4º CONGRESSO NACIONAL DOS ECONOMISTAS
Lisboa , 19, 20 e 21 de Outubro de 2011
Apresentação ao painel sobre “Coesão Social, Liderança e Empreendedorismo. Qualificações”
Capital Social, desenvolvimento económico e coesão
social: reduzir os deficits trigémeos
Jorge Fonseca de Almeida
Membro número -1083
Capital Social, desenvolvimento económico e coesão social: reduzir os deficits trigémeos
Índice
•
Capital Social: Conceitos e tipologias
•
Capital Social e Desenvolvimento económico
•
Capital Social e Coesão Social
•
Capital Social em Portugal
•
Inverter a situação?
•
Conclusões
Jorge Fonseca de Almeida
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Capital Social, desenvolvimento económico e coesão social: reduzir os deficits trigémeos
Capital Social: conceitos e tipologias
Três formas de capital: cultural, económico e social.
O Capital Social definido como sendo o conjunto de recursos de uma rede de
contactos, ou de um grupo, que um indivíduo pode mobilizar.
Estruturas sociais que facilitam a acção dos actores.
Foco em - i) Obrigações, expectativas, ii) canais de informação e iii) Normas
e sanções efectivas .
“por capital quero dizer, aspectos da vida social – redes, normas e confiança
– que permitem aos participantes agir em conjunto para alcançar objectivos
comuns” (Putnam, 1994).
Jorge Fonseca de Almeida
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Capital Social, desenvolvimento económico e coesão social: reduzir os deficits trigémeos
Capital Social: conceitos e tipologias
Exclusivo
Inclusivo
•
O Capital Social inclusivo, une
•
pessoas de diferentes origens
socioeconómicas,
tende
a
permitir o fluxo de informação
e o acesso a um conjunto mais
O tipo exclusivo une elementos
já com muito em comum e
pode
levar
antagonismos
a
face
fortes
aos
indivíduos exteriores ao grupo.
amplo de activos.
Jorge Fonseca de Almeida
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Capital Social, desenvolvimento económico e coesão social: reduzir os deficits trigémeos
Capital Social e Desenvolvimento económico
Três externalidades
Conhecimento
agentes
Desenvolvimento
Económico
200
180
Informação sobre
o meio
Capital
Social
160
140
120
100
80
60
40
20
Acção colectiva
0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
O conhecimento dos agentes reduz os custos de transacção e cria um meio mais transparente; a
informação sobre o meio, permite explorar as oportunidades; a acção colectiva permite ultrapassar
as dificuldades resultantes das situações do tipo dilema do prisioneiro que empurram os indivíduos
para decisões que sendo racionais não são as óptimas em termos de desenvolvimento .
Jorge Fonseca de Almeida
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Capital Social, desenvolvimento económico e coesão social: reduzir os deficits trigémeos
Capital Social e Coesão Social
No nosso país passa muitas vezes a ideia errada de
que coesão social é sinónimo de paz social ou de
aceitação amorfa …
“Beckley (1994) define coesão social como o grau atingido por uma localidade
geográfica em termos de «comunidade» no sentido de valores partilhados,
cooperação e interacção. Raimer (2002) elabora sobre a noção de cooperação
definindo a coesão social como o grau em que a população responde
colectivamente para atingir os resultados que valoriza e para lidar com os
problemas económicos, sociais ou ambientais que enfrenta. Nos dois casos a
acção colectiva ou comunitária é a noção chave” (Desjardins, 2002)
Jorge Fonseca de Almeida
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Capital Social, desenvolvimento económico e coesão social: reduzir os deficits trigémeos
Capital Social e Coesão Social
A Confiança, o Associativismo, as Normas contribuem para criar comunidades
com valores partilhados, para aumentar a cooperação e para melhorar a
interacção entre os membros da sociedade.
Em suma o Capital Social é uma das fontes da Coesão Social.
Coesão
Social
Capital
Social
Jorge Fonseca de Almeida
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Capital Social, desenvolvimento económico e coesão social: reduzir os deficits trigémeos
Capital Social em Portugal
Stephen Knack e Philip Keefer, com base em resultados do inquérito do World Values Survey
envolvendo 29 países de todos os continentes
Confiança (26º lugar, atrás de
países como a Itália, o Chile ou a
Nigéria ou a África do Sul)
Civismo (26º lugar, atrás de
países como a Nigéria, o Brasil e
a Turquia)
Baixo
Capital
Social
Associativismo (sétimo a contar
do fim)
Confiança
lugar)
Jorge Fonseca de Almeida
no
Governo
(27º
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Capital Social, desenvolvimento económico e coesão social: reduzir os deficits trigémeos
Capital Social em Portugal
Em resumo Portugal apresenta baixos índices de Capital
Social, consubstanciados num fraco associativismo e numa
ausência de Confiança entre os portugueses e estes e as
instituições públicas e privadas.
