UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
CAUÊ ARAÚJO GOULART BANDEIRA
O CAPITAL SOCIAL NO TWITTER
FORTALEZA-CE
2011
CAUÊ ARAÚJO GOULART BANDEIRA
O CAPITAL SOCIAL NO TWITTER
Monografia apresentada
ao curso de
biblioteconomia da Universidade Federal do
Ceará, como requisito parcial para a
obtenção
do título de bacharel em
biblioteconomia.
Orientador: Prof. Ms. Jefferson Veras Nunes.
FORTALEZA-CE
2011
R 926 c
Bandeira, Cauê Araújo Goulart.
Capital Social no Twitter / Cauê Araújo Goulart Bandeira. –
Fortaleza, 2011.
60 f.: il.
Orientador: Prof. Ms. Jefferson Veras Nunes.
Monografia (Graduação em Biblioteconomia) – Curso de
Biblioteconomia, Universidade Federal do Ceará – Departamento
de Ciências da Informação, 2011.
1. Twitter. 2. Capital Social. 3. Informacional. 4. Conversacional. I.
Buse, Juliana. II. Título.
CDD 025.4
CAUÊ ARAÚJO GOULART BANDEIRA
O CAPITAL SOCIAL NO TWITTER
Monografia apresentada
ao curso de
biblioteconomia da universidade Federal do
Ceará, como requisito parcial para a
obtenção
do título de bacharel
em
biblioteconomia.
Orientador : Prof. Ms. Jefferson Veras Nunes
. Aprovado em
BANCA
EXAMINADORA
Prof.. Ms. Jefferson Veras Nunes
Orientadora
Prof. Ms. Márcio Assumpção
Membro 1
Prof. Dr. Tadeu Feitosa
Membro 2
FORTALEZA-CE
2011
/
/
.
À minha vó, mãe e irmã, por estarem presentes
em todos os momentos.
Dedico!
AGRADECIMENTOS
A minha vó Maria do Rosário Araújo, pelo exemplo de mãe, de batalhadora, de altruísmo, de
humildade, enfim, de tudo que alguém possa ter de bom, e que esteve sempre ao meu lado
durante 28 anos, me preenchendo com a melhor de todas as coisas, o amor incondicional. Não
caberia nunca em palavras o que sinto em agradecimento a ela.
A minha mãe Beth Araújo, por ser a minha mentora na vida, por ser minha alegria, a razão
pela qual acordo todos os dias querendo sempre dar o melhor de mim, e que é a principal
responsável pelo que sou, e que serei sempre seu “filhote”.
A minha irmã Raira Araújo, pelo amor incondicional, pela confiança depositada em mim, e
por se fazer presente em minha vida.
A meu pai de coração Antônio Andrade, pelos ensinamentos, pela coragem, pelos cuidados e
pela determinação, mostrando-me que acima de tudo, não importa o que faça na vida, faça pra
ser feliz. Todos os pais deveriam ser como você.
A meu pai Jorge Oston Goulart, que nos sete anos que esteve comigo, pode me deixar
ensinamentos valorosos que me acompanham até hoje, e que não me deixam em nenhum
instante esquecê-lo.
Aos meus avós, João Oston Bandeira e Izaura Goulart, pela renovação de alegria que me
proporcionam a cada momento que estou com eles, e em especial a minha gaúcha, que me
mimou enchendo de presentes, sendo o principal, ela.
A minha tia Socorro Braga, pelo carinho e broncas que dá nas discussões em mesas de bar.
A minha tia Nilzinha, por me mostrar o valor do altruísmo, pela demonstração da força e
coragem que alguém possa ter, e pelos momentos felizes que me proporcionou ao seu lado,
acompanhada sempre pelo Tio Carlos Heleno, e meus primos Bruno, Fábio e Diego.
A tia Neuza e seu marido Serginho, pelo carinho e força.
Ao meu padrinho Benito Moreira, que tem pelo menos uns 10 parafusos a menos, pelo
incentivo nos estudos, e por mostrar-me que vale muito a pena brigar pelo que se quer.
A todos os parentes próximos e distantes, pelo apoio e união que há nessa família barulhenta.
A minha irmã de coração Iasmin Mattos, pelas loucuras, brigas, risadas, conversas sérias ou
não, pelo carinho, confiança, e por deixar minha vida mais completa com sua arte.
Aos meus irmãos que ganhei no decorrer da vida, André Anderson, Tiago Coutinho e
Azurem, pela amizade, pela compreensão depois das brigas, pelos momentos de esbórnia,
pelos conselhos bons e por muitas vezes também pelos ruins que só me...quebram e
principalmente por estarem ao meu lado, seja nos momentos bons, mas sobretudo por sempre
estarem próximos me dando a força necessária nos difíceis.
A Liliana Oliveira, pelos anos de companheirismo, pela personalidade forte que admiro, por
agüentar meus defeitos, pelo amor, pela amizade, e por ter uma importância grandiosa em
minha trajetória.
A Gerlandy Leão, pela co-orientação na monografia, pelas brigas que sempre acabam em “me
perdoa, tu sabe que eu te amo, né canalha?”; pelas discussões acaloradas, pois defendemos
nossos pontos de vista com paixão; pelas viagens no “DeLorean”; pela companhia nas
viagens; por ela simplesmente existir, e detalhe, não foi deus que a desenhou.
A chata da Dani Duarte, por achar QUASE tudo que eu gosto chato; pelos momentos
marcantes, como o que nos conhecemos, e também por aqueles não tão bons, como chutes em
lugares inapropriados; pelos confidenciamentos feitos a mim, que nem a alma dela sabe; mas
especialmente pela amizade que construímos desde o dia em que te conheci.
A Babilônia, os melhores amigos que alguém pode ter, Lúcio Mestre (besta é o sapo) pelas
risadas proporcionadas com sua voz de macho, pela grande e estimada amizade, e saiba que
Maíra daqui a pouco vai querer ir aos ENEBD’s; Rod Galvão (doidera, saca?), pela amizade
sincera, pelas idéias compartilhadas, por protelar e chegar atrasado em quase tudo, por ser
louco e por todas as resenhas que já passamos juntos, e bota resenha nisso, ele é O CARA;
Leozinho (ninja), por ser meu eterno padawan, meu irmão mais novo, banger e por ser quem
ele é, um fresco, te amo puto; Rodrigo Peruca (delíiiiiiiiiiciaaaaaaaa), por ser um calhorda,
mas que ainda sim o amo; Mago (vulgo Maurício Guenes), pelos ensinamentos babilônicos, e
pela pala fuleira e sempre certeira que tens; Tiago Pedro (rasta), pela paciência e pelas
conversas sobre cinema, mulheres e planejamentos futuros; Julio Rei (pederasta mor), por
fazer o favor de me ligar de madrugada e por muitas vezes me acordar, mas é o Rei, salve
Julio!; Marcynha, pelo carinho, e pela amizade que me enche de orgulho; Lidiane, pelos
conselhos, pelo carinho, pelas noites no reggae e por agüentar um marido morgado e
barrigudo; Moreno Barros (minha bichola), por ser minha referência nos estudos, e coorientar minha monografia com e-mail’s que mais parecem artigos pelo tamanho que têm, e
nas conversas, sejam elas nos bares, no morro costão, ou pela web; Gugão (alguns poucos o
conhecem como Gustavo Nogueira), pelos papos acadêmicos, mas principalmente pelos nada
acadêmicos, acompanhado de uma cerveja gelada ou uma tiquira que só ele agüenta; Gustavo
Henn, por ser o único bibliotecário rico que conheço, pelo estágio supervisionado, e pelos
debates travados na presença de alunos assustados e Rossewelt, pelo incentivo nos estudos e
os bons momentos vividos;
Aos amigos que fiz nos encontros estudantes, Jair Fred, pelas risadas com as cantadas de
pedreiro que só ele inventa, e por assustar com um arroto uma mulher a uma distancia de um
quarteirão às 6 da manhã na Vila Madalena; Saulo Campos, por compartilhar o MSN das
amigas, e dispor o monzão nas andanças por São Paulo, já que não temos um sandeeeeeeiro;
Fabiano Caruso, pelo macarrão, pela sabedoria e ensinamentos valorosos; Macksuelson
(brother of metal), pelas discussões sobre música, por estar comigo batendo cabeça juntos nos
shows da minha vida, Iron Maiden, Kreator e Exodus, ainda haverá muitos outros; Tiago
Murakami, por compartilhar suas idéias e entusiasmo com elas; Ao casal Wlader e Karina,
pela acolhida em sua casa, pelas cervejas, e por esse bom humor que vocês dois possuem não
importando o momento; Aninha, pelo sorriso que cativa qualquer um; Carise, pela alegria
com a vodka e amizade; Michele, pelos chiados de Belém do Pará; Soninha, pelo sorrisão
lindo, e por sua perseverança em tudo que quer conquistar; Carolina Barroso, pelas dicas de
música, por ser torta e não me deixar pensando que só eu sou, e por me mostrar
definitivamente que nunca vou entender uma mulher sequer durante minha vida inteira;
À Janaína Ferreira, por ter me ajudado na correção deste trabalho, mas principalmente pela
compreensão que só uma amizade provê.
Ao professor Wagner Chacon, pelos ensinamentos, broncas e, sobretudo pela amizade.
A professora Juliana Buse, pela amizade, e por ter me posto na linha sob a devida pressão
para que esta monografia fosse plenamente realizada.
Ao professor Jefferson Veras, pela amizade que vem desde a graduação, e pelo compartilhar
idéias que ajudaram neste trabalho.
Ao Professor Hamilton Tabosa, pela disposição sempre que solicitado a realizar boas idéias,
que foi o caso do debate sobre Tecnologia da Informação que contribuiu e muito para que
acontecesse.
A professora Ivone Bastos, pelos puxões de orelha e pelo carinho.
A professora Ruth Batista, pelos debates acalorados em sala de aula.
A professora Fátima Fontenelle, pelo prazer de ter sido seu aluno e de ter me feito gostar de
CDU.
Ao Professor Márcio Assumpção, pelas conversas sobre músicas, e pelo incentivo na pesquisa
de minhas primeiras idéias para monografia.
Ao Google, pois não sei como era possível escrever uma monografia antes de sua existência.
Imagine a world in which every single person on the
planet is given free access to the sum of all human
knowledge. That’s what we're doing.
Jimmy Wales, fundador da Wikipédia
RESUMO
O presente trabalho é um estudo acerca de como se evidencia a apropriação do capital
social por meio das interações sociais dos usuários no Twitter. Para tanto se discute os
diferentes tipos de redes sociais e suas estruturas, e como elas se constituem a partir da
percepção dos valores apropriados pelos usuários. Do entendimento das funcionalidades que
possibilita a interação entre os usuários associados à rede social Twitter, buscou-se realizar
uma análise netnográfica do conteúdo informacional e conversacional criado pelos usuários
que acompanhavam o Simpósio Nacional de Bibliotecas Universitárias de 2010. Está análise
partiu da coleta de dados referentes aos tweets que continham a hashtag #SNBU dentre os
dias que compreendiam o evento. A partir dos resultados obtidos, conclui-se que as diferentes
perspectivas dos usuários convergem para interesses em comum, fazendo com que ocorra uma
maior participação referente a um objeto em evidência (neste caso o SNBU), e que essas
interações mediadas pelas funcionalidades do Twitter influenciam diretamente no surgimento
do capital social.
Palavas-chave: Twitter. Redes Sociais. Capital Social. Informacional. Conversacional.
