UFRRJ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO, AGRICULTURA E
SOCIEDADE
MONOGRAFIA
“PECUÁRIA FAMILIAR NO MUNICIPIO DE CACHOEIRA DO SUL:
IMPORTÂNCIA HISTÓRICA, ENTRAVES E POTENCIALIDADES”
ELISEU DOS SANTOS GONÇALVES
2002
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO,
AGRICULTURA E SOCIEDADE
PECUÁRIA FAMILIAR NO MUNICIPIO DE CACHOEIRA DO SUL:
IMPORTÂNCIA HISTÓRICA, ENTRAVES E POTENCIALIDADES.
ELISEU DOS SANTOS GONÇALVES
Sob a Orientação do(a) Professor(a)
Dr. RODRIGO MATTA MACHADO
Monografia submetida como requisito
Parcial para obtenção do diploma de
Pós-graduação Lato Sensu em Desenvolvimento,
Agricultura e Sociedade
Seropédica, RJ
Novembro de 2002
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO, AGRICULTURA E
SOCIEDADE
ELISEU DOS SANTOS GONÇALVES
Monografia submetida ao Curso de
Pós-Graduação em Desenvolvimento,
Agricultura e Sociedade como requisito parcial para obtenção do diploma de
Pós-graduação Lato Sensu em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
MONOGRAFIA APROVADA EM ....../......./...........
Assinatura
Dr. Rodrigo Matta Machado (Dr.) UFRRU
(Orientador)
Assinatura
Nelson Giordano Delgado (Ph.D) CPDA/UFRRJ
Assinatura
Silvana de Paula (Ph.D.) CPDA/UFRRJ
Assinatura
Nora Beatriz Presno Amodeo (Ph.d) REDCAPA
RESUMO
GONÇALVES, Eliseu S. Pecuária Familiar no Município de Cachoeira
do Sul: Importância Histórica, Entraves e Potencialidades. Cachoeira do Sul,
RS. Seropédica: UFRRJ, 2002, 36 p.
(Monografia, Pós-graduação lato sensu em Desenvolvimento, Agricultura
e Sociedade).
Este trabalho foi realizado no município de Cachoeira do Sul, RS, o qual faz parte
da “Avaliação e Caracterização Sócio-Econômica dos Sistemas Agrários do Rio
Grande do Sul”, a partir da qual a dinâmica dos sistemas agrários do Estado foi
estudada. A regionalização do trabalho obedeceu a critérios suficientemente
abrangentes para que não se perdessem os objetivos do estudo, totalizando
assim onze municípios do Estado. Os procedimentos adotados para a realização
desta pesquisa foram definidos a partir da metodologia proposta pela Teoria dos
Sistemas Agrários. Esta Teoria foi desenvolvida como um instrumento de análise
da evolução histórica e da diferenciação geográfica da agricultura. Este estudo
em Cachoeira do Sul enfoca os pecuaristas familiares, que ainda utilizam os
mesmos sistemas de criação praticados pelas antigas estâncias, lutando pela sua
sobrevivência em pequenas áreas, fruto de uma cultura que é decorrente da
história de guerras no passado, tendo dificuldades para iniciativas associativas.
Este trabalho procura entender a realidade analisando o passado desta categoria
social e como ela surgiu, entender o sistema de produção e a forma como os
pecuaristas familiares organizam suas atividades no interior das unidades de
produção e caracterizar a contribuição das Rendas obtidas pelos mesmos no
trabalho de sua terra. No município citado à cima, o objeto deste estudo, indica
que cerca de 83% das propriedades dedicadas para exploração de pecuária de
corte, são geridas pelos pecuaristas familiares. Nesse segmento a extensão rural
do Estado tem um enfoque diferenciado e busca resgatar estes atores sociais
esquecidos, desenvolvendo trabalhos que contribuam para a reflexão científica da
realidade rural. A importância sócio-econômica da atividade pecuária para o
município foram as razões para realização do presente trabalho, o estudo permitiu
conhecer a trajetória de acumulação ou descapitalização, quantidade de mão-deobra disponível, meios de produção e relações sociais desses produtores.
Estudando o sistema de produção praticado pelos pecuaristas familiares de
subsistência no município estudado nesta monografia, em estudos de três casos,
foi possível destacar a sua importância histórica e representatividade para o setor.
Palavras chave: Análise Sócio-econômica, Sistema de produção, estudo de
caso.
OFEREÇO ESSA MONOGRAFIA
Á Luciani, minha esposa.
Às filhas, Elisiani e Giulia
A toda a minha família
DEDICO
Aos meus pais Jadyr (in memorium) e Erocilda Gonçalves
Ao homem do campo
Aos extensionistas rurais
AGRADECIMENTOS
O autor expressa seus agradecimentos:
A EMATER/RS, por possibilitar e viabilizar a participação no curso;
A coordenadora do curso Johanna G. H. Aragão;
Aos colegas da EMATER/RS de Cachoeira do Sul, pela colaboração e
ajuda nos momentos necessários;
Aos colegas Engº Agrº Antônio Carlos Miranda, Cláudio Marques
Ribeiro e Júlio César Luizelli pela solidariedade e seu espírito de colaboração e
profissionalismo;
Aos produtores e suas famílias que contribuíram para este trabalho
tornar-se realidade;
Aos amigos que me apoiaram;
A DEUS meu pai supremo.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS................................................................................ IV
LISTA DE MAPAS.................................................................................... IV
LISTA DE FOTOS.................................................................................... IV
1. INTRODUÇÃO.................................................................................... 01
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................ 03
2.1. PRINCIPAIS CONCEITOS................................................................ 03
2.2. AGRICULTURA FAMILIAR................................................................ 04
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..............................................06
3.1. ETAPAS DO TRABALHO.................................................................. 06
3.1.1 ÁREA DE ESTUDO...........................................................................06
3.1.2 COLETA DE DADOS.........................................................................07
3.1.3 ANÁLISE DA PAISAGEM..................................................................07
3.1.4 RESGATE DA HISTÓRIA AGRÁRIA.................................................07
3.1.5 TIPOLOGIA DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO................................08
3.1.6 CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO...................08
4. RECONSTITUIÇÃO DOS SISTEMAS AGRÁRIOS................................10
4.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL......................................................................10
4.2 ZONAS AGROECOLÓGICAS...............................................................10
4.2.1 ZONA 1...............................................................................................11
4.2.2 ZONA 2...............................................................................................11
4.2.3 ZONA 3...............................................................................................12
4.2.4 ZONA 4...............................................................................................12
4.3 HISTÓRIA AGRÁRIA DE CACHOEIRA DO SUL..................................13
4.4 PRÉ-TIPOLOGIA IDENTIFICADA NO MUNICÍPIO DE CACHOEIRA
DO SUL.......................................................................................................15
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS ESTUDOS DE CASO..................16
TABELA 1: PRODUÇÃO BRUTA ANIMAL E SUBSISTÊNCIA ................. 16
TABELA 2: DADOS E INDICADORES DAS PROPRIEDADES DE
“PECUARISTAS FAMILIARES” EM CACHOEIRA DO SUL: 2001............ 16
5.1 ESTUDO DE CASO 1...........................................................................17
5.2 ESTUDO DE CASO 2...........................................................................18
5.3 ESTUDO DE CASO 3...........................................................................18
6. RELEVÂNCIA-PERTINÊNCIA-JUSTIFICATIVA....................................20
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................22
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA................................................................24
ANEXOS.....................................................................................................26
ANEXO 1 MAPA - Localização do município de Cachoeira do Sul ............27
ANEXO 2 MAPA – Zonas Homogêneas ...................................................28
ANEXO 3 ROTEIRO PARA O ESTUDO DAS PROPRIEDADES.............. 29
ANEXO 4 CENSO AGROPECUÁRIO ....................................................... 35
LISTA DE FOTOS.......................................................................................37
ANEXO 5 FOTOGRAFIAS DA REGIÃO DE ESTUDO.............................. 38
1. INTRODUÇÃO
O município de Cachoeira do Sul, situado na região da Depressão Central,
pertence à denominada Metade Sul do Rio Grande do Sul. Metade Sul é a
denominação da região geográfica em uma área física, que abrange
aproximadamente a metade do Estado. Nessa região, por suas características
históricas e ambientais, desenvolveu-se a principal atividade econômica do
estado, por mais de um século, tendo na produção da bovinocultura de corte e
ovinocultura grande importância. Atualmente, a região ainda tem na pecuária uma
de suas principais fonte de sustentação da economia, apesar de que nas últimas
décadas sofre um processo de declínio econômico, perdendo importância ao
longo do tempo.
Como nas demais regiões deste Estado, a ocupação das áreas de terra no
município, partiu da distribuição das sesmarias. Em Cachoeira do Sul, soldados
paulistas receberam como doações da coroa portuguesa as chamadas sesmarias,
estabelecendo-se as estâncias de criação de gado, determinando a conquista do
território. Com a ocupação militar dos campos, veio à atividade pastoril,
inicialmente com gado xucro, introduzido pelos jesuítas. O dono da estância era o
chefe militar e seus peões ex-militares capazes de serem direcionados para
guerras e revoluções ocorridas no estado, resultando em inúmeras modificações
econômicas a partir da criação do gado que inicialmente se direcionava para
venda do couro, sebo, e posteriormente do charque, e chegando na valorização e
produção da carne verde.
Nesse contexto, surge a formação de produtores rurais, que tinham na
produção animal de bovinos de corte e ovinos, a principal fonte econômica.
É nesta metade sul do Estado, que se encontram conceitos e preconceitos,
de que só existem grandes propriedades. Porém os estabelecimentos com até
200 ha, são a grande maioria, representando 87,83% das propriedades deste
município. Com o decorrer do tempo ocorreu o fracionamento das propriedades,
predominando um público de pequenos agricultores, que juntamente com suas
famílias, gerenciam suas propriedades.
