... e porque não golfe?!
Teófilo Bento
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Imagino os argumentos do leitor: – Isso é muito caro! Não tenho idade nem estatuto para
essas coisas… Mas, leia mais um pouco. Talvez, mude de opinião…
Na verdade, os portugueses ainda olham para o golfe como um desporto de elites, que é muito
caro, e que nem será muito adequado para a idade que se têm. Ou se é muito novo, ou já se é muito
velho para a prática de tal desporto. Mas, algo tem vindo a mudar nos últimos anos. Participar nessa
mudança, questionando esses mitos, é o nosso objectivo.
Apenas um reparo. As ideias expostas são mais ditadas pelo entusiasmo na divulgação da
modalidade, e na sua democratização, que opiniões avalizadas de um especialista. Daí o pedido de
ressalva aos mais conhecedores.
Algo mais que um desporto
O Golfe não é apenas mais uma modalidade de desporto. Todos os desportos são diferentes e
com especificidades próprias. Mas o golfe parece que vai mais além. Daniel Grimm, profissional de
golfe, não tem dúvidas em afirmar que: - O Golfe é muito mais que um desporto! … É um estilo de vida.
Na verdade, o golfe além de comportar todas as características de uma actividade física desportiva,
diferencia-se dos outros desportos:
- É o único desporto que pode ser praticado em todas as idades, desde os mais pequeninos até idades
avançadas: é fácil encontrar, nos campos de treino, miúdos de 5/6 anos, ou menos, “a bater bolas”, ao
lado de seniores de 80 e mais anos (há dias, joguei com um senhor de 84 anos);
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Claro que quanto mais cedo se fizer a iniciação mais longe se poderá ir no desenvolvimento técnico. O
que não obsta que o prazer (e, por vezes, um gozo bastante intenso) não se encontre, numa pancada,
e voo da bola único e certeiro no alvo, na 1.ª ou 2.ª vez em que se percorre um campo de golfe,
independentemente da idade com que se começa. Conforme Jan Gbrielsson: - O golfe tem a grande
vantagem de ser jogado ao ar livre, e de nunca se ser demasiado velho para começar;
- É o único desporto que pode ser praticado em família, ou entre praticantes (profissionais ou
amadores) com grandes diferenças técnicas. Um sistema internacional de indexação da capacidade
técnica, que possibilita a definição de um handicap individual, estabelecido pelos cubes aos seus
associados, possibilita o conhecimento público da perícia de cada jogador. E, sendo afectado à
classificação, obtida por cada um no jogo, minimiza e relativiza as diferenças de destreza entre
praticantes. De tal, resulta que o jogador mais capacitado tem as mesmas hipóteses de obter uma boa
classificação que um jogador menos dotado. Normalmente, ganha quem melhor cumpre ou supera o
seu nível habitual de jogo;
- Com regras de etiqueta e de jogo muito claras e precisas, visando a transparência do jogo, respeito
pelos outros praticantes, e preservação do meio ambiente, é um verdadeiro “jogo de cavalheiros”. Diluise o conceito de adversário; é habitual elogiar, sem qualquer obrigação de ser simpático, as pancadas
do companheiro de jogo; fundamentalmente, joga-se “contra o campo”, onde é necessário definir
estratégias inteligentes de jogo, manter uma atitude de humildade em relação aos resultados de cada
buraco, e requer honestidade exemplar no cumprimento das regras estabelecidas. O principal objectivo
é jogar melhor, superar-se a si próprio! Alguém evidenciou que: - O golfe é um exercício constante de
inteligência, humildade e honestidade, que bem poderia ser aplicado à nossa vivência diária;
- Embora seja extremamente fácil o relacionamento com outros praticantes, e combinar uma partidinha,
prenúncio de uma boa amizade, este desporto é dos poucos que permite a prática isolada. Mas é no
convívio com outros golfistas, sócios do clube, a própria família, com os amigos, tanto no campo de
golfe como no club house, que reside a relevância social do golfe. Citando Chi Chi Rodrigues: - O golfe
é praticamente o melhor divertimento que podes ter, sem tirar a roupa. Divertimento que se pode
estender por cinco a seis horas, dever-se-á acrescentar;
- As opiniões dividem-se. O golfe é uma paixão ou será um vício? Sten Selander vai mais longe ao
afirmar: - O golfe é um distúrbio mental! Realmente, é interessante constatar o fascínio que exerce nos
praticantes, mesmo naqueles que pouco progridem. No golfe, não é habitual constatar desistências de
iniciados e praticantes. Pelo contrário, é comum ouvir-se: -- Porque não comecei mais cedo?...;
- Tommy Bolt, jogador de golfe profissional, diz que - O maior mentiroso do mundo é o jogador de golfe
que afirma jogar só pelo exercício. Na verdade, não se vai ao golfe como quem vai a um ginásio. Não,
muito longe disso! O objectivo primordial da grande maioria dos golfistas amadores, quando vão para
um campo de golfe, é para “desfrutar”uns belos shots, “destressar” das suas actividades profissionais,
numa atitude de lazer, tentando obter um bom resultado e daí retirar todo o prazer possível, sem
pensar que tudo isso, também, implica um acentuado exercício físico. Efectivamente, só ao fim das 5 a
6 horas que durou o circuito, se dá conta que, sem se ter dado por isso, se fez uma caminhada da
ordem dos 10/12Km (?!)...;
- Dificilmente outro desporto se desenrola em espaços tão agradáveis. De elaborada concepção
arquitectónica e cuidadosa inserção paisagística, alguns campos são quase paradisíacos. O que é
muito bom para a saúde mental e física, permitindo ao mesmo tempo desfrutar a Natureza. - É quase
impossível lembrar o lugar trágico que é este mundo, quando estamos a jogar golfe (Robert Lynd).
