1 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INOVAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE SUSTENTABILIDADE: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO EM UMA EMPRESA INCUBADA PELO PROGRAMA DE INCUBAÇÃO DE EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA –PIEBT- DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ JUCIANA NUNES CARDOSO BELÉM – PA 2012 2 JUCIANA NUNES CARDOSO INOVAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE SUSTENTABILIDADE: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO EM UMA EMPRESA INCUBADA PELO PROGRAMA DE INCUBAÇÃO DE EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ-PIEBT Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Mestrado em Administração da Universidade da Amazônia-UNAMA, como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração. Orientador: Prof.Dr.Hubert Drouvot BELÉM – PA 2012 3 JUCIANA NUNES CARDOSO INOVAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE SUSTENTABILIDADE: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO EM UMA EMPRESA INCUBADA PELO PROGRAMA DE INCUBAÇÃO DE EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ-PIEBT Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Mestrado em Administração da Universidade da Amazônia-UNAMA, como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração. Orientador: Prof.Dr.Hubert Drouvot Banca Examinadora: ________________________________ Prof.Dr. Sérgio Gomes Avaliador Interno UNAMA ________________________________ Prof.Dr.Henriquez Gonçalo Avaliador Externo UFPA ________________________________ Prof.Dr.Hubert Drouvot Orientador UNAMA Aprovada em:_26_/03_/2012__ BELÉM-PA 2012 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho: Aos meus pais, por todo o amor e valores em mim investidos; Ao meu esposo, João Batista Jr., por seu amor e apoio silencioso ao longo de todo o tempo que dispensei a pesquisa; Aos meus filhos, Nícolas e Lucas por servirem de fonte inspiradora para minha vida e alívio nas horas difíceis; A minha irmã Neide, por fazer parte da minha vida e pelo apoio incondicional a minha formação profissional; Às minhas irmãs e irmãos, por fazerem parte da minha vida e sermos juntos testemunhas mútuas de cada conquista. 5 AGRADECIMENTOS À Universidade Federal do Pará-UFPA, que tem me proporcionado contínuo, um ambiente incentivando a de busca desenvolvimento incessante pelo conhecimento e criando oportunidades para que possa aplicá-los de maneira prática. A todos aqueles que de maneira direta ou indireta colaboraram com o desenvolvimento desta pesquisa, seja dando apoio técnico ou moral. Aos membros do PIEBT que me deram a oportunidade e suporte para a realização desta pesquisa; Ao professor Hubert Drouvot, por sua orientação e estímulo. 6 EPÍGRAFE “Eu caminho devagar, mas nunca caminho para trás” Abrahan Lincoln 7 RESUMO O presente estudo tem como objetivo identificar os fatores chaves de sucesso de uma estratégia de inovação sustentável, através de seu contexto ambiental, contexto organizacional, valorização dos produtos e do desenvolvimento local. Para isso buscou-se compreender, através de um programa de incubação a sua contribuição ao desenvolvimento de estratégias socioambientais através do apoio as inovações tecnológicas de três empresas incubadas. A abordagem metodológica foi um estudo exploratório, realizado em uma incubadora de Base Tecnológica localizada na região metropolitana de Belém no Estado do Pará e em três empresas incubadas pelo Programa de incubação de Base Tecnológica, com um foco maior em uma das empresas incubadas, por atender a questão central da pesquisa. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, no campo, com a coordenadora da incubadora e com empreendedores residentes das três empresas. Os resultados da pesquisa de campo foram comparados com a estrutura teórica oriunda da análise da literatura que buscou ratificar o diagnóstico encontrado. Finalizando, são apresentados resultados do estudo empírico e sugestões para o fortalecimento do programa de incubação citado e para as ações futuras das empresas incubadas, bem como sugestões para estudos futuros. Palavras-chave: Incubadora de Base Tecnológica; Inovação, Sustentabilidade Socioambiental 8 ABSTRACT The present study aims to identify the key factors of success of a strategy of sustainable innovation through its environmental context, organizational context, the value of products and local development. To this end we sought to understand the dynamics of an incubator for technology-based companies through an incubation program and its contribution to the development of social and environmental strategies by supporting the technological innovations of three incubator companies. The methodological approach was an exploratory study, conducted in a technology-based incubator located in the metropolitan region of Belem in Para and incubated at three incubation program for technology-based, with a focus on one of the incubated companies, to respond the central research question. In this incubator were conducted semi-structured, in the field, with the coordinator of the incubator and entrepreneurial residents of the three companies. The results of field research were compared with theoretical structure coming from the literature review that sought to confirm the diagnosis found. Finally, suggestions are presented to strengthen the incubation program and said the future actions of the incubated companies, as well as suggestions for future studies. Keywords: Technology-Based Incubator, Innovation, Social and Environmental Sustainability 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Processo do Empreendedor....................................................................................46 Figura 2 – Ciclo produtivo do Empreendedor.........................................................................48 Figura 3 – Sustentabilidade como estratégia de inovação socioambiental .............................59 Figura 4 – Roteiro do Estudo...................................................................................................66 10 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Síntese de Alguns Conceitos de Inovação..........................................................26 Quadro 2 – Tipologias de Incubadoras................................................................................. 32 Quadro 3 – Fatores de Sucesso do empreendedorismo Internacional...................................52 Quadro 4 - Entrada no Mercado Global: Escolha do Modo de Entrada................................58 Quadro 5 – Empresas Incubadas pelo PIEBT e a Segmentação do Negócio.......................68 Quadro 6 – Instituições que mantêm parcerias com o PIEBT ......................................................69 Quadro 7 - Processo de Incubação...................................................................................73 Quadro 8 - Fases do Processo de Incubação Residente.........................................................74 Quadro 9- Avaliação do PIEBT pelas empresas estudadas..................................................................81 Quadro 10- Perfil Geral da Empresa NEORADIX...............................................................................83 Quadro 11- Grupos de Interesse............................................................................................................84 Quadro 12- Perfil Geral da Empresa MOP..................................................................85 Quadro 13- Grupos de Interesse...........................................................................................................86 Quadro 14- Perfil Geral da Empresa AMAZON DREAMS.................................................................87 Quadro 15- Perfil Empreendedor.........................................................................................................90 Quadro 16- Grupos de Interesse...........................................................................................................93 Quadro 17- A Relação com o Contexto Organizacional...................................................................102 Quadro 18- A Relação com o Contexto Institucional......................................................................106 Quadro 19- A Relação com o Desenvolvimento Local......................................................................109 Quadro 20 - Valorização e Comercialização de produtos inovadores no mercado internacional...112 Quadro 21 - Confirmação de Hipóteses.............................................................................................113 11 LISTA DE ABREVIATURAS ANPROTEC Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas APPCC Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle BASA Banco da Amazônia BPF Boas Práticas de Fabricação BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento CERNE Centro de Referencia de Apoio a Novos Empreendimentos COFRUTA Cooperativa dos Fruticultores de Abaetetuba CMMAD Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico FADESP Fundação de Amparo a Pesquisa FINEP Financiadora de Estudos e Projetos FIEPA Federação das Industrias do Pará IMAZON Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia PIEBT Programa de Incubação de Empresas de Base Tecnológica SEBRAE Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas RAMI Rede Amazônica de Instituições SER Serviço de Emprego e Renda UFRA Universidade Federal rural da Amazônia UFPA Universidade Federal do Pará 12 SUMÁRIO RESUMO.........................................................................................................................................7 ABSTRACT.....................................................................................................................................8 LISTA DE FIGURAS.....................................................................................................................9 LISTA DE QUADROS..................................................................................................................10 LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................................11 1.INTRODUÇÃO..........................................................................................................................14 1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA...................................................................................................15 1.2 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO........................................................................................15 1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO..................................................................................16 2. REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................................18 2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................................................................18 2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL...........................................................................18 2.2.1 Definição dos Conceitos.........................................................................................................18 2.2.2 Organização Inovadora...........................................................................................................21 2.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL............................................................24 2.4 INOVAÇÃO............................................................................................................................25 2.4.1 Inovação como Estratégia de Sustentabilidade.......................................................................27 2.5 CONTEXTO INSTITUCIONAL...........................................................................................30 2.5.1 Incubadora de Empresas.........................................................................................................30 2.5.1.1 Universidade/Empresa/Governo..........................................................................................35 2.5.1.2 Grupos de Interesse/Stakeholders........................................................................................38 2.5.1.3 Redes de Cooperação...........................................................................................................39 2.5.1.4 Desenvolvimento Local.......................................................................................................41 2.5.1.5ª Participação ao Desenvolvimento Local de uma Comunidade..........................................43 2.6. CONTEXTO ORGANIZACIONAL....................................................................................44 2.6.1.Empreendedorismo.................................................................................................................44 2.6.2.Empreendedorismo Corporativo.............................................................................................48 2.6.3 Inovação e o Processo Empreendedor....................................................................................49 2.6.4 Cultura Organizacional...........................................................................................................50 2.6.5.Empreendedorismo Internacional...........................................................................................51 2.6.5.1 O Processo de internacionalização das Empresas...............................................................53 2.6.5.2 A Estratégia Internacional e o Modo de Entrada Internacional..........................................57 3. METODOLOGIA DA PESQUISA..........................................................................................61 3.1 PESQUISA DE CAMPO...........................................................................................................62 3.1.1 Entrevista e Aplicação de Questionários...............................................................................................63 4. ESTUDO EMPÍRICO:..............................................................................................................67 4.1 O PROGRAMA DE INCUBAÇÃO DE EMPREASAS DE BASE TECNOLÓGICA............67 4.2 A Incubadora da UFPA.............................................................................................................67 4.3 Incubadora e suas Contribuições Socioambientais....................................................................75 4.4 Avaliação das empresas pesquisadas em relação ás à Sustentabilidade contribuições da incubadora quanto Socioambiental................................................................................ 80 4.5 As Empresas..............................................................................................................................81 13 4.5.1 NEORADIX...........................................................................................................................82 4.5.2 MOP........................................................................................................................................84 4.5.3 AMAZON DREAMS.............................................................................................................85 5- A Empresa Estudada: AMAZON DREAMS..........................................................................88 5.1-Contexto Organizacional..............................................................................................89 5.2- Contexto Institucional.......................................................................................................92 5.2.1- Relação com a Rede de Cooperação..............................................................................92 5.2.2- Relação com a Participação e a Contribuição ao Desenvolvimento Local.....................95 5.4- Contexto Internacional......................................................................................................99 5.4.1 Relação com a valorização e a Contribuição dos Produtos Inovadores...........................99 6-APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS.............................................................................101 6.1.Relação com o Contexto Organizacional................................................................................101 6.2 .Relação com ContextoInstitucional.................................................................................106 6.3 .Relação com o Desenvolvimento Local..........................................................................108 6.4. Relação com a Valorização e comercialização dos produtos inovadores no mercado internacional...........................................................................................................................111 6.5. Confirmação das Hipóteses.............................................................................................113 7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE ESTUDOS FUTUROS....................................................114 7.1 Conclusões........................................................................................................................114 7.2 Sugestões de Estudos Futuros...........................................................................................115 8. REFERÊNCIAS BBLIOGRÁFICAS....................................................................................117 9. APÊNDICE A..........................................................................................................................126 10.APÊNDICE B..........................................................................................................................131 14 1 INTRODUÇÃO O desempenho da rede de pequenos negócios de base tecnológica de um país é determinante para o seu desenvolvimento econômico e tecnológico. Fomentar este tipo de empreendimento e estimular sua capacidade competitiva passou a ser o foco de políticas governamentais desenvolvimentistas neste início de século. As incubadoras de empresas são instrumentos de apoio aos negócios emergentes, isto é, em suas fases menos adiantadas de maturidade. Como o próprio nome sugere, este instrumento serve de berçário para microempresas, de base tecnológica ou de setores tradicionais da economia, fornecendo espaço físico subsidiado, infra-estrutura técnica e operacional e serviços especializados, por um determinado período de tempo, em geral, dois anos, além de constituirem um importante canal para transferência de tecnologias e criação de novas empresas em setores como a biotecnologia, que possui amplas possibilidades para o desenvolvimento da Amazônia. Na Região Amazônica, a idéia de incubação de empresas torna-se interessante por ser uma região bastante carente em relação ao setor industrial, e pelas ações de pesquisa e de transferência de tecnologias que devem ser feitas para o aproveitamento de matérias-primas advindas de recursos naturais. Diante desse cenário, as incubadoras de empresas de base tecnológica são um importante catalisador de desenvolvimento para o Estado do Pará, tornando-se importantes para a aproximação das instituições de pesquisa, nascente do conhecimento científico e tecnológico, com a indústria, importante motor do desenvolvimento da economia, e remete a importância para as empresas incubadas, de se desenvolver estratégias que garantam a sobrevivência e competitividade no mercado durante e após o processo de incubação e que também desenvolvam estratégias com foco na sustentabilidade em suas dimensões sociais, ambientais e não somente econômica. Nesse contexto, o presente trabalho visa identificar os fatores chaves de sucesso de uma estratégia de inovação sustentável de uma empresa, que realiza processos de separação dos compostos bioativos de frutas, como o açaí, ingá e murucí, ricos em antioxidantes, e está incubada pelo Programa de Incubação de Empresas de Base Tecnológica - PIEBT da Universidade Federal do Pará – UFPA, através da análise e observação dos seguintes aspectos: contexto ambiental, contexto organizacional, valorização dos produtos e do desenvolvimento local, a partir das contribuições da incubadora de base tecnológica da Universidade Federal do Pará. 15 1.1. OBJETIVOS DA PESQUISA O objetivo central da pesquisa consiste em identificar os fatores chaves de sucesso de uma estratégia de inovação sustentável, de uma empresa incubada pelo PIEBT, através de seu contexto ambiental, contexto organizacional, valorização dos produtos e do desenvolvimento local. Os objetivos específicos da pesquisa são: Avaliar a importância de uma incubadora, na definição de uma estratégia de inovação que valorize os conhecimentos obtidos através da mesma e de sua relação com o ambiente externo; Verificar a trajetória da empresa em seus diversos níveis de empreendedorismo; Discutir a compreensão de inovação e sustentabilidade com relação ao aproveitamento dos recursos naturais e processos produtivos na valorização das dimensões social e ambiental; Identificar os fatores chaves de sucesso de uma empresa incubada pelo PIEBT. 1.2. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO O interesse em pesquisar sobre inovação como estratégia de sustentabilidade voltada às incubadoras de empresas surgiu devido a pouca ênfase que se dá ao tema e a importância das mesmas para o desenvolvimento regional e que nem sempre é percebido, principalmente por parte de órgãos governamentais e pela iniciativa privada, deixando de lado a relação de importância que a incubadora tem com outros agentes que promovem o desenvolvimento local, e que as mesmas podem ser importantes nascedouros de micro e pequenas empresas com estratégias de desenvolvimento com foco na sustentabilidade em suas dimensões sociais, ambientais e não somente econômica, como normalmente é vista. Segundo a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas (ANPROTEC,2010), as incubadoras de empresas são instrumentos para o desenvolvimento local sustentável, através da criação e fortalecimento de empresas baseadas em conhecimento. A incubadora de empresas, como mecanismo mais adaptável, surge para fortalecer a cultura empreendedora local. 16 Nesse contexto, o desenvolvimento sustentável, com foco no desenvolvimento regional, tem sido assunto em várias instituições privadas e públicas em âmbito local devida à importância na criação de projetos que busquem a sustentabilidade socioambiental. Essa nova tendência influencia e impõe mudanças nos cenários empresariais no que diz respeito ao padrão de concorrência e competitividade, principalmente no que diz respeito a criar estratégias voltadas a inovações sustentáveis, onde tais pressões geradas por estas mudanças também afetam as micro e pequenas empresas, cuja sobrevivência não se resume somente em obter resultados financeiros positivos, já que é preciso atender a uma demanda mais consciente dos problemas sócio- ambientais que atingem nossa sociedade, e dessa percepção, dependerá sua sobrevivência. Neste sentido percebe-se a necessidade de incorporar a sustentabilidade como uma estratégia também aos processos de inovação tecnológica de micro e pequenas empresas ( MPE’s) e das oportunidades abertas com a adoção de boas práticas socioambientais como uma oportunidade para a inovação de produtos. É nesse contexto de fomento a inovação que se inseri a Incubadora de Base Tecnológica da Universidade Federal do Pará, com ações de capacitação empreendedora e tecnológica com suas diversas parcerias e desempenhando um papel complementar ao desenvolvimento sustentável e ao desenvolvimento local. Este trabalho caracteriza-se como um estudo de caso exploratório, a partir de um estudo teórico. A intenção é apresentar o Programa de Incubação de Empresas de Base Tecnológica - PIEBT da Universidade Federal do Pará – UFPA; e identificar os fatores chaves de sucesso de uma estratégia de inovação sustentável em empresa incubada pelo programa, que atendeu melhor a questão central da pesquisa, e duas outras empresas que foram pesquisadas para que pudéssemos validar os resultados . Portanto, trata-se de uma pesquisa qualitativa, pois existe um vínculo entre objetividade e subjetividade ao qual não podemos desassociar do cenário que está sendo observado. 1.3 .ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO Nesta dissertação, analisa-se a inovação como estratégia de sustentabilidade socioambiental utilizada por três empresas incubadas, pelo viés da incubadora de base tecnológica. 17 O primeiro capítulo aborda o problema da pesquisa, a justificativa do trabalho, os seus objetivos e a organização do trabalho. O segundo capítulo focaliza teorias que conceituam desenvolvimento sustentável, responsabilidade social e ambiental, inovação como estratégia de sustentabilidade, incubadoras, empreendedorismo, desenvolvimento local, redes de cooperação e inovação sustentável. O terceiro capítulo reúne todos os procedimentos metodológicos usados na pesquisa, explicando o motivo da adoção de procedimentos qualitativos. Também é explicado o tipo de coleta de dados utilizado. O quarto capítulo compreende a abordagem empírica deste estudo, descrevendo como surgiu a Incubadora de Empresas da Universidade Federal do Pará e o Programa de Incubação de Base Tecnológica-PIEBT, bem como a descrição e a análise dos resultados obtidos nos relatos do estudo de caso. O quinto capítulo apresenta os resultados da pesquisa. No sexto capítulo são apresentadas as conclusões da pesquisa , suas limitações e sugestões para trabalhos futuros. Os capítulos que se seguem comportam as referências bibliográficas e os anexos. 18 2 . REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Neste capítulo, abordou-se, desenvolvimento sustentável, responsabilidade social e ambiental, inovação como estratégia de sustentabilidade, incubadoras, empreendedorismo, desenvolvimento local, redes de cooperação e inovação sustentável. Algumas referências históricas, conceitos e termos utilizados são descritos no estudo. Todavia, a inovação como estratégia de sustentabilidade socioambiental pelo viés da incubadora de base tecnológica. Para Abrantes (2002) analistas da evolução da economia moderna e da globalização, afirmam que a tecnologia, mais especificamente a inovação tecnológica, constitui o fator determinante para a competitividade de nações, regiões e empresas, e a globalização como fator chave para tal competitividade. Dessa forma, entende-se que a estratégia fundamental para ganhar competitividade está na capacidade de inovar. Nesse contexto, mostra-se a importância das incubadoras como parte dos chamados arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais, com suas parcerias, dando suporte e melhorando a competitividade das micro e pequenas empresas, contribuindo para o decréscimo da taxa de falências das empresas residentes, fortalecendo assim o desenvolvimento local e incentivando o potencial criativo do empreendedor local. Para o autor, a estratégia inovadora é tornar grandes os pequenos, por meio de mecanismos de parcerias, cooperação e alianças, transformando suas aparentes fragilidades em potenciais forças empreendedoras. É nesse contexto que se inseri a Incubadora de Base Tecnológica da Universidade Federal do Pará, com ações de capacitação empreendedora e tecnológica com suas diversas parcerias e desempenhando um papel complementar ao desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento local. 2.2- DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 2.2.1. Definição dos Conceitos Nos últimos anos, o salto quantitativo em relação ao crescimento populacional, aos avanços tecnológicos, a exploração desordenada dos recursos naturais e a degradação 19 ambiental, abrem frente para a discussão de novas soluções alternativas para o sistema produtivo. O que durante muito tempo foi consagrado como fonte inesgotável de recursos disponíveis as necessidades humanas, passou a ser alvo de preocupações, tendo em vista, as limitações dos recursos naturais. [...] Em outras palavras, nunca houve tanto crescimento, riqueza e fartura ao lado de tanta miséria, degradação ambiental e poluição. É neste cenário que se encaixa o desenvolvimento sustentável, como uma maneira de equilibrar e dar continuidade as atividades essenciais a qualidade de vida (MARGOLIN, 1998). O que não implica um olhar romântico sobre o progresso e sobre os desequilíbrios sociais, mas uma visão sobre todo o sistema, contemplando as diversas atividades humanas capazes de solucionar problemas com pequenas ações: como o uso racional, o não desperdício, a preocupação com a qualidade de vida das próximas gerações, dentre outras medidas. Os conceitos sobre sustentabilidade surgem, então, com a necessidade de desenvolver atividades visando o longo prazo, se auto-mantendo, abastecendo o presente e preservando a sobrevivência futura da atividade. Ou seja, propõe a sustentabilidade em todos os setores, em especial no meio ambiente, pois é deste de onde são extraídos os recursos essenciais à sobrevivência humana e precisam ser sustentáveis para atender às necessidades básicas das gerações seguintes, como destaca Philippi (2001). No entanto, dentro de uma retrospectiva histórica, a Revolução Industrial e o desenvolvimento econômico e tecnológico determinaram transformações na sociedade, com grandes reflexos no meio ambiente. O aumento da população, associado a uma grande capacidade de intervenção do homem no ambiente, levou à deterioração dos recursos naturais, trazendo riscos para todos os seres vivos, inclusive para a própria vida humana. O crescimento econômico e populacional, segundo Bidone, Castilhos e Azevedo (2004), tem provocado pressões severas e degradações nos sistemas ambientais por conta da exploração e do consumo excessivo dos recursos. Entre os reflexos que podem ser percebidos na natureza encontram-se diversos tipos de poluição, desmatamento em florestas, mudanças climáticas regionais e globais, entre outros. 