UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
Curso de Especialização Lato Sensu em Produção e Reprodução em Bovinos
AVALIAÇÃO REPRODUTIVA EM TOUROS
Eduardo Fernandes Gandolfo
São José do Rio Preto SP, nov 2007
1
Eduardo Fernandes Gandolfo
Aluno do Curso de Especialização Lato Sensu em Produção e Reprodução em
Bovinos
AVALIAÇÃO REPRODUTOVA EM TOUROS
Trabalho monográfico apresentado no curso de
pós graduação, em Produção e Reprodução em
Bovinos, como requisito parcial para sua
conclusão.
Área de concentração: Medicina Veterinária.
Orientador:
Prof. Dr. Marcelo George Mungai Chacur
(FCA – UNOESTE, Curso de Medicina Veterinária
e Programa de Mestrado em Ciência Animal, Pres.
Prudente-SP)
São José do Rio Preto SP, nov 2007
2
AVALIAÇÃO REPRODUTIVA EM TOUROS
Elaborado por Eduardo Fernandes Gandolfo
Aluno do Curso de Especialização Lato Sensu em Produção e Reprodução em Bovinos
Foi aprovado com nota 9,0 (nove).
São José do Rio Preto, 11 de dezembro de 2007.
Prof. Dr. Marcelo George Mungai Chacur
São José do Rio Preto SP, nov 2007
3
Dedico este trabalho aos nossos pais, minha esposa, meus
filhos e amigos, os quais foram os maiores incentivadores
para que pudéssemos concluir este trabalho.
4
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, a DEUS;
Agradeço a meus professores, orientador, colegas de turma,
e a todos que direta ou indiretamente colaboraram com
nosso esforço para a realização de todos os meus objetivos.
5
“[...] nada é fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha [...]”
Gaston Bachelard
6
RESUMO
A evolução da Andrologia Veterinária, consiste no avanço tecnológico desde
a compreensão da endocrinologia, eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, anatomia do
aparelho reprodutor masculino e da avaliação da capacidade reprodutiva do touro
que consiste em itens como padrão racial, masculinidade, estado corporal,
conformação, aprumos e temperamento, são ferramentas que auxiliam na seleção
de touros superiores e descarte dos que apresentem alterações e maiores defeitos.
Também nos auxiliam a avaliação do comportamento sexual e exame clínico do
aparelho reprodutor onde podemos identificar animais com prepúcio mais alto,
saber do histórico e anamnese, circunferência escrotal, epididimos, órgãos
acessórios e até o espermiograma, que avalia o método de colheita e
características físicas e morfológicas do sêmen. Recentemente, trabalhos vem
sendo realizados tentando identificar marcadores biológicos de fertilidade, dentre
eles as proteínas do plasma seminal, estando presentes em diferentes pesos
moleculares. Isso contribui para a seleção andrológica, juntamente com os dados
clínicos e espermiograma.
PALAVRAS-CHAVE: Touros, Avaliação reprodutiva, Fertilidade.
7
ABSTRACT
The evolution of veterinary andrology, consists of the technological progress
from the understanding of the endocrinology, axis hipotalam-hipófisis-gonadal,
anatomy of the apparel masculine reproducer. Evaluation of the reproductive
capacity of the bull that consists of items as racial pattern, manliness, corporal
state, conformation, aprumos and temper, they are tools that aid in the selection of
superior bulls and discard of the ones that they present alterations and larger
defects. They also aid us the evaluation of sexual behavior and clinical exam of the
apparel reproducer where we can identify animals with higher foreskin, to know of
the report and anamnese, escrotal circunference, accessory organs and until the
espermiogram, that evaluates the crop method and physical and morphologic
characteristics of the semen. Recently works have been accomplished trying to
identify biological markers of fertility, among them the proteins of the seminal
plasma, being present in different molecular weights. That contributes to the
andrologic selection, together with the clinical data and espermiogram.
KEY-WORDS: Bulls, Breeding soundness, Fertility.
8
LISTA DE TABELA, QUADRO E FIGURA
Tabela 1 – Médias e desvios-padrões para a circunferência escrotal,
comprimento testicular, largura testicular, altura testicular, tamanho do
epidídimo para touros Limousin com peso médio de 506,16kg, São José do Rio
Preto-SP..................................................................................................................... 37
Quadro 1 - Mensurações testiculares e epididimárias para comprimento ( eixo
dorso-ventral:1), largura (eixo látero-lateral:2) e altura (eixo crânio-caudal:3); e
achados clínicos dos testículos, epidídimos e glândulas sexuais acessórias de
touro da raça Santa Gertrudis, portador da vesiculite seminal................................... 43
Figura 1 – Eletroforese de plasma seminal de 12 touros Limousin........................... 60
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11
1.1 HISTÓRICO E APLICAÇÃO DA ANDROLOGIA EM TOUROS ..............................................11
2 ENDOCRINOLOGIA REPRODUTIVA DO TOURO..............................................12
2.1 HIPOTÁLAMO .........................................................................................................13
2.2 HIPÓFISE ...............................................................................................................13
2.3 GÔNADAS ..............................................................................................................14
2.4 GLÂNDULA PINEAL ..................................................................................................14
2.5 HORMÔNIOS PRIMÁRIOS DA REPRODUÇÃO ................................................................15
2.6 FUNÇÃO TESTICULAR ..............................................................................................15
3 ANATOMIA DO SISTEMA REPRODUTIVO DO TOURO ....................................16
3.1 TESTÍCULOS ..........................................................................................................16
3.2 EPIDÍDIMOS ...........................................................................................................17
3.3 ESCROTO ..............................................................................................................18
3.4 DUCTOS DEFERENTES ............................................................................................18
3.5 TÚBULOS SEMINÍFEROS ..........................................................................................19
3.6 GLÂNDULAS VESICULARES ......................................................................................20
3.7 PRÓSTATA .............................................................................................................20
3.8 GLÂNDULAS BULBO-URETRAIS .................................................................................21
3.9 PÊNIS ...................................................................................................................21
3.10 PREPÚCIO ...........................................................................................................22
3.11 ÓSTIO PREPUCIAL ................................................................................................22
4 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE REPRODUTIVA DO TOURO...........................23
4.1 AVALIAÇÃO FENOTÍPICA ..........................................................................................23
4.1.1 Padrão racial ....................................................................................................23
4.1.2 Conformação....................................................................................................25
4.1.3 Aprumos ...........................................................................................................26
4.2 AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO SEXUAL ................................................................26
4.2.1 Libido................................................................................................................27
4.2.2 Capacidade de monta ......................................................................................28
4.3 DOMINÂNCIA SOCIAL ..............................................................................................31
5 EXAME CLÍNICO DO APARELHO REPRODUTOR DO TOURO........................33
5.1 IDENTIFICAÇÃO ......................................................................................................31
10
5.2 HISTÓRICO E ANAMNESE .........................................................................................32
5.3 EXAME CLÍNICO GERAL ...........................................................................................32
5.4 EXAME CLÍNICO DO GENITAL EXTERNO .....................................................................33
5.5 BIOMETRIA TESTICULAR (CIRCUNFERÊNCIA ESCROTAL – CE) .....................................34
5.6 EPIDÍDIMOS ...........................................................................................................36
5.7 PREPÚCIO .............................................................................................................38
5.8 PÊNIS ...................................................................................................................39
5.9 EXAME DA GENITÁLIA INTERNA.................................................................................39
5.10 GLÂNDULAS VESICULARES ....................................................................................40
5.11 GLÂNDULAS BULBOURETRAIS ................................................................................41
5.12 GLÂNDULA PROSTÁTICA ........................................................................................42
5.13 AMPOLAS DOS DUCTOS DEFERENTES ....................................................................42
6 AVALIAÇÃO DO SÊMEN (ESPERMIOGRAMA) ..................................................42
6.1 COLHEITA E EXAME DE AMOSTRAS DE SÊMEN ...........................................................43
6.2 MÉTODO DA ELETROEJACULAÇÃO ............................................................................44
6.3 MÉTODO DA VAGINA ARTIFICIAL ...............................................................................45
6.4 MÉTODO DA MASSAGEM DAS AMPOLAS DOS DUCTOS DEFERENTES .............................46
6.5 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SÊMEN ......................................................................47
6.5.1 Volume .............................................................................................................47
6.5.2 Turbilhonamento ..............................................................................................48
6.5.3 Motilidade espermática progressiva .................................................................49
6.5.4 Vigor .................................................................................................................49
6.5.5 Concentração ...................................................................................................50
6.5.6 Avaliação da concentração pelo espectrofotômetro.........................................51
6.5.7 Avaliação da concentração pelo microhematócrito ..........................................52
6.5.8 Avaliação da morfologia ...................................................................................52
6.5.9 Método de avaliação das características morfológicas do sêmen....................53
6.5.10 Eficiência de Touros provados em regime de Estação de Monta...................60
CONCLUSÃO ...........................................................................................................61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................62
11
1. INTRODUÇÃO
1.1 HISTÓRICO E APLICAÇÃO DA ANDROLOGIA EM TOUROS
A andrologia veterinária surgiu como especialidade na Suécia
(Estocolmo / Uppsala) e na Dinamarca (Compenhagen), tendo rápida evolução
durante as décadas de 30 até 60, principalmente na seleção de touros para uso no
processo de inseminação artificial, com os professores Lagerlof e Blom,
respectivamente (VALE FILHO, 2001b)
O exame andrológico é uma técnica empregada na reprodução animal,
que visa obter avaliação completa da capacidade sexual dos machos (FONSECA et
al., 1992)
Para se determinar o potencial reprodutivo real de um touro a única
alternativa é por meio do exame de sua funções reprodutivas onde se pode
diagnosticar anormalidades em um ou mais órgãos genitais, problemas físicos ou
qualidade espermática inferior que podem determinar média ou baixa fertilidade e
até mesmo esterilidade (SILVA e DODE, 1993).
A contribuição do touro para a fertilidade e características de
crescimento é enorme, uma vez que, além de passar metade de seu potencial
genético para sua descendência, pode aplicar sobre ele um diferencial de seleção
maior que as fêmeas. Nesse sentido a circunferência escrotal (C.E); medida de fácil
mensuração, pode ser utilizada como indicador do potencial reprodutivo (SILVA e
TONHATI, 1995).