ABSTRACT
This is a study of how ownership is evidenced by the share capital of the social
interactions of users on Twitter. To this end we discuss the different types of social networks
and their structures and how they are based on the perception of the appropriate values by
users. Understanding of the functionality that enables the interaction among the users
associated with the social network Twitter, we attempted to perform an analysis of
informational content and netnography conversational created by users who followed the
National Symposium of University Libraries, 2010. This analysis came from the collection of
data for tweets containing the hash tag # SNBU among the days that comprised the
event. From the results, we conclude that the different perspectives of users converge on
common interests, making it occurs greater participation for an object in evidence (in this case
SNBU), and these interactions mediated by the features of Twitter directly influence the
emergence of social capital.
Keywords: Twitter. Social Networks. Social Capital. Informational. Conversational
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Diagramas das Redes de Paul Baran - http://goo.gl/GZXR.....................................21
Figura 2 - Perfil do twitter - www.twitter.com........................................................................33
Figura 3 - Reply, um tweet direcionado para um usuário do Twitter - www.twitter.com.......35
Figura 4 - Utilização do Twitter em um celular que roda o Android da Google http://blog.twitter.com...............................................................................................................37
Figura 5 - Wiki disponibilizado pelo Twitter com a documentação da API para
desenvolvimento de aplicações por terceiros - http://apiwiki.twitter.com................................38
Figura 6 - Mashup Paper.li da editora de tecnologia Guardian - http://paper.li/guardian........39
Figura 7 - Acompanhamento dos tweets utilizou-se a Public Timeline do Twitter www.twitter.com......................................................................................................................42
Figura 8 - Updates de menções ao SNBU no Google - www.google.com..............................43
Figura 9 - update de apresentação da usuária @paulacarina acompanhado do nickname do
palestrante - www.twitter.com.................................................................................................46
Figura 10 - update de apresentação da usuária @paulacarina - www.twitter.com..................47
Figura 11 - update de apresentação da usuária @fabiolascully acompanhado do nickname do
palestrante e outra hashtag referenciando a outro evento interno - www.twitter.com............47
Figura 12 - tweet opinativo do usuário @moreno - www.twitter.com....................................47
Figura 13 - tweet opinativo da usuária @fabi_andradep - www.twitter.com.........................48
Figura 14 - tweet com questionamento da usuária @paulacarina - www.twitter.com............48
Figura 15 - tweet da usuária @fabi_andradep em resposta a um questionamento (debate) do
usuário @bibliotecno - www.twitter.com................................................................................48
Figura 16 - link tuitado pela usuária @paulacarina - www.twitter.com..................................49
Figura 17 - tweet enquadrado na subcategoria miscelânea da usuária @janareina www.twiiter.com......................................................................................................................49
Figura 18 - tweet de autopromoção da usuária @fabiolascully que se enquadra na
subcategoria miscelânea - www.twitter.com............................................................................49
Figura 19 - tweet do usuário @caliljr direcionado a outro usuário - www.twitter.com...........50
Figura 20 - tweet do usuário @moreno com uma pergunta direcionada a alguns usuários que
participavam presencialmente da palestra, e em seguida a resposta da usuária @fabiolascully
referente a pergunta mostrando descontração - www.twitter.com..........................................50
Figura 21 - tweet do usuário @Caliljr direcionado a usuária @karolbraun www.twitter.com.....................................................................................................................51
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - classificação dos tweets na categoria informação..................................................45
Gráfico 2- classificação dos tweets na categoria conversação..................................................46
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................14
1.2 OBJETIVOS...............................................................................................................16
1.2.1 Objetivo Geral........................................................................................................16
1.2.2 Objetivos Específicos..............................................................................................16
2 REDES SOCIAIS.........................................................................................................17
2.1 HISTÓRICO DAS REDES SOCIAIS........................................................................17
2.2 REDES SOCIAIS NA INTERNET............................................................................20
3 CAPITAL SOCIAL......................................................................................................24
4 TWITTER.....................................................................................................................33
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................41
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA......................................................................41
5.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS...........................................................42
5.3 ANÁLISE DOS DADOS.............................................................................................43
6 RESULTADOS E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS..............................................45
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................54
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................56
1 INTRODUÇÃO
A mais recente revolução tecnológica que presenciamos, em especial a que procede
do acesso à Internet e sua dinâmica que se estende a todas as esferas das atividades humanas,
modificou o modo de agir, pensar e conseqüentemente de se comunicar. A possibilidade de se
expressar e de se criar laços sociais através de sites de redes sociais disponíveis na Internet
proporciona, aos usuários destes, o contato com outros usuários dispersos pela rede que
também fazem uso da mesma ferramenta. Para Recuero (2009), nestes ambientes, existe um
processo permanente de auto-afirmação e a necessidade de pertencer à rede por parte dos
usuários do ciberespaço. Esta busca é o reflexo da necessidade que os indivíduos que
transitam entre as conexões sociais sentem de fazer parte de alguma comunidade virtual, de
compartilhar informações, e de participar das discussões que arregimentam conhecimentos
diversos.
A facilidade de acesso à informação resultante do desenvolvimento da Internet
tornou as redes sociais existentes na Web1 componentes essenciais desse processo.
Sua utilização exaustiva se tornou mais comum devido às estruturas sociais que
conectam os usuários a diferentes componentes e as possibilidades de dinamizar estas
conexões nessa interface. Além disso, a web evoluiu ao ponto de tornar mais dinâmica à
participação dos usuários na construção de novos conteúdos, sendo que as redes sociais são
componentes essenciais desse processo.
As possibilidades advindas desse processo permitem o estudo de como estes
indivíduos inseridos nas redes sociais comunicam-se, informam, criam conteúdos e se
apropriam de diferentes valores oriundos de distintas perspectivas e saberes.
Para tanto, buscou-se dentre as redes sociais, aquelas que possuíssem um número
grande de usuários que possibilitassem delimitações caracterizadas de mecanismos de coleta
de dados a serem interpretados. Sendo assim, com base nessas prerrogativas, o Twitter foi
escolhido como ferramenta que engendrasse o material necessário provenientes das dinâmicas
sociais.
A urgência e a rapidez da disseminação das informações no Twitter, juntamente com
a limitação de palavras imposta por esta ferramenta, modificam a experiência dos usuários na
1
A World Wide Web (Rede de alcance mundial, também conhecida como Web e WWW) é um sistema de
documentos em hipermídia que são interligados e executados na Internet.
14
Internet, pois quando tuitamos é como se estivéssemos falando com amigos, conhecidos e, ao
mesmo tempo, falássemos para uma audiência desconhecida.
Desta forma, a utilização a que o Twitter se prestava, passou a gerar um grande fluxo
de informações de todo o tipo, desde as mais fortuitas que ainda seguiam a linha do “O que
você está fazendo”, quanto àquelas que buscavam informar algo, ou debater algum assunto,
que geralmente está em evidência, gerando conhecimento nas proporções das conexões que
existem nos laços sociais dos usuários.
Com a facilidade que o usuário tem de produzir conteúdo, informar, e debater
assuntos infindáveis por meio do Twitter, que possui linguagem simples, objetiva, e ainda
permite links para o aprofundamento dos assuntos tratados, é que surge a dúvida quanto à
apropriação de conhecimento pelos usuários, agregando valor ao capital social. Para tanto,
adotou-se a definição “capital social” como conjunto de características da organização social,
como confiança, normas e sistemas, que contribuam para aumentar a eficiência da sociedade,
facilitando as ações coordenadas (PUTNAM, 2002). Para Setzer (1999), o conhecimento está
relacionado a algo existente no “mundo real” do qual temos uma experiência direta.
Baseado nas assertivas acima, considerou-se que a predileção por um determinado
assunto está atrelada a características individuais que estreitam os laços nas conexões
existentes entre os usuários que tem a possibilidade de classificar e associar uma informação –
tweet a um conhecimento, dando um caráter de valor as informações postadas e
disponibilizadas nas conexões de relações formadas entre os usuários.
Dentro do escopo esta pesquisa se justifica, pois busca aferir como ocorre a
transmissão de conhecimento e agregação de valor ao capital social por meio da ferramenta
Twitter durante o encontro Simpósio Nacional de Bibliotecas Universitárias – SNBU,
ocorrido entre os dias 18 a 22 de outubro de 2010.
Além da relevância em função da atualidade do tema tratado neste trabalho
possibilitará uma discussão e um entendimento sobre a apropriação do conhecimento
produzido que gera capital social no que consistem as conexões estabelecidas para debater e
informar assuntos em comum em uma das mais utilizadas redes sociais do mundo.
15
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Evidenciar como as relações na rede social Twitter se constituem, assim como os
valores compartilhados pela comunidade de usuários, formando desta forma capital social.
1.2.2 Objetivos Específicos

Estudar os mecanismos de utilização e aplicabilidades do Twitter;

Evidenciar como se constitui o capital social no Twitter;

Verificar através do acompanhamento das postagens de usuários como ocorre a
apropriação do capital social por parte dos usuários.
16
2 REDES SOCIAIS
2.1 HISTÓRICO DAS REDES SOCIAIS
Para um entendimento mais amplo do que se pretende mostrar nesse trabalho, há de
compreender como as redes sociais funcionam e são definidas. Para Emirbayer e Goodwin
(apud MARTELETO, 2001, p.75), compreende-se como rede social um “conjunto de relações
ou ligações sociais entre um conjunto de atores e também os atores conectados entre si”. Nas
redes sociais cada ator possui função e identidade cultural que é partilhada entre aqueles que
pertencem a uma determinada rede. A representatividade na rede é formada pela coesão
existente nas relações entre os atores. Partindo dessa idéia, surgem alguns conceitos essenciais
para o entendimento de um estudo de redes sociais. Primeiramente, o emprego do termo ator
para se referir aos indivíduos (podendo ser referenciado como indivíduo ou usuário
dependendo da abordagem), organizações ou grupos sociais que compõe uma determinada
rede; posteriormente, com o termo conexão, acena-se às relações que esses atores estabelecem
entre si e com outras redes (BARBÁSI, 2003; RECUERO, 2009; WATTS, 2003).
Os primeiros conceitos da teoria das redes encontram-se principalmente nos
trabalhos do matemático Leonard Ëuller em 1736. Ëuller criou o primeiro teorema da teoria
dos grafos (RECUERO, 2009). Um grafo é uma representação de um conjunto de nós
conectados por arestas, formando assim uma rede. Essa concepção de rede pode ser utilizada
como metáfora para diversos sistemas. Uma topologia de uma rede de computadores interna
de uma empresa, com seus respectivos pontos de rede e hub’s2 que conectam os computadores
uns aos outros e compartilham informação, por exemplo, pode ser representado por um grafo.
Desta forma, o grafo pode também representar as interações entre indivíduos que possam ser
observadas em uma rede. Diversos estudiosos de diferentes áreas dedicaram-se ao trabalho de
compreender quais eram as propriedades dos vários tipos de grafos e como se dava o processo
de sua construção, ou seja, como seus nós se agrupavam (RECUERO, 2009 apud
BUCHANAN, 2002: BARABÁSI, 2003: WATTS, 2003).
Partindo desta verificação, a teoria dos grafos e suas implicações receberam força
dentro das ciências sociais, principalmente, através de estudos intensamente empíricos, que
deram origem ao que hoje é referenciado como Análise Estrutural de Redes Sociais
2
É o processo pelo qual se transmite ou difunde determinada informação, tendo como principal característica
que a mesma informação está sendo enviada para muitos receptores ao mesmo tempo.
17
(DEGENNE; FORSÉ, 1999; SCOTT, 2000; WASSERMAN; FAUST, 1994). Para Recuero
(2009, p.19) a proposta dessas abordagens era perceber os grupos de indivíduos conectados
como rede social e, a partir dos teoremas dos grafos, extraírem propriedades estruturais e
funcionais da observação empírica.
