PROJETO CUIDAR/EDUCAR CRIANÇAS PEQUENAS NOS CEIs DA ASA PROGRAMA DE BOLSA PARA FORMAÇÃO CULTURAL DO INSTITUTO GIRASSOL THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO MERCADO MUNICIPAL DE SÃO PAULO EQUIPE ENVOLVIDA NA ELABORAÇÃO DESTE DOCUMENTO Maria Lucia de A. Machado - Fundação Carlos Chagas - coordenadora geral do Projeto Cuidar/educar crianças pequenas nas creches da ASA Ana Paula Dias Torres - Instituto Girassol - coordenadora do Programa de Formação Cultural do Insitituto Girassol Fabiano I Garcia - Pé na Estrada PROJETO CUIDAR/EDUCAR CRIANÇAS PEQUENAS NAS CRECHES DA ASA PROGRAMA DE BOLSA PARA FORMAÇÃO CULTURAL DO INSTITUTO GIRASSOL EQUIPE PARTICIPANTE Maria Inês de Paula Eduardo - Associação Santo Agostinho/ASA - Presidente Maria Cecília Pereira Leite - Instituto Girassol - Coordenação Geral Sueli A L. Ferreira - Associação Santo Agostinho/ASA - Coordenação Geral dos CEIs São Paulo, 27 de setembro de 2008 APRESENTAÇÃO O Projeto Cuidar/educar crianças pequenas nas creches da ASA tem como um de seus objetivos a formação integral de todos os profissionais que trabalham nas creches. O aprimoramento profissional é uma meta permanente e se dá em duas direções: na da formação específica, que qualifica para o trabalho com a criança de 0 até 6 anos, e na da formação pessoal, que permite a ampliação da bagagem cultural, do universo de conhecimentos e experiências de cada um. A partir do contato com o acervo de bens histórico-culturais presentes em museus, monumentos, edifícios, diferentes espaços públicos, e com as diferentes formas de manifestação e expressão artística, o Programa de bolsa para formação cultural de profissionais dos CEIs da ASA tem como objetivo oferecer aos participantes a possibilidade de: desenvolvimento profissional, tendo em vista a ampliação de conhecimentos que essas experiências irão propor; desenvolvimento pessoal, considerando que se apropriar desse patrimônio é imprescindível ao exercício pleno da cidadania; lazer e diversão saudável. É a partir desses pressupostos que estabelecemos, para os participantes do Programa de bolsa para Formação Cultural do Instituto Girassol, profissionais das creches da ASA, a visita ao Teatro Municipal de São Paulo e ao Mercado Municipal de São Paulo. A Pé na Estrada atividade educativa (www.penaestrada.org) foi a empresa selecionada para organizar o passeio. Sua equipe de professores e monitores irá acompanhar e coordenar todas as atividades relacionadas. A Pé na Estrada atividade educativa é uma empresa especializada em atividades na área educacional. Desde 1990 atua junto a instituições acreditando que uma aprendizagem significativa se concretiza a partir da vivência de diferentes realidades. A equipe do Projeto Cuidar/educar crianças pequenas nas creches da ASA, e da Pé na Estrada atividade educativa esperam que a visita ao Teatro Municipal e ao Mercado Municipal ofereça oportunidades para cada um ampliar seus conhecimentos sobre: a história e a geografia da cidade de São Paulo: o que foi e o que é hoje as pessoas que fizerem e fazem a cidade de São Paulo ser o que é hoje os diferentes estilos arquitetônicos, a arquitetura do teatro Municipal e do Mercado Municipal o papel do teatro como centro propulsor e difusor de cultura o papel do Mercado Municipal como centro distribuidor e agregador de produtos de origem variada FRANCISCO DE PAULA RAMOS DE AZEVEDO (1851 -1928) Paulistano que, jovem ainda, foi à Bélgica estudar Engenharia Civil, mas devido à qualidade de seus projetos, o Diretor da escola na Bélgica ordenou-lhe trocar o curso de engenharia pelo de arquitetura clássica, sendo muito influenciado a seguir pelo ecletismo arquitetônico. Recém-formado, estabeleceu-se na cidade de Campinas, projetando diversas residências e a Catedral da cidade de Campinas, vindo a estabelecer-se no final do séc. XIX na capital paulistana projetando algumas mansões da elite paulistana. Decidiu estabelecer na cidade de São Paulo um escritório técnico, que levou seu nome, o qual em pouco tempo se transformou no principal influenciador da arquitetura local. Ramos de Azevedo participou da fundação da Escola Politécnica junto de um grupo de aristocratas paulistas ligados às correntes políticas consideradas progressistas, estabelecendo na escola um modelo similar ao que experimentou na Europa. A cidade de São Paulo era carente de pessoal qualificado na área de construção civil, marcenaria, serralheria e outros ofícios, e sua ligação com o ensino também aconteceu quando se tornou diretor do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, onde promoveu uma reforma de ensino que tornaria a escola auto-suficiente e reconhecida em todo o país. Durante algumas décadas foi do escritório de Ramos de Azevedo que saíram praticamente todos os projetos residenciais da elite e os principais projetos públicos da cidade. Visitamos a Pinacoteca do Estado no semestre passado e hoje visitaremos outros dois projetos de seu escritório – o Teatro Municipal e o Mercado Municipal de São Paulo. TEATRO MUNICIPAL A indústria e o café movimentavam e faziam crescer a nossa cidade que não desejava deixar nada a dever aos grandes centros culturais do mundo – principalmente o Europeu. Com o incêndio do antigo teatro São José (Praça João Mendes), tornava-se imperativo a construção de um espaço cultural à altura das grandes companhias estrangeiras. O arquiteto Ramos de Azevedo e os italianos Cláudio Rossi e Domiziano Rossi iniciaram a construção em 1903 e, após oito anos de trabalho, o Teatro Municipal foi batizado pela ópera Hamlet, de Ambroise Thomas, diante de uma multidão de 20 mil pessoas, que se acotovelava às suas portas. São Paulo se integrava, então, ao roteiro internacional dos grandes espetáculos. Pelo palco do Teatro Municipal passaram nomes como Maria Callas, Enrico Caruso, Arturo Toscanini, Claudio Arau, Arthur Rubinstein, Ana Pawlova, Nijinsky, Isadora Duncan, Nureyev, Margot Fonteyn, Baryshnikov, Duke Ellington, Ella Fitzgerald, Vivien Leigh. A construção do Teatro Municipal foi considerada arrojada para a época. Recebeu influência da Ópera de Paris e sua arquitetura exterior tem traços renascentistas barrocos do século XVII. Em seu interior, muitas obras de arte. Bustos, bronzes, medalhões, paredes decoradas, cristais, colunas neoclássicas, vitrais, mosaicos e mármores garantem um banquete para os olhos do espectador mais atento. No período de 1912 a 1926, o teatro apresentou 88 óperas de 41 compositores, sendo dezessete italianos, dez franceses, oito brasileiros, quatro alemães e dois russos, totalizando 270 espetáculos. Mas o fato mais marcante do teatro no período e talvez em toda a sua existência não foi uma ópera e sim um evento que assustaria e indignaria grande parte dos paulistanos na época: a Semana de Arte Moderna de 1922. A Semana de Arte Moderna ocorreu na semana de 11 a 18 de fevereiro de 1922. Durante os sete dias de evento, houve uma exposição modernista e nas noites dos dias 13, 15 e 17 de fevereiro aconteceram apresentações de música, poesia e palestras sobre a modernidade no país e no mundo. O Modernismo pregava a ruptura de todo e qualquer valor artístico que existira até o momento – “movimento antropofágico” -, propondo uma abordagem totalmente nova à pintura , à literatura, à poesia e aos outros tipos de arte. A "Semana" contou com nomes já consagrados e outros futuros grandes expoentes do modernismo brasileiro, entre eles: Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfati e Menotti Del Pichia (o grupo dos cinco), além de Victor Brecheret, Heitor Villa Lobos e Di Cavalcanti. Dois grandes restauros marcaram as mudanças e renovações do Teatro. O primeiro, em 1951, com o arquiteto Tito Raucht, criou novos pavimentos para ampliar os camarins, reduziu os camarotes e instalou o órgão G. Tamburini. O mais recente, de 1986 a 1991, foi comandado pelo Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura, restaurando o prédio e implementando estruturas e equipamentos mais modernos. Hoje, o Teatro Municipal coordena escolas de música e dança e busca desenvolver cada vez mais o trabalho de seus corpos estáveis: a Orquestra Sinfônica Municipal, Orquestra Experimental de Repertório, Balé da Cidade de São Paulo, Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo, Coral Lírico e o Coral Paulistano. Uma estrutura de quase 900 pessoas, entre técnicos, artistas e funcionários que zelam pela casa. MERCADO MUNICIPAL Foi às margens do rio Tamanduateí, em uma área de 12.600 mts2 onde foi inaugurado no dia 25 de janeiro de 1933 o Mercado Municipal. Sua construção foi iniciada em 1926 com a finalidade de abrigar as diversas barracas existentes espalhadas pela região do Parque D. Pedro I, uma vez que o antigo “Mercado dos Caipiras” não atendia a demanda da cidade, que crescia a passos largos e necessitava de um mercado à altura de seu potencial econômico. Sua inauguração foi adiada em razão da Revolução Constitucionalista de 1932, sendo sua área utilizada, neste período, como paiol, ou seja depósito de armas e munições para o governo paulista. Obra do arquiteto Felisberto Ranzini do escritório de Ramos de Azevedo, que não chegou a ver a conclusão do prédio, pois veio a falecer dois anos após o início da obra. A obra contou com a contribuição do artista russo Conrado Sorgenicht nos vitrais que idealizou a pedido do próprio Ramos de Azevedo, Este último solicitou um documento histórico mostrando cenas do campo – da lida com o gado, da criação de animais e outras culturas e da colheita do café. O prédio demonstra o extremo cuidado com o planejamento e a funcionalidade dos espaços e com a iluminação artificial que se dá através das clarabóias e telhas de vidro. A área próxima ao rio Tamanduateí também foi estratégica, pois era por ele que São Paulo era abastecido com os produtos vindos de chácaras e sítios, do litoral e até do exterior. Foi o centro de abastecimento da cidade até o início dos anos 60, quando entrou em declínio com a abertura da CEAGESP. Sua demolição foi cogitada no início da década de 70 do século passado, porém foi tombada pelo CONDEPHAT, que é o orgão que cuida do patrimônio histórico artístico de nosso município. Passou por diversas reformas para atender às exigências de higiene e segurança, e no ano de 2004 passou por uma grande reforma, mantendo suas características originais e requalificando o mercado. O Mercadão – como é simpaticamente conhecido pelos paulistano e paulistas – que veem saborear com os olhos as cores e imagens de tantos produtos e também seus aromas, comemora 75 anos de existência, com um movimento de 350 toneladas de alimentos por dia em seus 291 boxes, recebendo em média 14 mil visitantes dia, sendo o mais tradicional espaço “gourmet” de nossa cidade. Bibliografia: ABREU, Capistrano. 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