Foi estimado que a fertilidade de um rebanho de cria para gado de
corte é economicamente dez vezes mais importante que a qualidade de carcaça e
cinco vezes maior de que o ganho de peso (TRENKLE e WILLIANS, 1997). Nesse
12
contexto o touro adquire um papel relevante no processo de cria e representa um
capital financeiro expressivo na atividade. Foi estabelecido que existem entre 15 –
25% de touros com problemas identificáveis que afetariam sua fertilidade. Por outro
ângulo, na avaliação andrológica os touros classificados como satisfatórios com 9 a
10,5% de prenhêz nos rebanhos quando comparados com touros questionáveis
(CHENOWETH, 2002).
A busca pela precocidade reprodutiva em programas de seleção em
touros é crescente. Trabalhos nesta esfera tem como objetivo estudar as
características que podem influenciar na precocidade, a avaliação da biometria
testicular, bem como o espermiograma tem sido largamente utilizados na avaliação
da capacidade reprodutiva dos touros (FONSECA et al, 1997).
Outros trabalhos relataram que vacas acasaladas com touros
aprovados pela avaliação andrológica desmamaram 7,4 % a mais de bezerros que
as servidas com touros não testados (WILTBANK e PARISH, 1986)
Em estudos em que COSTA e SILVA (2000), avaliaram que o exame
andrológico resultou em uma receita líquida com venda de bezerros 23,5% superior
em relação à situação inicial onde os touros não eram avaliados.
Sendo que
o custo do touro dentro da atividade de cria é significativo, esta redução no número
de touros com aumento da fertilidade o custo por touro, por fêmea exposta seria
reduzido entre U$ 13 e 14 (CHENOWETH, 2002).
2 Endocrinologia reprodutiva do touro
13
Ao longo do tempo, o controle da reprodução dos mamíferos deixou de
ser considerado como um fator regulado apenas pelo sistema nervoso central
(SNC), passando a ser visto como uma função controlada por dois sistemas
separados: o sistema nervoso central e o sistema endócrino. A seguir descobriu-se
que o hipotálamo ligava esses dois sistemas por meio do sistema porta-hipofisário,
coordenando as funções das gônadas. Entretanto, muitos fenômenos não podiam
ser explicados exclusivamente pelo controle neuroendócrino. Portanto, a última
década testemunhou a descoberta de determinados mensageiros químicos (fatores
de crescimento), bem como a presença de sistemas regulatórios parácrinos e
autócrinos no nível das gônadas. Tais avanços ajudaram a desvendar fenômenos
que não conseguiam ser explicados apenas pelo controle neuroendócrino (HAFEZ,
2004).
2.1 HIPOTÁLAMO
O hipotálamo ocupa apenas uma porção do cérebro. Ele consiste da
região do terceiro ventrículo, estendendo-se do quiasma óptico aos corpos
mamilares. Existem conexões neurais entre o hipotálamo e o lobo posterior através
do trato hipotálamo-hipofisário e conexões vasculares entre o hipotálamo e o lobo
anterior da hipófise. Destes capilares, o sangue flui para o sistema porta-hipotálamohipofisário, o qual começa e termina em capilares sem a passagem pelo coração
(HAFEZ,2004).
2.2 HIPÓFISE
14
A hipófise está localizada na sela túnica, uma depressão óssea
localizada na base do cérebro. A glândula está dividida em três partes anatômicas
distintas: os lobos anterior, intermediário e posterior. A hipófise anterior tem cinco
tipos diferentes de células, que secretam seis hormônios: os somatótrofos, que
secretam hormônio do crescimento; os corticótrofos, que secretam hormônio
adenocorticotrófico (ACTH); os mamótrofos, responsáveis pela secreção da
prolactina; os tireótrofos, que secretam hormônios tiro estimulante (TSH), e os
gonadótrofos, que secretam hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio
luteinizante (LH) (HAFEZ,2004).
2.3 GÔNADAS
Em ambos os sexos, as gônadas desempenham papel duplo: a
produção de células germinativas (gametogênese) e a secreção de hormônios
gonadais. As células intersticiais localizadas entre os túbulos seminíferos são
denominadas células de Leydig. As células de Leydig secretam testosterona no
macho (HAFEZ,2004).
2.4 GLÂNDULA PINEAL
A glândula pineal origina-se como uma evaginação neuro-epitelial do
teto do terceiro ventrículo sob a extremidade posterior do corpo caloso.
15
A atividade hormonal da glândula pineal é influenciada tanto pelo ciclo
claro/escuro quanto pelo ciclo estacional, exercendo, portanto, papel importante no
controle neuroendócrino da reprodução (HAFEZ,2004).
2.5 HORMÔNIOS PRIMÁRIOS DA REPRODUÇÃO
Os hormônios primários regulam vários processos reprodutivos,
enquanto os secundários, ou hormônios metabólicos, influenciam indiretamente a
reprodução. Os hormônios primários estão envolvidos em muitos aspectos dos
processos reprodutivos: espermatogênese, ovulação, comportamento sexual,
fertilização, implantação, manutenção da prenhez, parto, lactação e comportamento
materno.
Os hormônios reprodutivos são derivados primariamente de quatro
sistemas ou órgãos maiores: várias áreas do hipotálamo, lobos anterior e posterior
da hipófise, gônadas, e o útero e a placenta (HAFEZ,2004).
2.6 FUNÇÃO TESTICULAR
O FSH e os andrógenos mantém a função gametogênica, enquanto o
LH controla a secreção de testosterona pelas células de Leydig. Diferentemente da
fêmea, não há um sistema de retroalimentação positiva. Assim, após a castração, a
concentração e a freqüência de pulso de LH e FSH são retidas .
A secreção de testosterona é regulada por alças longas, curtas e
ultracurtas. A alça longa envolve FSH, inibina e interações LH-testosterona. A alça
16
curta entre os epitélios intersticial e seminífero envolve fatores de crescimento e
hormônios. A alça ultracurtas regula as interações células de Sertoli/células
germinativas/células mióides. No touro, cada pulso de LH resulta em um pico de
testosterona cerca de 30 a 45 minutos mais tarde (HAFEZ,2004).
3. ANATOMIA DO SISTEMA REPRODUTIVO DO TOURO
O aparelho genital masculino é constituído pelo pênis, órgãos
acessórios (epidídimo, conduto deferente, vesículas seminais, próstata, glândulas
bulbouretrais e uretra masculina), testículos, os quais estão contidos no escroto que,
por sua vez, auxilia na manutenção da temperatura mais baixa que a corporal
favorecendo
a
espermatogênese.
Os
testículos
produzem
testosterona
e
espermatozóides, e estes são viabilizados pelos órgãos acessórios (FRANDSON,
1967)
3.1 TESTÍCULOS
As gônadas masculinas (testículos) situam-se fora do abdome, no
escroto, uma estrutura semelhante a uma bolsa, derivada da pele e da fáscia da
parede abdominal (HAFEZ, 2004).
A consistência normal é elástica e firme, variando de muito firme em
animais jovens sexualmente maduros, até a consistência elástica mole em animais
mais velhos (SILVA e DODE, 1993).
17
Sua posição é oblíqua, apresenta forma ovóide sendo achatado
transversalmente. As faces são livres e conexas e laterais ( direita e esquerda). O
bordo anterior é apenas recoberto superiormente por uma parte da cabeça de
epidídimo e o posterior dá inserção ao corpo do epidídimo. As extremidades,
arredondadas, superior e inferior estão recobertas pela cabeça e cauda do
epidídimo, respectivamente.O pólo superior é o de inserção do cordão espermático
(MIES FILHO, 1977).
Segundo MIES FILHO (1977), do testículo dependem as duas funções
essenciais do macho: a espermatogênese com produção de espermatozóides
imaturos do processo de espermatogênese, com duração média de 61 dias, nos
bovinos; e a androgênica através da produção do hormônio sexual masculino
testosterona e outros hormônios como progesterona e estrógeno, por meio do
processo de esteroidogênese.
3.2 EPIDÍDIMOS
É um túbulo coletor das secreções dos testículos. Inicia-se no pólo do
testículo em que os vasos sanguíneos e nervos penetram; esta é conhecida como a
cabeça do epidídimo. A cabeça continua ao longo de um dos lados do testículo, como
corpo do epidídimo, que termina antes de fazer uma volta para o lado oposto como
cauda do epidídimo (REECE, 1996). Na cabeça e corpo ocorre o transporte e
maturação dos espermatozóides e a cauda tem a função de reservatório dessas. A
maturação do espermatozóide significa a aquisição da capacidade fertilizante a qual
inclui a obtenção da motilidade, mudanças morfológicas das características de
membrana e do metabolismo dos espermatozóides (HAFEZ, 1995).
18
3.3 ESCROTO
É uma bolsa cutânea que contém os testículos (REECE, 1996). Possui
formato globular, mas assimétrico (SISSON, 1986). Contém uma lâmina subcutânea
de fibras musculares lisas, denominada de túnica dartos. Mediante dutos é formado
um septo que divide a bolsa em dois compartimentos, um para cada testículo. As
fibras musculares da túnica dartos ajudam a manter a temperatura, no interior da
bolsa. Em uma temperatura ambiente elevada, os dutos se distendem, afastando os
testículos da cavidade abdominal e aumentando a superfície de evaporação. Em
dias frios o processo ocorre ao inverso (D`ARCE e FLECHMANN, 1980).
A pele escrotal é falha em gordura subcutânea, mas é rica em
glândulas sudoríparas adrenérgicas, e o seu comportamento muscular (dartos)
propicia alterar a espessura e área superficial do escroto, além de variar a
proximidade dos testículos com a parede corpórea. A artéria testicular, cuja base
repousa no pólo cranial ou dorsal do testículo, está intimamente em contato com o
chamado plexo pampiniforme das veias testiculares (HAFEZ, 1995). Neste
mecanismo de contra corrente, o sangue arterial que entra, nos testículos é resfriado
pelo sangue venoso que os deixa. A posição das artérias e veias junto a superfície
do testículo tende a aumentar a perda direta do calor testicular (HAFEZ, 1995).
3.4 DUCTOS DEFERENTES
Algumas vezes também são chamados de vasos deferentes, são a
continuação do sistema de ductos que vai da cauda do epidídimo até a uretra
19
pélvica (REECE, 1996). Segundo o mesmo autor, quando o ducto deferente deixa o
testículo em direção ao abdômen, fica intimamente próximo a artéria, veia e nervos
testiculares, vasos linfáticos e músculo cremaster no interior da lâmina visceral da
túnica vaginal. Esta combinação de estruturas é conhecida como cordão
espermático. Após o cordão espermático passar através do anel inguinal, os ductos
deferentes separam-se do cordão espermático para formar a uretra pélvica. Estes
terminam numa área espessa e glandular, conhecida como ampola dos ductos
deferentes.
