MAPEAMENTO DA OCUPAÇÃO E DO USO DO SOLO URBANO EM
ÁREA DE ALAGAMENTO NO BAIRRO JARDIM DAS AMÉRICAS EM
GUARAPUAVA - PR
Marcos Augusto Frandolozo (Universidade Sem fronteira – UNICENTRO)
Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes (Orientadora), e-mail:
[email protected]
Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências Agrárias e
Ambientais
Palavras-chave: ambiente urbano, uso do solo, área de risco.
Resumo:
Neste trabalho apresentamos de forma sucinta alguns resultados parciais do
nosso estudo sobre a ocupação e o uso do solo em áreas de preservação
ambiental, sujeitas a alagamento, no bairro Jardim das Américas em
Guarapuava/PR. Buscamos através de dados coletados na área de estudo e
através de imagens de satélite construir um banco de dados e identificar
qual a ação do Estado nessa área imprópria para construção de residência.
Introdução
O presente estudo é uma pesquisa que busca dar subsídio ao projeto
Tecendo Redes, Saberes e experiências: universidade e escola refletindo o
ambiente urbano, do programa de extensão universidade Sem Fronteiras,
têm como objetivo responder alguns questionamentos existentes em torno
dos problemas socioambientais encontrados no ambiente urbano, tendo
como recorte espacial o bairro Jardim das Américas em Guarapuava/PR,
mais especificamente a área sujeita a alagamentos.
O trabalho tem como objetivo construir um banco de dados sobre o
uso do solo, promover discussão referente à legislação municipal que
regulamenta o uso do solo urbano e sobre a gestão do mesmo pelos órgãos
que possuem a função de gerir a legislação.
Dessa forma, buscamos discutir como se dá o processo de
urbanização, realizada pelos diferentes agentes de transformação do espaço
urbano, qual a relação desse processo com as ocupações em áreas de
risco.
Materiais e métodos
Este trabalho consiste na construção de um banco de dados sobre o uso do
solo urbano, em área de ocupação irregular sujeita á alagamento no Bairro
Jardim das Américas. Para isso, utilizamos o programa SPRING (Sistema de
processamento de Informações Georreferenciadas), para podermos
delimitar e mapear a área de estudo.
Nesse caso, o trabalho de campo na área de estudo passa a ser
fundamental para a análise do local e o levantamento de dados que irão
compor o banco de dados.
Utilizamos a imagem do Google Earth (Figura 01), a fim de
delimitarmos a nossa área de atuação dentro da área do referido bairro e de
levantarmos algumas análises preliminares sobre a área.
Figura 01: Área sujeita á inundação do bairro Jardim das Américas
Fonte: Google Earth, 2006. Org: FRANDOLOZO, M. A.; GOMES, M. de F. V. B.
O SPRING nos possibilita representar os dados coletados na
pesquisa em forma de imagem, podendo haver a sobreposição desses
dados a fim de compará-los em tempos diferentes no mesmo espaço.
Através do banco de dados podemos analisar o uso do solo urbano e
a própria ocupação da área de risco em área de inundação, que atinge uma
considerável parcela da população que mora no bairro Jardim das Américas.
No SPRING foi possível fazer a análise da expansão da ocupação
nessa área, analisando a imagem do Google Earth de 2006 e sobrepondo os
dados de 2009, coletados no campo realizado no referido bairro.
Resultados e discussão
O ambiente urbano é caracterizado por possuir alterações que afetam com
intensidade e impactos o meio natural. Isso se deve ao intenso uso e
ocupação do solo dada à concentração de pessoas, pela necessidade de se
produzir cada vez mais e pelos avanços técnicos científicos que propiciam
essa produção e consumo da cidade.
Devido a isso, os processos naturais de evolução do relevo são
alterados, processos naturais que antes passavam despercebidos, hoje
ganham importância em diversos estudos para compreendê-los, a fim de
resolver os problemas que esses geram para a sociedade.
Cabe frizar que todos esses problemas são gerados pelo próprio
desenvolvimento técnico e científico, criado pela própria sociedade.
Percebemos hoje que a maioria dos fenômenos naturais que antes
ocorriam com um intervalo de tempo relativamente maior, hoje ocorre com
muito mais freqüência. Isso ocorre devido, não somente, a ação da
sociedade sobre o ambiente urbano, neste caso:
“a medida que as arvores são cortadas, ruas são
asfaltadas, casas e prédios são construídos, encostas
são impermeabilizadas, rios são canalizados
retificados, ocorre toda uma série de respostas
geomorfológicas, bem típicas das cidades grandes:
movimentos de massa e enchentes, que com
acontecem com freqüência, muitas vezes não sendo
necessários totais pluviométricos elevados para que
esses processos ocorram” (GUERRA e MARÇAL,
2006, p.30).
