Ano XII – Nº 52 – Março a Julho de 2014
Uma realização iniciada em 1990, com 14 trabalhos técnicos e uma
pequena Feira sob a marquise da Unidade da Sabesp, que hoje se tornou
o maior evento técnico mercadológico em saneamento da América Latina.
PPPs e SPEs: o equilíbrio
entre o público e o privado
Modelos estruturais das PPPs (Parcerias
Público-Privadas) e SPEs (Sociedades
de Propósito Específico) emergem como
parceria necessárias para grandes obras de
infraestrutura do País.
Necessidade de água para
suprir Sistema Cantareira
O secretário Mauro Arce
fala sobre a crise hídrica
A chuva não veio, o nível do Sistema
Cantareira despencou e ficou exposta a
fragilidade do abastecimento na região mais
rica do País. Como está o planejamento
para suprir a escassez de água?
Em meio a mais severa escassez de água
num histórico de 84 anos, o Secretario de
Saneamento e Recursos Hídricos do Estado
de São Paulo, Mauro Arce, fala sobre a
situação e medidas para contê-la.
������������������������°
r���������
fenasan 30 de Julho a 01 de agosto
Tel�������17��33�1-�101�����bomba�leao�leao.com.br��������.leao.com.br
��a��eba����o���ore�e��400������o��e����l��a�l���a�-�������������14730-000
Editorial
Prezados associados, congressistas, expositores e
visitantes do 25º Encontro Técnico e Fenasan 2014,
Comemoramos, nesta edição especial da Revista Saneas, um momento histórico:
a celebração de 25 anos de realização do Encontro Técnico da Associação dos
Engenheiros da Sabesp, em caráter simultâneo com a Fenasan - Feira Nacional
de Saneamento e Meio Ambiente.
Como vocês poderão ver na matéria sobre a nossa história, em 1990, nosso
1º Encontro Técnico foi realizado no Auditório “Augusto Ruschi” da Cetesb e os
estandes com os nossos primeiros expositores foram reunidos numa pequena
feira, montada sob a marquise da sede da Sabesp, no Complexo Costa Carvalho,
em Pinheiros. Apesar desse início modesto, a missão da AESabesp era grande e
exigiu, a cada ano, espaços cada vez maiores para abrigar os objetivos de difundir novos estudos e conceitos, bem como promover a inovação tecnológica, o
intercâmbio de conhecimentos e a abertura do mercado brasileiro.
Dessa forma, tomamos novos rumos, levando a Feira e o Encontro para o Instituto de Engenharia de São Paulo; depois para o Centro de Convenções do Hotel
Transamérica, para o prédio principal da Bienal do Ibirapuera e finalmente, em
2003, veio para o Expo-Center Norte, nos diversos e modernos pavilhões onde
permanece até hoje, tornando este o maior evento técnico e mercadológico em
saneamento ambiental da América Latina. E já adiantamos que, em 2015, estaremos no Pavilhão Vermelho desse Complexo, com mais de 17.000 m2, para mais
uma pujante edição em 26, 27 e 28 de Agosto.
Além da comemoração dos nossos 25 anos, a Saneas traz, nesta edição, assuntos
que interessam a todos os agentes do setor, como a importância da fusão entre
as empresas públicas e privadas, por meio das PPPs e SPEs, e o momento da crise
hídrica no Estado de São Paulo, que vive sua maior estiagem dos últimos 84
anos, comprometendo todo o abastecimento metropolitano e, principalmente,
o Sistema Cantareira.
Agradecemos nesta oportunidade aos nossos expositores, entre os quais estão
as maiores empresas brasileiras do setor de saneamento ambiental e muitas
de outros países, que enxergam no Brasil um novo mercado. E da mesma forma, agradecemos aos nossos associados e dirigentes que compõem a Comissão
Organizadora, aos congressistas e aos visitantes desse evento, público este formado pelos mais capacitados profissionais do setor.
Muito obrigado, ótima leitura e um excelente evento a todos.
Eng. Reynaldo E. Young Ribeiro
Presidente da AESabesp
Março a Julho de 2014
Saneas
3
Índice
Expediente
Saneas é uma publicação técnica da Associação dos Engenheiros da Sabesp
Tiragem: 10.000 exemplares
Diretoria Executiva
Presidente: Reynaldo Eduardo Young Ribeiro
Vice-presidente: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges
1º Secretário: João Augusto Poeta
2º Secretário: Aram Kemechiam
1º Diretor Financeiro: Walter Antonio Orsatti
2º Diretor Financeiro: Nelson Cesar Menetti
Diretoria Adjunta
Cultural: Sonia Maria Nogueira e Silva
Esportes: Evandro Nunes de Oliveira
Marketing: Paulo Ivan Morelli Franceschi
Polos: Antônio Carlos Gianotti
Projetos Socioambientais: Maria Aparecida Silva de Paula
Social: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges
Técnica: Olavo Alberto Prates Sachs
06
matéria Especial
PPPs e SPEs: o equilíbrio entre
o público e o privado
13 Matéria tema
SOS Sistema Cantareira
18 Entrevista
Para o secretário Mauro Arce, a atual crise exige medidas ininterruptas
ponto de vista
22 Água: Bem Público de Valor Incerto
25 Água e guerra
Hitórico
26 Anos de Encontro Técnico e Fenasan
30 A importância atual do Encontro Técnico e Fenasan
32 Regional
Encontro Técnico Estadual de Saneamento Ambiental de Lins
36 Acontece no setor
Artigo técnico
42 O aprimoramento da gestão para estabelecimento do sistema de tratamento de
esgotos no município de Mogi Mirim (estudo de caso - sesamm)
49 Métodos alternativos de adsorção de metais pesados no chorume
58 O engenheiro Saturnino de Brito e o urbanismo sanitarista
Conselho Deliberativo
Antonio Carlos Gianotti, Benemar Movikawa Tarifa, Carlos Alberto de Carvalho,
Carlos Augusto Pleul, Cid Barbosa Lima Junior, Dejair José Zampieri, Evandro Nunes
de Oliveira, Gilberto Alves Martins, Iara Regina Soares Chao, Ivan Norberto Borghi,
Luciomar Santos Werneck, Maria Aparecida Silva de Paula, Paulo Ivan Morelli
Franceschi, Rodrigo Pereira de Mendonça, Sonia Maria Nogueira e Silva
Conselho Fiscal
Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, Nelson Luiz Stabile
Conselho Editorial - Jornal AESabesp e Revista Saneas
Coordenador: Luciomar Santos Werneck
Colaboradores: Luiz Yukishigue Narimatsu, Nivaldo Rodrigues da Costa Jr e
Paula Rosolino
CoordenadorA de Assuntos Tecnológicos
Marcia de Araújo Barbosa Nunes
Comissão Organizadora do 25º Encontro Técnico AESabesp Fenasan 2014
Presidente da Comissão: Gilberto Alves Martins
Coordenadora do Encontro Técnico AESabesp: Sonia Maria Nogueira e Silva
Coordenador da Fenasan: Olavo Alberto Prates Sachs
Membros da Comissão: João Augusto Poeta, Maria Aparecida Silva de Paula,
Nélson César Menetti, Paulo Ivan Morelli Franceschi, Reynaldo Eduardo
Young Ribeiro, Sonia Maria Nogueira e Silva, Tarcisio Luis Nagatani,
Walter Antonio Orsatti
Equipe de apoio: Maria Flávia S. Baroni, Maria Lúcia da Silva Andrade,
Monique Funke, Paulo Oliveira, Rodrigo Cordeiro, Vanessa Hasson
POlos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP
Coordenador dos Polos da RMSP: Rodrigo Pereira de Mendonça
Polo AESabesp Costa Carvalho e Centro: Claudia Bittencourt
Polo AESabesp Leste: Antonio Carlos Roda Menezes
Polo AESabesp Norte: Eduardo Bronzatti Morelli
Polo AESabesp Oeste: Aurelindo Rosa dos Santos
Polo AESabesp Ponte Pequena: Alisson Gomes de Moraes
Polo AESabesp Sul: Antonio Ramos Batagliotti
POlos AESabesp Regionais
Diretor de Polos: Antonio Carlos Gianotti
Polo AESabesp Baixada Santista: Zenivaldo Ascenção dos Santos
Polo AESabesp Botucatu: Leandro Cesar Bizelli
Polo AESabesp Caraguatatuba: Sidney Morgado da Costa
Polo AESabesp Franca: Mizue Terada
Polo AESabesp Itatiba: Carlos Alberto Miranda Silva
Polo AESabesp Lins: Marco Aurélio Saraiva Chakur
Polo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto
Polo AESabesp Vale do Paraíba: Sérgio Domingos Ferreira
63 Especial IFAT 2014
Participação da AESabesp na IFAT ENTSORGA 2014
Órgão Informativo da Associação dos Engenheiros da Sabesp
Projetos Socioambientais
66 Projeto Ecoeventus AESabesp desenvolvido pela Diretoria de Projetos
Socioambientais AESabesp
68 Novidades do Prêmio AESabesp aos expositores
68 Prêmio Jovem Profissional
REDAÇÃO
Ednaldo Sandim e Lúcia Andrade
69 Vivências
Plínio Montoro - Na corrida que nos mantém sãos e salvos
4
Saneas
Jornalista Responsável
Maria Lúcia da Silva Andrade – MTb. 16081
PROJETO VISUAL GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
Neopix Design
[email protected] | www.neopixdesign.com.br
Associação dos Engenheiros da Sabesp
Rua Treze de Maio, 1642, casa 1
Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/SP
Fone: (11) 3284 6420 - 3263 0484
Fax: (11) 3141 9041
[email protected]
www.aesabesp.org.br
Março a Julho de 2014
matéria tema
PPP
s E SPEs:
o equilíbrio entre o público e o privado
Nessa edição especial da Saneas para a Fenasan 2014,
trazemos um tema de extremo interesse, tanto aos leitores
que são agentes da esfera pública, quanto dos setores
privados, com foco nas grandes obras de infraestrutura do
País, especialmente no setor de saneamento. Tratam-se
dos modelos estruturais das PPPs (Parcerias PúblicoPrivadas) e SPEs (Sociedades de Propósito Específico).
matéria tema
PPPs para a otimização de
infraestrutura
usuários não são suficientes para equilibrar os investimentos realizados pelo parceiro privado. Ou
seja, o poder público adiciona às tarifas cobradas
dos usuários uma remuneração complementar por
meio de aportes regulares de recursos orçamentários (contraprestações do poder público) ao parceiro privado.
Segundo a legislação federal, a PPP é um contrato de prestação de obras ou serviços cujo montante não deve ser inferior a R$ 20 milhões e cuja
duração deve ser de no mínimo 5 e no máximo de
35 anos. As PPPs diferem da lei de concessão comum pela forma de remuneração do parceiro privado. Na concessão comum, o pagamento é realizado com base nas tarifas cobradas dos usuários
dos serviços concedidos. Já nas PPPs, o agente privado é remunerado exclusivamente pelo governo
ou numa combinação de tarifas cobradas dos usuários dos serviços mais recursos públicos.
Na esfera federal há um Comitê Gestor da PPP
(CGP) formado por representantes dos Ministérios
do Planejamento, da Fazenda e da Casa Civil. É o
comitê quem ordena, autoriza e estabelece critérios
para a seleção de projetos da PPP. Após essa etapa,
o Ministério do Planejamento passa a coordenar as
Parecerias Público-Privadas. O pagamento ao sócio
privado só é feito quando as obras e serviços firmados pelo contrato estiverem prontos. Conforme o
serviço é prestado, é realizada uma avaliação peri-
As parcerias público-privadas, ou PPPs, como são
mais conhecidas, são hoje uma das principais opções para realização de investimentos em infraestrutura. Em novembro de 2013, a Global Water Intelligence, empresa líder de mercado na análise da
indústria internacional de saneamento, publicou
um relatório no qual afirmava que um bilhão de
pessoas no mundo têm os serviços de água e esgoto prestados pelo setor privado sob a forma de parcerias público-privadas, concessões e privatizações.
De acordo com esse relatório, entre dezembro
de 2012 e novembro de 2013, 102 novos contratos
com o setor privado foram assinados no grupo dos
países em desenvolvimento conhecido como Brics
(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). No Brasil, a União, os Estados e os Municípios, por meio
das PPPs, tem podido selecionar e contratar empresas privadas que ficam responsáveis pela execução
de obras e prestação de serviços de interesse público por prazo determinado. Recentemente 13 novos
contratos foram assinados, atendendo 8,5 milhões
de pessoas, sendo 6,5 milhões delas somente nos
serviços de esgotamento sanitário.
Duas Leis Federais regem as PPPs, a lei nº
8.987/1995 e a lei nº 11.079/2004. A primeira dedica-se às chamadas concessões comuns. Já a lei de 2004
trata das concessões administrativas e patrocinadas.
A concessão administrativa
é aquela na qual, em função do
contexto do serviço de interesse público a ser prestado pelo
parceiro privado, não é factível
ou apropriado que ocorra a cobrança de tarifas dos usuários
de tais serviços. Nesse caso, a
remuneração do parceiro privado provém integralmente de
aportes regulares de recursos
orçamentários do poder público com quem o parceiro privado tenha celebrado o contrato
de concessão.
Já na concessão patrociAs PPPs estão presentes em projetos de saneamento
nada, as tarifas cobradas dos
Março a Julho de 2014
Saneas
7
matéria tema
ódica, geralmente mensal, do desempenho do prestador de serviço, comparativamente aos padrões de
desempenho estabelecidos em contrato.
Se observadas as regras, o governo remunera a
contraprestação devida. Caso contrário, é realizada
dedução no pagamento, nos termos também previstos no contrato. Nos contratos de Parceira Público-Privado devem constar algumas obrigações como:
■■ Penalidades aplicáveis ao governo e ao parceiro
privado em caso de inadimplência, proporcional
à gravidade cometida;
■■ Formas de remuneração e de atualização dos valores assumidos no contrato;
■■ Critérios para a avaliação do desempenho do
parceiro privado;
■■ Apresentação, pelo parceiro privado, de garantias de execução suficientes para a realização da
obra ou serviço.
Há pouco tempo, no entanto, havia sérias restrições à utilização de recursos públicos para o saneamento. Somente em junho de 2013, foi que o
Ministério das Cidades revogou uma medida que
proibia o uso desses recursos em investimentos da
área que estivessem a cargo de concessionárias privadas ou PPPs. Até então, recursos do Orçamento
Geral da União (OGU) só podiam ser liberados para
empresas públicas de água e esgoto.
A decisão, constante da Portaria 280 da pasta,
possibilita investimentos de peso, como por exemplo, um projeto de R$ 4,5 bilhões para universalização do serviço de esgoto na região metropolitana do
Recife. O projeto será tocado por uma PPP formada
pelo governo do Estado e pela Foz do Brasil, uma
empresa do grupo Odebrecht e Lidermac Construções. Segundo especialistas, a restrição à participação privada no saneamento se justificava pelo fato
de os peritos na área estarem no setor público. Agora, porém, já há conhecimento nas empresas, o que
permite a abertura dada pelo ministério.
As PPPs estaduais
Os estados podem elaborar suas próprias leis de
PPPs. Há diversos projetos pelo Brasil, desde ações
nacionais até estaduais, como no Rio Grande Sul,
Santa Catarina, Piauí, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Pernambuco.
Em São Paulo, o programa de Parcerias Público-Privadas do Estado foi instituído pela Lei nº 11.688,
sancionada pelo governador Geraldo Alckmin em
19 de maio 2004. Para o governo paulista, o sucesso das concessões rodoviárias e da distribuição
de gás natural criou um ambiente muito favorável
para a implementação de Parcerias Público-Privadas. Atualmente são três contratos de PPP em
operação: Linha 4 do Metrô, Estação de Tratamento
de Água de Taiaçupeba (Sistema Alto Tietê) e trens
dedicados à Linha 8 da CPTM.
Nas áreas que desenvolvem projetos de PPP no
Estado de São Paulo estão saneamento e transporte,
sendo metropolitano, rodoviário, aéreo e ferroviário.
Entre os setores que apresentam potencial para projetos de PPP destacam-se: saúde, habitação, energia,
educação, presídios e governo eletrônico.
A coordenação técnica do Programa Estadual de
Parcerias Público-Privadas é exercida pela Unidade
de PPP, criada pelaLei nº 11.688, de 19/05/2004, e
vinculada à Secretaria de Economia e Planejamento (atual Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional).
Em agosto do ano passado, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Sabesp, assinou o
contrato da PPP do Sistema Produtor de Água São
Lourenço. A obra ampliará a capacidade de produção de água tratada para a Região Metropolitana
de São Paulo em 4.700 litros por segundo. Serão
beneficiados diretamente 1,5 milhão de moradores de Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira,
Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. A
iniciativa também trará benefícios indiretos para
toda a Região Metropolitana de São Paulo, já que o
As PPPs tem sido consideradas um importante avanço para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida, uma vez que liberam o Estado da
necessidade de aporte de recursos para investimentos em infraestrutura.
8
Saneas
Março a Julho de 2014
matéria tema
Anúncio da PPP para o Sistema Produtor de Água São Lourenço, feito pelo Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin.
novo sistema produtor aumentará a oferta de água
e será interligado a outros sistemas existentes.
As PPPs tem sido consideradas um importante
avanço para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida, uma vez que liberam o Estado da necessidade de aporte de recursos para investimentos
em infraestrutura, ficando este investimento a cargo
de empresas privadas (“concessionárias”) o que pode
significar ganhos no orçamento público e o direcionamento dos investimentos para outras áreas igualmente importantes. Apesar disso, alguma PPP tem
como concessionárias empresas estatais, tal cenário
tende, no entanto, a ser menos frequente.
O fato de o Estado descentralizar a realização
dos investimentos em infraestrutura para empresas
privadas, entretanto, não o exime da responsabilidade de acompanhar e fiscalizar o modo como os
serviços vem sendo prestados.
As SPEs (Sociedades de Propósito
Específico) derivadas das PPPs
A Lei nº 11.079 que regulou as Parcerias Público-Privadas tratou, em seu artigo 9º, da constituição das
Sociedades de Propósito Específico SPEs no âmbito das PPPs. Trata-se de um modelo de organização
empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa que tanto pode ser limitada como também uma
sociedade anônima com um objetivo específico.
As SPEs podem ser definidas como sociedades de
objeto exclusivo e geralmente, têm como principal
objetivo desmembrar determinados ativos e riscos de
Março a Julho de 2014
forma efetiva dentro de uma operação. Portanto, a
eficiência de uma SPE depende, em grande parte, do
seu grau de independência em relação às demais partes e atividades envolvidas em determinado projeto.
Caso seja constituída sob a forma de companhia aberta (Sociedade Anônima), a SPE poderá
colocar valores mobiliários no mercado. Com isso,
a SPE poderia, por exemplo, emitir debêntures ou
ações, visando captar recursos junto ao mercado
para financiar a própria execução do projeto.
Independentemente de ser constituída sob a
forma de sociedade anônima ou limitada, a SPE
deve seguir determinados padrões de governança
corporativa, além de adotar contabilidade e demonstrações financeiras também padronizadas, na
forma que vier a ser regulamentada. No que diz
respeito às parcerias público-privadas, essas medidas servem para dar transparência e contribuem
para o controle das atividades das SPEs.
De acordo com a legislação brasileira, a Administração Pública não pode ser a titular da maioria
do capital votante da SPE. Por outro lado, uma vez
aprovado o grupo controlador da SPE, uma possível transferência de controle da SPE dependerá de
autorização prévia da Administração Pública, o que
contribui para conferir certa estabilidade para o parceiro público e os demais participantes do projeto.
Dentro dos custos de uma PPP deve ser considerado que uma SPE é tributada como uma pessoa
jurídica comum, o que representaria um custo importante para o projeto.
Saneas
9
PPPs e SPEs realizadas com a Sabesp
AMPLIAÇÃO DO SISTEMA PRODUTOR ALTO TIETÊ
10
Capacidade de produção:
15.000 l/s (Ampliação da Capacidade do Sistema de 10 para
15.000 l/s)
Região atendida:
Zona Leste da capital e os municípios de Arujá,
Itaquaquecetuba, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Suzano, Mauá,
Mogi das Cruzes, parte de Santo André e dois bairros de
Guarulhos (Pimentas e Bonsucesso).
SPE:
CabSpat, empresa formada pela Galvão Engenharia S.A. e
Companhia Águas do Brasil (CAB Ambiental).
Cronograma:
Junho de 2008: assinatura do contrato; fevereiro de 2009:
Operação dos Serviços e início das obras; agosto 2011: início
da operação da ampliação 15 m³/s.
População beneficiada:
Início contrato: 3,5 milhões / Final contrato: 5 milhões
Investimento:
R$ 300 milhões
Obras envolvidas:
Ampliação da ETA Taiaçupeba, construção de 17,7 km
de adutoras de 400 a 1.800mm, quatro reservatórios com
capacidade total de 70 milhões de litros, tratamento e
disposição final de lodo dos decantadores e manutenção
eletromecânica, de barragens e serviços auxiliares de adução
e entrega.
Controle Acionário:
95% CAB ambiental 5% Galvão
Tipo de parceria:
PPP administrativa
Presidente:
Mário de Queiroz Galvão
Saneas
Março a Julho de 2014
PPPs e SPEs realizadas com a Sabesp
SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTOS
NO MUNICÍPIO DE MOGI MIRIM
Índice de Tratamento de
Esgotos
De Zero para 65%
Município atendido
Mogi Mirim
SPE
SESAMM - Serviços de Saneamento de Mogi Mirim S/A
Cronograma
Setembro de 2008: assinatura do contrato; maio de 2009: obtenção
LI; abril de 2009: Início das Obras Coletores e Emissários; abril
de 2010: início das obras da ETE; maio de 2012: liberação de LO;
junho de 2012: inauguração do sistema; junho de 2012: início da
operação.
População beneficiada
56.550 habitantes
Investimento
R$ 53 milhões
Obras envolvidas:
Emissário por gravidade Mogi Mirim, Estação Elevatória de Esgotos,
Linha de recalque, emissário final, Coletor Tronco Lavapés (SB07), Coletor Tronco Mogi Mirim (trecho Pça. Lions até Rua Antônio
Ravagnani), Coletor Tronco Santo Antônio (SB-06), Coletor Tronco
Mogi Mirim (trecho Rua Antônio Ravagnani até SP-147), Coletor
Tronco do Boa (SB-16), Estação de Tratamento de Esgotos.
Controle Acionário:
58% OHL Médio Ambiente, 36% Sabesp e 7% ETEP houve
alteração de OHL para GS Inima Brasil e ETEP para ECS Operações
Tipo de parceria:
Concessão
Dirigentes:
Carlos Roberto Ferreira (Diretor Presidente) e Eliane Rodrigues de
Almeida Florio (Diretora Técnica)
Março a Julho de 2014
Saneas
11
PPPs e SPEs realizadas com a Sabesp
SISTEMA PRODUTOR DE ÁGUA SÃO LOURENÇO
12
Capacidade de produção
4.700 l/s
Região atendida
Municípios diretamente atendidos: Barueri, Carapicuíba,
Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande
Paulista.
SPE
Sistema Produtor São Lourenço S.A (parceria entre as
construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa)
Cronograma
Abril 2018 (previsão contratual)
População beneficiada
1,5 milhão de pessoas
Investimento
R$ 2,21 bilhões
Obras envolvidas:
Captação e elevatória de água bruta, adução de água bruta
por recalque (2100 mm), chaminé de equilíbrio, adução de
água bruta por gravidade, estação de tratamento, linhas
de adução de água tratada, reservatório de compensação,
interligações nos sistemas de abastecimento existentes (Alto
Cotia, Baixo Cotia e Cantareira).
Controle Acionário:
50% Andrade Gutierrez e 50% Camargo Corrêa
Tipo de parceria:
PPP administrativa
Presidente da SPE:
Roberto Carlos Deutsch
Saneas
Março a Julho de 2014
matéria tema
matéria tema
No primeiro semestre de 2014, a mídia divulgou
a vertiginosa queda dos níveis do Sistema Produtor
de Água Cantareira. Considerado um dos maiores
do mundo, o Cantareira ocupa uma área total de
2.279,5 km2, abrange 12 municípios – quatro deles
situados no Estado de Minas Gerais (Camanducaia,
Extrema, Itapeva e Sapucaí-Mirim) e oito no Estado
de São Paulo (Bragança Paulista, Caieiras, Franco da
Rocha, Joanópolis, Nazaré Paulista, Mairiporã, Piracaia e Vargem), cinco bacias hidrográficas e seis
reservatórios. Os reservatórios que compõem esse
Sistema situam-se em diferentes níveis sendo interligados por 48 km de túneis, fornecendo 33 m3/s de
água para o abastecimento da Região Metropolitana
de São Paulo (RMSP).
