Tensões nas representações do Islã na História1
Ingrid GOMES2
Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), São Paulo, SP
Instituto Superior de Ciências Aplicadas ISCA – Faculdades, Limeira, SP
Resumo:
O presente artigo pretende dialogar a constituição das representações do muçulmano ao
longo da história contemporânea. Para isso traz estudos realizados por pesquisadores da
área em “Estudo da arte”, como Edward Said, Silvia Montenegro, Jacques Wainberg e
Robert Fisk. A metodologia utilizada foi a análise documental de livros e de artigos
(MOREIRA, 2006) e a pesquisa bibligráfica (STUMPF, 2006). Entendeu-se que o Islã,
nos últimos cem anos, tem sua imagem atrelada pejorativamente e é conceituado de
forma turva, do que de fato representa como cultuta e vertente religiosa. Ou seja, esse
discurso “doentio” sobre o muçulmano esconde suas motivações políticas e todas as
questões de fundo que ajudam a compreender a realidade desse povo.
Palavras-chave: Islã, Oriente Médio, Marcas pejorativas, Comunicação e História.
Introdução
Atualmente, o mundo muçulmano abrange cerca de 1,3 bilhão de pessoas
(DEMANT, 2008, p.13), ou seja, aproximadamente um quinto da humanidade, com
quem as outras religiões e culturas distintas precisam repensar modos de convivência e
de cooperação para permanecerem em regiões tão próximas e, ao mesmo tempo, tão
diferentes culturalmente. “Eles se encontram concentrados num vasto arco, que se
estende da África ocidental até a Indonésia, passando pelo Oriente Médio e a Índia. Em
muitos países desta vasta região, os muçulmanos constituem a maioria da população
local e, em outros, importante minorias” (DEMANT, 2008, p.13).
Além da presença dessa cultura no mundo a história do Islã é fator
preponderante para compreender qualquer conflito atual entre Israel e Palestina,
Fundamentalistas e Ocidente, em especial os Estados Unidos e seus aliados, deve-se
partir do estudo da longa história de constituição do Islã no mundo, que se iniciou há
mais de 1.400 anos e se espalhou por três continentes em variadas sociedades,
1
Trabalho apresentado ao VII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial ─ Eclesiocom, na
categoria Comunicações Científicas. O presente artigo é discutido amplamente na tese de doutorado
Olhares sobre o Outro. Estudo das representações do Islã nos jornais Estado de S. Paulo e Folha de S.
Paulo, defendida na pós-graduação de Comunicação Social na Universidade Metodista de São Paulo, em
abril de 2012.
2
Jornalista, pós-graduada em Globalização e Cultura pela Fundação Escola de Sociologia e Política de
São Paulo, Mestre e Doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo.
Professora de Jornalismo do curso de Comunicação Social do Instituto Superior de Ciências Aplicadas
ISCA – Faculdades, em Limeira. Email: [email protected].
solidificando sua religião e seus valores sociais, diferenciando-se entre si e formando
outras vertentes.
Nesse sentido o Islã está na encruzilhada de ranços históricos entre tradicionais
muçulmanos, fundamentalistas reorganizados, outras ramificações que se baseiam na fé
islâmica para aglutinar fiéis e agirem violentamente contra o que chamam de
“Ocidente” e outros elementos simbólicos desta cultura. Entretanto um problema de
interpretação que tem gerado justificativa para guerras, como se viu na última invasão
estadunidense (com apoio inglês) no Iraque, bem como tem alicerçado discórdia entre
povos e culturas se diferenciando entre si, e, nesta ótica da diferença o poder simbólico
da geografia atual põe o muçulmano como o subalterno, o inferior, o arcaico, o
primitivo, e muitas vezes o demoníaco.
Estado da arte
Diante dessa conjuntura, Robert Fisk em A grande guerra pela civilização (A
conquista do Oriente Médio) identifica antigas caracterizações do universo oriental e às
formas culturais do muçulmano as quais possibilitam o leitor refletir sobre a ancoragem
desse Outro-Islã. Fisk ressalta que no livro sobre as “aventuras imperiais”, o
personagem Tom Graham era o herói britânico e lutava contra as “selvagerias
muçulmanas”, e a obra era romance típico para as gerações do pai de Fisk.