Os problemas ambientais são muito importantes quando analisamos o
diferente uso do solo urbano pelas diferentes classes sociais presentes
nesse espaço. A classe mais favorecida economicamente passa a ocupar
áreas de prestígio dentro da cidade, sendo essas localizadas próximas do
centro comercial onde estão concentrados os bens de serviço e toda a infraestrutura necessária.
Já a sociedade menos favorecida economicamente se encontra
obrigada a se adaptar e conviver com os problemas ambientais
potencializados pela urbanização, geralmente em fundo de vales ou em
encostas com declive acentuado, ou viver distante do centro e,
principalmente, do trabalho, devido à valorização da terra próxima do centro.
A ação dos agentes transformadores do espaço urbano é o principal
fator para que isso ocorra, e nisso podemos destacar a participação dos
proprietários imobiliários e dos promotores imobiliários, que vêem na
valorização da terra o aumento de sua renda, uma vez que, a posse da terra
passa a ser comercializada em função do valor de troca e não do de uso,
pois, “todo espaço urbano é propriedade privada (com as exceções
cabíveis), mesmo a pior localização tem que ser comprada ou alugada”
(SINGER, 1980, p.81).
O bairro Jardim das Américas é um bairro de periferia, onde possui
várias carências, com relação à infra-estrutura urbana, e é agravado pela
área sujeita á inundação que se localiza na borda leste do mesmo, fazendo
parte da planície de inundação do rio cascavel.
Neste local, a terra passa a ser menos valorizada que em outros
bairros próximos ao centro da cidade, mas neste, é possível notar a
diferença de valores com relação a sua localização contribuindo para a
ocupação da área sujeita a inundação.
Nessa área, observamos ocupações irregulares, a aquisição de lotes
através da compra e, até mesmo, a realização de obras pela prefeitura
municipal, neste caso, a construção do barracão de processamento de
material reciclável.
Interessante analisarmos, que no município de Guarapuava, como na
maioria das cidades, existe o Plano Diretor e nele o zoneamento urbano que
tende a direcionar o uso e a ocupação do solo urbano, “voltada a restringir o
uso e ocupação do solo em áreas consideradas como zonas especiais de
preservação ambiental ou interesse público” (PFLUCK, 2002, p. 60). Nesta
área, portanto não deveria haver a utilização do solo urbano devido às
condições físicas do ambiente.
Essas ocupações irregulares passam a serrem regularizadas, através
da ação do Estado. A própria realização de obras como é o caso do
barracão pode ser vista como uma forma de incentivar a ocupação da área.
Conclusões
Na área sujeita á inundação do Bairro Jardim das Américas observa-se que
o uso do solo é predominantemente residencial, a não ser a construção do
barracão de processamento de materiais recicláveis.
O uso do solo urbano em áreas de risco ambiental são consideradas,
ocupações irregulares, mesmo contando com a regularização do Estado,
pois esse local pode acarretar futuros problemas á comunidade, devido aos
processos naturais de evolução do relevo como os deslizamentos e as
inundações, potencializados pela ação antrópica em toda a área da bacia
hidrográfica que essa está inserida.
Neste local, percebemos a ausência da gestão municipal em evitar a
ocupação da área de inundação, prevista no Plano diretor do município de
Guarapuava, lei n°. 016/2006. Isso se torna visível através da construção do
barracão de processamento de materiais recicláveis realizado pela própria
prefeitura, bem como por não oferecer alternativas de moradia á população
do bairro.
Referencias
ABREU, Mauricio de Almeida. Cidade brasileira: 1870-1930. In: SPOSITO,
Maria E. Beltrão.(Org). Urbanização e Cidades: Perspectivas geográficas.
Presidente Prudente: [s.n.], 2001.
GUERRA, Antonio J. Teixeira.; MARÇAL, Mônica dos Santos.
Geomorfologia Ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. 192p.
PFLUCK, Lia Dorotéia. Mapeamento Geo-ambiental e Planejamento Urbano:
Marechal Candido Rondon-PR/1950-1997). Cascavel: Edunioeste, 2002.
128p. (Coleção Thésis).
SINGER, Paul. O uso do solo urbano na economia capitalista. Boletim
Paulista de Geografia, São Paulo, AGB, n.57, 1980, p, 77-92.
BRASIL. Lei complementar N°. 016/2006. Dispõe sobre o Plano Diretor do
Município de Guarapuava. Plano Diretor. Guarapuava. 04 de outubro de
2006.
Download

Modelo Resumo - Eventos da Unicentro