Porém, se os números que descrevem a grandeza do Sistema impressionam, os números que
foram noticiados entre os meses de janeiro e maio
geraram um estado de alerta a toda população da
RMSP. O nível despencou de 27,2% para preocupantes 10,5%.
A escassez de chuvas (entre novembro de 2013
e fevereiro de 2014 choveu 36,3% do esperado) e
Cronologia
das ações
O governo do Estado de São Paulo,
por meio da Sabesp, adotou várias
medidas na tentativa de evitar
postergar o desabastecimento:
14
Saneas
o atraso nas obras do Sistema São Lourenço expuseram a fragilidade do abastecimento de água na
região mais rica do País. A imprensa questionou a
falta de planejamento dos órgãos responsáveis e a
demora na tomada de providências.
O período atual é normalmente de pouca chuva,
no entanto, o mês de junho na cidade de São Paulo foi bem mais seco do que o normal. Segundo os
registros do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) foram 8 mm de chuvas desde o início do mês
contra uma média histórica de 50mm. Com a falta
de chuvas, o nível do reservatório continua a cair
de 0,1% a 0,2% ao dia. Aproximadamente 50 dias
depois, o volume útil e a reserva técnica somavam
cerca de 20% do total da represa.
Utilizar a reserva técnica foi o mesmo que sacar
uma carta da manga. No entanto, trata-se de uma
medida emergencial e, como sabido, de um estoque finito. Para utilização de 182,5 bilhões de litros
dessa reserva composta por 400 bilhões de litros de
água foram instaladas 17 bombas. De acordo com o
Estado, essa medida será suficiente para abastecer
as cidades servidas pelo reservatório até a próxima
1º de fevereiro
10 de março
É lançado pela Sabesp o
programa de desconto
de 30% na conta para os
clientes que reduzirem
em 20% o consumo
médio mensal, tendo
como referência a média
de consumo entre os
meses de fevereiro de
2013 e janeiro de 2014;.
A Agência Nacional de Águas
(ANA) e o Departamento de
Água e Energia Elétrica de São
Paulo (DAEE) reduzem a vazão
máxima de captação de água do
Cantareira de 31 para 27,9 m³/s.
11 de março
O Sistema Guarapiranga passa a
abastecer cerca de 1,6 milhão de
pessoas que eram originalmente
abastecidas pela água do
Cantareira. No dia 6 já havia sido
anunciada medida semelhante
para 1 milhão de pessoas que
passaram a ser abastecidas pelo
Sistema Alto Tietê.
Março a Julho de 2014
matéria tema
temporada de chuvas. Nem todos concordam com a
avaliação otimista do governo.
A solução mais efetiva deve vir com o Sistema
São Lourenço, uma parceria público-privada (PPP)
que deve acrescentar 4.700 litros por segundo ao
que hoje é produzido e, segundo a Sabesp irá beneficiar diretamente 1,5 milhão de moradores de
Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana
de Parnaíba e Vargem Grande Paulista.
A iniciativa também trará benefícios indiretos
para toda a Região Metropolitana de São Paulo, já
que o novo sistema além de aumentar a oferta de
água, será interligado a outros sistemas existentes. A
previsão, porém, é de que suas obras somente estejam
concluídas em abril de 2018 (previsão contratual).
Com uma baixa disponibilidade hídrica por habitante, somente comparável às áreas mais secas, como
as do Nordeste do Brasil e localizada em uma região de
cabeceira com agravante de possuir o maior aglomerado urbano do país, a RMSP passa por uma estiagem
que, segundo modelos estatísticos do Centro Tecnológico de Hidráulica e Recursos Hídricos da USP (Universidade de São Paulo), só acontece a cada 3378 anos.
Fevereiro de 2014: Situação do Sistema Cantareira em,quando
começou o desconto na conta para quem economizasse
Em tempos normais os índices pluviométricos ficariam na faixa de 1.300 mm por ano, mas é preciso
lembrar que grande parte de nossos cursos de água
não são propícios ao tratamento. A RMSP, para se
sustentar, depende da importação de água de bacias vizinhas, como é o caso do Sistema Cantareira.
É o que os técnicos chamam de reversão, o melhor
exemplo ocorre nas cabeceiras do Rio Piracicaba, ao
norte da Bacia do Alto Tietê. A extensa ocupação
17 de março
21 de abril
15 de maio
Iniciadas as obras nas represas de Nazaré Paulista
e Joanópolis para a captação da reserva técnica. Ao
custo de R$ 80 milhões, a obra ficou conhecida como a
captação do volume morto, reserva de 400 milhões de m³
de água, localizados abaixo do nível usual de captação.
O governador Geraldo
Alckmin anuncia que
os moradores da
RMSP abastecidos
pelo Cantareira, seriam
multados caso excedessem
seu consumo em 30%
da média medida entre
fevereiro de 2013 e janeiro
de 2014. A medida estava
prevista para ocorrer entre
os meses de maio e junho,
porém, nenhuma multa foi
aplicada e, aparentemente,
não há previsão para o
início dessa medida.
É iniciado pela Sabesp o
bombeamento de cerca
de 180 bilhões de litros
de água, provenientes da
reserva técnica.
O nível passa de 8,2%
para 24,7%. A medida
tem como prognóstico
do governo, a garantia
de água até o início do
período de chuvas em
novembro.
18 de março
O Governo do Estado de São Paulo pede autorização
federal para utilização das águas do Rio Paraíba do Sul.
A obra é avaliada em R$ 500 milhões e tem previsão de
até dois anos para ser concluída. O governo do Rio de
Janeiro se posiciona contra o projeto, alegando que a
utilização desta água interferiria no abastecimento de 11
milhões de pessoas no estado do Rio de Janeiro.
31 de março
O governo anuncia a ampliação do bônus de 30%,
antes destinado apenas aos 11 municípios
abastecidos pelo Cantareira.
Março a Julho de 2014
Saneas
15
matéria tema
urbana da região também oferece altos riscos de
poluição e de contaminação dos mananciais. Já as
tentativas de expansão deste sistema irão requerer
novas reversões e dependerão de negociação com
as bacias vizinhas, já que a região, como um todo,
apresenta fortes demandas de abastecimento, industrial e agrícola.
A disputa pelo Paraíba do Sul
A proposta do governo de captar água do Rio Paraíba
do Sul para abastecer a RMSP abriu uma disputa entre São Paulo e o Rio. O governo paulista apresentou
uma proposta pra usar o rio, que passa por três estados, em épocas de seca no Sistema Cantareira.
O problema é que o Paraíba do Sul já atende
a maior parte dos cariocas e a divisão, segundo a
Cedae, Companhia de Água e Esgoto do Rio de Janeiro, poderia comprometer o abastecimento de 11
milhões de famílias.
A Agência Nacional de Águas (ANA) ainda não
se pronunciou sobre o assunto. Enquanto isso, o
Sistema Cantareira, que abastece oito milhões de
pessoas na Grande São Paulo vai perdendo água.
Segundo o governo de São Paulo, a obra poderia
ser iniciada em quatro meses e levaria outros 14
meses para ficar pronta. A estimativa é de que sejam gastos R$ 500 milhões.
A Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro informou que estudos, ainda em elaboração, apontam
que a disponibilidade hídrica atual já apresenta problemas no período de estiagem. E mesmo que São
Paulo construa reservatórios, a proposta de captação de água pode agravar essa situação. Estudiosos
são unânimes em dizer que a Região Metropolitana
de São Paulo, que fica num planalto é muito seca e
que os poucos rios que há na região, como o Tietê,
estão completamente poluídos.
As condições do Paraíba do Sul
“As águas de onde surgiu a imagem da padroeira do
Brasil, Nossa Senhora Aparecida, clamam hoje por
misericórdia”. De acordo com dados levantados na
região, a realidade do Rio Paraíba do Sul não é muito
diferente da outros rios que cruzam o Estado.
Com uma área de 56.500 km², a bacia do rio Paraíba do Sul abrange não só as regiões do Vale do
Paraíba Paulista e Fluminense, mas também o No-
16
Saneas
roeste Fluminense e grande parte da Zona da Mata
Mineira, uma área que banha 88 municípios em Minas Gerais, 57 no Rio de Janeiro e 39 em São Paulo.
Seu território é quase completamente antrópico,
com pouca Mata Atlântica original. Várias represas,
destinadas à provisão de água ou a produção de eletricidade para as populações da bacia e também da
Região Metropolitana do Rio de Janeiro distribuem-se ao longo do curso do rio. Por esse motivo, o rio
encontra-se hoje em estado ecológico crítico, com
margens assoreadas e 40% da sua vazão desviada
para o Rio Guandu. Além disso, suas águas também
são utilizadas para abastecimento industrial, preservação da flora e fauna e disposição final de esgotos.
Atualmente, o Rio Paraíba do Sul recebe esgotos da maioria dos municípios pelos quais passa.
A Universidade de Taubaté (Unitau) em um estudo
realizado a alguns anos, revelou que o rio possui
um alto nível de poluentes, que podem oferecer
riscos de danos genéticos e de câncer em organismos aquáticos e humanos. Para a pesquisa foi realizada a coleta e a análise de amostras de água, no
período de três anos, nos municípios de Tremembé e Aparecida, que são as áreas mais poluídas do
trecho paulista. Os resultados apontaram para a
presença de substâncias que são tóxicas às células,
como metais pesados (principalmente alumínio e
ferro), inseticidas e herbicidas, substâncias danosas
ao ecossistema. Seu efeito principal é a perda de
diversidade biológica no rio. No homem, por meio
da Magnificação trófica, pode causar patologias,
chegando a casos de câncer.
Os principais agentes poluidores distribuem-se
entre: resíduos industriais, extrativistas, da pecuária
e da agricultura. Há também os danos causados pela
extração mineral de areia, que altera o curso do rio,
derruba suas matas ciliares além de causar maior assoreamento, contribuindo para uma menor vazão de
água o que dificulta a recuperação do rio em todo o
seu curso, contudo, estudos apontam como sendo o
problema mais preocupante o esgoto urbano.
A escassez de chuvas em São Paulo não apenas
reduz o nível de mananciais, mas traz a tona problemas estruturais e suscita importantes discussões
como a conservação de nossos recursos hídricos e a
seriedade com que o assunto vem sendo tratado nas
últimas décadas.
Março a Julho de 2014
matéria tema
AESabesp faz visita técnica
ao Sistema Cantareira
Um grupo Diretores e Conselheiros da AESabesp, formado pelo presidente Reynaldo Young Ribeiro; diretores Olavo Prates Sachs (técnico), Sonia Nogueira
e Silva (cultural) e Walter Orsatti (financeiro); coordenadores Rodrigo Pereira de Mendonça (Polos da
RMSP) e Aurelindo Rosa Santos (RMSP Oeste), realizou na última sexta feira, 27.06, uma visita técnica ao
Sistema Cantareira para conhecer mais detalhes sobre
o funcionamento operacional da chamada Reserva
Técnica, em funcionamento desde maio de 2014.
A visita teve início na Barragem Atibainha, onde
várias adequações funcionais foram realizadas, tais
como: construções de barriletes para tubulações e
canais para ampliação da vazão e a instalação de
14 bombas flutuantes - acopladas à tubulações flexíveis, que extrairão água da Reserva Técnica para
permitir uma vazão de até 22.000 litros/s.
O grupo esteve acompanhado naquele local pelo
encarregado Marcos Geraldo Gomes, responsável pela
manutenção do Sistema Atibainha, que destacou a
questão da qualidade dos recursos hídricos do local
(uma das grandes preocupações dos consumidores
paulistanos) em todas as etapas deste sistema, informando também que em relação ao tema quantidade,
existe ainda uma real incerteza quanto ao abastecimento. Esta garantia viria plenamente com o aumento da afluência de matéria prima, por meio de chuvas,
em um período próximo entre 3 a 4 meses.
Estas instalações emergenciais, que buscam água
abaixo da linha de captação do sistema, foram integralmente concebidas e implantadas pelas equipes
técnicas das áreas de Produção (MA); Empreendimentos da Metropolitana (ME) e Manutenção Estratégica (MM) da Sabesp e estão evitando o desabas-
Março a Julho de 2014
tecimento durante este período de estiagem.
Em seguida o grupo, dessa vez acompanhado pelo
eng. Nilo Cruz, coordenador dessas obras emergenciais, deslocou-se até o Reservatório Jaguari/ Jacareí,
cujo vertedor de saída da água está ligado ao chamado Túnel 7, conduto que encaminha o fluxo de água,
por gravidade, às demais represas do Sistema. Nesse
local, também estão sendo executadas adequações
técnicas para aumentar a capacidade de transporte
da água, com abertura de canais e rebaixamentos de
níveis de passagem da água, otimizando o funcionamento das 12 bombas flutuantes já instaladas, alimentadas por potentes geradores de energia.
Destacou o eng. Nilo que todos os equipamentos
eletromecânicos e de bombeamento utilizados são
100% nacionais, o que veio a ampliar a rapidez da
obra, bem como a confiabilidade operacional em relação ao funcionamento e manutenção dos mesmos.
Na avaliação dos técnicos presentes todas as possibilidades possíveis são importantes para o Sistema
Cantareira atender a RMSP e ainda complementar
a contribuição hídrica para a bacia do PCJ, dadas
as incertezas climáticas em relação à continuidade
deste período de seca.
Finalmente, o presidente da AESabesp, eng. Reynaldo Young agradeceu à Diretoria Metropolitana
da Sabesp por esta oportunidade, que é fundamental para ampliar a conscientização dos associados
para a economia de água, bem como destacou a
competência técnica dos engenheiros da empresa
que mais uma vez se superaram na busca de novas
tecnologias e de soluções alternativas de abastecimento considerando a otimização dos recursos hídricos disponíveis.
Saneas
17
entrevista
Para o secretário Mauro Arce, a atual
crise exige medidas ininterruptas
Secretaria de
Saneamento e
Recursos Hídricos
do Estado de
São Paulo
Em meio a mais severa escassez de água num histórico de 84 anos, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, indicou, em 9 de abril, o engenheiro Mauro Arce para assumir a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado. Com vasta experiência no setor público e tido como detentor
de alta bagagem técnica, Arce ocupava a presidência da Companhia Energética de São Paulo (CESP),
desde 2011. Antes, ele foi secretário de Estado entre 1998 e 2010, comandando as pastas de Energia, Saneamento e Recursos Hídricos, de 1998 a 2006, e dos Transportes, de 2007 a 2010. Também
ocupou a presidência da Sabesp entre novembro de 2002 e maio de 2003.
Nessa edição de 25 anos de Encontro Técnico AESabesp e Fenasan, o secretário Mauro Arce concedeu esta especial entrevista para a Revista Saneas:
Saneas: Em 2004 houve uma escassez de água
semelhante a que vivemos atualmente, o que
mudou daquela época para agora?
Mauro Arce: A escassez atual não é semelhante
à de 2004. A situação atual é muito mais severa
do que há dez anos. Naquela ocasião, o reservatório chegou a um nível inferior ao mínimo
operacional, mas posteriormente, em fevereiro,
o quadro foi alterado em razão da grande intensidade de chuvas, o que não ocorreu agora. De
janeiro a junho deste ano, em todos esses meses
as precipitações foram inferiores ao mínimo do
histórico registrado dos últimos 84 anos.
Saneas: Naquele período, o senhor era secretário da pasta de Energia, Saneamento e
Recursos Hídricos do Estado, acredita que a
experiência daquele período auxilie no enfrentamento da crise atual?
Mauro Arce: A vivência de um período crítico sempre é útil para situações similares. Hoje
é muito mais grave, mas, desde àquela época,
aprendemos a avaliar a exata gravidade da situação, os diferentes atores envolvidos no processo,
como os órgãos reguladores, a concessionária
que opera os serviços e a população. Também
sabemos, pela experiência de outros eventos atípicos, da importância de monitorar o Sistema,
no seu dia a dia, em termos de precipitações,
vazão afluente e medidas operacionais para
mitigar os efeitos da estiagem. E com as ações
18
Saneas
de veiculação na mídia, como as campanhas de
redução de consumo, também temos um retorno importante, que é a capacidade de resposta
da população, que tem sido excepcional e nos
ajudado a diminuir a produção de água na RMSP
neste momento de estiagem severa.
Saneas: Naquela ocasião uma intensa campanhacom o slogan “Olha o Nível”, junto a vários
segmentos da sociedade, além de um bônus na
conta dos clientes, reduziu significativamente o
consumo. O que se espera da campanha atual?
Mauro Arce: A população de São Paulo responde sempre de forma expressiva e precisamos
aproveitar a participação dela para manter o
hábito do uso racional da água. Só pra ter uma
ideia desse consumo racional – que terá de ser
permanente, porque a água é um bem absolutamente essencial e precioso e não podemos
mais desperdiçar – nas três primeiras semanas de
junho, 87% dos clientes atendidos pelo Sistema
Cantareira aderiram à redução do consumo e
55% atingiram o bônus, válido para quem reduziu em pelo menos 20% o consumo médio e
tiveram desconto de 30% na conta. Essa adesão
é fundamental para o enfrentamento de uma
crise hídrica jamais vista.
Saneas: É sabido que a Sabesp e o DAEE não
possuem ação de polícia no que diz respeito
ao desperdício de água por parte da população
Março a Julho de 2014
entrevista
ou mesmo de órgãos da esfera pública, esse papel
caberia às prefeituras. Neste sentido, não faltou
articulação por parte do governo estadual junto
ao poder público municipal para que leis fossem
elaboradas e postas em prática?
Mauro Arce: Sem dúvida, é importante a sensibilização dos governos municipais para o problema e, de
forma não generalizada, foram tomadas medidas pelos municípios. Entretanto, o Estado tem que respeitar
a autonomia municipal. Merece destaque a atitude do
Comitê da Bacia do Alto Tietê (05/02/14), que aprovou uma moção dirigida a todos os segmentos integrantes do Plenário (Estado, Municípios e sociedade
civil) sobre ações para mitigar a crise. No caso dos
Prefeitos e Presidentes de Câmaras Municipais da área
de atuação do Comitê foi recomendado‘adotarem
medidas efetivas de redução de consumo, inclusive
leis e fiscalização que permitam a aplicação de sanções para os casos de desperdícios’. Portanto, não faltou articulação do Governo. O interesse é de todos.
Saneas: Um dos principais indicadores de eficiência da operação dos sistemas de abastecimento de
água é o índice de perdas. Qual é a sua avaliação
atual deste processo na região metropolitana de
São Paulo?
Mauro Arce: O índice de perdas da Sabesp, na RMSP,
está em torno de 24,5%, que é um número inferior à
média do Estado e dos demais municípios não operados pela empresa na RMSP. A meta para o final da
década é que esse índice seja reduzido para 19%. As
ações de controle de perdas em regiões com sistemas
antigos, como a central de SP, exigem investimentos
permanentes e implicam em dificuldades técnicas
pelo porte das obras. Existe um amplo conjunto de
medidas, que vão muito além do simples reparo de
vazamentos visíveis, como a detecção de vazamentos
não visíveis, e um refinado controle de pressões, dentre outros pontos. A diretriz permanente do Governo
e da Sabesp é no sentido de manter os investimentos
e um trabalho minucioso nessa área. Nesse sentido,
existem ainda contratos firmados com a Japan International Cooperation Agency (JICA), de 2013 a
2017, no valor de R$ 2,9 bilhões e outro de 2017 a
2020, no valor de R$ 1,6 bilhão -específicos para a
redução de perdas.
Março a Julho de 2014
Saneas: Recentemente o Alto Tietê tornou-se a
quarta bacia do Estado a adotar a cobrança pelo
uso da água às empresas. A Bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), segunda a iniciar
a cobrança, já o faz desde janeiro de 2006. Qual
a receita gerada por essa arrecadação? Para onde
esses recursos têm sido destinados? Existe a possibilidade do repasse dessa cobrança para pessoa
física?
Mauro Arce: Na Bacia do Alto Tietê, o primeiro boleto
de cobrança foi emitido com vencimento em abril
de 2014, sendo a sexta região do Estado a iniciar a
cobrança pelo uso da água. Antes, em 2007, o PCJ e
o Paraíba do Sul deram início à cobrança estadual,
visto que anteriormente já existia a federal. Depois,
foi a vez da região do Sorocaba e Médio Tietê e, mais
recentemente, a Baixada Santista. O Alto Tietê tem
o maior percentual de arrecadação do Estado, com
previsão de uma receita anual de R$ 32 milhões, recursos que serão aplicados na própria Bacia do Alto
Tietê, em programas do Plano Estadual de Recursos
Hídricos, mediante decisão do Comitê da Bacia, a partir de 2015. Ressaltamos que, nessa região, 50% dos
recursos deverão ser aplicados nas áreas de proteção
e recuperação de mananciais.
Saneas: A utilização da reserva técnica do Cantareira é uma medida extrema. O esgotamento desse
volume pode implicar em um colapso do próprio
sistema, segundo alguns técnicos. Que medidas
estão atualmente sendo tomadas para garantir os
níveis de abastecimento em um futuro próximo?
Mauro Arce: Em relação à atual crise, tomamos
uma série de medidas para manter o abastecimento
à população atendida pelo Cantareira, e fazemos o
acompanhamento ininterrupto da situação das Bacias
PCJ, que resultou, em duas ocasiões, no aumento das
descargas do Sistema Cantareira para àquela região.
Uma série de melhorias no sistema de abastecimento
da RMSP foi estudada e está sendo progressivamente
implementada, no sentido de aumentar a oferta de
água, tais como o aumento da capacidade das Estações de Tratamento de Água (ETA) do Alto da Boa
Vista (ABV) e do Rio Grande, que possibilitaram o
aumento das transferências para a área do Sistema
Cantareira. No conjunto, as ações de transferência de
Saneas
19
entrevista
vazões de outros sistemas ou aumento da oferta já
permitiram uma redução na produção da ETA Guaraú
de 11 m³/s. O que se faz atualmente, com essa redução, é usar com mais parcimônia a água do Sistema
Cantareira. Ao mesmo tempo, intensificamos ações de
melhoria de oferta por outros sistemas e reforçamos
as campanhas para redução de consumo até que seja
iniciado o próximo período chuvoso. Em 15 de maio
iniciamos o bombeamento da reserva técnica – que
passou a disponibilizar mais 182 mi /m³ de água para
o Cantareira.
Saneas: O Sistema São Lourenço já deveria estar em
plena operação, o que na avaliação de muitos especialistas, poderia amenizar a crise enfrentada na
RMSP. Faltou planejamento para sua implantação?
Mauro Arce: A entrada do Sistema São Lourenço está
plenamente compatível com o atendimento da curva
de demanda do Plano Diretor de Abastecimento de
Água da Sabesp. O que vemos hoje é um período
hidrológico extremamente atípico e, nessas circunstâncias, ficamos numa faixa de risco natural existente em todos os sistemas de abastecimento, no qual
precisamos adotar medidas de contingência, como
as que estão em curso.
Saneas: Existe algum tipo de tensão no relacionamento entre a Sabesp e o Comitê PCJ pela disputa
da administração de sistemas de abastecimento?
Como a Secretaria media o interesse de ambos?
Mauro Arce: Em todo o mundo, onde há reversões
de bacias, existem tensões entre a região doadora e a
receptora, no caso, a bacia do Piracicaba e a do Alto
Tietê. Entretanto, a mediação é feita pelo próprio
Governo, pelos órgãos reguladores e pelo sistema de
gerenciamento de recursos hídricos, por meio de seus
Comitês. Vale destacar que todos os órgãos envolvidos na gestão do Sistema Cantareira têm buscado, de forma permanente e criteriosa, garantir, ao
mesmo tempo, o uso racional dos reservatórios e as
condições mínimas de atendimento às necessidades
da população.
Saneas: Na renovação da outorga de 2004, foi
sugerido a redução da dependência do Sistema
Cantareira(PORTARIA DAEE nº 1.213/2004 –
20
Saneas
artigo 16). Porque a Sabesp preferiu não acatar
essa proposta?