3.5 TÚBULOS SEMINÍFEROS
É
a
“unidade
histológica”
do
testículo
e
sede
da
função
espermatogênica (MIES FILHO, 1977). Os túbulos aparecem como grandes
estruturas isoladas, perfis arredondados ou oblíquos, aparência variável devido ao
seu complexo espiralado em muitos diferentes ângulos e níveis. Entre os túbulos
situam-se os vasos sanguíneos de diâmetro variável agrupados com eurotrócitos e
embutidos em pequenas massas de células interticiais (Leydig), que produzem os
hormônios sexuais masculinos para o interior das veias testiculares e vasos
linfáticos, sendo dependentes dos hormônios gonadotrópicos, LH (hormônio
luteizante) e FSH (hormônio folículo estimulante), liberados pela adenohipófise. O
eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal é quem regula a secreção destes hormônios,
sendo este eixo auto regulável. As células espermatogênicas do túbulo dividem-se e
diferenciam-se para formar espermatozóides. As células de sustentação (Sertoli)
repousam sobre a membrana basal e exercem funções nutritivas, protetoras e de
sustentação para as células espermatogênicas. As células de Sertoli e células
20
germinativas regulam-se umas as outras quando a secreção cíclica de proteínas ao
longo do túbulo seminífero (DELMANN e BROWN, 1982; HAFEZ, 1995).
3.6 GLÂNDULAS VESICULARES
Estão situadas lateralmente às porções terminais de cada ducto
deferente, sendo compactas e lobuladas. O ducto da glândula vesicular e os ductos
deferentes podem participar de um orifício ejaculatório comum que se abre dentro da
uretra (HAFEZ, 2004). As vesículas seminais não desempenham função de
reservatório de espermatozóides e sim a de secretar o líquido seminal no qual estão
contidas as células espermáticas. Esta secreção possui o papel de nutriente e de
manutenção de pH (MIES FILHO, 1977).
Além de fornecer veículo líquido para o transporte de espermatozóides,
a função das glândulas é pouco conhecida, embora muito se saiba sobre os agentes
químicos específicos com os quais elas contribuem para o ejaculado (HAFEZ, 2004).
A ultrassonografia é de grande valia para o diagnóstico de patologias
das vesículas seminais em touros, dentre elas a vesiculite de causa bacteriana,
como a causada pelo Proteus vulgaris (CHACUR et al., 2001).
3.7 PRÓSTATA
Um distinta parte externa lobulada de corpo posiciona-se fora do
delegado músculo uretral, e uma secundária parte interna ou disseminada envolve a
uretra pélvica. A próstata dissiminada estende-se caudalmente tanto quanto os
21
ductos das glândulas bulboretrais. O corpo da próstata é pequeno no touro (HAFEZ,
2004).
3.8 GLÂNDULAS BULBO-URETRAIS
Elas são dorsais à uretra e localizam-se próximas à terminação dessa
porção pélvica. No touro, elas estão quase ocultas pelo músculo bulboesponjoso.
Em ruminantes, os ductos das glândulas bulbo-uretrais abrem-se no recesso uretral
(HAFEZ,2004).
3.9 PÊNIS
No pênis dos mamíferos, três corpos cavernosos são agregados ao
redor da uretra peniana. O corpo esponjoso do pênis que envolve a uretra é amplo.
Esse bulbo é recoberto por músculo bulbo esponjoso estriado. O corpo cavernoso
do pênis surge como uma parte de cruz do arco isquiático, o qual é recoberto por
músculo isquiocavernoso. Uma cobertura espessa (túnica albugínea) inclui os
corpos cavernosos. Em ruminantes, o músculo retrator do pênis controla o
comprimento efetivo do pênis e sua ação na flexura signóide (HAFEZ, 2004).
22
3.10 PREPÚCIO
É uma peça invaginada da pele que envolve a extremidade livre do
pênis (REECE, 1996). Em ruminantes, o orifício do prepúcio é controlado pelo
músculo caudal também pode estar presente (HAFEZ, 2004).
3.11 ÓSTIO PREPUCIAL
O óstio prepucial localiza-se aproximadamente 5cm caudalmente ao
umbigo e sua dimensão é suficientemente ampla para admitir a passagem de um
dedo com facilidade. Òstio é circundado por pêlos longos (SISSON e GROSMAN,
1986). È por meio do óstio que o pênis se exterioriza durante a micção – a ereção.
(GODINHO et al, 1985).
A acrobustite acomete touros com prepúcio longo, podendo causar
infecções ascendentes através do canal da uretra, podendo o agente bacteriano
atingir as glândulas sexuais acessórias (CHACUR et al.,2001).
23
4 Avaliação da capacidade reprodutiva do touro
4.1 AVALIAÇÃO FENOTÍPICA
4.1.1 Padrão racial
Cada raça apresenta suas características específicas, pois a sua
uniformidade fenotípica facilita a preservação e possibilita a manutenção da pureza
racial. No entanto, o animal racialmente perfeito nem sempre demonstra capacidade
reprodutiva excelente, daí a necessidade de avaliar, juntamente com as
características raciais, as características reprodutivas (SILVA e DODE, 1993).
4.1.1.1 Temperamento
Diversos fatores podem interferir com a performance de um touro
doador de sêmen numa central de inseminação artificial, independentemente da
condição normal da espermiogênese (VALE FILHO et al., 1980).
Temperamento é a expressão da organização nervosa do animal. No
bovino de corte este deve ser ativo e caracterizado por atitudes alertas, movimentos
fáceis ou rápidos, no de leite deve ser linfático quando revelado por atitudes calmas
e reações retardadas, respectivamente (PEIXOTO et al., 1990).
A índole é acusada pela disposição boa ou má do animal segundo seus
24
atos e reações. Há indivíduos de boa índole, isto é, mansos, dóceis e fáceis de lidar;
outros são bravios, de trato difícil, as vezes de caráter indesejável (PEIXOTO et al.,
1990).
Animais que apresentam, no momento da monta, intranqüilidade,
apatia, sonolência e temperamento bravio representam um prognóstico desfavorável
para o índice reprodutivo do rebanho (BUENO, 1999).
Num estudo realizado por VALE FILHO et al. (1980), sobre o
temperamento animal e facilidade de manejo, houve maior incidência de touros de
temperamento difícil nos Bos taurus que nos Bos indicus, tendo sido a proporção de
60,42% para 41,54%, destacando que animais de temperamento difícil são mais
onerosos quanto ao manejo na central de inseminação artificial e mais perigosos
quanto a risco de acidentes, devendo ser evitados.
4.1.1.2 Masculinidade
A manutenção das características sexuais secundárias é controlada
por um andrógeno conhecido como testosterona (HAFEZ, 1995). Deste hormônio
depende um maior desenvolvimento muscular (músculo do pescoço, quarto anterior
e posterior, maior capacidade torácica e capacidade ruminal), dos órgãos
reprodutivos, comportamento sexual típico além da retenção do nitrogênio e
proteínas que também resultam em maior formação muscular (SILVA e DODE,
1993).
25
4.1.1.3 Estado corporal
Distúrbios metabólicos podem provocar interferência na função
reprodutiva (ROSENBERGER, 1990). VALE FILHO et al. (1980), citam que em
touros usados como reprodutores em condições extensivas no Brasil Central, na
ocorrência de problemas nutricionais relacionadas com deficiência qualitativa de
minerais, proteínas e vitaminas, ou a excessos de energia e/ou proteínas, leva
geralmente a obesidade, principalmente nos chamados touros de elite. Nestes
casos, havendo distúrbio nutricional, há alteração endócrina e como conseqüência
subfertilidade.
Portanto, touros utilizados como reprodutores não podem ser obesos
pois podem prejudicar o ato de monta, causar distúrbios na espermatogênese, e
nem estarem com um estado corporal negativo, fato este que pode trazer prejuízos
ao desempenho reprodutivo do animal (SILVA e DODE, 1993).
O índice de massa corpórea (IMC), quando associado aos valores do
exame andrológico, colabora na seleção e escolha de touros para reprodução.
Valores do IMC entre 290 e 310kg/m², indicam quadros espermáticos satisfatórios
(CHACUR et al., 2003 e 2004).
4.1.2 Conformação
26
Segundo PEIXOTO et al. (1990), é definida como o conjunto de
atributos morfológicos externos que caracterizam o grupo racial a que pertencem os
indivíduos em julgamento. A conformação está intimamente associada com a raça.
O reprodutor deve apresentar boa conformação e tamanho corporal de
acordo com a raça, sendo, porém, importante apresentar normalidade nos testículos.
O crescimento do esqueleto é influenciado pela testosterona ao nível das epífises,
fenômeno que se observa pela diferença de animais castrados e inteiros. Aos 5 anos
de idade, animais castrados são menores que os inteiros, devido ao menor nível de
andrógenos na puberdade (SORENSE, 1979 apud SILVA e DODE, 1993).
Animais com defeitos de conformação esquelética, como xifoses,
lordoses e escolioses, devem ser evitados. Os defeitos de conformação nos jovens,
podem passar despercebidos no exame dos reprodutores, podendo agravar-se com
a idade e comprometer o potencial reprodutivo, principalmente quando em monta
natural (GALLOWAY, 1979 apud SILVA e DODE, 1993).
4.1.3 Aprumos
O reprodutor deve ser examinado parado, andando e no ato da monta,
a fim de se diagnosticar possíveis alterações, principalmente nos membros
posteriores, pois podem ser responsáveis pela baixa capacidade reprodutiva animal,
devendo avaliar-se também cascos e membros anteriores (SILVA e DODE, 1993).
4.2 AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO SEXUAL
27
4.2.1 Libido
A libido é o desejo ou a habilidade do macho em procurar a fêmea
completando a monta (SILVA e DODE, 1993), sendo um importante aspecto da
função reprodutiva masculina (HAFEZ, 1995). Segundo este mesmo autor, falta de
libido (impotência coeundi) pode ser hereditária ou originar-se de distúrbios
psicogênicos, desequilíbrio endócrino ou fatores ambientais.
A avaliação da libido é realizada por meio da observação do macho
perante a fêmea, em 5-10 minutos para o europeu e cerca de 20 minutos para o
zebu. Para esta apreciação, o touro deve ser colocado com uma ou duas vacas em
cio contidas ou não (SILVA e DODE, 1993).
