Reflexão Pessoal
Atentado ao jornal satírico francês, Charlie Hebdo
Acabámos no 1º e continuamos no 2º Período com o estudo
da Cultura e das Relações Interpessoais, sendo percetível que são
conceitos bastante interdependentes e que se relacionam entre si.
O professor de psicologia pediu-nos que fizéssemos uma
reflexão acerca de um atentado que ocorreu em Paris a um jornal
satírico de seu nome Charlie Hebdo, do qual resultaram 12 mortes.
Nesta Reflexão vou falar do significado deste atentado no que
respeita à liberdade de expressão, à democracia, ao terrorismo e ao
preconceito e à tolerância.
O Massacre do Charlie Hebdo foi um atentado terrorista que
atingiu o jornal satírico francês Charlie Hebdo no dia 07 de janeiro de
2015, em Paris, resultando em doze pessoas mortas, e mais cinco
feridas gravemente.
O ataque foi realizado por três homens vestidos de preto e
armados com metralhadoras Kalashnikov, na sede do semanário no
XI arrondissement da capital francesa, supostamente como forma de
protesto contra a edição Charia Hebdo, que ocasionou polémica no
mundo islâmico e foi recebido como um insulto aos muçulmanos.
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Os irmãos franco-argelinos Chérif Kouachi e Said Kouachi, dois dos
terroristas
Estes homens mataram 12 pessoas, incluindo a equipa do
jornal satírico francês e dois agentes da polícia nacional francesa, e,
durante o tiroteio, feriram mais outras pessoas que estavam
próximas do local. Centenas de pessoas e personalidades
manifestaram seu repúdio aos ataques orquestrados contra o jornal.
Da esquerda para a direita: Cabu, Tignous, Charb e Wolinski. Estes foram os
cartoonistas do Charlie Hebdo que foram assassinados, na sequência do atentado
que aconteceu na capital francesa.
Como referi anteriormente este atentado terá sido levado a
cabo por membros ligados ao Estado Islâmico, algo que o governo
francês ainda não confirmou. O Charlie Hebdo tem um historial
considerável de sátiras do Islão - incluindo os famosos cartoons de
Maomé - e já havia sido alvo de um atentado à bomba em 2011, na
altura sem vítimas.
O presidente francês, François Hollande, disse que o país está
em "estado de choque" com os atos de "barbaridade extrema",
frisando que a capital francesa está em estado de alerta máximo e
que o Eliseu convocou entretanto uma reunião de emergência.
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Uma imagem divulgada na rede
social, Instagram, sobre o atentado ao
jornal satírico francês Charlie Hebdo
está a tornar-se viral e deixa mais uma
poderosa mensagem em defesa da
liberdade de expressão, a juntar aos de
dezenas de cartoonistas que, por todo
o mundo, usaram os seus lápis para
homenagear as vítimas do atentado.
Recebe o nome de liberdade de
expressão a garantia assegurada a qualquer indivíduo de se
manifestar, procurar e receber ideias e informações de todos os
tipos, com ou sem a intervenção de terceiros, por meio de
linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de
comunicação. O princípio da liberdade de expressão deve ser
protegido pela constituição de uma democracia, impedindo os
ramos legislativo e executivo do governo de impor a censura.
Contra um ataque terrorista como este que ocorreu nas ruas
de Paris só há uma resposta: democracia. Este é o único meio que as
sociedades europeias têm para lutar contra este tipo de ataques aos
seus princípios e valores estruturantes – crimes desumanos,
chocantes, bárbaros e inadmissíveis aos olhos da civilização.
Atrás da democracia vêm todas as armas necessárias para o
combate: a própria natureza democrática dos regimes europeus, a
separação dos poderes, a liberdade de expressão, a liberdade
religiosa, a justiça, as forças de segurança e todo um conjunto de
instituições que nos permitem viver em liberdade.
Perante um ataque desta dimensão, podemos correr o risco de
colocarmos em causa alguns destes princípios. Mas os "inimigos"
vencem se cedermos nestes pontos. O novo paradigma em que
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vivemos tem um novo "nós" e um novo "eles", mas quem está
errado não somos "nós", são "eles", os extremistas sem religião,
fanáticos de uma crença que, verdadeiramente, não segue nenhum
deus.
Se cedermos nestes pontos, se vacilarmos às reivindicações
dos terroristas, cedemos no que há séculos é essencial para a cultura
ocidental, de cariz judaico-cristã, e aí são os nossos valores que
ficam em causa. Não podemos ceder neste ponto. Não é possível
dialogar nem negociar com terroristas fanáticos que só entendem a
linguagem da violência e da desumanidade insultuosa.