Mauro Arce: O que a portaria do DAEE estabeleceu é que a Sabesp deveria apresentar estudos
para a redução de dependência, o que foi feito e,
portanto, foi cumprida a exigência. Entretanto, o
governo avaliou que as intervenções nos estudos
apontados pela Sabesp - envolvendo transposição
de bacias vizinhas - encerravam dificuldades político-institucionais, que extrapolam a governança
da empresa. Por essa razão, foi editado o Decreto
52.748 (26/02/2008), estabelecendo a elaboração
do Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos
Hídricos para a Macrometrópole Paulista, no qual
sob a gestão do Governo, seriam identificadas
alternativas para o aumento da oferta hídrica e
gestão de demanda, não só para atender o Sistema Cantareira e RMSP, mas as mais importantes
regiões metropolitanas do Estado: São Paulo, Campinas, Baixada Santista, Vale do Paraíba e Litoral
Norte. É preciso notar que a chamada ‘redução de
dependência’ do Sistema Cantareira foi uma demanda das Bacias do PCJ e que, em nosso entender,
foi corretamente interpretada pelo Plano da Macrometrópole, não como uma simples redução de
transferência da Bacia do Piracicaba para a RMSP,
mas muito mais que isso, o interesse é por aumento da oferta para as Bacias PCJ. Nesse sentido, o
Governador Geraldo Alckmin tomou a decisão, em
julho de 2012, de construir dois reservatórios na
região das Bacias PCJ, com Barragens em Pedreira
(nos municípios de Campinas e Pedreira) e Duas
Pontes (em Amparo), que devem acrescentar quase
7m³/s de oferta de água à região. Mais recentemente, em razão da estiagem, tomou-se a decisão
de viabilizar a interligação do Sistema Cantareira
com o reservatório Igaratá, na Bacia do Paraíba do
Sul, para aumentar a garantia de oferta de água
do Sistema Cantareira, beneficiando as três regiões
envolvidas: a RMSP, as Bacias do PCJ e a própria
Bacia do Rio Paraíba.
Saneas: Ainda com relação a outorga de 2004, previa-se que a Sabesp elaborasse um plano de contingência para situações de emergência no prazo de
12 meses (PORTARIA DAEE nº 1.213/2004 – artigo
Março a Julho de 2014
entrevista
11). No entanto, parece que a empresa foi pega de
surpresa. A existência de um plano não permitiria
um melhor enfrentamento da crise atual?
Mauro Arce: Não é isso que diz o artigo 11 da portaria. A exigência se referia à estação de cheias e o
plano de contingência foi apresentado, após levantamentos de campo, para as calhas dos rios Jaguari,
Cachoeira e Atibaia, resultando no posterior estabelecimento do volume de espera para situação de cheias
nos reservatórios do Sistema Cantareira.
Saneas: Qual é a população e a extensão previstas
para o crescimento da macrometropole nessa década? Ela alcança quais cidades? Existem mecanismos
de atendimento de recursos hídricos para todo este
universo?
Mauro Arce: Quando foi iniciado o estudo, a população em 2008 era de 31 milhões e a projeção, para
2035, é de mais de 37 milhões de habitantes, em
um universo de 180 municípios, das regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas, Baixada Santista,
Vale do Paraíba e Litoral Norte, mais as aglomerações
urbanas de Piracicaba, Jundiaí e Sorocaba. Entre os
desafios estão a implementação de novos sistemas
de captação e reservas de água bruta, mas temos
nos esforçado no sentido de acelerar vários projetos
relacionados ao aumento na produção de ETAs e estamos nos empenhando, ao máximo, no controle de
perdas, no uso racional da água e de reúso, medidas
que poderão contribuir para a redução da demanda
de água para o futuro.
Saneas: Entre 2007 e 2010 a Sabesp posicionou-se como uma empresa de Soluções Ambientais.
Esse discurso fortaleceu outras facetas da empresa
que inclusive chegou a apresentar um portfólio de
produtos e serviços que incluía desde a venda de
água de reuso até o tratamento de esgotos não
domésticos. Essa carteira de produtos e serviços
ainda existe e qual a importância para a gestão
da crise atual?
Mauro Arce: Os produtos permanecem no portfólio
da Sabesp e fazem parte das iniciativas da Companhia focadas na sustentabilidade. São medidas
importantes para preservar os recursos hídricos e
garantir mais qualidade de vida para a população
Março a Julho de 2014
das áreas em que ela atua. Atualmente, a Sabesp
fornece, para a Grande São Paulo, 750 litros por
segundo de água de reúso. Esse volume substitui a
água tratada em usos não potáveis, como resfriamento de caldeiras, tingimento de fios, lavagem de
ruas de feira e desobstrução de galerias. A água
tratada que deixa de ser consumida por indústrias,
comércios, órgãos públicos e prestadores de serviço
passa a ser direcionada para o abastecimento da
população. A empresa tem estrutura preparada para
aumentar imediatamente esse fornecimento e negocia com empresas privadas e prefeituras a ampliação
do serviço. Grandes clientes também têm aderido
ao tratamento dos esgotos não domésticos, uma
solução que preserva os rios e represas e dá destino
adequado aos efluentes, especialmente da indústria.
Outra vantagem é a redução de custos para os clientes da Sabesp, já que o tratamento desses rejeitos
tem peso considerável no orçamento. O processo
adotado nas estações de tratamento da Companhia
atende a todos os critérios da legislação ambiental.
Saneas: Recentemente a Sabesp afirmou, baseada
na declaração do pesquisador Paulo Nobre (INPE),
que essa é a maior seca da história e um evento imprevisível. Se houver, num período curto, um verão
tão seco quanto este, quais serão as medidas da
SSRH para não causar danos à sociedade?
Mauro Arce: Em relação à atual crise, tomamos
uma série de medidas de curto prazo, já referidas
anteriormente. Também temos o projeto de interligação do Sistema Cantareira com a Bacia do Rio
Paraíba do Sul. A ideia é que ele seja de mão dupla:
quando um estiver escasso, interliga com o que está
cheio. Futuramente, devemos criar condições para
dar maior flexibilidade aos sistemas produtores,
mediante maior interligação e ajustável às demandas de abastecimento público. Nosso planejamento
também prevê a ampliação de ETAs, porque temos
água em outros reservatórios. Em resumo, estamos
trabalhando para buscar uma maior integração dos
sistemas de abastecimento, do aumento da oferta,
da ampliação da capacidade de produção e da antecipação de investimentos. Todos nossos esforços
serão no sentido de, sempre que possível, tirar gente
do sistema Cantareira.
Saneas
21
Ponto de Vista
Água: Bem Público de Valor Incerto
Stela Goldenstein
é geógrafa e
desenvolveu
sua carreira
fundamentalmente
na área pública,
trabalhando em
planejamento
urbano,
ambiental e de
recursos hídricos.
Desenvolveu
programas de
sustentabilidade
regional e setorial,
coordenou a
implantação dos
Comitês de Bacia
Hidrográfica
no Estado de
São Paulo.
Foi secretária
Estadual de Meio
Ambiente de São
Paulo, secretária
Municipal de
Meio Ambiente
da cidade de São
Paulo e assessora
dos governadores
Mario Covas e
José Serra.
22
Por Stela Goldenstein
Com chuvas muito abaixo da média, os
rios que alimentam as usinas hidroelétricas,
cidades, indústrias e agricultura do Sudeste e Centro-Oeste do Brasil com níveis muito
baixos, chegamos ao inverno, nossa estação
seca, em situação de criticidade. Num país, em
que a população e a atividade econômica são
concentradas em grandes cidades e a matriz
energética é fortemente pautada pela energia
hidrelétrica, este quadro é grave.
Não sabemos se a redução de precipitações
tem origem em mudanças climáticas, agravadas
pela atividade humana, ou se estamos diante
de uma variação meteorológica eventual. As
causas da crise são várias, mas a insuficiência
das chuvas agravou a situação de stress causada
pela forte pressão que exercemos a cada ano
sobre os recursos hídricos, e que já é apontada
há muitos anos nos meios técnicos. Vimos usando até o limite as águas aparentemente disponíveis, trazendo água de locais cada vez mais
distantes, para atividades que são de uso intensivo e que têm níveis duvidosos de eficiência no
uso. O fato é que a oferta, ainda que abundante
em grande parte do país, não é elástica como
nossa cultura parece sugerir.
Em face de demandas crescentes e irrealistas, nossos esforços têm se orientado fundamentalmente para tentar manter e ampliar
as captações. Em diversas regiões do país,
empresas que nas suas escolhas locacionais
subestimaram a hipótese de redução da oferta, nesta estiagem já tiveram que reduzir sua
produção. Outras foram obrigadas a substituir as captações que exploravam há anos e
passaram a trazer água de longas distancias,
agravando custos. E as cidades enfrentam o
risco de desabastecimento com base em esforços dramáticos das suas empresas de serviços de saneamento.
Saneas
A tremenda crise hídrica que vivemos neste momento trouxe à baila discussões de toda
ordem. Um dos componentes dessas discussões
é, necessariamente, a definição de qual o papel da esfera pública para a gestão dos recursos hídricos e qual o espaço dos usuários da
água (aqueles que usam a água como insumo
de atividade ou processo industrial ou agrícola), sejam privados, sejam públicos.
A discussão não é simples, especialmente porque a distinção entre o que é público
e o que é privado no setor das águas ganhou
recentemente contornos mais complexos, na
medida em que passamos a ter, ao lado das
figuras públicas tradicionais, empresas totalmente privadas e empresas públicas de capital
aberto, investindo para garantir o uso público
da água (o abastecimento público).
A água é um bem público, dotado de valor
econômico, e isso está bastante bem caracterizado na nossa legislação. Mas, sendo, como é,
objeto de relações comerciais, um bem transacionado permanentemente, qual o seu status
jurídico? A água é uma commodity? A questão
ganha importância na medida em que o bem é
disputado, sua oferta é insuficiente para todos
os usos e as decisões a serem tomadas para dirimir os conflitos instalados podem ter custos
econômicos, sociais e políticos para os diferentes interessados. A alocação de água bruta entre os diferentes setores de usuários e os segmentos de território que a disputam ainda não
conta com um braço suficientemente forte.
A gestão das águas se reveste de peculiaridades ainda não de todo bem equacionadas.
Muitos buscam entender a água como uma
commodity, ou seja, um bem de qualidades
claramente definidas e parametrizadas (como
a soja ou o aço), pertencente a um mercado
global, com preços definidos pela dinâmica
Março a Julho de 2014
Ponto de Vista
própria do mercado, que pode ser transportado
para onde seja necessário e comercializado em
bolsas de mercadorias e futuros. De fato, em algumas circunstancias e para alguns usos, a água
se comporta de forma similar. Mas há aspectos relativos à oferta, à demanda e à gestão das águas
que a diferenciam fortemente de qualquer mercado de commodity.
A primeira grande distinção entre a água e os
bens ou produtos classificados como commodities
é que, ainda que a água seja um bem finito, alocado de forma desigual, dotado de valor econômico,
definir seu preço não é fácil. E este preço não será
definido por mecanismos estritamente de mercado,
como é o caso das commodities.
Conseguimos precificar o valor dos serviços de
tratamento e distribuição da água, mas com mais
dificuldade o valor do direito à sua captação pelos usuários interessados. Até poucos anos atrás,
os preços associados à água eram exclusivamente aqueles relativos aos serviços das empresas de
saneamento. Desde fins dos anos 80, a legislação
do Estado de São Paulo, e a seguir a do Brasil,
passou a considerar a necessidade de pagamento
pelo direito de captar e usar esse bem público. Ou
seja, é preciso que os usuários paguem pelo direito de uso, dado que o bem é escasso, tem valor
econômico, e dado que são necessários investimentos e ações que garantam sua disponibilidade
e qualidade.
Avança no Brasil a implantação da cobrança
pelo uso da água por toda sorte de usuários, o que
não se confunde com os valores dos serviços das
empresas de saneamento. Em São Paulo, os usuários da água na Bacia do Alto Tietê passaram enfim
a receber seus boletos de cobrança em 2014. Uma
vez que todos paguem pelo direito ao uso da água,
ela se tornará uma commodity?
A fixação de preço pelo uso deste bem é feita
em última instância pelos Comitês de Bacia Hidrográfica aonde, para garantir aderência à realidade
de mercado e às políticas públicas, os valores a serem fixados para a cobrança são validados pelos
vários segmentos de usuários, sociedade civil e poder público.
Março a Julho de 2014
Não é matéria definida unicamente pelo mercado e vai depender de aspectos como os usos pretendidos, a disponibilidade de água naquele trecho
do rio, as condições de devolução ou não devolução após o uso, assim como também de processos
negociais entre os usuários e o poder público.
Sendo um bem público, ainda que dotado de
valor econômico, o direito à água como garantia da
vida a diferencia de commodities e lhe confere uma
posição diferente entre os ativos de uma sociedade.
A água pode ser e é transportada para diferentes
usos, em mercados relativamente afastados de seu
local de produção, similarmente às commodities.
Mas, na maior parte das vezes, é preciso conciliar
usos múltiplos das águas, garantir sua apropriação
parcial e condicional, o reuso, usos concomitantes,
usos em sequência. Determinados usos implicam
em conflitos irreconciliáveis e os critérios para a
priorização são bem qualificados na legislação. Sua
alocação não é livre decisão de mercado. Quando
a oferta é insuficiente para todas as demandas,
o abastecimento público será sempre priorizado,
criando assim uma assimetria entre os usuários e
na formatação desse mercado.
Outra questão que distingue este bem é que a
produção e acumulação de água é processo fortemente dependente tanto de condições meteorológicas, como da proteção de vastas áreas de
florestas. A água não nasce em árvores, mas sem
árvores, não há água, já se disse. O valor econômico das florestas (terra, árvores, biodiversidade de
todo tipo) que garantem a presença de água, aonde
nos organizamos para captar, é objeto de grandes
discussões, ainda a amadurecer. Como incluir essa
variável, a criação e manutenção de florestas, na
definição do valor da água, de forma a melhor formar seu preço, como seria típico de uma commodity? Ainda são incipientes os mecanismos de pagamento/retribuição aos proprietários rurais pela
proteção que podem fazer às florestas.
Historicamente desconsideramos o valor monetário intrínseco às florestas como geradoras de
água, não as incluímos nas equações financeiras dos
usuários da água, dificultando o financiamento de
sua proteção. Como as políticas de saneamento e os
Saneas
23
Ponto de Vista
contratos de concessão para empresas públicas e privadas podem considerar, em suas equações financeiras, a necessidade imperiosa de proteger as florestas
localizadas em vastas áreas públicas, mas principalmente privadas, que são a garantia de fornecimento
do insumo a ser tratado e comercializado?
Mesmo os recursos oriundos da cobrança pelo
uso da água ainda são parcamente aplicados na
aquisição e proteção de florestas, nos pactos e contratos com proprietários rurais que possam garantir
oferta de água no futuro. No campo da gestão da
oferta de água, portanto, ainda há muito por fazer,
mas ainda não são claras as oportunidades de investimentos privados.
Outra questão torna difícil entender a água
meramente como commodity: diferentemente da
soja, dos minérios, da eletricidade e outras tantas commodities, a água “disponível” não pode
ser simplesmente captada e transportada para
uso alhures. Isso porque um usuário fundamental
24
da água são os ecossistemas da bacia hidrográfica em que esta água se encontra originalmente. Isso implica em que uma parcela (quanta?) da
água, chamada de vazão ecológica, não pode ser
retirada de lá, não pode ter sua condição físico-química modificada e sua valoração e precificação é muito difícil. E mais: é justamente a sua
permanência no local, com usos restritos para
atividades produtivas, que mantem as florestas,
as quais, por sua vez, garantem produtividade hídrica. Estranha mercadoria...
ponto de vista
Água e guerra
Luiz Roberto
Gravina Pladevall
é engenheiro
civil, diretor da
CPS Engenharia,
empresa de
consultoria
e projetos de
infraestrutura
urbana, e
presidente
da APECS Associação
Paulista de
Empresas de
Consultoria e
Serviços em
Saneamento e
Meio Ambiente.
Por Luiz Roberto
Gravina Pladevall
O recente debate, entre as autoridades dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sobre o
uso de recursos hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul para abastecimento do sistema Cantareira, revela a urgente necessidade de uma
discussão profunda sobre o uso sustentável da
água. A disputa pela disponibilidade hídrica no
planeta corre sérios riscos de ser a fonte de
grandes conflitos neste século 21.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) já apontou
em estudo o crescimento de 55% da demanda
mundial por água até 2050 diante de mais 2
bilhões de pessoas no planeta. Os desenvolvimentos econômico e social dos países podem
ficar seriamente comprometidos com a possibilidade de estresse hídrico constante. A pesquisa da OCDE revela ainda que 240 milhões
de pessoas no mundo não terão acesso a água
potável e 1,4 bilhão não contarão com serviço
de saneamento básico em 2050.
No Brasil, as disputas por recursos hídricos
atingiram recorde histórico em 2013 conforme
recente pesquisa da Comissão Pastoral da Terra (CPT). O estudo registrou aumento de 17%
no número de disputa em relação a 2012. No
período anterior, 2012 comparado com 2011,
o aumento foi de 16%. Os conflitos vem sendo monitorados desde 2002 pelo órgão ligado
à Igreja Católica. O estado da Bahia lidera o
ranking de disputas, com 21 conflitos, seguido
pelo Rio de Janeiro, com sete disputas.
A briga pela água é reflexo da crescente
preocupação de preservação ambiental, além
da necessidade de garantir o recurso para desenvolvimento social e econômico das comunidades. Essas disputas têm muitas variantes
Março a Julho de 2014
e passam desde a
apropriação de recursos hídricos
por empresas até conflitos contra a investida
governamental de construir hidrelétricas na região amazônica, por exemplo.
Nas regiões metropolitanas, os conflitos
sociais por água ainda não floresceram, mas
o atual estresse hídrico na Região Metropolitana de São Paulo indica que medidas urgentes precisam ser tomadas. Uma delas é
reduzir o desperdício de água. Uma tarefa
a ser cumprida tanto pela população como
para as concessionárias e demais empresas
do setor de abastecimento e tratamento de
água. No Brasil, 40,7% da água tratada é
perdida antes de chegar à casa do cidadão.
A média paulista é de 24,7%, mas ainda distante de países desenvolvidos como a Alemanha (11%) e EUA (16%).
Estamos em frente a grandes desafios para
garantir o abastecimento de água para grandes populações nos próximos anos. A hora é
agora. Caso contrário, os conflitos serão ampliados, trazendo prejuízos a todos.
Saneas
25
histórico
e
d
s
o
n
n
a
s
a
n
A
e
F
5
e
o
2
c
i
n
c
é
T
o
r
t
n
nco
E
A
Realizado nos dias 21, 22 e 23 de agosto de 1990,
o I Encontro Técnico da AESabesp teve a sua abertura no
Auditório “Augusto Ruschi” da Cetesb, que também disponibilizou suas
salas de treinamento para o desenvolvimento dos trabalhos técnicos.
Os estandes de exposições dos nossos primeiros expositores foram
montados sob a marquise do prédio principal da Sabesp na Costa Carvalho.
primeira comissão organizadora contou
com o então presidente da AESabesp
(gestão 1989 – 1991), Plínio Montoro
Filho, como coordenador, e com os membros Armando Mitsunobu Yamada, Gilberto Alves Martins,
José Taniguti, Maurício Soutto Mayor Junior, Maximiniano Bizatto e Nizar Qbar.
Esse primeiro encontro, que obteve de imediato
26
Saneas
a aprovação dos integrantes do setor, se deu numa
época em que a evasão do corpo técnico da Sabesp, motivada pela defasagem salarial e pela própria falta de incentivo à engenharia nacional, era
preocupante.
Mas mesmo assim, ele foi um sucesso, por promover o aprimoramento tecnológico e aumentar o
nível de relacionamento entre os profissionais do
Março a Julho de 2014
histórico
Ao lado: Público da abertura do nosso I Encontro
Técnico, em 1990, no Auditório da Cetesb.
Abaixo: I Fenasan
Os 14 trabalhos pioneiros do
nosso I Encontro Técnico foram:
Estudo particular sobre corrosão em ramais
prediais
Autores: Regina Mei Silveira Onofre, Magdalena
Hoels, Carlos César de Oliveira e Nizar Qbar.
Atividades de informática na Diretoria de Operação
RMSP- DO
Autores: Luiz Ernesto Suman e Pedro Costa Júnior
Parâmetros brasileiros e Engenharia de Segurança
Autor: José Roberto Guimarães de Almeida
Ressetorização do sistema de abastecimento de
água na RMSP, como atividade estratégica no
Programa de Desenvolvimento Operacional e
Controle de Perdas.
Autores: Paulo Roberto Borges e Edson Almeida Torre
Utilização de Ultrion na instalação de Tratamento
de Água de Santos
Autores: Roberto Ferreira, Mauro dos Reis e Fernando
Beraldo Guimarães Júnior
Manutenção corretiva e preventiva para Empresas
de Saneamento
Autores: Gilberto Berzin, Carlos Alberto da Silva
Gomes e Takashi Fujii.
setor, selando o seu comprometimento com a necessidade de se estabelecer um futuro que valesse à pena.
E a partir dessa esperança, a AESabesp entendeu que o
seu destino seria traçado com o compromisso de realizar esse evento religiosamente em todos os anos.
Essa semente, plantada em 1990, se tornou uma
frondosa árvore que precisava ocupar espaço cada vez
maiores. Após apresentações da Cetesb, o Encontro
Técnico rumou para o Instituto de Engenharia de São
Paulo, o Centro de Convenções do Hotel Transamérica,
o prédio da Bienal do Ibirapuera e, em 2003, para o
Expo-Center Norte, onde permanece até hoje, tornando-se o maior evento técnico mercadológico em saneamento da América Latina.
Esse mega-evento tem a finalidade de promover
o intercâmbio e as tecnologias desenvolvidas para o
saneamento e de discutir novos rumos para o setor,
no âmbito das políticas públicas, por meio da apresentação de diversas palestras técnicas, cursos específicos
e formação de mesas redondas, com a participação de
conceituadas personalidades do universo científico.
Março a Julho de 2014
Durabilidade de Interceptores de Esgotos
Autor: Aldo Takahashi
Modelo matemático para estudo de recebimento
de efluentes industriais, contendo metais pesados
em ETEs convencionais
Autor: João Jorge da Costa
Racionalização dos Serviços de Operação e
Manutenção de Redes de Água e Esgotos
Autor: João Baptista Comparini
Lodo ativado por batelada
Autor: Hissahi Kamiyama
Algumas considerações sobre tensão trativa
e velocidade crítica, utilizada para o
dimensionamento dos Coletores de Esgotos
Autores: Joaquim Gabriel de Oliveira Machado Neto,
Milton Tomoyuki Tsutiya e Winston Hisasi Kanashiro
Segurança do Trabalho em Serviços de Manutenção
em Poços de Visita e Galria de Esgotos
Autores: Plínio dos Santos e Orlando Trindade Faria
Água Subterrânea – uma opção natural
Autor: João Carlos Simanke de Souza
Impermeabilização de fundo de Lagoa com Soda
Cáustica e importância na mistura em Lagoas de
Estabilização
Autor: José Everaldo Vanzo
Saneas
27
G
s
o
t
o
f
e
d
la eria
os
m
a
r
a
t
n
a
h
l
i
br
a
e
u
q
s
e
d
a
d
i
na l
o
s
r
e
o
t
p
n
e
e
m
s
a
o
e
t
n
n
e
a
s
m
o
o em
t
n
ve
e
r
o
Grand es m
i
a
m
do
a
i
r
ó
t
s
i
h
e
.
d
a
n
i
t
a
L
a
c
25 anos
i
r
mé
A
a
d
l
a
t
n
e
ambi
história
A importância atual do
Encontro Técnico e Fenasan
Promovidos há 25 anos consecutivos pela AESabesp
- Associação dos Engenheiros da Sabesp, o Encontro Técnico , o Congresso Nacional de Saneamento e
Meio Ambiente, junto à Fenasan - Feira Nacional de
Saneamento e Meio Ambiente, é hoje consolidado e
reconhecido como o maior evento técnico-mercadológico do setor na América Latina.
A Fenasan é uma das principais ações para a
abertura de mercado de obras, equipamentos, produtos e serviços para o setor de saneamento, além
de promover a apresentação de novas tecnologias
e o desenvolvimento tecnológico de sistemas empregados no tratamento e abastecimento de água,
esgotamento sanitário, drenagem das águas pluviais, análises laboratoriais, adução e abastecimento
e sistemas de coleta, e disposição final e manejo de
resíduos sólidos, reunindo os principais fabricantes e
fornecedores de materiais e serviços para o setor de
saneamento e de segmentos correlatos.
