Obtendo Ajuda para Promover a
Saúde: encontrando os meios
Dr. Silvio Saidemberg
Psiquiatra e psicoterapeuta
E-mail: [email protected]
Dados Biográficos
• Curso de graduação em medicina: UNICAMP 1967 a 1972
• Residência em Psiquiatria Geral: WSH, programa afiliado a:
University of Pittsburgh_ Pennsylvania- 1973 a 1976
• Instrutor e Fellow em Psiquiatria Infantil e da Adolescência: The
University of Rochester_ Strong Memorial Hospital- 1976 a 1978
• Diretor da Unidade Fechada de Adolescentes do Washingotn
Psychiatric Institute (1978)
• Professor de Psiquiatria: PUC Campinas: 1989 a 2002
• Professor de psiquiatria: King’s College (WB_Pennsylvania);
NYCOM (NYC_NY) – 2003 a 2005
• Diretor Médico do Greater Binghamton Health Center (2003 a
2005)
• Diretor Médico do Behavior Health Services do Aspirus Wausau
General Hospital, Wisconsin 2005_2006.
• Pratica privada em Campinas (1979 a dez. 2002 e desde 2006)
O porque desta apresentação:
• A palestra está sendo realizada a partir de
convite proferido pela Dra. Denise Malek,
MD presidente da SMCC e foi confirmada
pelo MD presidente do MDC, Dr. Roberto
Telles Sampaio.
• Assuntos que tenham relevância para a
cidadania precisam ser também pensados
e abordados.
Violência no Brasil- 2006
O transtorno do estresse pós traumático
Nas pessoas vítimas da violência
(terrorismo, assaltos, seqüestros,
abusos cometidos por familiares e
abusos suportados na escola e no local
de trabalho): elevada incidência de
Transtorno de Estresse PósTraumático.
TEPT é um transtorno altamente prevalente
através da vida e frequentemente persiste por
anos.
O transtorno do estresse pós traumático
(PTSD) ou TEPT é uma condição debilitadora
que segue a um evento aterrorizante:
•Pensamentos persistentes e aterrorizadores.
•Memórias da experiência traumática.
•Sensação de indiferença ou amortecimento em
relação a pessoas de quem era antes próximo.
O transtorno do estresse pós traumático
No passado, referiu-se a este transtorno com
outros nomes: fadiga de combate, neurose de
guerra etc.
Evento que desencadeia esta reação tem a ver
com o suportar ameaça à própria vida ou à vida
de alguém próximo a si, ou testemunhar um
grave acidente.
O transtorno do estresse pós traumático
Alguns revivem o trauma de forma
repetitiva:
•Pesadelos à noite e lembranças
perturbadoras durante o dia.
•Problemas de sono, depressão, ficar
indiferente a tudo e a todos ou facilmente
apavorado.
O transtorno do estresse pós traumático
•Irritabilidade, mais agressivo ou mesmo
violento.
•É muito perturbador ver coisas que lembram o
incidente, o que faz evitar certos lugares e
situações.
•Data de aniversário do evento aguça as
manifestações de TEPT.
O transtorno do estresse pós
traumático
PTSD pode ocorrer em qualquer
idade, incluindo-se a infância.
O transtorno do estresse pós traumático
Problemas que se seguem:
Depressão,ansiedade e abuso de substâncias.
Sintomas podem ser leves ou severos.
Problemas no trabalho e na vida social.
Piores sintomas se o evento foi iniciado por
outra pessoa em vez de um acidente natural.
O transtorno do estresse pós traumático
“Flashbacks” ou mais frequentemente
imagens intrusivas.
Flashbacks: como se o evento estivesse
ocorrendo de novo.
O transtorno do estresse pós traumático
Algumas pessoas recobram-se dentro do
período de 6 meses, em outras os sintomas
duram muito mais, em alguns casos a condição
torna-se crônica.
Às vezes a doença não se manifesta até anos
após o evento traumático.
Sensação de reviver a experiência inclui ilusão,
alucinações e episódios dissociativos de
flashback às vezes ao acordar ou também
quando intoxicado.
O transtorno do estresse pós traumático
References:
American Psychiatric Association. (1994).
Diagnostic and statistical manual of mental
disorders, fourth edition. Washington, DC:
American Psychiatric Association.