O resto do romance é um inquietante conto de racismo, xenofobia e
explícito ódio antimuçulmano durante a Segunda Guerra Afegã. Na
segunda metade do século XIX, a rivalidade e o receio anglo-russos
concentraram-se no Afeganistão, cujas fronteiras não demarcadas
transformaram-se em imprecisas linhas de frente entre a Rússia
imperial e o Raj britânico na Índia. As principais vítimas do “Grande
jogo”, como se referiram de forma pouco sensata os diplomatas
britânicos aos sucessivos conflitos no Afeganistão – na realidade,
havia algo tipicamente infantil nos ciúmes entre Rússia e GrãBretanha –, foram evidentemente, os afegãos. Essa terra continental de
desertos, altas montanhas e vales verde-escuros havia sido, durante
séculos, ponto de encontro cultural – entre Oriente Médio, Ásia
central e Extremo Oriente – e ao mesmo tempo campo de batalha
(FISK, 2007, p.70).
Como visto no trecho, o conto antimuçulmano de Willian Johnston caracteriza o
olhar agressivo ao Oriente Médio pelo império da época de 1900, a Grã-Bretanha.
Ao longo do conto, o herói Graham encontra membros da etnia patan (da
Peshawar), agora do Paquistão, e fala: “[...] uns seres infames (...). A maioria desses
fanáticos usava esses capacetes justos que dão a seu portador uma aparência diabólica”.
(apud FISK, 2007, p.71).
Também identifica na obra, outros preconceitos e rótulos ao muçulmano como
“olhos cintilantes de ódio”, “indígenas enfurecidos”. Quando os soldados britânicos
caiam em mãos afegãs, eles sofriam; “[...] seus corpos eram atrozmente mutilados e
desonrados por esses demônios com aparência humana”. (FISK, 2007, p.71).
Por mais que as representações preconceituosas advenham de um olhar ficcional,
do romance, elas são reflexões da conjuntura popular de olhar esse outro oriente e
muçulmano. Fisk declara que o texto vai se tornando racista e também anti-islâmico
(FISK, 2007, p.70). Os muçulmanos são “[...] ignorantes de tudo o que se relaciona a
sua religião para além de suas doutrinas mais elementares.” (apud FISK, 2007, p.73).
Nesse sentido o jornalista Robert Fisk adverte que os Estados Unidos é a nova
versão vitoriana contra os afegãos e o mundo muçulmano, mais agora, depois de 122
anos (FISK, 2007, p.73).
Fisk pontua também que a população e os meios de comunicação não eram tão
coniventes com os imperialismos culturais de ordem militar, como são atualmente. Em
1920 o jornal londrino The Times já se perguntava o porquê da violência contra o povo
árabe, “[...] valiosas vidas serão sacrificadas pela vã tentativa de impor à população
árabe uma administração intrincada e cara, que eles jamais pediram e que não
desejam?.” (apud FISK, 2007, p.215).
Desde o uso de terminologia racista sobre o muçulmano na metade do século
XIX, detectada pelo romance das “aventuras imperiais”, passando pela posição de
colonizar com a cultura ocidental pela Europa e depois pelos Estados Unidos, há no
contexto mais contemporâneo elementos econômicos que consolidam políticas
internacionais de conflitos civis no Oriente Médio.
Algumas décadas depois em 1980 a opressão cobria o Oriente Médio
no Iraque, Irã e Afeganistão. Mas agora com mais complexidades de
interesses envolvidos. O sistema opressor vinha dos regimes
ditatoriais dos países, das ligações petrolíferas com os Estados Unidos
e a Rússia, e nesse enredo o Ocidente era indiferente ao sofrimento de
milhões de muçulmanos. “Arafat jamais se atreveu a condenar a
União Soviética depois da invasão ao Afeganistão ─ Moscou
continuava sendo o aliado mais importante da OLP ─ e os reis,
príncipes e presidentes do mundo árabe, que tinham maior
conhecimento do que estava acontecendo no Iraque que seus
homólogos ocidentais, não se pronunciaram sobre as deportações,
torturas, execuções e matanças genocidas perpetradas por Saddam. A
maioria deles castigava com variantes das mesmas técnicas seus
próprios habitantes (FISK, 2007, p.252).
Posteriormente, na guerra entre Iraque e Irã em 1986 o país de Saddam recebia
ajuda significativa dos Estados Unidos para armamento e infraestrutura militar, Fisk
revela que ao caminhar pela capital do Irã, Teerã, nessa época era claro o genocídio
iraniano. Os muçulmanos que viravam mártires recebiam prestígio depois de mortos,
permaneciam nos cemitérios eternamente, enquanto os de vala comum ficavam até os
trinta anos no máximo. “Distribuídos por todo país, esses 312 cadáveres transformam-se
em meio milhão, talvez três quatros de milhão, talvez muito mais. No cemitério de
Behesht-i-Zahra, fora da cidade, jazem às dezenas de milhares.” (FISK, 2007, p.368).