20 Diante deste contexto surge a idéia do desenvolvimento sustentável como uma forma de conciliar o desenvolvimento econômico e social, associado à preservação ambiental e ao uso racional dos recursos. A definição clássica e popularizada de desenvolvimento sustentável, de acordo com a CMMAD (Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento,1991), está ligada à capacidade de satisfação das necessidades da geração presente sem comprometer as necessidades das futuras gerações. Vários setores da sociedade se organizam em defesa das questões sociais e ambientais, cobrando das pessoas, empresas e governos posturas ambientalmente corretas. Para acompanhar essas exigências, as organizações adotam formas de avaliar e controlar os riscos e os impactos das suas atividades sobre o meio ambiente, buscando a adequação à legislação e às normas vigentes, adotando procedimentos comportamentais capazes de responder aos anseios da sociedade. Acredita-se também, que o conceito de desenvolvimento sustentável é muito complexo. É preciso ir além da condição econômica e envolver todas as dimensões do desenvolvimento sustentável que possam permitir que as gerações do futuro tenham a mesma qualidade de vida da população dos dias atuais. Segundo Silva (2005), com o desenvolvimento sustentável a questão de como produzir torna-se fundamental, em detrimento do que e para quem produzir. O termo desenvolvimento sustentável, de acordo com Camargo (2003), tem evoluído, desde o seu início de forma a envolver todas as questões que se inter-relacionam como o meio ambiente e o desenvolvimento humano. Para este autor, existe uma dimensão crítica da necessidade de coexistência e coevolução dos seres humanos entre si e com as demais formas de vida do planeta, além de ser também visto como um novo paradigma, que relaciona aspirações coletivas de paz, liberdade, melhores condições de vida e de um meio ambiente saudável. Os antecedentes históricos, segundo Buarque (2004), indicam que o conceito de desenvolvimento sustentável não é apenas mais um modismo ou uma idéia brilhante das Nações Unidas, mas uma construção teórica para organizar uma nova postura da sociedade diante dos desafios do presente e do futuro, consistente com o novo paradigma de desenvolvimento. Esses novos paradigmas, de acordo com Braun (2005), são caminhos alternativos diferentes daqueles que estão em vigência na sociedade moderna. Da mesma forma que eles foram importantes ao longo da história da humanidade para transformar as situações antigas, eles são agora necessários para transformar os velhos paradigmas, principalmente porque a humanidade atravessa mais conflitos do que propriamente soluções. O novo paradigma requer 21 uma nova forma de pensar, dentro de uma visão sistêmica que passa a envolver as variáveis econômicas, sociais e ambientais de forma equilibrada com todas as demais dimensões do desenvolvimento sustentado. Ainda para Buarque (2004), o conceito de desenvolvimento sustentável resulta do amadurecimento da consciência, do conhecimento dos problemas sociais e ambientais e das disputas diplomáticas, mas também de várias formulações acadêmicas e técnicas que surgiram durante as três últimas décadas com críticas ao economicismo e defesa do respeito ao meio ambiente e às culturas. Assim a preocupação com a sustentabilidade ambiental passa a interferir não só no desenvolvimento econômico, como também no mundo dos negócios, passando a exigir das organizações maior responsabilidade sobre o meio ambiente. Segundo Silva (2005), o desenvolvimento sustentável deve ser discutido com base nas delimitações das suas dimensões com a finalidade de avaliar suas inter-relações internas e externas como um sistema adaptativo complexo, cujas transformações ocorrem com o passar do tempo, e de modificar definitivamente a sociedade. De fato, tais transformações tendem a ocorrer em suas várias dimensões e ao longo do tempo tendem a mudar não somente em termos de negócios, mas toda a sociedade. Nesse sentido, desenvolver não só economicamente, mas dentro das dimensões social e ambiental torna-se importante a medida que a organização utiliza a inovação como uma estratégia de sustentabilidade. 2.2.2. Organização Inovadora Para Barbieri e Simantob (2007) a contribuição das organizações ao desenvolvimento sustentável está centrada em três dimensões: a econômica, a social e a ambiental. Sempre haverá a presença de todas as dimensões da sustentabilidade, mas uma concentração no que é específico à atuação das organizações. Talvez isso justifique a dimensão econômica ser mais visualizada, mas que não é incorporada de forma isolada. Os autores concluem que uma organização sustentável é aquela que orienta suas atividades pelas dimensões da sustentabilidade que lhe são específicas e busca alcançar seus objetivos atendendo, simultaneamente, a equidade social, a prudência ecológica e a eficiência econômica. Segundo os autores, a organização inovadora é a que introduz novidades de qualquer tipo em bases sistemáticas e colhe os resultados esperados. A expressão “bases sistemáticas” significa a realização de inovações com autonomia, intencionalidade e proatividade. A 22 inovação é um elemento essencial do modus operandi dessa organização o que pressupõe que ela desenvolva continuamente recursos tangíveis e intangíveis para inovar permanentemente. Organização sustentável é a que simultaneamente procura ser eficiente em termos econômicos, respeita a capacidade de suporte do meio ambiente e serve como instrumento de justiça social, promovendo a inclusão social, a proteção às minorias e grupos vulneráveis, o equilíbrio entre os gêneros, etc. (BARBIERI, 2007). Uma organização inovadora sustentável “não é a que introduz novidades de qualquer tipo, mas novidades que atendam às múltiplas dimensões da sustentabilidade em bases sistemáticas e colham resultados positivos para ela, para a sociedade e o meio ambiente” (BARBIERI, 2007). Não basta, para as empresas, apenas inovar constantemente, mas inovar considerando as três dimensões da sustentabilidade, quais sejam: Dimensão Social Preocupação com os impactos sociais das inovações nas comunidades humanas dentro e fora da organização (desemprego, exclusão social, pobreza, diversidade organizacional etc.). Dimensão Ambiental Preocupação com os impactos ambientais pelo uso de recursos naturais e pelas emissões de poluentes. Dimensão Econômica Preocupação com a eficiência econômica, sem a qual elas não se perpetuariam. Para as empresas essa dimensão significa a obtenção de lucro e geração de vantagens competitivas no mercado em que atuam. O atendimento a essas dimensões torna o processo de inovação com sustentabilidade mais exigente, o que requer da empresa um maior esforço para atender tecnicamente esse requisito. Entende-se que inovar seguindo as três dimensões da sustentabilidade ainda não é regra, até porque a inclusão das dimensões sociais e ambientais requer novos instrumentos e modelos de gestão que só recentemente começaram a ser desenvolvidas com mais intensidade, principalmente para as pequenas e médias empresas. 23 Ainda para os autores, o grande problema é que os efeitos econômicos são relativamente fáceis de prever, pois haverá sempre uma enorme quantidade de instrumentos desenvolvidos para isso. Já os efeitos sociais e ambientais são mais difíceis de serem avaliados previamente, pois envolvem muito mais variáveis, incertezas e interações, e o que mais se observa é a continuidade do entendimento convencional acompanhado de um discurso que incorpora a temática do desenvolvimento sustentável que fica apenas na boa intenção, quando não é um meio de se apropriar de uma idéia que está ganhando importância para a população e os formadores de opinião. Dentre as várias discussões traçadas sobre desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, cabe aqui detalhar duas visões: 1- Quando se menciona desenvolvimento sustentável, uma vez que muitos se utilizam o termo para designar a expectativa de que o país entre numa fase de crescimento que se mantenha ao longo do tempo, faz com que tal forma de desenvolvimento pressuponha a expansão econômica permanente, gerando melhoria nos indicadores sociais, além da preservação ambiental (ALTENFELDER,2004). 2- Sustentabilidade é a capacidade de se auto-sustentar, de se auto-manter. Uma atividade sustentável qualquer é a aquela que pode ser mantida por um longo período indeterminado de tempo, ou seja, para sempre, de forma a não se esgotar nunca, apesar dos imprevistos que podem vir a ocorrer durante este período. Pode-se ampliar o conceito de sustentabilidade, em se tratando de uma sociedade sustentável, que não coloca em risco os recursos naturais como o ar, a água, o solo, e a vida vegetal e animal dos quais a vida (da sociedade) depende (PHILIPPI, 2001). Apesar da proximidade entre os conceitos costuma-se relacionar desenvolvimento sustentável a políticas públicas e sustentabilidade as demais ações. Portanto, o termo utilizado na pesquisa será sustentabilidade, relacionando os conceitos com as ações e práticas empreendidas pelas organizações. Assim, o objetivo de qualquer organização é obter uma maior lucratividade sobre o capital investido, utilizando-se para isso, de estratégias para estar a frente dos concorrentes, obtendo maiores margens e fatias de mercado. Dentro dessa perspectiva, o conceito de sustentabilidade voltado a gestão, seria pertinente citar que, segundo Savitz (2007), a gestão do negócio pode promover o crescimento e gerar lucro, reconhecendo e facilitando a realização das aspirações econômicas e não- 24 econômicas das pessoas de quem a empresa depende, dentro e fora da organização. Isso, por si só já reflete a realidade de responsabilidade social/ambiental das MPE’s, que dependem da geração de lucro para sua sobrevivência, mas que não necessariamente precisam abrir mão da parte sócio-ambiental, mesmo porque essa pode ser uma das estratégias das quais irão assegurar sua competitividade no mercado. Dessa forma, direcionar o tratamento de questões ambientais e sociais como estratégicas, trazem uma vantagem competitiva as empresas incubadas e que ao implementarem tais estratégias, passam a ser percebidas pelos concorrentes, pela sociedade, pelo governo. Logo a análise a ser empreendida na empresa incubada, será feita não somente aos aspectos econômicos, mas também aos sociais e ambientais. 2.3. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL De acordo com o Instituto Ethos, Responsabilidade Social Empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. Ainda segundo este Instituto, a responsabilidade social empresarial na gestão das pequenas e microempresas é uma das principais questões do movimento pela sustentabilidade no Brasil. Existem muitas dificuldades a serem superadas e o debate vem sendo travado em diversos eventos e nos principais fóruns do país e do mundo nos últimos anos. Na Conferência Nacional promovida pelo Instituto Ethos (2004), foram apresentados e discutidos alguns pontos importantíssimos para a gestão dos pequenos empreendimentos. Dentre eles estão as dificuldades para a o desenvolvimento socialmente responsável das micro e pequenas empresas como: informalidade; falta de acesso ao capital e a novas tecnologias; excesso de corrupção; falta de capacitação dos profissionais; legislação injusta e tratamento como grandes empresas ocasionando pouco poder de ação e possibilidade de crescer. A assimilação dos conceitos e posteriormente a adoção de práticas de responsabilidade social empresarial na gestão das pequenas e microempresas é uma necessidade para as empresas permanecerem no mercado, o que percebemos nas falas dos gestores das empresas incubadas pelo PIEBT que é um dos pontos comuns do debate, acima citado, é que a atitude empreendedora combinada a valores éticos, com a influência da 25 formação acadêmica dos empreendedores, tem obtido resultados sociais, econômicos e ambientais positivos. Outro ponto comum é o de aprender a fazer mais com menos, reaproveitar o que é desperdiçado e fazer negócios em parceria com a comunidade, e que é uma das ações estimulada pelo programa. 2.4- INOVAÇÃO A inovação pode ser definida como um conjunto de melhorias na tecnologia e nos métodos ou maneiras de fazer as coisas em adequação com uma demanda de mercado. As principais formas de inovação são as novas tecnologias, as novas ou renovadas necessidades do comprador, o aparecimento de um novo segmento de indústria, custos ou oportunidades oscilantes de insumo, ou ainda mudanças nos regulamentos governamentais. Esses deflagradores resultam em vantagem competitiva para quem consegue perceber seu significado desde cedo e agir agressivamente para explorá-los (PORTER, 2009). De fato, um dos aspectos envolvidos na inovação tecnológica diz respeito à competitividade. Também, Segundo Ferraz (1995), o processo de inovação vem sendo um dos indicadores mais utilizados para avaliar a competitividade, uma vez que seus resultados se encontram vinculados à capacidade de acompanhar as mudanças e o desenvolvimento do mercado, bem como a criação e ocupação de novos mercados – processo cada vez mais dinâmico. Assim, para atender ao rápido processo de inovação tecnológica, há a necessidade de desenvolvimento contínuo de pesquisas e análises de mercado. Um ambiente propício para tal procedimento é a universidade, que deve buscar atuar em consonância com o setor produtivo, visando o desenvolvimento de inovações tecnológicas. Muitos têm sido os estudiosos que pesquisam e discorrem sobre o tema da inovação e consequentemente muitas as teorias existentes a este respeito (TIDD, BESSANT e PAVITT, 2008). Em geral estas teorias envolvem terminologias como processos, tecnologia, criação, e mais recentemente agregam o aspecto da utilidade ao tema. No quadro 01 é possível acompanhar a evolução de algumas linhas teóricas desenvolvidas ao longo dos anos. 26 Quadro 01: Síntese de alguns conceitos de inovação SÍNTESE DE ALGUNS CONCEITOS DE FONTES DE PESQUISA INOVAÇÃO A criação de um novo bem que mais adequadamente satisfaz as necessidades do mercado. Schumpeter (1934) Toda nova tecnologia e novo processo. Rogers e Shoemaker (1971), Porter (1990) Uma nova tecnologia ou uma combinação de tecnologias introduzidas comercialmente para atender a uma necessidade do usuário ou do mercado. O processo de melhorar uma tecnologia existente. Utterback e Abernathy (1975) Um processo de envolvimento integrado. Schott (1981), Daft (1982), Rothwell e Gardiner (1985) Atividades técnicas, de concepção, produção, gestão e comércio envolvidas na comercialização de um novo (ou melhor produto) ou o primeiro uso comercial de um novo (ou melhor) processo ou produto. Freeman (1982) O processo de transformar oportunidades em uso prático. Pavitt (1984), Tidd (1987) A personificação, combinação e/ou síntese de conhecimentos em novos, relevantes, valorosos novos produtos, processos ou serviços. Leonard e Swap (1999) Um significado singular em "novos produtos". Quanto mais o novo produto oferece benefícios significativamente exclusivos, maior é o seu grau de inovação. Sethi et al. (2001) Rosenberg (1976), Nelson e Winter (1982), Dosi (1982) Fonte: adaptado de TIDD, BESSANT e PAVITT, 2008 As diferentes definições de inovação concordam quanto ao fato de que só é considerada inovação se for introduzida com êxito no mercado. Portanto, fica evidente a estreita relação entre os conceitos competitividade e inovação. No entanto para dar consistência ao tema faz-se necessário não somente conceituar historicamente a inovação, mas desdobrá-la em o que representa dentro de um contexto institucional e organizacional de empresas que estão passando pelo processo de incubação e que podem ou não ser usadas como estratégias de sustentabilidade socioambiental e o papel da incubadora de base tecnológica da UFPA, como veículo de suporte e incentivo para tais ações. 27 2.4.1 Inovação como Estratégia de Sustentabilidade Num contexto que tem a inovação como estratégia principal, as incubadoras de empresas têm cada vez mais adotado o discurso da sustentabilidade empresarial como um fator de estratégico de diferenciação daquelas organizações que se iniciam fora do contexto do empreendedorismo inovador. Segundo Porter & Kramer (2009), há quatro motivações que impulsionam as empresas a incorporar a questão do desenvolvimento sustentável à estratégia de negócios: Obrigação moral: pela qual a obtenção do sucesso comercial deve honrar valores éticos, garantindo respeito às pessoas, comunidades e meio ambiente. Sustentabilidade: segundo a definição do relatório Brundtland, as necessidades do presente devem ser atendidas sem comprometer a capacidade das gerações futuras em atenderem a suas necessidades. Licença para operar: toda empresa necessita de permissões tácitas ou explícitas de governos, comunidades e de diversos stakeholder’s para desenvolver seus negócios. Reputação: a melhoria da imagem da companhia, o fortalecimento da marca, o moral dos funcionários e até o aumento do valor das ações são fatores que tornam a reputação de uma empresa positiva. Tais justificativas não são suficientes para direcionar a estratégia das empresas e orientar suas ações. No entanto, algumas empresas vêm se posicionando de maneira socialmente estratégica. “É a responsabilidade social do valor compartilhado, em que se cria valor tanto para a sociedade quanto para os negócios", segundo Porter & Kramer (2009). Consequentemente, a questão de desenvolvimento sustentável é incluída dentro da proposta de valor das empresas. Com isso, ser sustentável deixa de ser uma obrigação moral ou legal ou um custo inerente aos negócios para se tornar uma oportunidade de negócios, abrindo caminho para a diminuição de custos e riscos, ou até mesmo elevando seus rendimentos e sua participação de mercado por meio da inovação. Para as MPE’s um dos principais desafios a serem superados tem sido a de se tornarem mais flexíveis e adaptáveis às características do ambiente na qual elas estão inseridas e se posicionar de maneira estratégica. Partindo do princípio de que as MPE´s constituem-se num segmento econômico imprescindível para a geração da competitividade e melhoria da qualidade de vida, na medida em que, tem um efetivo potencial para geração de emprego e 28 renda. Este contexto de mudanças tem como implicação direta à necessidade das organizações estarem buscando permanentemente a adaptação e a flexibilização para se adequarem a novas contingências, obrigando as organizações a buscarem os mecanismos mais adequados para a definição de estratégias empresariais assim como o estabelecimento de processos de trabalho e de gestão mais eficientes e eficazes. Entende-se, no entanto que no caso das MPE’s, esta situação fica mais grave em função das suas próprias peculiaridades, relacionadas à centralização, formalização, a complexidade da estrutura administrativa, a qualidade dos recursos humanos e as condições ou capacidade de investimento. Surge então a necessidade deste segmento empresarial conhecer e aplicar adequadamente o processo de inovação como estratégia de sustentabilidade, a qual pode ser considerada uma ação determinante para a geração de melhorias nas suas operações e contribuindo efetivamente para o alcance dos objetivos que possam estar sendo estabelecidos na estratégia adotada. A inovação é fundamental, pois através dela as organizações tornam-se capazes de gerar riqueza contínua e, assim manterem-se ou tornarem-se competitivas nos seus mercados. No entanto, na maioria dos casos, as empresas usam os concorrentes como base de referência para as suas próprias iniciativas de inovação. Com isso, as estratégias competitivas tendem a ser muito parecidas dentro de um mesmo mercado e apenas a empresa que se afasta do grupo competitivo de empresas, consegue cumprir seu papel de aumento de competitividade e consequente geração de riqueza. Este processo de homogeneização, onde as organizações são impulsionadas a assemelharem uma as outras, recebe o nome de isomorfismo. Gomes & Perreira (2009), citam Dimagio & Power, para explicar o processo. Para Dimagio;Powell (1983): É um processo que obriga uma unidade de uma população a parecer-se as outras unidades que enfrentam as mesmas condições do meio ambiente. É uma crescente compatibilidade com as características do meio ambiente. A teoria do isomorfismo não é ligado na psicologia dos atores (goal oriented behavior) mas, as estruturas determinantes das decisões. E podem ser de dois tipos de isomorfismo (Meyer, 1979 apud Gomes & Perreira): Competivo: num mercado aberto, comportamento de adequação. 29 Institucional: organizações competem não isoladamente por recursos e consumidores mas também, por poder político e legitimidade institucional. Dessa forma, para que se crie um ambiente corporativo propício à geração de inovação, é necessário que os líderes das organizações promovam a inovação, sendo que a melhor forma de o fazer é trabalhar para que os conceitos e estratégias de inovação sejam assimilados por todos os colaboradores, clientes e fornecedores. Já para Leone (2004), para que a inovação aconteça de fato, existem algumas condições direcionadas as micro e pequenas empresas, das quais o estudo está direcionado, e que devem ser estudadas a partir de suas especificidades, reunidas em três grupos, a saber: Especificidades Organizacionais: pouco recurso financeiro; pouco controle do ambiente externo; fraca especialização;nivel de maturidade organizacional muito baixo; planejamento informal; atitude passiva; reativa em relação ao ambiente. Especificidades Decisionais: tomada de decisões intuitiva, baseada na experiencia do proprietario-dirigente; decisão centralizada;horizonte temporal curto; inexistencia de dados quantitativos na tomada de decisões. Especificidades Individuais: onipresença do proprietario-dirigente; pouca diferença em pessoa juridica e pessoa fisica; perfil do dirigente é pouco voltado para o de administrador-gestor. Para o autor, as especificidades organizacionais , decisionais e individuais das MPEs fazem com que as mesmas não atendam as principais dimensões da sustentabilidade, que acabam impactando no processo de inovação e consequentemente em sua competitividade. Percebe-se na visão deste autor que a dimensão ambiental, ainda não faz parte das prioridades das MPE’s, e há uma significativa preocupação com inovação de produtos e processos. Enquanto que para Cândido (2001), umas das conseqüências diretas das influências do conjunto desses fatores têm sido o aumento da incerteza e da insegurança dentro das organizações, que para poderem sobreviver, tem buscado permanentemente adaptarem-se, reestruturarem-se, flexibilizarem-se e buscarem formas de inovação dentro das novas configurações do ambiente. Nesta perspectiva Tornatzky & Fleischer (1990) apresenta três elementos que caracterizam bem o atual ambiente de negócio ao qual estão inseridas as MPE’s, e como estas características influenciam a decisão da inovação tecnológica, a saber: organização, tecnologia e o meio externo as empresas. Para os autores o contexto organizacional é tipicamente definido nos seguintes termos; o tamanho da empresa, a 30 centralização, formalização, a complexidade da estrutura administrativa, a qualidade dos recursos humanos e as condições ou capacidade de investimento. O ambiente externo à organização envolve basicamente o contexto tecnológico que é descrito por tecnologias internas e externas e suas características e disponibilidade e o meio onde a empresa realiza seus negócios, onde estão presentes: os competidores, regulamentos governamentais e a infraestrutura de suporte a tecnologia. De fato, o contexto externo é um dos elementos que determina os ganhos de vantagens competitivas das empresas incubadas pelo PIEBT. No estudo utilizaremos a nomenclatura contexto ambiental para designar o ambiente externo. 2.5 - CONTEXTO INSTITUCIONAL O mundo atual está em um processo de profunda transformação caracterizado, em grande parte, pela revolução tecnológica e informacional. Estas mudanças vêm causando fortes impactos sobre a economia, a sociedade, a política e as organizações (CASTELLS,1999). Tais mudanças geraram uma necessidade de redimensionamento da competitividade e do processo de obtenção/manutenção de vantagem competitiva pelas organizações, que passou a se caracterizar não só pela melhoria e/ou implementação de variáveis como qualidade, custos, preço, mas, principalmente, pela busca de inovações tecnológicas. A competitividade das empresas passa a depender cada vez mais de fatores como a inovação tecnológica, que pode ser obtida através de investimento em P&D e do desenvolvimento de redes de conhecimento, compostas por atores como institutos de pesquisa, universidades e laboratórios, consórcios de empresas e clientes. Este contexto institucional tem alavancado a atuação das empresas que passam pelo processo de incubação, tendo dentro dessa rede a incubadora de empresas como um de seus principais impulsionadores. 2.5.1- Incubadoras de Empresas As incubadoras de empresas têm por objetivo servir de suporte estrutural para pequenas e micro empresas de base tecnológica, que buscam a diversificação e a revitalização econômicas, agregando valor ao produto, através de uma interação com os centros de ensino e pesquisa, por meio de informação e conhecimento tecnológico, visando melhorar a eficácia produtiva da região para uma inserção mais competitiva no mercado. Propiciam, também, o 31 desenvolvimento de novos empreendimentos que sejam financeiramente viáveis e capazes de se adaptar ao mercado após o período de permanência na incubadora. Apóiam a transformação de empresários potenciais em empresas crescentes e lucrativas. Diminuem os riscos dos empreendimentos e, finalmente, contribuem para a revitalização regional, na medida que favorecem a criação de novas empresas e empregos. As incubadoras são altamente geradoras de emprego e o custo de emprego é muito mais baixo do que uma grande empresa. A incubadora também contribui para melhorar a distribuição de renda das regiões onde atua. Acredita-se que investir na criação de redes de pequenos empreendimentos traz retorno seguro com a geração de postos de trabalho, aumento da renda e melhoria da qualidade de vida das pessoas. Portanto estruturar e organizar pequenas e micro empresas em alianças cooperativas por meio de parcerias cria sinergia econômica e social sem nenhuma dúvida. Nesse sentido o modelo de incubadoras de empresas apresenta o perfil adequado, pois trata-se de um empreendimento em regime de condomínio com estrutura reduzida, baixo custo e ampla capacidade de alavancagem de novos negócios. Para garantir o sucesso das incubadoras, os governos devem formular políticas de apoio não apenas a elas, mas à formação educacional e ao desenvolvimento de pequenas empresas. As incubadoras têm lugar num contexto que resulta de diversas medidas políticas e por isso elas desempenham um papel complementar ao desenvolvimento econômico. O papel das incubadoras, como instrumento de política integradora, responde a um ambiente caracterizado por um amplo conjunto de programas de suporte às micros e pequenas empresas. As incubadoras se propõem a assegurar um mecanismo de rápido diagnóstico e controle para o decréscimo da taxa de falências das empresas residentes, o que fortalece o desenvolvimento regional. Segundo a ANPROTEC (2010), a incubadora de empresas é um mecanismo de aceleração do desenvolvimento de empreendimentos (incubados, associados e graduados), mediante um regime de negócios, serviços e suporte técnico compartilhado, além de orientação prática e profissional, que para se constituir e cumprir com suas finalidades precisa ser mantido por entidades governamentais, universidades, grupos comunitários etc. As incubadoras de empresas podem ser sem ou com fins lucrativos. Na maioria dos países, as sem fins lucrativos, além de serem as mais antigas, são em número muito maior e se caracterizam como programas de auxílio aos empreendedores na fase inicial de criação e na fase de crescimento do seu negócio. Existem três tipos de incubadoras no Brasil: as que 32 abrigam preferencialmente empresas de base tecnológica, as de empresas de setores tradicionais e as mistas (ANPROTEC,2010), descritos no quadro abaixo: Quadro 2 – Tipologias de incubadoras TIPO Tecnológica CARACTERIZAÇÃO Abriga produtos, processos e serviços que resultam da pesquisa científica. Tradicionais Abriga empreendimentos ligados aos setores da economia que detêm tecnologias difundidas e que querem agregar valor aos seus produtos, processos e serviços. Mistas Abriga empresas de base tecnológica tradicionais. Fonte: Elaborado pela autora, baseado na classificação da ANPROTEC 2010 Os modelos e práticas adotados pelas incubadoras brasileiras seguem, até hoje, referências de sucesso de países desenvolvidos, muito embora, segundo a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Inovadoras (ANPROTEC), já existem incubadoras brasileiras adotando características locais como uma forma de educação empreendedora voltada para o mercado. O tipo de incubadora poderá influenciar o seu desempenho. Neste trabalho, por este motivo e outros explicitados mais adiante, apenas consideramos incubadoras de base tecnológica. O tipo de suporte previsto pela incubadora pode não se restringir aos benefícios tradicionais, nomeadamente sob a forma de disponibilização de ativos tangíveis, mas podendo estender-se ao provimento de serviços de valor agregado, qual seja, a ligação a redes relacionais mais amplas e de orientação aos empreendedores (SOETANO & VAN GEENHUUIZEN, 2007). Neste foco, a partir da Constituição Federal de 1988 (CF/88), os municípios tornaram-se importantes protagonistas no controle e regulação das questões locais. As Leis Orgânicas Municipais, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 –, os Planos Diretores e a legislação municipal específica sobre todas as questões de desenvolvimento econômico estão em pauta, de acordo com as peculiaridades locais e regionais. Todavia, a eficácia dessas medidas depende de uma boa gestão pública das riquezas, seja ela, administrativa, econômica, financeira ou social. 