Mas sendo assim, é também é verdade que devemos ser mais
vigilantes, mais rigorosos, mais exigentes com quem na Europa
pretende ser acolhido. E aqui os Estados têm uma responsabilidade.
Não se pode contemporizar (ser condescendente ou permissivo)
contra quem abertamente ameaça os valores democráticos. Não são
necessários poderes especiais, apenas coragem para agir nos
momentos chave e não tolerar de modo algum o que é intolerável.
São também necessários orçamentos de defesa e segurança
interna compatíveis com o nível da ameaça. Como nesta quarta-feira
ficou provado, o combate ideológico sobre os investimentos em
forças de defesa e segurança fica ridículo perante a realidade do que
aconteceu em Paris.
O terrorismo não é de esquerda, nem de direita, e por isso a
resposta não pode variar conforme a matriz ideológica, nem se
compadece com receitas liberais de um estado diminuto. O
terrorismo nada mais tem para oferecer do que sofrimento humano
indizível, crime, guerra e violência que atenta contra todos os
princípios básicos da humanidade.
Este terrorismo também é um atentado contra o mais
elementar dos direitos humanos, o direito à vida, por motivos de
intolerância política e religiosa. É um ato causado pela intolerância à
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existência do diferente. A lógica é aniquilar a diferença. É o
completo desrespeito à vida. O terror é uma ideologia de morte.
Nos últimos anos, aumentou a xenofobia na Europa, com
parcelas da população que rejeitam imigrantes da África e do Médio
Oriente. Houve o ressurgimento de neonazistas na Alemanha, que
contam com apoio de parte da população para organizar protestos
contra a comunidade islâmica. A xenofobia e o radicalismo islâmico
acabam alimentando um ao outro. O pior que pode acontecer à
Europa é cair na armadilha do radicalismo e no incentivo ao
sentimento de islamofobia.
Em relação à revista Charlie Hebdo, as vítimas não podem ser
culpadas em nada pelo que aconteceu. O discurso caricatural
incentivou o risco, indo às últimas consequências da provocação,
mas isso não é razão para o assassinato. É um facto que os
muçulmanos, em geral, desaprovam sátiras a Maomé, mas isso não
justifica nem explica o que aconteceu. A resposta à crítica é
absolutamente desproporcional e selvagem. Não é aceitável matar
quem é diferente e pensa diferente. Qualquer luta de ideias, credos,
opiniões, deve ser sempre regulada por critérios pacíficos e ser
civilizadora.
Hollande recebeu palavras de apoio de vários líderes europeus,
incluindo o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que
classificou o ataque de "doentio" e a chanceler alemã Angela Merkel,
que condenou o "ato injustificável não só contra a França mas
também contra a liberdade de expressão e de imprensa".
Já o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker,
mostrou-se "profundamente chocado" com o "ataque brutal e
desumano", "uma barbaridade que nos toca como europeus e
humanos". A reação de Washington chegou através do porta-voz da
Casa Branca, que condenou o ataque "nos termos mais fortes" e se
disponibilizou para trabalhar com Paris na investigação ao sucedido.
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O maior atentado dos últimos 50 anos em França acontece
numa altura delicada na Europa, em que os partidos anti-imigração
estão a ganhar força. No dia anterior a este atentado, por exemplo, a
Alemanha assistiu a novas manifestações anti Islão organizadas pelo
Pegida. No Reino Unido, Cameron quer limitar ao máximo os
direitos dos imigrantes e a entrada de muçulmanos no país. E é
preciso não esquecer que a extrema-direita de Marine Le Pen venceu
as eleições europeias em França no ano passado. O ataque arrisca
dar nova força às vagas anti-imigração na Europa. E obriga os
líderes europeus a uma reflexão profunda sobre a atual estratégia
geopolítica da Europa, o combate ao terrorismo e as relações com o
Médio Oriente.
Vários milhares de pessoas juntaram-se no final da tarde no
dia deste atentado, na praça da República, em Paris, em homenagem
às vítimas do ataque contra o semanário satírico Charlie Hebdo. A
multidão entoou slogans. "O Charlie não morreu!" foi o principal
grito que se ouviu e foi retomado por Sophie Cachera, uma
estudante de 19 anos que explicou aos meios de comunicação de
que "não mataram o jornal porque as caricaturas vão continuar
vivas".