As ações socioambientais também são prioritárias na constituição desse evento. A AESabesp possui o seu próprio projeto “Ecoeventus” de educação
ambiental, que consiste na demonstração de benefícios alcançados pelas práticas de utilizar materiais
30
Saneas
sustentáveis nas montagens de estandes, diminuir a
distribuição de impressos, reduzir o uso de energia,
consumir água com racionalidade, reciclar resíduos
- com base no Programa 3Rs - Reduzir, Reutilizar e
Reciclar, além de estimular o não fornecimento de
materiais descartáveis, como copos, talheres, pratos
e demais recipientes, sempre que possível. Em sua
finalização, após os cálculos de emissão e consumo,
é feito o plantio das árvores necessárias para mitigação da emissão dos gases de efeito estufa.
Desde 2010 o evento vem adquirindo projeção
internacional e contou com a adesão e o apoio cada
vez mais significativo de diversas entidades e empresas de todo o mundo. A participação e a visitação
de outros países, como Alemanha, Argentina, Chile,
China, Estados Unidos, Holanda, Índia, Israel, Itália,
México e Portugal, tem sido uma constante, com o
aumento de demanda a cada edição.
As mais recentes edições da Fenasan mostram o
crescimento do saneamento nacional, a confiança
dos expoentes do mercado de saneamento em sua
potencialização, bem como o interesse das empresas
em investir, participar e criar parcerias.
Março a Julho de 2014
história
Uma edição especial comemora os seus
25 anos
Sob o tema “25 Anos de Tecnologia a Serviço do Saneamento Ambiental”, e evento de 2014 comemorará o seu Jubileu de Prata com uma edição especial.
Sua área de exposição conta com cerca de 250 expositores/investidores, com a estimativa de público
em cerca de 17.000 visitantes, índice alcançado na
edição de 2013.
Aberta à visitação gratuita, a Feira tem como principal objetivo difundir as tecnologias em uso, as inovações tecnológicas e todas as ações importantes do saneamento ambiental, um dos setores mais importantes
para o funcionamento da infraestrutura do País.
Já o Congresso Técnico concentrará mesas redondas, minicursos de especialização e diversas palestras
técnicas, de autorias de docentes de universidades,
de técnicos de Companhias de Saneamento de todo
o País e de grupos privados, geralmente com focos
na eficiência operacional, recuperação de áreas degradadas, novas tecnologias, preservação ambiental
e políticas públicas do setor.
Frequentado por um público de alto nível técnico, o Congresso, além de cerca de 120 palestras
técnicas, também conta com palestras magnas motivacionais, no encerramento do 1º e 2º dias, às 17
horas. Neste ano, Rolando Boldrin, conhecido ator e
Março a Julho de 2014
divulgador da cultura brasileira, será palestrante no
encerramento do 1º dia, na tarde de 30 de julho. E o
conhecido navegador, campeão olímpico e exemplo
de superação, Lars Grael, será palestrante no encerramento do 2º dia, na tarde de 31 de julho.
Para o 3º e último dia do evento, em 1º de agosto, no encerramento do Congresso, às 17 horas,
está prevista a solenidade de entrega do Troféu AESabesp às empresas que mais se destacaram na Fenasan. Os critérios de avaliação da premiação tem
como base as ações socioambientais que as empresas empregarem tanto em seus estandes, como em
suas atuações. As categorias contempladas serão
Melhor Estande, Atendimento a Cliente, Inovação
Tecnológica, que neste ano considerará o histórico
de 25 anos de aplicação de tecnologia pelas empresas expositoras, e o tão esperado prêmio Destaque
Fenasan, para o expositor que obtiver a maior pontuação em todos os critérios.
Uma nova premiação AESabesp também está
reservada para o encerramento da edição 2014: o
Prêmio “Jovem Profissional”, com o propósito de
estimular e ajudar a formar futuros profissionais
transformadores das condições socioambientais do
País, que poderão empreender, gerar emprego, inovar e promover a transformação do Brasil no cenário
econômico e tecnológico.
Saneas
31
Regional
Encontro Técnico Estadual de
Saneamento Ambiental de Lins
(*) Colaboração de Raquel Braganholi (texto),
Luiz Narimatsu e Saladino Cardoso (fotos)
Nos dias 10 e 11 de junho, foi realizado o XIV Encontro Técnico Estadual de Saneamento Ambiental de
Lins, promovido pela AESabesp - Polo Lins, que reuniu vários expoentes do setor, autoridades da esfera
pública municipal e cerca de 1.500 pessoas na arena
do “Blue Tree Park”, durante os dois dias, com palestras técnicas nas áreas de inovações tecnológicas e
meio ambiente e a exposição de 26 estandes voltados à exposição de novas tecnologias para o setor.
A solenidade de abertura do Encontro de Lins
foi iniciada com as boas vindas do presidente da
AESabesp, eng. Reynaldo Eduardo Young Ribeiro, e
do coordenador do Pólo AESabesp Lins, eng. Marco Aurélio Saraiva Chackur, a todos os presentes:
expositores, visitantes e colaboradores. A mesa de
abertura foi composta por Edgar de Souza, prefeito municipal de Lins; Luís Paulo de Almeida Neto,
diretor de Sistemas Regionais da Sabesp; Antônio
Rodrigues Da Grela Filho, superintendente da Sabesp na Unidade de Negócio Baixo Tietê; vereador
Valdecir do Ponto Chic, (representando Marino Bovolenta, presidente da Câmara Minicipal de Lins);
Francisco Yutaka Kurimori, presidente do CREA-SP;
Pérsio Faulim de Menezes, presidente da Associação
Sabesp e diretor da Mútua de SP; Keiko Obara Kurimori, presidente do Senag; Juliano Munhóz Beltani,
presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado
de São Paulo - Delegacia de Lins; José Célio Sardi,
diretor do Sintaema da Regional de Lins e Duarte
Martins,coronel e subcomandante do 37º Batalhão
do Exército, com sede em Lins.
Em seu pronunciamento, o professor e prefeito
de Lins, Edgar de Souza, disse se sentir orgulhoso em
participar de um evento dessa magnitude em tecnologia em saneamento, uma área fundamental para a
qualidade de vida das pessoas. Enfatizou, ainda, que
infelizmente no Brasil se investe muito pouco em
novas tecnologias. “Temos que continuar lutando
para que haja uma mudança, pois não é admissível,
por exemplo, que tenhamos cerca de R$ 8 bilhões
32
Saneas
reservados para pesquisas nas universidades e que
não são investidos para cumprir o seu papel. Ficam
depositados nos bancos que são os seus guardiões. É
com esse tipo de coisa que a população não concorda e vem se colocando contra”. E nós temos de fazer
nosso papel nessa luta”, concluiu.
O diretor de Sistemas Regionais da Sabesp, Luís
Paulo de Almeida Neto, ressaltou a alegria em poder
estar presente no Encontro de Lins de 2014 e destacou a relevância do evento que acontece há 14 anos
seguidos e que tem conseguido driblar as dificuldades
e se manter ativo. “Isso é muito importante, pois revitaliza os conhecimentos dos profissionais da empresa
com a troca de experiências e intercâmbio de novas
tecnologias que o evento proporciona”, afirmou.
O superintendente da UN Sabesp Baixo Tietê,
cuja sede é Lins, Antônio Rodrigues da Grela Filho, também abordou os desafios enfrentados pela
empresa nessa crise de abastecimento de água do
Cantareira e inclusive de municípios das regiões
próximas onde também não tem chovido e destacou a importância do corpo técnico da empresa que
vem trabalhando com muita competência para que
possamos atravessar este período com a máxima
Autoridades e expoentes do setor presentes nesse evento
Março a Julho de 2014
Regional
Entrevista com o diretor
de Sistemas Regionais
da Sabesp
Na cobertura do “XVI
Encontro Estadual de
Saneamento Ambiental de Lins”, a Revista
Saneas entrevistou o
diretor de Sistemas Regionais da Sabesp, Luís
Paulo de Almeida Neto.
Saneas: O senhor poderia nos falar um pouco de
sua história e atual função na Sabesp?
Luís Paulo de Almeida Neto: Eu tenho um pouco
mais de 35 anos de Sabesp. Iniciei na SAR -SP, que
cuidava de todo o interior do Estado, onde permaneci
por 11 anos - fui engenheiro chefe do setor técnico. Destaco ainda a passagem pela Regional de Lins,
onde fui superintendente Regional. E nos últimos 4
anos respondo pela diretoria de Sistemas Regionais
da Sabesp.
tranquilidade possível. “É um trabalho incansável
realizado pelas nossas equipes. O saneamento não
para nunca, não fecha. Para que tudo funcione é
necessário que várias pessoas estejam de plantão
sempre. Este espaço é um momento de troca de
troca de experiências e novos aprendizados muito
importante para todos”, assegurou.
Nesse ano, cerca de 70 crianças participaram da
cerimônia de abertura com um coral formado por
alunos de uma escola municipal e um grupo de dança
formado por alunos da escola estadual da cidade. Foi
um momento muito apreciado, pois além da descontração que as apresentações dos grupos proporcionaram, se destacou a iniciativa para despertar o interesse da população para o evento e levar consciência
sobre a preservação do meio ambiente para o público
ainda em formação - infantil e adolescente - um dos
grandes propósitos dos organizadores desse Pólo.
O vice-prefeito de Lins, Rogério Barros, junto a equipe da Sabesp, visitou a Feira de produ-
Março a Julho de 2014
Saneas: Com toda essa experiência como o senhor
vê o Encontro Técnico Estadual realizado na cidade
de Lins anualmente?
Luís Paulo de Almeida Neto: Eu o considero notável
pela persistência e longevidade , pois é realizado por
14 anos seguidos e tem conseguido driblar todas as
dificuldades e se manter ativo. Sua importância para
o setor é muito grande, pois revitaliza os conhecimentos dos profissionais da empresa com a troca de
experiências e intercâmbio de novas tecnologias que
o evento proporciona.
Saneas: O senhor ficou afastado do evento por 3
anos devido a agenda de compromissos de seu cargo atual. Como foi retornar? Teve algo que chamou
a atenção em especial?
Luís Paulo de Almeida Neto: Foi uma satisfação muito grande poder participar deste Encontro neste ano
e ver de perto os resultados do voluntarismo em prol
do conhecimento e da vontade de se renovar. Este
evento foi criado pelo eng. Eugênio Stork, em 2001,
para aproximar as inovações tecnológicas da região
de Lins e de seu entorno. O fato de terem levado a
iniciativa que nasceu como um ideal adiante é um
feito muito especial. Esperamos que continue a perdurar e trazer bons frutos.
Saneas: Em sua visão quais os principais benefícios
proporcionados pelo evento?
Luís Paulo de Almeida Neto: Esse Encontro é fundamental porque traz possibilidade de conhecer novas
soluções para os problemas, de poder comparar as
situações e discutir sobre as inovações que surgem
e as aplicações possíveis no ambiente de trabalho.
Saneas: Gostaria de acrescentar algo mais nesta
entrevista?
Luís Paulo de Almeida Neto: Sim. Quero parabenizar
a todos os envolvidos que fazem este evento acontecer. É uma iniciativa agregadora e marcante para
a cidade e que já se tornou parte do calendário de
Lins. E para o futuro talvez fosse interessante investir
neste foco agregador do evento com iniciativas para
ampliar a participação dos municípios não operados
pela Sabesp.
Saneas
33
Regional
À esquerda: Vice-prefeito de Lins, Rogério Barros, junto a equipe da Sabesp. Centro: Feira de produtos e serviços.
À direita: Palestras técnicas.
tos e serviços e se interessou bastante pelo funcionamento de equipamentos expostos. Na área
externa, foram montados estandes de entidades
ambientais,filantrópicas, exército, saúde e demonstração de equipamentos diversos. E nos auditórios
ocorreram consistentes explanações em palestras
técnicas que absorveram o interesse dos presentes.
Outra novidade de 2014 foi a transmissão do
evento ao vivo pela internet através de uma produtora local. O site da AESabesp participou da rede de
transmissão “on-line” e transmitiu tudo em tempo
real para o seu público. Em entrevista à imprensa lo-
Entrevista com o
superintendente da
RT da Sabesp
A Revista Saneas também ouviu o superintendente da
Sabesp na Unidade de Negócio Baixo Tietê e Grande da
Sabesp (RT), sediada em Lins, Antônio Rodrigues da Grela Filho.
Saneas: Qual a colaboração que este Encontro traz para
a empresa e para a região?
Antonio da Grela Filho: Ele colabora para a integração
dos funcionários, tanto daqui como de outras unidades
e a interação com a comunidade para a qual a empresa
presta serviços em todos os níveis. Não só de Lins, mas
também de cidades vizinhas. Nesse momento, é importante que a população conheça os desafios enfrentados
pela empresa nessa crise de abastecimento de água do
Cantareira e de municípios das regiões próximas onde
também não tem chovido. Estamos atravessando este
período com a máxima tranquilidade possível graças ao
corpo técnico da empresa que vem trabalhando com
muita competência. É um trabalho incansável realizado
pelas nossas equipes. O saneamento não para nunca, não
fecha. Para que tudo funcione é necessário que várias
pessoas estejam de plantão sempre. Este espaço é um
momento de troca de experiências e novos aprendizados
muito importante para todos.
34
Saneas
Saneas: E para o ano que vem? Alguma novidade para
a comemoração dos 15 anos?
Antonio da Grela Filho: Nosso trabalho é constante. Já
estamos trabalhando nesse desafio que é aumentar a
participação da população. Este ano tivemos a participação de alunos de escolas municipal e estadual. Convidamos escolas técnicas e universidades. Temos interesse
na participação de operadores de municípios nos quais
a Sabesp não opera etc.
Queremos estender o evento para a população em
geral. Despertar cada vez mais o interesse de todos pelo
saneamento e meio ambiente.
É um trabalho no qual temos consciência de que os
frutos virão a médio e a longo prazo. Isso faz com que
tudo vá acontecendo de forma sólida e organizada. Para
ajudar a cuidar é preciso conhecer, inclusive para que
haja o reconhecimento também.
Março a Julho de 2014
Regional
cal o presidente da AESabesp, Reynaldo Young, ressaltou a importância que esta realização representa
para a região com a troca de conhecimento e informações sobre as inovações tecnológicas do setor. A
diretora cultural da entidade, Sonia Maria Nogueira,
também concedeu entrevista ao vivo complementando o pensamento e iniciativas da entidade.
Além do alto profissionalismo empregado nas
palestra do Encontro e nos contatos da Feira, este
evento ainda contou com momentos descontraídos
de confraternização, organizados pelo Polo de Lins,
tanto nas boas vindas aos visitantes na véspera da
realização, quanto num jantar oferecido na noite do
1º dia, estreitando ainda mais a rede de contatos e o
espírito de união entre os presentes.
Entrevista com o
coordenador do
Polo AESabesp Lins
Na oportunidade, a Saneas também entrevistou o engenheiro
do Departamento de Gestão e Desenvolvimento da Operação RTO e responsável (gestor) pelo controle de perdas da Unidade,
Marco Aurélio Saraiva Chakur, que também é coordenador do
Polo AESabesp Lins.
Saneas: No encontro do ano passado o senhor falou um
pouco de sua trajetória profissional na Sabesp. Em 2014 já
são 16 anos completos na empresa. Na abertura do evento
aconteceram elogios aos resultadosà frente deste trabalho,
na organização do Encontro Técnico. Como o senhor avalia
o encontro de 2014?
Marco Chakur: Eu participo da organização deste evento desde
a primeira edição. Mas à frente, como coordenador, este é o
sexto ano. Vejo com muita alegria a superação dos obstáculos
encontrados durante o processo de organização do evento e o
fato de conseguir manter este importante canal de intercâmbio
de informações e inovações tecnológicas aberto e ativo aos
profissionais da região e municípios vizinhos.
Saneas: O senhor citou a responsabilidade de estar à frente
do Polo AESabesp Lins como um desafio. Nos fale um pouco
sobre isso.
Marco Chakur O papel da empresa é retirar a água do
Março a Julho de 2014
meio ambiente e distribui-la. Isso acontece dentro de um contexto. No momento, por exemplo, estamos vivendo a maior
escassez de chuvas dos últimos 83 anos e estamos trabalhando constantemente na busca de alternativas para manter o
abastecimento do Sistema e temos conseguido bom êxito.
Mas isso depende do conhecimento técnico e experiência dos
profissionais envolvidos no processo, mas também tem a outra ponta, que é a população.
Cada vez mais teremos de investir em inovações tecnológicas e conscientização da população em relação à preservação do meio ambiente e ao uso racional da água como um
recurso hídrico finito e que necessita de cuidado por parte
de todos.
Saneas: No ano que vem o Encontro Técnico de Lins completará 15 anos. Quais as expectativas para 2015?
Marco Chakur: Queremos fazer um evento especial. Mas o
principal é manter o foco sempre no meio ambiente e na água
como produto, em como retirar a água com mais eficiência
do meio ambiente, reduzir a carga poluidora, conscientizar
a população sobre o uso racional e difundir as novas tecnologias que possam trazer avanço nesse sentido. Por isso este
espaço é tão importante. É um ponto de encontro entre pessoas que transmite conhecimento aos profissionais do setor,
representantes da indústria, fornecedores, universitários e
entidades, democratizando e integrando a todos. Todos ganham com isso. E é este papel que queremos aprofundar e
ampliar cada vez mais.
Saneas
35
Acontece no setor
Agru trará tecnologia alemã para Fenasan
A empresa austríaca AGRU, fabricante de conexões
em PEAD para termofusão e eletrofusão de 20 até
2250 milímetros de diâmetro, estabeleceu parceria
com a empresa alemã HürnerSchweisstechnik, fabricante de máquinas de solda com tecnologia de ponta. O resultado desta ação está nos equipamentos a
serem exibidos na Fenasan.
Alfacomp trará novidades
em telemetria
A Alfacomp, fabricante de produtos eletrônicos para
automação e telemetria com foco em segmentos específicos como o do saneamento, atesta que trará
uma novidade para a Fenasan: a família de painéis
de telemetria CCO Touch. Trata-se de três soluções
de monitoração e controle para a telemetria de
água e esgoto. São painéis de automação dotados
de IHMs (Interface Homem Máquina), rádio modem
e fonte de alimentação com bateria e podem centralizar a comunicação com todas as estações, além
de inteligentes, pois permitem visualizar e controlar
reservatórios e elevatórias de água.
36
Saneas
Paques Brasil mostra ETE compacta
A Paques Brasil apresentará sua estação compacta
BIOPAQ®UBOX, que contempla, em um único tanque, reator anaeróbio, reator aeróbio, decantador
e lavador biológico de biogás. Na parte anaeróbia,
o efluente em contato com o lodo anaeróbio tem
75% de sua carga orgânica removida e convertida
em biogás, que por sua vez é coletado no separador de fases e direcionado ao lavador biológico na
parte superior do reator, onde o H2S é eliminado de
sua composição. Após sua purificação, o biogás gerado é conduzido para posterior aproveitamento ou
queima.O efluente continua o processo e passa para
a parte aeróbia do reator onde, em contato com o
ar introduzido, recebe tratamento da carga orgânica
remanescente do tratamento anaeróbio. Após essa
etapa, o efluente passa por um separador lamelar de
alta taxa, inserido na parte superior do reator, onde
a separação dos sólidos da fase líquida acontece, e
segue para deixar o sistema por vertedores localizados acima desse decantador.
Março a Julho de 2014
ACONTECE NO SETOR
Fortlev apresentará seu Tanque Modular
A Fortlev Engenharia apresentará o seu Tanque Modular, feito de placas de
resina de poliéster reforçada com fibra de vidro, através do processo SMC
(Sheet Moulding Compound – Moldagem de Composto em Lâmina). O equipamento pode ser montado, no formato que for necessário, pois as placas
são prontas para serem encaixadas e parafusadas. Melhor relação “Peso Específico x Volume” se comparado com o concreto armado e o aço, painéis
antichama e montagem em módulos, que permite o transporte das placas e
a instalação do reservatório inclusive em situações complexas.
GEA traz sistemas de resfriamento
e integração
Guarujá apresentará sua
grade de produtos
A GEA Sistemas de Resfriamento apresentará na
Fenasan novos produtos de integração para tratamento de água, efluentes e transferência de massa.
Os módulos de decantação TUBEdek são fornecidos prontos para instalar ou em lamelas soltas para
montagem em obra. Possuem um ângulo interno
que facilita o escoamento dos sólidos. Os perfis são
produzidos com o comprimento e a ângulo requeridos para cada projeto, sem limitações. Os enchimentos estruturados BIOdek são blocos formados a
partir de chapas corrugadas, possuindo um índice de
vazios superior a 97% e pesos específicos variáveis.
São fabricados com diversas áreas superficiais, e devido ao desenho e geometria próprios, não colmatam nem formam canais preferenciais.
A Guarujá, fabricante de equipamentos para tratamento de água, esgoto e efluentes industriais,
apresentará sua grade de produtos na Fenasan: ETA
Compacta, ETE Compacta, Sistemas de Dosagem de
Produtos Químicos para ETA e ETE, dosador de gás
cloro, bombas dosadoras, extintores de cal, misturadores, floculadores, módulos tubulares, removedores
de lodo, adensadores de lodo, prensa de saguadora,
sistemas compactos de pré-tratamento de esgotos,
grades mecanizadas, de sarenadores, sistema de aeração, difusores de bolhas fina e média, aeradores,
sistemas de flotação, filtros para reúso, peneiras escalar, rotativa e de esteira.
Conaut apresentará medidor de vazão Waterflux
A Conaut preparou, para a Fenasan, a apresentação do medidor de vazão Waterflux, um equipamento que, segundo a empresa, possui dois grandes diferenciais em relação as opções tradicionais: a Rangeabilidade de 400:1
que possibilita quantificar a submedição; e a maior facilidade de instalação - que dispensa a necessidade de
trecho reto, reduzindo, consideravelmente, custos com infraestrutura de adequação da tubulação ou construção
de abrigo para o medidor.
Março a Julho de 2014
Saneas
37
ACONTECE NO SETOR
GWE, voltada ao tratamento
de resíduos
Itron lançará medidor
ultrassônico
A Global Water Engineering (GWE) e a Uni-Systems do Brasil aliaram-se em uma joint venture com
o objetivo de reunir esforços em busca de novas
oportunidades comerciais, otimização de recursos e
produtividade para servir aos mercados brasileiro e
latino-americano. O resultado desta fusão é a GWE
do Brasil, empresa dedicada ao tratamento de resíduos industriais a partir do processamento aeróbio e
anaeróbio e geração de bioenergia.
A Itron é uma empresa de tecnologia que
desenvolve produtos
com tecnologias de
controle e medição
para eletricidade, gás,
água e energia térmica; sistemas de comunicação; softwares e
serviços especializados. Entre os lançamentos que
serão apresentados durante a Fenasan, encontra-se
o medidor ultrassônico Intelis. Sem partes móveis,
o equipamento permite proteção contra custos de
manutenção não planejados, fornece medição precisa durante toda a vida útil do produto, além de
medir a temperatura, detectar vazamentos e ar na
tubulação. O módulo AMR integrado oferece os benefícios de funcionalidades personalizadas em um
sistema de coleta de dados móvel e fixo.
FGS apresentará tubos de
variadas extensões
Kanaflex apresentará suas
linhas de tubos
A FGS Brasil apresentará sua linha de tubos de polietileno em diâmetros variados, com extensão entre
20 até 1.600 milímetros, além de sua futura produção de ‘fittings gomados’ com até 1.600mm em uma
nova planta industrial, no interior de São Paulo, ao
longo do segundo semestre de 2014.
Bombas Leão lança novo motor MB4
A Bombas Leão lançará, durante a Fenasan, motor
MB4-360, projetado para operação submersa em diâmetros a partir de 4” (polegadas), produzido em aço
inox, para maior robustez e durabilidade.Rebobináveis e lubrificados à água, os novos motores da série
MB4-360 apresentam, entre outras características,
componentes internos com tratamento superficial
de alta resistência à corrosão e corpo do motor fabricado em chapa com alto grau de polimento, o que
dificulta o surgimento de incrustações. Além disso,
de acordo com a empresa, “a montagem e manutenção dos motores está mais fácil de ser realizada”.