33 As incubadoras de empresas são alavancadass para os sistemas locais, na medida em que permitem a transferência de conhecimento entre universidade e setor produtivo. Assim, onde atuam, desenvolvem políticas para apoiar as empresas incubadas no que diz respeito à gestão administrativa e tecnológica e, sobretudo, centralizam a cultura empreendedora das localidades. Em tese, são estruturas planejadas para estimular a criação, o desenvolvimento e a consolidação do empreendedorismo. Atualmente, as incubadoras de empresas dão suporte específico para pequenas e micro empresas de base tecnológica forte, que inovam a oferta de bens e serviços mais competitivos no mercado através de uma interação com os centros de ensino superior e de pesquisa, como também, promovem o desenvolvimento de novos empreendimentos, diminuem os riscos do capital, contribuem para o desenvolvimento regional, favorecem a criação de novas empresas e empregos além de potencializarem os Arranjos Produtivos Locais capacitando uma empresa ou um conjunto de empresas de um mesmo segmento a se afirmarem no mercado competitivo após o período de permanência na incubadora. Enfim, proporcionam o menor custo do emprego em relação a uma grande empresa e contribuem para a melhor distribuição de renda na localidade ou região onde atua. Para Mizziara & Carvalho( 2004), a principal finalidade de um programa de incubação é produzir graduados bem sucedidos– isto é, negócios financeiramente viáveis e autosustentáveis quando eles deixam a incubadora. A gerência da incubadora é incumbida de fazer a seleção das empresas que receberão abrigo, analisando, junto a consultores especializados, o potencial de comercialização da idéia e a capacidade dos empreendedores de levá-la ao mercado. Após esta análise à empresa é permitido ou não se instalar na incubadora. As incubadoras de segunda geração incluem uma gama mais especializada de serviços, havendo aconselhamento e treinamento para os empreendedores (marketing, contábil, jurídico, gestão), acompanhamento gerencial, promoção de parcerias e difusão de oportunidades tecnológicas e de mercado, entre outros (Medeiros et al, 1993). Incubadoras mais sofisticadas buscam a adição de valor para suas PME incentivando sua projeção no mercado internacional (internacionalização), seja na forma de exportação de seus produtos ou no estabelecimento de parcerias supranacionais. Por fim, cabe à incubadora conduzir o processo de desligamento das empresas após o período de incubação. Sejam estas graduadas com grande potencial e capazes de auto sustentação ou apenas “hobbistas” (jargão utilizado no meio, para identificar as empresas que não conseguem sobreviver fora da incubação), dando lugar a novos empreendimentos. Há incubadoras que fornecem serviços de pré e pós-incubação, com auxílio à elaboração do plano 34 de negócio (laboratórios de idéias), e posterior espaço subsidiado (condomínios industriais). As incubadoras de base tecnológica (IBT), são importantes entes de transformação através dos quais idéias viram negócios, principalmente no período de incubação – intervalo necessário entre a idealização e a realização do negócio – as empresas encontram nelas o ambiente ideal para crescerem e se desenvolverem, e tem se apresentado como catalisadoras de mudanças importantes para alavancar o desenvolvimento de inovações tecnológicas com foco na sustentabilidade socioambiental. Pode-se resumir a importância de uma IBT como um local propício para viabilização de inovações tecnológicas, gerando externalidades positivas para a região. Tipicamente, essas empresas nascem de projetos desenvolvidos em universidades ou centros de pesquisa (Fontes & Coombs, 2001), embora possam, também, ser geradas por projetos empreendedores independentes. De fato, Baêta (2001) argumentou que um aspecto central na distinção em face de outros tipos de incubadora é que as Incubadoras de Base Tecnológica- IBTs, além do apoio usual das incubadoras tradicionais, também oferecem acesso ao aconselhamento técnico, pois possuem ligações próximas a centros de pesquisa e universidades. De acordo com Dornelas (2002), baseado na definição do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), as IBTs abrigam Empresas de Base Tecnológica (EBT). As EBTs são as que geram produtos, processos ou serviços a partir de resultados de pesquisas aplicadas, e nos quais a tecnologia representa o seu alto valor agregado. As EBTs incubadas, desse modo, estão diretamente relacionadas com a P&D em áreas como informática, eletroeletrônica, microeletrônica, novos materiais, comunicações, mecânica de precisão, química fina, biotecnologia, instrumentação, farmácia, entre outras (Barboza, 2000). Essas empresas estão usualmente ligadas a universidades, como mencionado e, consequentemente, a pessoas altamente qualificadas. As incubadoras de base tecnológica, segundo a Anprotec (2010), representam a maioria das incubadoras existentes no Brasil (cerca de 40% do total). Apesar do menor índice de mortalidade das EBTs incubadas, muitas morrem sem se consolidarem como negócios viáveis. Segundo Martinez Barea (2003), há três motivos para esta mortalidade: dificuldade em transformar um produto tecnológico numa empresa; os pesquisadores não serem reais empreendedores e não possuírem conhecimentos e competências gerenciais; e o acesso deficiente a recursos financeiros, frequentemente vultosos e superiores aos necessários pelas empresas nascentes mais tradicionais. As incubadoras podem prestar apoio de diferentes formas e níveis, que poderão vir a potencializar de maneira distinta as empresas incubadas. Tradicionalmente, as incubadoras 35 suportam as atividades provendo infraestrutura física a um aglomerado de novas empresas (Phillips, 2002). Entretanto, esse suporte evolui pelo provimento de serviços que potencializem as empresas incubadas ao servirem de ponte entre elas e os recursos necessários (Hackett & Dilts, 2004), com incubadoras provendo suporte de valor mais agregado, propiciando planejamento, acompanhamento dos empreendedores, ligação com outros empreendedores e empresa, dentre outras atividades (Hannon & Chaplin, 2003). 2.5.1.1- Universidade/ Empresa/ Governo Mello, citado por Vasconcelos e Ferreira (2002), afirma que a base dos sistemas de inovação é formada pela interação entre universidade, empresa e governo. No Brasil, esta articulação entre universidade, empresa e governo ainda é modesta. Contudo, os programas que visam estreitar estes laços entendem que a intensificação das interfaces entre esses agentes e instituições deve objetivar a criação e consolidação de um Sistema Nacional de Inovação, que acabará por estabelecer um círculo virtuoso de acumulação de conhecimentos científicos, tecnológicos e de mercado. Assim, o aumento considerável do número de parcerias entre as universidades e as empresas pode ser vinculado ao crescimento da competitividade global, seguido pelo aumento da demanda por inovações em produtos e processos. Nesse contexto, a estrutura de parcerias tem exigido das universidades e das empresas que ultrapassem as fronteiras tradicionais, desenvolvendo redes de comunicação que acabam por compatibilizar a pesquisa, o ensino e o desenvolvimento econômico. Paralelamente, Universidades públicas e privadas estão criando formas para possibilitar as relações entre academia e indústria, a fim de garantir o desenvolvimento tecnológico futuro e que atendam a essa competitividade global. Dentre os diversos meios para estimular o desenvolvimento de inovações tecnológicas no Brasil, um merece destaque. Trata-se das Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica, as quais vêm sendo criadas com a finalidade de acompanhar as transformações tecnológicas e buscando atender às novas exigências do processo de trabalho. Esse tipo de incubadora tem o propósito de proporcionar às pessoas empreendedoras, interessadas em criar a sua própria empresa de base tecnológica, a oportunidade de participar de programas de formação na área de criação de negócios. O incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias no mundo acadêmico é decorrência da percepção do mundo empresarial ao reconhecer que a chave para a sobrevivência e 36 crescimento reside no desenvolvimento contínuo de produtos novos e aprimorados, o que incita à inovação. Henry Etzkowitz (2002) apresenta um novo modelo para descrever e caracterizar a interação universidade-indústria-governo, a Triple Helix. Este modelo, prevê que o envolvimento da universidade na inovação industrial melhora o desempenho da pesquisa básica, a partir de um efeito interativo, onde a inovação industrial suscita novas questões para a pesquisa básica, ao trazer-lhe novas questões a serem investigadas. As incubadoras aparecem na confluência de interesses públicos e privados, onde surge uma meta comum de sistematizar a transição da invenção para a comercialização de novas tecnologias. Devido a essa flexibilidade, as incubadoras são interpretadas ou reinventadas em diferentes países e situações. Por outro lado, numa visão ex-post as incubadoras exemplificam a emergência de uma política de ciência, de tecnologia e de inovação inspirada no modelo da hélice tríplice (ETZKOWITZ, 2002). O autor ainda aprofunda a sua caracterização do modelo contemporâneo de incubadora universitária, que mescla as características da empresa de capital de risco, e a disponibilidade de um ambiente propício ao seu crescimento e “amadurecimento”. Não obstante, Etzkowitz dá ênfase ao processo educativo como sustentáculo deste modelo, pois as novas empresas, além das introduzir no mercado novas tecnologias, devem também aprender a desenvolver novas competências, científicas e administrativas, garantindo maiores chances de sucesso. O papel da academia nesse processo educativo é essencial. A universidade não só tem a função de ensinar (ensino), investigar (pesquisa), como também servirá como um canal com a indústria, onde o fluxo de conhecimentos/tecnologias contínuo poderá influenciar ambos os agentes. O autor apresenta ainda, partindo da experiência brasileira, um novo modelo de incubadora: incubadora de incubadoras. Uma rede seria instituída tendo por base uma incubadora interligada a uma universidade mais “antiga”, mais experiente, replicando-se para outras incubadoras, em universidades menores. O aproveitamento de um ambiente sistêmico e em rede,e uma maior capacitação tecnológica e administrativa poderá facilitar o desenvolvimento das incubadoras “menores”, alargando as chances de seu sucesso. Etzkowitz ressalta que o futuro da universidade reside em alianças estratégicas entre acadêmicos e outras organizações baseadas no conhecimento, nos institutos virtuais e grupos de pesquisa que reúnem estudantes e professores, em vários níveis, em projetos conjuntos e na 37 educação das organizações, bem como indivíduos em centros de empreendedorismo e incubadoras. Contudo entende-se que em relação ao modelo de Etzkowitz, uma das grandes problemáticas referentes a este modelo refere-se à questão gerencial. Os jovens empresários encontram profundas diferenças entre o ambiente científico e o ambiente empresarial. Faltamlhes, na maioria dos casos, as competências gerenciais. (CORMAN,1988). Esta questão impacta principalmente a transformação da descoberta em um projeto empreendedor. Neste momento faz-se necessário a concepção do desenvolvimento tecnológico e desenvolvimento comercial que demandam planejamento e visão de negócio (CHENG et al., 2005). Neste sentido, estudos sobre o empreendedorismo tecnológico, como os conduzidos por Baeta, e Abreu, Souza e Gonçalo (2006), atestam que em incubadoras tecnológicas a maioria dos gestores tem uma forte qualificação técnica, contudo, a formação na área de gestão é insuficiente. Este quadro evidencia, assim como tratado por Etzkowitz, a importância da criação de condições capacitadoras por parte das instituições de ensino, a fim de que as empresas incubadas desenvolvam e utilizem ferramentas e técnicas de gestão, possibilitando melhores condições de sobrevivência e competitividade no mercado. Ainda sob o escopo gerencial, um importante desafio no processo empreendedor de incubadoras é a busca de capital. Isto é, o financiamento o projeto do empreendimento a partir de capitalistas de risco é uma modalidade comum no setor de alta tecnologia, mas há percalços a serem transpostos. Outro ponto que merece destaque é a análise inicial da situação da instituição mantenedora com relação a suas competências reconhecidas nas áreas de Pesquisa e Pós-Graduação, identificando quais são suas áreas de excelência, ou seja, onde a instituição tem competências para transferir conhecimento para uma empresa incubada. Apesar de todos os fatores aqui apontados (competência gerencial, técnica, acesso a financiamento, diferenças ambientais e características regionais), que devem ser considerados, o modelo de incubadora de empresas teoricamente pode ser considerado como um avanço na dinâmica da relação entre universidade-empresa. No entanto, para que essas relações se efetivem e possibilitem o surgimento de canais, não apenas de transferência de tecnologia, mas de aprendizado mútuo de conhecimento e de tecnologia, é preciso aperfeiçoá-lo. Para Etzkowitz(2002), este desenvolvimento deverá ser fundamentado num processo educativo, e será facilitado, com base nos exemplos brasileiros, pela existência de um ambiente próspero, em rede, que facilite o amadurecimento das novas empresas a serem criadas. 38 2.5.1.2- Grupos de Interesse/ Stakeholders A expressão Stakeholder – sustentador, sustentáculo – é uma extensão, uma generalização do conceito clássico do Shareholder – acionista, o proprietário, o dono do negócio (Costa, 2005). Além dos acionistas existem vários outros tipos de instituições, empresas, associações e grupos de pessoas que também têm interesses que devem ser considerados no planejamento de uma organização. Ainda conforme o pensamento do mesmo autor, um Stakeholder ou parte interessada pode ser definido como qualquer instituição, pessoa, grupo de pessoas, formal ou informal que tenha algum tipo de interesse que pode afetar ou ser afetado pelo funcionamento, operação, comercialização, desempenho, resultados presentes ou futuros da organização em questão. Podem ser citados alguns Stakeholders: cedentes de tecnologia, marcas e patentes; clientes; comunidade na qual a empresa opera; comunidade vizinha; empresas ou entidades reguladoras das atividades do setor; associações de classes; fornecedores; franqueadores ou os franqueados; funcionários da organização, sindicatos ou organizações de trabalhadores; mídia; ministério público; opinião pública em geral; organizações não-governamentais (ONG’s) envolvidas com as atividades da empresa; parceiros; finaciadores poderes públicos: municipal, estadual e federal; representantes ou distribuidores dos produtos ou serviços da organização. Os Stakeholders envolvidos na pesquisa podem ser considerados fontes do desenvolvimento da cultura empreendedora desenvolvida pelas empresas incubadas, evidenciando o desenvolvimento local a partir de suas efetivas atuações. 39 2.5.1.3- Redes de Cooperação De acordo com o novo cenário mundial dos negócios, destaca-se a preocupante situação ocupada pelas micro e pequenas empresas brasileiras, que muitas vezes não contam com capacidade competitiva para sobreviver aos desafios impostos por esta nova era e que para sobreviver às condições impostas pela economia vigente, observa-se o surgimento de novas formas de organização industrial, com destaque às redes de cooperação, que estimulam a cooperação entre empresas do mesmo setor ou de setores complementares. Desta maneira, é clara a importância das MPE’s dentro da economia nacional e de estudos que visem o conhecimento e caracterização destas empresas e que reforcem sua competitividade de forma relevante e de suas relações com outras empresas. Estas relações entre empresas, também chamadas de redes de cooperação, favorecem, sobretudo as MPE’s, possibilitando às mesmas incrementos em seus processos produtivos, comerciais e administrativos. Segundo Las Casas (2001), as redes de cooperação podem se formar de várias maneiras. Cita como exemplos as incubadoras de empresas, os consórcios, as alianças, parcerias, joint-ventures, clusters, entre outros, e cada um destes enfoca interações específicas entre empresas. Nestes arranjos, as empresas participantes cooperam e colaboram para o desenvolvimento de vantagens econômicas e estratégicas, possibilitando às micro e pequenas empresas incrementos em seus processos produtivos, tanto em termos de volume de produção quanto em termos de aumento de possibilidades tecnológicas, através do compartilhamento de meios produtivos e de investimentos na busca por melhores tecnologias, sejam elas de produto, de processo ou de gestão. A cooperação entre empresas pode, ainda, proporcionar inúmeras outras vantagens, como o aumento de flexibilidade e agilidade no atendimento de pedidos com relação a uma grande empresa operando sozinha. Desta maneira, o estímulo à formação de redes de cooperação entre MPE’s tem sido visto como uma maneira de alavancar a competitividade das empresas participantes destes arranjos cooperativos. Segundo Batalha & Silva (2001), o conceito de redes de empresas refere-se a uma “estrutura de ligações entre atores de um sistema social qualquer”. Já para Jarillo (1998) define redes como acordos resolutos de longo-prazo entre organizações distintas, mas ligadas pelo lucro que permitem a essas empresas ganhar ou manter vantagem competitiva sobre seus concorrentes pela otimização dos custos das atividades e minimização dos custos de coordenação. Estas empresas fazem isso porque, em muitas indústrias, a melhor estratégia 40 consiste em “coordenar todo o sistema de negócio”, mas fazer isso através da integração vertical levaria a pesadas penalidades em sua eficiência. Assim, a cooperação entre empresas pode viabilizar o atendimento de necessidades de difícil satisfação caso cada empresa tenha atuação isolada. Amato Neto (1999) elenca as seguintes vantagens da cooperação produtiva: Combinação de competências; Divisão do ônus referentes à realização de pesquisas tecnológicas; Partilhamento de riscos e custos relativos à exploração de novas oportunidades; Oferecimento de uma linha de produtos mais completa e diversificada; Compartilhamento de recursos, sobretudo dos sub-utilizados por uma dada empresa; Fortalecimento do poder de compra; Obtenção de maior força para a competição no mercado internacional; Fortalecimento da força competitiva. Apesar das vantagens auferidas pela inclusão de uma empresa em redes de cooperação, Rodrigues (2006) ressalta alguns pré-requisitos para a sua formação: Informação sobre os reais benefícios de participar de uma rede; Confiança entre os participantes; Colaboração mútua; Estrutura de governança capaz de diminuir a assimetria de poder entre seus participantes. Estas vantagens possuem especial valor para as empresas de menor porte, uma vez que acenam para as mesmas como uma alternativa para sua permanência e estabilidade no mercado. Esta cooperação pode ser tanto em termos produtivos quanto comerciais ou tecnológicos e se apresenta como uma possibilidade para que haja a sinergia desejada entre as empresas participantes. Assim, o estudo da organização de MPE’s em torno de redes de cooperação mostra-se relevante para a alavancagem no processo de sustentabilidade em suas três dimensões, econômica, social e ambiental, assim como no processo de inovação, estimulando e apoiando seu potencial competitivo. 41 Dentro desta perspectiva, as redes de cooperação apontaram como alternativa estratégica de sustentabilidade para o aumento de competitividade das empresas incubadas pela PIEBT e como um importante fator para o desenvolvimento local 2.5.1.4- Desenvolvimento Local Para Oliveira (2002), o desenvolvimento regional ou local, deve ser encarado como um processo complexo de mudanças e transformações de ordem econômica, política e principalmente, humana e social. Logo, para este, o desenvolvimento nada mais é que o crescimento – incrementos positivos no produto e na renda – transformado para satisfazer as mais diversificadas necessidades do ser humano, tais como: saúde, educação, habitação, transporte, alimentação, lazer, dentre outras. De fato, o desenvolvimento regional de um local está ligado a vários fatores, como os citados pelo autor, que determinam como e em que nível este progresso qualitativo irá ocorrer. Tais fatores em determinada região é mais latente que em outras, para tal, se faz necessário utilizá-los de forma coerente, e dessa forma consegue-se alocar os recursos de modo eficiente visando o pleno uso das potencialidades locais de cada região e atuar como fator de inclusão social. Para responder ao objetivo da inclusão social dos agricultores familiares, é preciso considerar as dimensões psicológica, sociológica e cultural. As ações devem incluir medidas capazes de resolver as carências nos setores da saúde e da educação e não unicamente se preocupar com crescimento da renda familiar. A inclusão social envolve também as questões da organização social e de uma governança local participativa e transparente: Tendo em vista as dimensões políticas, sociais e culturais, os resultados dos empreendimentos não devem ser julgados unicamente do ponto de vista econômica. O essencial dos benefícios auferidos pelos associados (a um projeto de desenvolvimento local) se situa freqüentemente em outra dimensão: autoestima, cidadania, educação, saúde, emancipação social, afirmação cultural, participação em novas atividades lúdicas e culturais, etc. Não existem projetos econômicos “puros”, todos incorporam ao menos um programa de formação de lideranças (organização social, gestão, de capacitação dos associados e de ajuda no campo da saúde e da educação. (BECKER E LÉNA ,2002) 42 O desenvolvimento regional ou local depende, também, da conciliação das políticas que impulsionam o crescimento com os objetivos locais e, por conseguinte a melhoria da qualidade de vida que, por sua vez, demanda o fortalecimento da sociedade e das instituições locais, pois são estas que transformarão o impulso interno de crescimento em desenvolvimento. A tecnologia e a inovação, também são fatores de auxilio ao desenvolvimento local, pois a utilização de técnicas racionalmente aplicadas é uma arma poderosa para qualquer região evoluir. Para Barquero (2002), ao abordar a teoria do desenvolvimento endógeno, considera que a acumulação de capital e o desenvolvimento tecnológico são fundamentais no crescimento econômico, e que este crescimento se produz como decorrência dos processos que viabilizam a acumulação de capital (criação e difusão de inovações no sistema produtivo, organização flexível da produção, geração de economias de aglomeração, diversificação nas cidades e o desenvolvimento das instituições). Além disso, afirma que existe um caminho de desenvolvimento sustentável, de caráter endógeno, ao argumentar que a acumulação de capital (gerada pelas variáveis citadas anteriormente), viabiliza economias de escalas (externas e internas), com base na redução de custos totais e de transações, favorecendo as economias diversificadas. E comenta que, as principais variáveis desta forma de desenvolvimento e suas respectivas influenciam nos processos de acumulação e crescimento econômico em territórios específicos. Nesse contexto, inovar, dentro dos conceitos de desenvolvimento endógeno, significa também, implementar tecnologias aplicadas, as quais correspondem a um conjunto de técnicas de produção que utilizam os recursos disponíveis em uma determinada comunidade ou sociedade, maximizando assim, seu bem estar. Dessa forma, torna-se necessário mencionar o conceito de biotecnologia o qual corresponde ao processo tecnológico que permite a utilização de material biológico (plantas e animais) para fins na indústria alimentícia, farmacêutica, dentre outras, que para algumas empresas, como a Amazon Dreams , empresa estudada, justifica-se pelo fato desta ser um modelo de desenvolvimento endógeno, que agrega valor a produtos e processos produtivos como forma de garantir a competitividade. 43 2.5.1.5 A participação ao desenvolvimento de uma comunidade Para Melo Neto e Froes (1999) a responsabilidade social é um exercício da cidadania, e as empresas que transmitem uma imagem ética e moral podem se beneficiar, por exemplo, através da prática da responsabilidade social como estratégias sociais de desenvolvimento da comunidade. A responsabilidade social de uma empresa consiste também na sua decisão de participar mais diretamente das ações comunitárias na região em que está presente e amenizar possíveis danos ambientais decorrentes do tipo de atividade que se exerce. (D’Ambrosio e Mello,2001, apud Melo Neto e Froes,p.78). Nesse contexto, devemos distinguir a ecologia global que contempla as grandes ameaças planetárias e a ecologia do sujeito que nos países em desenvolvimento é o mais evidenciado por mostrar a luta dos indivíduos e comunidades por um modo de vida compatível com o seu meio ambiente natural. Portanto, faz-se necessário uma educação ambiental, pois os indivíduos não se sentem sempre diretamente afetados por ameaças ambientais, o que é bastante perceptível na Região Amazônica, aonde se possui os mais diversos tipos de recursos naturais, porém com índices de desenvolvimento humano ainda muito baixo. (Frey,2001). Nessa linha, o desenvolvimento sustentável passa pelo desenvolvimento local que requer uma integração das ações dos diversos atores que compõem o ambiente de forma a provocar um desenvolvimento endógeno (atores sociais, culturais, políticos, econômicos públicos ou privados) na busca da melhoria da qualidade de vida da comunidade. Assim, a Amazon Dreams busca promover uma fonte de renda para região, através das comunidades beneficiadas pela empresa. Uma opção para o desenvolvimento local é o econegocio e que na Amazônia, deve ser privilegiado: É bastante generalizada hoje na região de que é necessário melhorar o nível de vida das populações com condição de proteger o meio ambiente. Pequenos produtores, seringueiros e índios tentam, assim, crescentemente, vender e certificar seus produtos. Entretanto, grandes investidores vislumbram a possibilidade de auferir grandes lucros com atividades de valorização não predatória do capital natural, tais como a madeira certificada obtido pelo manejo florestal, plantações de açaí, ecoturismo. ( BERTHA BECKER ,2005). Assim, as especificações dos produtos locais, com um processo de beneficiamento que pode necessitar de inovações tecnológicas, oferecem diversas oportunidades de geração de valor sobre os mercados internacionais. Para assegurar um espaço no cenário global, as cadeias de negócios devem ser concebidas com a busca de competitividade e com objetivo de 44 praticar uma politica de responsabilidade social em favor das famílias fornecedoras dos insumos naturais. Portanto, este modo de promover o crescimento econômico e a inclusão social com conservação ambiental, pode criar uma dinâmica de desenvolvimento endógeno. Já as praticas de comércio justo, são grandes oportunidades de conceber cadeias de negócios que permitem a melhoria das condições de vida de comunidades de agricultores e podem, ao mesmo tempo, satisfazer uma população, no Brasil e nos países estrangeiros, que querem se comportar de uma maneira ética e responsável nas compras. Nesse contexto, encontra-se a Amazon Dreams, que busca em sua estratégia de negócio, práticas socioambientais, integrando as demandas das comunidades locais onde atua, e a valorização dos produtos naturais, através de uma extração sustentável. 2.6-CONTEXTO ORGANIZACIONAL A incorporação das dimensões da sustentabilidade socioambiental na ação empreendedora das empresas incubadas pelo PIEBT da Universidade Federal do Pará e a evolução desta discussão no contexto organizacional, torna-se necessária devido ao modelo estratégico seguido pelas empresas incubadas e são transpostos na visão e na missão da empresa e pela cultura organizacional implantada, que gradativamente, são incorporadas neste diálogo através de novas abordagens que privilegiam não só a dimensão econômica e os interesses financeiros dos empreendedores, mas passam a abarcar o interesse de outros grupos da sociedade, que têm ocupado um lugar especial nas discussões que envolvem este tema. 2.6.1- Empreendedorismo O conceito de empreendedorismo tem sido muito difundido no Brasil, nos últimos anos, intensificando-se no final da última década do século XX. Existem vários fatores que talvez expliquem esse repentino interesse pelo assunto, já que, principalmente nos Estados Unidos, país onde o capitalismo tem sua principal caracterização, o termo entrepreneurship é conhecido e referenciado há muitos anos, mas a palavra que dá origem ao termo empreendedorismo tem origem francesa: entrepreneur e, literalmente traduzida, significa “aquele que entre” ou “intermediário”. No caso brasileiro, a preocupação com a criação de pequenas empresas duradouras e a necessidade da diminuição das altas taxas de mortalidade desses empreendimentos são, sem dúvida, motivos para a popularidade do termo empreendedorismo. 45 Schumpeter (1961), em uma visão voltada à economia, diz que o empreendedor é visto como um motor do sistema econômico, percebendo a essência do empreendedorismo no aproveitamento de novas oportunidades de negócios, associando esse conceito à inovação. Tal visão leva a uma tendência dirigida para o crescimento econômico e o sistema de valores que lhe é peculiar, criando um ambiente voltado para o consumo de produtos, o lucro, a competitividade, a organização, que nem sempre visam o homem. Segundo Souza (2005), o empreendedorismo, portanto, é um conceito dinâmico, e o empreendedor destaca-se ou mesmo surge quando novas situações aparecem, novas decisões são tomadas, novos rumos são escolhidos. De fato, o empreendedor está envolvido nesse ambiente de mudanças, encontrando nova forma de agir, desenvolver e identificar novos conhecimentos e oportunidades. O empreendedorismo pode ser para as MPE’s uma nova estratégia, criando novos negócios, instigando a renovação ou inovação dentro de uma organização. O grande desafio desse empreendedor é transformar idéias e sonhos em novas realizações, inserindo o processo empreendedor como uma ferramenta de transformação. O empreendedor, alavanca para o desenvolvimento da economia global, freqüentemente, começa o empreendimento a partir de uma simples idéia, às vezes mal definida, e quer transformar algo imaterial, fruto de sua imaginação, em fatores concretos de sobrevivência. Isso requer um significativo nível de energia despendida, imaginação e perseverança. Essas características, se combinadas e somadas à disposição de correr riscos calculados, podem contribuir para o empreendedor estar sempre inovando e realizando (Figura 1). O vetor resultante dessa transformação é ratificado por Filion (1999), ao afirmar ser a próxima era a do empreendedorismo, porque a velocidade da mudança tecnológica está diretamente relacionada com as habilidades dos indivíduos de gerenciar de forma empreendedora, isto é, de modo criativo e ágil. 46 Figura 1 – Processo do empreendedor Fonte: Carayannis, Evans, Hanson, 2003, adaptado por Lahorgue (2004) Os estágios iniciais (fundar e despertar) demandam suporte técnico para o fortalecimento do negócio, o que acontece, normalmente, nos programas voltados ao empreendedorismo e à pré-incubação. Muitos são os conceitos para o termo empreendedorismo, no entanto, todos acabam por caracterizá-lo como um movimento de criação de negócios de sucesso. Conforme Filion (1991 apud DOLABELA, 1999), um dos mais significativos autores citados no país sobre o tema, “o empreendedorismo é um fenômeno cultural”, ou seja, empreendedores nascem por influência do meio em que vivem. Quanto mais alto for o nível cultural, maior é a chance para o sucesso. Observa-se, também, que o empreendedorismo possui relação direta com a falta de oferta de emprego ou, ainda, com o posto de trabalho assumido. Schlindwein (2004) diz que o momento atual pode ser considerado como a Era do Empreendedorismo, uma vez que os empreendedores estão eliminando barreiras comerciais e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando outras relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade. 47 Diante da acirrada concorrência no mercado comercial e de trabalho, o empreendedorismo surge como um instrumento de que dispõem indivíduos e empresas, para superar tempos difíceis e obter vantagens competitivas, por meio de inovações e diferenciais. Shapero (apud HISRICH, 2004) define empreendedorismo como um comportamento que inclui: tomar iniciativa; organizar e reorganizar mecanismos sociais e econômicos a fim de transformar recurso e situações para proveito prático; e aceitar o risco ou o fracasso. Segundo Hisrich: Empreendedorismo é o processo de criar algo novo com valor dedicando tempo e os esforços necessários, assumido os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as conseqüentes recompensas da satisfação e independência econômica e pessoal. (HISRICH, 2004). Esse movimento consiste, então, em um processo no qual a inovação é um dos principais elementos. O empreendedor é um indivíduo capaz de identificar oportunidades, criar e programar negócios. Como se pode observar na Figura 2, o empreendedor se insere num ciclo onde cada elemento componente representa uma etapa do processo do empreender. As etapas são repetidas em processo criativo, gerando desejo e motivação do próprio empreendedor. As características que estão relacionadas diretamente ao processo de criação e desenvolvimento das empresas são habilidades, necessidades, conhecimento e, principalmente, determinados valores que identificam o empreendedor. Estudos recentes informam que apesar de haver uma variedade de fatores que determinam o sucesso de uma empresa, os principais estão associados à figura do empreendedor, pois o fracasso da empresa se caracteriza como um processo de aprendizagem e frustrações do empreendedor. 