National Institutes of Health, National Institute of
Mental Health, NIH Publication No. 95-3879
(1995)
O transtorno do estresse pós traumático
NCS* data:
Prevalência de PTSD em algum ponto ao longo
da vida: 7.8% na população adulta
(mulheres: 10.4% e homens 5%)
60.7% dos homens e 51.2% das mulheres: pelo
menos um evento traumático.
*The National Comorbidity Survey (NCS)
O transtorno do estresse pós traumático
NCS data:
Traumas Mais frequentes:
Testemunhar alguém sendo morto ou severamente
ferido.
Ser envolvido em um incêndio, enchente,ou outros
desastres naturais
Ser envolvido em um acidente de risco para a vida.
Exposição a uma situação de combate.
Abuso físico e sexual na infância estão entre os traumas
mais frequentes no desenvolvimento de TEPT (PTSD) .
O transtorno do estresse pós traumático
NCS data:
Referências:
Richard A. Kulka et al., Trauma and the Vietnam War Generation:
Report of Findings from the National Vietnam Veterans
Readjustment Study (New York: Brunner/Mazel, 1990; ISBN 0-87630573-7)
Ronald C. Kessler et al., Posttraumatic Stress Disorder in the
National Comorbidity Survey Archives of General Psychiatry, 52(12),
1048-1060 (December 1995)
O transtorno do estresse pós traumático
Apenas os que permanecem “nitidamente”
traumatizadas por um longo tempo são
diagnosticadas com o estresse póstraumático.
O transtorno do estresse pós traumático
Tipos de TEPT:
PTSD é diagnosticado se os sintomas duram pelo
menos 1 mês.
01- Agudo:< 3 meses
02- Crônico: > 3 meses
03- Tardio: início dos sintomas ocorre em
período > 6 meses.
O estresse crônico
Insônia e transtornos do sono resultam
no aumento dos níveis de cortisol sérico
e vice versa.
A falta cumulativa de sono causa uma
redução do nivel de disposição pessoal,
aumento da fadiga e também da
sensibilidade e vulnerabilidade aos
fatores estressores.
O estresse crônico
1. Causa aumento do desejo por
alimentos não saudáveis e/ou
causadores de obesidade. Por exemplo:
alimentos altos em conteúdo de sal,
açúcar, ólio e gorduras.
2.O aumento do consumo de alimentos
que contêm uma concentração elevada
de carboidratos leva a rápidas e
elevadas flutuações dos níveis
sanguíneos de glicose.
A busca de maior controle sobre tarefas
reduz o estresse?
Em busca do bem estar.
• Um dos segredos reais da felicidade e do
sucesso na vida é o compreender que apesar
de não podermos controlar o que acontece
conosco, nós podemos controlar como nós
reagimos aos eventos.
• Em outras palavras, viver sem estresse está
fora das possibilidades humanas, mas,
podemos desenvolver maneiras benéficas para
que ele promova nosso desenvolvimento
pessoal.
Resiliência e atitudes contra o impacto
traumático.
Como desenvolver resiliência e atitudes
que sejam úteis na superação do impacto
traumático?
1- diminuir os efeitos maléficos do estresse.
2- educação para se aperfeiçoar no manejo
dos estressores.
3- eliminação de estressores.
Vincent van Gogh pintou esse quadro em 1890: um
homem que mostra o desespero na depressão.
Saúde Mental no Brasil
1.
Des-hospitalização realizada nos últimos
17 anos.
2.
Falta ainda investimento em boa psiquiatria
ambulatorial, com programas de prevenção
secundária efetiva.
3.
Falta ainda desenvolvimento de programas
de prevenção primária abrangente.
Medidas que podem de fato reduzir a demanda
por leitos hospitalares.
Saúde Mental no Brasil
Com exceção dos hospitais universitários e
de servidores, a rede de ambulatórios
estaduais está sendo fechada ou já fechou,
pois o Sistema Único de Saúde manda
municipalizar — mas o município tem tido
dificuldade para alocar recursos para
montar a rede alternativa para saúde
mental ou mesmo ter um psiquiatra geral ou
um psiquiatra de crianças e adolescentes.