38
Saneas
Uma das primeiras expositoras da Fenasan, a Kanaflex foi a pioneira no país na fabricação de tubos
corrugados utilizando a matéria-prima PEAD (Poli
Etileno de Alta Densidade), em 1984. Produz tubulações para o setor de energia, telecomunicação, saneamento, drenagem pluvial e subterrânea, agricultura, petróleo, entre outros. Em 2014, destacará na
Fenasan os seus Tubos de Parede Lisa Kanaliso, e os
Tubos Corrugados de Grande Diâmetro KNTS Super.
Março a Julho de 2014
ACONTECE NO SETOR
Mizumo apresentará suas ETEs
customizadas
A Mizumo destacará na Fenasan 2014 as suas ETEs
customizadas para loteamentos e núcleos habitacionais de áreas periféricas, possibilitando o acesso ao
tratamento de esgoto sanitário. Segundo a empresa,
os produtos Mizumo são adequados para comunidades isoladas que muitas vezes exigem soluções
simples e individualizadas. As ETEs são modulares e
transportáveis (permitem ser ampliados ou removidos e remanejados para outros locais), tem baixos
custos operacionais e garantias de desempenho no
tratamento biológico do esgoto, além do atendimento especializado da área de serviços, feito com
equipe própria. novidades o-tek
A O-Tek, empresa que pertence ao
grupo colombiano
Orbis, trará para Fenasan produtos e
serviços como sistemas de tubulação
de PRFV (Poliéster
Reforçado com Fibra de Vidro ou GRP,
Glass fiber Reinforced Plastic Pipes, por sua sigla em inglês), soluções
para reabilitação de tubulações por MND (Métodos
Não Destrutivos), além da linha de tanques metálicos parafusados com revestimento epóxi. Entre os
destaques da O-Tek na Fenasan estão os sistemas de
tubulação de PRFV com diâmetro entre 300 a 3000
mm, com capacidade para suportar pressões nominais de até 32 kgf/cm2 e que são fabricados pela
própria empresa.
Saint-Gobain lança tampão articulado
A Saint-Gobain Canalização, tradicional fabricante
de sistemas em ferro fundido dúctil para transporte
de fluidos, estará presente na Fenasan, com destaque
para o PAM Serviços, que oferece suporte técnico em
todas as fases do projeto, desde a sua elaboração até
a conclusão da obra. Além disso, uma das novidades
é o tampão PASSUS, especialmente desenvolvido na
classe B125 conforme NBR 10160, que completa a
oferta de tampões articulados DN600 para as mais
diversas condições de tráfego.
Grundfos apresentará gerenciamento para distribuição de água
A Grundffos apresentará, na Fenasan, o seu Sistema de Distribuição Dependendo da Demanda D.D.D., que,
segundo a empresa, reduz vazamentos, consumo de energia e aumenta a capacidade de distribuição de água
potável. A tecnologia é aplicada para manter a pressão constante no ramal do consumidor, em vez de manter
pressão constante na descarga da bomba. Por meio do seu controlador de bombas múltiplas (Grundfos Control
MPC), a estação elevatória de bombeamento de água é automatizada.
Março a Julho de 2014
Saneas
39
ACONTECE NO SETOR
Tigre lança sistema de fixação
de tubos
A Tigre lança um sistema de fixação de tubos plásticos composto por abraçadeiras, que atenderá as
linhas de esgoto, água fria e água quente, eletricidade, industrial e infraestrutura, para instalações
aparentes nas posições verticais e horizontais. É um
novo item no portfólio da empresa, a ser apresentado na Fenasan. A matéria-prima das abraçadeiras
é poliamida e serão fornecidas em três tamanhos: P
que se adapta a tubos com bitolas cujo DE (Diâmetro
Externo) é de 15 mm a 35 mm; M para DE de 40 mm
a 75 mm; e G para DE de 85 mm a 114mm.
Unitubos mostrará sua
linha de conexões
UNIS apresenta elevatória de
esgotos unifamiliar
A UNIS apresentará na Fenasan a elevatória de esgotos unifamiliar UNIECO 120, que, segundo à empresa, possibilita o acesso aos serviços de saneamento
básico de residências em condições adversas ao sistema de esgotamento sanitário, notadamente àquelas localizadas em cotas inferiores ao coletor público
ou em terrenos com taxa de ocupação plena. Totalmente fabricada em PMED - Polietileno de Média
Densidade, o produto é dotado de uma moto-bomba submersível com capacidade de atendimento a
desníveis manométricos de até 9,00 metros.
A Unitubos mostrará na Fenasan a sua linha de conexões de Irrigação (Soldáveis, Engate Rosca e Engate Metálico) e de Infraestrutura (Defofo, PBA, PBS, Esgoto Branco e Esgoto Ocre). Entre os destaques deste ano estão
sendo lançados o Duto Corrugado de PVC VDI (versões leve e reforçado), desenvolvidos para abrigar fiações de
telefone (voz), rede (dados) e TV (imagem): o Til de Ligação Predial com tampão totalmente injetados (com uma
área interna livre de estrangulamento) e o Selim Universal Compacto “CLIC”, uma novidade que contribui para
a evolução e agilidade das obras.
40
Saneas
Março a Julho de 2014
ACONTECE NO SETOR
Vermeer apresenta equipamento para
perfuração guiada a laser
WIKA mostrará sonda de nível de
alto desempenho
A nova sonda de nível WIKA modelo LH-20 é um instrumento
fino, com apenas 22mm de diâmetro, mas de alto desempenho,
segundo a empresa: tem precisão
de até 0,1% FE. O modelo pode
ser adequado a praticamente todas as aplicações de medição de
nível. A sonda ainda apresenta
coeficiente de erro muito baixo,
em função da temperatura, sinal
de saída de temperatura, comunicação HART® e rangeabilidade.
Para os meios mais agressivos,
a sonda de nível de alta performance está disponível nas versões
com invólucro em aço inoxidável ou titânio e cabos
em PUR (Poliuretano), PE (Polietileno) e FEP (Teflon).
Novidades da Xylem para a Fenasan
Durante a Fenasan, a Vermeer irá divulgar o seu
sistema de perfuração guiada a laser AXIS™ Laser
Guided Boring System, que já opera em obras de
saneamento no Brasil. O equipamentio conta com
flexibilidade e versatilidade na instalação de dutos
subterrâneos, com extensão de até 150 metros e
declividade exata em diversos tipos de solos. Ainda durante o evento, a empresa vai divulgar outras soluções em MND (Métodos Não Destrutivos),
o que inclui os equipamentos como NAVIGATOR
(Perfuratriz Direcional), perfuração pneumática,
AUGER BORING, Localizador de Tubulação (Verifier G2), GeoRadar (GPR), bem como a sua linha
de valetadeiras.
Março a Julho de 2014
A Xylem trará as seguintes novidades para a Fenasan, contempladas pelas seguintes linhas:
Transport (bomba submersível com baixo consumo
de energia e alta eficiência em condições severas de
operação/ Compit: estações elevatórias pré-fabricadas/Soluções para monitoramento e controle das
bombas); Dewatering (Bomba Godwin CD 150 para
by-pass e Bombas da série 2000); Treatment (Estações de Tratamento Biológico - ICEAS/ Blocos Leopold/ Ozônio/Ultra Violeta para desinfecção/ Misturadores/Sistemas de Membranas MBR) e Applied
Water Solution (Bomba Lowara).
Saneas
41
artigo técnico
Carlos Roberto Ferreira(1)
Engenheiro Civil pela
Escola de Engenharia
Kennedy. Mestre
em Hidráulica e
Saneamento pela Escola
de Engenharia de São
Carlos (EESC/USP).
Consultora da COPASAMG. Doutorando em
Hidráulica e Saneamento
na EESC/USP. Gerente
de Operação da Ambient
Ribeirão Preto.
Diretor Presidente da
SESAMM S/A.
Endereço(1):
Rodovia Dr. Amador
Jorge de Siqueira Franco
km 4 – Mogi Mirim SP - CEP: 13800-973
– Caixa Postal 1090 Brasil - Tel: (19) 38049033- e-mail: carlos@
sesamm.com.br
Eliane Rodrigues de
Almeida Florio(2)
Administradora
de Empresas pela
Faculdade de Economia,
Administração e
Contabilidade da
Universidade de São
Paulo (FEA/USP). Pós
Graduada em Direito
Ambiental pela
Faculdade de Saúde
Pública da Universidade
de São Paulo. Analista
de Gestão para Novos
Negócios na Sabesp.
Diretora Técnica
na Sessam.
42
O APRIMORAMENTO DA GESTÃO PARA
ESTABELECIMENTO DO SISTEMA DE
TRATAMENTO DE ESGOTOS NO MUNICÍPIO DE
MOGI MIRIM (ESTUDO DE CASO - SESAMM)
Por Carlos Roberto Ferreira(1) e
Eliane Rodrigues de Almeida Florio(2)
RESUMO
A crescente demanda de atendimento das
necessidades básicas no país impõe enorme
desafio à administração pública que precisa
encontrar alternativas para acelerar o desenvolvimento do setor de saneamento, que ficou
em segundo plano durante décadas, e desde o
início dos anos 2000 tornaram-se muito evidentes as desigualdades que vivemos em nosso
país. O município de Mogi Mirim experimentou
um crescimento de seu PIB em 47% entre os
anos de 2003 e 2006, ampliando sua importância no crescimento da região, neste mesmo
período o município apresenta um índice de coleta acima de 50% mas zero de tratamento de
esgotos. Diante de um cenário de crescimento
econômico é fundamental que se encontrem
novos modelos que possam colocar o município
no caminho do desenvolvimento, universalizando o serviço de tratamento de esgotos em curto
período de tempo.
Historicamente os investimentos em saneamento são escassos e apresentam baixo nível
de eficiência, complementado por dificuldades
na elaboração de projetos e gestão, conforme
apresentado em relatório do Ministério do Planejamento(1).
Diante desse cenário, a administração pública do município de Mogi Mirim desenvolveu
em parceria com diversos agentes, um modelo
que pudesse ser implementado no município
complementando o sistema de coleta, construindo e operando a estação de tratamento
de esgotos levando assim o Índice de Tratamento de Esgotos Coletados para níveis com-
Saneas
patíveis com seu crescimento, com o menor
custo para sua população.
Sendo assim, o presente trabalho vem relatar as etapas para execução do modelo aplicado
e os resultados alcançados para o município e
sua população, passando de zero para 65% de
tratamento de esgotos no período de 4 anos, e
com 100% dos investimentos privados, mais de
R$ 53 milhões.
PALAVRAS-CHAVE: SPE, Eficiência, Parceria,
Gestão e Inovação
INTRODUÇÃO
Este trabalho analisa o modelo de gestão e
contratação no setor de saneamento, apresentando os resultados da participação privada
como parceiros do setor público na melhoria
de projetos para implantação de estação de
tratamento de esgotos no município de Mogi
Mirim, atendendo aos requisitos legais, ambientais e sociais, permitindo a redução do
tempo para cumprimento de um dos principais
aspectos de cidadania e saúde da população: o
Tratamento dos Esgotos.
Este modelo de gestão implica em importante ferramenta para atendimento da universalização do acesso ao serviço de saneamento,
especialmente abordado neste trabalho.
Esperamos contribuir para identificação de
novos modelos e alternativas para que o resultado final seja atendido dentro de um prazo
minimamente adequado, sem postergação e
descontrole orçamentário, ampliando os investimentos no setor.
Março a Julho de 2014
artigo técnico
Um dos principais aspectos da gestão pública é assegurar o “gasto ótimo” dos recursos, para
isso, seus projetos precisam ter um nível de atendimento e acertos muito próximos do ideal. É
necessário que haja uma ampla participação de
diferentes atores que contribuam para elaboração e adequação de projetos, o que pretendemos
apresentar neste trabalho.
A visão pública do atendimento à população complementada pela visão privada da economia no alcance de seus resultados e maximização do lucro deverá
ser bem aproveitada na modelação de projetos que
levem à maximização do bem estar da população.
O modelo foi executado em três etapas: Licitação, Construção e Operação. Visando a complementação do sistema de coleta, implantação e operação
de estação de tratamento dos esgotos, atendendo as
condições de serviço de utilidade pública e questões
da universalidade, qualidade e equidade da prestação destes serviços como fundamentais para o desenvolvimento social e econômico.
Para que o objetivo maior seja atendido, ou seja,
a prestação do serviço no tempo, na qualidade e na
condição de sua sustentabilidade econômica, as tarifas cobradas devem ser suficientes para cobrir os
custos, garantir novos investimentos e a manutenção adequada, assegurando assim o atendimento a
toda população.
Neste momento o aprimoramento da Gestão é
tema de extrema relevância, sendo ratificado em
pesquisa recente realizada pela ABCON durante o
27º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e
Ambiental e da Fitabes - Feira Internacional de Tecnologias de Saneamento Ambiental, em Goiânia,
revelou que a gestão eficiente é, na opinião dos entrevistados, o fator mais importante para acelerar a
universalização do saneamento.
Esse fator também pode ser comprovado pelos
resultados apresentados como principais entraves ao
financiamento:
LICITAÇÃO
conflitos na decisão, apontam para um caminho
alternativo, assim se dá o início para elaboração
do modelo de licitação para Concessão do serviço
de tratamento.
Foi elaborado o Processo Licitatório nº 774/2008
na Modalidade de Concorrência Pública nº 003/2008,
disponível aos licitantes a partir do dia 25 de janeiro
de 2008 com entrega das propostas no dia 31 de
março de 2008.
A operação dos serviços de saneamento no município de Mogi Mirim estão sob a responsabilidade do
Serviço Autônomo de Água e Esgotos – SAAE, que a
partir de 2006 identifica a necessidade de acelerar
os índices de tratamento de esgotos, que apesar do
crescimento do município ainda não detém unidade
eficiente para tratamento de seus esgotos.
A escassez de investimentos e os constantes
Março a Julho de 2014
Saneas
43
artigo técnico
Objeto: Prestação dos serviços de complementação da implantação do Sistema de Afastamento
de Esgotos e implantação e operação do Sistema de
Tratamento de Esgotos, incluindo a disposição dos
resíduos sólidos gerados.
Prazo: 30 anos
Projeto: 4 Fases
Sistema de Esgotamento Sanitário do Município de Mogi Mirim
Fases do Projeto
PERÍODO
EXECUÇÃO
INVESTIMENTO
(R$)
1ª
Emissário por Gravidade Mogi Mirim
Estação Elevatória de Esgotos
Linha de Recalque
Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s)
Emissário Final
Coletor Tronco Lavapés (SB-07)
MAR/09 a
MAR/11
29,4 MILHÕES
2ª
Coletor Tronco Mogi Mirim (trecho Pça. Lions até Rua
Antonio Ravagnani)
Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s)
Coletor Tronco Santo Antonio (SB-06)
JUN/13 a
JUL/15
9,7 MILHÕES
3ª
Coletor Tronco Mogi Mirim (trecho Rua Antonio Ravagnani
até SP-147)
Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s)
JUN/21 a
JUL/23
9,0 MILHÕES
4ª
Coletor Tronco do Boa (SB-16)
Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s)
JUN/31 a
JUL/33
5,2 MILHÕES
ETAPA
OBRAS A SEREM EXECUTADAS
53,3 MILHÕES
Como previsto em edital, a formação do Consórcio entre a OHL, Sabesp e ETEP, estabelece um novo marco
44
Saneas
Março a Julho de 2014
artigo técnico
no setor de saneamento sendo a primeira associação de empresa de economia mista e setor privado
participando de processo licitatório e vencendo a
concorrência.
A partir da homologação e assinatura do contrato em 09/09/2008, todas as responsabilidades e
garantias passam para a empresa de propósito específico – SPE, formada para execução do objeto, nascendo assim a SESAMM – Serviços de Saneamento
de Mogi Mirim S/A, empresa privada de sociedade
anônima com a participação de seus acionistas conforme quadro abaixo:
Acionista
Participação
OHL Médio Ambiente
58%
Sabesp
36%
ETEP
7%
CONSTRUÇÃO
Atendida todas as etapas administrativas, coube a
direção da SESAMM a análise detalhada de todos os
projetos para identificação de possíveis melhorias,
sendo admitida a apresentação de alterações desde
que comprovadamente vantajosas aos propósitos do
projeto.
Assim foi identificada a necessidade de antecipar
a 2ª fase uma vez que os esgotos coletados no município eram muito superiores ao volume definido
para a 1ª etapa de 75 l/s, sendo assim, os projetos
foram alterados para atender 150l/s já em sua primeira fase.
OBRAS A SEREM EXECUTADAS
PERÍODO
EXECUÇÃO
INVESTIMENTO
(R$)
1ª
Emissário por Gravidade Mogi Mirim
Estação Elevatória de Esgotos
Linha de Recalque
Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s)
Emissário Final
Coletor Tronco Lavapés (SB-07)
MAR/09 a
MAR/11
29,4 MILHÕES
2ª
Coletor Tronco Mogi Mirim (trecho Pça. Lions até Rua
Antonio Ravagnani)
Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s)
JUN/13 a
JUL/15
9,7 MILHÕES
3ª
Coletor Tronco Santo Antonio (SB-06)
Coletor Tronco Mogi Mirim (trecho Rua Antonio Ravagnani
até SP-147)
Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s)
JUN/21 a
JUL/23
9,0 MILHÕES
4ª
Coletor Tronco do Boa (SB-16)
Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s)
JUN/31 a
JUL/33
5,2 MILHÕES
ETAPA
53,3 MILHÕES
Contribuição Tecnológica para
melhoria do projeto
De acordo com o edital, houve a possibilidade de
apresentação de projetos alternativos ao apresentado pelo município, o que permitiu a utilização de
equipamento de última geração, único no Brasil ,
Março a Julho de 2014
mas de larga aplicação internacional, que proporcionou ganho na eficiência energética e segurança
operacional.
Saneas
45
artigo técnico
- Inovação tecnológica – sistema de aeração “Orbal”
- Implantação modulada de maneira a escalonar investimentos
Com a conclusão da fase de análise e decisão final quanto aos aspectos técnicos, entramos na etapa
para identificação do financiamento, sendo a SESAMM responsável por toda tramitação do processo.
O modelo apresentado gera um grande atrativo,
uma vez que envolve diversos atores que compartilham as decisões para minimizar os riscos.
O financiamento do projeto foi realizado junto à
Caixa Econômica Federal no valor de R$ 35 milhões,
sendo dadas todas as garantias pelos acionistas.
Abaixo apresentamos o cronograma podendo
comprovar o alto grau de desempenho da gestão
para obtenção dos resultados.
Cronograma
Assinatura Contrato: 09/09/2008
Obtenção LI: 14/05/2009
Início das Obras Coletores e Emissários: 30/04/2009
Início das Obras ETE: 29/04/2010
Liberação da LO: 10/05/2012
Inauguração do Sistema: 01/06/2012
Início da Operação: 15/06/2012
OPERAÇÂO
A operação da estação se inicia em 15 de junho de
2012 e de acordo com o contrato, o período esta-
46
Saneas
belecido para atendimento dos parâmetros qualitativos da estação é de 4 meses, sendo necessária
uma operação assistida muito eficiente e coesa para
atendimento dos requisitos ambientais.
É importante salientar que o efluente tratado na ETE
Mogi Mirim para lançamento no Rio Mogi Guaçu (Classe
2), deverá respeitar os limites e parâmetros de acordo
com o Anexo XI do Edital, conforme quadro ao lado.
Remuneração
A remuneração como contraprestação dos serviços
de tratamento dos esgotos sanitários é calculada
pela soma das seguintes parcelas:
a) Remuneração dos investimentos: através da
aplicação da tarifa do componente de investimento
expressa em R$/m³ de esgoto aplicada ao volume de
tratamento dos esgotos ofertado em cada etapa da
ETE, conforme previsto em Edital;
b) Remuneração da operação e manutenção:
através da aplicação de tarifa do componente operacional expressa em R$/m³ aplicada ao volume
mensal medido na saída da estação.
A SESAMM encaminha ao SAAE- Mogi Mirim,
até o 5º dia útil, cálculo da remuneração mensal
acompanhado do Relatório de Medição Mensal e
laudo das análises laboratoriais.
Março a Julho de 2014
artigo técnico
Referência Fevereiro 2014
Parâmetros
Und.
Efluente of
Anexo XI
Efluente
ETE Mogi Mirim
Observações
DBO
mg/L
55
10
Atende
N. Amoniacal
mg/L
20
17
Atende
Fósforo Total
mg/L
1
0,83
Atende
Coliformes TT
NPM/100mL
1000
Ausente
Atende
Cloro Total
(Miníma)
mg/L
0,3
0.95
Atende
*Cloro Residual
(Miníma)
mg/L
0,3
0,31
Atende
*Exigência da Licença de Operação nº 65000783
RM = (TI x Volume Ofertado) + (TO x Volume Tratado)
RM = Remuneração mensal
TI = Tarifa Investimento
TO – Tarifa Operação
Resultados do efluente final Fevereiro/ 14
Parâmetros
Und.
AFLUENTE
EFLUENTE
pH
-
7,19
7,38
DQO
mg/L
428
43
DBO
mg/L
229
10
Nitrogênio Total
mg/L
32
22
Nitrogênio Amoniacal
mg/L
19
17
ST
mg/L
808
-
SST
mg/L
158
11
Turbidez
mg/L
-
1,5
Cor Aparente
mgPtCo/L
-
99
Fósforo Total
mg/L
2,6
0,83
Cloro Total
mg/L
0,14
0,95
Cloro Residual
mg/L
-
0,31
Coliformes Totais
NMP/100ml
1,7x106
Ausente
Coliformes Fecais
NMP/100ml
7,0x105
Ausente
Oxigênio Dissolvido
Mg/L
0,5
5,5
Eficiência no Período (DBO) 96%
Eficiência do Projeto 80%
Março a Julho de 2014
Saneas
47
artigo técnico
CONCLUSÕES
O processo desenvolvido no município paulista
apresentou todos os requisitos de sucesso para o
projeto, o poder público alcançou o objetivo de
implementar o sistema de coleta e tratamento dos
esgotos no município contribuindo para a saúde
da população e seu bem estar. Os recursos financeiros foram 100% suportados pela iniciativa privada,
sendo 80% financiados e todas as garantias prestadas pelos acionistas. Desta forma o município pode
centralizar seus recursos para outras necessidades
que não podem ser atendidas pelo modelo de concessão e parceria.
Conforme observamos os reajustes das tarifas
aplicadas aos munícipes não implicaram em valores
que aumentem a inadimplência e apresentam valores comparativos com demais preços de serviços
abaixo da principal empresa no setor.
Esta experiência mostra o quanto é imperativo
para o desenvolvimento do setor o aprimoramento
da gestão, para assim chegarmos à esperada universalização do saneamento no Brasil.
Participação dos agentes no processo:
Prefeitura
Definição
da área
instalação
Autorizações
Legais
Serviço
Água
Esgoto
Projeto
Básico
Processo
Licitatório
Fiscalização
e Controle
Fundo
Tratamento Esgotos
Liberação
Pagamento
das Faturas
GS INIMA
Sabesp
ECS
SESAMM
Aporte
Recursos
Garantias
Formatação
SPE
Obtenção
Licenças
Obtenção
de Financiamento
Elaboração
Projetos
Contratação
da Execução
Operação
ETE
Caixa
Econômica
Federal
Avaliação
Projeto
Controle
Execução
Liberação
Recursos
Cetesb
Liberação
Licenças
Monitoramento
Benefícios Trazidos pela Concessão
■■ Índice de Tratamento de Esgotos de Zero para 65%
■■ População Atendida 56.550 habitantes / 5.242.781m³ tratados
■■ Limpeza dos rios Mogi Mirim e Mogi Guaçu - Alteração da classificação do rio de acordo com relatório Cetesb
2012
■■ Investimentos Privados: R$ 40 milhões / 4 anos
■■ Transferência de tecnologia
■■ Novo modelo de atuação no setor de Saneamento Básico no Brasil – Parceria Estado e Iniciativa Privada
48
Saneas
Março a Julho de 2014
artigo técnico
MÉTODOS ALTERNATIVOS DE ADSORÇÃO DE
METAIS PESADOS NO CHORUME
Por Marcos Vinicius Boaventura, Matheus Henrique de Oliveira,
Ramon Oliveira de Souza, Reinaldo Souza de Sant’Ana Junior
e Rodrigo Bernardo de Oliveira Sousa
Os metais pesados são hoje uma das maiores preocupações quando se fala em poluição do solo por
águas subterrâneas de aterros sanitários. São muitos os meios de se tratar esse chorume, mas em sua
maioria eles acabam se tornando caros e de baixo
rendimento. Este trabalho tem como objetivo comprovar a eficácia de métodos alternativos de adsorção de metais pesados, levando em consideração a
viabilidade do projeto. Foi comparada a eficiência
da quitosana obtida através da quitina proveniente do exoesqueleto de artrópodes; do descarte da
serragem quimicamente modificada para formação
de carboxilatos e da casca da banana também quimicamente modificada. A aplicação destes métodos foram executadas em meio estático (em filtro
de decantação) e em meio dinâmico (com agitação
constante em agitador magnético) respeitando sempre a proporção de 1:10, ou seja, 1 grama do adsorvente para 10 mL de chorume. O chorume tratado
foi submetido a análises de ICP-AES, que consiste
em um método instrumental de varredura de metais
na amostra, o que possibilitou uma confiabilidade
e garantia dos resultados obtidos. As maiorias dos
métodos estáticos se mostraram mais eficientes que
os dinâmicos como no caso da adsorção com quitosana de 53,63% e 53,19% e também o da casca de
banana com 20,29% e 19,63%. Já no caso da serragem o método de aplicação dinâmico mostrou-se
mais eficiente que o estático, com 11,27% e 7,08%
de adsorção. E por fim, pode-se observar que cada
método teve uma eficácia diferente com adsorção
maior de metais diferentes, não podendo descartar
nenhum resultado, mas por se tratar de um trabalho
comparativo, observou-se que a maior eficiência foi
a da quitosana em método estático.