BARBOSA (1987) e VALE FILHO et al. (1980) encontraram valores
superiores para libido na raça Canchim quando comparada a raça Nelore. As
diferenças observadas por VALE FILHO et al. (1980) entre as raças, são
possivelmente devidas a constituição genética dos indivíduos, havendo porém
grande variação entre os mesmos autores.
SILVA e DODE (1993), citam que não há correlação entre baixa libido e
qualidade seminal, porém quando estes touros são dominantes podem comprometer
a eficiência reprodutiva, sendo este um importante teste para o prognóstico do futuro
reprodutor a ser utilizado em monta natural. Em estudo realizado por PINEDA et al.
(2000), atribuindo-se a cada touro notas de 0 a 10, sendo que a nota 0 correspondeu
28
a nenhum interesse sexual e a 10 ao touro que completou duas montas dentro do
período de observação de 10 minutos. A avaliação da libido é realizada no curral e
os animais são classificados segundo as reações, em:
•
Baixa: touro questionável (notas 0 a 3).
•
Média: touro bom (notas 4 a 6).
•
Alta: touro muito bom (notas 7 a 8).
•
Muito alta: touro excelente (notas 9 a 10).
Entretanto, em razão do temperamento agitado e comportamento
introvertido do zebú, faz-se necessário o desenvolvimento de uma metodologia
própria para o teste de libido nesta espécie (SILVA e DODE, 1993).
VALE FILHO et al. (1980) concluíram que animais Bos taurus tiveram
envolvimento mais rápido tendo sido precoces em relação aos Bos indicus, porém,
este resultado não significou menor aptidão ou vigor sexual, e sim uma condição
natural, de uma excitação mais envolvente, demorada e sensitiva, entretanto
inegavelmente com maior perda de tempo.
Em trabalho realizado por PINEDA et al. (2000), a média da libido de
touros Nelore foi de 5,03 ± 3,03.
Pesquisas mostram que touros da raça Canchim apresentam maior
libido que os da raça Nelore, tanto aos 27 quanto aos 39 meses de idade,
provavelmente devido à constituição genética dos indivíduos (BARBOSA et al.,
1991).
4.2.2 Capacidade de monta
29
A capacidade de serviço do touro foi avaliada indiretamente pela taxa
de prenhez em lotes de vacas colocadas com um único touro, durante estação de
monta de 90 dias, onde utilizou-se a relação de 1:50, com taxa média de 77% de
prenhez, em estação de inverno, reduzindo os custos de produção (CHACUR,
comunicação pessoal).
A existência de uma predisposição individual entre touros para um
maior ou menor potencial indica a necessidade de avaliar todas as características
reprodutivas que o compõem, a fim de selecionar os mais dotados para a
reprodução. Deste potencial faz parte a capacidade reprodutiva final dos touros, que
pode ser entendida como sua capacidade de serviço, ou seja, o número de fêmeas
que poderá cobrir eficientemente dentro de uma estação de monta (FONSECA et al.,
1991).
A capacidade de monta esta diretamente correlacionada com o número
de fêmeas cobertas em um rebanho e, consequentemente, correlacionada com a
taxa de prenhez em um sistema de monta natural (SILVA e DODE, 1993).
Segundo SILVA e DODE (1993), a capacidade de monta é medida com
fêmeas contidas, em estro ou não, durante 40 minutos em que a cada macho é
permitido saltar e cobrir quantas vezes quiser, durante este período.
Num estudo realizado por BARBOSA (1987) sobre comportamento
sexual através da capacidade de serviço, foram encontradas diferenças significativas
entre touros das raças Canchim e Nelore.
FONSECA et al. (1991), realizaram um trabalho utilizando 9 touros da
raça Nelore, todos submetidos ao exame andrológico e de comportamento sexual,
30
com relação touro:vaca de 1:40, superior à relação utilizada na região. A média
percentual de gestação obtidas aos 30, 60 e 90 dias após o início da estação de
monta foi de 68,4; 88,3 e 89,9% respectivamente. Estes resultados favorecem a
indicação de que touros sadios e aptos para a reprodução, tendo em vista os
aspectos do sêmen, desenvolvimento testicular e capacidade de serviço, vem sendo
subtilizados no rebanho, com um acréscimo desnecessário dos custos de produção.
Para zebuínos, o local para observação do comportamento de monta
deve ser tranqüilo e sem distrações, por um período de 30 a 60 minutos. Quando é
avaliado o número de montas completas, o resultado é classificado em fraco (uma
monta e sem interesse), bom (uma monta e continua o interesse) e muito bom (mais
de uma monta completa e continua o interesse) (SILVA e DODE, 1993).
De acordo com HAFEZ (1995), a inabilidade para monta está
associada as disfunções locomotoras provenientes de deslocações, fraturas, torções
e lesões osteoartríticas dos membros e das vértebras. Modificações degenerativas
da superfície articular da rótula e do jarrete e exostoses das vértebras
toracolombares, interferem com a movimentação e habilidade de monta, além de
presença de pessoas e locais estranhos para o animal (SILVA e DODE, 1993). Os
mesmos autores citam que problemas no pênis como desvio, persistência do frênulo,
problemas de inervação, hematomas, estreitamento do ósteo prepucial e fimose
podem comprometer o animal.
O teste de capacidade de serviço é limitado para touros da raça Nelore
como prova de desempenho sexual, em virtude do temperamento nervoso e da
inibição destes touros face a este tipo de prova (PINEDA, 2000).
Segundo PINTO et al. (1989) existe alta correlação entre capacidade
de monta (CM) e circunferência escrotal (CE) e entre peso e CM.
31
4.3 DOMINÂNCIA SOCIAL
A hierarquia social limita o teste de libido, uma vez que certos
indivíduos, denominados vassalos, não mostram seu verdadeiro potencial devido a
sua submissão frente àqueles touros de comportamento agressivo também
identificados como dominantes. A verificação da dominância é importante, uma vez
que a maioria dos acasalamentos são feitos com reprodutores múltiplos e há
interferência de alguns sobre os outros. Entretanto, não verificou-se quaisquer
interferências negativas em acasalamentos coletivos com elevada proporção de
vacas por touro Nelore em estação de monta de 90 dias (PINEDA et al., 2000).
A idade é fator de dominância num grupo de touros e dentro de uma
mesma faixa etária existem os dominantes ou de raças diferentes que não se
misturam. Touros que permanecem
numa pastagem durante alguns anos não
permitem a entrada de animais novos na sua área de dominância. Deve-se dar
atenção especial aos animais dominantes quanto a sua capacidade reprodutiva,
porque se inférteis ou subférteis, podem comprometer a taxa de prenhez do rebanho
em até 50% (SILVA e DODE, 1993).
5 Exame clínico do aparelho reprodutor do touro
5.1 IDENTIFICAÇÃO
A identificação do animal consiste em primeiramente obter informações
sobre o proprietário e a propriedade (BUENO, 1999).
32
Esta identificação deve conter a raça, idade, nome, número de registro
e procedência do touro (FONSECA et al., 1992).
5.2 HISTÓRICO E ANAMNESE
A anamnese deve ser sucinta, porém deve registrar ocorrências
importantes no que diz respeito à saúde do indivíduo e ao estado sanitário geral do
rebanho a que pertence (FONSECA et al., 1992). Além disso, a anamnese deve
conter as circunstâncias que levaram a suspeitar de sua infertilidade (DERIVAUX,
1980).
A idade do animal, o estado sanitário atual e anterior, a natureza da
alimentação, as medidas higiênicas, o modo de manutenção e o tipo de exploração
são outros elementos a considerar. Além disso, em que idade o animal foi utilizado
para coberturas, se cobriu fêmeas estranhas à exploração e a quais condições
sanitárias os genitais se apresentavam, além de informações sobre excesso de
trabalho sexual (DERIVAUX, 1980).
5.3 EXAME CLÍNICO GERAL
O exame clínico geral do touro apresentado para o exame andrológico
é importante porque enfermidades extragenitais que cursam com alteração
33
acentuada do estado geral, freqüentemente interferem na função reprodutiva
(ROSENBERGER, 1990).
Durante, o exame clínico, não havendo alteração do estado geral, o
touro deve ser submetido a uma inspeção rápida, e também, a eventual presença de
fatores externos que possam vir a limitar sua utilização. Essa inspeção deve ser
metódica, observando-se: pêlo, pele, cabeça, linha do dorso e cauda, peito, abdôme,
membros e cascos. Deve-se prestar atenção a tudo, especialmente a defeitos
hereditários
que
bragnatismo
e
possam
ser
prognatismo,
transmitidos
estreitamento
aos
descendentes:
peitoral,
inserção
hipertricose,
da
cauda
demasiadamente alta ou baixa, lordose, xifose, hérnia umbilical, inguinal ou
abdominal, postura defeituosa dos membros (especialmente sinais de paresia
espástica nos posteriores), cascos abduzidos, em bico ou demasiadamente moles,
hiperplasia interdigital, bem como alteração da locomoção dos membros traseiros. A
presença de uma das deficiências supracitadas ou outros defeitos hereditários deve
ser utilizada para excluir o touro (ROSENBERGER, 1990).
5.4 EXAME CLÍNICO DO GENITAL EXTERNO
A fim de se evitar omissões, o exame dos órgãos genitais deve ser
sempre efetuado na mesma ordem, com o animal em estação e se possível em meio
externo ou em local suficientemente iluminado (DERIVAUX, 1980).
A boa distensão dos cordões espermáticos, a integridade (e higidez) da
pele escrotal, o tamanho dos testículos em relação a idade, raça e peso do animal, a
34
forma dos testículos, a simetria entre eles e o tamanho de cada um em relação à
cauda do epidídimo correspondente, são pontos a serem observados.
Na palpação dos testículos está a chave para o diagnóstico e o
prognóstico da gametogênese, se normal ou anormal, ou se já parcial ou totalmente
infiltrado de tecido conjuntivo fibroso. A consistência é avaliada numa graduação de
1 a 5, sendo a consistência 5 a ideal, indicando produção espermática normal. A
consistência 4 e 4-5 podem indicar leve degeneração testicular, ou regeneração de
processo anterior; consistência 3 indica degeneração testicular moderada e 2 e 1
degenerações graves. A elasticidade e sua progressiva perda também são avaliadas
de 1 a 5, sendo 5 a melhor alternativa e 1 a pior, no sentido de haver maior, menor
ou nenhuma infiltração de fibroblastos no interstício testicular, entre os túbulos
seminíferos. Isso significa que poderá haver um processo degenerativo testicular de
prognóstico favorável ou desfavorável. O somatório da consistência mais a
elasticidade dá a textura testicular (VALE FILHO, 2001a).
