Projeto Ludoteca do Turismo: atuação em escolas de Pelotas Carmen Maria Nunes da Rosa 1. Universidade Federal de Pelotas Resumo: O presente trabalho trata das atividades, desenvolvidas pelo projeto Elaboração e Manutenção da Ludoteca do Turismo, do Curso de Bacharelado em Turismo da Universidade Federal de Pelotas, o qual tem por objetivo, levar os acadêmicos a criarem e elaborarem jogos lúdicos pedagógicos, com os temas turismo, patrimônio e cidadania, para serem utilizados em ações educacionais, em escolas de primeiro grau, instituições, associações que desenvolvam programas de educação para jovens e adultos, bem como pela comunidade em geral. Palavras-chave: educação;lúdico;patrimônio;turismo;cidadania Introdução O Projeto de Extensão Elaboração e Manutenção da Ludoteca do Turismo, foi criado em 2005, para atuar na Educação Patrimonial, com o objetivo específico de criar jogos lúdicos pedagógicos, com os temas turismo, patrimônio e cidadania, para serem utilizados em outros projetos que envolvam ações educacionais, desenvolvidas pelos acadêmicos do Curso de Bacharelado em Turismo, da Universidade Federal de Pelotas. 1 Técnico Administrativo de Nível Superior da Universidade Federal de Pelotas, especialista em Arte Educação e Gestão Empresarial, coordenadora dos projetos de extensão Elaboração e Manutenção da Ludoteca do Turismo e Turismo e Educação [email protected] O projeto desde então atua nas escolas públicas de ensino fundamental de Pelotas e região sul, especificamente em cidades tais como Rio Grande e São Lourenço, e já participou também de eventos como Feira do Livro, Fala Pelotas. Entre os jogos elaborados estão: caça palavras Patrimônio de Pelotas, Palavras Cruzadas Patrimônio de Pelotas, Dominó-patrimônio de Pelotas, trilha Descobrindo Pelotas, Jogo de Memória – Pelotas, Ludo do turista – conhecendo Centro Histórico, Quiz sobre Pelotas, Stop do Patrimônio, Sobe e Desce Cidadão, Descobrindo São Lourenço, caça Palavras e Palavras Cruzadas São Lourenço. Desenvolvimento do projeto Acadêmicos do curso de Bacharelado em Turismo, voluntários e bolsistas de extensão, reúnem-se semanalmente, para elaborarem jogos e brincadeiras com os temas turismo, patrimônio e cidadania. Esses jogos são organizados em um espaço físico situado nas dependências do curso, estando a disposição de escolas que queiram utilizálos, sob a forma de empréstimo. Tradicionalmente as Ludotecas e Brinquedotecas no Brasil, possuem espaços físicos onde as crianças passam algumas horas, realizando atividades educacionais. Segundo Cunha in Santos (1999), dentro do contexto social brasileiro, a oportunização do brincar assumiu, através da brinquedoteca, características próprias, voltadas para a necessidade de melhor atender as crianças e as famílias brasileiras, e como conseqüência deste fato, seu papel dentro do campo da educação cresceu e hoje podemos afirmar, com segurança, que ela é um agente de mudança do ponto de vista educacional. No caso deste projeto, a Ludoteca é um espaço físico, onde os acadêmicos trabalham a educação patrimonial, através da criação e elaboração de jogos, que poderão ser utilizados em outros projetos, bem como por professores de escolas de ensino fundamental. Os acadêmicos pesquisam, através de bibliografia e internet, quais os jogos infanto-juvenis podem ser adaptados, à Educação Patrimonial, e a partir daí passam a criação e elaboração dos mesmos, os quais obtém o design final na editora e gráfica da UFPEL. O conhecimento, a apropriação e a valorização do patrimônio cultural e arquitetônico da cidade, por parte da criança, são fatores indispensáveis no processo de preservação desses bens, assim como no fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania. Com base nesse pensamento, a Educação Patrimonial no projeto atua como um instrumento de “alfabetização cultural”, utilizando o jogo com ferramenta, proporcionando à criança, uma percepção maior do mundo que a cerca, do seu bairro, de sua cidade, dos legados de sua família, enfim atua de forma a levá-la à compreensão do universo sociocultural ao qual estão inseridas. Essas experiências lúdicas, também levam as crianças ao conhecimento e a reflexão sobre o que é patrimônio, turismo e cidadania. O jogo impõe um sistema de regras diferentes para cada modalidade. Ao jogar trilha ou ludo, por exemplo, a criança utiliza o dado, no de cartas, a memória. Segundo Kishimoto(1999) quando alguém joga, está executando as regras do jogo e, ao mesmo tempo, desenvolvendo uma atividade lúdica. “O jogo é a mais importante das atividades da infância.O jogo é para a criança o que o trabalho é para o adulto.”