos, pela fluorescência dos pigmentos fotossintetizantes, em células fixadas e desmineralizadas, operando o microscópio confocal (LSM) no modo de varredura espectral (de 450 a 700 nm de emissão de fluorescência). Por MET (protocolo descrito anteriormente), as células das zooxantelas serão analisadas quanto a sua integridade estrutural. Para a análise de atividades relacionadas à síntese de matriz extracelular em células da alga calcária e do coral, será avaliada, por MET, a atividade do aparato de Golgi (analisando número e tamanho de cisternas) e a densidade de vesículas exocitando substâncias para as paredes celulares e ainda, as mudanças na composição da matriz extracelular, por testes citoquímicos (segundo de Souza, 2007). 5.7. Determinação da taxa de sobrevivência/letalidade do coral e da alga calcária As taxas de sobrevivência/letalidade de colônias de M. braziliensis e indivíduos de L. superpositum serão avaliadas pelo estado de vitalidade dos organismos, determinado pela coloração (Pereira Filho et al. 2012). As imagens serão obtidas com o uso de um estereomicroscópio e analisadas no programa de computação Coral Point Count with excel extensions (CPCe) (Kohler & Gill 2006). 16 5.8. Avaliação da capacidade reprodutiva e da taxa de sobrevivência de esporos de L. abyssalis Será avaliada a capacidade reprodutiva de L. abyssalis, pela obtenção de esporófitos a partir de gametófitos masculinos e femininos (já em cultivo) e será analisada a taxa de sobrevivência destes esporófitos. Isso ocorrerá em meios de cultivo com diferentes valores de pH. 6. Cronograma de metas SEMESTRES Metas 2012 2013 2014 2015 1 1 1 1 2 2 2 2 2016 1 Realização das disciplinas Estágio em docência Exame de qualificação Amostragens Efeito in vitro do aumento atmosférico e da queda do pH do CO2 Determinação das taxas de mineralização de CaCO3 Avaliação das respostas fisiológicas Avaliação das respostas celulares Determinação da taxa de sobrevivência/letalidade dos corais e das algas calcárias Avaliação da capacidade reprodutiva sobrevivência de esporos de L. abyssalis e Tratamento e análise de dados 17 Produção de artigos científicos Redação da tese Defesa da tese 7. Orçamento Descrição Quant. 1. CUSTEIO 1.1.Material de consumo Reagentes, vidraria, bombas, peças de reposição para equipamentos, dentre outros. 1.2.Serviços de terceiros Pessoa Jurídica Serviço de apoio náutico Gases (CO2) 1.3.Diárias 1.4.Passagens aéreas (GIG/SSA) Total Preço Preço Unit. (R$) Total (R$) Vários n.d. 25.000,00 2 10 8 4 1.000,00 1.000,00 187,83 800,00 2.000,00 10.000,00 1.502,64 2.400,00 40.902,64 Este projeto está integrado a outros projetos através da complementariedade dos resultados a serem obtidos. A maior parte da infra-estrutura e de apoio técnico está assegurada pelo apoio institucional através da disponibilização de equipamentos como, microscópios ópticos e eletrônicos, laboratório de cultivo de algas, parte dos reagentes para preparação e fixação de amostras, câmeras de vídeos, ROV, outros equipamentos fotográficos, computadores, softwares específicos, além dos pesquisadores e professores envolvidos. Além disso, também há a colaboração com instituições externas, como UFRJ (Labs. Biomineralização, Ultraestrutura Celular Hertha Meyer, Pinças Ópticas e Microbiologia) e INMETRO (Lab. Biotecnologia), onde há disponibilidade de utilização dos equipamentos, assim como de auxílio de técnicos. 8. Referências bibliográficas Adey, W. H. 1975. The algal ridges and coral reefs of St. Croix: their structure and Holocene development. Atoll Research Bulletin, 187: 1–67. 18 Adey, W. H. 1998. Coral reefs: algal structured and mediated ecosystems in shallow, turbulent, alkaline waters. Journal of Phycology, 34: 393–406. Amado-Filho, G. M.; Maneveldt, G.; Manso, R. C. C.; Marins-Rosa, B. V.; Pacheco, M. R.; Guimarães, S. M. P. B. 2007. Structure of rhodolith beds from 4 to 55 meters deep along the southern coast of Espírito Santo State, Brazil. Ciencias Marinas, 33: 399–410. Amado-Filho, G. M.; Moura, R. L.; Bastos, A. C.; Salgado, L. T.; Sumida, P. Y.; Guth, A. Z.; Francini-Filho, R. B.; Pereira-Filho, G. H.; Abrantes, D. P.; Brasileiro, P. S.; Bahia, R. G.; Leal, R. 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