48 Figura 2 – Ciclo produtivo do empreendedor antecipar inovar decidir EMPREEN DEDOR criar agir empreender Fonte: Leite apud URIARTE, 2000 Nesse sentido, segundo Gerber (1996 apud URIARTE, 2000, p. 22), o empreendedor é um grande estrategista, criador de métodos para penetrar e/ou criar novos mercados, lida com o desconhecido, imagina o futuro, transforma crises em oportunidades. Os empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular; apaixonadas pelo que fazem não se contentam em ser mais um na multidão, querem ser reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado. Uma vez que os empreendedores estão revolucionando o mundo, seu comportamento e o próprio processo empreendedor devem ser estudados e entendidos (DORNELAS APUD SCHLINDWEIN, 2004). 2.6.2. Empreededorismo Corporativo Assim como é importante definir o empreendedorismo, torna-se necessário verificar o empreendedorismo corporativo, que de acordo com Dornelas (2003) é o processo pelo qual um indivíduo ou um grupo de indivíduos, associados a uma organização existente, criam uma nova organização ou instigam a renovação ou inovação dentro da organização existente. A prática do empreendedorismo corporativo ocorre em organizações que estimulam e incentivam as iniciativas empreendedoras de seus funcionários. Para tanto, requer uma radical 49 mudança comportamental que permita o surgimento de novos modelos de negócio e agilidade para a implantação dos projetos. Espera-se assim, que funcionários e departamentos se tornem parceiros da empresa, gozando de autonomia e independência para iniciar e conduzir projetos de alto valor agregado, capacitando seus colaboradores a também se tornarem gestores nas empresas, com noções de marketing, finanças, operações, dando-lhes condições para estruturar uma idéia e negociá-la, noções de gestão de projetos e liderança, habilidades para tecer relações e obter apoio, tanto político como financeiro. 2.6.3-A Inovação e o Processo Empreendedor Dornelas (2003) considera que a inovação é a semente do processo empreendedor, sendo influenciada por fatores pessoais e o ambiente. O início do processo empreendedor é determinado ou influenciado pelo ambiente onde as oportunidades são percebidas, a criatividade é valorizada e outras pessoas representam como referências modelos de sucesso. Além destes elementos os fatores pessoais também influenciam, a medida em que as habilidades empreendedoras viabilizam a inovação. A disposição em assumir riscos e inovar, faz com que essas pessoas despertem o espírito empreendedor buscando materializar a criatividade, desenvolvendo novos planos de negócios, otimizando recursos já existentes e idealizando novos resultados. Todavia, a iniciativa de implementar novas idéias buscando o alcance de metas e resultados positivos obterá sucesso se os resultados forem efetivamente alcançados. O processo empreendedor se inicia com a inovação e deve ser viabilizado por meio da integração de todos os recursos disponíveis na organização, assim como gerar resultados que possam contribuir para o desenvolvimento das organizações. Certamente, não só a inovação, mas as estratégias são necessárias quando idéias e oportunidades aparecem, favorecendo o processo de transformação de idéias em produtos melhores aos clientes. Mintzberg (2009) considera que o empreendedorismo é uma “escola de pensamento”, caracterizada pela formulação de estratégias como um processo visionário. O empreendedor tem pensamentos, atitudes e comportamentos pró-ativos quanto à sua responsabilidade em relação à visão de futuro de sua organização. Assim o empreendedorismo deve ser visto e implementado de forma integrada em toda a organização e não apenas como uma ação isolada que acontece esporadicamente, ou seja, não se trata apenas de ações de uma pessoa ou grupo de pessoas. Conforme Dornelas 50 (2003) o espírito empreendedor presente na cultura da organização deve influenciá-la em sua ordenação, pois a orientação empreendedora pode ter um impacto direto e positivo em seu desempenho. Contudo, isso ocorrerá se a orientação empreendedora puder estar presente e influenciar na visão e na missão da empresa e conseqüentemente em suas estratégias, objetivos e estruturas, modificando a dinâmica dos processos internos e influenciando de forma pró-ativa a cultura organizacional. 2.6.4. Cultura Organizacional De acordo com Robbins (2002) a definição de cultura organizacional está profundamente relacionada com os valores compartilhados pelos componentes de uma determinada organização. Estes valores diferem de organização para organização e formam o núcleo de identidade de uma organização. Um aspecto que é válido ressaltar consiste na importância do fundador na formação da cultura organizacional. Neste sentido Robbins (2002) afirma que o fundador de uma empresa é habitualmente o responsável pela criação da cultura inicial devido sua concepção sobre o que a organização deve ser e, nesse contexto, o tamanho comumente pequeno, característico de novas empresas, facilita esta concepção imposta pelo fundador sobre os demais membros. Deste modo, a figura do fundador nas organizações familiares representa o proprietário e o principal dirigente da empresa que, segundo Macedo (2001), tende a apresentar traços peculiares em sua gestão, tais como: • Supervalorização de relações afetivas em detrimento de vínculos organizacionais; • Valorização da antigüidade, considerada como um atributo que supera a exigência de eficácia ou competência; • Exigência de dedicação, postura de austeridade e expectativa de alta fidelidade em relação à organização; • Supervalorização de aspectos emocionais quando decisões têm de ser tomadas; • O autoritarismo e o paternalismo nas relações das chefias com seus subordinados; • Preferência pela comunicação verbal e pelos contatos pessoais; • Posturas centralizadoras, autoritárias e, muitas vezes, paternalistas nos dirigentes em relação a seus subordinados; 51 • O processo decisório tende a ser centralizado, residindo no chefe à última instância para a tomada de decisões e tende para um padrão mais espontâneo, improvisado e por impulso; • A provisão de cargos, as promoções e premiações geralmente observam critérios de confiança, lealdade e antigüidade dos trabalhadores, em detrimento de sua produtividade ou da qualidade do serviço prestado. Assim, a cultura organizacional, que ajuda a moldar o comportamento das pessoas nas empresas, sofre grande influência de seus fundadores, e de certa forma influência diretamente as ações das empresas, ainda mais quando trata-se de MPE’s. Entende-se assim, que a incorporação das dimensões da visão de sustentabilidade na ação empreendedora das empresas incubadas e a evolução desta discussão no contexto organizacional, dá-se também, pelas inovações em seus produtos e processos que são utilizadas como estratégias voltadas a sustentabilidade socioambiental e que de certa forma foram transpostos na visão e na missão da empresa e pela cultura organizacional implantada e que privilegiam não só os interesses financeiros dos empreendedores, mas passam a atender também o interesse de outros grupos da sociedade. 2.6.5. Empreendedorismo Internacional Para corroborar com o estudo, utilizou-se os estudos sobre internacionalização das MPE’s feito por Baêta et AL, onde, segundo os autores, o empreendedorismo tem sido um tema bastante recorrente, quando associado a uma análise de incubadora de empresas. E baseados nos estudos de McDougall e Alli (2003) e Johnson (2004) sobre o empreendedorismo internacional e também em pesquisa documental sobre o desempenho das incubadoras brasileiras de base tecnológica, identificam as condições do processo de incubação, nas incubadoras brasileiras de empresas de base tecnológica, para a implementação do empreendedorismo internacional. Para os autores, os estudos sobre internacionalização das pequenas e médias empresas enfatizam que a opção de internacionalizar dá-se normalmente em uma etapa posterior ao processo de criação, ou seja, a empresa não nasce com a ambição de exportar. No entanto, para Oviatt e McDougall (apud Baêta et al) defendem um ponto de vista diferente. Para estes autores, algumas empresas já nascem com a ambição de ser global, pois a empresa já nasce 52 objetivando atender ao mercado externo e com relação ao país no qual se localiza. A oportunidade de negócio visualizada transborda as fronteiras do país, sede da empresa. Muitas vezes, para viabilizar esse negócio a empresa tem que necessariamente, desde muito cedo, estabelecer contatos com clientes, fornecedores e parceiros no exterior, ou seja, empresas criadas com o objetivo de serem internacionais. Para os autores, é justamente a motivação do empreendedor que determina o crescimento da empresa para transpor fronteiras. Normalmente, os primeiros passos são iniciados na universidade ou em incubadoras de empresas. Os contatos com clientes, fornecedores e parceiros no exterior são iniciados através de protótipos do produto em ambiente de incubadoras. Esse tipo de empresa apresenta alguns fatores de sucesso. Quadro 3 – Fatores de sucesso do empreendedorismo internacional FATORES DE SUCESSO DO EMPREENDEDORISMO INTERNACIONAL VISÃO CAPACITAÇÃO DA GESTÃO DECISÕES ESTRATÉGICAS NETWORK GESTÃO DOS RECURSOS OFERTA INTEGRADA GOVERNANÇA Uma visão global desde o inicio do projeto Uma equipe de direção com experiência no mercado internacional A escolha de mercados ou tecnologias proeminentes Uma rede de relação de negócios internacionais O controle sobre algum recurso intangível único Estreita ligação entre produtos e serviços Uma coordenação global Fonte: adaptado de Oviatt; McDougall (1995) Buscou-se evidenciar na pesquisa, os fatores de sucesso que permeiam as estratégias de sustentabilidade socioambiental a partir das inovações tecnológicas produzidas e comercializadas pelas empresas incubadas pelo PIEBT da Universidade Federal do Pará, buscando identificar entre esses fatores o perfil dos empreendedores direcionado ao mercado internacional. No entanto confirmou-se no estudo de caso da empresa Amazon dreams. Portanto, o empreendedorismo tem uma dimensão ampla, seja ele individualizado, corporativo ou internacionalizado, em termos de conceito. Para melhor explicar a dimensão faz-se necessário sua correlação com o processo de internacionalização das empresas. 53 2.6.5.1- O Processo de Internacionalização das Empresas Para Dalmoro (2008), uma forma de adquirir vantagens competitivas é partir da internacionalização da empresa, uma vez que esta pode se instalar em ambientes que possuam menores custos de mão-de-obra e acesso mais fácil e barato a todo tipo de matérias-primas, diminuindo com isto o custo de produção e, consequentemente, o preço de venda de um produto, entre outros pontos. A internacionalização também permite que as empresas procurem não só vantagens, mas também, ambientes mais competitivos, já que a disputa de mercado com outras empresas fará com que se estimule a inovação e o aumento na qualidade dos produtos. Na tentativa de explicar o processo de internacionalização, surgem algumas teorias, entre as quais se considera pioneira a Teoria de Uppsala. Segundo Hilal & Hemais (2003), na década de 70, pesquisadores da Universidade de Uppsala (Hörnell, Vahlnee Wiedersheim-Paul, 1973; Johanson e Wiedersheim-Paul, 1974; Johanson eVahlne, 1977, 1990) focalizaram seu interesse no processo de internacionalização de firmas suecas manufatureiras e desenvolveram um modelo de como essas firmas escolhiam mercados e formas de entrada quando decidiam se internacionalizar. A pesquisa foi amplamente influenciada pelos trabalhos sobre a teoria da firma de Cyert e March (1963), de Aharoni (1966) e de Penrose (1995). Ainda segundo os autores, em meados da década de 70, começou a ser publicada uma série de trabalhos da Universidade de Uppsala, relatando a forma como as empresas suecas internacionalizavam seus negócios. Esses trabalhos, ao examinarem o processo sueco de internacionalização, levantaram pontos importantes, que serviram para caracterizar o fenômeno. Quando o mercado doméstico está saturado e, conseqüentemente, o número de oportunidades lucrativas diminui até o ponto de impedir a ampliação da firma, deve-se buscar novos locais para se expandir. O impacto mais importante causado pela nova linha de pensamento, foi fazer com que os estudos de Negócios Internacionais deixassem de ser examinados puramente como fenômeno econômico para serem também analisados sob a perspectiva da Teoria do Comportamento Organizacional. A partir da visão daqueles pesquisadores, a firma internacional é definida como uma organização caracterizada por processos cumulativos de aprendizagem e que apresenta uma complexa estrutura de recursos, competências e influências. 54 A Escola de Uppsala, que, mais tarde, se expandiu e atualmente é conhecida como Escola Nórdica de Negócios Internacionais, segue a um processo de internacionalização, que se dá gradualmente. Para Johanson;Wiedersheim-Paul, (apud Hilal & Hemais et al) o processo de internacionalização, seguindo a teoria de Uppsala, respeita os seguintes estágios: a) atividades de exportação não regulares; b) exportação por meio de agentes; c) estabelecimento de filiais de venda; d) estabelecimento de filiais de produção. Dessa forma, a partir do momento em que a empresa adquire maior conhecimento sobre as atividades e sobre o mercado no qual está atuando, ela aumenta o seu comprometimento com aquele mercado, passando para o estágio seguinte, seja ele, exportação por agente ou estabelecimento de subsidiárias (Johanson; Vahlne, 1999, apud Hilal & Hemais et al). Mas, quando uma empresa já tem conhecimento sobre o mercado em questão, ou sobre um mercado similar, ela não precisa realizar novamente todas as etapas (Rocha; Almeida, 2006, apud Hilal & Hemais et al). De acordo com a Escola de Uppsala, as firmas se expandem para o exterior por meio de uma série de investimentos graduais e incrementais, à medida que ganham experiência no novo mercado que escolheram para atuar. De acordo com O’Grady e Lane (1996), uma desvantagem da Escola de Uppsala é que ela não considera como a percepção de distância psíquica, ou seja, as empresas para começar irão privilegiar os países mais próximos a nível geográfico e cultural, e isso pode afetar o processo de seleção de mercados, em nível de decisor individual. Para esses autores, o estudo da percepção das similaridades e/ou das diferenças é fundamental para o entendimento dos fatores que influenciam o processo decisório dos executivos. Conforme Johanson e Wiedersheim-Paul, Hilal & Hemais et al (1975), a distância psíquica estabelece a relação entre as empresas e o mundo; em uma distância subjetiva que depende da forma de como cada gestor vê o mundo, da sua percepção da realidade. Nessa linha de raciocínio, a percepção do indivíduo pode ser afetada por diversos fatores, tais como bagagem de experiência, antecedentes familiares, idiomas que fala, tempo de permanência no exterior, entre outros; esses fatores vão influenciar o construto de distância psíquica no momento da tomada de decisão. Assim, o processo de internacionalização do fornecedor é acelerado, ele pode, por exemplo, pular diretamente de atividades de exportação não regulares para a construção de 55 filiais de produção no exterior. Isto constitui uma crítica a teoria de Uppsala, pois se mostra que o processo de internacionalização de uma empresa não precisa necessariamente passar por todas aquelas etapas apresentadas na seção anterior. Na teoria de Uppsala, acontece por meio de aumentos graduais de comprometimento com os mercados externos. Por outro lado, na teoria de Networks este processo pode ser acelerado, pois a partir do momento em que um dos membros da rede possua experiência em atividades internacionais, “carrega” as demais empresas nestas atividades. Na teoria de network, uma firma é dependente dos recursos controlados por outras firmas, pois possuem acesso aos recursos controlados pelas outras através das posições que ocupam na rede. Assim, ao mesmo tempo em que uma empresa utiliza recursos de outra, ela também disponibiliza recursos a estas empresas. Nestas condições, para estabelecer-se em uma rede internacional, é necessário que uma empresa desenvolva e estabeleça posições para oferecer em contrapartida para as empresas internacionais, para que possa também, aproveitar os recursos destas empresas (Stern; Doyle; Hollensen 2007, apud Ropelato). Para entrar em redes estrangeiras, as demais empresas têm que estar interessados na relação com a nova empresa, e isto exige da candidata a entrante, recursos e adaptações na forma de fazer negócios. As tentativas de iniciar interações com empresas de outro país é uma forma de entrar em redes internacionais. Porém, estas redes, normalmente, preferem ter este tipo de iniciativas com as empresas do seu próprio país, fazendo com que seja difícil para uma empresa de outro país entrar, desta forma, nestas networks (Stern; Doyle 2007; Hollensen, apud Ropelato). Mas, as redes em um país podem servir de pontes para redes em outros países, já que clientes podem exigir que seus fornecedores os sigam em seus negócios, em outros países. Aqui se chega a um dos pontos principais da teoria de networks: o cliente, para ter o seu fornecedor em outro país, oferecerá a este todo o conhecimento necessário para ingressar nesta atividade, e ainda, garantirá a compra dos produtos (Rocha 2004; Almeida, apud Ropelato 2009). Assim, o processo de internacionalização do fornecedor é acelerado, ele pode, por exemplo, pular diretamente de atividades de exportação não regulares para a construção de filiais de produção no exterior. Isto constitui uma crítica a teoria de Uppsala, pois se mostra que o processo de internacionalização de uma empresa não precisa necessariamente passar por etapas de forma gradual. Apesar da teoria de Uppsala e da teoria de Networks cogitarem a possibilidade de um acelerado processo de internacionalização, nenhuma das teorias apresentadas até o momento tratou especificamente desta questão. 56 Além destas, existe ainda o modelo de internacionalização born global, onde se inserem as empresas que desde a sua criação, ou pouco depois dela, iniciaram as atividades de exportação de mercadorias. Nesse contexto, faz-se necessário abordar o conceito de born global, que engloba empresas que possuem um processo de internacionalização acelerado, realizando atividades internacionais desde a sua criação, ou após poucos meses depois disto, questionando-se assim a seqüência de modos de entrada defendidos no modelo original da Escola de Uppsala. Outro conceito para Born global considera que estas empresas começam a exportar um ou mais produtos em até dois anos de sua fundação e possuem propensão a exportar, no mínimo, 25% de suas vendas, sendo que, normalmente são pequenas empresas, com total de vendas anual não excedendo 100 milhões de dólares (ANDERSSON, 2004, apud Ropelato & Fronza, et al). Enquanto a teoria de Uppsala pregava um envolvimento incremental com os mercados externos, existem evidências que mostram o surgimento de empresas que já na sua criação estão voltadas aos mercados internacionais, não passando por um processo gradual de envolvimento (DIB; ROCHA, 2008, apud Ropelato & Fronza, et al). Este fenômeno também recebe outros nomes: Novos Empreendimentos Internacionais, Global Start-Ups, Exportadores Inatos, Firmas com Internacionalização Precoce. Neste trabalho optou-se pela utilização do termo born global. Estudos vêm confirmando o que é exposto na teoria, ao mostrarem que existem diferenças significativas entre a internacionalização acelerada e a gradual. Cada vez mais existe a tendência de que a diferença entre o tempo de fundação e o início das atividades de exportação diminua. A internacionalização acelerada está presente em qualquer setor, estando relacionada à: gestores proativos; estratégia fundamentada na diferenciação de mercado; rede de relacionamentos com clientes e concorrentes (PLÁ-BARBER; ESCRIBÁ-ESTEVE, 2006, apud Ropelato & Fronza, et al). A internacionalização acelerada pode ser observada em pequenas organizações e também, em empresas recém fundadas, desta forma, o tamanho da empresa e sua idade não determinam características destas organizações empreendedoras. Esta forma de internacionalização é facilitado pelo uso de tecnologias de comunicação e de transporte mundial, além da redução nas políticas governamentais protecionistas que acarretam em um menor número de nichos de mercado protegidos. Para muitas empresas, um processo de 57 internacionalização acelerado não só é importante, como também é necessário, para que observe suas operações dominando internacionalmente (McDOUGALL; OVIATT, 2003). Para Ropelato & Fronza, et al, a maior parte das born globals são formadas por empreendedores e surgem de um avanço em algum processo tecnológico, sendo que podem tomar a liderança tecnológica para desenvolver um produto único ou encontrar uma nova forma de realizar negócios. Tipicamente os produtos de empresas born globals envolve algum tipo de valor agregado, muitos desses destinados ao uso industrial (Anderson, 2004, apud Ropelato & Fronza, et al). Uma das definições de empreendedorismo internacional mostra que este é uma combinação entre inovação, pro atividade e correr riscos. Estes riscos ultrapassam as fronteiras dos países e destinam-se a gerar valor nas organizações (McDOUGALL; OVIATT, 2003). Portanto, considerando que no processo de internacionalização dessas empresas requer um modo de entrada através de uma estratégia internacional para de fato gerar valor agregado ao produto, processo ou a própria organização faz-se necessário abordar a estratégia internacional e suas várias formas de entrada no mercado internacional. 2.6.5.2- A Estratégia Internacional e o Modo de Entrada Internacional Uma estratégia internacional refere-se à venda de produtos em mercados fora do mercado doméstico de uma firma. Ela divide-se em dois tipos básicos: estratégia de nível de unidade de negócios e/ou de nível corporativo (HITT et al, 2002). No nível de unidade de negócios, as firmas seguem estratégias genéricas: liderança de custo, diferenciação, liderança focalizada no custo, diferenciação focalizada, ou liderança de custo/diferenciação integrada. No nível corporativo, as firmas podem formular três tipos de estratégia: multidoméstica, global ou transnacional (uma combinação de multidoméstica e global): Estratégia multidoméstica, busca maximizar o desempenho mundial ao maximizar vantagens, receitas ou lucros locais; Estratégia global, busca maximizar o desempenho mundial por meio de compartilhamento e integração, e pode significar participação em um numero limitado de mercados importantes. Assim como reduzir o numero de produtos a desenvolver , com a concentração sobre alguns produtos globais em vez de desenvolver muitos produtos nacionais. 58 Entretanto, para criar vantagem competitiva, cada uma destas estratégias deve realizar uma competência essencial baseada em recursos e capacidades difíceis de imitar. Uma das razões principais para implementar uma estratégia internacional é que os mercados internacionais produzem novas oportunidades potenciais. Assim que uma firma decide competir internacionalmente, ela precisa selecionar sua estratégia e escolher um modo de entrada em mercados internacionais (HITT et al, 2002). Ela pode ingressar em mercados internacionais exportando a partir de operações domésticas, licenciando alguns de seus produtos ou serviços, formando joint ventures com parceiros internacionais, adquirindo uma firma baseada no exterior, ou estabelecendo uma nova subsidiária. Essa diversificação internacional pode ampliar ciclos de vida de produtos, incentivar a inovação e produzir retornos acima da média. Estes benefícios são temperados por riscos políticos e econômicos e pelos problemas decorrentes de gerenciar uma firma internacional complexa com operações em múltiplos. O quadro 4, abaixo, resume as principais características do modo de entrada das organizações no mercado internacional. Quadro 4: Entrada no Mercado Global: Escolha do Modo de Entrada Tipo de Entrada Características Exportação Custo elevado, pouco controle Licenciamento Baixo custo, pouco risco, pouco controle,baixos retornos Alianças Estratégicas Custos compartilhados, recursos compartilhados, riscos compartilhados, problemas de integração ( por exemplo duas culturas corporativas) Aquisições Rápidos acessos a novos mercados, custos elevados, negociações complexas, problemas para fundir-se com operações domésticas Estabelecimento de uma nova subsidiária Complexo, muitas vezes custosa, consumidora de tempo, risco elevado, máximo controle, retornos potenciais acima da média Fonte: HITT, Michael A., IRELAND, R. Duane, HOSKISSON, Robert E. Administração Estratégica Logo, se a utilização de uma estratégia internacional está ligada a selecionar sua estratégia e escolher um modo de entrada em mercados mostrando que de fato este é uma combinação entre inovação, pro-atividade e correr riscos, o que nos leva a um contexto de empreendedorismo a partir da inovação. 59 Nesse contexto, foram incorporadas neste diálogo, através de uma construção teórica, as abordagens que privilegiam não só a dimensão econômica e os interesses financeiros dos empreendedores, mas a estratégia de inovação sustentável, que passa a abarcar vários contextos, como o contexto ambiental, contexto organizacional, valorização dos produtos e a contribuição ao desenvolvimento local. Conforme o quadro conceitual a seguir: Figura 3- Sustentabilidade como estratégia de inovação socioambiental contexto ambiental Incubadora Governo/Empresa/Universida de Rede de Cooperação Grupos de Interesse (H3) Contexto Organizacional Empreendedorismo Visão /Missão Cultura Organizacional (H1) A Estratégia de Inovação Sócio ambiental A valorização dos produtos Internacionalização (H2) A contribuição ao desenvolvimento local ( agricultura familiar) H4 Fonte: elaborado pela autora a partir de orientação, 2010 A partir da construção teórica, buscou-se investigar o tema através das seguintes hipóteses: H1-A Visão e a cultura organizacional dos empreendedores influenciam na adoção de uma estratégia de responsabilidade socioambiental da empresa; 60 H2-A relação entre o local e o global, através do processo de internacionalização da empresa pode favorecer o desenvolvimento local através da valorização em nível internacional dos produtos locais; H3-A importância da Incubadora sobre as empresas incubadas está fundamentada em uma rede de cooperação; H4-A estratégia de sustentabilidade da empresa se apoia na preocupação da participação no desenvolvimento local. 