Jorge Fonseca de Almeida
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Capital Social, desenvolvimento económico e coesão social: reduzir os deficits trigémeos
Modelo de Graeser
O investimento individual em Capital Social pode ser visto como um tradicional
económico de problema de maximização sob restrições. Edward L. Glaeser(1) da
Universidade de Harward propôs um modelo de análise deste problema.
Jorge Fonseca de Almeida
(1) “The economic approach to Social Capital” foi escrito em co-autoria com Bruce Sacerdote e David Laibson
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Capital Social, desenvolvimento económico e coesão social: reduzir os deficits trigémeos
Modelo de Graeser
Variáveis
• Stock de Capital Social de
Maximizar
Investimento
em Capital
Social
Observações
Em Portugal
• ----
• ---
• Quanto maior o CS da
• CS da comunidade é
baixo
um indivíduo - S
• Stock de CS per capita de
uma comunidade – Ŝ
•Taxa de retorno do CS na sua
comunidade – S * R(Ŝ)
• Investimento em CS – I
comunidade maior o
investimento
• Quanto maior o retorno
maior o investimento
• Baixo retorno
• Investimento implica
tempo
• Longas horas trabalho e
deslocações
• Custo do investimento - C(I) • Quanto maior menos
investimento se fará
• ----
•Custo de oportunidade do
investimento em CS – w
• Quanto menor o custo
oportunidade maior o
investimento
•Elevado custo
oportunidade
• Taxa de depreciação do
Investimento –(1-δ )
• Quanto maior menor o
investimento
• ---
Jorge Fonseca de Almeida
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Capital Social, desenvolvimento económico e coesão social: reduzir os deficits trigémeos
Modelo de Graeser
Observações
Variáveis
Maximizar
Investimento
em Capital
Social
Em Portugal
• Probabilidade de continuar
• Se baixa não há incentivo • Grande probabilidade de
na mesma comunidade -θ
para investir em CS
emigração excepto elites
• Quando saí existe perda
imediata e discreta - λ
• Perca maior quanto para
mais longe
• Emigração para países
com cultura diferente
•A partir de certa idade
• Tempo de vida do individuo T investimento sem retorno
• País envelhecido
• Taxa de desconto - β
• Quanto mais baixa maior
o investimento
• ----
• Stock de CS no período t =
stock CS t-1 mais investimento
menos depreciação
• ----
• ----
Jorge Fonseca de Almeida
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Capital Social, desenvolvimento económico e coesão social: reduzir os deficits trigémeos
Inverter a situação?
Para que Portugal não perca outra oportunidade de encetar uma via de
desenvolvimento sustentável é imprescindível colocar no terreno políticas de
incentivo ao Capital Social. Os principais pilares dessa política deverão ser:
1)Redução do custo de oportunidade do investimento em Capital Social
2)Aumento da taxa de retorno do Capital Social
3)Redução da perca induzida pela mobilidade geográfica
Jorge Fonseca de Almeida
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Capital Social, desenvolvimento económico e coesão social: reduzir os deficits trigémeos
Conclusões
1)
O Capital Social pode ser definido como o conjunto dos “aspectos da vida social – redes,
normas e confiança – que permitem aos participantes agir em conjunto para alcançar
objectivos comuns”. A Confiança, o Associativismo e a participação cívica são as formas
mais comuns de medir o Capital Social.
2)
O Capital Social tem por via das externalidades positivas associadas um impacto relevante
no desenvolvimento económico e social.
3)
A Coesão Social assenta em valores partilhados, cooperação e interacção e pode ser vista
como o grau em que a população responde colectivamente para resolver os problemas
económicos, sociais que enfrenta. O Capital Social é uma das fontes da Coesão Social.
4)
Vários estudos internacionais identificam Portugal como um país de baixo Capital Social, o
que têm efeitos negativos no desenvolvimento económico e na coesão social.
5)
O Modelo de Graeser permite identificar as variáveis que contribuem para o investimento
individual em Capital social e desenhar as políticas necessárias para o seu acréscimo.
6)
Portugal não conseguirá desenvolver-se sem políticas activas de incremento do Capital
Social. Essas políticas devem assentar em três pilares: Redução do custo de oportunidade
do investimento em Capital Social, Aumento da taxa de retorno do Capital Social, Redução
da perca induzida pela mobilidade geográfica.
Jorge Fonseca de Almeida
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Capital Social, desenvolvimento económico e coesão social: reduzir os deficits trigémeos
Fim
OBRIGADO
Jorge Fonseca de Almeida
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