Estes são os pecuaristas familiares, os quais continuam exercendo os
sistemas de criação utilizadas na época das grandes estâncias.
Os pecuaristas familiares permaneceram na atividade pecuária,
enfrentando dificuldades, vendo suas áreas serem divididas pelas heranças, mas
adaptaram-se as adversidades do ambiente com redução de renda e patrimônio,
porém persistindo na terra. Estes se constituem na maioria, explorando uma
atividade com baixa rentabilidade, sem receber algum apoio de programas e
políticas públicas.
Embora significativos numericamente, apresentam-se desorganizados e
com pouca representatividade, sendo raramente lembrados e dificilmente podem
ser enquadrados como beneficiários em programas existentes quer pelo tamanho
de área, quer pela atividade, haja visto que pecuária de corte não é considerada
como atividade de produtores familiares.
O município de Cachoeira do Sul foi escolhido para realizar este trabalho,
devido ao significativo número de agricultores familiares, que tem na pecuária de
corte, sua principal fonte de renda.
1
Cachoeira do Sul, pertence à metade sul do estado, onde a pecuária de
corte é uma das principais atividades econômicas, possuindo o 9º maior rebanho
bovino do Rio Grande do Sul.
Com base nos dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), pesquisados no Censo Demográfico de 2000, Cachoeira do
Sul possui um rebanho de 242.729 cabeças de bovinos de corte.
Essa colocação entre as cidades que têm vocação pecuária destaca o
município no cenário pecuário deste Estado.
Este trabalho aborda o município de Cachoeira do Sul, identifica os
sistemas agrários e caracteriza e avalia o pecuarista familiar.
2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Alguns conceitos, que servirão para facilitar a compreensão dos
instrumentos de análise que descrevemos neste trabalho.
2.1 - PRINCIPAIS CONCEITOS
Conforme o relatório UNIJUI – “Avaliação e Caracterização SócioEconômica dos Sistemas Agrários do Rio Grande do Sul”, a teoria dos Sistemas
Agrários, corresponde a um conjunto de conhecimentos metodicamente
elaborados como resultado da observação, delimitação e análise de uma forma
de agricultura. Assim, um Sistema Agrário não é um objeto real, diretamente
observável, mas um objeto cientificamente elaborado, cuja finalidade não é
retratar a agricultura em toda a sua complexidade, mas de tornar esta
complexidade inteligível segundo os objetivos específicos definidos.
Portanto, geograficamente, um Sistema Agrário não possui uma dimensão
fixa, pois esta depende do grau de abrangência da análise efetuada, a qual por
sua vez, é definida pelos objetivos específicos do estudo.
Um Sistema Agrário é definido a partir de um conjunto de critérios ligados
aos diferentes componentes (ou subsistemas) constituintes de um Sistema
Agrário, esses componentes podem ser agrupados em dois conjuntos, o
agroecossistema, e o sistema social produtivo.
Um agroecossistema corresponde às modificações mais ou menos
profundas impostas aos ecossistemas naturais para que a sociedade humana
nele instalada obtenha produtos de seu interesse.
O sistema social produtivo corresponde aos aspectos técnicos, econômicos
e sociais de um Sistema Agrário.
O sistema social produtivo constitui-se de um conjunto de unidades de
produção, caracterizadas pela categoria social dos agricultores e pêlos sistemas
de produção por eles praticados.
O diagnóstico dos sistemas agrários é uma ferramenta, que tem como
objetivo principal contribuir para a elaboração de linhas estratégicas do
desenvolvimento rural. O diagnóstico permite:
a) fazer um levantamento das situações ecológica e sócio-econômica dos
agricultores;
b) identificar e caracterizar os principais tipos de produtores;
c) identificar e caracterizar os principais sistemas de produção;
d) caracterizar o desenvolvimento rural;
e) sugerir políticas, programas e projetos de desenvolvimento.
De acordo com Dufumier (1996) “Sistema de produção como conceito
combinação (no tempo e no espaço) dos recursos disponíveis (terra, trabalho,
capital, sementes, etc...) e para obtenção das produções animais e vegetais à
nível de um estabelecimento agrícola.
A caracterização dos Sistemas de Produção é da unidade de produção é
caracterizada pelo levantamento dos meios de produção disponíveis, nos
diferentes sistemas de culturas ou de criações.
3
O sistema de cultura das parcelas ou de grupo de parcelas de terra,
tratadas de maneira homogênea, com os mesmos itinerários técnicos e com as
mesmas sucessões culturais.
Sistema de criação é a combinação das operações aplicadas a um grupo
de animais (planteis) de uma mesma espécie, ou de fragmentos de grupos de
animais ““.
Itinerário técnico é uma sucessão lógica e ordenada de operações culturais
aplicadas a uma espécie, a um consórcio de espécies ou uma sucessão de
espécies vegetais cultivadas. O mesmo com conceito pode ser aplicado a grupos
de animais.
Leitura da paisagem são percursos feitos pelo município com o objetivo de
identificar as principais heterogeneidades existentes na região, são as paisagens
agrárias que oferecem as principais informações para o diagnóstico.
De acordo com INCRA/FAO,1999, observando-as pode-se obter, mais do
que por meio de documentos existentes, informações indispensáveis sobre as
diversas formas de exploração e de manejo do meio ambiente e sobre as práticas
agrícolas e suas condições ecológicas.
2.2 - AGRICULTURA FAMILIAR
A Agricultura Familiar ganhou espaço nos últimos anos, sendo reconhecida
sua importância econômica e social para o país. Segundo os dados da
FAO/INCRA (2000), utilizando o censo agropecuário do IBGE de 1995-1996,
mostram que 85,2% das unidades de produção se caracterizam como sendo de
produção familiar no Brasil.
Diversos autores abordam definições sobre a chamada agricultura familiar,
todos se referem à agricultura familiar como um modo peculiar de exploração da
terra, ou seja, que possui formas de condução das atividades e da vida na
unidade de produção, ligadas a lógica da reprodução e sobrevivência da família.
RIBEIRO (1997), apud RIBEIRO (2001), afirma que “agricultor familiar é
aquele que constrói toda a sua estratégia de sobrevivência e multiplicação dos
bens que possui a partir da família.”
As características essenciais que definem a agricultura familiar brasileira
pelo trabalho FAO/INCRA (2000), são as seguintes:
1- A gestão da unidade produtiva e os investimentos nela realizados são
executados por indivíduos que mantém entre si laços de parentesco ou de
matrimônio;
2- A maior parte do trabalho é igualmente proporcionado pelos membros da
família;
3- A propriedade dos meios de produção (embora nem sempre a terra)
pertence à família, e é em seu interior que se efetua transmissão em caso de
falecimento ou aposentadoria dos responsáveis pela unidade produtiva.
O conceito apresentado pela FAO/INCRA (2000), serve de boas
referências para definir a chamada agricultura familiar.
O Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAA, 1996), sugere que a
agricultura familiar se divida em três grandes categorias, segundo o seu estágio
de desenvolvimento tecnológico e perfil sócio-econômico (FAO/INCRA, 1996):
4
1- Agricultura familiar consolidada, constituída por estabelecimentos
familiares integrados ao mercado e com acesso a inovações tecnológicas a
políticas públicas. A maioria funciona em padrões empresariais, alguns chegando
até mesmo a integrar o chamado agribusiness.
2- Agricultura familiar em transição, constituída por estabelecimentos que
tem acesso apenas parcial aos circuitos da inovação tecnológica e do mercado,
sem acesso à maioria das políticas e programas governamentais; embora não
estejam consolidadas como empresas, possuem amplo potencial para a sua
viabilização econômica.
3- Agricultura familiar periférica, constituída por estabelecimentos rurais,
geralmente inadequados, em termos de infra-estrutura e cuja integração produtiva
à economia nacional, depende de fortes e bem estruturados programas de
reforma agrária, crédito, pesquisa, assistência técnica e extensão rural,
agroindustrialização, comercialização, dentre outros.
Na parte sul do Rio Grande do Sul a ocupação das terras foi através da
distribuição das sesmarias, onde se praticou o sistema de produção extensivo na
criação de bovinos de corte e ovinos. Com as divisões das grandes propriedades,
principalmente por partilha, surgindo um tipo de agricultor forjado sob condições
históricas e com características peculiares, que é o “pecuarista familiar.”
“Pecuarista familiar”, termo que carece de melhor definição, pois é recente,
mas se refere àqueles produtores que tem como sua principal fonte de renda a
criação de bovinos de corte e ovinos, ocupando nestas atividades a expressiva
maior parte da área de seu estabelecimento rural.
Para as zonas características de exploração pecuária no Rio Grande do
Sul, a EMATER/RS, órgão oficial de extensão rural no Estado, tem em sua
missão o trabalho com todos os tipos de agricultores familiares, buscando
identificar melhor um público, definindo propostas e debate com entidades e
instituições parceiras.
Assim a EMATER/RS, realizou cinco seminários regionais nas principais
zonas de pecuária do Estado, e estabeleceu como convenção para a identificação
de seus beneficiários os seguintes critérios:
a) O público, caracterizado como agricultor/pecuarista familiar é aquele
que tem, como sua principal fonte de renda, a criação de bovinos/ovinos ou que
tenha estas atividades, ocupando a expressiva maior da área do seu
estabelecimento rural;
b) Para caracterizar-se como público beneficiário dos serviços de
assistência técnica e extensão rural, oferecidos pela EMATER/RS, o
agricultor/pecuarista/familiar deve atender cumulativamente os seguintes
parâmetros:
I - morar na propriedade rural ou em aglomerado próximo;
II - ter no mínimo 80% da renda gerada na atividade agropecuária;
III- usar mão-de-obra familiar, considerando-se os critérios normalmente
adotados para caracterizar a agricultura familiar (PRONAF);
IV- ter renda bruta anual não superior a R$ 30.000,00;
V - ser proprietário ou arrendatário rural (área contígua ou não) com área
não superior a 300 hectares.