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Também não é assim tão caro...
Possivelmente, o leitor não hesitará em admitir que a pesca desportiva é acessível a qualquer
das bolsas. Porém, o que acontece é que uma cana de pesca pode atingir os € 25.000,00 (!?), e que se
pode gastar, num mês, em importação de isco, à volta de € 1.000,00!? …
Ora o equipamento de golfe jamais poderia atingir aqueles montantes. O equipamento principal – tacos
e bolas - obedece a normas e padrões regulados por um organismo internacional, pelo que não é
possível integrar tecnologia adicional, ou material diferenciado, sem a supervisão desse organismo.
Assim, embora não deixe de haver preços diferentes para equipamento semelhante (numa amplitude
entre 1 e 10), é fácil encontrar, em promoção, um conjunto completo de tacos, por volta dos € 250,00.
Também, é fácil adquirir, por preço semelhante, material usado, de modelos ainda recentes, das
marcas mais consagradas.
O outro elemento importante, dos principais custos a considerar, é o custo de uma volta (o
green fee), no campo de golfe.
Em Portugal, por enquanto, só existem campos de golfe de propriedade privada. Em Espanha, e
noutros países europeus, existem campos municipais. Mais humildes em termos de exigências técnicas
e de beleza natural, mas muito mais baratos.
Com excepção da maioria dos campos de golfe do Algarve (mais virados para o turismo, onde apenas
são vantajosos os pacotes turísticos), existe um aceitável número de campos que pratica preços, em
diferentes modalidades, minimamente acessíveis. A volta ao circuito de 18 buracos, que se completa
em +5 horas, varia no custo, dependendo de diversas condições, entre os € 15,00 até os € 150,00. Em
condições médias (jogadores federados), os preços mais praticados rondam os € 30,00 (nos dias
úteis). Como alternativa, uma subscrição anual (livre-trânsito ou só para jogar nos dias úteis), poderá
ser obtida por custos de € 600,00 a € 1.300,00.
Para jogar na maioria dos campos, é obrigatória a inscrição na Federação Portuguesa de Golfe, e ter
atribuído o handicap, pelo que é necessário pertencer a um clube de golfe.
Os clubes podem ser “com campo” ou “sem campo”, com as inerentes diferenças de cotização. A título
de exemplo, refere-se o Clube de Golfe do ACP (clube “sem campo”) que tem vindo a estabelecer uma
cota anual de € 50,OO aos sócios do ACP, mas poderá ter de desembolsar 5 milhares de euros, ou
mais (subscrição e cota anual), e obedecer a condições particulares de admissão, se desejar pertencer
à comunidade de sócios de alguns clubes “com campo”.
A estas despesas, pouco mais há acrescentar, para além de uns sapatos, com piso próprio,
com custo semelhante a outros sapatos, e um traje desportivo, minimamente adequado à prática deste
desporto, sem particulares exigências específicas.
Em suma, poder-se-ia dizer que são custos muito semelhantes à prática da grande maioria das
actividades desportivas, ou utilização de ginásio, havendo apenas de considerar as marcas de
equipamentos, a qualidade e localização dos locais de prática, a época turística que, naturalmente,
alteram substancialmente os preços praticados.
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Golfe só para alguns?!
alguns?!
Quanto ao mito de ser um desporto elitista, porque não utilizar esse argumento como
motivação para experimentar, no pressuposto que as elites não costumam ter mau gosto?!
Claro que, como em qualquer outra actividade desportiva, há elitismo no golfe!
No âmbito dos campos de golfe, especialmente nos USA; há campos privados, altamente sofisticados
e elitistas, nos quais é inimaginável penetrar um qualquer jogador.