As pesquisas sobre redes sociais ganham mais atenção dos pesquisadores com o
surgimento de diversos padrões de formação de redes de indivíduos e grupos sociais,
sobretudo por sociólogos, antropólogos e psicólogos sociais dos EUA, Inglaterra e Alemanha
(BARNES, 1972; ROGERS; KINCAID, 1981; SCOTT, 1992; AGUIAR, 2002), que se
apropriaram do uso de diversas metáforas (malha, trama, árvore, teia) para descrever os
padrões de conexão e de fluxo de informações entre os nós, até chegar à complexidade de um
rizoma3 (DELEUZE e GUATTARI, 1996 apud AGUIAR, 2002).
Segundo
Aguiar
(2002),
diferentes
temas
como
“coletivos
inteligentes”
(RHEINGOLD, 2002), “inteligência emergente” (JOHNSON, 2001), “redes inteligentes”
(BARABÁSI, 2002), “inteligência coletiva” (LÉVY, 2002) são cada vez mais utilizados para
referenciar a estrutura comportamental das redes sociais. Grande parte deles assinala para uma
mesma direção: cada vez mais estamos conectados em redes, formando laços maiores e em
um ritmo acelerado de crescimento dessas redes. Diante disso, é notória a busca por uma
compreensão mais ampla da atividade dessas estruturas sociais, como as diferentes maneiras
em que informações e discussões se disseminam sem que existam mais fronteiras. Para
Aguiar (2002) isso mostra que o constante crescimento das redes sociais virtuais torna a
compreensão desse evento um verdadeiro desafio.
Porem, anteriormente a tudo isso, é importante dizer que todo tipo de grupo,
comunidade, sociedade advêm de uma árdua e constante negociação entre preferências
individuais. Justamente por esse motivo, o fato da busca por reconhecimento na rede por cada
indivíduo atrelado as conexões que ligam a inúmeros outros, mostra que, cada vez mais
tenhamos de nos confrontar, de algum modo, com nossas perspectivas e sua relação com a de
outros indivíduos ligados a nós.
Sobre estas relações, Costa (2005, p.3) salienta que:
Não podemos esquecer que tal negociação não é nem evidente nem tampouco fácil.
Além disso, o que chamamos de preferências “individuais” são na verdade fruto de
uma autêntica construção coletiva, num jogo constante de sugestões e induções que
constitui a própria dinâmica da sociedade.
3
É um modelo descritivo ou epistemológico na teoria filosófica que é a expressão máxima da multiplicidade em
detrimento às outras duas condições apresenta como raiz e radícula, que não expressam nada mais do que a
proposta de um todo disciplinador, um totalitarismo estrutural.
18
Do entendimento de estruturas sociais, percebem-se uma série de conceitos
utilizados, como os que Baumann (2003, p.59) que descreve: liberdade, individualismo,
efemeridade, comunidade estética, auto-afirmação cosmopolita e garantia de segurança por
pertencer a um grupo. Baumann (2003, p. 61) afere que liberdade e comunidade são opostas,
considerando-se que “comunidade” implique em uma “obrigação fraterna de partilhar as
vantagens entre seus membros, independente do talento ou importância deles” como afirma
Costa (2005, p.4), pessoas individualistas, que entendem as relações pela ótica do mérito, não
teriam nada a “ganhar com a bem-tecida rede de obrigações comunitárias, e muito que perder
se forem capturados por ela” (BAUMANN, 2003, p.59).
Seguindo essa linha que defende a idéias de que, hoje, essas estruturas sociais,
apresentam conceitos de comunidade e liberdade em conflito:
Há um preço a pagar pelo privilégio de viver em comunidade, O preço é pago em
forma de liberdade, também chamada „autonomia‟, „direito à auto-afirmação‟ e à
„identidade‟. Qualquer que seja a escolha, se ganha alguma coisa e perde-se outra.
Não ter comunidade significa não ter proteção; alcanças a comunidade se isto
ocorrer, poderá em breve significar perder a liberdade (BAUMANN, 2003, p.10).
Entende-se, portanto, que a ilusória oposição entre comunidade e liberdade que
Baumann (2003) descreve, deve-se ao sentido que ele confere ao entendimento por
comunidade:
Tecida de compromissos de longo prazo, de direitos inalienáveis e obrigações
inabaláveis [...] E os compromissos que tornariam ética a comunidade seriam do tipo
do „compartilhamento fraterno‟, reafirmando o direito de todos a um seguro
comunitário contra os erros e desventuras que são os riscos inseparáveis da vida
individual (BAUMANN, 2003, p.57).
Como é possível notar, para Baumann (2003) o individualismo corre riscos, e a
pretensão de liberdade deve significar segurança. No entanto, já a comunidade, que para o
indivíduo torna-se o lugar de segurança, aproxima-nos ao sentido mais tradicional que
conhecemos, em que os laços por afeto, parentesco, solidariedade e proximidade seriam a
base dos relacionamentos consistentes.
Deste modo, a abordagem de redes partindo de referenciais que forneçam
ferramentas singulares para a compreensão dos aspectos sociais do ciberespaço, como as
peculiaridades que formam uma comunidade, possibilita estudar, por exemplo, o surgimento
de estruturas sociais e suas dinâmicas, assim como a criação de valores e a sua manutenção,
bem como a manifestação de configurações de colaboração e competição viventes entre os
indivíduos. Nesse sentido, leva-se em conta não apenas os fatores estritamente tecnológicos
19
da questão, mas, também, o impacto que hoje as redes digitais de informação e comunicação
apresentam sobre as relações sociais contemporâneas (RECUERO, 2009).
Portanto, os estudos das redes sociais na Internet, neste caso, atem-se a como as
estruturas sociais surgem, quais são, e como a comunicação mediada pelo computador torna
capaz que interações entre os usuários gerem fluxos de informações e cooperações sociais que
impactam essas estruturas.
2.2 REDES SOCIAIS NA INTERNET
Redes são metáforas estruturais, sendo assim, elas constituem-se em formas de
analisar agrupamentos sociais também a partir de sua estrutura. Neste sentido, as redes sociais
na internet possuem também topologias4, estruturas. Rara Recuero (2009, p.51), essas
estruturas são relacionadas às estruturas das redes sociais, ou seja, a estrutura construída
através dos laços sociais estabelecidos pelos atores.
Franco (2008, p.10) aponta que as topologias são fundamentais para o entendimento
das redes sociais. Para ele, assim como para outros autores, a metáfora da rede é essencial
justamente por permitir a percepção de topologias mais ou menos eficientes para a ação dos
grupos sociais. Franco parte de um memorando de Paul Baran (1964) para discutir que as
redes sociais possuem três topologias básicas possíveis: distribuída, centralizada e
descentralizada (Figura 1).
4
Descreve como é o layout de uma rede através da qual há o tráfego de informações, e também como os
indivíduos ou dispositivos estão conectados a ela.
20
Figura 1: Diagramas das Redes de Paul Baran
Fonte: Google Imagens http://goo.gl/GZXR
A rede centralizada é, portanto, aquela onde um nó centraliza a maior parte das
conexões. Para Baran (1964), essa rede tem o formato de “estrela”. Já a rede descentralizada,
é, por sua vez, aquela que possui vários centros, ou seja, a rede não é mantida conectada por
um único nó, mas por um grupo pequeno de nós que conecta vários outros grupos. Por fim, a
rede distribuída é aquela onde todos os nós possuem mais ou menos a mesma quantidade de
conexões e, como explica Franco (2008), não há valoração hierárquica desses nós, Para o
autor, apenas esse terceiro tipo seria considerado uma rede efetivamente, embora Baran
considere todos como modelos de redes.
Desta forma, mostra-se o quão essas topologias são interessantes para o estudo de
diversos elementos das redes sociais, tais como os métodos de difusão de informações. No
entanto, as redes mostradas tratam-se de modelos que não comportam mudanças, porem
compreendendo que uma rede social possa vir a possuir características advindas de outras, já
que os indivíduos que a compõe não restringem contato com indivíduos que fazem parte de
uma rede distinta.
Tendo essas estruturas de redes ampliadas com o surgimento da internet, a
possibilidade do estudo das interações e conversações dos grupos sociais no ciberespaço pode
se utilizar de probabilidades incalculáveis, devido adesão massiva de indivíduos as redes
sociais, permitindo que o conhecimento das metáforas estruturais seja agora mensurado a
partir de ferramentas disponíveis na rede que são utilizadas para diferentes finalidades das
trocas sociais.
21
Sobre as redes sociais na Internet, Nicolau (2009, p.4) afirma que “estas estão
baseadas na capacidade de um sistema manter um fluxo permanente de informação vindo de
diferentes lugares simultaneamente”, ou seja, que se amplifica através de múltiplas conexões
entre pessoas, máquinas e sistemas de várias naturezas.
Não obstante, um dos propósitos da rede é sua abertura e a facilidade de acesso, e
isso se deve em função da ligação social, pois essa conexão torna-se fundamental entre as
pessoas, e se dá através da identidade que cada ator submete a outros. Conforme Nicolau
(2009, p.5), os limites que são impostos nas redes não são os limites de separação ou
eqüidistantes em diferentes níveis de interação, mas sim, limites de identidade que são
determinados pelos atores que compõem, criam e determinam o que vale ou não na rede. Não
é um limite físico, mas um limite de expectativas, de confiança e lealdade, compostos por
diversos atores, nas mais dispares perspectivas e afinidades de comportamento, no qual, essas
relações são permanentemente mantidas e renegociadas no compartilhamento de interesses ou
apropriação de identidades, sejam eles mútuos ou unilaterais.
Nesse sentido, as redes sociais na internet podem compreender formas diferentes,
como, por exemplo, em redes de relacionamentos como o facebook5, orkut6e twitter7; redes
profissionais como o linkedin8; redes coorporativas que se utilizam das vias de acesso da
internet para que segmentos da empresa se comuniquem. Estas redes sociais permitem
analisar a forma como as organizações desenvolvem as suas atividades, como os atores
alcançam os seus objetivos ou medir o valor que estes atores obtêm da rede social, em
diferentes camadas dessas relações.
Sites de redes sociais foram definidos por Boyd e Ellison (2007) como aqueles
sistemas que permitem a construção de uma persona através de um perfil ou página pessoal; a
interação através de comentários; e a exposição pública da rede social de cada ator. Os sites
de redes sociais seriam uma categoria do grupo de softwares sociais, que seriam softwares
com aplicação direta para a comunicação mediada por computador. Para Recuero (2009,
p.21), embora esses elementos sejam mais focados na estrutura dos sistema utilizando pelos
autores é, entretanto, na apropriação que reside a principal diferença. Nesta definição, o foco
da atenção dos sistemas não está mais na busca dos atores pela formação das redes sociais
através de novas conexões. A grande diferença entre sites de redes sociais e outras formas de
5
http://www.facebook.com/
http://www.orkut.com.br
7
http://twitter.com
8
http://www.linkedin.com/
6
22
comunicação mediada pelo computador é o modo como permitem a visibilidade e a
articulação das redes sociais, a manutenção dos laços sociais estabelecidos no espaço off-line.
Os sites de redes sociais possuem mecanismos de individualização (personalização,
construção do eu, etc.), e mostram que cada ator, de forma pública que, as possibilidades são
que os mesmos construam interações nesses sistemas, tornando os laços sociais nessas redes
uma representação dos mesmos laços que constituem as comunidades fora do ciberespaço.
Assim sendo, Boyd e Ellison (2007) trabalham dois elementos em sua definição: a
apropriação (sistema utilizado para manter redes sociais e dar-lhe sentido) e a estrutura (cuja
principal característica é a exposição pública da rede dos atores, que permite mais facilmente
divisar a diferença entre esse tipo de site e outras formas de comunicação mediada pelo
computador). Donath (1999) aponta para conclusões semelhantes ao analisar a interação
online: a personalização é uma forma de construir um “eu” que interagirá com um “outro”. É
nessa diferenciação que é possível pensar a construção do “eu” (SIBILIA, 2005, p.9).