61 3. METODOLOGIA DA PESQUISA A pesquisa classificou-se em qualitativa, quanto a sua natureza, exploratória, no que se refere aos objetivos, um estudo de caso de uma das empresas pesquisadas e incubada pela PIEBT, que segundo Gil (2007) , um estudo de caso é um estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. O autor diz que essa modalidade de pesquisa é amplamente utilizada nas ciências sociais, e são apresentados em aberto, ou seja, na condição de hipóteses, não de conclusões. Portanto o método será de buscar a triangulação, baseando-se em o desenvolvimento de linhas convergentes, na investigação entre documentação, questionário e observação direta. A analise foi dedutiva, que para Gil (2007) o pesquisador estabelece relações com uma proposição particular (premissa menor) para, a partir de raciocínio lógico, chegar à verdade daquilo que propõe (conclusão), partindo assim de pesquisas bibliográfica, documental e entrevistas de executivos com um questionário semi-estruturado. Este tipo de pesquisa visa compreender a lógica interna de grupos, instituições e atores. A abordagem metodológica adotada e os aspectos que norteiam as intenções da pesquisa que serviram como direcionamento do estudo, serão apresentados, neste capitulo que traz: os procedimentos metodológicos utilizados para a coleta de dados, a descrição do Programa de Incubação da Universidade Federal do Pará-PIEBT. Para isto tomou-se como referência o funcionamento da incubadora da Universidade Federal do Pará, com vistas a validar a hipótese de que uma incubadora tem papel significativo nas estratégias de sustentabilidade socioambientais desenvolvidas pelas incubadas, a partir das inovações tecnológicas. A pesquisa se baseou em análise exploratória documental, pesquisa de campo, realizada através de entrevistas semi-estruturadas ao gerente de uma das empresas incubadas e a coordenadora do PIEBT, da incubadora da UFPA, e da aplicação de questionários abertos aos responsáveis pelas empresas incubadas, e com uma das comunidades beneficiada pela empresa Amazon Dreams, atores escolhidos para responder aos questionários para a obtenção de dados qualitativos, importantes para formulação da análise. Dessa forma, o aprofundamento qualitativo em uma realidade específica, por meio da observação direta do pesquisador e de entrevistas com líderes, responsáveis, etc, com vistas a 62 captar explicações sobre a dinâmica da realidade em foco, é parte fundamental do processo de pesquisa. Segundo Mattar (2001). De um modo geral, a pesquisa teórica levantou a literatura disponível sobre o tema e como são conduzidas as incubadoras e as empresas em processo de incubação. Neste sentido, o estudo exploratório ou pesquisa exploratória, conforme Malhotra (2001) é significativo em qualquer situação em que o pesquisador não disponha do entendimento necessário para prosseguir com o projeto. Este tipo de pesquisa caracteriza-se por sua flexibilidade e versatilidade. Ela envolve um certo tamanho de amostra e, raramente, grandes amostras e planos de amostragem por probabilidade. Para esses casos, os pesquisadores estão sempre alertas para novas idéias e dados. “Muitas vezes as pesquisas constituem a primeira etapa de uma investigação mais ampla” (GIL,2007 ). Então, só a partir do conhecimento e aproximação prévio sobre o tema, facilitado por ser servidora da Universidade Federal do Pará, onde localiza-se a incubadora de base tecnológica, foi possível estabelecer uma linha de pesquisa. No primeiro momento, caracterizou-se como pesquisa exploratória. Entende-se por pesquisa exploratória as que “são desenvolvidas como o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximado, acerca de um determinado fato” (GIL,2007). Por sua vez, a pesquisa exploratória envolve o pesquisador, de modo que, continuamente, surgem novas proposições acerca do objeto investigado, permitindo desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, pois o planejamento não é linearmente rígido, ou seja, as etapas do estudo podem ser intercaladas e modificadas ao longo do curso da pesquisa. Em outro momento, foi necessário direcionar a pesquisa para um estudo de caso, de uma das três empresas incubadas pelo PIEBT, envolvidas no estudo. As duas outras foram pesquisadas por ofereceram dados para comparação e uma melhor compreensão do fenômeno estudado. 3.1 PESQUISA DE CAMPO A pesquisa de campo foi realizada por dois caminhos. O primeiro, por intermédio de entrevistas aplicadas a coordenadora da incubadora e aos gerentes das empresas incubadas. E, por último, um questionário com questões fechadas e abertas, que foi enviado via web para as 63 empresas incubadas, para o presidente de uma cooperativa e conversas informais com pessoas que integram a comunidade beneficiada, pela empresa incubada estudada. Todas as questões formuladas nos procedimentos de coleta de dados adotados levantaram informações primárias. Os caminhos delineados na coleta de dados foram elaborados visando atender os objetivos do estudo, sobretudo responder ao questionamento do problema. 3.1.1 Entrevistas e Aplicação de Questionários Admitindo a racionalidade do recurso disponível pelo pesquisador para identificar o método a ser adotado na pesquisa que se adequasse à realidade, os trabalhos de coleta foram conduzidos através de reuniões com os atores e de questionários enviados via web. Neste espírito, segundo Gil (2007), a forma de obter informações ou coletar dados de um determinado objeto em estudo deve usar as técnicas de interrogação racionais, tais como a entrevista, o questionário e o formulário. Entrevista [...] pode ser entendida como técnica que envolve duas pessoas numa situação ‘frente a frente’ e em que uma delas formula questões e a outra responde. Por questionário entende-se um conjunto de questões que são respondidas por escrito pelo pesquisado. Foram selecionados gestores e empreendedores e coordenadora do programa, considerados responsáveis pelo desenvolvimento tecnológico da sua empresa e ainda líderes de uma das comunidades beneficiadas pela empresa, fruto do estudo de caso, que estivessem dispostos a fornecer as informações sobre o assunto. Uma das características dos empreendimentos oriundos do PIEBT é que a maioria é formada por mais de uma pessoa (com no mínimo 2 sócios), por isso, procuramos entrevistar pelo menos um dos sócios responsáveis de cada empresa. A entrevista com a coordenadora do programa foi conduzida no próprio local de trabalho, a incubadora. Ela foi gravada e transcrita literalmente. Para a sua realização, contatamos, pessoalmente, a coordenadora do PIEBT e através da coordenadora houve a aproximação com os gestores das três empresas incubadas e que fazem parte do estudo, informando assim, os objetivos da pesquisa. 64 Para as entrevistas foi elaborado um roteiro com questões abertas, desenvolvidas a partir da revisão teórica e da matriz do quadro teórico. E por não prever todas as situações e condições de trabalho de campo, algumas questões foram introduzidas no momento das entrevistas. As entrevistas foram agendadas com antecedência, por telefone, e tinham a duração média de 45 minutos. Em complemento, foi utilizada observação em campo, na qual informações importantes foram anotadas e utilizadas nas análises dos dados. Por fornecer informações de acesso rápido e fácil, também foram consultadas informações complementares nos sites das empresas e da incubadora, na Internet. Foi enviado ainda, através da internet, um questionário com questões fechadas e abertas, com objetivo de saber qual a avaliação em relação a contribuição do programa quanto a questão socioambiental, desenvolvida pela empresas e estimulada pelo programa(ver Apêndice I). No questionário esclarecíamos o encaminhamento da pesquisa, os objetivos e lhes garantia o anonimato para as empresas, caso assim o desejassem. Repassadas as informações iniciais, em concordância, declaramos a disponibilidade em aplicar os questionários pessoalmente, deixando a critério do empreendedor em marcar data, local e horário (não inferior a 45 minutos) que melhor lhes conviessem para a realização do mesmo. Após as transcrições das entrevistas, foram encaminhadas aos respectivos entrevistados, pessoalmente, e no caso dos questionários, pela internet ,de acordo com a opção dos participantes, com o propósito de assegurar a validação dos dados pelos próprios participantes, que após lerem as transcrições de suas entrevistas tinham a oportunidade de confirmarem o teor de seus depoimentos e, se julgassem necessário, podiam alterar e/ou complementar o texto. Os participantes retornaram as entrevistas por e-mail ou pessoalmente, momento em que elas foram consideradas validadas. Reforçando esse procedimento, Lüdke e André (1986) argumentam que, nessa abordagem, é necessário ter o cuidado de certificar as compreensões que se tem das percepções dos participantes. Para isso, alguns investigadores costumam encontrar meios de checá-las, discutindo-as abertamente com os participantes, mostrando as gravações feitas, ou as transcrições de entrevistas, para que elas possam ser ou não confirmadas. Isso reflete a preocupação, por parte dos pesquisadores, com o registro rigoroso do modo como as pessoas interpretam os significados. 65 Quando necessário, após a transcrição, retornamos ao entrevistado para aprofundar alguma questão, ou mesmo para tirar alguma dúvida. De posse dos dados resultantes das entrevistas, iniciamos o processo de análise. Recorrendo aos argumentos de Minayo (1994), a análise é o momento de olhar atentamente para as informações obtidas durante a pesquisa, com o propósito de compreender as informações coletadas, de confirmar ou não os pressupostos da pesquisa e/ou responder às questões formuladas e ampliar o conhecimento sobre o assunto investigado, articulando-o ao contexto cultural do qual faz parte. Para a autora, essa etapa é concomitante à coleta de dados. Nesta pesquisa, conforme as entrevistas iam sendo realizadas e transcritas, foram precedidas de leitura para uma maior familiarização dos dados. No entanto, a análise e interpretação mais formal foram realizadas após a finalização da coleta de dados. Durante a análise, foi considerada a sintonia entre as respostas dos participantes da pesquisa e desenvolver as categorias, já anteriormente definidas no matriz conceitual. De acordo com Gomes (1994), “As categorias são empregadas para se estabelecer classificações. Nesse sentido, trabalhar com elas significa agrupar elementos, idéias e expressões em torno de um conceito capaz de abranger tudo isso”. Na figura 4,abaixo, apresentamos o roteiro do trabalho, já detalhado anteriormente, para uma melhor compreensão. 66 Figura 4- Roteiro do trabalho TEMA FORMULAÇÃO DO PROBLEMA OBJETIVOS PESQUISA BIBLIOGRÁFICA LEVANTAMENT O DAS FONTES PESQUISA DE CAMPO CONSTRUÇÃO DO REFERNCIAL TEÓRICO ELABORAÇÃO DO QUADRO CONCEITUAL EMPREENDE DOR DE UMA INCUBADA ENTREVISTAS COORDENAD ORA DO PIEBT QUESTIONÁRIOS COMUNITÁ RIOS APRESENTAÇÃO DAS HIPÓTESES ESPECÍFICAS ANALISE DAS INFORMAÇÕES ANALISE DAS INFORMAÇÕES ANALISE FINAL CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES EMPRESAS INCUBADAS WEB 67 4. ESTUDO EMPÍRICO 4.1 O Programa de Incubação de Empresas de Base Tecnológica - PIEBT da Universidade Federal do Pará – UFPA O Programa de Incubação de Empresas de Base Tecnológica - PIEBT da Universidade Federal do Pará - UFPA, ou Incubadora da UFPA, como é informalmente conhecido, foi instituído por Convênio, celebrado em parceria com a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa - FADESP, no ano de 1995, possui 16 anos de contribuição para desenvolvimento do Estado. Iniciativa pioneira na região amazônica, o PIEBT foi implantado com o propósito de atender às principais demandas locais por serviços especializados na criação e no posicionamento de empresas de base tecnológica no mercado, aproveitando o potencial da matéria prima regional. Atualmente, está vinculado à Coordenação de Inovação Tecnológica - UNIVERSITEC da UFPA. O Programa tem como objetivo contribuir com a formação empreendedora na região atuando na criação e incubação de empresas baseadas em ciência e tecnologia e na disseminação da transferência de conhecimentos e o empreendedorismo inovador gerados na UFPA. O PIEBT atualmente atende 38 empresas sendo 31 já liberadas para o mercado, nas áreas de biotecnologia, produtos naturais, alimentos, cosméticos, fitoterápicos, energia, gás natural, tecnologia da informação, comunicação e design. Por meio de programas de capacitação e treinamento para os empresários, e visando à formação do empresário-empreendedor que conhece o mercado e seus concorrentes, a Incubadora atua de forma pro - ativa e inova constantemente fundamentada em estratégias efetivas de satisfação de seus clientes, reposicionando a empresa de forma a maximizar o valor do seu negócio. 4.2. A Incubadora da UFPA A Incubadora selecionada situa-se dentro de um Campus Universitário na região metropolitana de Belém , no Estado do Pará, pertence à Universidade Federal do Pará, que tem como objetivo apoiar empresas de biotecnologia, produtos naturais, alimentos, cosméticos, fitoterápicos, energia, gás natural, tecnologia da informação, comunicação e design. 68 Possui atualmente, capacidade para atender 10 empresas residentes em suas instalações, com 10 módulos industriais de incubação, que são ocupados pelas incubadas sendo 07 empresas residentes, contando ainda com uma estrutura física que abrange, auditório, salas de reunião, sala de espera, salas para o setor administrativo e sala para secretária . Quanto ao quadro de funcionários, há apenas três servidores federais efetivos do quadro da universidade, incluindo a Coordenadora do programa, mais três cedidos pela FADESP, sendo 01 assessora jurídica, e ainda 02 bolsistas, contratados através de projeto FINEP, CNPQ. Além destes funcionários contam com contratados pela UFPA, os serviços terceirizados de limpeza, segurança, entre outros. Tanto a Coordenadora como a assistente têm experiência profissional em gestão, mas não possuíam experiências com incubadoras. O acompanhamento das empresas residentes é feito por uma consultoria contratada pelo programa, através de recursos do CNPQ e FINEP. As 07 empresas em incubação, hoje, surgiram dentro da Incubadora. Isto ocorre porque a Incubadora, após as chamadas por empreendimentos, realiza cursos para a elaboração de planos de negócios para os interessados. Esta atividade pode ser caracterizada como um estágio de pré-incubação. No quadro 5 é apresentada as empresas incubadas atualmente pelo PIEBT e sua segmentação de negócio. Quadro 5- Empresas incubadas e a segmentação do negócio EMPRESAS INCUBADAS SEGMENTAÇÃO DO NEGÓCIO AMAZON DREAMS Química fina NEORADIX Monitoramento ambiental SOLON TI - tecnologia de bluetooth e RSIG, para controle de estoque e orientação ao cego visitante Desenvolve material para construção e saneamento a partir de resíduos sólidos MOP RQZ DIGITALIZAR INOVAR Fonte: Dados coletados pela autora, 2012 Cosméticos a partir das riquezas da Amazônia TI-Gerenciamento eletrônico de documentos TI gerenciamento de estoque e impressão fiscal 69 Para Leila Furtado, coordenadora do PIEBT, a incubadora da UFPA, “ é uma das maiores do Brasil em termos de espaço físico”. A maioria das empresas incubadas hoje são as de TI, segundo a coordenadora: “É natural, devido ao nível dos cursos desenvolvidos na área, grupos de pesquisas que coordenam programas nacionais, depois vem o de química fina, e em seguida as de recursos naturais a partir das riquezas da Amazônia, como cosméticos”. (entrevista realizada em 11/01/2012) Desde o inicio de sua operação, já passaram pela Incubadora 38 empresas (contando com as atuais). Destas empresas que já saíram da Incubadora, 18 se graduaram. A contribuição das empresas incubadas se dá na forma de uma taxa mensal em função da área utilizada pela empresa incubada (R$ 50,00 por módulo industrial de incubação). O uso de serviços de consultoria, telefone, entre outros são subsidiados pela UFPA. No quadro a seguir, apresentamos as Instituições que mantêm parcerias com o PIEBT : Quadro 6- Instituições que mantêm parcerias com o PIEBT INSTITUIÇÕES TIPO DE PARCERIAS FADESP SEBRAE Gestão de captação de recursos financeiros FINEP CNPQ FIEPA Financiamento de projetos Financiamento de projetos Cede espaços para palestras, congressos e parceria no programa de bolsas IEL Articulação, fomento de Incubadoras com foco no empreendedorismo e na inovação Apoio a entidades promotoras de inovação e capacitação de empreendedores e gestores do movimento nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas. RAMI ANPROTEC SER Espaço nas feiras AMAZONTEC e FRUTAL E FLOR PARÁ Programa visa emprego e renda, incubadora capacita as comunidades atendidas pela Igreja de Jesus Cristo de últimos dias ( todos aberto ao público universitario e comunidades). Fonte: Fonte: Dados coletados pela autora, 2012 A Incubadora conta com vínculos formais com a universidade –UFPA, para o uso de seus laboratórios, e ou centros de pesquisa e do espaço físico ocupado pela incubadora. 70 Em relação a esta rede de cooperação formada e concretizada através das parcerias firmadas, Leila Furtado, afirma: Hoje, está em processo de construção um parque tecnológico para 50 empresas, com recursos do BNDES e com parceria com o Estado, faz parte do ambiente de inovação da UFPA com o estado. Com a entrada do Estado como parceiro para fazer a estrutura do parque ( eles conseguiram os recursos junto ao BNDES), o programa deve permanecer no parque. É um prédio com 4 andares ( um condomínio empresarial) e 50 lotes para grandes empresas que vem atender o setor de desenvolvimento tecnológico, e que vêm para ficar perto da universidade, fazendo a relação Governo do Estado, Empresa e Universidade.( entrevista feita em 11/01/2012, informação verbal) Segundo Etzkowitz (2002), a inovação depende dessas interações entre universidadeindústria-governo. As universidades não geram apenas com conhecimento, mas também, estimulam e dão suporte através desse conhecimento para as empresas. Estas por sua vez não se limitam a produzir bens ou prestar serviços, mas a preocuparem-se com formação e compartilhamento de conhecimento. Os governos, locais, regionais ou nacionais, estimulam os empreendedores e atuam como capital de risco, além do papel tradicional de regulamentação. E este modelo de interação, proposto por Etzkowitz, reforça a análise do estudo que buscou ratificar, através das ações da incubadora da UFPA, via PIEBT, que é fonte geradora de conhecimento e estímulo quanto as ações de sustentabilidade socioambiental desenvolvidas pelas empresas incubadas pelo programa, e ainda, que consegue solidificar as ações e atrair novos parceiros, através da interação universidade- empresas de base tecnológica-governo. Nesse contexto, a coordenadora do PIEBT, reforça: A incubadora não possui crédito para financiamento próprio para as empresas residentes. Apesar de não dispor de planos de financiamento para as incubadas, o fato de uma empresa estar incubada e pertencer ao PIEBT representa um diferencial e facilita a captação de recursos em programas governamentais (FINEP,CNPQ, BASA,BNDES entre outros). Para Enriquez & Costa(2001), as parcerias estratégicas com SEBRAE, FINEP, CNPq, CNI/IEL, Ministério da C&T, órgãos estaduais de C&T e entidades privadas de ações empreendedoras, capacitadas para o desenvolvimento de tecnologias avançadas, formam o substrato para se pensar num crescimento ainda maior desse movimento, nos próximos anos. 71 Outro fator importante para as interações e o fortalecimento das parcerias, é o relacionamento entre empresas incubadas que é estimulado de uma maneira estruturada. Além da convivência e uso de áreas comuns, os empreendedores têm a oportunidade de interagir nas reuniões mensais de avaliação da incubadora. Nas reuniões são discutidos o funcionamento e performance da incubadora, havendo espaço para apresentação das empresas. Por serem associadas ao programa, as empresas incubadas têm a oportunidade de participar, com subsídios, de congressos e feiras internacionais. Finalmente, os fatores analisados na seleção para o ingresso na incubadora também foram considerados como relevantes para a construção das parcerias: Os critérios utilizados e formalizados em edital para o ingresso das empresas no programa, segundo a coordenadora, “buscamos projetos que encontrem um par na UFPA, tem que ser empreendimentos que a Universidade possa dar suporte técnico e tecnológico, como TI, farmácia, biotecnologia. Para a coordenadora, as empresas depois que saem da incubação entram em uma associação, por opção da empresa, com um suporte menor, mas ainda fazem parte da rede de relacionamentos, através da divulgação de eventos e editais, intermediação com os pesquisadores, mas é difícil continuar mantendo o vínculo. No entanto, hoje existe um programa da ANPROTEC junto com SEBRAE, para continuar mantendo um padrão aceitável para receber recursos do SEBRAE, FINEP e CNPq, as incubadoras devem ter um programa de acompanhamento das empresas graduadas, mas não se sabe qual o tipo de valor irão criar para que eles tenham essa percepção da importância de ter esse vinculo com a incubadora.( Entrevista Coordenadora PIEBT,2012) Souza et al. (2003) afirma que “as incubadoras oferecem um suporte fundamental para que posteriormente, na fase de ‘graduação’, esses empreendimentos possam ser sustentáveis”. Quanto aos Procedimentos adotados pelo PIEBT para Incubação de Empreendimentos, são avaliadas propostas apresentadas por pessoas físicas ou jurídicas, individualmente ou em grupo. Podem ter como objetivo o desenvolvimento de uma nova linha de produtos ou processos/serviços por empresa existente ou a ser constituída. O processo de seleção compreende as seguintes etapas: os candidatos devem apresentar o Plano de Negócios e curriculum vitae em uma via, de acordo com a seqüência apresentada no Roteiro do Projeto do Empreendimento. Nesta etapa, os candidatos devem expor detalhadamente o projeto para o Conselho Deliberativo do PIEBT e outros consultores, 72 se for o caso, esclarecendo as dúvidas e complementando informações para a seleção definitiva. A proposta a ser apresentada pelos interessados deve compor um Plano de Negócios contendo informações técnicas, econômico–financeiras, mercadológicas e gerenciais do projeto, seguindo um roteiro pré-estabelecido aos interessados. Os resultados do processo de seleção são comunicados aos proponentes em até 30 dias após a conclusão das etapas previstas, caso informações complementares não sejam necessárias. A seleção será feita pelo Conselho Deliberativo, em concordância com os critérios e procedimentos estabelecidos. Os empreendimentos selecionados firmam com a FADESP um contrato no qual são estabelecidos os direitos e responsabilidades das partes na cessão e uso do espaço e estrutura da incubadora. A incubação de empresas como processo de transferência de tecnologias. Os projetos aprovados para incubação são monitorados pela Área de Desenvolvimento Empresarial do PIEBT em relação a seu desenvolvimento, por meio do acompanhamento do plano de negócios. A partir daí as empresas incubadas pelo programa, passam pelo processo de: Préincubação, incubação e Pós-incubação, conforme quadro abaixo: 73 Quadro 7- Processo de Incubação FASES DO OBJETIVO TEMPO PROCESSO DE INCUBAÇÃO Pré incubação O objetivo da Pré-Incubação é estimular a Durando em média 06(seis) criação de empresas de base tecnológica, meses. oferecendo apoio para o desenvolvimento da inovação e para a capacitação gerencial dos empreendedores. Incubação Residente Oferecer Suporte Operacional, Suporte Estas empresas permanecem Estratégico e Suporte Tecnológico. incubadas por um período médio de 30 (trinta) meses, passando por 04 (quatro) fases sucessivas até serem graduadas Incubação associada Dar apoio por meio do Suporte Estratégico período médio de 24 (vinte e e Suporte Tecnológico Pós-incubação quatro) meses Oferecer apoio às empresas graduadas pelo Duração aproximada de 24 PIEBT, que desejam continuar mantendo (vinte e quatro) meses. vínculo com o Programa, por meio de Orientação,Oportunidades e Capacitação na área de Negócios (Serviços oferecidos) Fonte: site da UFPA/ PIEBT A Pré-Incubação consiste em oferecer apoio à elaboração de Planos de Negócios, por meio de Orientação, Capacitação e Consultoria na área de Negócios, visando ao amadurecimento tecnológico e gerencial de uma idéia até a definição de um negócio. Já a Empresa Associada é aquela instalada em sede própria, que recebe apoio por meio do Suporte Estratégico e Suporte Tecnológico (Serviços oferecidos) oferecidos pelo Programa. A Empresa Residente é aquela instalada fisicamente no PIEBT, que têm à sua disposição todos os Serviços oferecidos pelo Programa (Suporte Operacional, Suporte Estratégico e Suporte Tecnológico), e passa pelas fases, a saber: 74 Quadro 8 : Fases do Processo de Incubação Residente FASE DURAÇÃO Implantação duração PROCESSO aproximada de 03 (três)meses Nesta fase, os empreendedores devem formar as equipes de trabalho, obter financeiros e recursos adquirir os equipamentos e outros meios indispensáveis à execução das atividades previstas no Plano de Negócios. Ainda nesta fase, a empresa deve ter seu Plano de Negócios aperfeiçoado e seu Planejamento Estratégico desenvolvidos; Crescimento duração 12 Esta é a fase em que os (doze)meses, contados a partir empreendedores devem iniciar a do aproximada término da de fase de produção de produto(s) e/ou implantação processo(s), destinados à comercialização; Consolidação duração 12 O empreendimento deve ajustar (doze)meses, contados a partir os principais parâmetros de sua do aproximada término da de fase participação decrescimento. no mercado, desenvolvendo estratégias de aperfeiçoamento e/ou inovação do(s) produto(s). Nesta fase, o empreendedor deve elaborar o Plano de Otimização da produtiva da preparando a capacidade empresa transferência do empreendimento para a nova sede; Liberação Fonte: site oficial do PIEBT Com duração de até 03 (três) Nesta fase, o empreendimento meses contados do término da inicia fase de consolidação. graduação. o seu processo de 75 Nesse contexto, a intenção é demonstrar como as empresas que passam pelo processo de incubação, conseguem inovar tecnologicamente e desenvolver as questões socioambientais, através das contribuições da incubadora no processo de implantação, crescimento e desenvolvimento de suas atividades com foco não somente na dimensão econômica, mas também nas dimensões social e ambiental. 4.3. A incubadora e as Contribuições quanto à Sustentabilidade Socioambiental Na buscar por identificar as contribuições da incubadora em relação a sustentabilidade socioambiental, levantamos algumas questões que serviram como base para a análise da questão central da pesquisa. Para a coordenadora do PIEBT, Leila Furtado, quanto a questão sócio ambiental, e quais os fatores analisados na seleção das empresas candidatas a incubação, afirma: Com relação ao social não tem nada explicito no edital, mas em relação ao ambiental sim, não pode ter nenhuma atividade agressiva ao meio ambiente, mas caso haja precisa necessariamente apresentar um programa para amenizar, reparar qualquer dano que seja. Tem que trazer o plano e toda a estrutura, por exemplo de resíduos sólidos. (Informação verbal). Leila Furtado, porém, alega que o PIEBT tem se preocupado em promover esse tipo de discussão, conforme sua declaração: A incubadora estimula a questão socioambiental para toda a equipe da incubadora e não somente com os empreendedores e funcionários, pois isso é importante para a imagem da incubadora e para que possa ser reconhecida pela sociedade como um todo, e só com essa preocupação sócioambiental se consegue essa escala de reconhecimento e também para captar recursos, que são imprescindíveis para continuar esse trabalho.( Informação verbal). A entrevistada também afirma que dentro do programa existe a preocupação em relação a questão e cita três empreendimentos incubados que já tem comprometimento socioambiental: 76 A Amazon Dreams( a empresa já trouxe) mas que tem sido permanentemente estimulada pela incubadora, usam mão de obra para coletar as folhas da floresta, eles (os catadores) apanham as folhas que caem e não retiram as folhas, pagam( a empresa) mais que os outros, Haiti(HZ2) embalagens artesanais, trouxe um projeto de embalagens feitas com sobra de madeira certificada, criaram um processo de soldar as sobras para a confecção das embalagens, criou um processo de sistema de colagem de pequenas peças de madeira e brindes que parecem papel , mas é sobra de madeira. A preocupação era de colocar os produtos em uma fábrica e depois todos ficarem sabendo do processo e começar a vender os produtos com esse processo. A incubadora ajudou criando grupos na comunidade, para ajudar a comunidade e ajudar a empresa a fragmentar o processo: capacitou uma turma para cortar e lixar em uma comunidade e outra para colar e dar acabamento final em outra comunidade e leva para outra finalizar e dar estoque e levar para os revendedores. A incubadora fez um projeto e buscou recursos junto a caixa econômica, para capacitar as comunidades de Benevides (comunidade de Belo Horizonte) e Outeiro e garantir assim o segredo do negocio da empresa.(Informação verbal). E continua citando o caso de uma empresa que acabou de entrar no processo de incubação: Outro seria, de reaproveitamento de resíduo sólidos para construção, que desenvolverá um trabalho com cooperativa de catadores, eles ( empreendedores) captam recursos e não sabem usar, a empresa entrará através da incubadora com cursos de capacitação para gerar emprego e renda. As cooperativas fornecerão a matéria prima. O empreendedor que criou esse material buscou ajuda na incubadora, com o projeto de trazer emprego e renda e tirar o lixo da rua e dar um melhor qualidade de vida a comunidade dos catadores. Sugerimos que virasse negócio, através da produção em escala industrial, para que as ações pudessem ser visíveis, o projeto em 2011 ganhou o 1º lugar do prêmio Samuel Bechimol de Empreendedorismo Consciente e já estamos formulando um projeto de captação de recursos junto ao BASA, por recomendação do presidente do banco.( Informação verbal). E finaliza : A Amazon Dreams e a Neoradix, já entraram com a preocupação sócio ambiental, a Neoradix, que trabalha com robótica e monitoramento ambiental, com produto na área ambiental já envolvido com isso, recebeu 2º lugar IMAZON do Samuel Bechimol. O prêmio é em dinheiro e financiamento do BASA e ainda ganha visibilidade na área do meio ambiente, porque o foco é esse.(Informação verbal). 77 Como se pode observar, vislumbra-se alguma ação em relação à consciência socioambiental através das inovações tecnológicas. No entanto, são ações isoladas e, de acordo com a entrevistada, isso não vem sendo realizado de maneira efetiva. O que se percebe é que não há uma regra para as incubadoras no sentido de proporcionar esse tipo de discussão, que vai além da visão gerencial. Quanto a estimular as empresas incubadas em desenvolver estratégias de sustentabilidade socioambiental, a coordenadora afirma: Como o foco das micro e pequenas é a sustentabilidade econômica é preciso estimular através de projetos direcionados a área ambiental e de buscar recursos através deles. Os editais hoje, normalmente direcionam o interesse na área socioambiental. É uma forma de estimular, já que as MPE’S não tem um recurso que possam destinar a essa área, mas a partir do momento que se estimula a participação através de projetos que visam captar recursos e que eles direcionam o uso desse dinheiro para a área socioambiental, o empreendedor acaba resolvendo o problema financeiro e começa a se conscientizar do valor desse produto ou serviço, se ele for sustentável e que essa inovação pode ser utilizada como uma estratégia de sustentabilidade que garantirá mercado e recursos.(Informação verbal). Observa-se que o recurso só vem se tiver o projeto voltado a sustentabilidade. E a incubadora estimula os empreendedores a buscar esses editais. A estratégia é criada até mesmo para a comercialização dos produtos no exterior, pois o mercado se abre devido ao selo de certificação que as empresas recebem e com isso captam recursos com maior facilidade. Perguntamos ainda, sobre o impacto socioambiental causado por inovações tecnológicas, se é avaliado pela incubadora e em que fase da incubação dos empreendimentos inovadores. Para a coordenadora do programa, a equipe é pequena para fazer um estudo de levantamento de indicadores que avaliem esses impactos, a falta de equipe impedi que se faça esse trabalho. Hoje existe uma certificação que as incubadoras irão receber e que é prioritário para buscar recursos, colocada pela ANPROTEC , CNPq e CERNI- centro de referencia de apoio a empreendimentos, para as incubadoras, são conhecidos como eixos( desenvolvimento pessoal do 78 empreendedor, do desenvolvimento do produto, diz como devem ser feito) .Estamos viabilizando e deve ser concluído em 2 anos.