Saúde Mental no Brasil
Para alguns, os problemas psiquiátricos
podem ser atendidos em cuidados
primários, como se um generalista pudesse
diagnosticar e tratar os transtornos mentais
de crianças a idosos.
“Se o único instrumento que se possui é o
martelo, todo o problema tenderá a ser
tratado como se fora uma cabeça de
prego.”
Epidemiologia da depressão
Há a estimativa de 10 a 20% de
adolescentes até os 18 anos com pelo
menos um episódio de depressão maior.
0.3% das crianças na idade pré-escolar e
2% das crianças até os 12 anos e 5-10%
dos adolescentes.
Epidemiologia da depressão
Referências:
1.
Birmaher B, Brent DA, Benson RS. Summary of the
practice parameters for the assessment and treatment
of children and adolescents with depressive disorders.
J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 1998; 37:1234-8.
2.
Costello EJ, Mustillo S, Erkanli A et al. Prevalence and
development of psychiatric disorders in childhood and
adolescence. Arch Gen Psychiatry. 2003; 60:837-44.
Saluja G, Iachan R, Scheidt PC et al. Prevalence of and
risk factors for depressive symptoms among young
adolescents. Arch Pediatr Adolesc Med. 2004; 158:7605.
3.
Saúde Mental
Os dados da OMS, (J.A.M.A., junho de
2004) mostram que:
•
Mesmo nos países mais
desenvolvidos, de 35 a 50% dos casos
mais graves de transtornos mentais
comuns não recebem atendimento num
período de 12 meses.
•
Nos países menos desenvolvidos isso
chega a mais de 85%.
Saúde Mental no Brasil
Não deveria ser no Pronto-Socorro onde
deveria ocorrer o atendimento de
depressão, de casos de transtorno bipolar
agravado ou quadros psicóticos.
Não se espera alguém entrar em mania
para levá-lo ao Pronto-Socorro e ter uma
injeção de um benzodiazepínico
administrada.
O médico socorrista é induzido a aplicar um
“band-aid” em um quadro grave.
Um exemplo notável.
20 de junho de 2001:
O caso da enfermeira norte—americana
Andrea Yates, que afogou seus cinco filhos
na banheira? Sofria de depressão psicótica
pós-parto, foi tratada com antidepressivos.
Recebeu alta; em casa, quando o marido
foi trabalhar, afogou todos os filhos, um
atrás do outro; depois telefonou à polícia, e
esperou ser presa. Foi condenada à prisão
perpétua.
O problema da psicose
• O marido: Embora ele tenha dito que não
previu o acontecimento da tragédia; 2 dias
antes, ele já sabia que a sua esposa estava
seriamente doente, ele levou-a a um médico
que não teria concordado que ela deveria ser
hospitalizada.
• 1) Houve excesso de zelo em relação à
hospitalização da paciente com quadro grave?
• 2) O seguro de saúde não concordou com a
hospitalização?
• 3) Houve resistência da paciente e de membro
da família em aceitar hospitalização ou outras
alternativas?
Saúde Mental e as faixas etárias
mais jovens.
Não tratado, um episódio de depressão
pode durar de 7 a 9 meses e
aproximadamente 50% dos pacientes terão
uma recorrência dentro de 5 anos a partir
do primeiro episódio.
Depressão compromete o processo do
desenvolvimento com problemas adicionais
para a concentração e motivação levando a
um baixo rendimento escolar,
funcionamento social prejudicado, baixa
auto-estima e um maior risco de suicídio.
Saúde Mental no Brasil
No modelo atual, ainda não se prevê quase
nenhuma prevenção primária em psiquiatria.
Esta é uma restrição importante.
2.
Não se alerta a população para as
evidências científicas de que maconha faz mal
à saúde.
3.
Há uma atitude complacente ou mesmo
simpática em relação à maconha.
4.
Além de agravar e precipitar vários quadros
psiquiátricos, a maconha fumada por meninas
antes dos quinze anos aumenta em três vezes
o risco de depressão no curso de sua vida;
1.
Saúde Mental e Maconha
Desde os anos da década de 80, e
comprovado desde 2002 pela publicação
de pelo menos cinco estudos em vários
países um deles com seguimento de 27
anos — demostrou-se um aumento
significativo do risco para esquizofrenia
entre jovens que fumam maconha uma vez
por semana antes dos dezoito anos.