É na procura da singularidade dos atores dentro das redes sociais, formando
conexões que evidenciam diferentes perspectivas, que se evidencia as diferenças. Portanto, é
justamente nessas diferenças, que as disputas por espaço nas redes sociais formam grupos
que, buscam algo em comum, e acabam apropriando-se de valores advindos das informações
e conhecimentos que transitam entre as conexões. Desta maneira, dentre as redes sociais na
Internet, o foco deste trabalho se aterá ao Twitter, que se constitui em um campo de estudo em
evidência, com um grande número de usuários para uma análise do capital social apropriado
pelos usuários nessa comunidade.
23
3 TWITTER
O Twitter é um site de rede social, que funciona como ferramenta de microblogging9, que possibilita a interação entre os usuários associados à rede social.
Seu projeto nasceu a partir da idéia de criar uma ferramenta de comunicação interna
da empresa norte-americana Obvious Corp, de Jack Dorsey, tendo como base a
pergunta “O que você está fazendo?” e limitando o número de caracteres postados
em 140. Em julho de 2006, quatro meses após a criação do Twitter, o site foi
disponibilizado ao público, permitindo a criação de perfis e, a princípio, atualizações
através da própria página, de celulares (através de conexão com a internet ou
SMS21) e por IM‟s, no entento, a popularização da mesma só veio acontecer em
março de 2007 (SPYER, 2007; MISCHAUD, 2007) apud CAMARGO (2008, p.19)
Para utilizar o Twitter, basta criar um perfil no site e enviar mensagens, o serviço é
gratuito e simples. Ali, é possível construir uma página, escolher quais usuários “seguir”
(following) e ser “seguido” (followers) por outros (RECUERO, 2009), conforme pode ser
visto a seguir (Figura 2).
Figura 2: Perfil do twitter
Fonte: www.twitter.com
9
Micro-blogging é uma forma de publicação de blog que permite aos usuários que façam atualizações breves de
texto (geralmente com menos de 200 caracteres) e publicá-las para que sejam vistas publicamente ou apenas por
um grupo restrito escolhido pelo usuário. Estes textos podem ser enviados por uma diversidade de meios tais
como SMS, mensageiro instantâneo, e-mail, MP3 ou pela Web.
24
A estrutura da página principal do Twitter (versão de setembro de 2010) permite
ainda fazer busca por assunto ou usuário, que fica na parte superior da página do perfil.
Consta ainda uma aba para acesso do profile, ou seja, da página do dono perfil que mostra
seus tweets10, assim como uma aba para visualizar as DM (mensagem direta), que são tweets
direcionados ao dono do perfil que só o mesmo pode visualizar, podendo também enviar e
responder da mesma forma através dessa opção.
Do lado direito da página do perfil se encontram informações sobre o número de
seguidos (following), o número de seguidores (followers), podendo visualizar informações
sobre estes usuários ao clicar nestas opções. Logo abaixo se visualiza o número de listas a
qual se pertence, e as que recentemente listaram ou foi listado.
Uma forma de acompanhamento dos assuntos mais comentados no twitter é fazê-lo
através dos Trend Topic’s (tags11 e hashtags12 mais utilizadas pelos usuários do twitter). No
trend topic o usuário pode delimitar os assuntos por região, possibilitando assim, tanto ver os
assuntos mais comentados por todos os usuários do twitter global, como visualizar somente o
de determinada região, como por exemplo, escolher a opção de somente aparecer os trend
topic’s dos usuários no Brasil.
Ainda como opção, existe o “Who to follow” (o que seguir), que são dicas do próprio
twitter de usuários que você desejaria seguir, baseado num perfil dos já seguidos pelo
mantenedor do perfil. Essa opção gerou controvérsias quanto à indicação baseada no perfil do
usuário, pois em muitos dos casos as indicações nada tinham haver com o perfil dos usuários
a quem o Twitter propunha que se seguisse.
Por sua vez, estes seguidores podem retuitar (retweet13) as mensagens daqueles que ele
segue, fazendo com que essas conexões ganhem um alcance maior e permita que as
informações postadas cheguem a outros usuários que não seguem o perfil que postou
inicialmente. A versão do twitter lançada em setembro de 2010, permite o acompanhamento
10
Tweets refere-se ao conteúdo das atualizações dos usuários do Twitter.
Palavra-chave (relevante) ou termo associado com uma informação.
12
Mesmo que esse sistema não tenha sido desenvolvido para o social bookmarking nem tenha recursos para
tanto, os próprios interagentes da rede criaram uma forma de facilitar a recuperação de mensagens sobre um
mesmo tema. O hashtag (conjunto de tags aplicada em algum tweet enviado ao Twitter, para classificar o assunto
da mensagem em uma espécie de "categoria"), como foi batizado, é um fenômeno emergente, um “protocolo
social” compartilhado pelas pessoas que conhecem o processo. Para se “etiquetar” um tweet, utiliza-se o sinal de
sustenido (“hash”, em inglês) antes de uma ou mais palavras que servirão como tag. Essa convenção ganhou
notoriedade com a iniciativa de Nate Ritter em utilizar a tag “#sandiegofire” nos relatos que vinha fazendo sobre
os incêndios em San Diego.
13
O retweet é uma função do Twitter que consiste em replicar uma determinada mensagem de um usuário para a
lista de seguidores, dando crédito a seu autor original.
11
25
dos retweet’s que foram dados por quem o dono do perfil segue, assim como os retweet’s
dados pelo dono do perfil, e ver quais dos seus tweets foram retuitados por outros usuários.
E outubro de 2009 o twitter possibilitou a criação de listas para melhor organizar as
informações. A idéia é permitir aos usuários listar algumas contas por perfis de postagens ou
de público, por exemplo, uma lista de pessoas do seu trabalho, outra de amigos próximos,
outra de usuários que tuitam mais assuntos relacionados à biblioteconomia, etc. As listas por
padrão são públicas, mas podem ser privadas, bastando mudar essa opção no momento da
criação.
As representações dessas conexões são expressas através de links nas páginas
pessoais, onde cada usuário tem suas mensagens postadas (tweets) para seus seguidores
(followers), e que pode ser também direcionada pelo uso do sinal “@” diante do nickname do
destinatário, que acompanha em uma janela particular.
Figura 3: Reply, um tweet direcionado para um usuário do Twitter.
Fonte: www.twitter.com
Ainda que seja um recurso relativamente novo, o Twitter é uma ferramenta que vem
sendo objeto de inúmeros estudos em áreas afins. Vários autores apontam, por exemplo, que a
maior parte das atualizações efetivamente não respondem à pergunta-título da ferramenta
26
(MISCHAUD, 2007; HONEYCUTT; HERRING, 2009), mas está focada em apropriações
relacionadas ao acesso à informação e ao estabelecimento de conversações entre os usuários
(JAVA et al.,2007). Desta forma, permitem-se também maneiras de criar e sustentar valores
sociais entre essas conexões.
A audiência de um usuário do twitter, bem como a construção de sua “programação”
é distinta dos demais canais de comunicação. Assim, a navegação não linear no
twitter nos encaminha para outros espaços da internet como blogs, portais,
aplicativos de postagem de imagens e vídeos. Tal característica torna possível
afirmamos que no caso desta rede, reduzir o número de caracteres de uma
mensagem é uma forma de ampliar tanto o debate por meio de outros caminhos
como as conexões de cada indivíduo (NOBRE, 2009, p. 6).
De acordo com dados da comScore14, o Twitter pela primeira vez superou o
MySpace15(rede social, porem mais utilizada por músicos para divulgação de seus materiais)
em número de visitantes únicos no mês de agosto de 2010. Embora a diferença entre as
audiências seja pequena (96 milhões de usuários únicos do Twitter contra 95 milhões do
MySpace), entre agosto de 2009 e agosto de 2010, o microblog cresceu 76%, sem contar os
usuários que acessam o twitter por meio de aplicativos como o Echofon16 e o TweetDeck17,
que não foram considerados no relatório da comScore.
A disseminação viral do Twitter foi sem dúvida alimentada por duas importantes
distinções: a primeira foi ter ganhado o prêmio “best of the web” em março de 2007 no South
by Southwest multimédia e a segunda, ser incluído na lista dos “50 melhores sites de 2007” da
Revista Time18 (2007).
A partir daí o Twitter tem recebido ampla cobertura da mídia, e ganhou mais atenção
quando os candidatos John Edwards e Barack Obama aderiram ao microblog para informar o
que estava acontecendo durante a campanha para as primárias do partido democrata à
presidência em 2008. Ambos utilizaram a plataforma para manter seus seguidores a par de
seus paradeiros e das aparições em programas.
Seguindo o caminho dos presidenciáveis, no mesmo ano o Twitter passou a ser
utilizado por importantes organizações de jornalismo, como por exemplo, a BBC 19 e a CNN20
14
É uma empresa de pesquisa de mercado que fornece dados de marketing e serviços para muitas das maiores
empresas da Internet.
15
http://br.myspace.com/
16
http://www.echofon.com/
17
http://www.tweetdeck.com/
18
http://www.time.com/time/specials/2007/0,28757,1633488,00.html
19
http://www.bbc.co.uk
20
http://edition.cnn.com/
27
para compartilhar notícias. Na mesma linha o Banco Santander21 e a JetBlue Airways22
aderiram a plataforma para promover seus serviços.
Muito do sucesso do Twitter também se deve as suas duas principais características:
a mobilidade e a arquitetura aberta de informações, ou seja, a sua API (Interface de
Programação de Aplicações) aberta, que permite o desenvolvimento de aplicativos para o
twitter por terceiros. A mobilidade se traduz pelo fato de que as atualizações podem ser feitas
quando recebidas através de dispositivos móveis, pelo envio de SMS23. Para Zago (2008), o
uso de microbloggings está intimamente ligado à possibilidade de atualização em mobilidade,
por SMS, já que o número máximo possível em uma SMS é o mesmo permitido pelo Twitter,
que é de 140 caracteres. No Twitter, a sua arquitetura aberta permite que seus pacotes de
programação de dados sejam reprogramados por outros desenvolvedores, isso culmina no
surgimento de ferramentas diversas e também na criação de mashups24.
Figura 4: Utilização do Twitter em um celular que roda o Android da Google.
Fonte: http://blog.twitter.com
21
http://www.santander.com.br
http://www.jetblue.com/
23
Serviço de mensagens curtas (em inglês: Short Message Service, SMS) é um serviço disponível em telefones
celulares digitais que permite o envio de mensagens curtas.
24
É um website ou uma aplicação web que usa conteúdo de mais de uma fonte para criar um novo serviço
completo.
22
28
Figura 5: Wiki disponibilizado pelo Twitter com a documentação da API para desenvolvimento de aplicações
por terceiros.
Fonte: http://apiwiki.twitter.com
A API aberta possibilitou a criação de inúmeros mashups para as mais diferentes
finalidades. Um exemplo de como os mashups podem ser utilizados para cruzar as
informações disponibilizadas pelo twitter para a filtragem de conteúdo, é o Paper.li 25. O
Paper.li produz um resumo diário do twitter de um usuário em formato de jornal. O site
mostra o que foi publicado de mais relevante em 24 horas no twitter, com base no perfil.
Grandes empresas, como a editora de tecnologia Guardian26 utilizam essa mashup para
mostrar nesse formato o que é informado por quem ela segue no Twitter.