05
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia utilizada para caracterizar os pecuaristas familiares do
município de Cachoeira do Sul, está baseada nos conceitos descritos neste
trabalho.
Para análise das situações complexas como é o produtor e sua família,
tem-se utilizado as teorias e as metodologias sistêmicas.
3.1 - ETAPAS DO TRABALHO
Análise e diagnóstico deste trabalho foram conduzidos das seguintes
etapas:
3.1.1 - Área de Estudo foi o município de Cachoeira do Sul com sua
caracterização
No município de Cachoeira do Sul, executou no ano de 2000, um trabalho
denominado Análise Diagnóstico de Sistemas Agrários (DSA), metodologia
utilizada desde 1995, pelo projeto de cooperação técnica firmado entre o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a Organização das
Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação – PCT INCRA/FAO
(UTF/BRA/051/BRA), na elaboração de diagnósticos para diferentes
microrregiões do país. Aqui no Estado foi celebrado um convênio entre a
Secretaria da Agricultura do RS através do Projeto RS – Rural, com a UNIJUI
(Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul) e a EMATER/RS
atuou como entidade parceira neste trabalho.
O objetivo geral do projeto é caracterizar os Sistemas Agrários e formular
políticas de desenvolvimento para a agricultura do Estado.
O principal objetivo é elaborar linhas estratégicas de desenvolvimento rural
(políticas, programas, projetos).
Objetivos específicos:
- Fazer um levantamento da situação ecológica, técnica e sócio-econômica
da agricultura e dos agricultores.
- Identificar os principais determinantes da evolução da agricultura regional.
- Identificar os principais tipos de unidade de produção agropecuária.
- Caracterizar os principais tipos de unidades de produção agropecuária.
- Definir e hierarquizar ações prioritárias para o desenvolvimento da
agricultura da região.
Procedimentos do trabalho:
- Regionalização do Estado segundo os seus principais Sistemas Agrários.
- Análise e diagnóstico dos Sistemas identificados.
- Prognósticos da Agricultura do Estado.
- Linhas estratégicas para a elaboração.
06
Etapas da pesquisa:
- Identificação e delimitação dos Sistemas Agrários.
- Análise – diagnóstico dos Sistemas Agrários dos municípios chave.
O Estado foi regionalizado com as seguintes regiões e seus respectivos
municípios chaves:
- Colônias Novas – Santa Rosa – Cacique Doble
- Região Planalto – Ibirubá – Marau
- Depressão Central – Cachoeira do Sul
- Campanha – Alegrete
- Colônias Velhas – Venâncio Aires, Estrela
- Campos de Cima da Serra – São Francisco de Paula
- Litoral Norte – Maquiné
- Encosta do Sudeste – Pelotas
O trabalho realizado em Cachoeira do Sul, contou com a participação dos
técnicos da UNIJUI, Escritório Municipal da EMATER/RS.
3.1.2 - Coleta de dados
Inicialmente foram realizados estudos através de levantamentos de
documentos históricos, dados estatísticos e mapas. A finalidade era obter um
perfil da região, como o tipo de solo, relevo, cobertura vegetal, flora e fauna,
estrutura fundiária, limites, economia, infra-estrutura e dados demográficos.
As informações foram buscadas através de publicações e entrevistas junto
aos órgãos e entidades como: Arquivo Histórico Municipal de Cachoeira do Sul,
Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e
Extensão Rural - EMATER/RS, Inspetoria Veterinária, Sindicato Rural de
Cachoeira do Sul, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cachoeira do Sul,
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Cooperativa
Tritícola Cachoeira Ltda - COTRICASUL , Cooperativa Agrícola Cachoeirense CORISCAL e Cooperativa Agropecuária Sul Carnes – COOPEC.
3.1.3 - Análise da Paisagem
Para conhecer a realidade agrária de Cachoeira do Sul, foi realizado um
percurso por todo o município, verificando as diferenças heterogeneidades dos
ecossistemas, observando a paisagem e indagando aos agricultores e outros
informantes sobre as diferenças identificadas. Durante o percurso se identifica as
formas de relevo, as formações vegetais e as principais atividades agrícolas.
Observam-se os tipos de agricultura como os tipos de culturas, de criações,
estrutura fundiária, as técnicas utilizadas, o grau de intensificação das culturas, o
tamanho dos rebanhos, uso dos diferentes recursos naturais e a infra-estrutura
social e produtiva.
3.1.4 - Resgate da história agrária
Foram realizadas entrevistas com agricultores mais antigos e consultas
bibliográficas (Arquivo Histórico Municipal).
07
3.1.5 - Tipologia dos Sistemas de Produção
Com a análise das paisagens e as entrevistas históricas, é obtido elemento
precioso para o estabelecimento das tipologias. É realizado um levantamento
através de novas entrevistas com os agricultores onde apresentam situações de
produção distintos.
O conhecimento dessas categorias é fundamental para a definição do
público prioritário dos programas e projetos que serão propostos.
3.1.6 - Caracterização dos Sistemas de Produção – Estudo de Caso
Analisar cada um dos principais sistemas de produção, aprofundando o
estudo sobre as práticas agrícolas e econômicas de cada grupo de agricultores.
Foram entrevistados três produtores de Pecuária Familiar de Subsistência,
sendo dois na zona 3 e um na zona 4. Embora ocorram pecuaristas familiares em
todas as quatro zonas homogêneas de Cachoeira do Sul (ver mapa em anexo) a
maior concentração está nas zonas referidas.
Os questionários foram aplicados nos estabelecimentos rurais, nos meses
de fevereiro e março de 2001, nas entrevistas tiveram a participação do Engº
Agrº Alberi Noronha, Técnico da UNIJUI e da equipe de técnicos do Escritório
Municipal da EMATER/RS de Cachoeira do Sul.
A sistematização dos dados foi realizado através de uma planilha do
Microsoft Excel, construída pela UNIJUI. Os valores de insumos, produtos pagos
e recebidos pelos produtores e o valor do patrimônio foram obtidos através de
entrevistas com os agricultores e no comércio local de Cachoeira do Sul.
Para análise dos dados econômicos, foram utilizados indicadores, sendo
alguns citados por DUFUMIER, 1996.
Superfície Pastoril (SP) – área efetivamente ocupada pelos animais.
Superfície Agrícola Útil (SAU) – área efetivamente cultivada.
Unidades Animais (UA) – corresponde um bovino de 450 kg de peso vivo.
Unidade Trabalho/Homem (UTH) – são unidades de trabalho familiar
disponível.
Valor Agregado (VA) – mede o valor gerado pela unidade ou produção
durante um ano, representado pela expressão:
VA = PB – CI – D
Onde:
VA = valor agregado líquido
PB = produto bruto
CI = consumo intermediário
D = depreciação
Produto Bruto (PB) – corresponde ao valor total do que é produzido, seja
para a venda, seja para o consumo da família.
Consumo Intermediário (CI) - é o valor dos insumos e serviços,
consumidos no processo produtivo.
Depreciação (D) – corresponde os bens que não são totalmente
consumidos no processo produtivo, obtido pela expressão matemática:
D = (Va – Vr) / (n – a)
8
Onde:
Va = valor residual do bem após “a” anos de uso.
Vr = valor residual do bem no final de sua vida útil.
n = anos de vida útil do bem neste estabelecimento.
a = anos de uso.
Renda Agrícola (RA) – corresponde a parte do VA que fica com o produtor
para remunerar o trabalho, expresso dessa forma:
RA = VA – S – I – J – RT
RA = PB – CI – D + Sub – S – I – J – RT
Onde:
S = são os salários
I = impostos
J = juros
RT = renda da terra (arrendamentos)
Sub = subsídios
Renda Agrícola por Trabalhador (RA/Utf) – é a renda dividida pelo
número de trabalhadores familiares.
Renda Agrícola por unidade de área (RA/SAU) – é a renda dividida pela
unidade de área.
9
4. RECONSTITUIÇÃO DOS SISTEMAS AGRÁRIOS
4.1 - DESCRIÇÃO DO LOCAL
O Município de Cachoeira do Sul, localizado na região denominada
Depressão Central, pertence ao Conselho Regional de Desenvolvimento da
Região Central – COREDE CENTRO e pertence ainda a Associação dos
Municípios da Região Centro – AMCENTRO, faz parte da micro-região do Vale do
Jacuí, distante 196 km da capital do Estado.
Cachoeira do Sul, situa-se no centro do Rio Grande do Sul, coordenadas
de 30º02’45” de latitude sul, 52º53’38” de longitude W. Gr. e 68 metros de altitude.
Apresenta uma temperatura média anual de 19,2ºC, a precipitação pluviométrica
anual de 1.222,4 mm. O município foi criado em 26 de abril de 1819 pelo Alvará
Imperial de D. João VI e instalado no dia 5 de agosto de 1820.
A extensão territorial abrange uma área de 3.917,1 km². Sua população
urbana é de 74.119 habitantes e a zona rural é de 13.754 habitantes. A população
atual é de 87.873 habitantes, sendo 42.698 homens e 45.175 mulheres.
O município de Cachoeira do Sul forma os seguintes limites:
- Ao Norte – Cerro Branco, Novo Cabrais e Paraíso do Sul
- Ao Leste – Candelária, Rio Pardo e Encruzilhada do Sul
- Ao Oeste – São Sepé e Restinga Seca
- Ao Sul - Caçapava do Sul e Santana da Boa Vista
Ao longo de seu território, encontram-se as seguintes unidades de
mapeamento de solos, classificados em função de suas características
morfológicas, físicas e químicas: Solo Rio Pardo (argiloso, profundo, relevo
ondulado, bem drenado com coloração avermelhada); Solo Venda Grande
(textura média, medianamente profundo, relevo ondulado, moderadamente
drenados, com
coloração escura); Solo
Santa Maria (textura
média,
medianamente profundo, relevo suavemente ondulado, imperfeitamente
drenados, coloração bruno acinzentada e amarelada); São Gabriel (argiloso,
relevo suavemente ondulado, medianamente profundos, imperfeitamente
drenados, coloração bruno e acinzentadas e amareladas); Vacacaí (textura
média, mal e imperfeitamente drenados, relevo plano e suavemente ondulado,
coloração cinzenta); Ramos (textura média, profundos, relevo ondulado,
coloração bruno escuras e amareladas); Alto das Canas (argiloso, profundos, bem
drenados, relevo ondulado, coloração avermelhada); Pinheiro Machado (textura
média, bem drenados, relevo ondulado a forte ondulado, coloração escura);
Cerrito e Afloramento de Rocha (argiloso, relevo fortemente ondulado, bem
drenados, coloração avermelhada).