Em nenhum momento entre essas forças de guerra havia interesses humanos que
pudessem refletir a legitimidade desses conflitos. É nesse sentido que Fisk, ao estar no
Iraque em 2003, quando o país foi bombardeado pelas tropas estadunidenses e inglesas
escreveu sobre a diferença factual de para quem serve a guerra? “Os norte-americanos e
os britânicos insistiam em afirmar que estavam destruindo o regime para acabar com o
sofrimento. Na verdade, o sofrimento e a luta agonizante do baazismo iraquiano não
podiam ser dissociados, assim como não se tira um curativo de uma ferida sem fazer
com que o paciente grite de dor.” Pois o mais fácil era argumentar que os males do
Iraque estavam na figura e no governo de Saddam, porque os “[...] iraquianos feridos e
moribundos não viam seu destino exatamente nesses termos. Quem atacava eram os
norte-americanos, não os iraquianos. Bombas e mísseis norte-americanos destruíam
seus lares.” (FISK, 2007, p.1283).
Para o pesquisador Jacques A. Wainberg em A pena, a tinta e o sangue: a
guerra das idéias e o Islã, os poderes governamentais: europeu e norte-americanos não
entendem o fato do Oriente Médio atual não ter a mesma base do século VII. O autor
pontua que o Oriente Médio tem os Estados e regimes que se estabeleceram após o
desfecho do Império Otomano ao término da Primeira Guerra Mundial e afirma que a
ideia européia é “[...] descrente da capacidade de se poder implantar democracia no
Oriente, subjaz a crença de que os muçulmanos nasceram predestinados a serem
atormentados, empobrecidos, escorraçados e famintos. Esta situação não é fruto do
destino, mas obra humana desprezível a ser combalida.” (WAINBERG, 2007, p.147).
Como se vê a identificação do Diferente na história da humanidade é um
processo cotidiano, e as afirmações sobre como se constroem essa identificação
dependem tanto de questões culturais, momentos históricos como políticos, e, mesmo,
do posicionamento que representem num contexto de jogo de poderes sociais. Essas
variantes sofrem outras influências no decorrer das épocas e, atualmente, a posição
influente que a mídia desempenha nesse processo é vista com atenção, tanto por
estudiosos da área como por outros advindos da sociologia, psicologia, teologia,
antropologia e mesmo da filosofia, pois se vê comumente estudos e pesquisas que têm a
mídia como objeto de questionamento e influência.
Diante dessa leitura de atenção à influência midiática, a pesquisadora em
sociologia, Silvia Montenegro, desenvolveu sua tese de doutorado sobre a formação da
identidade de um grupo islâmico no Brasil, a partir dos retratos da mídia a respeito do
islamismo mundial, bem como através do diálogo dessas visões da mídia no seio da
comunidade islâmica de estudo. Para isso, fez uso da etnografia na comunidade islâmica
carioca, chamada Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro (SBMRJ), à
qual estão vinculadas, aproximadamente, cinco mil pessoas (MONTENEGRO, 2002,
p.66).
Nesse estudo, a pesquisadora objetivou entender a dinâmica da identidade social
da SBMRJ a partir da criação e recriação dos agentes da mídia, confrontando os dados
etnográficos com os agentes da própria Sociedade. “Ambas as visões, a ‘própria’ e a
‘externa’, acabam assumindo a forma de um discurso mais ou menos homogêneo ou, no
mínimo, constroem a base de certo consenso sobre um conjunto de temas.”
(MONTENEGRO, 2002, p.64).
A partir disso, o grupo islâmico, junto às suas lideranças intelectuais, recolhia o
que era disposto pela mídia, quando retratava assuntos que o incluía, para “islamizar” o
material e contextualizá-lo à comunidade, tirando as dúvidas e explicando seus erros e
maiores desvios cometidos pelos meios de comunicação.
A SBMRJ realiza a “[...] análise do diálogo entre estereótipos estigmatizantes e
atributos identitários positivos, no marco de processos de reificação de esquemas de
atributos promovidos pela mídia, os quais, finalmente, operam como estímulo na autoapresentação dos muçulmanos.” (MONTENEGRO, 2002, p.64).
Foi possível, com esse estudo, delimitar o repertório de temas que foram
frequentes pela mídia, constituindo, assim, um eixo central do discurso midiático sobre
o Islã no País.