(JACQUIM,1960,p.07) Jogando Trilha- Descobrindo Pelotas Jogando Quiz patrimônio de Pelotas Segundo Santos (1995), jogos, brinquedos e brincadeiras fazem parte do mundo da criança, pois brincar está presente na humanidade desde o seu início. O brincar, é portanto, uma atividade natural espontânea e necessária para a criança, constituindo-se por isso, em peça importantíssima na sua formação. Em 2009 realizou-se uma pesquisa entre as crianças que utilizaram os jogos, nas oficinas de educação patrimonial, bem como com seus respectivos professores, com o objetivo de se avaliar a eficácia dos mesmos, quais os que tiveram maior aceitação, os que tiveram menor aceitação e quais os temas, que foram mais fixados pelas crianças. Duzentas e dezesseis crianças de terceira série, de escolas das redes públicas municipal e estadual, responderam um questionário ao final das atividades. Ao serem questionadas se gostaram das atividades, 215 crianças responderam que sim, e na questão qual atividade mais gostaram, 46 responderam de todas, e ao responderem especificamente do que mais gostaram, destacam-se os jogos: Trilha Descobrindo Pelotas, citado por 53 crianças, o Quiz por 32, o memória por 27, sendo que a maioria citou mais de um jogo. Sobre o que menos gostaram, 125 respondeu que não houve atividade que não tivessem gostado, e entre as atividades que menos agradaram destacam-se: o caça palavras, citado por 14, o descobrindo Pelotas por 12, e o Memória por 11 crianças. Ao serem questionadas sobre o que aprenderam, a maioria citou dois temas, sendo que 132 crianças citaram cidadania, 96 patrimônio, 28 preservação, 27 Pelotas, 19 pontos turísticos e 15 não responderam claramente. Jogando Memória Quatro professores responderam a outro questionário. E ao responderem sobre o material didático utilizado, avaliaram-no como ótimo, criativo, divertido, diversificado e segundo uma professora “muito fofo”. E quanto a participação de seus alunos nas atividades consideraram o aproveitamento notável, constaram o conhecimento de seus alunos, e uma professora o constatou principalmente no jogo Quiz, pois na sua opinião, compreenderam o que lhes foi passado. Houve uma professora que solicitou um trabalho à seus alunos, após a realização das oficinas com os jogos. “A criança é, antes de tudo, um ser feito para brincar.O jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental.usemos um pouco mais esse artifício, coloquemos o ensino mais ao nível da criança, fazendo de seus instintos naturais, aliados e não inimigos..”(ROSAMILHA,1979, p.77) Conclusões O jogo é um suporte material, que facilita o ato de brincar, é uma maneira da criança aprender brincando, e no processo ensino-aprendizagem funciona como ferramenta lúdica, que envolve a criança de uma maneira muito eficaz, fato constatado através dos resultados positivos comprovados através de nossa pesquisa, e também através da observação de seu comportamento durante a realização das oficinas de educação patrimonial, desenvolvidas pelo Projeto Turismo Educação e Cidadania, que utiliza os jogos criados por esse projeto. Os acadêmicos relatam que a criança se descontrai, compara as atividades dos jogos com o que aprendeu na exposição oral, feita por eles, se entrosa com outros colegas e demonstra alegria ao executar as tarefas dos jogos e brincadeiras, e também apresenta ótimo entrosamento com os ministrantes das oficinas, através de muitas demonstrações de carinho. Demonstraram também ter adquirido um conhecimento sobre o patrimônio de Pelotas, que é o tema dos jogos, ao identificarem bens culturais e reconhecerem gravuras dos prédios que compõem o patrimônio histórico de Pelotas, fato comprovado também através dos trabalhos solicitados pelas professoras. Esse panorama permite mostrar, que os objetivos do projeto foram alcançados, que o jogo foi um fator muito importante para tal, ao constatar-se que as crianças passaram a reconhecer seus bens e de sua comunidade como algo importante, como uma herança cultural, e que como tal devem ser preservados. Referências Bibliográficas JACQUIM,Eny.São paulo:Flamboyant.1960 KISHIMOTO,Tizuko Morchida.Jogos, brinquedos, Brincadeira e a educação.(org);São Paulo:Cortez.1994. ROSAMILHA, Nelson. Psicologia do jogo e aprendizagem infantil. São Paulo: Pioneira, 1979. SANTOS, Santa Marli Pires dos Santos.Brinquedoteca: Sucata vira Brinquedo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. SANTOS, Santa Marli Pires dos Santos.Brinquedoteca-o Lúdico em diferentes contextos.(org); Porto Alegre: ed. Vozes, 1997.