25
26
http://paper.li/
http://www.guardian.co.uk/
29
Figura 6: Mashup Paper.li da editora de tecnologia Guardian
Fonte: http://paper.li/guardian
No entanto, com a popularidade do microblog vieram também as críticas. A idéia de
que o Twitter havia reduzido as redes sociais para uma ferramenta de simples frases, imagens
e emoções cotidianas, ganharam espaço (NUTTALL, 2007). Alguns levantaram preocupações
sobre a privacidade (LEADER, 2007) e seu ataque à “nossa capacidade de concentração”
(PONTIN, 2007), haja vista que uma mudança grande ocorrera com o jornalismo por conta
dos blogs, e neste momento o twitter reduzia a 140 caracteres o que poderia ser dito, já que o
mesmo crescia rapidamente, principalmente entre os leitores de blogs, e aqueles que
migraram o acompanhamento de notícias por Feeds27 para o Twitter, ou somente aderiram a
mais uma ferramenta que possibilita esse acompanhamento.
Comparado ao blog comum, o microblogging satisfaz uma necessidade de um modo
de comunicação ainda mais rápido. Encorajando posts menores, ele diminui o gasto
de tempo e o pensamento investido para a geração de conteúdo. [...] A segunda
diferença importante é a freqüência de atualização. Em média, um blogueiro típico
atualizará sua página uma vez a cada poucos dias; por outro lado, um microblogger
talvez faça várias postagens num único dia (JAVA et al, 2007, p. 57).
27
Feed (vindo do verbo em inglês "alimentar") é um formato de dados usado em formas de comunicação com
conteúdo atualizado freqüentemente, como sites de notícias ou blogs.
30
Esse sistema de mensagens instantâneas propicia uma comunicação em tempo real
entre pessoas diversas que podem ou não estar geograficamente próximas. Entretanto, há uma
diferença de tempo mínima entre o acontecimento e sua comunicação aos demais seguidores,
bem como sua eventual problematização ou debate. Há uma prevalência do agora, do
momentâneo. Se procurar entender no que consiste a atualidade de um evento, consiste em
seu acontecimento aqui e agora.
Independente do que é reivindicado e criticado, o entusiasmo em torno do Twitter e a
tendência que o microblog ajudou a iniciar, de uma nova maneira de se comunicar, informar e
criar conexões entre os indivíduos, parece não estar a desaparecer a qualquer momento. E essa
relativa facilidade de ficar em contato one-to-many (um para muitos) através do uso de uma
aplicação, torna o Twitter uma das mais populares plataformas e em constante crescimento.
Para Recuero (2009), no Twitter, essas conexões vão ainda mais longe: além de
formar as redes pela conversação, é possível formar uma rede de contatos onde jamais houve
qualquer tipo de interação recíproca. Mesmo essa interação não sendo recíproca, permite-se
que os indivíduos envolvidos tenham acesso a inúmeros valores sociais, que não estariam de
outras maneiras acessíveis, assim como informações que inicialmente não se adequassem ao
perfil daqueles que a recebem.
A estruturação interna do microblog une inúmeros indivíduos, formando uma
comunidade online, com fortes laços (que são criados e intensificados pela
interação, colaborações, instantaneidade e compartilhamento de informações) entre
cada usuário, que é independente e que supera os limites geográficos de cada um
(CAMARGO, 2008, p. 4).
Estas conexões não recíprocas consentem que aqueles usuários que possuem muitos
contatos, não necessariamente interajam com todos eles, ou mesmo com poucos desses.
Assim sendo, Huberman, Moreno e Wu (2009) dizem que no Twitter há duas redes: uma
composta pelas relações de contatos estabelecidas na rede (quem segue quem) e outra rede
mais escondida, composta pelas relações entre quem efetivamente interage com quem. Isso
vem mostrar que as redes relevantes são aquelas que são denominadas como “rede
escondida”, onde os indivíduos interagem entre si.
Frente a esse cenário de novas relações constituídas e advindas das novas tecnologias
que, busca-se entre as informações compartilhadas entre os usuários do Twitter, o
entendimento do que se forma de conteúdo, e qual a relevância dessa mais nova ascensão de
uma rede social na Internet. Para tanto, procura-se justamente, dentro de uma comunidade que
dissemina informação e cria conexões em uma estrutura horizontal, o essencial advindo do
31
conhecimento de diversos indivíduos que fazem parte dessa rede, ou seja, o entendimento do
capital social.
32
4 CAPITAL SOCIAL
Tanto negócios como nações só têm sucesso ao derrotar e destruir a concorrência. A
política tem a ver com o seu lado vencedor, custe o que custar. Mas estamos vendo uma nova
história começando a emergir, uma nova forma social. É uma narrativa que se espraia ao
longo de distintas disciplinas, na qual a cooperação, a ação coletiva e a interdependências
complexas protagonizam um papel ainda mais importante. E a questão central, mas que não é
de importância absoluta, da concorrência e sobrevivência do mais apto, se encolhe um pouco
para dar lugar ao capital social.
Na história temos exemplos de mudanças drásticas nas tecnologias da comunicação
que corroboram para enfatizar o que ações coletivas podem transformar na sociedade. A
imprensa, por exemplo, foi criada por volta de 1439 por Johannes Gutenberg e, em poucas
décadas milhões de pessoas se tornaram alfabetizadas, o que não era possível quando o acesso
ao conhecimento só era conhecido daqueles que faziam parte da camada economicamente
mais alta da sociedade, e pela igreja. Das populações de leitores, novas formas de ação
coletiva emergiram no campo do conhecimento, religião e política. As revoluções científicas,
a Reforma Protestante e as democracias constitucionais tornaram-se reais onde no passado
não seriam imagináveis. Não foram criados pela imprensa, mas se tornaram possíveis graças à
ação coletiva que emergia da alfabetização. Para Rheingold (2006), as mudanças por ações
colaborativas mais uma vez faziam com que novas formas de riquezas emergissem.
No presente, é claro, as tecnologias transformadoras estão baseadas na Internet. E na
era do „muitos para muitos‟, cada computador é uma pequena gráfica, uma estação de
„broadcast28‟, uma comunidade ou um mercado. A evolução está acelerando as coisas, e mais
recentemente, esse poder está se desdobrando e saindo dos computadores. E muito
rapidamente, nós veremos numa proporção significativa, se não em sua maioria, os indivíduos
andando por aí carregando em suas mãos ou vestindo supercomputadores conectados a
velocidades ainda maiores do que consideramos hoje por banda larga.
Assim como no passado, novas formas de comunicação e a nova mídia têm ajudado a
criar as novas configurações econômicas. Benkler (2006) aponta para uma emergente forma
de produção: a produção dos pares (par a par), o que permite que novas tecnologias criem
28
Broadcast é o processo pelo qual se transmite ou difunde determinada informação, tendo como principal
característica que a mesma informação está sendo enviada para muitos receptores ao mesmo tempo
33
novas e diferentes formas de riqueza, o que nos encaminha para uma transformação
econômica que é significamente diferente das anteriores.
Nesse cenário de ações cada vez mais coletivas, de transformações sociais, de
mudanças que convergem para princípios em comum, procuramos definir o que é capital
social, e onde estes conceitos são empregados em diferentes campos disciplinares, e mais
especificamente, como se aplica as redes sociais, principalmente as que surgem na Internet.
Adotam-se, como referência neste trabalho, alguns conceitos distintos na abordagem
do capital social: a que se baseia no trabalho de Bourdieu, a que está em torno das idéias de
Coleman (1990), a oriunda dos trabalhos de Putman (2002) e a abordagem de Lin (2001), que
enfatiza a teoria de rede na análise do capital social. Para Bourdieu (1980, p.2) a definição
compreendida como capital social é “o conjunto de recursos, efetivos ou potenciais,
relacionados com a posse de uma rede durável de relações, mais ou menos institucionalizadas,
de interconhecimento e de reconhecimento”. O autor ainda enfoca no assunto que “o volume
do capital social que um agente particular possui depende da extensão da rede de ligações que
ele pode mobilizar e do volume de capital (econômico, cultural ou simbólico) possuído por
cada um daqueles a quem ele está ligado” (BOURDIEU, 1980, p.2). O capital social está,
assim, presente nas relações entre as pessoas e compreende os recursos coletivos que estão
disponíveis a um indivíduo que faz parte de um grupo.
Para muitos estudiosos do capital social, Bourdieu é considerado pioneiro na
literatura sociológica em assimilar os estudos desta abordagem conceitual. A perspectiva é
que as redes sociais não são um dado natural, antes, são arquitetadas por meio de estratégias
de investimento nas relações sociais, passíveis de serem utilizadas como fontes de benefícios.
Desta forma, o entendimento dele torna clara a existência de dois elementos no capital social:
as relações que admitem aos indivíduos ter acesso aos recursos, e a qualidade e a quantidade
desses recursos.
Complementando, Durston (2000) refere-se às formulações fundadoras do conceito
de capital social, se reportando a Bourdieu e Coleman como sendo os que mais cedo se
expressaram sobre tal conceito, as quais coincidiam nos aspectos de que o capital social é um
recurso, ou via de acesso a recursos que, quando combinado com outros fatores, permitem
para as pessoas que os possuem alcançar determinados benefícios; e que esta forma de capital
se fundamenta nas relações sociais.
Contudo, a abordagem do capital social por Coleman difere da de Bourdieu. Para
Coleman (1988), o capital social é acentuado substancialmente por sua função, ou seja, o
34
capital social seria o arcabouço que promoveria determinadas ações por parte dos usuários
dentro dessa estrutura. Ainda no que aborda Coleman (1988, p.6) “[...] como outras formas
de capital, o capital social é produtivo, tornando possível alcançar certos fins que não seriam
atingíveis na sua ausência”. Além disso, distingue várias formas de capital social, tais como
obrigações e expectativas, informação, normas e sanções, autoridade e formas de organização
associativa (COLEMAN, 1990, p. 304-313).
Para Coleman ainda se destaca dentro do conceito que:
Assim como outras formas de capital, o capital social é produtivo, possibilitando a
realização de certos objetivos que seriam inalcançáveis se ele não existisse [...] Por
exemplo, um grupo cujos membros demonstrem confiabilidade e que depositem
ampla confiança uns nos outros é capaz de realizar muito mais do que outro grupo
que careça de confiabilidade e confiança [...] Numa comunidade rural [...] onde um
agricultor ajuda o outro a enfardar o seu feno e onde os implementos agrícolas são
reciprocamente emprestados, o capital social permite a cada agricultor realizar o seu
trabalho com menos capital físico sob a forma de utensílios e equipamento”.
(COLEMAN, 1990, p. 302-304)
Abordando a temática, Putnam afirma que:
[...] a cooperação voluntária é mais fácil numa comunidade que tenha herdado um
bom estoque de capital social sob a forma de regras de reciprocidade e sistema de
participação cívica. O capital social diz respeito a características da organização
social, como confiança, normas e sistemas, que contribuam para aumentar a
eficiência da sociedade, facilitando as ações coordenadas. (PUTNAM, 2002, p. 173)
Ainda conforme Putnam (2002, p.175), “a participação dos indivíduos nas redes
sociais, representam uma intensa interação horizontal, se revelando uma forma essencial de
capital social”, ou seja, quanto mais desenvolvidos forem esses sistemas numa comunidade,
maior será a probabilidade de que seus indivíduos sejam capazes de cooperar em benefício
mútuo.
Para Silva (2009), se horizontalizar os sistemas proporcionar a ação coletiva, então
quanto mais horizontalizada for à estrutura social, mais ela favorecerá o desempenho da
comunidade em geral.