Silvia Montenegro também pontua na pesquisa que, esporadicamente, os meios
de comunicação do Rio de Janeiro publicam matérias jornalísticas sobre o Islã no País,
que criam, claramente, um “mal-estar” entre os muçulmanos da SBMRJ (2002, p.67).
“Cada vez que uma aparecia em alguma publicação local, era comentada nas reuniões
da mesquita, analisada e, na maioria das vezes, enquadrada na trama de ‘demonização’
em que a imprensa estaria empenhada.” (MONTENEGRO, 2002, p.67).
Para melhor entender a visão “demonizada” desses temas sobre o islamismo, a
autora centraliza dois eixos de análise: o crescimento do Islã e a representação do lugar
da mulher nessa religião. Desses, deriva-se outras imagens discriminadas sobre o
islamismo, como: “[...] sua difícil adaptação ao Brasil, a perigosa junção entre religião,
política e terrorismo e o papel de submissão da mulher.” (MONTENEGRO, 2002,
p.67).
Sobre crescimento, perigo e inadequação do islamismo, a autora explica que
importantes veículos impressos (revista República, revista Isto é, Jornal do Brasil e
Folha de S. Paulo) caracterizam o islamismo brasileiro como uma religião que não se
encaixa no perfil despojado e moderno do brasileiro, intitulando algumas suítes e boxes
com termos ofensivos, como por exemplo: “Axé Maomé”, ao retratar um grupo de
simpatizantes do islamismo na Bahia, o qual não assume compromisso com o Islã, de
fato. Nesse mesmo sentido, há reportagens que afirmam o quanto o islamismo está fora
do contexto das práticas liberais do País, caracterizando o Islã como uma religião de
“excessiva rigidez” (MONTENEGRO, 2002, p.68-9).
Evidencia-se nas análises, ainda, a “face assustadora do Islã”; em uma nota da
revista Isto é declara-se: “espera-se que o Islã, deste lado debaixo do Equador, não tenha
a cara feia que amedronta o mundo” (apud MONTENEGRO, 2002, p.70). Na análise
Silvia Montenegro observa que a revista relaciona a “face assustadora” com o
“fundamentalismo, o terrorismo, a barbárie e o manto negro (em referência ao vestuário
feminino)”.
No eixo temático sobre as imagens da mulher no Islã, evidencia-se uma
separação de dois mundos do islamismo: um tradicional e o outro liberal. O tradicional
impede a mulher de frequentar o cinema, escutar música, praticar jogos e ter diversões
mistas, já o liberal permite tais hábitos e práticas às mulheres islâmicas.
A ideia central do artigo é predizer que, se aquele mundo tradicional
triunfar, o Islã será uma realidade restrita aos seus territórios habituais,
mas se o Islã liberal preponderar, “o Islã se tornará uma força mundial
a competir em pé de igualdade com o cristianismo, o judaísmo e as
religiões orientais na dominação do mundo” (MONTENEGRO, 2002,
p.71).
Ainda nesse mesmo eixo temático da análise, a socióloga encontra reiterado o
lado obscuro do Islã no plano internacional. Os conceitos de fundamentalismo,
radicalismo e terrorismo aparecem intrínsecos ao tema da submissão da mulher no Islã,
gerando compreensões que potencializam a ideia de conflitos entre crenças, e mesmo,
naturalizando os embates como normais a uma religião que une fé com política. Com
isso, o Islã é demonizado e qualificado para o Brasil como difícil de ser seguido
(MONTENEGRO, 2002, p.72).
A partir dos atos ao World Trade Center de Nova York, ocorridos em 11 de
setembro de 2001, o mundo islâmico tornou-se centro da opinião pública (2002, p.63).
A discussão do retrato do Islã e dos muçulmanos nos meios de comunicação também
tem gerado reflexões nas publicações muçulmanas, por parte dos intelectuais do mundo
islâmico. Dentre essas, Silvia Montenegro, destaca a revista The Diplomat, EnglishArabic Forum for the Dialogue of Culture and Civilizations, editada na Inglaterra e
distribuída pelo mundo. Nessa revista, há inserções periódicas da “[...] delicada tensão
entre o Islã e a mídia” (MONTENEGRO, 2002, p.72-3).
Na emblemática discussão entre Islã e mídia, os intelectuais apontam uma
dimensão mais ampla, a relação entre o Ocidente e o Islã (MONTENEGRO, 2002,
p.73). A maneira de ver o Islã pelo Ocidente é baseada numa visão maniqueísta é “[...]
recriado à luz de um consenso baseado em oposições do tipo eles/nós, Islã/Ocidente,
ativismo/modernidade, autoritarismo/democracia.” (MONTENEGRO, 2002, p.73).