Em Portugal, verifica-se que a maioria dos turistas europeus que vêm, especificamente, para
jogar golfe (é sabido quão importante tem sido este mercado para reverter a sazonalidade do turismo,
nomeadamente no Algarve), são originários da classe média desses países. Naturalmente, que com
maior poder de compra que a classe média portuguesa. Mas, tal evidencia a banalização do golfe
nesses países, designadamente, nos USA que é a nação com maior penetração deste desporto.
É notório o espanto desses turistas pela escassez de golfistas portugueses, especialmente nos
campos do Algarve, apesar de dispor de infra-estruturas ao melhor nível do golfe: o Algarve, nos
últimos anos, foi considerado, por duas vezes, como o melhor destino turístico de golfe a nível mundial.
Razão pela qual há quem defenda que, em Portugal, o valor económico potencial do golfe é tal que,
necessariamente, tem de ser olhado como “reservas em ouro verde”, o que torna inevitável o
crescimento e desenvolvimento deste sector económico. Aliás, estão a aparecer, constantemente,
projectos de golfe (alguns em zonas rurais do interior), com evidentes repercussões no mercado
interno, que também poderão promover a desmistificação do golfe como desporto de elites.
Como começar? É um jogo difícil?...
Em aparência, o golfe assemelha-se a um jogo de extrema facilidade. Traduz-se em introduzir
uma pequena bola num buraco, situado a uma distância razoável, utilizando a cabeça de um taco, com
o menor número de pancadas. - O golfe é um desporto cujo segredo consiste em bater na bola com
força, a direito e não muitas vezes - disse alguém. E, reafirma-se que o jogador pode ser qualquer
pessoa de qualquer idade, com as condições mínimas de saúde e atléticas.
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Na verdade, adquirir o mínimo de técnica para executar uma boa pancada (embora, muitas
vezes, com uma alguma sorte) é perfeitamente acessível a qualquer um. E, logo que tal acontece,
normalmente, é o suficiente para o iniciado aderir de forma incondicional.
Porém, é indispensável que, no início, se tomem algumas lições, e se obtenha do professor conselho
para a decisão sobre o equipamento a adquirir.
Normalmente, todos os campos dispõem de campos de prática, locais de treino e de professores
avalizados. Os mais concorridos situam-se à volta de Lisboa, existindo já 3 locais dentro da própria
cidade: 2 campos de jogo: o Clube de Golfe da BELAVISTA – http:// www.golfebelavista.com, o Clube
de Golfe PAÇO LUMIAR - http://www.golfepacodolumiar.pt/, e um local de prática e aprendizagem da
Federação Portuguesa de Golfe, no JAMOR. O Porto dispõe, no interior, de uma academia de
aprendizagem - http://www.citygolf.pt/ , e nos arredores existem vários locais para iniciação e prática de
golfe. Embora haja outras cidades com campos de golfe nas proximidades, como se imagina, a grande
maioria dos campos de golfe situa-se no Algarve. Uma pesquisa na Net, no sítio:
http://www.portugalgolf.pt, p.e., permite obter a maioria das informações sobre preços, localizações e
outras informações desses locais.
Não será despiciendo explorar o sítio da FPG - http://www.fpg.pt/, bem como o sítio do Automóvel
Clube Português - http://www.acp.pt/, que dispõe do maior clube de golfe “sem campo” de Portugal,
para visionar diversos temas relacionados com golfe. Por outro lado, uma pesquisa na Net, permite
encontrar inúmeros sítios com lições escritas ou em vídeo, além de diverso tipo de promoções, leilões,
etc.
Voltando à questão da dificuldade de aprendizagem, esta começa a colocar-se no momento
em que se deseja ir mais longe na obtenção de bons resultados. E, a isso acresce que qualquer
progresso, por mais pequeno que seja, exige muito treino nos campos de prática e muitos jogos no
campo de golfe. Efectivamente, há quem considere o golfe como um dos desportos mais difíceis,
senão o mais difícil. Refere Raymond Floyd: - Quando eu era miúdo, o golfe era simples. Joguei
bastante antes de me aperceber o quanto é difícil.
Mas o desafio, e ânsia de ir um pouco mais além, o prazer de “sentir” o swing e, porque não, a
adrenalina (o golfe não é um desporto tão calmo, física e mentalmente, como se poderá julgar) de ver a
bola, ainda a grande distância, bater no green, rolar uns metros, desaparecer no buraco, ouvindo um
ploc, ploc, ploc… São motivações tão elevadas, e sensações tão inesquecíveis, que anulam todas as
dificuldades de prosseguir na aprendizagem, mais parecendo desenvolver-se um fenómeno de adição.
Afinal esta incondicional adesão ao golfe pode justificar que um anónimo afirmasse: - Ocupei a maior
parte da minha vida a jogar golfe. O resto… foi desperdício!
Também é verdade que todos nós conhecemos ex-futebolistas, ex-tenistas, ex-praticantes de atletismo
ou doutro desporto qualquer, mas não é fácil encontrar um ex-golfista…
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e porque não golfe?!