Já na abordagem do tema, Lin (2001) entende o capital social como um conjunto de
soluções radicado nas redes sociais que são acessíveis e aproveitados pelos indivíduos nas
suas ações. Avalia a rede social como um conjunto formado por atores que compartilham um
mesmo interesse, num processo de reconhecimento mútuo, e argumenta que o capital social
“enquanto investimento nas relações sociais com resultados esperados no mercado deve ser
35
definido como recursos inseridos na estrutura social que são acessíveis e/ou mobilizados para
a concretização de um objetivo” (LIN, 2001, p. 102); e aponta:
[...] três blocos distintos de variáveis para a modalização do conceito de capital
social: o investimento; o acesso e a mobilização; as retribuições. O primeiro
representa as pré-condições do capital social – os fatores estruturais e a posição do
indivíduo na estrutura social; o segundo representa os elementos do capital social; e,
finalmente, o terceiro, as compensações, instrumentais e expressivas, do capital
social. O processo que conduz do primeiro ao terceiro representa um esquema
seqüencial de causalidade, cuja análise permite descrever a formação desigual do
capital social: os elementos estruturais, bem como as posições individuais na
estrutura, afetam as oportunidades para construir e manter o capital social. (LIN,
2001, p. 243-249)
Ainda que existam inúmeras teorias a respeito do capital social, diferenciam-se
principalmente não no modo pelo meio do qual ele é construído, mas em quem de fato pode
ter acesso a seus benefícios. Grande parte dos autores relaciona a concepção e sustentação do
capital social aos investimentos realizados pelos indivíduos na estrutura social através da
interação (PUTNAM, 2000; LIN, 2001). Para Recuero (2009, p.4), os benefícios, no entanto,
são constituídos para os grupos, em uma perspectiva macro, ou apropriados pelos indivíduos,
em uma perspectiva micro. Neste caso, a segunda perspectiva se aplica melhor ao foco
principal deste trabalho, ou seja, as redes sociais.
Na literatura ainda não é claro, como é percebido, o capital social em diferentes
estruturas, nas ações dos indivíduos. Portando, alguns autores voltaram o foco principal por
meio de estudos e aplicações dos efeitos nas redes sociais. Coleman (1990), por exemplo,
trata o caráter do capital social por meio de sua demonstração em valores como visibilidade,
reputação, popularidade, autoridade e etc. Esses valores associados às redes sociais, e
apropriados pelos indivíduos particularmente, são formas diferentes de capital social, que
beneficiam os indivíduos que se arregimentam a estrutura que liga a todos em uma rede para
atingir objetivos em comum.
Em um evento da WikiBrasil29 ocorrido em 10 de novembro de 2008, Dowbor
(2008) acentua que, o conhecimento oriundo das informações que circulam nas rede sociais,
nos permite eliminar os atravessadores do conhecimento, e criar, refazer e compartilhar
diferentes perspectivas sobre diversos assuntos, sem precisar mais do aval dos mesmos, o que
29
Evento que teve como foco principal debater idéias em torno de ações colaborativas na web, tendo como
principal foco a Wikipédia.
36
foi possibilitado pela Internet, e mais recentemente pela mudança tanto estrutural, como
comportamental da rede, advinda da Web 2.030 e suas aplicações.
Weinberger (2007, p.207) lembra que, “algumas pessoas têm tendência a se sentarem
em uma sala sozinhos e colocar seus pensamentos no papel, mas muitos de nós raciocinamos
enquanto trocamos idéias com outras pessoas”. A idéia é que, as redes sociais na web nos
permitem compreender um assunto sob perspectivas diferentes atrelados aos indivíduos que a
compõe, compartilhando coisas que sabemos (ou imaginamos que sabemos). Em uma
conversa, pensamos juntos em voz alta, tentando entender o assunto sobre o qual estamos
conversando (WEINBERGER, 2007, p.2007).
As redes socias como facebook, twitter, dentre diversas outras existentes, permitem
aos indivíduos que a compõe, a possibilidade de se desenvolverem com base nas diferenças.
A diferença sempre foi o sinal de que o conhecimento não foi alcançado, como afirma
Weinberger:
Pode existir somente um conhecimento, pois o mundo é de um jeito, e não de outro,
mas sempre existirão vários tipos de conversas e, portanto, várias compreensões.
Jamais deixaremos de conversar, silenciados por um conhecimento único, unificado,
verdadeiro, inevitável e final de tudo que nos rodeia [...] quanto menos interessante
for nosso conhecimento, mais unitário e incontestável se torna. A conversa, por
outro lado, é sempre a respeito de alguma coisa suficientemente interessante para
justificar o tempo e esforço despendido. Da conversa surge a compreensão que pode
ser verdadeira e útil, embora nem todos nós um dia venhamos a entender nosso
mundo exatamente da mesma maneira. O que é um ponto fraco do conhecimento é
um ponto forte na compreensão. (WEINBERGER, 2007, p.208)
O conhecimento desta maneira é tido como um bem de todos os indivíduos,
apresentando concomitantemente as características da não-competitividade (o seu consumo
por um indivíduo não afeta a quantidade disponível para os outros indivíduos), nenhum
indivíduo pode excluir os demais de consumi-lo ao mesmo tempo, como acontece com bens
materiais.
Tendo, portanto uma característica da não competitiva associada ao conhecimento, à
produção de capital social tornar-se uma potencial fonte de valores ascendentes para aqueles
que fazem parte da rede social.
Em outra perspectiva, Silva enfatizou a idéia de que:
30
Web 2.0 é um termo criado em 2004 pela empresa estadunidense O'Reilly Media para designar uma segunda
geração de comunidades e serviços, tendo como conceito a "Web como plataforma", envolvendo wikis,
aplicativos baseados em folksonomia, redes sociais e Tecnologia da Informação.
37
[...] embora cada produtor, isoladamente, tivesse a percepção da existência de
rendimentos marginais decrescentes do seu investimento em fatores produtivos e
pudesse ainda ignorar os efeitos positivos que o seu investimento poderia gerar para
os outros produtores, em nível agregado e como resultado das ações simultâneas de
todos os produtores, aconteceriam efeitos externos sobre a produtividade de cada
produtor, de modo a superar os rendimentos marginais decrescentes. A natureza não
rival do conhecimento aliada à sua difusão, o caracteriza como importante fonte de
externalidades positivas. (SILVA, 2008, p. 235)
Não obstante da possibilidade de formalização do conhecimento, sua abstração de
seu suporte material e humano, multiplicado quase sem custos nas redes sociais, e utilizado
ilimitadamente, permite que, se propague e seja útil quando acessado pelos que
compreendem, neste caso, as redes sociais.
Por conseguinte, este modelo de capitalização social, difere do tradicional que tratava
o conhecimento como mercadoria, transformando em propriedade privada e tornando-o
escasso para agregar valor.
O conhecimento em princípio não aceita ser manipulado como mercadoria, e com as
redes sociais na Internet, as mudanças de um para muitos, para a de muitos para muitos com o
desenvolvimento de aplicações na Web 2.0, permitiu-se o surgimento de uma nova política de
troca de conhecimento entre os indivíduos, o crowdsourcing.
O crowdsourcing, por sua vez, é um esforço coletivo e voluntariado na internet que
unidos resolvem problemas, criam conteúdo ou desenvolvem novas tecnologias. O que
permite aos indivíduos que possuem acesso, oferecer seu tempo para criar conteúdo,
solucionar problemas e até mesmo para pesquisa e desenvolvimento de assuntos diversos.
Segundo Tapscott e Williams (2006, p.11),
[...] bilhões de indivíduos conectados podem agora participar ativamente da
inovação, da criação de riqueza e do desenvolvimento social de uma maneira que
antes era apenas um sonho. E, ao colaborarem, essa massa de pessoas reunidas
fazem com que as artes, a cultura, a ciência, a educação, o governo e a economia
avancem de forma surpreendente, mas, em ultima instancia, lucrativa. Empresas que
se envolvem com essas comunidades surgidas graças à web já estão descobrindo os
verdadeiros dividendos da competência e a genialidade coletiva.
O exemplo que melhor descreve como os indivíduos colaboram quando estes
possuem as ferramentas certas, é a Wikipédia. A Wikipédia, assim pode-se dizer, foi um dos
primeiros modelos voltado para aplicações da Web 2.0. Lançada em 15 de janeiro de 2001,
pelo seu fundador Jimmy Wales, a enciclopédia livre, como gosta de ser denominada pelo seu
fundador, é hoje um dos cinco sites mais acessados em todo o mundo e é totalmente
construída e editada por seus colaboradores, que pode ser qualquer usuário cadastrado.
38
A Wikipédia alcança sucesso porque sustenta a auto-organização (um caráter de
produção que trabalha com mais eficácia para certas tarefas do que a gestão tradicionalmente
hierárquica). O seu maior impacto hoje é na produção de informações através da participação
coletiva de seus usuários, não se trata de mera fantasia, mas de oportunidades reais que se
tornam possíveis com a nova geração da Web proporcionada pela colaboração em massa.
Sua estrutura foi produzida visando oferecer uma integração do conhecimento de
diversas áreas através de associações variadas, inclusive fatores sócio-culturais, lingüísticos e
acadêmicos. Esta organização consolidou-se na Web assumindo uma reprodução dinâmica de
si mesma com o crescimento de usuários colaboradores. Os novos links inseridos são
atualizados periodicamente pelos usuários, conforme as mudanças que ocorrem na própria
Web, adicionando novos conhecimentos e removendo ou alterando os conteúdos já existentes.
Johnson (2001) apresenta uma visão sistêmica sobre a forma como a tecnologia
altera a maneira como se cria e se comunica, aprofundando conceitos como inteligência
coletiva através da emergência. Descreve o que acontece quando um sistema interconectado
de elementos relativamente simples se auto–organiza para formar um comportamento mais
inteligente, capaz de se ajustar às circunstâncias sem ajuda externa. Segundo o autor, este
fenômeno ocorre com as formigas, os neurônios do cérebro humano e até mesmo, em uma
escala maior, com os indivíduos que habitam uma grande metrópole.
O autor explica que, assim como uma formiga altera seu comportamento com base
no encontro com outras formigas, fazendo assim com que uma espécie de nível superior de
consciência (nas palavras do próprio autor, “a ordem de nível superior da colônia”)
predomine, fenômeno idêntico ocorre com os neurônios em nosso cérebro (um neurônio não
pode funcionar sozinho, ele depende do input de outros neurônios com os quais está
conectado para trabalhar). Essa organização de sistemas funciona até mesmo com as grandes
cidades, que parecem se auto–regular com base no comportamento de seus indivíduos,
compondo uma espécie de organismo vivo.
Assim é a Wikipédia, que utiliza normas comunitárias para orientar as decisões
editoriais. O site diz que o seu objetivo explícito é ser imparcial e apresentar favoravelmente
todos os pontos de vista, além de afirmar que esse é o critério usado para julgar as
contribuições. Essa política de desenvolvimento pode ser observada através dos espaços para
debates e o uso do próprio sistema como plataforma onde os conteúdos são alterados,
constituindo uma estrutura organizacional de Rede altamente cooperativa. Conforme
Whitaker (2008, p.34):
39
Uma estrutura em rede (que é uma alternativa à estrutura piramidal) corresponde
também ao que seu próprio nome indica: seus integrantes se ligam horizontalmente a
todos os demais, diretamente ou através dos que os cercam. O conjunto resultante é
como uma malha de múltiplos fios, que pode se espalhar indefinidamente para todos
os lados, sem que nenhum dos seus nós possa ser considerado principal ou central,
nem representante dos demais. Não há um “chefe”, o que há é uma vontade coletiva
de realizar determinado objetivo.
Neste exemplo bem sucedido de colaboração da Wikipédia, como também das
iniciativas como o Linux e o Mozilla, é que grandes empresas, como IBM, HP, SUN, que são
alguns dos mais ferozes competidores no mundo de Tecnologia da Informação (TI), estão
liberando o código fonte de seus sistemas, e permitindo portfólios de patentes para os comuns.