Diante disso, os intelectuais do SBMRJ levam essas visões da mídia para serem
contextualizadas à luz das explicações religiosas da doutrina islâmica, a fim de
responder e clarear as dúvidas dos fiéis.
Cabe considerar então, que existem diferentes planos, ou esferas, em
que a controvérsia mídia/Islã se manifesta. Certamente, podemos
distinguir como, no plano internacional, os meios de comunicação
desempenham papel fundamental na difusão de certa visão sobre o
Islã e os muçulmanos, assim como, no mesmo plano, certos portavozes das comunidades muçulmanas contestam essa visão
(MONTENEGRO, 2002, p.74).
A socióloga afirma que são selecionados temas mais importantes para a
doutrina, que os meios de comunicação fragmentam e descontextualizam, dentre eles o
principal: “Os muçulmanos são violentos, terroristas ou extremistas”. Diante dessa
premissa, os intelectuais e envolvidos na vida institucional do SBMRJ retratam esse
tema à luz de sua verdadeira significação islâmica. Nesse intuito, “foram intercaladas
citações do Corão para reafirmar a denúncia dessa falsa atribuição. Considerou-se
necessário destacar, antes de tudo, que a palavra Islã deriva de uma raiz árabe que
significa paz”. (2002, p.77).
Outro tema discutido na mesquita do SBMRJ é a má interpretação que as mídias
estudadas desenvolvem sobre a ideia de jihad, como “guerra santa”, ao invés da noção
real que é mais ampla: “[...] esforço, luta, empenho, uma espécie de luta interior de cada
pessoa contra seus próprios egoísmos, uma luta cujo fim é alcançar a paz interna”
(MONTENEGRO, 2002, p.78).
A temática da opressão da mulher, pela mídia, é respondida pelos fiéis do
SBMRJ como aplicações de práticas de menosprezo às mulheres em locais onde a
cultura corresponde a essa interpretação, pois para a lei corânica não existe essa divisão
opressora; para os dizeres do Alcorão há “[...] equidade entre homens e mulheres”
(MONTENEGRO, 2002, p.78).
E, sobre as roupas específicas das mulheres, o grupo do Rio de Janeiro afirma:
“O chador e o lenço na cabeça são aconselhados e usados entre as muçulmanas do Rio
apenas durante as orações, sendo pouquíssimos os casos de mulheres que assistem a
outras atividades ou permanecem com essas roupas fora dos horários de oração.” (Ibid)
Outra questão que Silvia Montenegro levanta nas suas análises de diário de
campo da comunidade da SBMRJ vincula-se com o equívoco da mídia em afirmar que
todo muçulmano é árabe. Segundo as estatísticas do mundo árabe (MONTENEGRO,
2002, p.82), os muçulmanos que vivem no mundo árabe são apenas 18% do total
mundial.
[...] a comunidade do Rio olha para outros horizontes na hora de traçar
suas linhagens, considerando que o arabismo deixa de fora os
muçulmanos negros da diáspora africana e os novos convertidos. Na
comunidade do Rio, o arabismo aparece atentando contra a ideia de
que o Islã reúne per se uma enorme variedade de raças,
nacionalidades, línguas e culturas (MONTENEGRO, 2002, p.82).
Conclui sua pesquisa apontando que alguns dos problemas sobre a produção dos
consensos reinseridos na mídia, que ancoram o imaginário social, estão “[...] arraigados
a sistemas sociais” e por isso “[...] também produzem significados socialmente
situados.” E destaca outros indícios problemáticos, como os constrangimentos da
profissão jornalística, tais como:
[...] a exploração de certos temas (entre eles a violência), o imperativo
do inédito, o ritmo e simplificação em prol da “clareza”, a suposta
construção de uma reportagem “equilibrada” e a própria formação dos
jornalistas, são aspectos importantes na produção das suas
representações (MONTENEGRO, 2002, p.83).
Em complemento às observações sobre as rotinas de trabalho do jornalismo, o
crítico feroz do posicionamento que o Ocidente, em especial os Estados Unidos,
formula sobre o Islã e o Oriente, Edward Said3 (2007, p.xvii) no livro Covering Islam
afirma que existe um trabalho ideológico anterior, de direcionar o olhar da mídia
estadunidense e mundial sobre o Islã como perigoso, o que, segundo Said, ocorre por
meio da postura intelectual de estudiosos que generalizam o fundamentalismo como
sendo o Islã; e vai além: pontua que esse entendimento influencia o pensar de políticos e
de muitos setores culturais formadores de opinião (SAID, 2007, p.xvi-xvii).