Multidão concentrada na Praça da República, em Paris
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em: http://www.cmjornal.xl.pt/mundo/detalhe/dez_mortos_em_tiroteio_em_j
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ornal_frances.html
Este atentado que mais parece um filme de terror acaba com um
tiroteio numa gráfica de Paris, dois dias a seguir ao atentado, que
durou cerca de dois minutos, e terminou na morte dos irmãos Said e
Charif Kouachi. O cerco policial aconteceu, após os dois homens
manterem uma pessoa como refém na gráfica. A confirmação da
morte dos irmãos foi feita pela presidente da autarquia de Paris,
Anne Hidalgo.
Um terceiro homem, que mantinha 5 pessoas como reféns numa
mercearia no subúrbio de Paris, também foi morto pela polícia
francesa. Amedy Coulibaly, de 32 anos, teria relação neste ato
terrorista com os irmãos Kouachi.
Em suma, o atentado que ocorreu no dia 7 do primeiro mês
do ano, em Paris, que vitimou 12 pessoas inocentes, levado a cabo
por terroristas que assassinaram barbaramente a sangue-frio, possui
um significado profundo sobre as nossas convicções mais firmes: a
crença na liberdade de expressão e na própria liberdade enquanto
pilar fundamental da democracia. O ataque provoca na nossa
consciência coletiva um sentimento de receio face a grupos
extremistas cada vez mais percecionados como grupos ameaçadores
e pode despertar atitudes e reações discriminatórias, intolerantes,
xenófobas, baseadas em preconceitos, conduzindo à agressividade e
conflito social, sobretudo dos que professam a crença no islamismo.
Ora, isso só pode acontecer se a resposta ao problema não for
inteligente por parte dos líderes políticos. Há outras formas de
resolver as ameaças do terrorismo. Se a reação instintiva, primária,
for a violência, a vingança, o ódio, então os terroristas terão vencido
e obtido o efeito esperado: criar medo e conflito na Europa, criando
terreno para avançar e captar mais descontentes para a sua causa.
A repressão sobre os imigrantes irá aumentar. Idem para o
preconceito e a discriminação. O fascismo vai crescer e a liberdade
religiosa estará sob ameaça, mais uma vez. As fortes forças que
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nunca ofereceram uma folha de papel pela liberdades dos fracos
estarão nas ruas para defender uma bandeira que só costumam
empunhar em comícios e dias de festa. Os opressores ficarão na
posição de vítimas. Vão verter lágrimas e serão capazes de comover.
A última imagem publicado pelo jornal, que mostra o líder do Estado
Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, a desejar "al-Baghdadi deseja felicidades e
muita saúde"
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em: http://www.cmjornal.xl.pt/mundo/detalhe/dez_mortos_em_tiroteio_em_j
ornal_frances.html
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em: http://www.cmjornal.xl.pt/mundo/detalhe/dez_mortos_em_tiroteio_em_j
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A resposta do jornal em 2011, após a
redação ter sido atacada. Na imagem é
retratado o profeta islâmico Maomé a
beijar um jornalista do Charlie Hebdo com
a mensagem: "O amor é mais forte do
que o ódio"
Capa do jornal francês ‘Libération’
O jornal britânico 'The Independent' publicou no seu site o cartoon, saiu no dia
seguinte ao atentado na impressa, da autoria de Dave Brown
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O francês Jean Julien usa o lápis para travar a metralhadora AK-47, uma das
armas usada pelos terroristas no ataque terrorista ao jornal Charlie Hebdo, com a
frase "Eu sou Charlie"
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Para se perceber melhor este atentado terrorista em Paris aqui
fica uma imagem que o explica passo a passo
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Depois do ataque ao Charlie Hebdo, a imagem seguinte explicanos como ocorreu a morte dos terroristas
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Ligações:
O vídeo que se segue mostra-nos uma análise feita sobre este
atentado que ocorreu na capital francesa.
http://www.tvi.iol.pt/videos/voce-na-tv-cronica-criminalfalouse-do-atentado-em-franca/14243548
Referências bibliográficas:



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
http://www.jn.pt/paginainicial/
http://www.cmjornal.xl.pt/
http://www.dm.com.br/
http://www.infoescola.com/direito/liberdade-de-expressao/
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4329981
http://sicnoticias.sapo.pt/especiais/paris/2015-01-07-Filme-dosacontecimentos-no-atentado-em-Paris
Luís Caetano nº6
12ºB
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