4.2 - ZONAS AGROECOLÓGICAS:
Foi identificadas quatro zonas homogêneas (ver mapa anexo), as quais são
identificadas com as seguintes denominações:
ZONA 1 – Coxilhas onduladas da planície
ZONA 2 – Relevo suavemente ondulado, sedimentos fluviais
ZONA 3 – Relevo ondulado – terraços fluviais
ZONA 4 – Relevo forte ondulado – Borda do escudo cristalino.
10
4.2.1 - Zona 1
Esta microrregião localizada-se na porção norte do município, esta zona se
estende desde a sua sede até as localidades de Faxinal da Guardinha, Sanga
Funda, Bosque, Guajuviras, Ferreira e Botucaraí.
Esta zona limita-se com os municípios de Rio Pardo, Candelária, Novo
Cabrais, Paraíso do Sul e Restinga Seca. Caracteriza-se por apresentar relevo de
suave a ondulado, presença de rios Jacuí e Botucaraí, arroios e sangas,
vegetação predominante de constituição herbácea com alguns fragmentos
florestais de mata nativa secundária nas encostas, matas ciliares degradadas, ou
ainda, bosques artificiais de eucalipto.
As atividades produtivas predominantes entre os produtores do tipo familiar
e minifundiário nessa região são lavouras de subsistência como milho, mandioca,
cana-de-açúcar, pomares domésticos, além da produção de fumo, leite e
olerícolas com fins comerciais. Os produtores patronais e capitalistas são os
proprietários das várzeas onde predomina o cultivo do arroz e a pecuária com
bovinos de corte e, em alguns casos, aparece a criação de ovinos com o
propósito do autoconsumo sendo o excedente comercializado. Em toda a região
verifica-se a presença de bovinos de corte de raças mestiças com o intuito
comercial e de subsistência. Nas áreas de coxilhas aparece a produção de grãos.
A densidade demográfica nessa zona é elevada em relação a demais
regiões, pois predominam agricultores familiares e minifundiários, fazendo uso da
tração animal e da mecanizada. As cercas e instalações na região de várzea ou
de relevo suave ondulado são de boa qualidade, na região com relevo ondulado
encontram-se uns grandes números de casas, galpões, cercas e mangueiras, em
pior estado, sendo que se verificou um número considerável de propriedades
abandonadas. Nesta área, principalmente na região periférica do meio urbano e
às margens do rio Jacuí estão ocupadas por algumas chácaras de lazer de
moradores urbanos do município.
4.2.2 - Zona 2
Localizada a oeste com o rio Santa Bárbara e a leste com o rio Iruí ao norte
à margem direita do rio Jacuí e ao sul com a BR-290 e o fim da depressão central
com o pé da Serra do Sudeste. Esta região abrange a parte sul dos distritos de
Cordilheira, Porteira Sete, Capané, Piquiri, Barro Vermelho e Santa Bárbara
caracteriza-se por várzeas dos rios: Jacuí, Santa Bárbara, Vacacaí, Irapuá,
Capané, Capanézinho, São Nicolau, Piquiri e Iruí, também as várzeas abaixo da
barragem do Capané.
Caracteriza-se ainda por coxilhas suaves onduladas cobertas
predominantemente pela vegetação herbácea do campo nativo, onde a atividade
principal é a pecuária bovina de corte e nas várzeas o cultivo do arroz. As
características raciais do gado de corte demonstram ocorrência de cruzamentos
(Nelore, Charolês, Polled Hereford, Aberdeen Angus), em algumas propriedades
o rebanho apresenta características de raças européias (Polled Hereford,
Aberdeen Angus e Charolês). Nesta área de exploração da pecuária, observou-se
que os campos são limpos (poucos com presença de vegetação arbustiva) e
baixos índices de lotação por unidade de área (poucos utilizam cerca elétrica com
pastoreio intensivo).
11
Nesta região observam-se propriedades que tem áreas maiores, por
conseguinte, a densidade demográfica é menor se comparada com as outras
zonas. As cercas que dividem os campos geralmente são bem conservadas,
assim como as sedes das fazendas. A região localizada mais próxima da
barragem do Capané é explorada com arroz basicamente desde a barragem até
as várzeas do rio Jacuí, possuem boa mecanização, constituídos por proprietários
e muitos arrendatários vindos de fora do município.
4.2.3 - Zona 3
Localiza-se desde a sede do distrito do Barro Vermelho até a BR-290 e daí
se estende por uma região que acompanha a BR-290 no sentido Caçapava do
Sul a Porto Alegre por quase toda a extensão que a BR-290 corta o município de
Cachoeira do Sul.
Essa região caracteriza-se por coxilhas suaves e onduladas com
predominância do solo com um teor de argila maior aparentemente, região com
predomínio da agricultura, destacando o cultivo da soja na coxilha e arroz na
várzea combinada ou não a pecuária de corte.
As cercas das propriedades são encontradas de uma maneira geral bem
conservadas, por ser uma região com predomínio da atividade agrícola, observase um importante grau de mecanização destacando-se a estrutura com galpões,
silos, máquinas e equipamentos agrícolas, além da disponibilidade de estruturas
que recebem a produção como a sede da cooperativa de Caçapava ou ainda
empresas particulares (Bianchini).
Na BR-290 têm 5 postos de combustível e 4 restaurantes.
4.2.4 - Zona 4
Localizada na parte sul do município, esta zona se estende desde uma
linha acima da BR-290 até as divisas com Encruzilhada, Santana da Boa Vista e
Caçapava do Sul, abrangendo a parte sul do distrito da Cordilheira (Piquiri) e do
distrito de Capané.
Caracteriza-se por apresentar o relevo mais acidentado do município
formado por coxilhas, montanhas e vales ondulados a suavemente ondulados,
presença de mata nativa nas montanhas, nos riachos e arroios que são
relativamente esparsos.
As atividades predominantes na região são a bovinocultura de corte,
ovinocultura e lavouras de subsistência como milho; feijão e mandioca.
Devido à topografia mais acidentada, encontram-se pequenas lavouras de
arroz nas várzeas mais restritas às margens dos cursos de água.
Nessa região a vegetação nativa é constituída por campos grossos, com a
presença de vassouras e o afloramento de rochas, as características raciais do
gado de corte demonstram um rebanho sem raça definida, com baixos índices
zootécnicos na região mais acidentada, mas com melhorias nos desempenhos na
região dos vales. Observa-se uma baixa lotação dos campos, as cercas que
dividem as propriedades são envelhecidas e com pouca manutenção. Nesta
microrregião a área que se localiza próxima à divisa com Encruzilhada do Sul
caracteriza-se por apresentar outras atividades como o reflorestamento industrial
de Pinus, Eucalipto e Acácia Negra, com a exploração de madeira, ainda foram
constatadas atividades não agrícolas como a extração do granito e de pedras
para o calçamento.
12
O granito é exportado para a Europa e Japão. Ainda nessa região existe
uma mina de calcário desativada e uma outra empresa explorando a extração de
carvão vegetal.
4.3 - HISTÓRIA AGRÁRIA DE CACHOEIRA DO SUL
História agrária de Cachoeira do Sul, a partir dos períodos mais marcantes,
contemplando fatores ecológicos, técnicos e sócio-econômicos.
A dinâmica dos sistemas agrários apresentam condicionamentos que as
características físicas de solo, clima e vegetação tiveram sobre o comportamento
humano no território. A compreensão das formações geofísicas originais é, no
entanto, indispensável para melhor entender os delineamentos regionais.
INTRODUÇÃO DO REBANHO BOVINO – Período (1733–1749) - ocorreu
à introdução dos bovinos pelos jesuítas e caça (exploração) do gado xucro e
venda de couro. Utilizava-se o campo nativo para a criação do gado.
Início do povoamento, fundindo doze léguas abaixo do Rio Pardo, à Vila de
Cachoeira, situado na parte setentrional do Rio Jacuí ocupado por mamelucos e
paulistas. Os bandeirantes paulistas desenvolvem a povoação e reprimem os
castelhanos com reforços de Laguna.
Com o Tratado de Portugal e Espanha, os espanhóis se retiram para o
Uruguai, continuando os paulistas nos núcleos do povoamento.
CHEGADA DOS AÇORIANOS – Período (1750–1769) – Com a chegada
dos açorianos ocorre à exploração do gado bovino xucro e ampliação da
produção para subsistência, início da exploração das matas ciliares.
O Tratado de Madrid intensifica o povoamento, os soldados paulistas
recebem como doações da coroa portuguesa as sesmarias, oficiais e praças se
radicaram nas estâncias de criação de gado.
INÍCIO DO CICLO DO CHARQUE – Período (1770–1856) – Formação do
núcleo urbano e surgimento de um comércio local e regional, intensifica-se a
exploração do gado bovino nas estâncias, ocorrendo o trabalho escravo nas
estâncias, começa a ter importância o produto carne, o comércio é impulsionado
pela passagem de tropas de gado e viajantes.
Os produtos pecuários são vendidos para povoações vizinhas, utilizando o
transporte pluvial do rio Jacuí.
Em 1819 D. João VI elevou a freguesia à categoria de Vila Nova de São
João da Cachoeira, sendo o “Quinto Município” a ser criado no Rio Grande do
Sul. Forma-se um entreposto onde mercadores e estancieiros comercializam os
seus produtos e adquirem mercadorias que necessitam.