(Informação verbal). Quanto a importância do programa para o desenvolvimento local, para a coordenadora: A nível nacional é irrisório, a nível Regional, é pouco,a nível local, a iniciativa da incubadora com produtos inovadores, não tem uma escala tão grande que possa trazer uma onda de pessoas que se beneficiem disso. Mas já conseguiu recursos estaduais para as empresas, e as propostas serem melhores avaliadas.(Informação verbal). Faz uma comparação com Florianópolis, onde foi conferida o titulo de cidade tecnológica, porque é acanhado esse papel, “É pequena, pois como as empresas em maior quantidade de inovações são do ramo de TI, pois não demandam uma mão de obra maior, vendem a tecnologia ou terceirizam o processo”, mas com o PIEBT, já conseguimos recursos com a esfera estadual, porque o empreendimento estava na incubadora, finaliza. Relata algumas dificuldades em relação a questão da contribuição ao desenvolvimento local: -A capacidade de incubação ainda é pequena; -As empresas com maior capacidade de linha de produção optam por terceirizar, ou vendem a tecnologia para empresas de fora; -Dificuldades internas, na própria instituição, ainda precisa convencer o gestor que isso é importante; -Na prefeitura, na lei orgânica existe um dispositivo que diz : criar incubadora de empresa, o prefeito provavelmente desconhece. No entanto, destaca a importante contribuição na esfera federal. “Em âmbito federal, já existe um trabalho bem significativo, investi pesado, devido ao trabalho das incubadoras”. Com o foco maior das políticas públicas, no sentido de informar e trazer o conhecimento produzido pela comunidade acadêmica para as comunidades da região, e que haja parcerias que possam fomentar o crescimento das empresas incubadas e proporcionar uma nova visão sobre sustentabilidade em todas as suas dimensões é uma das preocupações do programa. 79 Porém, como destacou a entrevistada, a preocupação com o desenvolvimento local é fato, devido as inúmeras dificuldades encontradas. Ressalta a importância do pesquisador ser também um empreendedor e contribuir para o desenvolvimento local : Os pesquisadores não têm uma visão empreendedora, preferem publicar o resultado da pesquisa e depois vai para a gaveta, cadê o papel social do que é produzido na universidade se ele vai para a gaveta ou para uma revista cientifica apresentado em congresso, qual seria a porta de saída? seria a incubadora, afirma. Como fazer a coisa acontecer em uma escala que possa ser observada em âmbito local, regional, a dificuldade vem daí. Ou acontece, de conseguir trazer esse pesquisador, mas ele não tem perfil empreendedor, tem visão individualizada, não quer abrir o capital da empresa para novos sócios.(Informação verbal). Para Modesto & Souza(2006), a resistência cultural e pouco preparo empreendedor de pesquisadores e empreendedores, complementados com políticas de propriedade intelectual excessivamente unilaterais, falta de apoio político e financeiro de agentes de crédito, e desenvolvimento, bem como visão limitada de mercado, apresentam-se como ameaças à implantação e manutenção de incubadoras de empresas no Estado do Pará. Questionou-se também sobre o perfil empreendedor dos gerentes das incubadas: O perfil empreendedor é avaliado logo no inicio da incubação, começamos oferecendo uma capacitação, primeiro quando vai se submeter ao processo de incubação, logo no início responde um questionário para avaliar se tem habilidade técnica e técnica comercial, ele incuba se já teve alguma experiência empreendedora ou se tem uma formação empreendedora, depois oferecemos os cursos de gestão da inovação, empreendedorismo, plano de negócios, gestão estratégica, e vamos acompanhando também. Se tem perfil empreendedor e se tem a visão para o mercado, por exemplo, se aceita abrir o capital da empresa, buscar um sócio investidor, contratar um gestor e pelo que assimilou também dos cursos e se ele está aplicando.(Informação verbal). E destaca a importância do direcionamento dado pela incubadora ao empreendedor: O direcionamento é dado desde o inicio do processo de incubação ( na seleção), se tem potencial mercadológico. Caso tenha uma idéia errada é contratada uma consultoria para fazer a pesquisa de mercado. Então 80 eles entram com a idéia, se não tiver potencial mercadológico, a incubadora dá o direcionamento.(Informação verbal). Destaca o fato de alguns gestores das empresas incubadas terem o espírito mas não o perfil empreendedor: A dificuldade em fazer que um inventor independente pense como um empreendedor, na cabeça dele aquilo que ele inventou não precisa ser modificado para chegar ao mercado, para ele a invenção está perfeita. Daí a importância de estimular a ação empreendedora através das orientações da incubadora.(Informação verbal). E conclui, “Os empreendedores mais jovens e com formação superior tem maior facilidade de assimilar e aplicar as técnicas viabilizadas nos cursos de capacitação disponibilizados pela incubadora e conseguem desenvolver suas habilidades empreendedoras”. Avalia a contribuição do programa em relação a responsabilidade social, “Algumas empresas já vem com isso, pois faz parte da própria estratégia da empresa. A empresa, quando não tem, é estimulada desde o inicio do processo de incubação, mostramos a importância para a empresa”. Nesse contexto, buscou-se a partir da fala da coordenadora, compreender também qual a avaliação das empresas em relação as questões abordadas: Quanto a intervenção da incubadora para sustentabilidade socioambiental do empreendimento; Quanto a intervenção da incubadora para a Responsabilidade Social do empreendimento; Quanto ao papel da incubadora no fortalecimento do arranjo produtivo local. 4.4. Avaliação das empresas pesquisadas em relação ás contribuições do PIEBT quanto à Sustentabilidade Socioambiental Na intenção de dar um maior suporte ao estudo, apresentamos a avaliação das empresas em relação ao PIEBT e suas ações voltadas a sustentabilidade socioambiental, onde consideramos as nomenclaturas: DISCRETO - está relacionado a um pequeno impacto das ações implementadas pelo programa em relação as empresas incubadas; CONSIDERÁVEL - está relacionado a um médio impacto das ações implementadas pelo programa em relação as empresas incubadas; 81 EXCELENTE- está relacionado ao impacto das ações do programa sobre as empresas incubadas como condição necessária e suficiente. Quadro 9: Avaliação do PIEBT pelas empresas estudadas EMPRESA AMAZON DREAMS NEORADIX MOP Quanto a intervenção da incubadora para sustentabilidade ambiental do empreendimento Considerável Discreto Considerável Quanto a intervenção da incubadora para a Responsabilidade Social do empreendimento Excelente Considerável Considerável Quanto ao papel da incubadora no fortalecimento do arranjo produtivo local Considerável Discreto Discreto Fonte: Dados coletados pela autora,2012 Para Igor Corrêa, CEO da Amazon Dreams, a importância do PIEBT para a empresa, “Tem sido inestimável a importância do PIEBT na estrutura de incubação, indicação de prêmios e editais, selo de qualidade ao conceito do nosso Plano de Negócio etc”. Para o gestor da MOP, Carlos Meigue, “ a importância está no Suporte, em disponibilizar espaço e credibilidade para as novas empresas”. Percebeu-se que no geral as empresas consideram a atuação da incubadora considerável, o que confirma que o PIEBT é um programa que promove a valorização da questão socioambiental e contribui estimulando as empresas incubadas a desenvolverem ações direcionadas a essa questão. 4.5- AS EMPRESAS Na apresentação das empresas pela coordenadora do PIEBT, foram selecionadas três empresas incubadas, onde duas já apresentaram seus projetos com foco na sustentabilidade em suas dimensões econômica, social e ambiental, desde o processo de seleção. A terceira empresa apresentou apenas um processo inovador, mas também com o foco na sustentabilidade socioambiental, e foi totalmente direcionada pelo Programa. Em relação ao tempo de incubação, percebeu-se que, das três empresas investigadas, uma está em estágio inicial de incubação, uma em estágio intermediário e outra em estágio final. Isso é relevante para o interesse da pesquisa, porque os empreendedores que estão com 82 empresas incubadas no estágio intermediário e final, possuem um envolvimento mais consistente com o ambiente de incubação e com o meio empresarial, o que pode favorecer no fornecimento das informações e aos objetivos da investigação. Neste sentido, serão apresentadas as três empresas, a seguir. No entanto a maior ênfase é para empresa AMAZON DREAMS, por ter um tempo maior de incubação e pela aproximação maior com a pesquisa e com o objeto de estudo. As empresas NEORADIX e MOP serão apresentadas como parâmetro de analise comparativa no intuito de avaliar o nível de incorporação de sustentabilidade social e ambiental a partir de estratégias de inovação socioambiental utilizada pela Amazon Dreams, para o desenvolvimento de suas atividades, a partir das contribuições da incubadora via PIEBT. 4.5.1- A Empresa Neoradix A NEORADIX é uma empresa de base tecnológica, cuja finalidade é desenvolver soluções de automação para o segmento residencial, do agronegócio e a indústria de bens de produção e tem como diferencial a sustentabilidade social e ambiental. A empresa tem a missão de desenvolver soluções únicas e inovadoras para a Amazônia, Brasil e Mundo. Tem como enfoque principal o desenvolvimento de serviços e tecnologias aplicadas principalmente às particularidades biológicas e sociais da Amazônia, com o objetivo principal de desenvolver soluções de alto valor agregado na região. A empresa busca construir uma imagem de responsabilidade e credibilidade perante clientes, fornecedores, empregados e comunidade. Construída a partir de uma sociedade entre os mestrandos na área da Engenharia de Computação, Humberto Leão e Thiêgo Nunes, a Neoradix atua em três segmentos: automação residencial, automação industrial, mais especificamente para agroindústria, e monitoramento ambiental inteligente. Nas palavras do sócio Thiêgo Nunes, a incubação pelo PIEBT foi fundamental para o início da empresa: Com o PIEBT, conseguimos suprir muitas deficiências para transformar o que tínhamos como pesquisa em produtos para inserção no mercado, já que a incubadora da UFPA oferece todo apoio jurídico, contábil, administrativo e tudo mais que uma empresa iniciante precisa .(informação coleta em 2012) 83 O quadro 12, apresenta o perfil geral da empresa: Quadro 10- Perfil Geral da Empresa Empresa NEORADIX Setor de atuação Automação e robótica Negócio Monitorar e/ou controlar automaticamente variáveis ambientais em florestas, estufas, plantações, tanques de criação de peixes, criadouros de aves e outros ambientes que necessitem controlar variáveis ambientais e automação residencial, com o objetivo de diminuição dos custos com energia e serviços com economia de tempo e esforço e apoio a pessoas idosas ou com deficiência. Sede PIEBT- Belém, PA Nº de funcionários 02 Tempo de incubação 2 anos Fonte: Dados coletados pela autora, 2011 O quadro 13 apresenta os grupos de interesse que fazem parte da rede de cooperação, articulada pelo PIEBT. 84 Quadro 11- Grupos de Interesse PARCERIAS INSTITUIÇÕES PARCEIRAS PIEBT Incubação e programas de capacitação e treinamento para os empresários, e visando à formação do empresário-empreendedor . UFPA/UNIVERSITEC Desenvolvimento das patentes e oferece toda a estrutura de incubação por meio da sua Agência de Inovação UFRA Desenvolvimento de projetos voltados automação industrial para a agroindústria SEBRAE A empresa participa do projeto Agentes Locais de Inovação (ALI). Que tem como objetivos fomentar a inovação de produtos, processos e gestão em micro e pequenas empresas, e dar oportunidade para vinte agentes locais de inovação, egressos das universidades nos últimos três anos, desenvolverem um trabalho de investigação sob a orientação de pesquisadores seniores. Fonte: Dados coletados pela autora, 2011 4.5.2- A Empresa MOP A empresa MOP Tecnologia em Resíduos, que tem como negócio o Reaproveitamento de Resíduos, com apenas três meses de incubação, conquistaram o primeiro lugar na Categoria Empreendedorismo Consciente do Prêmio Samuel Benchimol, e Banco da Amazônia com o projeto “Desenvolvimento de Material Proveniente do Reaproveitamento dos Resíduos Sólidos Urbanos para Aplicação na Construção Civil, Arquitetura e Logística.” O projeto objetiva o desenvolvimento de compósito, a partir do processamento de lixo para a fabricação de materiais alternativos com qualidade e valores que atenderão aos 85 requisitos do mercado, além de poderem ser utilizados como substitutos ou complementos da madeira, concreto, argamassa armada, cerâmica, entre outros, dependendo da aplicação. O quadro abaixo, apresenta o perfil geral da empresa: Quadro 12- Perfil Geral da Empresa MOP Empresa MOP Tecnologia em Resíduos Setor de atuação Construção civil, Arquitetura e Logística Negócio Reaproveitamento dos resíduos sólidos urbanos para Aplicação na Construção Civil, Arquitetura e Logística Sede PIEBT- Belém, PA Nº de funcionários 03 Tempo de incubação 4 meses Fonte: Dados coletados pela autora, 2011 O quadro 13, abaixo, apresenta os grupos de interesse que fazem parte da rede de cooperação, articulada pelo PIEBT. 86 Quadro 13 - Grupos de Interesse INSTITUIÇÕES PARCEIRAS PARCERIAS PIEBT Programas de capacitação e treinamento para os empresários, e visando à formação do empresário-empreendedor . UFPA/UNIVERSITEC Desenvolvimento das patentes e oferece toda a estrutura de incubação por meio da sua Agência de Inovação BASA Financiamentos COOPERATIVAS DE CATADORES DE Matéria- prima MATERIAIS REUTILIZÁVEIS EMPRESAS DE LOGÍSTICA REVERSA Gestão dos resíduos sólidos, recapturando o valor econômico e ao mesmo tempo protegendo o meio ambiente e adequando o destino dos resíduos Fonte: Dados coletados pela autora, 2011 4.5.3- A Empresa Amazon Dreams A empresa Amazon Dreams foi criada com base na sustentabilidade Amazônica, relacionando a pesquisa e inovação aos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais. Assim, a origem de seus produtos está nas frutas e folhas da floresta, sem a necessidade de derrubar árvores e incentivando a preservação do meio ambiente. Os produtos da Amazon Dreams são compostos bioativos extraídos de polifenóis das frutas e folhas da floresta Amazônica, ricos em antioxidantes, com a facilidade de oferecer em forma granulada ou líquida, e permitindo sua aplicação nas áreas de alimentos funcionais, cosméticos e farmacêutica. Seus principais diferenciais são compostos altamente concentrados, certificação orgânica das matérias-primas e padronização dos lotes produzidos. 87 Quadro 14- Perfil Geral da Empresa Amazon Dreams Empresa Amazon Dreams Setor de atuação Química fina/alimentos/multisetor Negócio Produção de compostos bioativos; Sede PIEBT- Belém, PA Nº de funcionários 12 Faturamento (projetado) 2011-R$1,5milhão 2013 R$ 5 milhões* Problema Necessidade de compostos naturais ricos em polifenóis para aplicação em alimentos funcionais, cosméticos e saúde humana Solução Tecnologia de craqueamento de extratos através de processo químico, através de produtos purificados; Tempo de incubação 2,6 anos Fonte: Dados coletados pela autora, 2011 88 5- A Empresa Estudada : Amazon Dreams A tecnologia desenvolvida pela Amazon Dreams consiste em realizar processos de separação dos compostos bioativos das frutas e folhas da floresta Amazônica, ricos em antioxidantes, produzindo lotes padronizados de extratos purificados e fracionados, com os diferenciais de certificação orgânica das matérias-primas e obtenção de compostos altamente concentrados. O grande diferencial dos produtos da empresa é o processo de purificação a que os agentes antioxidantes são submetidos que, em função da tecnologia desenvolvida, consegue-se isolar o princípio ativo das espécies florestais, chegando-se a um grau de pureza dos antioxidantes de 70%, o que ainda não foi conseguido em nenhum outro lugar do Brasil. O grande mentor do projeto foi pesquisador belga Hervé Louis Rogez que tinha o sonho de conseguir promover uma fonte de renda para a Amazônia que não se transformasse em um novo ciclo de extrativismo, mas que beneficiasse os produtores e a gente da floresta. Na Universidade Federal do Pará encontrou o ambiente ideal para suas pesquisas. De 300 plantas selecionadas, concentrou sua atenção em três: açaí, ingá e murici. Para colocar em prática suas idéias e levar o estudo adiante, associou-se a cinco jovens empreendedores, todos formados pela universidade, e angariou recursos de fundos de pesquisa do Brasil e do exterior. Foram quatro anos de estudos intensos para que a Amazon Dreams se transformasse em uma empresa inovadora e contasse com um produto exclusivo, de alta tecnologia e revolucionário aos olhos dos mercados nacional e internacional. Para Enriquez (2001), o impacto das inovações tecnológicas irradiadas a partir dos avanços na biotecnologia tem contribuído para a criação de uma demanda por produtos naturais da Amazônia com maior valor agregado, que até alguns anos atrás era praticamente inexistente. O setor farmacêutico, cosmético, agroindustrial e de biorremediação são os mais intensivos na utilização de produtos naturais. Gilbert (2000) também relaciona diversos produtos naturais nas áreas farmacêutica, cosmética, agroquímica e alimentícia, com potencial de mercado com o qual nenhuma região do mundo pode concorrer. O autor destaca que se deve sempre agregar o máximo de valor aos produtos naturais procurando implantar a produção e exportação de produtos acabados ou ao mínimo beneficiados. Para isso, três critérios são essenciais: a qualidade assegurada, a disponibilidade do produto em escala adequada e com continuidade garantida e um preço relativamente estável, logicamente, assegurando que a atividade não seja predatória ao meio ambiente. 89 Nesse contexto buscou-se fazer a correlação dos dados coletados com o contexto organizacional; institucional; socioambiental e da valorização dos produtos dentro de um contexto internacional. 5.1- Contexto Organizacional No contexto organizacional observou-se o perfil dos empreendedores e como esse processo empreendedor contribuiu para uma visão de sustentabilidade, apresentada pela empresa, e como essa visão se transpôs em estratégias de sustentabilidade socioambiental, tomando como base uma inovação, e a importância do PIEBT nesse processo. Para Igor Correa, Ceo da Empresa, os pontos fortes e fracos da empresa relacionados a uma análise de ambiente interno, está na “excelente equipe de pesquisadores e pedidos de patentes registrados são a marca registrada da companhia”. Observando que, as patentes foram viabilizadas pela incubadora, através do programa. As características empreendedoras são necessárias para a empresa desenvolver seus processos voltados a inovação e sustentabilidade sócio-ambiental, neste sentido Igor diz, “Sim. Todos os sócios da empresa possuem pós-graduação ( de especialização a PósPhD), ou seja, possuem intelecto suficiente para aplicar inovação com desenvolvimento sustentável”. O perfil de empreendedores investigado na literatura encaixou-se com aquele verificado na empresa estudada. Em geral, são jovens com formação universitária em ciências aplicadas, que buscam aplicar as tecnologias apreendidas em ambiente acadêmico, com vistas ao aproveitamento de oportunidades mercadológicas. No quadro abaixo, mostramos o perfil dos empreendedores que atuam na empresa : 90 Quadro 15- Perfil Empreendedor Hervé Rogez Possui Graduação e Mestrado em Engenharia Química e das Indústrias Agrícolas (1992), doutorado em Ciências Agrárias e Engenharia Biológica (1999) pela Université catholique de Louvain (UcL, Bélgica). Hervé é Professor Titular da UFPA, revisor de periódicos nacionais e internacionais, e Professor Visitante da UCL. Tem experiência em ciência, tecnologia e engenharia de matrizes vegetais ricas bioativos, em particular fenólicos. Estuda as em compostos os compostos interações dos compostos fenólicos no seu ambiente natural, os processos de extração, concentração, purificação e fracionamento de compostos fenólicos, técnicas de análise dos mesmos, avaliação in vivo de seu consumo (no contexto do desenvolvimento de alimentos funcionais, no caso) e suas aplicações tecnológicas. Estuda o açaí desde 1995, tendo acumulado multidisciplinar um sobre conhecimento este alimento, inclusive sobre transmissão de Chagas por via oral. Igor Chaves Corrêa Pinto, CEO Administrador formado pela UFPA, MBA pela Cardiff Business School (Distinction Class), onde foi bolsista Chevening do British Council, ex-Associate do São Paulo Office da McKinsey&Company, ex- Consultor Global de Brand Valuation da Interbrand Iberia e Latin America. 91 Atualmente também faz parte do Conselho Fiscal do Imazon. Bruno Beranger, CFO Administrador formado pela Universidade Candido Mendes, possui um MBA em Finanças pela (New York University). Atua no mercado financeiro desde 1994, nas áreas de Investment Banking, Estruturação Financeira e Private Equity. Trabalhou na IBM, Banco Brascan e Indusval Multistock, ex sócio da Mercatto Gestão e na Stock Asset. Foi responsável pela Área de novos negócios do Grupo Martins e sócio responsável na VCB Consulting Fagner Sousa Produção e PD&I Ivonete Quaresma da Silva PD&I Fonte: Dados coletados pela autora,2011 Observou-se que o diferencial competitivo da Amazon Dreams não se faz apenas na tecnologia de produtos inovadores com apelo sustentável , mas também na alta qualidade de sua equipe já que está embasada na formação específica, na capacitação e nas diferentes frentes de atuação dos membros. Todos atuam em setores específicos da empresa como certificação, pesquisa aplicada, desenvolvimento de processos, marketing, caracterizando as premissas básicas para o desenvolvimento de inovações dentro da empresa e assim ser mais competitiva em relação às demais empresas tanto no âmbito nacional quanto no âmbito internacional. Um dos aspectos da empresa estudada é a experiência internacional dos empreendedores. Constatou-se também a existência de uma formação complementar no exterior ou formação específica com o objetivo de desenvolver o empreendedorismo internacional. 92 5.2. Contexto Institucional 5.2.1- A Relação com a Rede de Cooperação A criação de um empreendimento sustentável passa por uma rede de contatos sustentável. Para Isaak (2002) o empreendedor sustentável deve ser um mediador entre a sua rede de influências. O surgimento desta rede de contatos surge ao longo do tempo, com o contato com as diversas partes envolvidas no negócio e a execução de atividades sustentáveis. A partir da relevância do papel exercido pelos grupos de interesse, no incremento do empreendedorismo, destacamos a rede de cooperação e Stakeholders que atuam junto a empresa incubada . Esta busca por contatos com todas as partes envolvidas no negócio é identificada na entrevista com o empreendedor. O empreendedor da Amazon Dreams comenta que busca criar parcerias com outras empresas ou acordos com pessoas físicas para trabalharem juntos. Neste sentido se direciona o discurso do empreendedor em relação a rede de cooperação que apóie as ações de sua empresa. Para o CEO, Igor Fonseca: Temos subvenções e parceria importantes de instituições governamentais como o FINEP, CNPq, Banco da Amazônia, SEBRAE etc. E quanto aos grupos de interesse que têm relação com a empresa e que são considerados importantes na implementação de sua política de gestão sócio ambiental, afirma, “os principais stakeholders da Amazon Dreams são os seus sócios, UFPA, equipe de pesquisadores, cooperativas envolvidas etc .(informação coletada em 2012) A Amazon Dreams compõe uma relação de empresas que estão vinculadas ao Projeto Agência de Inovação Tecnológica da UFPA (Universitec). Temos uma grande relação de parceria com a Universidade Federal do Pará, que é co-autora no desenvolvimento das nossas patentes e oferece toda a estrutura de incubação por meio da sua Agência de Inovação, o que nos traz um ‘carimbo de marca de inovação’ ainda mais forte”, finaliza Igor Corrêa.(informação coletada em 2012) O quadro 11 apresenta os grupos de interesse que fazem parte da rede de cooperação, articulada pelo PIEBT. 93 Quadro 16- Grupos de Interesse INSTITUIÇÔES PARCEIRAS PARCERIAS PIEBT Programas de capacitação e treinamento para os empresários, e visando à formação do empresário-empreendedor . UFPA/UNIVERSITEC Universidade Federal do Pará, é coautora no desenvolvimento das patentes e oferece toda a estrutura de incubação por meio da sua Agência de Inovação COFRUTA O processo de coleta da matéria-prima, e o beneficiamento destas, através dos equipamentos instalados na cooperativa que, por meio de contrato, são utilizados duas vezes por semana como unidade fabril para a Amazon Dreams. Em contrapartida, a Empresa, como forma de aperfeiçoamento da mão-de-obra, proporciona cursos e palestras com o intuito de beneficiar e aprimorar as técnicas utilizadas para extração da matéria prima utilizada pela empresa. INSTITUTO INOVAÇÃO Consultoria, unidade de negócios que oferta serviços no uso dos incentivos fiscais à inovação tecnológica e captação de recursos. ANTERA GESTÃO DE RECURSOS Gestão de Fundos de Capital Semente. Fazem a gestão de recursos para aquisição de participação empresas embrionário, acionária temporária inovadoras normalmente em em estágio associadas a centros de pesquisa, com alto potencial de crescimento (valorização) 94 CRIATEC A Criatec é um fundo de investimentos de capital semente destinado à aplicação em empresas emergentes inovadoras que atuam com pesquisas científicas em universidades FORUM AMAZÔNIA SUSTENTÁVEL Se dedica a discutir e propor ações voltadas para o estabelecimento de uma cultura em favor da sustentabilidade, da construção de compromissos de boas práticas produtivas e o apoio ao desenvolvimento regional. O Fórum propõe um diálogo amplo e nacional pela Amazônia. BANCO DO NORDESTE Financiamento e acompanhamento técnico e gerencial dos recursos concedidos. BNDES Financiamentos a projetos de investimentos, aquisição de equipamentos e exportação de bens e serviços. Além disso, o Banco atua no fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas e destina financiamentos não reembolsáveis a projetos que contribuam para o desenvolvimento social, cultural e tecnológico com uma política que inclui as dimensões social, regional e ambiental. INSEED investimentos Investimentos em empresas nascentes, com perfil inovador e elevado potencial de crescimento Fonte: Dados coletados pela autora no site das Instituições ,2011 95 Percebeu-se a importância da rede de contato para o empreendimento, a rede auxilia o alcance de objetivos econômicos, sociais e ambientais. Mesmo ações com fins sociais ou ambientais desenvolvidas pelas empresas junto com a sua rede de cooperação ou stakeholders estão centradas na visão socioambiental, mas com uma preocupação de garantir, com isso, a captação de recursos para o empreendimento. 5.2.3- Relação com a Participação e Contribuição ao Desenvolvimento Local Para Igor Correa, CEO da Amazon Dreams, as estratégias utilizadas pela empresa para sustentabilidade do negócio nas dimensões sociais e ambientais. Existe a preocupação ambiental natural da empresa para estes setores. A Amazon Dreams realiza junto às Cooperativas Agrícolas, fornecedoras de suas matérias primas, uma política de apoio financeiro através de reestruturação de suas plantas fabris e/ou no treinamento do seu quadro de funcionários com relação às Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), além da valorização comercial de folhas e frutos, fontes de antioxidantes, fornecidos à empresa. Em 2010, a empresa investiu mais de R$130.000,00 nas Cooperativas. A empresa também está atenta às legislações e critérios de certificação pertinentes às suas atividades, buscando atualmente diversas certificações que possibilitem a comercialização e exportação de seus produtos.(Informação verbal). E ainda, a importância para a empresa, de se utilizar produtos inovadores como estratégia de sustentabilidade socioambiental, afirma: A empresa sempre está em busca da inovação de seus produtos, porém não adquire matérias-primas que não apresentem sustentabilidade socioambiental na região de cultivo. Desta forma, a Amazon Dreams realiza estudo de viabilidade técnica e socioambiental antes de iniciar uma nova cadeia comercial.(Informação verbal). E quanto a responsabilidade social empresarial , coloca que é praticada pela empresa devido ao fato de “a empresa ter excelente governança como uma Sociedade Anônima”. Assim, foi construída uma visão empreendedora sustentável na empresa. 96 Sim. Desde sua fundação em 2002, a empresa visa, através de seu sócio-fundador Hervé Rogez, a atividade comercial sobre matrizes vegetais amazônicas de maneira sustentável. Atualmente, esta empresa busca junto ao Programa Sebratech assessoria para Autorização de Desenvolvimento Tecnológico junto ao Conselho de Gestão do Patrimônio Genético do Ministério do Meio Ambiente do Brasil. Desta forma, há uma exploração das fontes vegetais com sustentabilidade econômica e ambiental às famílias interioranas produtoras. (Informação verbal). Percebeu-se que a gestão com foco na sustentabilidade socioambiental da empresa, contribui parcialmente para o desenvolvimento local , que justifica-se pelo fato desta ser um modelo de desenvolvimento local, e que agrega valor a produtos e processos produtivos como forma de garantir a competitividade e, além disso, promover uma fonte de renda para comunidades em, municípios do Pará, fazendo com que essas comunidades extraísse a matéria-prima utilizada pela empresa de forma sustentável. A matéria-prima vem de cooperativas e associações de produtores do Pará, o que assegura, o propósito de gerar renda local e não apenas extrair os insumos da floresta. A Amazon Dreams conta em seu clico operacional, com cooperativas de Abaetetuba, Tomé-Açú e Iguarapé-Miri, todas do estado do Pará, as quais fornecem matéria-prima. Dentro destas cooperativas, é desenvolvido em especial na do município de Abaetetuba (COFRUTA), além do processo de coleta da matéria-prima através de seus associados, o beneficiamento destas, através dos equipamentos instalados na cooperativa que, por meio de contrato, são utilizados duas vezes por semana como unidade fabril para a Amazon Dreams. Em contrapartida, a Empresa, como forma de aperfeiçoamento da mão-de-obra, proporciona cursos e palestras com o intuito de beneficiar e aprimorar as técnicas utilizadas para extração. A parceria com a Amazon Dreams, é segundo o presidente da COFRUTA: Uma estratégia de venda para a cooperativa com intuito de atender a encomendas maiores de modo a garantir a continuidade no atendimento das demandas dos clientes e ganhar mais experiência na atuação no setor de exportação, haja vista que o mercado internacional requer maiores atenções no que se refere a qualidade, ao atendimento e ao prazo e a quantidades maiores que as habituais, principalmente se tratando de frutos típicos da região.