Uma leve torção na bolsa escrotal muitas vezes é observada no Nelore
e não ultrapassando 40o não prejudica a capacidade reprodutiva (SILVA et al.,
1993).
5.5 BIOMETRIA TESTICULAR (CIRCUNFERÊNCIA ESCROTAL – CE)
O perímetro escrotal aumenta linearmente quando os touros crescem
dos 6 aos 12 meses de idade, revelando-se um importante método no qual se pode
comparar reprodutores em potencial. O desenvolvimento testicular, estimado pelo
35
perímetro escrotal, também está relacionado à taxa de ganho de peso, precocidade
das filhas, peso ao nascimento e condição corporal (HEBBEL et al., 2000).
Touros com baixa qualidade de sêmen geralmente têm pequeno
perímetro escrotal, que por sua vez tem sido relacionado com alterações patológicas
específicas nos túbulos seminíferos. Touros sexualmente maduros com testículos
reduzidos (hipoplasia), ou em touros com testículos pequenos devido a severas
lesões do parênquima testicular apresentam fertilidade reduzida (HEBBEL et al.,
2000)..
Na preocupação de aumentar a precisão da escolha de reprodutores,
estão sendo introduzidos os conceitos — volume testicular e forma dos testículos
(UNANIAN et al., 2000).
Segundo UNANIAN et al. (2000), somente a circunferência escrotal não
constitui medida representativa da produção espermática e, portanto, do potencial
reprodutivo dos machos. Segundo esses autores, os testículos mais longos, como
freqüentemente encontrados nas raças zebuínas, apresentam maior superfície de
contato com o meio ambiente, o que facilita a termoregulação; além disso, a
distribuição dos vasos sangüíneos e do tecido espermático é mais uniforme,
melhorando a qualidade do sêmen. Ainda, os mesmos autores, observaram que os
testículos de forma longa apresentaram volumes semelhantes às demais formas
testiculares. Das pesquisas mencionadas, concluiu-se que as formas testiculares
mais alongadas apresentaram vantagens morfofisiológicas, sendo apontadas como
favoráveis à reprodução.
DERAGON e LEDIC (1990) analisaram as medidas da CE de 165
touros da raça Nelore, com idades variando de 18 a 48 meses (idade média de
30,71 meses). Como resultado obtiveram a média de 34,3 cm. Os autores afirmam
36
que esta superioridade pode ter sido pelo fato dos animais trabalhados terem sido
previamente selecionados para exposição por se tratarem de touros de rebanho
elite, com alta linhagem dentro da raça.
A maioria dos touros Nelore aos 18 meses de idade são púberes,
porém a qualidade seminal ainda é baixa. A CE pode ser considerada eficaz na
seleção de touros jovens por apresentar, nesta ocasião, correlação com parâmetros
estudados de qualidade seminal (GILARDI et al., 2001).
SANCHES et al., (2004) estudaram touros nelore padrão e mocho,
criados extensivamente no Brasil central, revelando uma circunferência escrotal de
35,05±0,49cm e 33,30±0,39cm, respectivamente.
RABESQUINE et al. (2003) relataram circunferência escrotal de
35,54±2,96cm para touros da raça Limousin entre 20 e 28 meses de idade (tabela
1).
TABELA 1 - Médias e desvios padrões para a circunferência escrotal,
comprimento testicular, largura testicular, altura testicular,
tamanho do epidídimo para touros Limousin com peso médio de
506,16kg, São José do Rio Preto- SP.
Características
n
Média±desvio padrão
Circunferência escrotal
60
35,54±2,96
Comprimento testicular
Largura testicular
120
120
11,97±1,49
6,63±0,56
Altura testicular
120
7,50±0,63
Tamanho do epidídimo
120
2,94±0,23
RABESQUINE ET AL. (2003)
37
5.6 EPIDÍDIMOS
De acordo com SILVA e DODE (1993), por meio de palpação são
observadas as alterações de tamanho, simetria, forma, mobilidade e consistência
que refletem as condições patológicas ou normais do órgão.
Certas anomalias do epidídimo, particularmente o aumento de volume,
podem ser detectadas por meio de palpação. A cabeça, o corpo e a cauda do órgão
são palpados sucessivamente, apreciando-se volume, grau de desenvolvimento,
eventual dilatação - indício de espermostasia, inflamação ou atrofia. Em casos de
inflamação aguda, a cabeça e a cauda estão correntemente aumentadas de volume,
quentes e sensíveis à palpação (DERIVAUX, 1980).
A maturação espermática tem sede na cabeça do epidídimo e seus
problemas estão diretamente relacionados aos ductos deferentes, e indiretamente
ao metabolismo e funções testiculares. Neste caso o sêmen apresenta
espermatozóides em proporção elevada com gota citoplasmática proximal, podendo
haver alta incidência de defeitos na peça intermediária ou ainda de cabeça,
acrossoma e cauda do gameta (VALE FILHO et al., 1980).
Com a estocagem de gametas, os problemas estão diretamente
relacionados a cauda do epidídimo e indiretamente podem ter relação com os
testículos e glândulas anexas do sistema genital. Existem duas possibilidades, a
primeira do problema estar relacionado com alterações bioquímicas do plasma
epididimário, estando a cauda do epidídimo histologicamente normal ou de estar
relacionado com alterações histopatológicas do epidídimo. Em ambos os casos o
sêmen apresenta espermatozóides em elevada proporção, com caudas dobradas ou
enroladas e gota citoplasmática distal, podendo ou não, haver patologia elevada do
38
acrossoma, cabeça e peça intermediária do gameta. Na disfunção epididimaria, o
animal geralmente tem a morfologia espermática normal sendo o único transtorno, a
incidência alta de cauda dobrada com gota citoplasmática distal (quadro
permanente). Na degeneração do epitélio epididímario e na epididimite, por relação
direta, normalmente há concomitantes lesões no testículo; em decorrência há
sempre patologia espermática elevada, de origem testicular. Nos dois casos há
baixa motilidade espermática e na epididimite há presença de leucócitos. O
diagnóstico diferencial é feito pelo teste de exaustão, processando-se várias
ejaculações subsequentes, com período reduzido de tempo, entre elas (VALE
FILHO, 1980). Segundo o mesmo autor a disfunção epididímaria tem sido vista
sempre em nível mais elevado em zebuínos que em taurinos.
5.7 PREPÚCIO
De acordo com SILVA e DODE (1993), verifica-se a abertura do orifício
prepucial, a mucosa livre, ou a presença de aderências, fibrose, ferimentos,
inflamações e úlceras que podem dificultar a saída do pênis e dar origem à fimose.
As raças zebuínas apresentam o prepúcio mais desenvolvido que o
gado europeu, podendo
apresentar o prepúcio pendular. Em algumas raças o
comprimento é excessivo, expondo o reprodutor a acidentes, principalmente quando
criado em regime de pasto, favorecendo o aparecimento de lesões traumáticas,
inflamações, ulcerações, necrose, fimose, acrobustite e parafimose. Portanto,
animais que apresentarem esta característica devem ser descartados do rebanho
(SILVA e DODE, 1993).
39
Executa-se a colheita de secreções prepuciais previamente ao exame
do pênis. As secreções são colhidas diretamente por meio de uma pipeta de vidro ou
de plástico esterilizada. Pode-se também fazer uma lavagem da cavidade prepucial
por meio de uma solução de soro fisiológico ou caldo aquecido a 37oC. O líquido
colhido servirá para pesquisa de tricomonas ou para realizar exames bacteriológicos
(DERIVAUX, 1980).
5.8 PÊNIS
Qualquer lesão no pênis pode dificultar a capacidade de monta. O
pênis pode ser examinado manualmente, mas muitas vezes é observado na coleta
de sêmen (eletroejaculador) ou em monta natural em determinadas condições
(SILVA e DODE, 1993).
Na dificuldade de exposição do pênis pode-se usar anestesia epidural
ou perineal ou por meio de tranqüilizantes como a clorpromazina. Desta forma
aprecia-se facilmente o volume do órgão, a eventual presença de tumores ou de
bridas fibrosas, se a mucosa esta integra ou não, assim como a existência de pregas
e úlceras (DERIVAUX, 1980).
5.9 EXAME DA GENITÁLIA INTERNA
A palpação dos órgãos genitais internos de touros deve ser a última
parte do exame físico durante o exame andrológico. O exame retal tem os seguintes
propósitos:
40
-
avaliar os órgãos genitais internos;
-
remover as fezes do reto para que aumente o contato da probe do
eletroejaculador com a mucosa retal.
A exploração retal pode revelar também a existência de anomalias
genitais ou adquiridas da pelve, lesões peritoneais ou distúrbios dos órgãos urinários
que podem interferir sobre a capacidade reprodutiva do animal (DERIVAUX, 1980).
Segundo VALE FILHO (2001), as vesículas, avaliadas por palpação
retal, também têm servido de parâmetro para seleção de tourinhos jovens (dois anos
de idade) da raça Nelore, nos quais se observou que o tamanho delas, estimado em
comprimento e largura (cm), teve correlação positiva com peso corporal (0,12 e
0,31), circunferência escrotal (0,39 e 0,32) e aspectos físicos do sêmen como
motilidade (0,18 e 0,19), e negativas com defeitos maiores nos espermatozóides
ejaculados (–0,10 e –0,23).
5.10 GLÂNDULAS VESICULARES
As glândulas vesiculares em touros são facilmente detectáveis, e elas
ocupam uma posição ventral na pelve (HAFEZ, 1995), identificadas através da
parede
do
reto,
como
estruturas
cilíndricas
de
3
a
4cm
de
diâmetro
(ROSEMBERGER, 1990), apresentando-se como uma estrutura lobulada no touro
(MIES FILHO, 1977).
De acordo com SILVA e DODE (1993), as glândulas devem ser de
volume e dimensões iguais. A sua consistência varia com a idade, passando de
mole no animal jovem, até firme no touro adulto e nos casos patológicos.
41
Podem se encontrar dilatadas e com dimensões e consistências
desiguais em casos de inflamação, podendo também se apresentar edemaciadas,
sensíveis e flutuantes. Em alguns casos são encontradas secreções patológicas
misturadas com o sêmen; em outros o produto fica bloqueado por obstrução dos
canais excretores e se transformam em vesículas císticas (DERIVAUX, 1980).