Eli Lilly (mais um feroz competidor do mundo farmacêutico) criou um mercado de soluções
para problemas farmacêuticos. Rheingold ainda acrescenta que a Toyota, ao invés de tratar
seus fornecedores como sendo do mercado, trata-os como uma rede colaborativa, treinando-os
a produzir melhor, mesmo que o treinamento resulte que produzam melhor para a
concorrência. Tapscott e Williams (2006, p. 125) acreditam que, nenhuma dessas empresas
está fazendo isso por altruísmo, elas fazem isso porque aprenderam que certo tipo de
compartilhamento funciona por interesse próprio.
A produção do código aberto nos mostra que softwares de classe mundial, como
Linux e Mozilla, podem ser criados sem ter a estrutura burocrática-vertical convencional das
empresas, e sem ter os incentivos do mercado como os conhecemos.
Segundo o jornal on-line Guardian31, a Google enriquece a si mesma ao enriquecer
milhares de blogueiros com o Adsense. A Amazon abriu sua Interface de Aplicativos de
Programas (API) para 60.000 desenvolvedores, inúmeras lojas Amazon. Isso mostra que essas
empresas estão enriquecendo outros não por causa de altruísmo, mas como uma forma de
enriquecer a si mesmas.
Ebay, por sua vez, solucionou o dilema do prisioneiro32, mais conhecido na
sociologia e economia, e criou um mercado, onde ninguém teria existido, ao criar um
mecanismo de feedback que transforma o dilema do prisioneiro num jogo de segurança. Ao
invés de “nenhum de nós pode confiar no outro, então nossas ações são medíocres”, o Ebay
foi para “prove a mim que você é merecedor de confiança e eu vou cooperar”.
31
http://www.guardian.co.uk
O dilema do prisioneiro é um problema da teoria dos jogos e um exemplo claro, mas atípico, de um problema
de soma não nula. Neste problema, como em outros muitos, supõe-se que cada jogador, de modo independente,
quer aumentar ao máximo a sua própria vantagem sem lhe importar o resultado do outro jogador.
32
40
Outro exemplo é o ThinkCycle, que viabilizou ONG‟s em países em
desenvolvimento ao trazer os problemas que podem ser resolvidos por alunos de desing do
mundo inteiro, incluindo algo que foi utilizado para alívio das vitimas do Tsunami de 26 de
dezembro de 2004. É um mecanismo para a reidratação de vítimas de cólera que é tão simples
de usar, que pessoas analfabetas puderam ser treinadas a usá-lo.
Indo para os softwares de compartilhamento que utilizam o pear-to-pear (par por
par), o Bit Torrent transforma quem baixa arquivos, em um usuário que sobe arquivos
(upload), fazendo o sistema ser mais eficiente quanto mais for usado, maximizando o
desempenho e possibilitando altas taxas de transferência, mesmo com um enorme número de
usuários realizando downloads de um mesmo arquivo simultaneamente.
Rheingold (2006) diz que milhões de indivíduos estão contribuindo no
Folding@home33 com seus computadores pessoais quando estão inativos, permitindo que
estejam ligados à Internet num coletivo para a super-computação que ajuda a fazer simulações
de enrolamentos de proteína para pesquisas médicas. Pode-se dizer que tudo isso é para
interesse próprio com uma soma para mais.
Presenciam-se no mundo inteiro, cidadãos realizando protestos políticos autoorganizados e campanhas para arregimentar seguidores usando o Twitter, tornando esta
ferramenta numa rede social que aproveita os distintos e iguais pontos de vista para agregar
valor aos indivíduos que fazem parte dela, e atingindo a aqueles que também não pertencem a
ela. São novas riquezas que surgem através da cooperação, do crowdsourcing da rede, criando
capital social.
Diante do que foi exposto sobre o Twitter, e da apropriação do capital social por
parte dos usuários que compõem esta rede social, é que utilizaremos de recursos das API‟s
para levantar dados que possibilitem a compreensão dos elementos e funcionalidades
empregados pelos usuários que criam e compartilham conteúdo, debatendo e possibilitando
agregar diversas perspectivas sobre os mais diferentes assuntos.
33
http://folding.stanford.edu/
41
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Inicialmente procedeu-se um estudo exploratório no qual se buscou entender,
mediante observação participante de caráter netnográfico - processo metodológico que perfaz
uma pesquisa qualitativa e quantitativa para o estudo interações sociais mediada por
computador (MONTARDO; PASSERINO, 2006; GEBERA, 2008) como os usuários do
Twitter utilizavam a ferramenta para informar (updates das apresentações), opinar, questionar,
promover-se e debater com outros usuários a respeito do Seminário Nacional de Bibliotecas
Universitárias - SNBU. Segundo Montardo e Passerino (2006), a observação decorrente do
emprego do método da netnografia é feita em profundidade, de modo que se consiga proceder
a uma “reconstrução do cenário cultural estudado na visão do pesquisador”. Das vantagens
que a netnografia possui com relação à etnografia, destacam-se: rapidez na aplicação, extenso
material de análise disponibilizado na rede, fazendo com que se tenha maior amplitude
temporal e espacial na coleta de dados, e constante atualização.
A netnografia é apontada como uma adequação e aplicação da etnografia para
observar fenômenos culturais do ciberespaço, utilizada como um método de análise que
procura uma maior proximidade entre o olhar crítico do pesquisador e seu objeto de estudo,
tendo uma abordagem relacionada às interações estabelecidas no ambiente virtual em estudo.
Esta pesquisa objetivou observar as interações sociais entre os usuários realizadas no Twitter,
na medida em que também se tem presente essa dupla dimensão inerente à ferramenta:
Twitter como artefato cultural, considerando-se em sua dimensão de ferramenta de publicação
de conteúdo, ao passo que a estrutura do sistema permita que os usuários estabeleçam
interações entre si, o que contribui para a construção de um espaço de sociabilização.
Sendo assim, a inclinação para a escolha da netnografia como metodologia aplicada,
ocasionou-se, principalmente, pelo fato de permitir um maior contato com o objeto estudo.
Por conseguinte, a possibilidade de uma avaliação sistemática do todo, devido à proximidade
com os usuários e suas interações no ambiente a ser estudado, faz com que a busca pelos
resultados, seja não somente no material empírico coletado, como também em um
entendimento do formato e das ferramentas da plataforma para sua utilização. Percorreu-se,
desse modo, um caminho duplo: do empírico ao teórico, e do teórico ao empírico. Com isso,
42
pode-se notar certo viés etnográfico, na medida em que se procurou contextualizar o objeto
antes de proceder a uma análise de campo.
5.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Como objeto de estudo, utilizou-se somente tweets que contenham somente a
hashtag #SNBU, que são os tweets referentes ao Seminário Nacional de Bibliotecas
Universitárias - SNBU, postados no período em que ocorreu o evento, ocorrido entre os dias
18 a 22 de outubro de 2010.
Nesta etapa, coletou-se durante todo o evento, no Twitter, os tweets que tivessem
neles a hashtag #SNBU. Para o acompanhamento dos tweets utilizou-se a própria página do
twitter, conhecida como Public Timeline (visualizada na figura 07) e o Google, para a busca
de updates que referenciavam a #SNBU, pois este disponibiliza um gráfico da quantidade de
vezes em que a palavra buscada foi mencionada no Twitter (visualizado na figura 08). O
objetivo desta primeira etapa foi aprofundar o conhecimento sobre o funcionamento do
Twitter antes de proceder à coleta de dados propriamente dita.
43
Figura 7: acompanhamento dos tweets utilizou-se a Public Timeline do Twitter
Fonte: www.twitter.com
Figura 8: Updates de menções ao SNBU no Google.
Fonte: www.google.com
A segunda etapa da pesquisa objetivou quantificar o número de menções a hashtag
#SNBU nos dias do evento por meio dos updates do Google, separando-os por data. Os tweets
avaliados compreendiam usuários brasileiros e, também, estrangeiros que acompanhavam o
evento.
5.3 ANÁLISE DOS DADOS
Posteriormente a coleta de dados, procedeu-se uma análise do conteúdo de 726
tweets coletados que continham a hashtag #SNBU publicados pelos usuários do Twitter.
Segundo classificação adotada por Recuero (2009, p. 7) para examinar o capital social em
redes sociais e referencial teórico apresentado no capitulo 4, os tweets coletados foram
classificados, por meio de análise de conteúdo, nas duas categorias: informação e
conversação. Inserida na categoria informação, os tweets foram ainda classificados em
subcategorias: updates das apresentações, opinativos, questionamentos, links e
miscelânea. Os conversacionais só foram classificados em uma subcategoria, somente foram
considerados os tweets diretos.
44
Desta maneira, como foi supracitado no segundo capítulo, a partir de outras leituras
de referencial teórico já existente sobre o Twitter, bem como da observação, pode-se
identificar duas apropriações predominantes para o Twitter: informação e conversação. Essas
apropriações identificadas nos dados coletados foram então relacionadas com as dimensões de
capital social usadas por Bertolini e Bravo (2004): capital social relacional, capital social
cognitivo, capital social normativo, capital social de confiança no ambiente social e
capital social institucional.
45
6 RESULTADOS E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Observou-se no somatório de tweets analisados que um dos primeiros valores obtidos
entre as interações dos usuários é o acesso a informação, neste caso específico, o acesso a
informações referentes ao SNBU. Esse acesso é dependente das conexões que são constituídas
e mantidas no sistema. Quanto mais conexões os usuários possuírem – aqueles que ele segue,
maiores serão as chances de obter retorno das informações que sejam de interesse próprio e
que o usuário entenda seus tweets como importantes para aqueles que fazem parte de suas
conexões.
No Twitter, essa potencialidade parece elevada, uma vez que as conexões que
surgem representam um investimento baixo para o usuário, e parece haver um investimento
ativo dos usuários em produzir informações especializadas e originais, com um respectivo
retorno quando há interesses em comum.
Assim sendo, o que se percebeu com os dados obtidos através dos tweets com a
hashtag #SNBU, é que a expressiva maioria eram tweets com algum tipo de conteúdo
informativo relacionado ao evento, como visto no gráfico 1.
INFORMACIONAL
549 Tweets
8%
5%
Updates das apresentações 258
39%
11%
Opinativos 203
Questionamentos 59
Links 29
Miscelânea 46
37%
Gráfico 1: classificação dos tweets na categoria informação
46
CONVERSACIONAIS
177 Tweets
Diretos 177
100%
Gráfico 2: classificação dos tweets na categoria conversação
Portanto, na categoria que se propôs à informacional, suas subcategorias se
mostraram da seguinte maneira:
a) Updates das apresentações: aqueles tweets que eram referentes ao que estava
acontecendo naquele momento durante as apresentações no evento. Os usuários tuitavam em
tempo real as questões pertinentes das apresentações. O que se percebeu foi que, os updates
eram pontuais, e abriam o debate para os usuários que acompanhavam aquele que informava e
atualizava sobre os assuntos que estavam sendo tratados durante as apresentações, como se
ver nas figuras 9, 10 e 11:
Figura 9: update de apresentação da usuária @paulacarina acompanhado do nickname do palestrante.
Fonte: www.twitter.com
47
Figura 10: update de apresentação da usuária @paulacarina
Fonte: www.twitter.com
Figura 11: update de apresentação da usuária @fabiolascully acompanhado do nickname do palestrante e outra
hashtag referenciando a outro evento interno.
Fonte: www.twitter.com
b) Opinativos: aqueles que continham um julgamento de valor, ou seja, idéias
distintas de observações dos tweets a respeito do evento, ou dos assuntos relacionados às
apresentações (figuras 12 e 13).