(Image Above: Source: Cannabis and schizophrenia. A longitudinal study
of Swedish conscripts, Lancet, 1987)
Saúde Mental no Brasil
1.
Não se tem ainda levado em conta trabalhos
científicos mostrando que infecções virais
gripais, na primeira metade da gravidez,
aumentam o risco de esquizofrenia; poderia se
alertar as mulheres grávidas para evitarem
ambientes onde possam se contaminar com
vírus da gripe.
2.
Não se alerta ainda para o fato de que
pessoas de temperamento instável não
deverem se expor a anorexígenos,
estimulantes, ou álcool.
O que fazer?
• 1- Obtenhamos Informação sobre os problemas.
• 2- Lembremo-nos: como cidadãos, nós podemos
sempre participar na solução.
• 3- Questionemos a razão de qualquer abuso que
possa estar sendo cometido.
• 4- Questionemos os nossos representantes.
• 5- Contribuamos com idéias e ações.
• Lembrete final: Problemas muitas vezes
persistem porque são tolerados.
Sonolência
• 10 a 15 % das pessoas estão
sonolentas e normalmente
identificam-se como sendo portadoras
de fadiga e falta de energia. Risco que
é equivalente à soma de todos os
riscos causados por distratibilidade
enquanto dirigindo um veículo.
Sonolência
• Privação do sono
• SNC – narcolepsia (rara)
• Ritmo circadiano mal alinhado
(adolescentes).
• Cansaço e fadiga é decorrente geralmente
da falta de horas de sono ou de
fragmentação do sono.
Sonolência e Transtornos do Sono
•
•
•
•
•
•
Atividade automática
Vigília prejudicada
Letargia
Memória e concentração prejudicadas
Pobre desempenho na escola ou trabalho
Propensão a acidentes.
Sonolência
• Problemas: acidentes semelhantes aos que
ocorreriam sob o efeito de álcool e pior dos
que ocorrem em decorrência de crises
epilépticas ou enfarte do miocárdio.
• Transtornos do sono que podem ser
diagnosticados: apnéia, redução do tempo
de sono, medicamentos que causam
sonolência.
• 4 a 20% por cento dos acidentes fatais nas
rodovias. Apenas 2 segundos de sonolência
são suficientes para causar o acidente.
Transtornos do Sono
• Wayne State University (médicos residentes do
departamento de Emergência).
• 6.7 vezes mais episódios de adormecer
enquanto dirigindo do que antes da residência.
• 17% mais acidentes enquanto dirigindo.
• Residentes de anestesiologia não percebiam
quando tinham episódios de sono em metade
das ocorrências.
Diga o nome de seu medicamento!
• 40% de 119 pacientes (idade média 55 anos)
tomando um medicamento para pressão alta
(em 3 Centros de saúde comunitários) não
podiam se lembrar com exatidão do nome.
• 60% por cento dos indivíduos com baixo nível
de entendimento de temas de saúde
(dificuldade de leitura de materiais
disponíveis).
• Dados da Northwestern University's Feinberg
School of Medicine in Chicago (outubro 2007)
Diga o nome de seu medicamento!
O que realmente está tomando?
• Pacientes continuam tomando
medicamentos prescritos mesmo
quando o médico prescreve uma droga
diferente e diz a eles para
interromperem a medicação anterior.
• Pacientes e médicos precisam estar em
concordância a respeito de quais
medicamentos os pacientes estão
realmente tomando.
Diga o nome de seu medicamento!
O que se fazer?
• Pacientes podem levar seus medicamentos ao
consultório do médico ou para o hospital.
• Nos Estados Unidos como muitos medicamentos
específicos são controlados, o funcionário
assistente do médico pode telefonar para a farmácia
e conferir.
• Uma vez que os medicamentos se tornem em
genéricos seus nomes podem ser simplificados para
torná-los mais pronunciáveis.
•
Dados da Northwestern University's Feinberg
School of Medicine in Chicago (outubro 2007)
Para Finalizar.
• “Se você mudar, o mundo muda
com você.”
• Por gentileza respondam ao
questionário e o deixem no lugar
indicado antes de sairem.
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Obtendo Ajuda para Promover a Saúde: encontrando os meios