1. INTRODUÇÃO
A procura por novas tecnologias e serviços vem au-
Março a Julho de 2014
mentando a cada dia. Com isso, a exploração dos
recursos naturais nunca foi tão grande quanto
é atualmente. E com o crescimento da população
mundial, a tendência é o crescimento do consumo
e dos processos industriais. Isso consequentemente
tem devastado cada vez mais o meio ambiente e os
recursos naturais, produzindo resíduos sólidos. Estes
não são produzidos somente pelas indústrias, mas
também por casas, hospitais, plantios, comércios etc.
Produzidos em todos os estágios das atividades humanas, os resíduos, em termos tanto de composição
como de volume, variam em função das práticas de
consumo e dos métodos de produção (KRAEMER,
2005). De acordo com a NBR 10004 (2004) da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas), resíduo
é: [...] sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição,
bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para
isso soluções técnica e economicamente inviável em
face à melhor tecnologia disponível.
De acordo com Lerípio (2004) apud KRAEMER
(2005), “somos a sociedade do lixo, cercados totalmente por ele, mas só recentemente acordamos para
este triste aspecto de nossa realidade. Nos últimos
20 anos, a população mundial cresceu menos que o
volume de lixo por ela produzido. Enquanto de 1970
a 1990, a população do planeta aumentou em 18%,
a quantidade de lixo sobre a Terra passou a ser 25%
maior.” A Figura 1 ilustra as toneladas de lixo recolhidas pela prefeitura de São Paulo no ano de 2009
Os resíduos domésticos compõe a maior parte da
porcentagem citada abaixo. Porém, os resíduos in-
Saneas
49
artigo técnico
dustriais justificam uma atenção especial pelo fato
de que são muito mais nocivos, visto que afetam o
meio ambiente e o ser humano drasticamente. Porém, nem sempre esse lixo recebe um tratamento
especial ou destino correto, sendo que o aterro sanitário em meio a tantos processos acaba se tornando
a opção mais usual e econômica das indústrias, o que
não significa que seja a mais correta, devido a um
grave problema: a formação do chorume.
1.1 Aterros Sanitários
Os aterros sanitários são sistemas adequados comumente adotados para disposição de lixo que é
intercalado por coberturas de solo, onde ocorre o
processo degradativo de fermentação anaeróbia.
(LINS, 2005.) Esse tipo de fermentação ocorre quando o oxigênio das bactérias se esgota tornando-se
necessária a decomposição da matéria orgânica para
suprir suas necessidades, quebrando as moléculas em
compostos simples como o metano (CASSINI, 2003).
Os aterros recebem todos os tipos de resíduos
procedentes das residências, hospitais, entre outros e
principalmente da indústria. Segundo dados da SABESP -Companhia de Saneamento Básico do Estado
de São Paulo - (2011), são recebidos em média 150
m³ por dia de resíduos industriais de aterros sanitários, que geram 70m³ de chorume. Então esse chorume é tratado e transformado em torta, que é encaminhada novamente ao aterro de origem, formando
um ciclo vicioso. Porém, estes dados variam levando
em consideração a estação do ano ou épocas mais
chuvosas. Por último, este tratamento realizado pela
SABESP tem um custo muito alto.
1.2 Chorume e metais pesados
Na maioria dos aterros, o chorume é composto pelo
líquido que adentra a massa aterrada oriundo de
fontes externas, tais como a chuva e sistemas de
drenagem. Dois processos são responsáveis por sua
formação: a lixiviação e a decomposição.
A lixiviação ocorre quando os constituintes químicos de um material sólido são extraídos ou solubilizados pela ação de um fluído percolante (água
na maioria das vezes). A decomposição é o processo
de transformação que ocorre em moléculas orgânicas, transformando-as em compostos mais simples.
50
Saneas
Ambos são processos naturais que conduzem à formação de um líquido denso, de cor escura e odor desagradável conhecido popularmente como chorume
(TAVARES, 2011).
Tavares (2011) diz também que o chorume possui uma composição extremamente complexa e que
varia desde a idade do aterro até os eventos que
ocorreram antes da amostragem. Contamina o solo e
possivelmente os corpos d’agua e os mananciais subterrâneos. Além disso, aterros que recebem o lodo de
indústrias que não recebeu tratamento, produzirão
um chorume com um alto teor de metais pesados e
agentes patogênicos.
Metal pesado é todo aquele que tem um alto
peso específico (TAVARES, 1992). Este termo foi usado pela primeira vez em 1936, no livro de química
inorgânica escrito pelo dinamarquês Niels Bjerrum,
que definiu esta classe de elementos em função da
densidade. Segundo este autor, para ser metal pesado o elemento deveria ter densidade superior a >4g/
cm-3. Atualmente, a designação para metal pesado
é muito variável, sendo possível encontrar diversas definições para o termo. Alguns metais pesados
como cobalto, cobre manganês, molibdênio, vanádio, estrôncio e zinco são essenciais á vida e atuam
como micronutrientes. Porém, outros metais como
mercúrio, chumbo e cádmio não possuem nenhuma
fração aparente nos seres vivos e em altas concentrações são extremamente nocivos a natureza e aos
seres vivos, por isso sua toxicologia se mostra tão
importante.
O que difere o chorume de um aterro a outro é
justamente a concentração de metais pesados, pois
há aterros que recebem mais lixo industrial que outros. Isso significa que nem todo chorume apresenta
quantidades significantes de metais pesados.
1.3 Floculante
O pré-tratamento mais realizado atualmente pelas
indústrias é com floculantes, que consistem em uma
solução viscosa que pode ser feita a partir de vários
elementos. É um processo simples onde ocorre nada
mais do que uma junção de tudo o que for sólido,
cátions e ânions livres na água é misturado ao líquido viscoso e decanta. Após isto uma filtragem comum os separa em fase líquida e fase sólida, a fase
Março a Julho de 2014
artigo técnico
sólida é prensada e se torna a torta rica em matéria
orgânica e a fase liquida passa por mais uma filtragem com alguns fatores desodorizantes e se torna
água de reuso, apta a ser despejada nos afluentes
do Rio Tietê.
De 1970 até hoje, muitos outros tratamentos
e métodos alternativos foram estudados e experimentados. Porém a ineficácia ou o alto custo em
relação ao benefício surgiram como barreiras intransponíveis, até que estudos da biomassa começaram a ser realizados visando sanar esse problema
sócio-ambiental.
1.4 Métodos alternativos para adsorção de metais
Foram realizadas pesquisas que possibilitaram compreender o valor da biomassa e seus recursos como
uma possível solução às consequências da formação
do chorume. O conceito de biomassa pode ser definido como a massa de matéria orgânica presente nos
organismos, nos ecossistemas ou em determinada
população animal ou vegetal. Sua composição varia
ocasionalmente por diversos fatores, como temperatura, espécies consideradas etc. A biomassa pode
ser usada como fonte de energia e matéria-prima,
fonte de reaproveitamento de descartes de resíduos, substituição de combustíveis fósseis por outras
fontes alternativas de energia, por exemplo. Nesse
sentido, desde 1970 tem-se notado um crescimento
no interesse do reaproveitamento da biomassa como
alternativa de desenvolvimento de novos produtos
em diversas áreas, reaproveitando macromoléculas
presentes nos resíduos da agroindústria (bagaços,
folhas, caules), das indústrias de processamento alimentício (farelos, tortas) ou da indústria pesqueira
(cascas de camarão, carapaças de caranguejos).
A palavra-chave é o reaproveitamento destes
resíduos, consumado pelo fato de ser uma fonte
de matéria-prima relativamente barata. No entanto, este aproveitamento da biomassa se caracteriza
também pelas dificuldades de extração, conversão e
processamento da matéria-prima que necessita de
processos físicos e químicos rigorosos, resultando na
geração de resíduos que podem contaminar o meio
ambiente. Além disso, por estes resíduos serem extraídos da natureza, pode-se ocorrer variações em
função de muitos fatores, e se forem usados de ma-
Março a Julho de 2014
neira desenfreada, podem causar um impacto ambiental (CARDOSO, 2008).
1.5 Quitina e quitosana
A quitina é um biopolímero degradável de baixa toxidade e alta biocompatibilidade. Foi descoberta por
Henri Braconnot, em 1811, que estava pesquisando
cogumelos. É a segunda substância mais encontrada
na biomassa, atrás apenas da celulose, porém, possui
uma taxa de reposição que chega a ser quase o dobro
da anterior. Pode ser encontrada no exoesqueleto de
crustáceos e insetos, na parede celular de fungos,
e outros materiais biológicos. A quitina é insolúvel
em água, solventes orgânicos, ácidos diluídos e álcalis, e se apresenta em forma de sólido cristalino ou
amorfo (BEPPU, 2004). A quitina apresenta também
três diferentes formas polimórficas, descritas como
α-quitina, β-quitina e γ-quitina, dependendo de sua
estrutura cristalina, da disposição de suas cadeias e
da presença de moléculas de água. A sua fórmula
é β-(1-4)-N-acetil-D-glucosamina, e sua ocorrência
está associada a outras substâncias, como proteínas,
sais de cálcio etc, sendo que apenas em algas diatomáceas é comprovada a existência de quitina pura.
A quitina pode ser utilizada como adsorvente na
clarificação de óleos, tratamentos de efluentes, mas
principalmente na produção de quitosana.
A quitosana pode ser obtida a partir da desacetilação da quitina a qual apresenta um grande
número de características e propriedades, dentre as
quais se destacam: biocompatibilidade, biodegradabilidade, propriedades bactericidas, emulsificante e
quelante. Essas propriedades fazem com que a indústria pesqueira tenha um interesse maior em seus
resíduos, visto que a maior concentração de quitina
na biomassa é encontrada em crustáceos. Na medida em que a geração de resíduos de camarão e siri
é bastante significativa, que tais resíduos são constituídos por quitina, e que a mesma possui grande
versatilidade, tem havido grande interesse em seu
reaproveitamento, buscando uma alternativa à sua
disposição final, com vistas ao desenvolvimento de
produtos de valor agregado. Ainda faltam pesquisas
e estudos suficientes sobre o tema, mas existem hoje
teses relacionadas à quitosana com o intuito de usá-la no tratamento de efluentes (MOURA, 2006).
Saneas
51
artigo técnico
Como já dito antes, esse aproveitamento da biomassa caracteriza-se também pelas dificuldades de
extração, conversão e processamento da matéria-prima que necessitam de processos físicos e químicos rigorosos resultando na geração de resíduos que
podem contaminar o meio ambiente. Além disso, por
ser extraída da natureza, podem-se ocorrer variações
em função de muitos fatores, e se for usada de maneira desenfreada, pode causar um impacto ambiental. Em vista disso, decidiu-se usar o exoesqueleto
de caranguejo como matéria-prima da quitina para
produção de quitosana, devido ao alto descarte das
carapaças pela indústria pesqueira brasileira e por
restaurantes. Conforme o restaurante Empório do
Caranguejo, localizado no Espírito Santo, são descartadas mais de 35 dúzias de carapaças por final de
semana, número que é duplicado no verão. Segundo
a direção do local, existem restaurantes da mesma
região que descartam aproximadamente 200 dúzias
que teriam como destino o lixo. Desse modo, o reaproveitamento deste material é uma alternativa viável visto que o Brasil possui uma costa litorânea de
aproximadamente 7.367 mil quilômetros onde são
facilmente encontrados os caranguejos. Atualmente, como o método de utilização da quitosana no
tratamento de efluentes ainda não foi aprimorado
e não é utilizado em escala industrial, as grandes
empresas como SABESP e SEMAE, estão utilizando
os recursos cabíveis para que não sejam depositados
metais pesados nos afluentes de grandes rios e bacias hidrográficas.
1.6 Casca de banana
Outra forma já conhecida e pouco utilizada para a
extração de metais pesados é o uso da fibra da casca
da banana, que consiste em uma técnica simples e
de fácil acesso à população. A banana é picada, lavada e secada ao sol, após isto é tratada com ácido
acético (4 a 6 %) e já esta pronta para servir de filtro
para metais pesados (ANNADURAI, 2002).
Apesar de ser uma técnica simples e de baixo
custo, a utilização da fibra da banana para extrair
metais pesados ainda não vem sendo explorada nas
últimas décadas.
A banana é a fruta tropical mais produzida no
mundo, 71 milhões de toneladas produzidas mundial-
52
Saneas
mente em 2006. O Brasil é o segundo maior produtor
mundial, sendo superado pela Índia com 12 milhões
de toneladas. A sua utilização evita impactos ambientais, já que sua casca é descartada e normalmente não
tem nenhuma utilização (MARTINS, 2008).
1.7 Serragem
Serragem é o resíduo formado quando se divide
qualquer tipo de madeira em partes menores com
uma serra ou material que causa a trituração da
mesma. A quantidade de serragem gerada está ligada diretamente com a espessura e formato da
serra ou equipamento que foi utilizado no corte.
Atualmente marcenarias, serralherias e muitas indústrias produzem grande quantidade desse resíduo
e a maior parte tem como destino o lixo. Porém,
existem muitas pesquisas para a reutilização deste
descarte. Dentre as pesquisas existem algumas na
área de adsorção de metais pesados com serragem
(RODRIGUES, 2006).
A serragem contém uma grande quantidade de
celulose, que tem a habilidade de adsorver metais,
com o devido tratamento com acido cítrico, induzindo a formação de grupos carboxilato na sua estrutura, que aumentam a capacidade da serragem
de adsorver metais (RODRIGUES, 2006).
O consumo de madeira vem crescendo mais a cada
ano, tendo em vista que a indústria moveleira brasileira também cresce, de acordo com a exigência dos
consumidores em ter móveis mais sofisticados e bem
trabalhados (Tabela 3). A madeira usada para a fabricação destes móveis gera uma certa porcentagem de
serragem, que varia de acordo com o que se deseja
fabricar e até mesmo com o tipo de madeira usado.
Com base em todas as pesquisas realizadas em
teses e projetos científicos foi decidido executar o
trabalho cujo intuito é testar a eficiência de métodos alternativos para adsorção de metais pesados no
lixiviado, para que este possa ser descartado com um
nível de toxicidade menor do que já é proveniente
do mesmo.
MATERIAL E MÉTODOS
Chorume
Feita a coleta do chorume ( Figura 1), o mesmo foi
levado ao Laboratório de Análises Instrumentais de
Março a Julho de 2014
artigo técnico
terceiros e foi submetido à análise por ICP-AES.
O instrumento de ICP-AES (Espectroscopia de
Emissão Atômica com Plasma Indutivelmente Acoplado) consiste em um aparelho que usa do princípio de emissão atômica para quantificar e qualificar
sob agitação magnética com auxílio de uma barra
magnética, por três horas e em seguida foi feita uma
filtragem a vácuo e lavagens com água destilada
para a neutralização do pH.
Serragem
Figura 1: Amostra de chorume coletada
metais em uma amostra. É uma técnica analítica que
se baseia na radiação eletromagnética nas regiões
do visível e UV do eletromagnético por átomos neutros ou excitados. A fonte de emissão deste aparelho
consiste em uma tocha de plasma que nada mais é
que uma mistura gasosa em altíssima temperatura
condutora de eletricidade e que contém nela cátions
e elétrons e a partir da emissão destes e absorção
do metal a ser analisado, pode-se fazer a leitura dos
resultados (RATTI, 2011; KRUG, 2011).
Preparo dos materiais alternativos
para utilização na adsorção de metais
do chorume
Casca de banana
Para o processo de higienização as cascas de banana
foram lavadas com água destilada e para a obtenção
de um particulado menor, foram picadas, proporcionando uma maior superfície de contato. Posteriormente, as cascas foram colocadas em cadinhos
de alumínio e aquecidas em estufa por 24 horas na
temperatura de 100°C para a secagem.
Após a secagem as cascas foram trituradas e
peneiradas em malha de 200 mesh/cm² e pesadas
em balança analítica 16,1523g de casca seca em um
vidro de relógio. Em seguida, as cascas foram transferidas para um frasco Erlenmeyer de capacidade de
250 mL, adicionando-se 300 mL de solução de ácido
nítrico 0,4 mol/L. Em seguida, a mistura foi colocada
Março a Julho de 2014
Para uma melhor superfície de contato e preenchimento de volume, a serragem foi peneirada com
uma peneira de malha de 200 mesh/cm² até atingir
a massa de 16,0371g deste peneirado.
Após a pesagem a serragem foi transferida para
um frasco Erlenmeyer de 250 mL, e para cada grama
de serragem foram adicionados 20 mL uma solução
0,1 mol/L de hidróxido de sódio. A mistura foi submetida à agitação magnética por duas horas.
Após, a amostra foi lavada com água destilada e
em seguida levada à estufa de secagem sobre uma
placa de Petri, por 24 horas a 55°C. Após a retirada
da estufa já com a serragem totalmente seca e o
recipiente resfriado no dessecador foi feita a transferência da serragem para um Erlenmeyer com capacidade de 250 mL e foi adicionada uma solução de
ácido cítrico de concentração 1,2 mol/L. Posteriormente, o conteúdo foi submetido à agitação constante por duas horas e ao término deste período, a
serragem foi lavada novamente e levada à estufa de
secagem por 24 horas à 55 °C e mais 3 horas à 120
°C (RODRIGUES et al., 2006)
Quitosana
Para o preparo do adsorvente foi necessário dar início pelo processo de extração da quitina através do
exoesqueleto dos caranguejos. Foram executadas as
etapas de desmineralização, desproteinização, desodorização e secagem (MOURA et al., 2006), como
apresentado na Figura 2 Esta etapa foi realizada com
os caranguejos previamente lavados com água destilada e triturados em almofariz de porcelana com
auxilio de um pistilo.
Saneas
53
artigo técnico
extração e a preparo da quitosana. Para produção da
quitosana através da quitina foi executado o processo
de desacetilação.
Matéria prima
Desmineralização
HCl 2,5%
Quitina
Desproteinização
NaOH 5%
Desacetilação
Desodorização
NaClO 0,36%
54
Quitosana com pH
básico
Secagem
Lavagens
Obtenção da
quitina
Quitosana pronta
para aplicação
Com a matéria prima lavada e triturada, pôde-se dar início ao processo de desmineralização, onde
em um béquer de material plástico, com capacidade
máxima de 1000 mL, foram adicionadas as cascas
trituradas a 500 mL de solução de ácido clorídrico
2,5% v/v contidos no recipiente e a mistura foi submetida a agitação constante com agitador confeccionado pela equipe, por 30 minutos.
Em seguida foi executado o processo de desproteinização, onde em um segundo béquer de 1000 mL
contendo 500 mL de solução de hidróxido de sódio
5% m/v, as carapaças desmineralizadas foram submetidas à agitação por 30 minutos.
A etapa de desodorização foi executada a seguir,
com uma lavagem com 500 mL de solução de hipoclorito de sódio a 0,36% v/v sob agitação constante
em um béquer de 1000 mL de material plástico.
E por fim, a quitina obtida foi colocada em estufa a 80°C até que se pudesse obter menor umidade
da quitina.
Com a quitina em mãos, foi possível iniciar-se à
Saneas
NaOH 42,3%
a 130°C
Água destilada
No processo de desacetilação a quitina
obtida
anteriormente
foi posta em reator de
vidro de três saídas de
2000 mL, que continha
uma solução de hidróxido de sódio 42,3%
v/v cujo apresentava na
saída lateral esquerda
um termômetro de 200
Figura 4: Obtenção da
°C enquanto na lateral quitosana pelo processo de
direita havia uma rolha desacetilação
n° 14 e na saída central
uma rolha acoplada ao agitador. Este reator foi
colocado em uma manta aquecedora até atingir
temperatura de 130°C e a partir daí foi submetido
à agitação por duas horas (Figura 5).
No fim do processo, a quitosana produzida foi
submetida à filtração a vácuo e, nesta filtração, o
adsorvente foi submetido a diversas lavagens com
Março a Julho de 2014
artigo técnico
água destilada até que as águas das lavagens tivessem pH neutro.
por duas horas (Figura 6b). E por fim, filtrou-se e
armazenou-se o filtrado (RODRIGUES, 2006).
Aplicação dos adsorventes na remoção
de metais pesados do chorume
Casca de banana
Iniciou-se o processo pesando10,0036 g de casca de
banana para a filtragem no funil de separação de
250 mL, e ao mesmo, foram adicionados 100 mL de
chorume. Procurando manter um padrão em nossos
testes, utilizou-se sempre a proporção de 1 para 10,
sendo um grama de sólido para dez mL de chorume.
Por fim, aguardou-se todo o chorume escoar pelo
filtro (BEPPU, 2006) (Figura 5a).
Em um frasco Erlenmeyer de 250 mL foram pesados 5,0023 g de casca de banana e adicionou-se
com auxílio de uma proveta, 50 mL de chorume.
Com isso, o chorume foi submetido à agitação com
auxílio de barra magnética e agitador magnéticodurante 2 horas (Figura 5b). E encerrando o processo,
foi executada filtração e armazenamento do filtrado
(BEPPU, 2006).
Figura 5: (a)aplicação da casca da banana para
adsorção estática (b) aplicação da casca da banana
para adsorção dinâmica.
Figura 6: (a) aplicação da serragem para adsorção estática e
(b) aplicação da serragem para adsorção dinâmica.
Aplicação da quitosana
Após a obtenção da quitosana, iniciou-se o processo de adsorção estática. Inicialmente, pesou-se
10,0017g de quitosana não purificada e foi montado
um esquema de filtração com um funil de separação
de 250 mL. Adicionou-se 100 ml da amostra de chorume que foi filtrado sobre a quitosana depositada
no funil de separação (VIEIRA, 2009). Aguardou-se o
tempo necessário para que toda a amostra passasse
pelo filtro de quitosana. (Figura 7a)
E por fim, pesou-se 5,0026 g de quitosana não
purificada, adicionou-se 50 mL de chorume em um
erlenmeyer de 250 mL. Com o auxílio de um agitador magnético FANEM (modelo 258)foi realizada
agitação por 2 horas (Figura 7b) (VIEIRA, 2009). Posteriormente, filtrou-se a mistura, obtendo-se assim
apenas o chorume filtrado.
Serragem
Foram pesados 10,0074g de serragem e colocados
em um funil de separação de 250 mL, em seguida,
no mesmo recipiente foram adicionados 100 mL de
chorume. Aguardou-se a passagem do líquido por
toda a serragem finalizando assim este procedimento (Figura 6a).
Para a adsorção em agitação, foram pesados
5,0013 de serragem em um frasco Erlenmeyer de
250 mL e neste recipiente foram adicionados 50 mL
de chorume. Com o auxílio de uma barra magnética e um agitador magnético foi realizada agitação
Março a Julho de 2014
Figura 7: (a) aplicação da quitosana para adsorção estática e
(b) aplicação da quitosana para adsorção dinâmica.
Saneas
55
artigo técnico
Análise das amostras de chorume póstratadas
As amostras de chorume tratadas foram enviadas ao
Laboratório de Química Instrumental e foram submetidas outra à análise de ICP-AES.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Análise do chorume
Depois de realizada a primeira análise de ICP-AES Tabela 1, iniciou-se o trabalho de desenvolvimento dos
métodos.