(informação verbal) Alguns dos benefícios da Amazon Dreams, para com as comunidades, encontra-se na organização das pessoas e planejamento da colheita, bem como a geração de renda e possibilidade em manter suas famílias na própria região, princípio de atuação que a empresa 97 já concretiza por meio da parceria atual com a cooperativa de fruticultores de Abaetetuba, no interior do Pará, parceria esta que beneficia 300 famílias. Para o gestor (CEO) da empresa, A Amazon Dreams propõe um meio de configurar suas atividades com as do povo da floresta, de tal forma que as pessoas envolvidas se comprometam em satisfazer suas necessidades no presente, ao mesmo tempo em que preservam a biodiversidade e os ecossistemas naturais, com planejamento e atitudes responsáveis para a economia e meio ambiente. ( entrevista realizada em 25/05/11) Já para o presidente da COFRUTA: A produção advinda da cultura familiar dos cooperados e associados é um dos elementos que contribuem para a sustentabilidade, pois estes possuem vasta experiência no plantio de frutos comercializados pela COFRUTA , e com o aprimoramento das técnicas utilizadas para extração desses frutos desenvolvidos em contrapartida pela Amazon, acabam também sendo passadas de pais para filhos e consequentemente incorporadas pela cultura local. (informação verbal) Nesse contexto, percebeu-se que a estratégia de sustentabilidade da empresa se apoia na preocupação da participação no desenvolvimento local, garantindo emprego e renda para as famílias que participam da Cooperativa de Fruticultores de Abaetetuba, que são capacitados pela empresa quanto ao manejo correto de extração dos frutos, como o açaí. Para Osterne (2000), a incorporação de princípios da cooperação e o desenvolvimento de mecanismos para sua operacionalização como estimulo ao espírito empreendedor autogestionário, devem assegurar um horizonte econômico que inclua outras variáveis orientadoras da vida em sociedade: a realização pessoal, o lazer, a felicidade e o potencial de inovação e criatividade. Assim, os princípios do cooperativismo procuram estabelecer uma relação horizontal entre o capital e o trabalho, se caracterizando por garantir a participação mais ampla possível da população nos frutos da atividade econômica. Com isso, o cooperativismo, vem se apresentando como um setor econômico, dinâmico e estratégico, capaz de se constituir em um polo gerador de trabalho, emprego e renda, podendo assim contribuir na redução da exclusão social. 98 Para os agricultores que fazem parte da cooperativa como associados, e fazem a extração da matéria-prima para a empresa a contribuição está na capacitação oferecida pela empresa e na garantia de renda para sustentação das famílias envolvidas. Para os entrevistados da comunidade: A contribuição da empresa está em respeitar a cultura da região, já que cada local requer um tipo de desenvolvimento, a empresa primeiro conheceu a realidade local e depois avaliou os riscos e os benefícios para a comunidade, se por traz disso tinha outra intenção, não sei, mas só sei que depois das ações da empresa a vida da comunidade melhorou, pois é com esse dinheiro que muitos sustentam suas famílias.( entrevistado 1, informação verbal) Eu acho que o produto comercializado pela empresa tem um impacto social grande para a nossa comunidade, principalmente porque sabemos que vai pra fora, mas o fato é que nos dependemos dessa venda para indiretamente sobreviver. É o nosso ganha pão. (entrevistado2,informação verbal) Pergunta difícil,(.....) mas eu acho que ganhamos dinheiro com a extração e fazendo de forma correta, já que eles ensinam pra gente como fazer a coleta do fruto.( entrevistado 3, informação verbal) Já faço a coleta e participo da cooperativa como associado a mais de 5 anos, e com essa técnica somente aquela outra empresa é páreo pra Amazon. E quando ela chegou, procurei logo o responsável, pois diziam que pagavam bem.( entrevistado 4, informação verbal) Os entrevistados tiveram diferentes pontos de vista em relação a atuação socioambiental da empresa. Assim os pontos enfocados pelos participantes da pesquisa foram considerados validos, pois consideramos que um não exclui o outro e convergem para a contribuição de garantia de renda para a comunidade beneficiada. 99 5.4- Contexto Internacional 5.4.1- Relação com a Valorização e Comercialização dos Produtos Inovadores Os compostos bioativos, feitos a partir da polpa do açaí e das folhas de ingá e murici, são os únicos com índices superiores a 75% de concentração de polifenóis. A novidade chamou a atenção de grandes laboratórios e indústrias do exterior, dispostos a usar os bioagentes originários da flora brasileira no combate ao envelhecimento precoce da pele, graças aos poderosos antioxidantes; na produção de alimentos funcionais; na substituição de corantes químicos por orgânicos e também na prevenção de doenças cardiovasculares. A produção mensal de 100 quilos de extrato concentrado era toda exportada para a Bélgica e a França, a um preço médio de R$ 1.300 o quilo. Segundo entrevista publicada na revista Época de novembro de 2011, Igor Corrêa, Afirma: Nosso extrato tem uma concentração de oxidantes até 70 mil vezes maior que os comuns, na prática isso significa que uma fabricante de bebidas poderia trocar os litros e litros de polpa por algumas gotas de extrato para obter o mesmo nível de oxidantes. Neste ano , a Amazon Dreams, fez a sua primeira exportação, no valor de 1 milhão, para uma fábrica de bebidas da Coreia do Sul.(Informação verbal). Segundo O CEO da empresa os produtos comercializados no mercado internacional, deu-se devido a empresa ter saído na frente ao patentear um processo que em um período de três a cinco anos tende a ser exclusivo no Brasil e no exterior. Isso dá a empresa uma grande vantagem em termos de margens e diferencial competitivo, além de garantir fôlego para novas pesquisas. Os produtos comercializados internacionalmente são o Clarificado de Açaí, a Polpa de Açaí 12% e a Polpa de Açaí 14%. Extratos Purificados de Açaí, de Ingá e Muruci também apresentam grande potencial comercial internacional, ainda não o são, pois estão em escala piloto de produção. (Informação coleta em 2011). Quanto a valorização dos produtos comercializados pela empresa, pelo mercado internacional, segundo Igor Correa, acontece através da “participação em feiras e eventos que tem alavancado a nossa presença internacional”. 100 O próximo passo, de acordo com o empresário, será produzir em escala industrial compostos 100% puros, voltados para a indústria farmacêutica, e produzidos sob encomenda, a cerca de R$ 15 mil o quilo, o que vem a confirmar os estudos de Oviatt e McDougall (apud Baêta et al,2001)sobre empreendedorismo internacional. Para estes autores, algumas empresas já nascem com a ambição de ser global, pois a empresa já nasce objetivando atender ao mercado externo e com relação ao país no qual se localiza. No entender do empreendedor, um dos principais segredos para a decolagem das empresas consideradas de futuro é não se fechar para o mundo. "É preciso ter uma visão macro, olhar o que acontece no Brasil e no exterior e não apenas enxergar ao seu redor", observa ainda que, para antecipar o futuro, é preciso estar atento ao comportamento das pessoas, prever as suas necessidades e se aprofundar no estudo das tendências mundiais. "Com essas ferramentas e muita pesquisa é possível desenvolver produtos e serviços que sirvam às novas necessidades do mercado". "Mas é essencial não se deixar envolver pela rotina do negócio. É preciso buscar outras inovações para se manter na vanguarda e não ser engolido pela concorrência." Confirmando a literatura, a empresa Amazon Dreams apresenta alguns fatores de sucesso, como uma visão global desde o inicio do projeto, desde de sua criação em 2002, por Herve Rogez, criador do projeto e uma equipe de gestores com formação no exterior; uma rede de relação de negócios internacionais; e a escolha de mercados ou tecnologias proeminentes. 101 6- Apresentação dos Resultados A partir dos dados coletados fez-se a analise dos dados a fim de validar o objetivo central da pesquisa que consiste em identificar os fatores chaves de sucesso de uma estratégia de inovação sustentável, através de seu contexto organizacional, contexto institucional, desenvolvimento local valorização dos produtos. Para efeito de analise apresentaremos as empresas Amazon dreams, como empresa A, a empresa Neoradix, como empresa B e empresa MOP, como empresa C. Dessa forma, buscou-se através das ações desenvolvidas pela empresa A ( Amazon Dreams) fazer uma comparação com as duas outras empresas e posterior analise baseada na literatura pesquisada, no intuito de avaliar o nível de sustentabilidade socioambiental da empresa Amazon Dreams. A seguir são apresentados os resultados obtidos a partir das entrevistas com os sócios das três empresas incubadas pelo PIEBT da UFPA. Os resultados estão divididos conforme os construtos propostos pela matriz conceitual. Cada construto integra os fatores social e ambiental, e simultaneamente o econômico, apesar de não ser o foco da pesquisa, mas por conter dados importantes para a analise da mesma . 6.1- Relação com o contexto organizacional Uma das características principais dos empreendedores é a busca pela inovação e proatividade, cujo resultado é um empreendimento que busca atingir um desenvolvimento sustentável (YOUNG; TILLEY, 2006). Nesse contexto, apresentamos, o quadro abaixo comparando as falas dos entrevistados em relação a visão empreendedora e sua contribuição para o desenvolvimento de estratégias de sustentabilidade socioambiental, a partir da inovação , dentro de um contexto organizacional. 102 Quadro 17 - Relação ao contexto organizacional Essas características Quais as principais características (ou EMPRESA Foi construída uma visão empreendedora sustentável na empresa Quais os pontos fortes e fracos perfil da empresa (relacionados a uma empreendedor) dos análise de ambiente interno) empreendedores que são necessárias para a empresa desenvolver seus atuam na empresa processos voltados a inovação e sustentabilidade sócio-ambiental A ( Amazon Dreams) Sim Pontos fortes: Excelente equipe de pesquisadores Pontos fracos: não avaliou B Sim, através da busca de conhecimento e criação de novas tecnologias para desenvolvimento de protótipos de possíveis serviços/produtos. Pontos Fortes: Cultura do planejamento aplicada e difundida na empresa Expertise tecnológica: alta capacitação técnica/teórica da equipe; Diferencial de inovação e ineditismo dos A alta qualidade de sua equipe já que está embasada na formação específica, na capacitação e nas diferentes frentes de atuação dos membros. Todos atuam em setores específicos da empresa como certificação, pesquisa aplicada, desenvolvimento de processos, marketing, caracterizando as premissas básicas para o desenvolvimento de inovações dentro da empresa e assim ser mais competitiva em relação às demais empresas tanto no âmbito nacional quanto no âmbito internacional. Sim Possuem ótimo Sim, pois como conhecimentos na são veiculados a área técnica de centros de atuação da pesquisa da empresa, foco em UFPA oportunidades e estão sabendo o inovação e que sempre está 103 produtos oferecidos; Residência/parceria atual com incubadora de empresas Modelo de negócios da empresa favorável a ampliação da cadeia de valor e busca de novos mercados; Equipamentos e maquinários novos e eficientes; Flexibilidade dos produtos/serviços oferecidos: adequação à cada cliente; Gestão da inovação presente e difundida no empreendimento. Pontos Fracos: Inexistência de metodologias metrológicas na empresa, bem como ausência de certificações que atestem especificações dos produtos Desconhecimento de indicadores precisos do mercado em que atua (pesquisa de mercado) Inexistência de programas de controle e melhoria da qualidade; Relação com fornecedores não efetivamente definida e implementada; Ações de gestão ambiental incipientes na empresa; Praticas pontuais na variável segurança trabalho; Desconhecimento efetível da atual capacidade de produção e entrega dos produtos. possuem poder de acontecendo de liderança e falta inovação na área conhecimento na em área de empresa atua. administrativa. que a 104 A empresa possui Pontos Fortes: Estar na Incubadora; Localização; Estrutura; Equipe de trabalho; Pontos Fracos: Experiência da equipe; Recursos financeiros Sim colaboradores formados em diversas áreas de conhecimento, artista plástico, administrador, engenheiro e pedagogo e dentre as principais características podemos destacar: Não C Autoconfiança; Automotivação; Criatividade; Capacidade de encontrar soluções viáveis para solução de problemas; Capacidade de criar novos produtos e serviços; Capacidade encontrar de novos caminhos, novos processos; Disposição para assumir riscos. Fonte:Dados coletados pela autora, 2012. Apresentada a proatividade dos entrevistados, observou-se que as empresas A e B procuram construir uma visão empreendedora sustentável na empresa, enquanto a empresa C, ainda está em processo de construção. Para tal questão buscou-se identificar os pontos fortes e fracos relacionados ao ambiente interno da empresa, que contribuem ou não para essa visão empreendedora sustentável. A maioria dos empreendedores entrevistados demonstraram, entre outros, que a formação acadêmica e a capacidade técnica da equipe de trabalho é o ponto forte dentro da 105 perspectiva organizacional. Quanto aos pontos fracos, não foi avaliado pela empresa A, dessa forma não foi possível utilizar os dados fornecidos pelas demais empresas B e C, já que a empresa A foi o caso estudado. Outra questão relevante quanto à formação da visão empreendedora, dentro de um contexto organizacional é o perfil dos empreendedores que atuam na empresa Amazon Dreams e a qualidade de sua equipe , embasada na formação específica, acadêmica e técnica , com foco em oportunidades e inovação e conhecimento na área de administrativa. Ressaltando que essas características são necessárias para a empresa desenvolver seus processos voltados a inovação e sustentabilidade sócio-ambiental. De modo geral Todos os empreendedores entrevistados demonstraram realizarem esforços para que o empreendimento tenha sucesso. Em uma analise de todos os pontos abordados, o entendimento de como a visão da sustentabilidade está presente no perfil dos empreendedores, seja ele através de um contexto ambiental ou organizacional, principalmente em um ambiente de inovação, que é o caso da Incubadora da UFPA, contribui significativamente para a busca do desenvolvimento sustentável. Esta visão amplia o foco do processo de empreender, visto que, além de proporcionar um progresso econômico, também propicia um avanço social e ambiental. Para a empresa estudada estão claramente evidenciados os fatores de sucesso : Visão global desde o início do projeto, onde seu idealizador, prof. Herve Rogez e de seus sócios, já apontam a importância de não se fechar ao mercado internacional, o que confirma os estudos de Oviatt e MacDogall, sobre o empreendedorismo internacional , onde as empresas já nascem com ambição de ser global; Capacitação da gestão: a equipe de gestores da empresa possuem experiência no mercado internacional, como já mostrado no estudo de caso da Amazom Dreams; Decisões estratégicas: a tecnologia diferenciada, através dos produtos açaí, ingá e muruci, desenvolvida pela empresa é totalmente inovadora tanto para os padrões locais , quanto para o internacional; Logo os resultados apresentados, confirmam que os fatores de sucesso que permeiam as estratégias de sustentabilidade socioambiental da empresa estudada, não estão somente na preocupação em comercializar um produto local diferenciado, mas de utilizá-lo como uma estratégia de inovação sustentável, com a preocupação de garantir emprego e renda a uma 106 comunidade numa perspectiva de inclusão social e também de extrair os recursos naturais de maneira sustentável. A incorporação das dimensões da sustentabilidade na ação empreendedora têm mostrado que, gradativamente, são incorporadas neste diálogo novas abordagens que privilegiam não só a dimensão econômica e os interesses financeiros dos empreendedores, mas passam a demonstrar ,também, o interesse nas questões socioambientais, que a cada dia têm ocupado um lugar especial nas discussões que envolvem o tema. Abaixo apresentamos a a partir de um contexto institucional, a contribuição e importância do PIEBT para as estratégias socioambientais e da responsabilidade social empresarial desenvolvidas pelas empresas pesquisadas. 6.2- Relação com o Contexto Institucional Outra questão na atividade empreendedora é o aproveitamento das oportunidades, em relação ao contexto institucional, que envolvem a contribuição da incubadora de base tecnológica da UFPA, através do PIEBT, Governo/Empresa/Universidade, Rede de Cooperação e os Grupos de Interesse. Quadro 18- A Relação com o contexto institucional EMPRESA Qual a importância do PIEBT para a empresa Rede de cooperação que apoie as ações de sua empresa Grupos de interesse que têm relação com a empresa e que são considerados importantes na implementação de sua política de gestão sócio ambiental A Tem sido inestimável a importância do PIEBT na estrutura de incubação, indicação de prêmios e editais, selo de qualidade ao conceito do nosso Plano de Negócio etc. PIEBT, FORUM AMAZÔNIA SUSTENTÁVEL; INSTITUTO INOVAÇÃO; COFRUTA BNDES,CRIATEC, BANCO DO NORDESTE; INSEED investimentos e sócios investidores B Oferece apoio jurídico, contábil, administrativo, mas considera a incubadora, no que tange a pesquisa e desenvolvimento de produtos inovadores, com uma atuação discreta PIEBT, SEBRAE PIEBT,SEBRAE,UFRA C Suporte, disponibilizar espaço e credibilidade para as novas empresas. PIEBT, Banco Amazônia. da Banco da Amazônia, Cooperativas de Catadores de materiais reutilizáveis e empresas de logística reversa. Fonte: dados coletados pela autora, 201 Na visão da empresa A, o PIEBT, contribui não só com a estrutura de incubação, mas com a indicação de vários prêmios já conquistado pela empresa, e na indicação de editais que 107 dão possibilidade para as empresas buscarem apoio financeiro, e ainda nas certificações de qualidade que colocam a empresa estar sempre atenta às oportunidades, não somente que vão gerar retorno financeiro, mas também retorno social e ambiental. As empresas, B e C, consideram o PIEBT importante prioritariamente, por oferecer suporte ao espaço físico, e aos demais processos básicos de incubação, anteriormente citado, Para a empresa B, o programa precisaria investir mais em pesquisa e desenvolvimento de produtos inovadores. Enquanto que a empresa C, ressalta a importância quanto a credibilidade que o programa representa para as novas empresas. A criação de um empreendimento sustentável passa por uma rede de contatos sustentável. Neste sentido, o empreendedor sustentável deve ser um mediador entre a sua rede de influências. O surgimento desta rede de contatos surge ao longo do tempo, com o contato com as diversas partes envolvidas no negócio e a execução de atividades sustentáveis. Esta busca por contatos com todas as partes envolvidas no negócio é identificada nas entrevistas com os empreendedores. A empresa A comenta que busca criar parcerias com outras instituições para trabalharem juntos, com o apoio do PIEBT a principio, mas hoje já conseguiram conquistar autonomia neste sentido, tanto das parcerias como em relação aos grupos de interesse que contribuem na gestão econômica,social e ambiental. Neste sentido se direciona o discurso do empreendedor da Amazon Dreams. Para as empresas B e C, a rede de cooperação inicialmente fomentada pelo PIEBT, está em processo de construção, assim como o grupo de interesse envolvido, mas ressaltam que são estimulados pela coordenação do programa a não se fecharem a possíveis sócios investidores. De um modo geral, percebeu-se que a empresa A, por ter um tempo maior de atuação no processo de incubação e no mercado, já consegue aproveitar as oportunidades oferecido pelo programa e já construiu uma rede de cooperação que apoia de maneira efetiva as ações da empresa, e também conseguiu implementar em sua política de gestão socioambiental grupos de interesse que contribuem para o crescimento da empresa. As empresas B e C, como dados de comparação, de modo geral estão em processo de construção em relação a rede de cooperação e de grupos de interesse, também devido , possivelmente, ao pouco tempo de incubação. 108 6.3- Relação com Desenvolvimento Local A contribuição ao desenvolvimento local é outro fator que remete a atuação da empresa, quanto as estratégias socioambientais e responsabilidade social empresarial desenvolvidas pelas empresas pesquisadas. Porter e Kramer(2009) colocam a responsabilidade social numa visão utilitarista na medida onde, por eles, a prosperidade da empresa depende do progresso social. Para os autores, as empresas bem sucedidas precisam de sociedades saudáveis. Educação, assistência médica e igualdade de oportunidades são fundamentais para o desenvolvimento de força produtiva. 109 Quadro 19- A relação com o desenvolvimento Local Empresa A importância para a empresa, de se utilizar produtos inovadores como estratégia de sustentabilidade socioambiental Estratégias social ambientais utilizadas pela empresa A responsabilidade social empresarial é praticada pela empresa A Desenvolver na Amazônia produtos de alto valor de mercado mediante o uso de frutas regionais e técnicas altamente sofisticadas as quais agregam valor ao produto final. Desse modo, a empresa torna-se uma instituição que se caracteriza como uma ponte de agregação de valor tanto aos frutos como a comunidade local ao disponibilizar conhecimento e assim, desenvolver a região onde estas se encontram de modo a propiciar um real desenvolvimento regional endógeno. Social: Emprego e renda para 300 famílias, que seguem as normas de cultivo sustentável; Diferenciar-se no mercado de produtos que não prezam pela sustentabilidade. No momento a empresa não está adotando nenhuma estratégia para as questões sociais e ambientais. A Amazon Dreams realiza junto às Cooperativas Agrícolas, fornecedoras de suas matérias primas, uma política de apoio financeiro através de reestruturação de suas plantas fabris e/ou no treinamento do seu quadro de funcionários com relação às Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC). A empresa também está atenta às legislações e critérios de certificação pertinentes às suas atividades, buscando atualmente diversas certificações que possibilitem a comercialização e exportação de seus produtos. E ainda o fato da empresa ter excelente governança como uma Sociedade Anônima. É praticada através da contribuição para o desenvolvimento econômico, simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados, da comunidade local e da sociedade como um todo B C Se destacar desenvolvimento de tecnologia para solucionar problemas existentes nos grandes centros urbanos, quanto a destinação de seus resíduos sólidos. Fonte: Dados coletados pela autora, 2012 Ambiental: matéria prima , frutas e folhas, são extraídas sem a necessidade de derrubar árvores e incentivando a preservação do meio ambiente. Social: cooperativas de catadores de material reutilizável como fornecedor de matéria prima. Ambiental: a empresa obtém sua matéria prima a partir da reutilização dos resíduos sólidos. A empresa possui projetos voltados para a questão social, que serão colocados em prática a partir das etapas futuras. Atualmente a empresa encontra-se na etapa de pesquisa e desenvolvimento de produtos. 110 Outra forma de atender em âmbito social e ambiental e a busca por estratégias que atendam organização dentro de uma perspectiva de sustentabilidade socioambiental, e para tal é necessário desenvolver uma gestão que contemple também a dimensão social e ambiental, que contribua com o desenvolvimento local . Na empresa A, percebeu-se que esta questão é tratada como uma estratégia socioambiental, o que é facilmente percebida pela fala do gestor e pela prática da empresa, que desenvolve ações visando emprego e renda em comunidades de um município da região, através do beneficiamento de produtos sustentáveis e do fomento ao desenvolvimento local, assim como a empresa C, em uma dimensão menor, e focada em cooperativas de catadores de material reutilizável . Já a visão da empresa B, a estratégia está voltada para o mercado, na sua dimensão econômica, a contribuição para o desenvolvimento local está relacionada ao econômico, simultaneamente, mas é na qualidade de vida de seus empregados, que no momento está a sua maior contribuição, considerando esse um primeiro passo para o desenvolvimento da comunidade local e da sociedade como um todo. Quanto a importância de se utilizar produtos inovadores como estratégia de sustentabilidade socioambiental. Para a empresa A, está em agregar valor tanto aos frutos como a comunidade local ao disponibilizar conhecimento desenvolvendo a região onde estas se encontram de modo a propiciar um real desenvolvimento regional , assim como para a empresa C, que mostra que a importância está em desenvolver estratégias que busquem soluções para a questão dos resíduos sólidos existentes nos grandes centros urbanos. Para a empresa B, a importância de sustentabilidade socioambiental, ainda não é vista como uma estratégia. Para a responsabilidade social empresarial praticada, a empresa A mostra que a partir das estratégias de sustentabilidade socioambientais adotadas pela empresa ,existe ainda o trabalho desenvolvido com seus colaboradores na utilização de boas práticas de trabalho e na análise de perigos e pontos críticos de controle . Atentado ainda para às legislações e critérios de certificação pertinentes às suas atividades. Para as empresas B e C, apesar de saberem da importância da responsabilidade social empresarial, ainda não praticam. Em uma analise mais ampla, destaca-se o fato que nas empresas estudadas a visão estratégica dos empreendedores apresenta uma preocupação ambiental e social, mas a visão econômica impulsiona as ações, já que este elemento é que permite a sobrevivência da empresa, e, no caso de esforços em criar valor ambiental ou social, a empresa A já atende a 111 esse requisito. Em complemento, os entrevistados destacam o fato de que a criação de valor econômico acaba gerando, também, valor ambiental e social por estarem interligados. E ainda, percebeu-se que formulação das estratégias da empresas B e C ocorre de maneira deliberada, pouco formalizada e centrada na percepção do empreendedor, predominando, assim, as visões do empreendedor na visão estratégica da empresa como um todo. 6.4- Relação com a Valorização e comercialização dos produtos inovadores no mercado internacional Na concepção de Young e Tilley (2006), empreendedores sustentáveis investem em um empreendimento visualizando o retorno que será obtido no futuro. Este retorno pode ser financeiro, social ou ecológico. Desta forma, no momento de fazer investimentos em produtos ou processos inovadores, as empresas agem de maneira distinta. A empresa A , por ter um produto com alta potencialidade de comercialização no mercado internacional , com apelo ambiental e social, consegue não só comercializar, mas ter seus produtos valorizados através da participação em feiras e eventos internacionais, como uma primeira etapa ao desenvolvimento internacional, mas que tem alavancado a presença da empresa e de seus produtos em âmbito internacional. Que confirma dentro de um processo empreendedor o Network, com a participação em feiras internacionais com o apoio do PIEBT , alavancando a formação de uma rede de relação de negócios internacionais. Já as empresas B e C, ainda não atuam no mercado internacional, mas consideram a possibilidade como importante já que comercializam produtos e serviços com potencial tecnológico. Nas empresas analisadas, observou-se que o investimento por parte da empresa estudada, a empresa A, se dá a priori visando um retorno financeiro, mas sem perder o foco na sustentabilidade socioambiental, até mesmo pela natureza de seus produtos comercializados internacionalmente. Por outro lado os demais empreendedores destacaram a possibilidade de realizar investimentos pensando no mercado internacional, futuramente. 112 Quadro 20- Valorização e Comercialização de produtos inovadores no mercado internacional EMPRESA Comercializam produtos no mercado internacional Sim A B C Não Não, essas são etapas futuras. Como se dá a valorização dos produtos comercializados pela empresa, pelo mercado internacional A produção mensal de 100 quilos de extrato concentrado é toda exportada para a Bélgica e a França, e Coreia do Sul Não se aplica Não se aplica Quais as ameaças e oportunidades que apareceram na comercialização dos produtos. No momento não se aplica, pois seguimos a legislação pertinentes a comercialização de produtos no comércio exterior. Oportunidade está no produto com alta potencialidade de mercado. No entanto, mapeamos constantemente o ambiente externo. Não se aplica Não se aplica Fonte: Dados coletados pela autora, 2012 Observou-se ainda, que a atuação da empresa A no mercado internacional, se deu a partir do processo de internacionalização, que apoia-se no conceito de born global, iniciando as suas atividades internacionais desde de sua criação, pelo Belga Hervé Rogez e pela formação e visão global de seus empreendedores que através de um processo tecnológico de um produto único, extratos e clarificados de açaí, ingá e murucí, encontraram uma nova forma de realizar negócios com a valorização dos recursos naturais. Que para Mcdougall; Oviatt, (2003) mostra que este é uma combinação entre inovação, pro atividade e correr riscos, e esses riscos ultrapassam as fronteiras dos países e destinam-se a gerar valor nas organizações. Já em relação a estratégia internacional e o modo de entrada no mercado internacional utilizado pela empresa A, observou-se que a exportação tanto do clarificado como o mais recente o extrato de açaí para a Coreia do Sul, atendeu a uma das características de exportação, abordada por Hitt et al (2002), com relação ao custo elevado do produto que não seria viável a comercialização no mercado local ou nacional, justificando a necessidade de nascer global. Confirmando assim o conceito aplicável do born global , pois a empresa (A) não segue o gradualismo da estratégia de países, ou seja, não começou com os países mais próximos em nível cultural e geográfico (distância psíquica). Ficando claro que as oportunidades de 113 negócios a partir da participação em feiras e eventos internacionais acabaram impulsionando o negocio e o interesse de países como a Coreia do Sul. Assim, de fato, a empresa que decidi competir internacionalmente, precisa selecionar sua estratégia e escolher um modo de entrada em mercados internacionais (HITT et al, 2002). 