CHACUR et al., (2001) relataram a importância da ultrassonografia
para o diagnóstico da vesiculite seminal em touros, inicialmente acometidos por
acrobustite (tabela 2).
Tabela 2 -
Mensurações testiculares e epididimárias para comprimento (eixo
dorso-ventral:1), largura (eixo látero-lateral:2) e altura (eixo
crânio-caudal:3); e achados clínicos dos testículos, epidídimos e
glândulas sexuais acessórias de touro da raça Santa Gertrudis,
portador da vesiculite seminal.
Testículos:
Dimensões(eixos:1x2x3-cm)
ESQUERDO
DIREITO
13,0x7,3x7,3
Simetria
11,0x8,3x8,2
simétricos
Forma
ovóide
ovóide
Posição
vertical
vertical
fibroelástica
fibroelástica
Sensibilidade dolorosa
ausente
ausente
Mobilidade
presente
presente
Epidídimos (eixos: 1x2-cm)
4,0x3,7
4,0x3,6
Vesículas seminais (eixos: 2x3-cm)
6,4x5,0
6,1x3,0
Consistência
Circunferência escrotal: 38,0 cm
CHACUR ET AL. (2001)
42
5.11 GLÂNDULAS BULBOURETRAIS
A glândula bulbouretral em touros está recoberta pelo músculo
bulboesponjoso, não podendo ser identificada pela palpação retal (HAFEZ, 1995).
5.12 GLÂNDULA PROSTÁTICA
No touro a próstata envolve completamente a uretra (DERIVAUX,
1980), podendo ser sentida através da parede do reto. Sua consistência normal é
tensa, firme e elástica e sua superfície é lisa (ROSEMBERGER, 1990).
De acordo com SILVA e DODE (1993), inflamações na pelve podem
afetar a próstata, que por sua vez pode provocar obstrução da uretra e retenção
urinária comprometendo a capacidade reprodutiva do animal.
5.13 AMPOLAS DOS DUCTOS DEFERENTES
As ampolas são a porção espessada terminal glandular do ducto
deferente e podem ser sentidas através da palpação retal onde irá ser verificado
tamanho, simetria, consistência, mobilidade e qualquer sensibilidade. As ampolas
não devem estar completamente simétricas (ROSEMBERGER, 1990).
6 Avaliação do sêmen (espermiograma)
43
Embora sendo de extrema importância, os exames de sêmen de
animais criados a campo nem sempre são solicitados pelos pecuaristas. Portanto,
uma investigação do histórico, o exame clínico geral da colheita do sêmen,
oferecendo subsídios muito seguros para um prognóstico sobre o potencial
reprodutivo do animal, são muito importantes (PINTO et al., 1989).
A fertilidade do macho está intrinsecamente ligada a qualidade do
sêmen. A composição do sêmen é extremamente variável, mesmo em indivíduos da
mesma espécie, já que a atividade espermatogênica e a função secretora das
glândulas estão sob a influência de numerosos fatores externos e hormonais
(DERIVAUX, 1980). Segundo o mesmo autor a avaliação exata da qualidade do
sêmen de qualquer indivíduo deve ser realizada por meio de diferentes exames. A
provável avaliação do poder fecundante comporta várias provas, todas de grande
valor, embora somente a concordância de todas elas permitam conclusões válidas.
FONSECA et al. (1991), citam que a realização de um espermograma
seguro e confiável exige materiais de campo e de laboratórios especiais. Muitas
improvisações vem sendo feitas acarretando em quebra na qualidade do ejaculado,
levando, muitas vezes a condenação injusta de um reprodutor apto, ou, em alguns
casos, à liberação de um inapto.
6.1 COLHEITA E EXAME DE AMOSTRAS DE SÊMEN
O método de obtenção do esperma deve ser tão eficiente que se
obtenha o máximo de sêmen sem contaminação e de boa qualidade para avaliação
do animal, podendo ser repetido sem prejuízo do animal (BUENO, 1999).
44
6.2 MÉTODO DA ELETROEJACULAÇÃO
Esta técnica pode ser usada em touros que possuem lesões
articulares, idade avançada ou que recusam a vagina artificial (VALE FILHO, 2001).
Este mesmo autor ainda cita que a melhor maneira de colher sêmen para avaliação
andrológica de rotina é com eletroejaculador. Além de dispensar a fêmea ou o
manequim, o sêmen é obtido em estado de pureza (MIES FILHO, 1977).
Na eletroejaculação bifásica, o sêmen e o plasma seminal são
liberados por meio de contração dos músculos uretrais e, geralmente, é eliminado
primeiramente o plasma seminal ou pré ejaculado, que é menos denso. Entretanto, o
importante no exame seminal é a fração de densidade maior, rica em
espermatozóides (GROVE, 1975; SILVA e DODE, 1993).
O touro é colocado em um tronco de contenção, com a cabeça segura
e o peito rodeado ligeiramente por meio de uma cinta, a fim de evitar ao máximo
movimentos laterais, todavia não sendo indispensável o uso de um tronco de
contenção. O eletrodo bipolar é introduzido no reto, após prévia lubrificação,
esperando alguns minutos para deixar que o animal se habitue com o aparelho
(DERIVAUX, 1980).
Conforme
critério
adotado
pela
Sociedade
Americana
de
Teriogenologia, os parâmetros "volume" e "concentração espermática" de um
ejaculado, quando não obtido mediante vagina artificial, são aleatórios, e podem ser
substituídos pela tomada do "perímetro escrotal" (MIES FILHO et al., 1982).
45
Para touros Nelore ou de outras raças Zebuínas, principalmente
jovens, o tempo de estímulo varia de 30 segundos a 2-3 minutos, e o volume do
ejaculado pode variar de 1 a 8 ml. O número de touros a ser avaliados por dia
depende da destreza do veterinário, do corpo de peões e das instalações, sendo
possível examinar, sem maiores problemas, de 30 a 40 touros pela manhã e igual
número à tarde (VALE FILHO, 2001).
Muitas vezes, a liberação do ejaculado é facilitada pelo estímulo
mecânico (pressão) exercido na região dorsal e lombar da coluna vertebral (SILVA e
DODE, 1993). De acordo com o mesmos autores, o sêmen é coletado em tubos
graduados e pré-aquecidos a 38oC, para se evitar choque térmico, e protegidos das
patas do animal. Geralmente, os touros se habituam com este método que não
apresenta efeito desfavorável. No momento da passagem da corrente, o animal
eleva o dorso e posiciona os membros posteriores para trás. As amostras recolhidas
tem maior volume, porém menor concentração que as obtidas por vagina artificial,
embora esta circunstância não tenha importância sobre a fecundidade do sêmen
(DERIVAUX, 1980).
Numerosos fatores podem diminuir a motilidade estimada da amostra
de sêmen que é coletado com o auxílio do eletroejaculador, inferior às condições de
campo. A presença de urina na amostra causa grande redução na motilidade, e esta
urina pode vir na amostra quando usado o eletroejaculador (MORROW, 1986).
6.3 MÉTODO DA VAGINA ARTIFICIAL
46
Este método é o mais usado em central de inseminação artificial,
consistindo essencialmente em se fazer com que o animal realize a cópula em um
aparelho adaptado para este fim, de tal forma que a ejaculação se processe
normalmente (MIES FILHO, 1977).
A vagina artificial, é a técnica com a qual o ejaculado mais se aproxima
do depositado na vaca no ato da monta. Muitas vezes é necessária uma fêmea no
cio, contida, para estimular o reprodutor a montar. No entanto, este método só é
praticado com touros dóceis e bem manejados, ou treinados para esta finalidade
(SILVA e DODE, 1993).
A temperatura da vagina artificial, não pode ser muito fria, pois
prejudica a ejaculação do touro e nem muito quente pois pode afetar o pênis e
provocar estresse, apesar de ser coletado somente com temperaturas acima de
50oC (SILVA e DODE, 1993).
A colheita deve ser realizada nas melhores condições de higiene,
limpando previamente a abertura do prepúcio, assim como manter perfeitamente
limpo o local de trabalho e os instrumentos utilizados (DERIVAUX, 1980).
Ainda o mesmo autor cita que o comprimento da vagina pode variar
entre 26 cm, reservada para touros jovens, e 30-40 cm utilizada para touros adultos.
Assim, o pênis pode penetrar completamente e a ejaculação ocorre no cone e no
tubo coletor. Uma só coleta seria suficiente para o exame andrológico imediato,
porém para um conhecimento mais perfeito do touro, faz-se duas ou três coletas em
média a cada 60 dias. Lubrificação da vagina artificial deve ser com vaselina estéril
(SILVA e DODE, 1993).
6.4 MÉTODO DA MASSAGEM DAS AMPOLAS DOS DUCTOS DEFERENTES
47
Na impossibilidade da utilização do eletroejaculador ou vagina artificial
para coletar o sêmen, pode-se obter uma amostragem por meio de massagem dos
órgãos genitais internos, nas vesículas e ampolas dos ductos deferentes (SILVA e
DODE, 1993). Estes órgãos estão situados dentro da cavidade pélvica e o produto
que neles se encontra é lançado na uretra, sendo recolhido as gotas pelo orifício do
prepúcio (MIES FILHO, 1977).
O método é aconselhado, segundo o mesmo autor, para bovinos que
embora fecundos se encontram inutilizados para o salto ou para a cópula. No
entanto este é um método muito limitado para obtenção de esperma para
inseminação artificial apesar do sêmen ser mais concentrado do que o obtido pela
eletroejaculação (SILVA e DODE, 1993).
6.5 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SÊMEN
6.5.1 Volume
O volume do ejaculado é muito variável entre as diversas espécies ou
dentro de uma mesma espécie devido a estação do ano, clima, hora, período de
repouso sexual e método de colheita. O volume não tem valor biológico intrínseco e
sim pela quantidade de células fecundantes que possa conter. O sêmen que foi
colhido adequadamente, e protegido para choque térmico (frio) durante a colheita,
deve chegar ao laboratório levemente abaixo da temperatura do corpo. O tubo deve
ser adequadamente rotulado para se identificar a origem do sêmen (HAFEZ, 1995).
48
O volume é representado em mililitros (mL) e lido na graduação do
copo coletor ou constatado com uma pipeta graduada. O parâmetro mínimo para
touros com idade superior a dois anos é de 4 mL, enquanto para touros jovens é de
2 mL (ROSENBERGER, 1990).