IMIGRAÇÃO ALEMÃ – Período (1857–1891) – Estamos no Ciclo do
Charque e a chegada dos imigrantes alemães. Ocorre à chegada da 1ª leva de
imigrantes alemães (110 colonos). Aumenta os impactos ambientais como
desmatamento, queimadas, esgotamento de solos.
Houve a criação da charqueada às margens do rio Jacuí. Foi nesse
período que houve a elevação de vila a categoria de cidade. Inauguração em1883
da estrada de ferro Porto Alegre – Uruguaiana. Fim do trabalho escravo (Abolição
Escravatura).
13
CHEGADA DO ARROZ - Período (1892–1916) – Ainda no Ciclo do
Charque, ocorre à introdução da orizicultura (cultivo do arroz) e a chegada dos
Imigrantes Italianos em 1907. Com o início do cultivo do arroz, ocorre a
exploração das áreas de várzeas. Aumenta os impactos ambientais, intensifica-se
a queimada nos campos. Surgem os primeiros engenhos de arroz, empresas que
comercializam bombas para irrigação, trilhadeiras e secadores.
EXPANSÃO DA ORIZICULTURA – Período (1917–1931) – Exploração
das áreas de várzeas com arroz, introdução do arroz japonês e da variedade Blue
Rose. Nesse período ocorre ataque de gafanhotos. Aquisição das terras dos
açorianos pelos imigrantes alemães e italianos.
DIVERSIFICAÇÃO – Período (1932–1949) – Exploração da Pecuária de
Corte, da Ovinocultura em campo nativo. Introdução das raças bovinas britânicas
(Aberdeen Angus, Hereford, Devon e Schorthorn), emprego de vacinas contra o
carbúnculo. Em 1932 ocorre a fundação da Associação Rural de Cachoeira.
Surgimento de fábricas de equipamentos para lavouras e beneficiamento
de arroz. Em 1939 funda-se a União Cachoeirense de Rizicultores. Começa a
divisão das áreas dos imigrantes (sucessão familiar), com movimento migratório e
evasão de um grande número de famílias para outras regiões. Uso do fogo na
limpeza das áreas para a implantação das lavouras de arroz. Construção de
barragens artificiais para irrigação da cultura do arroz.
MECANIZAÇÃO DA LAVOURA – Período (1950–1984) – Intensificação da
exploração pecuária, mecanização e utilização de insumos agrícolas na
orizicultura, uso de mão-de-obra assalariada nas lavouras.
Crise de fertilidade do solo, introdução do Capim Anoni nas pastagens,
formação de áreas de florestas artificiais (Eucalipto). Manejo do campo nativo
(roçadas), formação de pastagens de inverno, uso dos produtos sanitários e de
inseminação artificial. Início da exploração da soja, cultivo de fumo em estufa,
cultivo de frutíferas e olerícolas. Surgimento da motomecanização nas áreas
agrícolas dos órgãos oficiais de controle sanitário, implantação dos moinhos de
trigo, início da construção da BR 290, implantação da ASCAR (1956). Êxodo rural
de colonos para a região da fronteira oeste do RS.
CONSEQÜÊNCIAS DA GLOBALIZAÇÃO – Período (1985–2002) –
Diversificação de culturas (soja, sorgo, milho, arroz e forrageiras), redução do
rebanho ovino, introdução de raças ovinas de corte (Texel, Hampshire Down, Ile
de France, Suffolk). Novos cruzamentos no rebanho bovino, principalmente com
raças zebuínas, adoção do sistema de plantio direto, nas culturas de soja e arroz,
incremento da olericultura, fruticultura, reflorestamento, piscicultura, avicultura e
plantio de soja nas áreas de campo.
Crise dos engenhos de arroz, aquisição de áreas de campo por
capitalistas. Criação da COOPEC (Cooperativa especializada na comercialização
de novilho jovem). Concentração de áreas na região da agricultura familiar e de
minifúndio.
Criação de agroindústrias coletivas de laticínios. Criação do Núcleo de
Criadores de Ovinos e criação da Associação de Apicultores.
14
4.4 - PRÉ-TIPOLOGIA IDENTIFICADA NO MUNIC. DE CACHOEIRA DO
SUL
Os estudos realizados no Município de Cachoeira do Sul mostraram que o
setor agrícola é bastante diversificado, tanto no que se refere capitalização quanto
aos sistemas de produção. Mas neste trabalho vamos enfocar somente os
pecuaristas familiares, que no caso escolhemos para realizar este estudo,
conhecendo a história do estabelecimento, sua trajetória de acumulação ou de
descapitalização, quantidade de mão-de-obra disponível, meios de produção e
relações sociais.
- Pecuarista Familiar de Subsistência –
Este foi o tipo de produtor que possui uma superfície de terra de até 150
hectares, tendo como atividade a bovinocultura de corte e a ovinocultura, também
cultivam para subsistência culturas como: milho, feijão, mandioca, batata doce.
Possuem pequenas hortas onde basicamente cultivam: couve, alface, cenoura e
repolho. Algumas frutíferas como: laranjeira, pereira, parreira, bergamoteira,
limoeiro e pessegueiro.
É comum este grupo de produtores, exercerem atividades em outras
propriedades maiores como colheita, serviços de limpeza de campo (roçadas),
representando um complemento na renda destes produtores.
A ovinocultura basicamente é desenvolvida para o consumo no
estabelecimento, e na bovinocultura é utilizado um sistema de produção
extensivo, o rebanho possui um baixo padrão zootécnico, a comercialização de
animais é feita para terminadores da região e vizinhos, a venda ocorre em
todos os tipos de categorias de animais como terneiros, novilhos e vacas, a idade
e a época da comercialização estão determinadas pela necessidade de recursos .
Na questão da sanidade do rebanho, normalmente não seguem um
calendário com as atividades sanitárias.
15
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS ESTUDOS DE CASO
Neste trabalho apresentamos o estudo de caso de três produtores tipo
Pecuário Familiar-Subsistência.
Os indicadores obtidos neste trabalho são mostrados na tabela 1 e 2.
TABELA 1: PRODUÇÃO BRUTA ANIMAL DE SUBSISTÊNCIA (PB)
INDICADORES
PB-ANIMAL-R$
PB-SUBSISTÊNCIA-R$
% CONTRIBUIÇÃO ANIMAL
ESTUDO DE
CASO 1
15.054,48
2.480,00
83
ESTUDO DE
CASO 2
7.459,16
4.838,00
46
ESTUDO DE
CASO 3
5.075,39
2.205,40
61
% CONTRIBUIÇÃO SUBSIS.
17
54
39
FONTE: UNIJUI- Pesquisa de campo, 2001.
PB – Animal – Corresponde ao valor final dos produtos de origem animal,
considerando a produção vendida pela família.
PB – Subsistência – Corresponde ao valor dos produtos de origem animal
e vegetal consumidos pela família.
TABELA 2 – DADOS E INDICADORES DAS PROPRIEDADES DE
“PECUARISTAS FAMILIARES” EM CACHOEIRA DO SUL: 2001
ÁREA DA PROPRIEDADE- há
SUPERFICIE AGRÍCOLA ÚTIL: SAU-ha
SUPERFICIE PASTORIL: SP – ha
UNIDADE TRABALHO FAMILIAR:Utf
Unidade animal =UA
TOTAL
UA/SP
TOTAL
Produção bruta = PB
ESTUDO DO
CASO l
151
143
140
2
115
0,82
ESTUDO DO
ESTUDO
CASO 2
DO CASO 3
66
51,5
58
41,5
55,5
41
3
3
47,5
46,75
0,85
1,14
17.534,48
12.297,16
7.280,79
PB/SAL
122,61
TOTAL
14.132,49
VAB/SAL
98,83
TOTAL
3.401,99
CI/SAL
23,79
TOTAL
3.038,12
D/SAU
21,24
TOTAL
11.094,37
Valor agregado - VA
VA/SAU
77,58
TOTAL
10.713,18
RA/SAL
74,91
Renda Agrícola - RA
RA/Utf
5.356,59
FONTE: UNIJUI – Pesquisa de campo 2001
212,02
8.613,54
148,51
3.683,61
63,51
3.370,03
58,10
5.243,51
90,40
4.999,41
86,19
1.666,47
175,44
5.575,26
134,34
1.705,54
41,09
634,82
15,29
4.940,44
119,04
4.798,78
115,63
1.599,59
Valor agreg. Bruto –
VAB
Consumo
intermediário –CI
Depreciação – D
16
5.1 - ESTUDO DE CASO 1
Este tipo de pecuarista encontrado na microrregião 4, conforme já descrito
neste trabalho (Ver anexos - mapa com as microrregiões), possui como atividade
principal
a bovinocultura de corte e ovinocultura, a região é formada
predominantemente por solos da unidade de mapeamento Cerrito e Afloramento
de Rochas, apresentando limitações para utilização com agricultura, porém
favorável para as atividades pecuárias. A propriedade possui 151 hectares de
terras próprias, distando 65 km da sede municipal.
A habitação é de alvenaria, com energia elétrica, água encanada,
instalação as águas servidas são colocadas a céu aberto.
A propriedade cultiva lavouras de subsistência como milho, feijão preto,
batata doce, possui uma pequena horta onde cultiva-se: couve, alface, cenoura,
beterraba, etc... Possui um pequeno pomar doméstico constituído de laranjeira,
pereira, bergamoteira, parreira, limoeiro e pessegueiro. As culturas para
subsistência, são implantadas através do método convencional, destinada para o
consumo humano e animal da propriedade.
A mão-de-obra é totalmente familiar, constituídos do casal e dois filhos
menores que estudam noutra localidade distante 30 km. As instalações da
propriedade utilizada para o manejo do rebanho são simples e rústicas,
apresentando as condições mínimas para conter os animais, constituídas de uma
mangueira e brete. Possui galpão para guarda de equipamentos e utensílios. A
propriedade usa quase que exclusivamente o campo nativo, mas faz uma
pequena área com pastagem de inverno, constituída de azevém.