Figura 12: tweet opinativo do usuário @moreno.
Fonte: www.twitter.com
48
Figura 13: tweet opinativo da usuária @fabi_andradep
Fonte: www.twitter.com
c) Questionamentos: Como vistos nas figuras 14 e 15, aqueles que continham
alguma pergunta a respeito do evento ou mesmo direcionada a algum palestrante, o que
acabava gerando debate, pois alguns dos questionamentos eram respondidos pelos seguidores
do usuário que lançou a pergunta.
Figura 14: tweet com questionamento da usuária @paulacarina
Fonte: www.twitter.com
Figura 15: tweet da usuária @fabi_andradep em resposta a um questionamento (debate) do usuário
@bibliotecno.
Fonte: www.twitter.com
49
d) Links: aqueles que continham alguma informação relativa aos assuntos tratados
no evento (figura 16).
Figura 16: link tuitado pela usuária @paulacarina
Fonte: www.twitter.com
e) Miscelânea: aqueles que não se enquadravam em nenhuma das subcategorias, e se
fossem ser classificados, haveria uma segmentação muito grande e resultados individuais que
se tornariam pouco significativos (figuras 17 e 18).
Figura 17: tweet enquadrado na subcategoria miscelânea da usuária @janareina.
Fonte: www.twiiter.com
Figura 18: tweet de autopromoção da usuária @fabiolascully que se enquadra na subcategoria miscelânea.
Fonte: www.twitter.com
50
O que se pode perceber com os tweets informacionais é que, trazem consigo
informações especialmente úteis à rede social, já que os usuários que participam das conexões
referentes às informações com a hashtag #SNBU, em boa parte geram discussões que são
replicadas a usuários mais distantes que acabam por se identificar com o assunto levantado,
permitindo o acesso a novas informações, a novas discussões e, por isso, auxiliam na
construção do conhecimento.
Na categoria conversacional – que não possui subcategorias, os tweets direcionados
a outro usuário (contendo a “@”) se mostraram parte da conversação de questionamentos
levantados e como diálogos de descontração entre os usuários que acompanhavam o evento
pelo Twitter ou presencialmente, como se percebe nas seguintes figuras 19, 20 e 21:
Figura 19: tweet do usuário @caliljr direcionado a outro usuário.
Fonte: www.twitter.com
Figura 20: tweet do usuário @moreno com uma pergunta direcionada a alguns usuários que participavam
presencialmente da palestra, e em seguida a resposta da usuária @fabiolascully referente a pergunta mostrando
descontração.
Fonte: www.twitter.com
51
Figura 21: tweet do usuário @Caliljr direcionado a usuária @karolbraun
Fonte: www.twitter.com
Nos casos supracitados, nota-se que valores agregados ao Twitter necessitam que os
usuários cultivem suas conexões por meio de diálogos, que estão diretamente ligados a
valores relacionais e aprofundamento de laços sociais. Estes valores, ao mesmo tempo em que
estão ligados à expressão individual que proporciona aos usuários o aumento da intensidade e
da familiaridade dos laços sociais, influenciam a reputação e visibilidade dos usuários pelo
conteúdo de freqüência dos tweets. Assim, as conexões expressas são obtidas e mantidas por
meio da conversação, mostrando que também possibilita acesso à informação e conhecimento
por parte dos usuários do Twitter, pois é criado e proporcionado um espaço para discussão.
Estes valores vêm de encontro a definições como a de Coleman (1988) sobre capital
social demonstrados por sua função, ou seja, para o autor, necessita existir uma estrutura
social que possibilite ações diversas por parte do grupo a qual ela pertence. Valores
individuais como a capacidade de opinar, questionar, debater e informar caracteriza, na
medida em que os usuários compartilham conteúdo, o capital social. Essa assertiva remete as
considerações da Recuero (2005) da seguinte forma: “O capital social é, portanto, um
conjunto de recursos, que pode ser encontrado a partir das conexões entre os indivíduos de um
determinado grupo, pois é conteúdo dessas relações”. Somado a isso, esses valores associados
a uma infinidade de características dos usuários são formas diferentes de compreender o
capital social quando se arregimentam a eles uma estrutura de benefícios advindos de sua
pluralidade expressada através de suas conexões no Twitter, resultado de ações simultâneas,
principalmente quando é evidente que estes possuem objetivos em comum. Portanto, esses
benefícios passam a existir quando estão relacionados a valores fundamentados nos laços
52
sociais, no conhecimento, nas discussões geradas a partir destas conexões, e neste caso
delimitadas por um marcador – hashtag #SNBU, ou seja, capital social.
A hashtag neste estudo de caso demonstra uma preocupação não somente em
delimitar ao que se refere à informação postada, mas em permitir o acompanhamento dos
updates - tweets por parte de outros usuários interessados naquela informação. Isto fica claro
quando o conteúdo do update carrega consigo uma opinião, um questionamento, um link, ou
mesmo é direcionado a um usuário em particular, que em alguns casos acompanhados gerou
debate, como visto na figura 21. Desta forma, os laços sociais que ligam estes usuários se
fortificam. Para Recuero (2007) os laços fortes em grande parte são frutos de uma maior
interação e reciprocidade entre os usuários, o que tende a implicar em uma maior quantidade e
maior investimento de capital social.
O uso da hashtag permitiu que as conexões existentes se estendessem entre os
usuários que se limitavam pelas funcionalidades do Twitter, já que parte dos updates eram
direcionados a usuários a que não se seguia, ou que fosse seguido, isto é, constituindo-se
assim laços fortes que culminem na apropriação do capital social por parte dos usuários.
Essa apropriação para Bertolini e Bravo (2004) é dimensionada em diferentes níveis
de capital social de acordo com as relações dos usuários na rede social e identificas nos dados
coletados. Estas dimensões são:
a) Capital Social Relacional: relações formadas entre os usuários identificadas nas
trocas de tweets entre os usuários que já mantinham uma conexão, ou entre aqueles que
passaram a interagir pelo acompanhamento da hashtag, fortificando os laços já existentes ou
estendendo-os;
b) Capital Social Cognitivo: é a transmissão e aquisição de conhecimento. Esta
dimensão permeia os tweets observados na coleta principalmente por eles se referirem a um
evento profissional, onde havia um assunto atrelado ao perfil dos usuários, isto é, os usuários
demonstravam já possuir um conhecimento sobre o assunto, demonstrado na capacidade de
interagir e debater sobre o mesmo;
c) Capital Social Normativo: são regras estabelecidas pelas funcionalidades do
Twitter a serem seguidas ou definidas pelos usuários. Neste caso o acompanhamento do
evento pelos usuários deu-se pela utilização de uma hashtag criada para referenciar os tweets
sobre o mesmo;
d) Capital Social de Confiança no Ambiente Social: é a confiança depositada pelo
usuário no ambiente social que ele se insere, e fazer parte de uma rede social como o Twitter
53
já destaca este traço, que é ainda mais evidente quando o usuário acompanha um evento a
partir de tweets de outros usuários, aceitando assim a diversidade de perspectivas sobre o
assunto a que ele se presta a acompanhar;
e) Capital Social Institucional: refere-se à instituição que o usuário está inserido.
Especificamente aqui há uma delimitação deste espaço quando os usuários se valem de uma
hashtag para referenciar uma informação, e não somente o uso de funcionalidades préestabelecidas pelo Twitter. É como se uma rede se forma-se dentro da rede já existente.
Portanto, quando os laços existentes nas conexões entre os usuários se estendem,
respectivamente diferentes formas de capital social irão resultar das interações que se seguirão
destas relações. Sendo assim, a quantificação de valores e conseguinte qualificação destes em
capital social, converge para um entendimento do que é possível quando usuários do Twitter
se fazem valer não somente de suas funcionalidades, mas, além disso, utilizam-se de
mecanismos como a caracterização de um assunto para a difusão de informação, resultando
em valores distintos de suas individualidades, como a partilha de conhecimento para um
debate em que estabelece e mantêm-se os laços sociais.
54
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ressalta-se que este trabalho visa enriquecer a discussão sobre a nova construção
social que ocorre por meio das ferramentas virtuais, não pretendendo esgotar o tema. O
presente trabalho procurou evidenciar a apropriação do capital social produzido na rede social
Twitter por meio das interações sociais dos usuários, que os possibilita, mais do que somente
informar, também de compartilhar idéias, costumes e discuti-los.
Tal fato parece atentar para como se arregimenta as conexões sociais, que nas
relações existentes no Twitter culmina em interesses mútuos quando o usuário percebe no
outro algum valor, alguma informação que lhe seja útil e que se identifique com seus traços
culturais que irá determinar como este usuário se comporta e se vale do resultado dessa troca,
dispensando assim a necessidade de coerção, e privilegiando a possibilidade de escolha por
parte do usuário para que haja participação em discussões diversas.
No entanto, a mera existência de uma rede social como o Twitter, não garante a
existência de laços sociais definidos e, muito menos, a criação de capital social e a
sedimentação desse capital entre os envolvidos. Além disso, como explica Recuero (2009,
p.14), o capital social é emergente, ou seja, seu surgimento depende apenas da ação coletiva,
não podendo ser determinado somente pela funcionalidade do sistema.
Porem, mais do que se utilizar de um sistema para disponibilizar informações,
compartilhar e discutir observa-se que a apropriação social do Twitter resulta em uma
diversidade de usos que evidenciam o caráter social da ferramenta, vindo a mobilizar
diferentes valores, e resultando em novas formas de estabelecer ou manter laços sociais em
um ambiente de rede social, como se notou na possibilidade dos usuários delimitarem um
assunto através da hashtag #SNBU.
Foi percebida grande disposição dentre os usuários da ferramenta a usá-la para
informar, embora ela também seja utilizada para a conversação. Essa estrutura de rede de
conexões sociais pode ser entendida através dos seguidores e seguidos, onde se viu que os
usuários procuram por informações qualificadas e especificas, e buscam também espalhá-las
em seus grupos sociais. Existe, assim, valor nessas conexões, relacionando cada uma das
redes a uns tipos específicos de assuntos tratados pelos usuários. Por outro lado, a rede que se
forma distinguida por uma associação a informações sobre determinado assunto, mostra-se
capaz de prover ao indivíduo recursos, como o capital social relacionado ao conteúdo ali
55
produzido. Logo, essas conexões têm valor para os usuários, provendo tipos diferentes de
capital para sua apropriação.
Contudo, as afetividades geradas pelo twitter não necessariamente compreendem
uma agregação positiva no capital social. Neste estudo de caso - talvez por conta do perfil dos
usuários - notou-se esta correlação como visualizado pelos debates e pelas trocas de links
informativos. Os usuários em questão possuem um interesse prévio, ou seja, buscam nas
hashtags assuntos atrelados a um perfil, a um conhecimento que já possuem ou que têm
interesse em possuir.
Portanto, é possível dizer que, nos casos analisados, a participação dos usuários que
convergem para um objeto em destaque, no caso o Simpósio Nacional de Bibliotecas
Universitárias – SNBU, corrobore para evidenciar nos conteúdos categorizados –
informacional e conversacional, as definições de capital social tratadas ao longo deste
trabalho.
56
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, Sonia. Formas de organização e enredamento para ações sociopolíticas.
Informação & Informação, Universidade Estadual de Londrina, Vol. 12, Edição especial,
2007. Disponível em: http://www2.uel.br/revistas/informacao/viewissue. php?id=39. Acesso
em: 12 nov 2010.
BARAN,
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Communications
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BARABÁSI, Albert-László. Linked. How Everything is Connected to Everything else and
What it means for Business, Science and Everydai Life. Cambridge: Plume, 2003.
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