As associações criadas deliberadamente entre o Islã e o
fundamentalismo garantem que o leitor comum passa a ver ambos
como sendo essencialmente a mesma coisa. Devido a tendência de
reduzir o Islã a algumas regras, estereótipos e generalizações à
respeito da fé, e de seus fundadores, e de todo seu povo, o reforço de
todo fato negativo veiculado ao Islã ─ sua violência, primitivismo e
atavismo, qualidades ameaçadoras ─ é perpetuado. E tudo isso sem
nenhum esforço sério de definir o termo “fundamentalismo”, ou dar
um significado preciso ao “radicalismo”, ao “extremismo”, ou
contextualizar esses fenômenos (por exemplo, dizer que 5%, ou 10%,
ou 50%, de todos os muçulmanos são fundamentalistas) (SAID, 2007,
p.xvi-xvii) (TRADUÇÃO NOSSA).
Portanto, Said se preocupa com o rótulo que cerca a ideia atual sobre o Islã,
como sendo todos os seus seguidores fundamentalistas, tanto para explicá-lo ou
“condená-lo indiscriminadamente”, o que acaba se tornando “[...] uma forma de ataque,
que por sua vez, provoca mais hostilidade entre aqueles que se autodenominam
muçulmanos e porta-vozes do Ocidente” (SAID, 2007, p.xv-xvi). “[...] up becoming a
form of attack, which in turn provokes more hostility between self-appointed Muslim
and Western spokespersons”. Esse tipo de simplificação, e ao mesmo tempo,
generalização é para Said inaceitável e irresponsável. O pesquisador expõe que
comumente vêem-se jornalistas, ao descreverem o Islã, optarem pelas declarações
“extravagantes”, regadas de oportunismo e dramaticidade (SAID, 2007, p.xvi).
3
Na última introdução revisitada pelo autor em 1997.
É o que constata o pesquisador e professor da PUC do Rio Grande do Sul,
Jacques A. Wainberg, em Mídia e Terror: Comunicação e violência política. “O ataque
às torres gêmeas de Nova York, em 11 de setembro de 2001 por terroristas
muçulmanos, por isso mesmo, encontrou campo fértil num imaginário ocidental que
estereotipou um Islã militante e agressivo” (WAINBERG, 2005, p.50).
O enraizamento da ideia de Islã como fundamentalista penetrou no imaginário
da sociedade, para Said o “[...] Islã não é nada além de um problema para a maioria dos
americanos” (apud SAID, 2007, p.xv). “To most Americans, Islam was nothing but
trouble”. Em sua pesquisa de análise contextual da mídia americana, e da literatura
estrangeira e nacional ─ Estados Unidos ─ Said detalha a “aura de perigo” que significa
remeter qualquer assunto próximo às questões islâmicas. No texto do New York Times
de 21 de janeiro de 1996, no título, afirmou-se: “A ameaça vermelha acabou, mas eis o
Islã” (apud SAID, 2007, p.xix) “The Red Menace is Gone. But Here’s Islam”.
A retórica dessa descrição de 1996 foi identificada, modestamente, por Said, em
1992, como sendo proveniente da fala de um antigo membro do Conselho de Segurança
Nacional, Peter Rodman, que escreveu na Nacional Review: “Até o momento, o
Ocidente se encontra desafiado por uma força externa militante e ativista guiada pelo
ódio a todo pensamento político ocidental, repetindo antigas queixas contra a
cristandade” (apud SAID, 2007, p.xvii) “Yet now the West finds itself challenged from
the outside by a militant, atavistic force driven by hatred of all Western political
thought, harking back to age-old grievances against Christendom”. As generalizações
de “todo pensamento político ocidental”, e as vagas provas de “antigas queixas contra a
cristandade”, empobrecem a tentativa de argumentação de Rodman, bem como há um
vazio de clareza e de objetividade. No trecho seguinte que Said também transcreve: “A
maior parte do mundo islâmico está despedaçada por divisões sociais, frustrada por sua
inferioridade material em relação ao Ocidente, amargurada por influências culturais
ocidentais [...]” (apud SAID, 2007, p.xvii) “Much of the Islamic world is rent by social
divisions, frustrated by its material inferiority to the West, bitter at Western cultural
influences […].” Percebe-se mais claramente a postura de Rodman de inferiorizar o
“mundo islâmico”, sem dizer qual é esse mundo, e nem trazer provas que justifiquem a
sugerida marginalização. O “Ocidente”, que segundo a descrição, vai além de um
espaço geográfico, e se aproxima da ideia de divisão em relação ao Oriente, e à cultura
oriental. Essa conceituação indireta do Ocidente conecta-o com um modelo de riqueza
econômica e de superioridade por tal estrutura social.
Na mesma disposição em generalizar e simplificar pseudoconceitos, em solo
brasileiro, a revista semanal Veja tem gerado inspiração como objeto de estudo de
representativas
entidades
e
pesquisadores,
para
investigar
desde
assuntos
comportamentais e políticos a culturais e religiosos.
A pesquisadora Ana Virginia Borges Queiroz, no texto A Ocidentalização da
Informação, que é parte do estudo mais extenso do grupo das Faculdades Jorge Amado,
sob o título: Hereges, Satânicos e Terroristas: o mundo islâmico retratado pela mídia
ocidental analisou a revista no período de 12 de setembro de 2001 a 2005, e identificou
o mesmo ponto de vista de Said em Covering Islam, da influencia da mídia e das
pessoas influentes dos Estados Unidos em caracterizar o Islã como perigoso. Na análise,
a pesquisadora verifica o tom preconceituoso e pejorativo sobre as comunidades
islâmicas, em trecho da revista de 17 de outubro de 2001: “Nesse universo de turbantes,
instalou-se uma síndrome depressiva, provocada pelo atrito entre um passado de glórias
e um presente de fracassos” (apud QUEIROZ, 2005, p.03). Em outro fragmento de texto
da edição de 14 de outubro de 2001: “A Arábia Saudita é mais um dos aliados
fundamentais na campanha dos loucos de Alá que querem incendiar o mundo numa
fogueira integrista” (apud QUEIROZ, 2005, p.04). Segundo a análise, a abordagem é
simplista e ocidentalizada, além de conter elementos qualitativos que incitam diferença
e choque entre Ocidente e Oriente. Para Edward Said essa visão pejorativa da mídia,
segundo seu livro Orientalismo (2003), é cunhada como uma típica maneira ocidental
de entender o Outro, no caso o Oriente, portanto intitulada orientalismo.
Em resumo, os termos que a pesquisadora identificou na Veja, que se referiam
aos muçulmanos foram: “barbudos”, “fanáticos islâmicos ensandecidos”, “sociedades
dos turbantes”, “universo de turbantes”, “loucos de Alá” e “fanático muçulmano”; para
se referir aos terroristas foram utilizadas as seguintes expressões: “barbudinhos de
movimentos extremistas”, “fanáticos do Islã”, “soldados numa guerra santa contra o
Ocidente” e “fanáticos muçulmanos” (apud QUEIROZ, 2005, p.04). Contudo, além das
generalizações e discriminação claras na revista, há outro fator em comum com as teses
de Said, a questão do jornalismo de Veja de misturar Islã a fundamentalismo e outras
correntes fundamentalistas.
No complemento das análises de Said e Queiroz o pesquisador Jacques
Wainberg enfatiza que,
A imprensa é também acusada de construir e disseminar rótulos que
ajudam as pessoas a entender o mundo com base em certos
pressupostos ideológicos. Entre esses rótulos estão inúmeras
categorias de pensamento que estimulam a hostilidade contra o
inimigo. A retórica de guerra descreve o opositor como estrangeiro,
diferente, estranho, herege, e outros termos similares que estruturam
as imagens utilizadas nessas disputas. A excitação das emoções com
estereótipos marcantes e poderosos tem sido utilizada nos conflitos ao
longo da história. Suas páginas tornaram-se peças de propaganda
política e ódio. Rótulos estereotipados foram então utilizados à
exaustão na condenação do inimigo (WAINBERG, 2005, p.70).
Outro pesquisador contemporâneo do tema, o português Silvino Lopes Évora, da
Universidade do Minho, analisa no artigo científico O discurso mediático sobre o
terrorismo, a cobertura midiática, em Portugal, do atentado de 11 de setembro de 2001,
um ano depois da tragédia. Verifica desde editoriais até material noticioso de cunho
informativo. Segundo as primeiras análises, Évora identifica na opinião de editorialistas
do jornal Público o conteúdo em conformidade com a maneira de pensar do então
presidente americano Bush sobre a polarização de ideias, ou seja, de aproximação com
o “eixo de Bush”, contra o “eixo do Mal” (titulações pronunciadas em discursos pelo
presidente após os atentados fundamentalistas de 11 de setembro).