O sistema de produção utilizado na criação dos bovinos de corte como
ovinos, é extensivo, fazendo o ciclo completo. Nos bovinos, utilizam um período
de entouramento entre 4 a 5 meses, os touros são de baixo nível zootécnico, sem
tatuagem e adquiridos de vizinhos. Os cuidados sanitários são direcionados para
o controle do carrapato e berne, sendo utilizado produtos com pulverizador costal,
pois não possuem banheiro de imersão. Possui uma superfície pastoril de 140
hectares para um rebanho bovino e ovino de 115 unidades animais, apresentando
uma carga animal de 0,82 UA/ha.
A comercialização dos animais é feita para invernadores da região, não
possui época definida para vender, e quando realiza a comercialização, utiliza
qualquer categoria animal, podendo ser terneiros, novilhos ou vacas.
A produção bruta oriunda das atividades pecuárias representa 83% do
valor agregado bruto (VAB) e as atividades de subsistência correspondem a 17%
(VAB).
A exploração ovina se restringe a um pequeno rebanho, onde a lã é
entregue a compradores que vem na propriedade, e os cordeiros são vendidos
para vizinhos. A contribuição da produção ovina corresponde a 6,8% da renda
agrícola total da propriedade, correspondendo a um baixo valor em termos
relativos.
Na tabela 2, indica a VAB/SAU, de R$ 98,83. A renda agrícola líquida
(RAL) é de R$10.713,18 e a Renda Agrícola por Unidade de Trabalho familiar
(RA/UTHf) corresponde a 2,48 salários mínimos mensais.
17
5.2 - ESTUDO DE CASO 2
Este pecuarista está localizado na microrregião 3, esta região apresenta
uma característica de alta produção de grãos, basicamente a cultura da soja e
arroz nas várzeas com integração com a pecuária. O solo desta região pertence à
unidade de mapeamento Alto das Canas, com características de solo profundo,
bem drenados, o relevo é constituído de coxilhas suavemente onduladas.
A propriedade cultiva lavouras de subsistência como milho e feijão preto,
uma horta doméstica com alface, repolho, batata doce e alho, pomar doméstico
basicamente de laranjeiras e bergamoteiras. As culturas de subsistência são
implantadas pelo método convencional. Para o alto consumo, possui uma
pequena criação de aves e suínos. O estabelecimento possui 66 hectares de
terras próprias, distando 80 quilômetros da sede do município.
A habitação é de alvenaria com 80m² de construção, apresentando bom
estado de conservação. A mão-de-obra é familiar, constituída por 4 pessoas.
As instalações são muito simples e rústicas, possuindo brete e mangueira,
com condições mínimas para contenção dos animais. A propriedade utiliza
basicamente o campo nativo para alimentação dos animais, mas realiza o cultivo
de pastagem de azevém, na mesma área onde é cultivado o milho, num sistema
de alternância de cultivo. O produtor não possui rebanho de ovinos, e o sistema
de criação de bovinos é extensivo.
O rebanho bovino é constituído por cruzas com zebu de baixo nível
zootécnico, os reprodutores são adquiridos de propriedades vizinhas.
Os cuidados sanitários são precários e o controle de endoparasitas é
realizado através de pulverizador costal.
A superfície pastoril da propriedade é de 55,5 hectares para um rebanho
bovino de 47,50 unidades animais, apresentando uma carga animal de 0,85
UA/ha. A comercialização dos animais é feita para os invernadores da região, não
possui época definida para realizar a comercialização, vendendo animais como
terneiros e vacas.
As atividades de pecuária de corte representam 61% do valor agregado
bruto (VAB) da propriedade, enquanto a atividade de subsistência contribui com
39% (VAB). Na tabela 2, indica a VAB/SAU, de R$ 148,51, demonstra que a
atividade é baixa rentabilidade.
A renda agrícola líquida (RAL) de R$ 4.999,41 e a renda agrícola líquida
por unidade de trabalho familiar (RA/UTHf), correspondem a 0,78 salários
mínimos mensais.
5.3 - ESTUDO DE CASO 3
Este pecuarista também está localizado na microrregião 3, apresentando
as mesmas características descritas no estudo de caso 2.
O cultivo de lavouras de subsistência é praticada nessa propriedade como
milho e mandioca, horta doméstica como repolho, couve-flor, cenoura, beterraba
e alho, pomar doméstico como laranjeiras, bergamoteiras e pessegueiros.
As lavouras são implantadas pelo sistema convencional. Possui pequena
criação de aves para o consumo.
A propriedade possui 51,5 hectares de terras próprias, distando 83
quilômetros da sede do município. A habitação é uma casa de madeira com 83m²
de área construída, em bom estado de conservação.
18
A mão-de-obra é familiar, constituída por 4 pessoas (casal, sogra e um
filho); o proprietário é de idade avançada e a propriedade vem sendo conduzida
pelo filho.
As instalações são bastante simples e rústicas, contendo brete e
mangueira com condições mínimas para operacionalizar as práticas de manejo
animal.
A propriedade utiliza o campo nativo para desenvolver as atividades da
criação bovina, não possui rebanho de ovinos atualmente e não realiza pastagens
de inverno. O rebanho bovino é constituído por cruzas com zebuínos e com baixo
nível zootécnico, os reprodutores são adquiridos na região. Os cuidados
sanitários são deficientes, limitando-se ao controle de endoparasitas realizados
através de pulverizador costal.
A comercialização dos animais é feita, em geral, com vizinhos e
compradores da região.
A superfície pastoril da propriedade é de 41,0 hectares para um rebanho de
46,75 unidades animais, apresentando uma carga animal de 1,14 UA/ha.
A produção bruta oriunda das atividades pecuárias representa 61% da
produção agrícola total da propriedade, constituída de bovinos.
Na tabela 2, indica a VAB/SAU, de R$ 134,34.
A renda agrícola líquida (RAL) de R$ 4.798,78 e a renda agrícola líquida
por unidade familiar (RA/UTHf), correspondem a 0,74 salários mínimos mensais.
19
6 – RELEVÂNCIA – PERTINÊNCIA - JUSTIFICATIVA
O trabalho que desenvolvemos em Cachoeira do Sul, sobre os sistemas
agrários, com a realização do diagnóstico, caracterizando todas as atividades
agrícolas e o meio rural, contemplou os mais diversos sistemas de produção,
desde as culturas de grãos, olericolas, leite, carne e outros produtos,
representando potenciais ou limites às atividades agrícolas conforme a
complexidade dos ecossistemas a qual estão inseridos.
Ainda que se considere cada cultura ou criação isoladamente, a atividade
agrícola é complexa, combinando diferentes recursos num conjunto de atividades
distintas.
O enfoque neste trabalho, foi para o “pecuarista familiar”, esse pecuarista,
conforme se refere RIBEIRO, Cláudio (2001) em seu trabalho “Pecuária familiar”
na região da Campanha do Rio Grande do Sul: definições e estratégias, „o gaúcho
do Pampa, fruto da mentalidade das grandes áreas, da família como unidade de
defesa da terra, do vizinho como inimigo, da luta pela sobrevivência contra tudo e
contra todos, do gado como essência das atividades, não apenas como “negócio”
mas como mercadoria de reserva. Esse tipo, que soube como ninguém se
adaptar as dificuldades ambientais, diminui a área em divisão por heranças,
empobreceu em renda e patrimônio, dispensou a mão-de-obra, adaptou-se em
gastos e consumo”. O homem do Pampa, em tudo dependeu do gado, da carne
ele se alimentava e do couro usava em múltiplas utilidades. O gado foi a moeda,
pelo interior do pampa, desde o vale do Jacuí ao delta do rio da Prata. Este
estudo, considero muito importante não somente pelo aspectos referidos, mas
também pelo fato de possuir minhas origens na região da Campanha, mais
especificamente no município de Dom Pedrito.
A atuação técnica na área de pecuária no município de Cachoeira do Sul,
vem desde o ano de 1984, razão que nos levou aprofundar estudos sobre o
assunto e conhecer melhor as práticas utilizadas, evolução das técnicas,
instrumentos de produção, situação socioeconômicas e quais as suas
potencialidades e limites.
É importante salientar com significativa relevância a definição da EMATERRS, caracterizando o “pecuarista familiar” como público beneficiário das ações da
extensão rural, após a realização de cinco seminários regionais nas principais
regiões de pecuária do Estado, que envolveu 105 extensionistas, quando tivemos
a oportunidade de participar, colaborando nas ações com vista a sistematizar e
operacionalizar as recomendações do seminário, sendo posteriormente nivelados
pelos Assistentes Técnicos Estaduais (ATEs), e Assistentes Técnicos Regionais
(ATRs), responsáveis pelas atividades de pecuária.
O trabalho desenvolvido em Cachoeira do Sul, apresentou muitas
similaridades com os trabalhos LUIZELLI, Julio (2001).”Pecuária Familiar na
Região de Santiago: Caracterização, origem e situação atual”; RIBEIRO, Cláudio
(2001). “Pecuária Familiar” na região da Campanha do Rio Grande do Sul:
definições e estratégias.
Os pecuaristas familiares de Cachoeira do Sul, da região de Santiago e da
região da Campanha, demonstraram algumas semelhanças principalmente sobre:
-Utilização de mão-de-obra familiar;
-Tamanho das propriedades;
-Infra-estrutura deficiente nas propriedades;
20
-Utilização de rendas não–agricolas;
-Exploração extensiva de bovinos e ovinos;
-Atividade com baixa rentabilidade;
-Falta de programas ou políticas públicas especificas par esse extrato de
público.
É importante o estabelecimento de um plano de crédito adequado à
realidade dos “pecuaristas familiares”, com acompanhamento técnico, que
complete itens relacionados à produção agropecuária e de infraestrutura social.