Tabela 1: Quantidade de
metais no chorume
Metal
analisado
Amostra de chorume
(mg/Kg)
Ag
11
As
9,5
Cd
20
Co
21
Cr
9,1
Cu
7,4
Fe
55
Hg
6,0
Mn
22
Mo
14
Ni
21
Pb
9,4
Se
16
Sn
7,8
Sr
22
Zn
20
CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o término do trabalho e com os resultados dos
ensaios em mãos a equipe pode concluir que o método alternativo mais eficaz para adsorção de metais
pesados no chorume foi a quitosana em meio estático, pois ela foi responsável pela maior adsorção
destes contaminantes presentes no chorume, mostrando assim seu alto poder adsortivo e sua ótima
aplicabilidade.
Por outro lado, a serragem mesmo mostrando um
baixo grau de adsorção seria eficaz em uma amostra
com uma menor quantidade de espécies de metais.
A casca de banana se encaixa neste mesmo caso,
devido a variedade de metais presentes na amostra,
ela não consegue adsorver todos, pois há uma competição dos metais.
Contudo, não se pode menosprezar nenhum resultado mesmo tendo uma pequena adsorção, mas
para isso, deve-se direcionar o foco do trabalho para
outros meios, como empresas de galvanoplastia, que
necessitam de tratamentos nos seus efluentes, tendo
em vista que esses são descartados com uma quantidade considerável de metais pesados.
Como confirma o gráfico de comparação dos
métodos através da media de metaisadsorvidos (Figura 8).
* Nota: nd significa “nada maior que”.
Aplicação dos métodos de remoção de
metais pesados do chorume
Após a aplicação dos métodos estáticos e dinâmicos
de remoção dos metais pesados no chorume, foi realizada uma nova análise por ICP-AES para verificar
a eficiência de cada método (Tabela 2) e assim, discutir os resultados com maior precisão.
56
Saneas
Março a Julho de 2014
artigo técnico
Tabela 2: Concentração (em porcentagem) de metais pesados
adsorvidos pelos métodos estáticos e dinâmicos
Casca de banana
Serragem
Quitosana
Estático
Dinâmico
Estático
Dinâmico
Estático
Dinâmico
Ag
40,9
42,7
9
11
58,1
61
As
37
43
3,1
12,6
56,8
58,9
Cd
40
52,5
5
15
53,5
57
Co
33,3
31,9
4,7
14,2
47,6
52,3
Cr
57,1
54,9
1
13
66
52,3
Cu
0
0
5,4
14,8
60,8
58,10
Fe
9
14,5
3,6
0
41,8
38,1
Hg
18,3
28,3
16,6
20
80
78,3
Mn
9
13,6
9
4,5
54,5
45,4
Mo
0
0
7,1
21,4
49,2
53,5
Ni
0
0
9,5
0
55,7
54,7
Pb
19,14
1,0
3,1
12,7
72,3
74,4
Se
12,5
0
6,25
18,7
55
58,1
Sn
16,6
8,9
6,4
3,8
70,5
71,7
Sr
31,8
22,7
13,6
13,6
36,3
27,2
Zn
0
0
10
5
0
10
Figura 8: Média de metais pesados adsorvidos por cada método, em porcentagem.
Março a Julho de 2014
Saneas
57
artigo técnico
André Luís Borges
Lopes é doutorando
em História pela PUC
RS. Este artigo é uma
versão preliminar
dos estudos para
a realização de
sua tese intitulada
provisoriamente
de “Sanear, prever
e embelezar: o
engenheiro Saturnino
de Brito e o urbanismo
sanitarista no
Rio Grande do Sul
(1908 1929)”.
O engenheiro Saturnino de Brito e
o urbanismo sanitarista
Por André Luís Borges Lopes
A carência de trabalhos sobre história da engenharia no Brasil
e sobre a atuação dos engenheiros na construção do Estado
Brasileiro é notória, a demonstrar que um largo campo de pesquisa continua em aberto, permitindo que a atuação dos engenheiros se torne conhecida para além dos nomes emblemáticos
da engenharia nacional, como André Rebouças, Paulo de Frontin, Teodoro Sampaio, Aarão Reis, Pereira Passos, entre outros.
Francisco Saturnino Rodrigues de Brito é um desses nomes que
merecem ter a sua atuação analisada com maiores detalhes.
Figura 1: Engº. Francisco Saturnino R. de Brito
Fonte: BRITO, F. Saturnino R. de. Obras completas. Vol. XXI. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1944, p. XII.
Francisco Saturnino Rodrigues de Brito nasceu no dia 14 de julho de 1864, em Campos,
estado do Rio de Janeiro, e faleceu em 10 de
março de 1929, aos 65 anos de idade, em Pelotas, enquanto vistoriava obras de saneamento
que ele projetara para a cidade. Formou-se em
engenharia civil pela Escola Politécnica do Rio
de Janeiro em 1886 e é considerado por muitos como o mais notável engenheiro sanitarista
brasileiro, sendo o pioneiro nesta especialidade
no país. Mas antes de conhecermos um pouco
mais o nosso personagem e a sua trajetória de
atuação, devemos entender melhor o processo
de construção do campo da engenharia ao longo da história.
O surgimento da engenharia moderna se
dá a partir dos séculos XVII e XVIII e dentro de
condições históricas específicas. Como consequência, de um lado, da Revolução Industrial
e, de outro, do Iluminismo. O surgimento do
maquinário a vapor e de outras inovações tecnológicas impulsionou o desenvolvimento de
novas tecnologias e a busca de soluções para
os problemas de transporte e de produção. Estimulando desta forma, o estudo e a pesquisa das
58
Saneas
ciências físicas e matemáticas e sua aplicação
prática. Ao mesmo tempo, desde meados do século XVI, na Europa vivia-se a chamada “Querela entre os Antigos e os Modernos” que opunha
os filósofos e artistas defensores da imitação
dos modelos clássicos - os Antigos àqueles que
acreditavam no potencial singular de seu próprio tempo de criar novas e melhores formas de
arte e filosofia. A disputa representa um marco
na história das ideias, pois ela assinala o início
do conflito entre o classicismo e o modernismo,
entre a tradição e o progresso. No século XVIII,
a corrente dos Modernos foi ganhando cada
vez mais força, levando a que as realizações da
Antiguidade já não fossem mais consideradas
superiores e insuperáveis, ao contrário, eram os
feitos da civilização moderna que ganhavam os
maiores elogios.
Nesse contexto, as técnicas aplicadas ao
campo científico e tecnológico e os inventos
resultantes dessas intervenções, também chamados na Idade Média de “artes mecânicas”, se
valorizavam juntamente com o estudo das ciências físicas e naturais e também passam a ser
concebidos como algo que sucessivas gerações
Março a Julho de 2014
artigo técnico
de experimentadores irão aperfeiçoar. O reconhecimento dos resultados sempre novos apresentados
por estas “artes” levava à afirmação de que o horizonte cultural dos Antigos era limitado e ressaltava o caráter provisório e historicamente localizado
de suas verdades e descobertas. Essa argumentação
apoiava-se na “superioridade dos modernos” e estava associada assim às artes mecânicas, à ciência e à
progressividade do saber, em contraposição a cultura tradicional, caracterizada pelo imobilismo dos
exercícios retóricos e filosóficos do passado.
É nesse contexto que tem suas raízes a engenharia contemporânea, voltada desde as origens para
a aplicação da técnica a questões concretas e, associada à modernidade. A engenharia moderna - e
a preparação para o exercício dessa função - surge
no ambiente militar, em face das novas necessidades de defesa, de transporte e de comunicação dos
Estados. Os oficiais-engenheiros irão se aplicar na
construção de armamentos, fortificações e pontes
e na abertura de estradas, entre outras atividades.
Conforme explica TELLES, Pedro Carlos da Silva. História da Engenharia no Brasil (Séculos XVI a XIX):
“... a engenharia moderna nasce dentro dos exércitos; a descoberta da pólvora e depois o progresso da artilharia,
obrigaram a uma completa modificação
nas obras de fortificação, que, principalmente a partir do século XVII, passaram
a exigir profissionais habilitados para o
seu planejamento e execução. A necessidade de realizar obras que fossem ao
mesmo tempo sólidas e econômicas e,
também estradas, pontes e portos para
fins militares forçou o surgimento dos
oficiais-engenheiros e a criação de corpos especializados de engenharia nos
exércitos. Tal se deu em França em 1716,
por iniciativa de Vauban e, em Portugal,
em 1763, no reinado de José I, como parte
da reorganização do exército português
levada a cabo pelo Marquês de Pombal. “.
Segundo esse autor, o termo “engenheiro”, já
usado desde o século XVII, designava “tanto em
português como em outras línguas, quem é capaz
de fazer fortificações e engenhos bélicos”, um pro-
Março a Julho de 2014
fissional polivalente desde suas origens, pois suas
funções se confundiam com as do arquiteto e as
do construtor, “sendo às vezes difícil distinguir-se
o artista do projetista e do empreiteiro de obras”.
A característica militar presente, portanto, no nascedouro dessa profissão será a ela associada e perdurará por mais de um século. Será a chegada da
corte portuguesa ao Brasil em 1808 que propiciará a
instalação do ensino regular da engenharia no país,
uma vez que sua presença passará a requerer obras
militares e urbanas destinadas a melhor defendê-la
e acomodá-la. Assim, em 1810, o Príncipe Regente,
futuro D. João VI, cria a Academia Real Militar no Rio
de Janeiro que visava, além da formação de oficiais
de engenharia e artilharia, também a de “engenheiros geógrafos e topógrafos que também possam ter
o útil emprego de dirigir objetos administrativos de
minas, caminhos, portos, canais, pontes, fontes e
calçadas”. Para tanto se dedicava ao ensino das ciências exatas e da engenharia em geral, sob forte
influência francesa, seja no que diz respeito à estruturação do curso, ao currículo e aos livros adotados.
O caráter militar dos cursos de engenharia permanecerá ainda por várias décadas. Em 1823 passa-se a aceitar a matrícula de alunos civis, não mais
obrigados a servir o exército, mas apenas em 1842,
numa reforma nos currículos dos cursos, criam-se
disciplinas pertinentes à engenharia civil e são criados os títulos de Bacharel e Doutor em Matemática
e Ciências Físicas e Naturais, primeiros títulos de nível superior em engenharia totalmente desvinculados das características militares. Em 1858 dá-se a
criação da Escola Central e, apesar de ser dedicada
exclusivamente ao ensino da engenharia, tendo sido
o ensino militar transferido para escola específica
(Escola Militar e de Aplicação do Exército), ela continuava a ser um estabelecimento militar subordinado ao Ministério da Guerra. Apenas em 1874, a
Escola Central se desvinculará totalmente das suas
origens militares e passará a ser denominada Escola
Politécnica. Segundo o Decreto nº. 5529 de 17 de
janeiro de 1873 que consta do Relatório do Ministério da Guerra do mesmo ano, a transferência da
Escola Central deste ministério para o Ministério do
Império não se limitou às responsabilidades burocráticas e às pedagógicas. Assim, o pessoal docente
Saneas
59
artigo técnico
é transferido, o próprio prédio é cedido e uma verba
complementar é solicitada pelo Ministério da Guerra
para ser transferida ao Ministério do Império a fim
de viabilizar o funcionamento da escola.
A Politécnica do Rio de Janeiro, a primeira do
país, nasce com um curso estruturado em duas partes: geral (2 anos) e específica (3 anos), com as seguintes especializações: Ciências Físicas e Naturais;
Ciências Físicas e Matemáticas; Engenheiro Geógrafo; Engenheiro Civil; Engenheiro de Minas; e Artes e
Manufaturas. De acordo com o decreto de criação
da escola e seus estatutos, a distribuição das disciplinas pelos diversos cursos e anos era a seguinte:
Curso Geral:
1º ano 1ª cadeira: Álgebra (teoria geral das equações,
teorias e usos dos logaritmos), Geometria no Espaço, Trigonometria Retilínea, Geometria Analítica; 2ª
cadeira: Física Experimental e Meteorologia. Aula:
Desenho Geométrico e Topográfico.
2º ano 1ª cadeira: Calculo Diferencial e Integral,
Mecânica Racional e Aplicada às Máquinas; 2ª cadeira: Geometria Descritiva; 3ª cadeira: Química Inorgânica, Noções de Mineralogia, Botânica e Zoologia.
Curso de Engenheiros Civis:
1º ano 1ª cadeira: Estudo dos Materiais de Construção e sua Resistência, Tecnologia das Profissões
Elementares, Arquitetura Civil; 2ª cadeira: Geometria
Descritiva Aplicada (perspectiva, sombras, estereotomia). Aula: Trabalhos Gráficos.
2º ano 1ª cadeira: Estradas Ordinárias, Estradas
de Ferro, Pontes e Viadutos; 2ª cadeira: Mecânica
Aplicada, Máquinas em Geral, Máquinas a Vapor.
Aula: Trabalhos Gráficos.
3º ano 1ª cadeira: Hidrodinâmica Aplicada, Canais, Navegação, Rios e Portos de Mar, Hidráulica
Agrícola e Motores Hidráulicos. 2ª cadeira: Economia
Política, Direito Administrativo, Estatística. Aula:
Trabalhos Gráficos.
Foi essa sólida formação matemática básica,
aliada a um currículo “generalista”, que permitiu
a muitos dos seus engenheiros uma atuação quase “enciclopédica”, em vários ramos da engenharia:
ferrovias, portos, obras públicas e indústrias, e principalmente, permitiu que grandes avanços técnicos
fossem feitos mais tarde por engenheiros, em grande
60
Saneas
parte “autodidatas”. Francisco Saturnino de Brito foi
um desses engenheiros de formação “enciclopédica”
e de habilidade de um “autodidata”. Formado em
Engenharia Civil pela Escola Politécnica (1881-1886)
e no Curso de Artes e Manufaturas no mesmo ano
e na mesma instituição (1883-1886), se destacou
pelo seu pioneirismo em idealizar novos elementos e
materiais destinados ao saneamento das cidades, as
redes de esgoto e ao abastecimento dágua. Inaugurando no Brasil uma nova especialidade dentro do
campo da engenharia, a ser conhecida como engenharia sanitária.
Saturnino de Brito fazia parte do que Ferreira
definiu como “os politécnicos” categoria intelectual
que incluía tanto os bacharéis em ciências, quanto
os engenheiros formados na antiga Escola Central
e na Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Os politécnicos se reconheceriam a partir de uma matriz
ideológica comum, fundada no positivismo e pautada na relação entre a modernização do país e o
desenvolvimento científico. Estes grupos eram conhecidos como “missionários do progresso”, homens
de ciência que iriam salvar a nação. Eles eram vistos
como portadores de um saber objetivo, oposto ao
saber livresco baseado na retórica, característico dos
bacharéis. Influenciados pelo positivismo, consideravam-se eles próprios responsáveis pela direção e
encaminhamento das reformas necessárias ao progresso e à civilização do país.
Segundo Luiz Otávio Ferreira (Obra: “Os politécnicos: ciência e reorganização social segundo o pensamento positivista da Escola Politécnica do Rio de
Janeiro” / 1862-1922), a história da tradição positivista no meio científico brasileiro está intimamente
relacionada ao ensino da engenharia civil e militar.
Por mais que as outras instituições de ensino superior, então existentes tenham também funcionado
como foco de irradiação do positivismo, as escolas
de engenharia foram, de fato, o ambiente institucional onde professores e alunos tiveram experiência mais intensa de uma cultura positivista que se
manifestava não apenas no ensinamento de alguns
professores, mas, sobretudo, na agitada vida extra-escolar dos alunos organizada em torno de grêmios,
associações e jornais de cunho científico e literário.
Não é difícil entender o interesse despertado
pela doutrina positivista entre os alunos. Primeiro
Março a Julho de 2014
artigo técnico
em função da importância que atribuía à matemática e às ciências. Segundo, devido à oposição tenaz
ao espírito legalista encarnado idealmente pelos bacharéis em Direito, a elite da burocracia imperial. E,
finalmente, o lugar de destaque reservado à nova
elite técnico-científica na nova sociedade que se
avizinhava. Do início de sua atuação profissional, em
1887, até o ano de 1892, Saturnino de Brito traçou e
construiu ferrovias pelo interior do Brasil, entre elas
a estrada de ferro Leopoldina (MG), estrada de ferro
de Tamandaré (PE), e a estrada de ferro de Baturité
(CE). Foi a partir dessa experiência, em construção
de ferrovias, que os serviços de levantamento topográfico tornaram-se ferramentas fundamentais para
execução de suas obras sanitaristas. Mais tarde, esses
conhecimentos forneceriam as bases para a formulação dos seus planos de conjunto para as cidades.
Em Piracicaba (SP), em 1893, que Saturnino de
Brito encerrou sua fase de engenheiro ferroviário e
iniciou sua carreira de engenheiro sanitário. Na ocasião estava incumbido de fazer os serviços de levantamento topográfico da cidade para a instalação de
uma rede de esgotos. No mesmo ano, interrompeu
sua carreira para se alistar como voluntário no “Batalhão Benjamim Constant”, em apoio ao Marechal
Floriano Peixoto e a República, para lutar contra os
revoltosos da Armada.
A partir de 1894, Saturnino restabeleceu sua
carreira de engenheiro, e passou a trabalhar junto à
Comissão da Carta Cadastral do Rio de Janeiro.
Em 1896, trabalhou como engenheiro da Comissão de Saneamento do Estado de São Paulo. No ano
de 1898, organizou trabalhos de esgoto sanitário na
cidade de Petrópolis (RJ); saneamento da cidade de
Paraíba do Sul (RJ) em 1899; saneamento de Itaocara (RJ) em 1900; levantamento da planta e projetos
de saneamento da cidade de Campos (RJ) em 1901,
saneamento de Santos (SP) de 1905 a 1909, parecer
sobre o abastecimento de água da cidade de Campinas (SP) em 1906; saneamento da cidade do Rio
Grande (RS) em 1909; saneamento de Recife (PE) de
1909 a 1918; esgotos da cidade de Paraíba do Norte
(PB) em 1913, parecer sobre as obras de saneamento
de Belém do Pará em 1914; saneamento da cidade
de Curitiba em 1920; saneamento da Lagoa Rodrigo
de Freitas (RJ) em 1921-1923; regularização do Rio
Tietê (SP) em 1923, e inúmeras outras obras em di-
Março a Julho de 2014
versas cidades do Brasil durante a República Velha.
Com profunda influência do pensamento positivista, Saturnino de Brito formulava uma visão holística do meio urbano e representava a cidade como
um organismo em expansão. Segundo Andrade, Brito dividia o crescimento das cidades em três fases,
correspondentes, até certo ponto, aos três estágios
da evolução intelectual da humanidade, fixados
pela filosofia Comtiana (ANDRADE, Carlos R. M. D.
Camillo Sitte, Camille Martin e Saturnino de Brito:
traduções e transferências de idéias urbanísticas. In:
RIBEIRO, Luís César de Queiroz & PECHMAN, Robert
- Orgs. Cidade, Povo e Nação: gênese do urbanismo
moderno. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996,
p. 294). A primeira delas é dominada pelo acaso e
parece corresponder ao lento processo de expansão
das cidades coloniais brasileiras, onde o capricho dos
proprietários não resultara, segundo Brito, num traçado artístico.
Na segunda fase de crescimento das cidades, já
esta consolidada a situação fundiária, vigorando os
interesses particulares, que promovem uma especulação do solo urbano, sobre tudo nas áreas centrais,
e detêm o controle sobre as decisões das administrações locais. Esta etapa corresponde, de certo modo, as
condições urbanas descritas por médicos e higienistas,
nas primeiras décadas do século XIX, ao estudarem cidades como o Rio de Janeiro, Recife e Santos, em que
o rápido aumento e adensamento populacionais criaram condições de insalubridade urbana, favorecendo
a proliferação de doenças epidêmicas.
Após essas fases viciosas do crescimento das cidades, a realização de um vasto programa de obras
de saneamento, segundo um plano geral, garantido
por uma legislação adequada, possibilitaria a cidade
atingir a última fase de seu crescimento, a cidade
ideal da utopia sanitarista a cidade como “um corpo são e belo”. A expansão urbana imprevisível, bem
como o predomínio dos interesses particulares que
constituem, para Brito, as características principais
das duas primeiras fases do crescimento do organismo citadino eram considerados os fatores responsáveis por cidades insalubres e desordenadas. Contra o acaso, Saturnino de Brito propunha o plano
de conjunto da cidade, o qual prevê sua expansão e
projeta as obras de saneamento, bem como outros
melhoramentos urbanos.
Saneas
61
artigo técnico
Sempre pensados em conjunto, esses planos de
expansão possuíam programas previamente estabelecidos, onde normalmente se fazia a divisão das
cidades em zonas, a fim de facilitar a execução dos
trabalhos e possibilitar a previsão das necessidades futuras. Neles, as ruas eram traçadas de acordo
com a topografia do terreno, adequada às condições locais de cada região, e com as necessidades
do trânsito. Como regra, os cemitérios não eram
colocados em pontos altos da cidade, ocupando esses lugares os reservatórios de distribuição de água,
entre outras obras. Dentro de sua visão organicista,
pensava em todos os detalhes do projeto levando
sempre em consideração a expansão da cidade. Um
desses exemplos é a solução que Saturnino de Brito propunha em relação à necessidade futura de
ampliação das ruas. Para evitar maiores transtornos, planejava tabuleiros gramados e arborizados,
laterais ou centrais, vislumbrando um alargamento
posterior sem grandes gastos.
Para Saturnino de Brito, as obras para o saneamento de uma cidade compreendiam, conforme a necessidade e realidade social, no enxugamento de águas
superficiais estagnadas; drenagem (valas e condutos
subterrâneos) para o enxugo do subsolo das regiões
pantanosas circunvizinhas; retificação dos cursos de
água; dessecamento de pântanos, arrasamento de
morros, arborização do solo, aterro, suprimento de
água potável, esgotos pluviais e sanitários; habitações
salubres (familiares, coletivas, fábricas, hospitais etc.);
calçamentos, iluminação artificial, jardins e remoção
e incineração do lixo. Ainda a respeito do saneamento
de uma cidade, afirmava o engenheiro, que este não
dependia unicamente das modificações saneadoras
do meio físico, mas seria resultado da “atmosfera moral” que envolve o meio social.
Na sua concepção, o urbanismo era a arte de projetar e construir as cidades primeiramente do ponto de vista da salubridade, seguido pela circulação,
sem se descuidar da estética. Por isso, denominava
de urbanismo sanitarista aquele que adapta o desenho urbano à lógica dos fluidos e das circulações, ou
seja, traça as primeiras linhas do desenho levando
em conta o sanitário, através do esquema de escoamento das águas, circulação do ar e penetração da
luz solar, deixando os demais aspectos subordinados
62
Saneas
a esses. Em se tratando da salubridade das habitações, condenava as construções em lotes estreitos
e profundos, carentes da penetração de luz solar,
o que em sua opinião contribuía para a criação de
quarteirões compactos, sombrios e insalubres. Dessa forma, afirmava: “A casa doentia faz moradores
doentes, e não há drogas que curem estes sem que
seja aquela previamente curada, isto é, saneada”.
Todos os projetos de Francisco Saturnino de Brito iniciavam-se por um estudo detalhado da área
de intervenção, considerando-se aspectos físicos;
localização dos rios, canais, lagoas, pântanos, serras, morros, aspectos urbanos; localização de cemitérios, matadouros, mercados, cais, além de condições climáticas, serviços urbanos, possibilidades
de expansão da malha, cálculos de estatística demográfica, ou seja, ele realizava um levantamento
preciso dos diversos vetores que envolviam a cidade. Algo inédito para sua época, e que nos permite
equiparar aos diagnósticos típicos do planejamento
urbano moderno.
Rigoroso na racionalidade funcional, na técnica
e na economia, publicou diversos artigos no Brasil e
no exterior todos envolvendo a consciência sanitária. Através de suas obras procurou inserir na nascente ordem republicana, uma nova concepção de
higiene, esclarecendo dúvidas no que diz respeito às
novas práticas sociais e ao uso das novas instalações
sanitárias. Desta forma, o urbanismo sanitarista brasileiro tem no engenheiro Saturnino de Brito o seu
pioneiro. A grande ressonância e a influência de suas
obras e idéias possibilitaram a criação de uma forma
urbana original, cujo elemento norteador e de maior
destaque era o saneamento. Estabelece-se a partir
de seus trabalhos, então, uma nova forma de pensar as cidades, criando-se um novo vocabulário, um
novo método de observação e análises para resolverem os problemas da cidade moderna. Assim, através
de seu urbanismo sanitarista as principais cidades
brasileiras, das três primeiras décadas do século XX,
adquiriram novas formas que marcaram de modo
decisivo suas estruturas urbanas até os dias atuais.
Sanear, prever e embelezar, tornar as cidades sadias,
planejadas e formosas, eis, portanto, os objetivos
principais das intervenções urbanísticas realizadas
por Brito ao longo de sua trajetória.
Março a Julho de 2014
Especial IFAT 2014
Participação da AESabesp
na IFAT ENTSORGA 2014
Uma comissão da AESabesp, integrada pela sua vice-presidente e diretora social, eng. Viviana Marli Nogueira Aquino Borges; pelo seu diretor técnico, eng.
Olavo Alberto Prates Sachs; pelos seus conselheiros
eng. Carlos Alberto de Carvalho e eng. Sonia Maria
Nogueira e Silva e o seu gerente de marketing Paulo Oliveira, esteve na “Ifat Entsorga2014”, a maior
Feira Internacional de Água, Resíduos Líquidos e Sólidos e Reciclagem, realizada entre 5 e 9 de maio, na
cidade de Munique, na Alemanha
Por meio de um convite feito pelos organizadores da IFAT/2014 e que estiveram presentes na FENASAN 2013, a AESabesp também montou um estande
na Feira, de frente para a entrada leste do pavilhão.
Toda essa estrutura propiciou uma ampla divulgação
dos produtos e serviços desenvolvidos na AESabesp e
ainda projetou a realização da Fenasan 2014.
De acordo com informações da organização da
Feira, a edição da IFAT de 2014, foi “um espetáculo superlativo em Munique, com mais de 135 mil
Março a Julho de 2014
visitantes de aproximadamente 170 países e 3.081
expositores de 59 nações, quebrando todos os recordes anteriores, principalmente com referência à
intercionalização”.
A Alemanha possui uma área de 357.021km²
e uma população de 81,80 milhões de habitantes,
sendo a maior economia da União Européia. É um
pais que se preocupa muito com ações de sustentabilidade, pois a população tem um alto grau de
conscientização e exige esta posição do governo.
O maior exemplo é que 90% das usinas nucleares
foram desativadas e substituídas por usinas eólicas
sendo as solares e a oriunda da queima do biodiesel
incentivadas pelo governo.
Munique é uma das maiores cidades da Alemanha, capital do estado alemão da Baviera, no sudoeste do país. Conta atualmente cerca de 1,3 milhão
de habitantes (censo de 2012), enquanto sua região
metropolitana, que engloba diversas cidades vizinhas à Munique, abriga mais de 2,6 milhões de pes-
Saneas
63
Especial IFAT 2014
soas. É assim a cidade mais populosa da Baviera e do
sul da Alemanha, e a terceira cidade mais populosa
do país, depois da capital, Berlim, e de Hamburgo.
Na IFAT 2014, as maiores empresas do setor de
saneamento ambiental estiveram presentes oferecendo soluções tecnológicas para:
■■ Gestão de resíduos sólidos e matérias-primas;
■■ Tratamento de água e de águas residuais;
■■ Distribuição de água e esgotos;
■■ Proteção costeira, contra enchentes e poluição
em corpos hídricos;
■■ Resíduos Sólidos e Reciclagem;
■■ Energia a partir de resíduos;
■■ Limpeza de ruas, operação e serviços rodoviários;
■■ Tratamento Remediação do solo;
■■ Tratamento e purificação do ar;
■■ Proteção e redução de ruídos;
■■ Medição, controle e equipamentos de laboratório;
■■ Prestação de serviços variados;
■■ Ciência, pesquisa, transferência de tecnologia;
■■ Educação ambiental e apoio a jovens profissionais no setor.
Além de fabricantes de tecnologias, também estavam presentes grandes comerciantes de matéria
prima de todo o mundo e inúmeros representantes
de empresas asiáticas buscando parcerias com empresas do mundo inteiro.
A vice-presidente da AESabesp, eng. Viviana
Aquino Borges, apresentou a palestra “Water/Sewage“ com o tema “Sanitation Technologies currently
applied in Brazil”, com foco nas necessidades de
desenvolvimento do país no setor de saneamento e
também apresentando as tecnologias de ponta aplicadas no Brasil. A apresentação obteve bastante repercussão, tanto pela qualidade do saneamento desenvolvido em São Paulo, pela Sabesp, quanto pela
proximidade com a realização da Copa do Mundo de
Futebol em nosso País.
A participação da AESabesp na Feira ainda possibilitou o acesso à informações e ao conhecimento
de alguns equipamentos novos e desconhecidos aqui
no Brasil. As instalações da feira impressionam pela
qualidade e imensidão. Para atravessar da entrada
leste para a oeste, existia no andar superior esteiras
64
Saneas
rolantes e o percurso levava cerca de 20 minutos.
Para se tornar mais produtiva a ação na divulgação da FENASAN/2014 e AESABESP, a delegação
aproveitou-se da ocasião e optou em distribuir os
folderes e fazer novas parcerias com empresas e instituições de pesquisa.
O Brasil muito bem recebido na IFAT 2014
A AESabesp foi recebida pela Ms Ursula Dorna, Senior Manager International Customer Services e o
Dr. Wolf Dietrich Muller Executive Director Capital
Goods Shows, da Messe Munchen Internacional, que
informou sobre o tamanho da Feira, quantos expositores estavam presentes e estimativa de visitantes
entre outros dados de importância da IFAT/2014. A
comitiva AESabesp percorreu diversos estandes de
fornecedores da Sabesp e potenciais fornecedores.
A equipe foi muito bem recepcionada e a comunicação fluiu muito fácil. Uma prática interessante, a
qual o grupo sugere a adoção nas próximas edições
da Fenasan, é a disposição de ilhas de informações
espalhadas nos pavilhões.
Informações importantes e contatos
internacionais
A tarifa do serviço de água e esgoto na Alemanha é
alta: cerca de 25% maior do que a tarifa de energia
elétrica. A população tem o hábito de economizar
água pelo custo do serviço e não pela ausência ou
escassez hídrica.
A feira foi muito rica em tecnologias novas e
adequadas à utilização no Brasil, como processos de
instalação de redes através de MND – Método Não
Destrutivo, para diâmetros de 272mm a 3200mm,
como pode-se observar nos equipamentos da empresa Hobas.
Também constatou-se uma nova tendência de
mercado a utilização de hidrômetros de nova geração ultrassônicos como os da empresa o Neoflow
da Kamstrup, empresa dinamarquesa que esta associada à Conaut no Brasil e que tem entre outras
qualidades (baterias de longa duração, leitura a distancia através de ondas de radio e a possibilidade
de se avaliar a vazão mínima noturna, importante
ferramenta para detecção de vazamentos). As perdas
dentro das instituições também podem ser combati-
Março a Julho de 2014
Especial IFAT 2014
das através dos “sistemas economizadores de água”.
Segundo informação dos expositores essas tecnologias já estão sendo aplicados em alguns estados do
Brasil em grandes condomínios /clubes /estádios de
futebol e outros.
A AESabesp visitou a Egeplast, representante dos
produtos e serviços nas questões técnicas sobre assentamentos de redes novas e também para serem
remanejada de água e de esgotos sanitários pelo
método não destrutivo – MND. Os produtos foram
minuciosamente explicados. Chamou a atenção a
forma de encaixe da tubulação que vem amassada
e depois inflada. Revestimentos em tubos comprometidos também fazem parte dos produtos desta
empresa. Houve interesse da mesma em participar
da Fenasan e achar parceiros para entrarem no mercado brasileiro.
A empresa Nivus que é fabricante de medidores
para monitoramento e gestão de sistemas operacio-
Nova Tecnologia do Lixo
Tema de seis pavilhões da edição 2014 da IFAT Entsorga, a reciclagem e o reaproveitamento de resíduos orgânicos e sólidos urbanos estão sendo alvo de
estudos, pesquisas e financiamentos por parte de
empresas voltadas para o desenvolvimento de tecnologias ambientais.
Empresas de várias partes do mundo estão investindo nessas áreas. Entre os exemplos vistos, foram
destacados os de uma empresa italiana que trabalha
com resíduos sólidos ev desenvolveu um sistema que
utiliza energia solar para movimentar seus caminhões coletores. Outro, de uma empresa alemã, que
recicla o material de embalagens de aerossol e o utiliza para criação de brinquedos. E ainda um terceiro, de origem italiana, que apresenta uma máquina
capaz de separar fios de cobre do seu revestimento
plástico de proteção. O resultado é impressionante:
de um lado da máquina sai o cobre todo picotado;
de outro, os resíduos plásticos triturados.
O mote do reaproveitamento esse ano na IFAT é
“resíduo gera energia”, que pode ser por meio anaeróbico (resíduos orgânicos) e termal (resíduo sólido).
E os métodos de purificação e limpeza podem ser feitos por meio de água ou do ar.
Março a Julho de 2014
nais também pronunciou claramente o interesse em
negociar no Brasil, começando por participar da Fenasan ou nas manhãs de tecnologia da AESAbesp. Os
engenheiros Olavo Sachs e Viviana Borges também
visitaram a moderna fábrica de medidores de vazão
e sensores de pressão da Siemens.
Avaliações finais
De acordo com os membros dessa missão, a experiência de representar uma entidade como a AESabesp
é muito gratificante, em um evento tão relevante
como a IFAT/2014.
A Fenasan, em uma escala menor, já se destaca
no cenário internacional e a AESabesp está no caminho certo ao promover o intercâmbio para crescer
ainda mais, pois várias oportunidades existem além
das nossas fronteiras.
A AESabesp deve continuar se inserindo no mercado internacional. A partir dessa participação na
IFAT, abriu-se mais uma porta para que se tenha facilidades futuras em trazer tecnologias e até obter
financiamentos para o setor do saneamento básico e ambiental. A Lei 11.445/2007 vem corroborar
com esta dinâmica visto que os Municípios de todo
o País devem se adequar a uma legislação específica e regulatória. Tecnologias precisam ser utilizadas
convergindo num resultado de custo/benefício associado às novas técnicas aplicadas para o setor do
saneamento básico e ambiental.
A AESABESP sabe qual é o caminho que se deve
percorrer. E a sua participação na IFAT 2014 suscita
uma pequena estrutura na Europa, por meio de um
representante profissional e responsável.
Saneas
65
Projetos Socioambientais
Projeto Ecoeventus AESabesp
desenvolvido pela Diretoria de
Projetos Socioambientais AESabesp
A AESabesp, desde 2008, vem adotando medidas
para alinhar a FENASAN às políticas públicas de sustentabilidade, associadas à necessidade de mudança
de hábitos e à redução de impactos ambientais identificada no universo de uma feira de negócios. Esta
mudança é alcançada por meio da sensibilização, da
educação e da conscientização dos atores do evento: fornecedores, associados, expositores, visitantes,
congressistas e prestadores de serviços, que são motivados por meio de práticas sustentáveis redução
da emissão de Gases de Efeito Estufa – GEEs adotadas durante o período da feira.
As ações definidas em cada evento para reduzir a
emissão dos GEEs são:
■■ A adoção da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305/10, regulamentada
pelo Decreto 7.404/2010 que trata do gerenciamento e da gestão integrada dos resíduos sólidos,
onde (gestores, consumidores e comunidade em
geral) tem responsabilidades no descarte, pela
AESabesp, por meio do Projeto Ecoeventus que
define ações de redução de resíduos na fonte
geradora, tendo como base o Programa 4Rs (Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Reeducar). Esta ação
divide-se em duas outras: estabelecimento de
parceria com a cooperativa responsável pela gestão dos resíduos (na coleta, separação e venda do
material) e incentivo aos participantes do evento
a mudarem seus hábitos ao disseminar por meio
de palestra e instalação de coletores de resíduos
para reciclagem.
■■ Otimização do consumo de água e energia incentivando os expositores da feira a planejarem
a exposição de seus produtos e serviços considerando a redução ao máximo possível destes
recursos.
■■ Alimentação saudável com base na pegada hídrica como indicador do uso da água que analisa
seu uso de forma direta e indireta no processo
66
Saneas
desde sua produção até o seu consumo, considerando também a possibilidade do seu descarte
caso não seja consumida.
■■ No print com base no incentivo aos expositores e participantes do evento a não produzirem
material impresso sem planejarem o público que
deverá receber este material e os participantes
do evento a não retirarem os impressos que não
forem utilizar.
■■ Carona solidária - neste item são disponibilizados serviços de vans pela AESabesp que transportam todo o público que deseje se deslocar
durante o evento em pontos próximo ao metrô
e saída de uma das Unidades da Sabesp, além de
incentivar a oferta de carona entre os funcionários e público da feira.
■■ Plantio de mudas - não tem o objetivo de contabilizar a emissão de GEEs como compensação,
mas como uma forma de educação ambiental,
ao estabelecer parcerias com a Sabesp, Terceiro
Setor e escolas públicas ou particulares. Durante
o plantio são dadas instruções de como plantar,
como cuidar das mudas até atingirem seu estado
adulto e da importância da ação para as gerações
futuras.
Março a Julho de 2014
Projetos Socioambientais
Todas estas ações são geridas pelo Projeto Ecoeventus que além de incentivar a redução de GEEs
promove entre as cooperativas de coleta de resíduo a geração de emprego e renda, o resgate da
cidadania dos catadores/cooperados, a redução das
despesas com programas de coleta seletiva na feira de negócio, além de outras ações que agregam
valor social.
As atividades do projeto Ecoeventus são realizadas
por funcionários da Sabesp, voluntários (estagiários
contratados para o período da feira para estimularem a desenvolver atividades voltadas a práticas de
sustentabilidades e desenvolvê-los para atuarem no
mercado de trabalho) e pessoas com deficiência como
forma de favorecer também o seu desenvolvimento
para atuarem no mercado, incentivando os empresários, público do evento, a repensarem as contratações
de profissionais oferecendo emprego inclusivo, não só
para um atendimento à legislação, mas como reconhecimento de suas competências.
A motivação para implementação das ações,
aos expositores participantes do evento, ocorre por
meio de uma ação transversal: a outorga do Prêmio
AESabesp, onde os critérios estabelecidos para concorrerem ao prêmio tem como referência as ações
definidas no projeto Ecoeventus com base em referenciais normativos reconhecidos internacionalmente, ABNT NBR ISO 9001 – requisitos voltados ao
cliente, no caso da Fenasan ao público do evento e
14001 – requisitos voltados ao meio ambiente, preocupação da AESabesp e expositores quanto a poluição gerada no evento, OHSAS – requisitos de saúde
e segurança assegurados durante o evento para todo
o público, entre outros. As empresas são pontuadas
até 3000 pontos, somatória dos três critérios: Melhor
Estande, Atendimento ao Cliente e Inovação Tecnológica, este ano o último requisito totalmente revisado para atender o tema do evento: “25 Anos de
Tecnologia a Serviço do Saneamento Ambiental”.
A premiação mais esperada é o Destaque Fenasan,
conferido a empresa que obtém a maior pontuação
para os três requisitos.
Projetos Socioambientais
Novidades do Prêmio AESabesp aos expositores
Neste ano, para atender o tema: “25 Anos de Tecnologia a Serviço do Saneamento Ambiental”, foi
totalmente revisado o critério Inovação Tecnológica. Há 25 anos, teve início na marquise da Sabesp
a primeira feira de negócios denominada Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente - Fenasan, com o intuito de apresentar aos empregados
da Sabesp as inovações de produtos e serviços no
mercado, contribuindo com o aprimoramento dos
projetos. Neste clima de comemoração resgataremos, junto com os expositores, as tecnologias apresentadas na Fenasan. Esta ação tem por objetivo
identificar as empresas que confiaram à AESabesp
as apresentações ou lançamentos de seus produtos
e serviços ao longo desse período.
No processo de avaliação contaremos com uma
equipe de ponta formada por profissionais experientes em prêmios do mercado: integrantes do
Prêmio Polícia Militar da Qualidade, avaliadores de
prêmio de qualidade reconhecidos em mercados
internacionais e auditores de Sistema de Qualida-
de. Segundo a coordenadora do Prêmio AESabesp
e Diretora de Projetos Socioambientais, Maria Aparecida Silva de Paula, a cada ano aumentamos o
desafio para tornar o prêmio mais instigante e aumentar o grau de competitividade.
Prêmio Jovem Profissional
Em seu primeiro ano de edição a quantidade de
profissionais e estudantes que confiaram a AESabesp trabalhos para participarem desse prêmio foi
surpreendente, resultando em 41 trabalhos. Após
a avaliação realizada por profissionais especialistas
da Sabesp e professores doutores e pós doutorados
das Universidades do Estado de São Paulo tivemos 7
finalistas que irão apresentar seus trabalhos no próximo dia 01 de agosto no Pavilhão Azul do 25º Encontro Técnico da AESabesp no Expo Center Norte.
A AESabesp recebeu trabalhos para o prêmio do
Ceará, Pará, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Os 7 trabalhos selecionados para a próxima fase, com apresentação
oral são: A vulnerabilidade socioambiental de catadores (as) de materiais recicláveis e/ou reutilizáveis;
Avaliação comparativa da eficiência no tratamento de esgoto sanitário a partir da caracterização
físico-química de dois sistemas utilizados no Oeste
do Estado do Paraná; Caracterização de uma bacia
hidrográfica urbana na Região Metropolitana de
68
Saneas
Belém – PA; Modelagem e simulação dos processos
de reciclagem e recuperação dos metais contidos
nas placas eletrônicas; Remoção de contaminantes
emergentes por processos convencionais de tratamento de esgoto; Bolsas de Resíduos no Brasil
e na Alemanha: Oportunidades de Contribuição à
Sustentabilidade e Degradação de efluente têxtil
sintético por Aspergillus Niger na 400 em reator de
bateladas sequenciais.
Março a Julho de 2014
Vivências
Plínio Montoro Na corrida que
nos mantém sãos e salvos
E
m cada Revista Saneas, trazemos este espaço, denominado “Vivências”, para mostrar que muitos dos nossos associados técnicos também cultivam práticas e valores, fora da engenharia,
que lhe trazem grande realização pessoal.
Nessa edição especial de 25 anos de Encontro Técnico e Fenasan, destacamos uma personalidade
especial dessa trajetória, o engenheiro Plínio Montoro, assessor da diretoria de Sistemas Regionais
da Sabesp e que também foi o presidente da AESabesp, na gestão 1989 – 1991, na qual foi realizado o nosso 1º Encontro Técnico, em agosto de
1990. Na gestão de Plínio também foi realizado o
1º Jantar Dançante, adquirida a 1ª linha telefônica
da AESabesp, de número 284-6420, que até hoje
atende a entidade com o novo número 3284-6420,
e consolidadas várias ações em prol do fortalecimento da entidade em âmbito nacional.
Mas além de toda sua bagagem como técnico e
ativista do setor de saneamento, Plínio também é
um atleta numa das modalidades mais democráticas do esporte: a corrida de rua. E foi essa condição de “engenheiro /corredor”, que ele nos deu esta
entrevista repleta de sabedoria para se levar uma
vida saudável.
Saneas: O senhor sempre gostou de correr ou algo
o motivou para praticar esse esporte?
Plínio: O esporte sempre fez parte da minha vida.
Como a grande maioria dos brasileiros dedicava-me,
principalmente, ao futebol e por causa dele praticava corrida para melhorar minha condição aeróbica.
Em 1996, a convite dos sabespianos Luiz Fernando
Beraldo Guimarães e Cesar Soares fui participar da
primeira corrida do Centro Histórico de São Paulo.
Era, na época, uma corrida de 7 km e conclui a prova
com o gosto de quero mais. A partir daí nunca mais
parei de correr. Pouco tempo depois abandonei o futebol e passei a participar de provas mais longas, até
maratona, que representa a distância de 42.195m.
Saneas: Em sua concepção, existem pontos comuns
Março a Julho de 2014
Plínio Montoro na Maratona
de Chicago em 2012
nas trajetórias de um corredor e de um engenheiro?
Plínio: Sim, principalmente na prática de corridas de
fundo, como maratona ou meia maratona, há necessidade de planejamento, organização e disciplina, qualidades imprescindíveis para um engenheiro.
Acredito que essas qualidades, adquiridas durante a
minha vida, como engenheiro da Sabesp, facilitaram
a minha evolução como corredor até chegar nas 11
maratonas e 23 meias maratonas já corridas. Por outro lado, a prática da corrida me fornece ingredientes importantes para a minha atividade profissional.
Como corro sempre pela manhã, a endorfina liberada pelo meu organismo me oferece sempre disposição e aumento de concentração para o desempenho
do meu trabalho.
Saneas
69
Vivências
Saneas: Qual é a importância pessoal que essas
duas escolhas tiveram em seu desenvolvimento
humano?
Plínio: Ainda cursando engenharia, identifiquei-me
com a disciplina Saneamento e antes da conclusão
do curso optei em trabalhar nesse setor. No último
ano da faculdade já estava estagiando na Sabesp e
logo que me formei foi uma época em que a Sabesp
estava assumindo os municípios no interior e fui
trabalhar na implantação dos sistemas de abastecimento de água em diversas regiões do estado, quando tive a felicidade de ter como primeiro mestre o
José Carlos Torrezan. Além de trabalhar em obras
e projetos, também atuei na operação. A opção de
trabalhar na Sabesp permitiu que eu compreendesse
que o meu trabalho ia além da engenharia, tendo
como maior objetivo a saúde pública. Sinto-me realizado como engenheiro e cidadão.
A corrida, diferentemente de outros esportes, para
você ganhar o outro não precisa perder. A minha disputa é contra o relógio. Procuro melhorar o meu tempo, independente do resultado dos demais corredores.
Quando comecei a praticar corrida de forma sistêmica o que admirava nos corredores mais experientes
era a solidariedade. O corredor está sempre disposto
a ajudar no bem estar e desenvolvimento de outras
pessoas como atletas. Eu diria que a corrida é mais
que um esporte, é uma filosofia de vida.
Saneas: O senhor corre por alguma entidade? Já
ganhou títulos como atleta?
Plínio: Hoje na Associação Sabesp temos uma
equipe, o Clube da Corrida, através da qual participamos em média de uma prova por mês. Nunca
tive a pretensão de ser corredor de ponta, sempre
corri visando o lazer, a saúde e, como consequência, o bem estar para as minhas atividades. Entretanto, uma vez, em uma prova na cidade de Caraguatatuba, subi no pódio como segundo lugar na
minha faixa etária.
Saneas: Gostaríamos que o senhor falasse especialmente aos mais jovens sobre a importância de
valores transmitidos pelo esporte, como coletividade, disciplina, resiliência, entre outros.
Plínio: Independente da modalidade, o esporte propicia a melhoria da saúde física e mental. A atividade
física é uma forma de reencontrarmos o equilíbrio
que muitas vezes perdemos no dia a dia, em virtude
de preocupações e pressões que acontecem no desenvolvimento do nosso trabalho. Com a prática do
esporte fazemos uma introspecção e passamos a nos
respeitar e conhecer os nossos limites. Além disso,
na realização de um esporte e eu ressalto a corrida,
assimilamos valores como disciplina, solidariedade,
respeito ao próximo e perseverança.
Mais que uMa revista,
uM projeto socioaMbiental.
conheça as oportunidades
de participação na revista!
anuncie na saneas!
garanta seu espaço publicitário:
11 3263 0484 - 11 97515 4627 | [email protected]
BAumiNAs Química.
Da riqueza da terra à pureza da água.
Transformar minérios em matérias-primas de alta qualidade, e estas em produtos inovadores para o
tratamento de água e efluentes: há mais de 50 anos, esse é o nosso foco. Com 12 unidades fabris
estrategicamente localizadas e sólidas relações de parceria, estamos ao lado das principais empresas
de saneamento e processos industriais do Brasil. A segurança e eficácia dos nossos produtos são
comprovadas através do uso em mais de 3.500 municípios. Nossa liderança é resultado de uma estrutura
única, aliada a diferenciais estratégicos que garantem a mais completa solução para os clientes:
•
•
•
•
Produçãoverticaldematérias-primas
Tecnologiadeúltimageraçãoeinovaçãoconstante
Logísticaestruturadaeinteligente
Suportetécnicoaltamentecapacitado
www.bauminas.com.br
[email protected]
Tubos de Polietileno TIGRE.
Flexibilidade e resistência pra toda obra
de redes de água e esgoto.
/TigreBrasil
Acesse o QR Code para
mais informações.
youtube.com/Tigre