Em estudo feito por KROETZ et al. (2000), foi constatado que touros
jovens da raça Caracu apresentaram maior volume de ejaculado que os da raça
Charolês.
6.5.2 Turbilhonamento
É o movimento em forma de ondas observado em uma gota de sêmen.
A intensidade do movimento é resultante da motilidade, vigor e concentração
espermática (HAFEZ, 1995). Para se proceder a avaliação do turbilhonamento,
coloca-se uma gota de sêmen, recém-colhido, sobre uma lâmina previamente
aquecida a 37oC e leva-se ao microscópio convencional, com aumento de 100
vezes. A interpretação é subjetiva e exige treinamento para que esta característica
seja corretamente avaliada (FONSECA et al., 1991).
A expressão movimento de massa significa o acentuado movimento
semelhante a um turbilhão, ondas ou cardumes de espermatozóides em ejaculados
de grande concentração com células muito ativas (ROSENBERGER, 1990).
As médias dos mestiços superaram as médias das raças paternas para
turbilhonamento, em estudo feito por KROETZ et al. (2000), com touros cruzados
Charolês X Caracu, e estes superaram também em turbilhonamento os touros
Caracu.
49
6.5.3 Motilidade espermática progressiva
Constitui-se num dos mais importantes aspectos físicos do sêmen em
todas as espécies domésticas. A motilidade é dada em porcentagem e significa o
número de espermatozóides com motilidade progressiva em cada 100 deles
observados. É da maior importância considerar apenas os espermatozóides com
motilidade retilínea e progressiva. Portanto, em hipótese alguma devem ser
considerados móveis aqueles com movimentos circulares e oscilatórios (FONSECA
et al., 1991).
A porcentagem de células progressivamente móveis deverá ser
estimada em microscópio com possibilidade de manter a temperatura de 37 a 40oC
em grande aumento (400x). O sêmen fresco deve ser preparado em fina camada
sobre uma lâmina de modo que as células sejam visíveis individualmente (HAFEZ,
1995).
A
motilidade sofre efeito de estacionalidade, seja ela representada
pela temperatura, nutrição ou umidade relativa (SILVA e DODE, 1993).
Em estudo feito por KROETZ et al. (2000), mestiços Charolês x Caracu
superaram o Caracu quanto à motilidade.
6.5.4 Vigor
A motilidade progressiva individual ou vigor do espermatozóide é dada
em uma escala de 0 a 5, que representa a intensidade de deslocamento da célula no
campo do microscópio (MIES FILHO, 1977). O mesmo autor cita ainda que, o
50
número representa a totalidade dos espermatozóides em movimento progressivo
retilíneo, com nota 5 com todas as células móveis, e 0 (zero) com ausência de
espermatozóides.
A seleção de touros com alto vigor espermático é importante dentro
das características reprodutivas (CHACUR et al., 2003).
6.5.5 Concentração
A concentração é um dos aspectos físicos do sêmen de maior
importância pois, quando a colheita for corretamente realizada, revela a eficiência
dos túbulos seminíferos para produzir espermatozóides. Esta característica
associada a motilidade, vigor e volume, confere ao sêmen o turbilhonamento que é
visto somente nos ruminantes (FONSECA et al., 1991).
Segundo ROSENBERGER (1990), como concentração do ejaculado
bovino se entende o número de espermatozóides (em milhões) por milímetro cúbico
(mm3). Para sua determinação, recomenda-se a contagem das células espermáticas
em uma câmara de contagem de células sangüíneas. O sêmen é diluído na
proporção de 0,05 mL em 9,95 mL de solução de Hayem (= grau de diluição 1:200).
Posteriormente, as duas metades de uma câmara de contagem de Thoma
"neutrófilo" ou Neubauer, preparada da forma rotineira, são preenchidas, usando-se
uma pipeta capilar, com o sêmen já previamente diluído contido no tubo de ensaio. A
câmara deve permanecer em repouso horizontal, no mínimo por cinco minutos, para
que os espermatozóides se depositem no fundo. Finalmente, é realizada a contagem
dos espermatozóides encontrados em cinco quadrados grandes (compostos de 16
quadrados pequenos cada), ou seja, sobre o total de 10/25 mm de área em cada
51
metade da câmara no microscópio com contraste de fase (aumento de 320 vezes).
Na contagem, consideram-se apenas as cabeças dos espermatozóides, incluindo
aquelas que se encontram sobre a linha esquerda inferior, e também as cabeças
destacadas. Após a contagem de um quadrado, deve-se focalizar o lado inferior da
lamínula, para contar também os espermatozóides possivelmente aderidos a ela. A
concentração (C) calculada a partir da seguinte fórmula:
C (milhões/mm3) =
N : total de células contada (n)
= n x 5.000 nm 3
axhxd
Onde:
C = concentração
a = área contada (10/25 mm3)
h = altura da câmara (1/10 mm)
d = diluição utilizada (1/200)
A exigência mínima para concentração do ejaculado bovino é de 0,6 x
106 espermatozóides/mm3.
6.5.6 Avaliação da concentração pelo espectrofotômetro
Outro método de avaliação da concentração é o da espectrofotometria.
Baseia-se no emprego do fotocolorímetro, aparelho que permite medir a quantidade
de um feixe luminoso que passa por um volume padronizado de sêmen e diluído em
uma proporção estabelecida. A parte do feixe de luz que chega à célula fotoelétrica
52
do aparelho é registrada em um galvanômetro numa relação inversa à concentração
da amostra sob exame. O aparelho é calibrado frente ao sêmen diluído, de
concentração conhecida, através de prévia determinação por contagem direta
(FONSECA et al., 1991). A leitura em transmitância (T) é feita ao nível de 550nm de
comprimento de onda em espectofotômetro (SILVA e DODE, 1993). Em seguida
compara-se o resultado numa tabela previamente preparada, através da equação de
regressão de uma amostra de sêmen de concentração conhecida.
6.5.7 Avaliação da concentração pelo microhematócrito
No microhermatócrito é determinada a concentração em porcentagem,
lida na escala do aparelho após a centrifugação. Este método é pouco utilizado e
estudado (SILVA e DODE, 1993).
6.5.8 Avaliação da morfologia
De acordo com VALE FILHO et al. (1980), o índice de patologias do
sêmen é fundamental para o controle da fertilidade do macho. Embora o exame de
gota do ejaculado em microscópio comum com aumento de 100 - 400 vezes permita
idéia preliminar sobre a qualidade de um sêmen, somente pelo estudo morfológico
dos espermatozóides, pode-se detectar anormalidades na espermiogênese,
maturação, estocagem de gametas ou funcionamento das glândulas anexas do
sistema genital.
O
sêmen,
na
maioria
dos
reprodutores,
apresenta
alguns
espermatozóides anormalmente formados. Isso usualmente não está associado com
índices diminuídos de fertilidade até que a proporção de anormalidades exceda
53
cerca de 20%. Mesmo assim, certos tipos de anormalidades podem estar
associadas com infertilidade. Amostras com grande número de espermatozóides
anormais podem ser detectadas durante a estimativa da porcentagem de células
móveis (HAFEZ, 1995).
6.5.9 Método de avaliação das características morfológicas do sêmen
6.5.9.1 Lâminas úmidas
Para a microscópica de contraste de fase, após homogeneização,
toma-se uma gota da solução de formol-salina/sêmen e coloca-se entre lâmina e
lamínula (preparação úmida). Por exigir, porém, uma microscópio especial, está
limitada a poucos laboratórios. Este é um método que deve ser utilizado quando o
de "lâminas coradas" deixa dúvidas quanto à avaliação de anormalidades das
células espermáticas (SILVA e DODE, 1992).
6.5.9.2 Lâminas coradas
O estudo morfológico dos elementos figurados do sêmen necessita de
recursos de preparações coradas. Diversos meios de coloração tem sido utilizados,
alguns são empregados simplesmente com a finalidade de melhor destacar a
morfologia geral dos espematozóides, enquanto que outros, denominados
colorações vitais, permitem diferenciar os espermatozóides vivos dos mortos,
determinando-se a porcentagem de cada ocorrência. Esta técnica pode ser
denominada simples (azul de metileno, azul de toluidina, Giemsa, Karras). As
colorações por azul de metilieno e azul de toluidina proporcionam uma coloração
54
uniforme aos espermatozóides, enquanto que a Giemsa e Karras destacam
diferenças estruturais das demais partes dos espermatozóides, como modificações
na cabeça, no acrossoma, ou na peça intermediária. Um método de coloração
simples, rápido e recomendável é mediante utilização de tinta da china, que trata-se
de uma coloração negativa, realçando perfeitamente a forma da cabeça e a
existência de gota protoplasmática, assim como diferentes elementos constituintes
dos espermatozóides. Na mistura de solução de eosina e solução de azul de opala,
verifica-se que os espermatozóides vivos não se coram enquanto que os mortos
aparecem corados. Outros derivados de eosina também se mostram eficientes,
como a eritrosina e o rosa bengala. Já com o método de eosina-nigrosina, os
espermatozóides mortos absorvem intensamente o corante, aparecendo corados em
vermelho ou rosa, ao passo que os vivos aparecem descorados (DERIVAUX, 1980).
Nas técnicas de coloração é importante que as reações normais do
acrossomo
sejam
claramente
distinguidas
da
reação
degenerativa
de
espermatozóides mortos. Uma técnica de tripla coloração, permitindo uma direta
contribuição da reação normal do acrossoma de espermatozóides fixados pode ser
utilizada para avaliar espermatozóides que reajam em sêmen fresco e capacitado,
normal ou anormal (HAFEZ, 1995). Os esfregaços podem ser corados pelo método
de WILLIAMS modificado por LAGERLOF (1934) onde, neste tipo de preparação,
são detectadas principalmente alterações da cabeça do espermatozóide, que estão
diretamente relacionadas com as alterações patológicas dos testículos, e pelo
vermelho congo que cora a membrana citoplasmática do espermatozóide
(DERIVAUX, 1980).
O corante Panótico Rápido® demonstrou ser eficiente para a coloração
de esfregaços de sêmen, possibilitando a identificação de alterações morfológicas
55
nos espermatozóides sendo uma técnica rápida e prática (CHACUR et al., 2001 e
2004).
6.5.9.3 Defeitos maiores
Os defeitos maiores ocorrem durante o processo da espermiogênese,
portanto dentro dos testículos, atribuindo a estes defeitos os de cabeça, peça
intermediária e cauda (FONSECA et al., 1991). Os defeitos classificados em maiores
são: subdesenvolvido, formas duplas, "knobbed sperm", destacamento de
acrossoma, decapitados, "diadema" ("pouch formation"), piriforme, estreito na base,
contorno anormal, cabeça pequena anormal, cabeça isolada anormal, "corkscrew",
defeitos da peça intermediária, gotas proximais, pseudo gotas, cauda fortemente
dobrada e enrolada, "dag defect" (SILVA e DODE, 1993). Estes defeitos não podem
ultrapassar 20% e, cada forma individual 5%, em caso contrário, a eficiência
reprodutiva na monta natural estará comprometida (FONSECA et al., 1992).
Os defeitos de cabeça "pouch formation", "diadema", knobbed sperm",
de peça intermediária e caudas fortemente enroladas, tem origem no epitélio
seminífero (degeneração) e indicam uma espermatogênese imperfeita. No entanto,
os defeitos de cabeça diminuem a medida em que passam do ducto deferente ao
ejaculado, porque alguns são fagocitados ao longo da via excretora. Os defeitos da
cauda, ao contrário, aumentam e podem ser encontrados nos ductos deferentes. As
anomalias de acrossoma também podem ser observados em esperma de touros
normais e nos animais jovens no período da puberdade. O estresse calórico é um
dos fatores que causam aumento nas anomalias espermáticas com menor incidência
nos zebuínos. Dependendo da duração do efeito no testículo, 6 a 14 horas, após 3 a
56
4 semanas inicia-se o aparecimento de anomalias de cabeça, peça intermediária,
cauda e gotas proximais (SILVA et al., 1993).
6.5.9.4 Defeitos menores
Estes defeitos surgem após os espermatozóides terem deixado os
testículos, conseqüentemente, durante sua passagem através do epidídimo e ou
durante a ejaculação ou manipulação do sêmen (FONSECA et al., 1991).
Segundo FONSECA (1992) e SILVA e DODE (1993), os defeitos
menores são: acrossoma desprendido, gota citoplasmática distal, cauda dobrada
(com gota anexa), cauda enrolada e cabeça isolada normal. Além de: cabeça
delgada, pequeno normal, gigantes, curtos, largos, abaxial, retroaxial e oblíquo.
Ainda são incluídas a presença de medusas, células epiteliais,
leucócitos, eritrócitos, neutrófilos e bactérias (SILVA e DODE, 1993).
Muitas vezes, os choques térmicos, além da manipulação no ato da
coleta, podem dar origem a caudas dobradas e enroladas (SILVA e DODE, 1993).
Os defeitos menores não devem ultrapassar um total 25% e 10% de
anormalidades individuais, pois reduzem a fertilidade, porém deve-se levar em conta
as condições da realização do exame (SILVA e DODE, 1993).
6.5.9.5 Total de defeitos
O total de células espermáticas defeituosas num ejaculado é formado
pelos resultados de defeitos maiores e menores contados separadamente (SILVA e
DODE, 1993).
57
O total de anormalidades, de acordo com o Ministério da Agricultura,
não deve ultrapassar 30% numa contagem de no mínimo 200 células espermáticas
(SILVA e DODE, 1993). O touro jovem que apresenta formas anormais de células
além do estabelecido, não deve ser condenado para reprodução, isto pode significar
apenas imaturidade passageira, principalmente no caso de animais da raça Nelore
(SILVA e DODE, 1993).
Segundo FONSECA et al. (1991), na fase de amadurecimento sexual
ocorrem alterações na espermatogênese, o que pode explicar o alto percentual de
anomalias no mesmo.
Sabe-se que desde a puberdade até atingir a completa maturidade
sexual ocorre uma melhora gradativa na qualidade seminal (VALE FILHO, 1977).
SILVA e DODE (1993), encontraram porcentagens mais elevadas de
patologias espermáticas na época chuvosa, período de maior temperatura.
6.5.9.6 Proteínas do plasma seminaI
Estudos recentes revelam a importância da presença das proteínas do
plasma seminal, como marcadores biológicos de fertilidade. A estação do ano
influencia na presença das proteínas do plasma seminal, em um estudo com touros
Limousin, quadros espermáticos ótimos estavam presentes em animais que
possuíam as proteínas de 55 KDa e 66 KDa no plasma seminal, conforme a Figura 1
(CHACUR et al., 2004).
58
CHACUR et al. (2004)
6.5.10 Eficiência de Touros provados em regime de Estação de Monta
Em rebanhos comerciais, o sistema de estação de monta mais primitivo
utilizado é aquele em que o touro permanece com o rebanho durante o ano todo.
Como conseqüência, os nascimentos se distribuem ao longo do ano,
apesar de uma maior concentração durante os meses de julho a setembro( Andrade
et al. 1982).
A ocorrência de nascimentos em épocas inadequadas prejudica o
desenvolvimento dos bezerros, devido à maior incidência de doenças e de parasitos,
ou à menor disponibilidade de pastagens para as matrizes, durante o período de
lactação.
59
A maior desvantagem, entretanto, que limita a utilização da monta durante
todo ano, diz respeito à dificuldade do controle zootécnico e sanitário do rebanho,
devido à falta de uniformidade (idade e peso) dos animais.
Esses fatores acabam por prejudicar a seleção dos bovinos de maior potencial
reprodutivo, em detrimento da fertilidade do rebanho (Corrêa et al., 1996).
Em uma criação extensiva de bovinos , a fertilidade do rebanho apresenta
variações vinculadas às condições climáticas, portanto, a adoção de uma estação de
monta limitada( 90 dias em empresas rurais totalmente estabilizadas), é muito
importante e causa grande impacto na fertilidade do rebanho. Fertilidade tanto nas
matrizes, que terão maior tempo de recuperação fisiológica até a monta
subseqüente, quanto ao que diz respeito ao reprodutor.
Um período longo de descanso garante plena recuperação do touro,
proporcionando menos desgaste e melhores condições para manutenção da
atividade reprodutiva. Assim sendo, bem antes do início da estação os machos
inférteis e subférteis podem ser identificados e substituídos, por meio de exames
andrológicos completos.
O exame andrológico de reprodutores que irão trabalhar durante a estação
que se inicia em setembro ou outubro (depende do início das chuvas), serão
realizados nos meses de maio ou junho.
Em uma população não seleta de touros entre 20% e 40% dos animais
apresentam infertilidade ou subfertilidade (Barbosa et al., 1991), por inadequada
qualidade seminal e/ou alterações físicas que impedem a cópula ou diminuem a
libido.
60
Alguns pesquisadores (Barbosa et al., 1991), informaram que o número de
touros
zebuínos
inférteis
e
subférteis
em
serviço
no
Brasil
é
elevado,
aproximadamente 40% apresentando algum distúrbio de fertilidade ao exame
andrológico.
A proporção touro:vaca é determinada por alguns fatores, como por
exemplo, fatores climáticos e nutricionais, mas o fator que mais determinará essa
proporção é o fator fertilidade, que só poderá ser determinado com maior precisão,
através dos exames andrológicos dos reprodutores. Através destes, temos em mãos
dados concretos que nos permite sugerir proporções que vão de 1:25 a 1:80.
Quanto mais fértil o reprodutor, mais fêmeas, este poderá cobrir durante o
período de estação de monta.
Se levarmos em consideração, que uma fêmea terá 4 ciclos estrais,
durante uma estação de 90 dias, onde as taxas de ciclicidade oscilam entre 70% e
80%, do primeiro ao quarto ciclo estral, teremos no mínimo uma e no máximo seis
fêmeas vazias, se usarmos as proporções de 1:25 ou 1:80, respectivamente,
conforme a planilha abaixo (Cunha et al., 1997).
Planilha 1 - Taxa diária de cios e dinâmica reprodutiva na estação de monta
Ciclos estrais
1°
2°
3°
4°
Estimativa de Ciclicidade(%)
75
75
80
80
Estimativa da taxa de gestação(%)
65
60
60
50
61
1.Proporção touro:vaca – 1: 25
Proporção touro: vaca cíclica
1:18 1:10 1:6 1:2
N° de estros/dia de ciclo
0,83 0,46 0,28 0,1
N° de fêmeas gest. ao final
12
6
4
1
N° de fêmeas vaz. próx. ciclo
13
7
3
1
2. Proporção touro:vaca – 1:80
Proporção de vaca cíclica
1:53 1:31 1:18 1:9
N° de estros/dia de ciclo
2,5
1,46 0,84 0,42
N° de fêmeas gest.ao final
34
19
11
5
N° de fêmeas vaz. Próx. ciclo 41
22
11
6
Considerando as atuais exportações de carne brasileira para o mercado
externo e também o aumento significativo na produção de leite, torna-se
inadmissível que o produtor não dê a devido importância à seleção, manejo e
aquisição de touros.
Esses animais são fundamentais na difusão do melhoramento genético e
melhoria da qualidade do rebanho.
Atualmente dispomos de um bom mercado nacional de touros, onde as
empresas colocam a disposição do mercado animais testados geneticamente,
garantindo-se assim o futuro das criações.
62
Ao adotarmos as tecnologias disponíveis no mercado, ficará possível
mudarmos a cara do nosso rebanho nacional a médio e longo prazos, ganhando
com isso mais produtividade e competência no mercado tão disputado.
Esta dica torna-se ainda mais importante agora que nos tornamos o maior
exportador de carnes bovina, ultrapassando a Austrália no ranking das exportações.
Para nos mantermos nesta posição, teremos que investir mais em
tecnologia e conquistar novos mercados.
CONCLUSÃO
Entende-se a importância do exame andrológico para seleção de
touros para melhorar (genética do rebanho) índice de prenhes, diminuir touros com
patologias, animais superiores.
O exame andrológico seleciona animais geneticamente superiores com
menos
patologias,
identifica
animais
com
alta
qualidade
de
sêmen
e
consequentemente melhora índices de prenhes, precocidade, qualidade de carne.
Também facilita identificar touros com problemas de fertilidade e
portadores de patologias, ou seja, facilita o descarte e melhora geneticamente o
rebanho, seleção de touros superiores para que sejam utilizados à campo ou
inserminação artificial em estação de monta.
Estas pesquisas, têm por finalidade a utilização dos resultados no
manejo reprodutivo dos rebanhos, visando sempre a seleção de touros superiores e
melhora a qualidade e fertilidade do rebanho.
63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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eficiência reprodutiva. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 10, n.101, p.56,
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