Conforme MIRANDA, (2000) “pela vocação histórica e as condições edafoclimáticas adequadas, a bovinocultura de corte é e será a principal atividade
econômica da região por muitos anos”.
Como sugestão de políticas, programas e projetos de desenvolvimento
para esse público, os técnicos da EMATER da área de PECUÁRIA, fazem
“PROPOSTAS DE PROGRAMA DE CRÉDITO PARA OS PECUARISTAS
FAMILIARES” através de Seminário de Santa Maria (31/07 a 02/08/02), entendem
que o Programa de Crédito a ser formatado aos pecuaristas familiares deveria
conter um único programa todas as características adotadas pelo PRONAF,
porém com adequações prevendo abranger esse público. Propõe também a
criação de um Programa Especial em nível de Governo Estadual, procurando
reunir em seu bojo as características desejáveis para beneficiar o referido publico.
21
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pecuária familiar em Cachoeira do Sul, não é diferente da encontrada na
região denominada Metade Sul do Estado, onde os chamados pecuaristas
familiares, enfrentam enormes dificuldades, produzindo para garantir seu
sustento, tendo na pecuária sua principal fonte de renda. Também vamos
encontrar no município uma pecuária familiar oriunda do fracionamento das
propriedades maiores, através do processo de sucessão, utilizando mão-de-obra
totalmente familiar, as habitações são simples, apresentando bom estado de
conservação, possui energia elétrica, água encanada.
O estudo da Análise Diagnóstico de Sistemas Agrários, realizado no
município de Cachoeira do Sul, permitiu um aprofundamento da realidade agrária,
como a realização do trabalho de “Leitura da Paisagem”, com a definição do
zoneamento agroecológico, identificando quatro microrregiões homogêneas com
as suas potencialidades e limitações agroecológicas e socioeconômicas.
A “História Agrária”, identificou em ordem cronológica, as principais
trajetórias de acumulação e os fatos ecológicos, técnicos e socioeconômicos do
município. Também a identificação dos tipos de produtores “Tipologia”, bem como
a caracterização dos sistemas de produção e sua avaliação econômica.
Propriedades com 300 hectares, e em alguns casos com até 500 hectares,
que se dedicam a exploração com pecuária de corte, atividade típica e tradicional
da região da Metade Sul, estão longe de serem classificadas como latifúndios.
No município de Cachoeira do Sul, segundo estimativas da EMATER-RS,
83% das propriedades com exploração pecuária são pertencentes a Agricultura
Familiar. Segundo o censo do IBGE (1995), o número de estabelecimentos rurais
com atividade pecuária é de 1.095 propriedades.
As instalações são rústicas, atendendo as condições mínimas para a
execução do manejo animal. Os estudos realizados demonstram que as
atividades pecuárias nas propriedades entrevistadas apresentam uma baixa
rentabilidade por unidade de área, sendo importante uma escala de produção
para que se estabeleça acumulação de capital.
As atividades de subsistência são uma característica nestas propriedades,
algumas tendo uma participação significativa em relação ao valor agregado bruto.
Os sistemas adotados para a criação de bovinos e ovinos são extensivos,
o rebanho é constituído de animais com baixo nível zootécnico e o cuidados
sanitários são deficitários.
As superfícies pastoris utilizadas para as criações dos rebanhos bovinos e
ovinos, são constituídos basicamente de campo nativo, segundo censo do IBGE
(1995), 86,4% da superfície pastoril é constituída de campo nativo.
Esporadicamente realizam serviços para terceiros como roçadas de campo
nas fazendas vizinhas ou no período de colheita das lavouras principalmente de
soja e arroz, obtendo recursos fora da propriedade que serve para complementar
a renda agrícola.
Realizam ainda troca de serviços entre vizinhos, principalmente em
atividades de maior demanda de mão-de-obra na propriedade, como: banho
carrapaticida, assinalação e castração de terneiros e abate de animais para o
consumo próprio. A aposentadoria em alguns casos também é outra fonte de
renda muito importante nestas propriedades.
22
A comercialização realizada pelos pecuaristas familiares, não é feita por
compradores tradicionais, é realizada para terminadores da região ou para
vizinhos, estando, portanto excluídos da cadeia da carne.
O município de Cachoeira do Sul apresenta um bom potencial, em virtude
da disponibilidade de seus recursos naturais e localização geográfica, sua
produção pecuária é muito significativa, possuindo o 9º maior rebanho de bovinos
de corte deste Estado, com um rebanho de 242.729 cabeças, representando um
valor da produção animal de R$ 21.326.000,00, possui 1.095 estabelecimentos
com atividade pecuária, sendo o 2º município da região da Depressão Central,
com maior número de estabelecimentos com atividade pecuária, segundo o censo
do IBGE (1995).
Os programas de apoio atuais desconsideram a existência desse público, o
que dificulta o seu enquadramento como beneficiários, quer por área quer por
atividade. A EMATER/RS tem provocado o debate com entidades e instituições
parceiras, entretanto todas têm algum tipo de restrição, seja de disponibilidade de
recursos, seja de enquadramento parcial, seja de inadequação de taxas de juros.
O FEAPER é um programa pronto e adequado para financiar os
pecuaristas familiares, entretanto atualmente esse Fundo destina-se
prioritariamente à equalização de taxas de juros de outras linhas de crédito. A
proposta para o FEAPER (feita no Seminário de Santa Maria de 31/07 a 02/08/02)
é equalizar linhas de crédito apropriadas ao custeio e investimento, para
patamares de 3% ao ano, a maioria das linhas de crédito operam atualmente com
taxas de 8,75% ao ano.
23
BIBLIOGRAFIA:
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Independência do Brasil. Cachoeira do Sul: 1922. 79p.
- COREDE CENTRAL. Caracterização, Entraves, Potencialidades,
Diretrizes, Estratégias e Prioridades do Desenvolvimento da Região Central.
Cachoeira do Sul: 2002. 6p.
- COREDE CENTRAL, Ministério da Integração Nacional – Secretaria
de Programas Regionais Integrados. Fórum de Desenvolvimento Integrado
e Sustentável da Mesorregião Metade Sul. Cachoeira do Sul: 2002
- DE FRANCESCHI, J. A História e a Genealogia da Família De
Franceschi. Canoas: 1999. 224 p.
- DUFUMIER, M. Les projets de développenment agricole: manual
d`expertire. Paris: Karthala et CTA . 1996. 354p.
- EMATER Rio Grande do Sul, EMBRAPA. Programa Campos: campo
nativo. Porto Alegre: 1997. 24p.
- EMATER/RS, Proposta de Programa de Crédito para os
Pecuaristas Familiares. EMATER/RS, 2002. 9p.
- FAO/INCRA. Agricultura familiar na Região Sul. Brasília: FAO/INCRA,
1996. 62 p.
- FAO/INCRA Novo retrato da agricultura familiar: o Brasil
redescoberto. Projeto de Cooperação Técnica. Brasília: INCRA/FAO, 2000. 74 p.
- INCRA/FAO. Guia metodológico: diagnóstico de sistemas agrários.
Brasília: INCRA/FAO. Projeto de Cooperação Técnica.1999. 66p.
- MA/DPP-SA/DRNR. Boletim técnico nº 30. Levantamento e
reconhecimento dos solos do Estado do Rio Grande do Sul. Recife: 1973.
431p.
- MIRANDA, A .C. Análise dos dados de estabelecimentos rurais na
microrregião de Santiago – RS. Santa Maria: EMATER-RS, 1999. 5p.
- MIRANDA, A . Seminário Regional sobre Pecuária Familiar. EMATERRS: 2000. 10p.
- MOSTARDEIRO, P. G. Álbum Comemorativo a Passagem do Primeiro
Centenário de Cachoeira do Sul. Cachoeira do Sul: 1959. 38p.
- PIMENTEL, F. Aspectos Gerais de Cachoeira. Porto Alegre: 1941.
162p.
- PORTELA, V. e CARVALHO, M. Cachoeira Histórica e Informativa.
Cachoeira do Sul: 1941. 387p.
- QUEVEDO, R. As Estâncias e as Charqueadas. Dom Pedrito: 1986.
139p.
- RIBEIRO, C. M. Estudo de Quatro Municípios da Serra do Sudeste
do Rio Grande do Sul e Possíveis Alternativas para o seu Desenvolvimento.
Lavras: 1996. 59p.
- RIBEIRO, C. M. “Pecuária Familiar” na região da Campanha do Rio
Grande do Sul: Bagé, EMATER-RS: 2001. 26p.
- SCHUMACHER, Â . CARLOS, I.M. S. Cachoeira do Sul em busca de
sua história. Porto Alegre: 1991. 204 p.
- SCHUMACHER, Ã .RITZEL, M.R. M. Cachoeira do Sul Princesa do
Jacuí. Porto Alegre: 1997. 52p.
- TORRES, J. E. H. A Pecuária Familiar uma Realidade Pouco
Conhecida: Estudo de Caso sobre a Caracterização e Análise Sócio-
Econômica da Pecuária Familiar no Município de Sant’Ana do
Livramento/RS. Porto Alegre: 2001.136p.
- UNIJUI, Programa RS-RURAL-Estudo Especial. Avaliação e
Caracterização Sócio-Econômica dos Sistemas Agrários do Rio Grande do
Sul. Ijuí: 2002.190p.
- WERLANG, W. História da Colônia Santo Ângelo. Santa Maria: 1995.
288p.
25
ANEXO 1 – MAPA
Localização do Município de Cachoeira do Sul.