6.5- Confirmação das Hipóteses No quadro 21, abaixo, apresentamos a novamente as hipóteses e de forma pontual, as suas confirmações: Quadro 21: Confirmação das Hipóteses H1-A Visão e a cultura organizacional dos empreendedores influenciam na adoção de uma estratégia de responsabilidade socioambiental da Confirmada empresa; H2-A relação entre o local e o global, através do processo de internacionalização da empresa pode favorecer o desenvolvimento local através da Confirmada valorização em nível internacional dos produtos locais; H3-A importância da Incubadora sobre as empresas incubadas está fundamentada em uma Confirmada rede de cooperação; H4-A estratégia de sustentabilidade da empresa se apoia na preocupação da participação no Parcialmente Confirmada desenvolvimento local. Não ficou claro o impacto da ação social da empresa estudada, sobre a renda das famílias beneficiadas pela empresa e se de fato é um fator gerador de emprego e renda; Não ficou claro se a preocupação de sustentabilidade ambiental da empresa, de fato contribui para o desenvolvimento local. Fonte: elaborado pela autora 114 7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE ESTUDOS FUTUROS 7.1. Conclusões: Nas empresas pesquisadas e na empresa estuda, pertencentes a Incubadora de Base Tecnológica da Universidade Federal do Pará observou-se que a dimensão econômica é uma condição indispensável para a sustentabilidade socioambiental. A sustentabilidade socioambiental ampara-se: A preocupação socioambiental é uma necessidade; É um dos pré-requisitos para ingressar na incubadora; A contribuição da incubadora, via PIEBT, está na importância de ser o referencial para as empresas incubadas conseguirem financiamentos; A dimensão socioambiental é uma chance de valorizar os recursos naturais e garantir uma vantagem competitiva, inclusive em nível internacional. E ainda, as constatações empíricas mostram que na formação da visão empreendedora dos entrevistados são levadas em conta as dimensões da sustentabilidade econômica, social e ambiental. Contudo, a Empresa Amazon Dreams no desempenho das atividades empreendedoras, demonstrou foco na dimensão da sustentabilidade socioambiental e não somente na econômica, dado que, esta é a dimensão que garante a sustentação do empreendimento, o que pôde-se constatar no relato dos entrevistados pertencentes a comunidade e que são beneficiados diretamente pela empresa. Desta forma, a sustentabilidade econômica é a dimensão norteadora do processo de empreender das empresas pesquisadas, mas não impedi de atuarem efetivamente nas dimensões socioambientais, ao contrário, a preocupação socioambiental podem fortalecer uma vantagem competitiva e reforçar a imagem da empresa através de uma ação responsável na Amazônia. E em algumas questões a sustentabilidade social apresenta um grau de importância mais elevado, principalmente quanto a questões de impacto do produto ou serviço prestado perante a sociedade. Assim, a sustentabilidade ambiental está mais presente na empresa Amazon Dreams e pouco presente no contexto das demais empresas, motivado, principalmente, por estarem limitadas à sustentabilidade econômica. Em relação a existência de ações empreendedoras direcionadas para as dimensões sociais ou ambientais, estas se configuram econômico ao manter uma rede de contato e se relacionar com stakholders, como em processo de osmose, entre os valores dos dirigentes ( 115 que podem evoluir em função do contexto) e as expectativas dos grupos de interesses ( clientes, fornecedores, organismos financeiros). Desta forma, conclui-se que a sustentabilidade na sua totalidade faz parte da visão empreendedora da empresa Amazon Dreams, pesquisada e utilizada como estudo de caso, dado que a visão social e ambiental, faz parte dos valores dos diferentes atores, sendo assim uma pré-condição para valorizar com sucesso os produtos naturais da região norte em nível internacional. O estudo limitou-se à análise das empresas pertencentes a Incubadora de Base Tecnológica da Universidade Federal do Pará, através do PIEBT , vindo ao encontro das limitações apresentadas por Yin (2001), que é o fato do estudo de caso fornecer pequena base para generalizações científicas, por isto, torna-se sem significado qualquer tentativa de generalização para populações. No entanto, em nenhum momento esgota-se a possibilidade de que somente estas sejam as respostas para a problemática desta pesquisa. Outras variáveis poderão, certamente, ser encontradas no desenvolvimento deste estudo, possibilitando, assim, outras pesquisas neste mesmo enfoque. A visualização mais ampla do processo de empreender pode estimular a geração de empreendimentos mais sustentáveis e prover diversas oportunidades de pesquisa neste campo. 7.2. Sugestões de Estudos Futuros Como a pesquisa não é conclusiva, recomenda-se estudos futuros em duas dimensões: Na primeira dimensão, relacionada diretamente com o refinamento da presente pesquisa, aumentando o tamanho da amostra de empresas pesquisadas, em processo de incubação e daquelas que já passaram pelo processo, no sentido de investigar se conseguem dar continuidade de suas estratégias de sustentabilidade socioambientais, após saírem do programa de incubação. A segunda dimensão da pesquisa teria o papel de estabelecer de relações causais entre a sustentabilidade socioambiental da incubadora e a compreensão das empresas de base tecnológica, a partir desse foco, se as práticas socioambientais vem da cultura organizacional 116 ou das pressões institucionais ou seja das pressões dos clientes, dos organismos financeiros, e da relação com a incubadora. Assim, na primeira dimensão, os próximos estudos deverão envolver uma amostra maior no número de empresas incubadas e compará-las com as empresas graduadas que continuam no mercado e utilizam a inovação como estratégias de sustentabilidade socioambiental, objetivando verificar se as empresas após saírem do programa conseguem manter a sustentabilidade socioambiental a partir de estratégias de inovação sustentável. Já a segunda dimensão da pesquisa, originada a partir do estudo proposto, relaciona-se à determinação da associação existente entre a sustentabilidade organizacional das incubadoras de base tecnológica e a formação de empresas, desta natureza, competitivas e saudáveis e com sustentabilidade socioambiental. Estudos nesta dimensão teriam a capacidade de distinguir o compromisso das incubadoras na formação das empresas, e na capacidade do empreendedor em absorver e por em prática através de estratégias sustentáveis. Assim, neste contexto, dois fatores limitantes desta linha de pesquisa deverão atingir melhores resultados. Para o primeiro deles, a relação entre as incubadas e as incubadoras, com distintos estágios de sustentação organizacional. O segundo fator refere-se ao processo de incubação, desde a pré-incubação, graduação, inserção no mercado e sobrevivência. Então, se faz necessário a criação de claros e objetivos indicadores de desempenho, adequados para as empresas investigadas, a partir das hipóteses confirmadas por esta pesquisa . Logo, o tema em discussão torna-se muito interessante porque revela para o pesquisador o perfil dos empreendedores das empresas que estão ou já passaram pelo PIEBT. A importância no presente estudo é manifestada, pois, ao entender o movimento da incubadora da UFPA, através do PIEBT na questão socioambiental, é possível inferir sobre as contribuições do mesmo para as empresas residentes, e além disso, para o desenvolvimento de empresas de base tecnológica saudáveis e competitivas, e que possam atuar em um processo de desenvolvimento regional . 117 8- Referências bibliográficas ABRANTES, J.S. Bio( Sócio) diversidade e Empreendedorismo Ambiental na Amazônia: Rio de Janeiro. Garamond.2002. ALTENFELDER, Ruy. Desenvolvimento Sustentável. Gazeta Mercantil. 06 de maio de 2004, A3. AMATO NETO, J. Redes de cooperação produtiva: antecedentes, panorama atual e contribuições para uma política industrial. Tese (Livre Docência) – Departamento de Engenharia de Produção – Universidade de São Paulo. São Paulo, 1999. ANPROTEC.disponível:<http://www.anprotec.org.br/publicacaoconhecas2.php?idpublicacao . Acessado em 20 março. 2010. AMAZONDREAMS.Belém.Disponível:<HTTP\\:WWW.amazondreams.com.br/sustentabilid ade. Acessado em: 10 de jun. 2011. BAÊTA, Adelaide M. C.; BORGES-JR, Cândido; TREMBLAY, Diane-Gabrielle. Empreendedorismo internacional: o desafio das incubadoras de empresas de base tecnológica,2001. BARBIERI, J. C. Organizações inovadoras sustentáveis. In: BARBIERI, J. C; SIMANTOB, M. Organizações inovadoras sustentáveis: uma reflexão sobre o futuro das organizações. São Paulo, Atlas, 2007. BARBOZA, S. (2000). Incubación de empresas de base tecnológica, la experiencia de Costa Rica. Ponencias del Congreso Latino Americano Sobre Espirito Empresarial, 12. Costa Rica: PYME. BATALHA, M. O.; SILVA, A. L. Gerenciamento de sistemas agro-industriais: definições e correntes metodológicas. In: BATALHA, M. O. et al. (Org.) Gestão Agroindustrial. São Paulo: Atlas, 2001. 2a ed.V.1. BECKER, B. K.;P. LÉNA.Pequenos Empreendimentos Alternativos na Amazônia. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro/Rede de Sistemas Produtivos e Inovativos Locais. 2002. 118 BIDONE, E.D; CASTILHOS Z.C; AZEVEDO J. Avaliação Socioeconômica dos Impactos Ambientais em Estruturas do Tipo Pressão – Condicionamento – Impactos - Respostas (PCIR). 2004. BRAUN, R. Novos Paradigmas Ambientais: Desenvolvimento ao Ponto Sustentável. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 2005. BUARQUE, S. C. Construindo o Desenvolvimento Local Sustentável. Metodologia de Planejamento. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Ed. Garamond, 2004. CANDIDO, D.A.DIAS.S.T.A. A Organização das micros e Pequenas Empresas: O que revelam os estudos brasileiros.Relatório de pesquisa, CNPQ/UFPA/PIBIC, João Pessoa, Ed. Universitária, 2001. CAMARGO, A. L. B. Desenvolvimento sustentável: dimensões e desafios. Campinas: Papirus, 2003. CMMAD - COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE EDESENVOLVIMENTO. Nosso Futuro Comum, 2ª Edição - Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1991. CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. CHENG, L.C., DRUMOND, P, MATTOS, P.O Planejamento Tecnológico de uma Empresa de BaseTecnológica de Origem acadêmica: Revelando Passos Necessários na Etapa de Pré-incubação. Anais doALTEC. Salvador – BA Outubro de 2005. CORMAN, J.; PERLES, B.; VANCINI, P.Motivational Factors Influencing HightechnologyEntrepreneurship.Journal of Small Business Management , p.36-42. January,1988. COSTA, Eliezer Arantes da. Gestão estratégica. São Paulo : 4ª tiragem. Saraiva, 2005. DALMORO, Marlon. Empreendedorismo internacional: convergência entre o processo de internacionalização da empresa e a atividade empreendedora. Facef Pesquisa, v.11, n.1, p. 59 – 71, 2008. 119 DIMAGGIO, P. J.; POWELL, W. W. The iron cage revisited: institutional isomorphism and collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, v. 48, p. 147-160, 1983. DOLABELA, F. - Oficina do empreendedor. São Paulo: Cultura.1999. DORNELAS, José C. A. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2003. DORNELAS, J. C. (2002). Planejando incubadoras de empresas: como desenvolver um plano de negócios para incubadoras. Rio de Janeiro: Campus. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2001._______, José Carlos Assis. Empreendedorismo corporativo: como ser empreendedor, inovar e sediferenciar em organizações estabelecidas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. ETZKOWITZ, H. Hélice Tríplice: Universidade-Indústria-Governo. Higher Education, Brighton, 2002. ENRIQUEZ. G. V. A trajetória de tecnologia dos produtos naturais biotecnológicos derivadosna Amazônia. Belém, PA: UFPA/NUMA, 2001. 168 p. ENRIQUEZ, G.; COSTA, J. G. C. Sistemas Locais de Inovação Tecnológica, Incubadoras de Empresas e Desenvolvimento da Indústria no Pará. Revista Saber, Belém, PA, v. 3, p. 103-120, jan/dez. 2001. Edição Especial. ÉPOCA, n. 11,nov. 2011. Disponível em: <www.epoca.com.br>. Acesso em: 14 nov. 2012. FERRAZ, João Carlos; KUPFER, David; HAGUENAUER, Lia. Made in Brazil: Desafios Competitivos para a Indústria. Rio de Janeiro: Campus, 1995. FREY, R. Scott. O Meio Ambiente e Sociedade Leitor. Boston: Allyn e Bacon.2001. 120 FONTES, M., & COOMBS, R. (2001). Contribution of new technology-based firms to the strengthening of technological capabilities in intermediate economies. Research Policy, 30(1), 79-97. FILION, Louis J. Empreendedorismo: empreendedores e proprietários-gerentes de pequenos negócios. Revista de Administração – FEA/USP, São Paulo, v. 34, n. 2, p. 5-28, abr./jun. 1999. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São paulo: Ed. Atlas, 2007. GILBERT, B. Produtos industrializáveis da biodiversidade Amazônica. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PARQUES TECNOLÓGICOS E INCUBADORAS DE EMPRESAS, 10., 2000, Belém, PA: [Anais...], Belém, PA: Anprotec, 2000. p. 225-234. GRACIOSO, F. Grandes sucessos da pequena empresa: histórias reais. Brasília, DF: Sebrae, 1995. GOMES, Romeo. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis-RJ: Vozes, 1994, pp. 9-29. HACKETT, S. M., & Dilts, D. M. (2004). A systematic review of business incubation research. The Journal of Technology Transfer, 29(1), 55-82. HANNON, P. D., & CHAPLIN, P. (2003). Are incubators good for business? Understanding incubation practice – the challenges for policy. Environment and Planning C: Government and Policy, 21(6), 861-881. HISRICH, Robert. D.; PETERS, Micheal. P. Empreendedorismo. 5.ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. HITT, Michael A., IRELAND, R. Duane, HOSKISSON, Robert E. Administração Estratégica. Thomson Learning, 2002. 121 HILAL,A; HEMAIS Carlos A..O Processo de Internacionalização na Ótica da Escola Nórdica: Evidências Empíricas em Empresas Brasileiras. RAC, v. 7, n. 1, Jan./Mar. 2003: 109-124 INSTITUTO ETHOS. Conferência Nacional 2004. São Paulo, 2004. ISAAK, Robert. Green logic: ecopreneurship, theory and ethics, Sheffield: Greenleaf, 1998. JARILO, J. C. Strategic Networks: Creating the Borderless Organization. Oxford: Butterworth Heinemann,1998. LAS CASAS, A. Plano de marketing para micro e pequenas empresas. São Paulo: Atlas, 2001. LAHORGUE, M.A. Gestão da propriedade intelectual em incubadoras de empresas. REPICT.2007. Workshop da Propriedade Intelectual da Anprotec 2. Rio de Janeiro: Rede de Tecnologia do RJ, INPI; Brasília: Anprotec, 2004 (c). pp 303-314 LEONE N. M., As especificações das pequenas e médias empresas. Revista de Administração, São Paulo, 2004. LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MACEDO, K. B. Empresa familiar brasileira: cultura, poder e decisão. Goiânia: Editora Terra – Universidade Católica de Goiás, 2001. MARGOLIN, Victor. O design e a situação mundial. Arcos – design, cultura material e visualidade, v. 1. Rio de Janeiro: UERJ/ESDI, 1998. Disponível em: III CONVIBRA – 24 a 26 de novembro de 2006 http://www.esdi.uerj.br/arcos/imagens/artigo_victor(40a49).pdf >. Acesso em 14 abr 2010. 122 MARTINEZ Barea, J. (2003). El proceso de creación de EIBTs: ciclo vital e apoyos AL desarrollo y crecimiento. In K. S. (Coord), La creación de empresas de base tecnológica: una experiência prática (pp. 61-66). Madrid: ANCES. MALHOTRA, Naresh. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de marketing. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001. MCDOUGALL, P. P., Oviatt, B. M., & Shrader, R. C. (2003). A comparison of international and domestic new ventures. Journal of International Entrepreneurship, 1, 5882. MEDEIROS, G. Incubadoras tecnológicas – guia do empreendedorismo. São Paulo: Sebrae,1993. MELO NETO, Francisco Paulo de e FROES, César. Gestão da Responsabilidade Social Corporativa: o caso brasileiro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis-RJ: Vozes, 1994, pp. 9-29. MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce; LAMPEL, Joseph. Safári de Estratégias: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2009. MIZIARA, G. N.; CARVALHO, M. M. Eficácia em Incubadoras de Empresas Tecnológicas. XI SIMPEP, Bauru, 2004. MODESTO Júnior& MOISÉS de Souza A incubação de empresas como processo de transferência de tecnologias / Moisés de Souza Modesto Júnior. – Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2006. 123 OLIVEIRA, Francisco de. Aproximações ao Enigma: que quer dizer desenvolvimento local? In Caccia-Bava, Silvio; Paulics, Veronika; Sink, Peter (orgs.). Novos Contornos da Gestão Local: conceitos em construção. São Paulo: Polis, Programa de Gestão Pública e Cidadania/FGV-EAESP, 2002. O'GRADY, S.; LANE, H. The psychic distance paradox. Journal of International Business Studies, v. 27, n. 2, p. 309-317, 1996. Osterne,F. A Crise Financeira e o Agronegócio”. Artigo publicado na Revistado UNIPÊ, ano XII, Nº 2, 2000 OVIATT, B. M., & MCDOUGALL, P. P. (1995). Global start-ups: entrepreneurs on a worldwide stage. Academy of Management Executive, 9 (2), 30-43 PHILIPPI, Luiz Sérgio. A Construção do Desenvolvimento Sustentável. In.: LEITE, Ana Lúcia Tostes de Aquino; MININNI-MEDINA, Naná. Educação Ambiental (Curso básico à distância) Questões Ambientais – Conceitos, História, Problemas e Alternativa. 2. Ed, v.5. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2001. PHILLIPS, R. G. (2002). Technology business incubators: how effective as technology transfermechanisms? Technology in Society, 24(3), 299–316. PORTER, Michael E; KRAMER. Estratégias e Sociedade: o vínculo entre vantagem competitiva e responsabilidade social das empresas. In: Competição - edição revista e ampliada. Rio de Janeiro. Elsevier. 2009, p: 349-374. YIN, Robert. Estudo de caso: planejamento e métodos.2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. YOUNG, Willian; TILLEY, Fiona. Can businesses move beyond efficiency? The shift toward effectiveness and equity in the corporate sustainability debate. Business Strategy and the Environment, n. 15, v. 6, p. 402-415,2006. 124 ROBBINS, S. P. Comportamento Organizacional. 9.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. RODRIGUES, A.M. Cluster e competitividade: um estudo da concentração de micro e pequenas empresas no município de Marília/SP. Tese (Doutorado) – Departamento de Engenharia Mecânica – Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo. São Carlos, 2006. ROPELATO. M; FRONZA.F; et Al : Como é tratado o conceito de born global na literatura nacional da área de administração?,2009. Disponível? em Acesso em 20/02/2012 SAVITZ A. W. .A Empresa sustentável, Editora Campus, Elsevier, Rio de Janeiro,2007. SILVA, C. L. (org). Desenvolvimento sustentável: um modelo analítico integrado e adaptativo.Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. p.123-134. SILVA, C. L. Desenvolvimento Sustentável. Um conceito Multidisciplinar. IN: SILVA, C.L.; MENDES,J. T. G. (Orgs). Reflexões sobre desenvolvimento sustentável. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.p.11-40. SOUZA, Eda Castro Lucas de; GUIMARÃES, Tomás de Aquino (orgs). Empreendedorismo além do plano de negócio. São Paulo : Atlas, 2005. SCHLINDWEIN, Claiton. Empreendedores, o desafio do negócio próprio: uma análise da criação de micro e pequenas empresas. Florianópolis, 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004. SANTOS, G.A.G.; DINIZ, E.J.; BARBOZA, E.K. Arranjos Produtivos Locais e desenvolvimento. Versão Preliminar. Seminário de APL e Instrumentos de Desenvolvimento. Rio de Janeiro: BNDES, 27-28 out. 2004. Disponível em: <http://<www.bndes.gov.br/conhecimentos/publicações/catalogo/s.apl.asp>. Acesso em: 10 nov. 2004. SANTOS, Silvio Aparecido dos (Coord.). Criação de empresas de alta tecnologia. São Paulo: Pioneira, 1987. 125 SOETANTO, D., & Van Geenhuizen, M. (2007). Technology incubators and knowledge networks: a rough set approach in comparative project analysis. Environment and Planning B: Planning and Design,34(6), 1011-1029. SOUZA, Maria Carolina de A. F. de; AZEVEDO, Alexandra de; OLIVEIRA, Luiz José Rodrigues de; BALDEÓN, Nguyen Tufino. Incubadora Tecnológica de Cooperativas – ITCP x Incubadora de Empresa de Base Tecnológica – IEBT – Diferenças e semelhanças no processo de Incubação. Revista Iberoamericana de Ciência, Tecnologia e Sociedad e Innovación. Madri, Espanha: OEI, nº 6/ Mayo - Agosto de 2003. Disponível em: <www.campus-oei.org/revistactsi/numero6/articulo01.htm-61k>. Acesso em: 12/06/2010. SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro : Editora Fundo de Cultura, 1961. TIDD, Joe, BESSANT, John, PAVITT, Keith Gestão da Inovação. 3ªEdição. Porto Alegre: Bookman, 2008. TORNATZKY, L. G., FLEISCHER, M. The Processes of Technological Innovation. USA, Lexington Books, 1990. TRIVIÑOS, Augusto. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. URIARTE, Luiz Ricardo. Identificação do perfil intraempreendedor. Florianópolis, 2000. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis, 2000. VASCONCELOS, M.C.R.L.; FERREIRA, M.A.T. O processo de aprendizagem e a gestão do conhecimento em empresas mineiras de vanguarda. In: Encontro Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração, Anais, 26, 2002, Salvador.www.inova.ufmg.br VAZQUEZ-BARQUERO, Antonio. Desarrollo Endógeno. In: VAZQUEZ-BARQUERO, Antonio. Endogenous Development: networking, innovation, institutions and cities. Routledge: Londres, 2002. 126 9. Apêndice –A Questionário com questões fechadas e abertas: Pesquisa sobre Inovação como Estratégia de Sustentabilidade Socioambiental em Empresas Incubadas pelo Programa de Incubação de Empresas de Base Tecnológica PIEBT da Universidade Federal do Pará – UFPA A pesquisa em pauta tem caráter científico e as informações obtidas pelo questionário serão utilizadas para estudo da amostra, de forma que a identidade da empresa não será revelada, caso a empresa assim prefira. O estudante/pesquisador se compromete em fornecer ao entrevistado o resultado individual da empresa ora pesquisada. A identidade da empresa pode ser revelada? ( ) Sim ( ) Não Empresa: 1. Identificação 1.2 Razão Social ou Nome Fantasia: 1.2 Tipo: ( ) Tradicional ( ) Base Tecnológica ( ) Mista 1.3 Responsável: ______________________________________ 1.4 Cargo Função:___________________________________ 1.5 Formação Acadêmica do responsável:_________________ 1.6 Nº de funcionários: _____________________ 1.7 Endereço completo:________________________________________________ 1.8 E-mail da empresa:_______________________________________________ 2-Quanto a contribuição da Incubadora de Base Tecnológica da UFPA 127 2.1. Considerando o tipo ou natureza da incubação, como o Sr.(Sra.) poderia classificar a incubadora, no que tange a pesquisa e desenvolvimento de produtos inovadores? ( ) Excelente (grandes investimentos em P&D, incubação de empresas que promove novos hábitos de consumo, abre nichos de mercadológicos e fortalecem segmentos industriais ou de serviços locais). ( ) Considerável (investimentos em P&D conforme demandas, incubação de empresas que promove razoável hábitos de consumo, abre nichos de mercadológicos e fortalecem segmentos industriais ou de serviços locais). ( ) Discreto (investimentos em P&D, incipiente, conforme demandas, incubação de empresas que promove discretos hábitos de consumo, eventual nichos de mercadológicos e discreto segmentos industriais ou de serviços locais). 2.4. Como o (a) sr.(a) avalia a capacitação da incubadora para abrangência da inovação do(s) produto(s)/processo(s) da empresas? ( ) Baixa ( ) média ( ) Alta ( ) Depende. Justifique. 2.5. Qual o nível de influência da incubadora no desenvolvimento ou implantação de uma inovação nas empresas de base tecnológica? ( ) Baixa ( ) média ( ) Alta ( ) Depende. Justifique. 2.6. Tendo parceiros, qual o nível do envolvido no desenvolvimento e/ou implantação de produtos/serviços, quanto a: Universidade: ( ) Baixa ( ) média ( ) Alta ( ) Depende. Justifique. Empresas de consultoria: ( ) Baixa ( ) média ( ) Alta ( ) Depende. Justifique. Outras empresas. Cite____________________ Qual o grau de relação com o parceiro citado acima? ( ) Baixo( ) Médio ( ) Alto 128 2.7. O empresário de empresas incubadas no afã de obter resultados imediatos, às vezes, não percebe que o uso de tecnologia é um fator determinante para prosperidade do negócio. A partir desta afirmação, como o Sr. (a) poderia classificar o poder de persuasão da incubadora sobre o tema? ( ) Excelente ( ) Considerável ( ) Discreto 2.8. Qual o peso da experiência profissional dos colaboradores da incubadora para formação e sucesso das empresas incubadas? ( ) Alta ( ) Média ( ) Baixa 2.9. A melhor relação entre experiência profissional e capacitação técnica dos colaboradores tem influência positiva na formação da empresa incubada. Em sua opinião, qual o nível atingido pelas empresas com as boas práticas usadas? ( ) Excelente ( ) Considerável ( ) Discreto 2.10 . Qual o potencial que a incubadora possui para trabalhar com empresas com distintas propostas de produtos e serviços? ( ) Excelente ( ) Considerável ( ) Discreto 3. Inovação e sustentabilidade socioambiental 3.1 Em sua opinião, qual o papel da incubadora no fortalecimento do arranjo produtivo local ? ( ) Excelente ( ) Considerável ( ) Discreto 3.2. A potencialização do arranjo produtivo local está em função do bom desempenho das empresas. Como o Sr. (a) vê está afirmação para construção de redes de APL’S fortes? ( ) Excelente ( ) Considerável ( ) Discreto 3.3-Como o Sr.(a) qualifica a intervenção da incubadora para sustentabilidade socioambiental do empreendimento? ( ) Excelente ( ) Considerável ( ) Discreto 129 3.4.Como o Sr.(a) qualifica a intervenção da incubadora para a Responsabilidade Social do empreendimento? ( ) Excelente ( ) Considerável ( ) Discreto 4- Serviços prestados pelo PIEBT 4.1. O Sr.(a) poderia atribuir o nível de satisfação da empresa incubada por todos os serviços prestados pela incubadora? ( ) Excelente ( ) Considerável ( ) Discreto 4.2. O Sr.(a) poderia atribuir o nível de satisfação da empresa incubada com os serviços de assessoria e/ou consultoria prestados pela incubadora? ( ) Excelente ( ) Considerável ( ) Discreto 5-Questões abertas para os responsáveis e/ou empresários das empresas em processo de incubação. Questão 1- A gestão socioambiental 1.1- Quais estratégias são utilizadas pela empresa para sustentabilidade do negócio nas dimensões sociais e ambientais? 1.2- Qual a importância para a empresa, de se utilizar produtos inovadores como estratégia de sustentabilidade socioambiental? 1.3- A responsabilidade social empresarial é praticada pela empresa? De que forma ? 1.4- Foi construída uma visão empreendedora sustentável na empresa e como é aplicado? 1.5- Quais os pontos fortes e fracos da empresa? (relacionados a uma análise de ambiente interno) 1.6- Quais as principais características (ou perfil empreendedor) dos empreendedores que atuam na empresa ? 1.7- Essas características são necessárias para a empresa desenvolver seus processos voltados a inovação e sustentabilidade sócio-ambiental? Questão 2: Valorização e comercialização dos produtos inovadores 130 2.1- Comercializam produtos no mercado internacional? Quais? 2.2- Como se dá a valorização dos produtos comercializados pela empresa, pelo mercado internacional? 2.3- Quais as ameaças e oportunidades que apareceram na comercialização dos produtos ?( ex: concorrência, legislação...)? Questão 3 : Em relação ao contexto ambiental ( Incubadora) 3.1- Qual a importância do PIEBT para a empresa? 3.2- Existe uma rede de cooperação (governo, instituições financiadoras e universidade) que apóie as ações de sua empresa? Quais? 3.3- Quais os grupos de interesse (sócios, instituições financiadoras, etc) que têm relação com sua empresa e que são considerados importantes na implementação de sua política de gestão sócio ambiental? 131 10-Apêndice B Roteiro de entrevistas semi-estruturadas: Questão 1: baseada na H1- A gestão socioambiental é fundamental para a estratégia da empresa. 1.1- Qual a visão e missão da empresa? 1.2- Como foi construída a formação da visão empreendedora sustentável aplicado na empresa? 1.3- Quais os pontos fortes e fracos da empresa? (relacionados a uma análise de ambiente interno) 1.4- Qual a cultura empresarial implementada na empresa? 1.5- Quais as principais características (ou perfil empreendedor) dos empreendedores que atuam na empresa ? 1.6- Essas características são específicas ou necessárias para a empresa desenvolver seus processos voltados a inovação e sustentabilidade sócio-ambiental? Questão 2: Valorização dos produtos, via internacionalização H2 2.1-- Como se dá a valorização dos recursos naturais comercializados pela empresa, pelo mercado internacional? 2.2- Quais as ameaças e oportunidades que apareceram na comercialização dos produtos ?( ex: concorrência, legislação...)? Questão 3 : Em relação ao contexto ambiental ( Incubadora), a partir da H3 3.1- Qual a importância do PIEBT para a empresa? 3.2- Como vocês avaliam a contribuição do PIEBT em relação a inserção da empresa no mercado? 132 3.2- Existe uma rede de cooperação (governo, instituições financiadoras e universidade) que apóie as ações das incubadas? 3.3- Quais os grupos de interesse que têm relação com sua empresa e que são considerados importantes na implementação de sua política de gestão sócio ambiental? Questão 4: baseada na H4- A estratégia de sustentabilidade da empresa se apóia na preocupação da participação no desenvolvimento local. 4.1- Qual a contribuição da empresa ao desenvolvimento local? 4.2- Qual a importância para a empresa, de se utilizar a sustentabilidade socioambiental como estratégia? 4.3- Quais estratégias são utilizadas pela empresa para sustentabilidade do negócio nas dimensões econômicas, sociais e ambientais? 4.4- A responsabilidade social empresarial é praticada de que forma pela empresa? 4.5- Quais são os atores (instituições) que estão envolvidos na sua política de desenvolvimento local? 4.6- Quais os fatores chaves de sucesso de sua política local de desenvolvimento sustentável?