[...] o choque das imagens do colapso das Torres Gémeas, a que
grande parte do mundo assistiu ao vivo pela televisão, criou não só um
novo estado de espírito na opinião pública americana, como permitiu
ao presidente Bush, ao declarar guerra universal ao terrorismo, se
dirigisse a todas as nações, dizendo-lhes que tinham que se definir:
“Ou estão conosco, ou estão com os terroristas” (PÚBLICO: 11 /09
/2002 apud ÉVORA, 2011, p.15).
Évora aponta pesquisas realizadas pelo sociólogo francês Michel Maffesoli,
pronunciadas na Conferência Imaginários e Pós-modernidade, em que afirma que o
discurso da “Guerra contra o Mal” é a “denegação do outro, negando assim a
alteridade” (MAFFESOLI apud ÉVORA, 2011, p.16).
Maffesoli explica que a recusa da alteridade faz-se “através da projecção do
outro como o mal que precisa ser domesticado”, postura capaz de autenticar e legitimar,
porventura, uma ação militar, dado que o outro aparece, aos olhos da maioria, como um
ser “selvagem” (apud ÉVORA, 2011, p.17-8).
E vai além, explicando que a forma de simplificação praticada pela mídia
tradicional é entendida como forma deficiente de pensar, ou seja, “[...] nasce da
intolerância ou desconhecimento em relação à verdade do outro e da pressa de entender
e reagir ao que lhe apresenta como complexo” (ÉVORA, 2011, p.16).
Nesse sentido, Évora esclarece que houve uma premissa dicotômica no discurso
de Bush, visando às ações militares de invasão, que se seguiram na história:
Com a preocupação de mobilizar o maior número de países possível
contra o “Eixo do Mal”, é notório que Bush reconheceu, no 11 de
Setembro, uma mudança no paradigma histórico, consubstanciado
naquilo que Todorov considera como a transformação do estado de
equilíbrio inicial da história. O discurso de “Guerra ao Terrorismo”
não é senão a procura de construir um novo equilíbrio, que passa por
reprimir veementemente todos aqueles que são considerados membros
ou apoiantes da ala do mal, fazendo valer a força do bem. Isto
significa, procurar repor uma legalidade, entendendo que a ordem foi
quebrada com a manifestação da “barbárie” (ÉVORA, 2011, p.18).
Contudo, uma das conclusões importante a que Évora chegou na análise foi que
houve uma significativa influência do 11 de Setembro no jornalismo, tamanha que o
próprio jornalismo mudou o 11 de Setembro: “[...] a forma como os media trataram o
acontecimento influenciou sobretudo a percepção do acontecimento por parte do grande
público.” (ZELIZER apud ÉVORA, 2011, p.21).
Refletindo o resgate histórico
Dentre os estudos dos pesquisadores, dos jornalistas e dos historiadores vê-se
que o Islã está sendo trazido como imagem personificada negativamente ao longo da
história recente. Bem como se percebe que muito dessas representações são
estabelecidas atualmente com herança no passado, da literatura inglesa, como lembra
Fisk, ou também reeditado pela mídia internacional com fundamento em fontes
governamentais, militares e mesmo de intelectuais (chamados de think-thank por Noam
Chomsky em Manipulação do Público) engajados na política nacional, no caso,
estadunidense. Para tanto, quando se caracteriza o muçulmano como fundamentalista se
homogeniza diferenças do Islã.
E a quem isso interessa? A quem favorece esse
discurso? Esse Outro-Islã não apresenta controle discursivo algum sobre sua
representação no resgate histórico da literatura e do jornalismo explorado no artigo, e
sua diferença é ressaltada como o velho exotismo conceituado pela antropologia cultural
e reestudado pelos autores do pós-colonialismo cultural. A questão é esse “exótico” ser
reconfigurado na lógica político-social contemporânea como marginal pelo discurso
jornalístico apresentado, e as características culturais-religiosas desse Islã são
problematizadas como fundamentalistas ou terroristas dentro do cenário liberal que os
valores sociais modernos do Ocidente sobrepõem ao modo de viver do Outro-Islã;
identificando o muçulmano como fundamentalista, extremista, radical ou mesmo
terrorista.
Outra questão entendida no artigo é a resposta de recuperação conflituosa e
moralista advinda dos momentos de crise humanística, que acaba caracterizando o Islã,
como o Outro no seu estado pejorativo, ou seja, desdobra-se uma simbologia construída
culturalmente que confronta com os fatores que estão em cheque na dinâmica do
“conflito”. Por exemplo, no contexto de o 11 de setembro de 2001, identificou-se na
mídia o resgate de elementos sub-humanos para caracterizar o muçulmano como
demoníaco.
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Tensões nas representações do Islã na História