27
ANEXO 2 MAPA
28
ROTEIRO PARA OS ESTUDOS DAS PROPRIEDADES
Nome do Produtor
Localidade
Cidade
Estado
UNIDADE DE TRABALHO
FAMILIAR
CONTRATADA
OCUPAÇÃO DA ÁREA
ÁREA PRÓPRIA
VERÃO
INVERNO
ha
ha
ha
ha
ha
ha
ha
ha
ha
ha
ha
ha
ha
ha
ha
ha
ha
ha
ha
ha
FUMO
ARROZ
MANDIOCA
MILHO
MATOS
CANA
CAMPO NATIVO
AZEVÉM
PASTAGEM NATIVA
ÁREA ARRENDADADA
ha
ha
ha
ha
CAMPO NATIVO
ARROZ
TOTAL
ha
ESTRUTURA DO REBANHO
BOVINO
VACAS
TERNEIROS
NOVILHAS 1-2
NOVILHAS 2-3
TOUROS
NOVILHOS 1-2
NOVILHOS 2-3
VACAS DESCARTE
JUNTA DE BOIS
OVINO
VENTRES
CARNEIROS
CORDEIROS
BORREGAS
(continua)
Quant
Peso
Peso
total
Total de peso vivo
Kg
Total de animais
Natalidad
e
Total de peso vivo
Kg
Total de animais
29
(continuação)
EQUÍNO
CAVALOS
Quant
Peso
Peso
total
Total de
peso vivo Quant
Peso
PRODUÇÃO BRUTA
Quant.
Um
Preço
Valor
FUMO
LEITE
Arroz
Venda de novilhos para abate
Venda de vacas para abate
Venda de touros descarte
Venda de terneiros/as
Venda de cordeiros
Venda de ovelhas
Venda de lã de cordeiro
Venda de cavalos
Consumo de carne bovina
Consumo de arroz
Consumo de carne de aves
Consumo de carne suína
Consumo de ovos
Consumo de leite
TOTAL
Por ha
CONSUMO INTERMEDIÁRIO
MANEJO SANITÁRIO BOVINOS
Quant.
Um
Nº de
vezes
Preço
Valor
Vermífugo
VACAS
TERNEIROS
NOVILHAS 1-2
NOVILHAS 2-3
TOURO
S
NOVILHOS 1-2
NOVILHO 2-3
Vermífugo
TERNEIROS
Vermífugo
TERNEIROS
Brucelose
NOVILHAS 1-2
Carrapatecida-Lamthrim AMITRA
pour on
X
doses
30
(continua) (continuação)
Quant.
Um
Quant.
Un
Nº de
vezes
Preço
Valor
Preço
Valor
TODOS OS
ANIMAIS
Medicamentos
Mata-bicheira
Terramicina
Antibiótico
Dig.
Gest.
Serviços de terceiros
MANEJO SANITÁRIO OVINOS
Nº de
vezes
Vermífugo
VENTRES
CARNEIROS
CORDEIROS
BORREGAS
Vermífugo
Vacinas
Sarnicidas
VENTRES
CARNEIROS
CORDEIROS
BORREGAS
Carbúnculo
TOTAL
MANEJO ALIMENTAR
Quant.
MANDIOCA
Semente
Adubo
Calcário
Uréia
Combustível
Manutenção máquinas
Um
Área
Preço
Valor
RAMA-própria
sem adubo
MILHO
Semente
Adubo 5-20-20
Uréia
Combustível
Manutenção de máquinas
(continua)
31
(continuação)
Quant.
Um
Área
Preço
Valor
Quant.
Un
Nº de
vezes
Preço
Valor
CANA
Semente própria
Adubo
Calcário
Uréia
Combustível
Manutenção de máquinas
Ensilagem do sorgo gr. úmido
PASTAGEM DE INVERNO
Semente de Aveia
Semente de Azevém
Adubo
Uréia
Semeadura de avião
Combustível
Manutenção de máquinas
Semente de azevém
Semente de cornichão
Adubo
Combustível
Manutenção de máquinas
Semente de azevém
Semente de cornichão
Semente de trevo
Adubo
Fosfato de gasfa
Combustível
Manutenção de máquinas
RAÇÃO
Ração de desmame p/ terneiros
SUPLEMENTO MINERAL
Sal mineral
Sal comum
TOTAL
SERVIÇOS DE TOSQUIA E MANUTENÇÃO CERCAS/ MANGUEIRAS E CAVALOS
Serviço terceirizado de esquila
Bolsa, fio e transporte lã.
Manutenção de cercas
Manutenção de montaria
TOTAL
32
(continua)
CULTURA DO ARROZ
Semente
própria
Adubo 5-20-20
Adubo base 05 20 20
Calcário
Uréia
Dessecante
Herbicida
Gamit
Sirius
Propanil
Facit
Inseticida
Furadan
Aplicação herbicida de avião
Aplicação inseticida de avião
Óleo diesel lavoura
Óleo diesel irrigação
Pagam. de colheita (10%)
Transporte
Secagem
Manutenção máq. Equip.
(continua)
32
(continuação)
TOTAL DO CONSUMO INTERMEDIÁRIO
Quant.
ARRENDAMENTO
JUROS DE CUSTEIO
JUROS DE INVESTIMENTO
SALÁRIOS
IMPOSTOS
Un
Nº de
vezes
Preço
Valor
Valor
novo
Vida útil
Valor
res.
Depreciação
ITR
FUNRURAL
LUZ
TAXA DE ARREMATE
DEPRECIAÇÕES
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
Quant.
Trator Zetro 25
Trator MF 85
Trator CBT 1065
Ford 6610
Semeadeira
Entaipadeira
Grade 28 discos tatu
Grade niveladora
Globe
Arado aiveca
Remaplan
Pulverizador 2000 lt
Reboque graneleiro 5 t
Tecedeira
Arado aiveca
Cultivador
Pulverizador costal
Moto serra
Carroça
TOTAL
INSTALAÇÕES
Quant
Valor
novo
Vida útil
Valor
res.
Depreciação
Mangueira / banheiro
Galpão de equipamentos
Cercas
7 km
TOTAL
REPOSIÇÃO DE ANIMAIS
Quant.
un
preço
valor
Touros
Carneiros
TOTAL
(continua)
33
(continuação)
QUADRO SÍNTESE DO RESULTADO ECONÔMICO
VALOR AGREGADO BRUTO
DEPRECIAÇÃO
VALOR AGREGADO LÍQUIDO
ARRENDAMENTO
JUROS
SALÁRIOS
IMPOSTOS
RENDA AGRÍCOLA
PW
RW
Por ha
34
SUMÁRIO DE FOTOS
ANEXO 1 – FOTOGRAFIAS DA REGIÃO DE ESTUDO ................................ 38
FOTO 1 – Relevo predominante na região da zona 1, caracterizado por pequenas
propriedades coloniais ......................................................................................... 38
FOTO 2 - Relevo predominante na região da zona 2, caracterizado por atividades
de pecuária e lavoura de arroz ............................................................................ 38
FOTO 3 – Relevo predominante na região da zona 3 ......................................... 39
FOTO 4 – Lavoura de soja típica da região na zona 3. ....................................... 39
FOTO 5 – Tipo de propriedade pertencente a pecuaristas familiares na região da
zona 4 .................................................................................................................. 40
FOTO 6 – Relevo predominante na região da zona 4 ..........................................40
37
ANEXO 4 – FOTOGRAFIAS DA REGIÃO DE ESTUDO
FOTO 1 – Relevo predominante na região da zona 1, caracterizado por pequenas
propriedades coloniais
FOTO 2 – Relevo predominante na região da zona 2, caracterizado por atividade
de pecuária e lavoura de arroz.
FOTO 3 – Relevo predominante na região da zona 3.
38
FOTO 4 – Lavoura de soja típica da região de grãos na zona 3.
Foto pesquisa, 2001.
39
FOTO 5 – Tipo de propriedade pertencente a pecuaristas familiares na região da
zona 4.
FOTO 6- Relevo predominante na região da zona 4.
Foto pesquisa, 2001.
40
ANEXO 4 - CENSO AGROPECUÁRIO - Cachoeira do Sul
AGROPECUÁRIA
Estabelecimentos: estrutura fundiária (número total de estabelecimentos agropecuários)
Ano 0 a 5
ha
1995
1985
1980
1975
1970
1960
654
849
677
750
850
643
5 a 10 10 a 20 20 a 50 50 a 100 100
a 200
a 500
a 1000
a Mais de
ha
ha
ha
ha
200 ha
500 ha
1000 ha
5000 ha 5000 ha
523
985
824
962
1074
992
633
1219
1149
1296
1412
1370
680
1300
1282
1333
1476
1491
338
489
500
488
535
495
321
333
317
288
289
258
277
271
267
261
248
178
99
110
110
94
95
62
100 a
200 ha
45306
47303
44717
39781
40613
35670
200 a
500 ha
86577
83100
82988
79558
76242
55532
500 a 1000
ha
66296
75519
73563
65775
67384
44645
60
56
60
46
49
49
0
1
0
0
1
3
TOTAL
3585
5613
5186
5518
6029
5541
Área dos estabelecimentos (hectare)
Ano 0 a 5
1995
1985
1980
1975
1970
1960
35
ha
1637
2462
1859
2135
2376
2033
5 a 10
ha
3635
6778
5703
6575
7370
6679
10 a 20
ha
8657
16858
16019
17910
19471
18206
20 a 50
ha
21045
39905
39006
39990
44656
45297
50 a
100 ha
23766
33253
34414
33352
36511
33323
1000 a
5000 ha
92924
87567
99457
76363
73524
78609
Mais de
5000 ha
0
5048
0
0
5518
19528
TOTAL
349843
397793
397726
361439
373665
339522
Utilização da Terra
Ano
1995
1985
1980
1975
1970
1960
Lavoura
permanente
1344
1754
1183
2258
746
4063
36
Lavoura
temporária
58023
100108
99290
83278
60841
69936
Pastagem natural
190343
207974
201599
206224
246549
224841
Pastagem
plantada
29873
24525
23342
10494
8123
3731
Mata nativa
21770
22262
22813
20196
20496
12915
Mata
plantada
12292
10045
6434
5600
6500
4622
Produtiva não
utilizada
16941
9197
17353
15584
10810
10770
TOTAL
330586
375865
372014
343634
354065
330878
Download

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS