# 164 ano XL JANEIRO/FEVEREIRO 2013
Gestos essenciais
As ações que possibilitam às empresas da
Organização Odebrecht exercerem seu papel social
II
informa
informa
1
www.odebrechtonline.co
Edição online
>Grupo angolano reúne
depoimentos para
compor arquivo e realizar documentário sobre
a independência do país.
Acervo online
# 164 ano XL JANEIRO/FEVEREIRO 2013
>A partir de experimentos
interativos, museu em
Camaçari (BA) ensina
ciências a crianças e
adolescentes.
>Concurso premia
escolas autoras de
projetos de sustentabilidade e promove
educação ambiental.
> Doação de sangue e
capacitação profissional
mobilizam integrantes
das obras do Píer IV e
seus familiares.
GESTOS ESSENCIAIS
As ações que possibilitam às empresas da
Organização Odebrecht exercerem seu papel social
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Odebrecht Informa,
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>Relatórios Anuais da
Odebrecht desde 2002.
>Publicações especiais
(Edição Especial
sobre Ações Sociais,
60 anos da Organização
Odebrecht, 40 anos da
Fundação Odebrecht e
10 anos da Odeprev).
2
informa
m.br
> Edição de Odebrecht Informa na internet.
> Reportagens, artigos, vídeos, fotos, animações e infográficos.
Videorreportagem
> Apoio a pequenos negócios e combate
à malária fazem parte de ações
que estão contribuindo para o
desenvolvimento de comunidades
na Guiné.
> Princípios do cooperativismo
aplicados à reciclagem de plástico
resultam na qualificação de
trabalhadores e na geração de renda.
> No Valongo, região de comunidades
carentes em Santos (SP), o futebol
é instrumento de inclusão social
para jovens.
Blog
> Produção de própolis
vermelha, produto
brasileiro sem similar
no mundo, dinamiza
economia de municípios
de Alagoas.
>Palestrante do Fronteiras
do Pensamento 2012, o
escritor moçambicano
Mia Couto fala sobre a
importância da África
para o Brasil.
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> Reciclar é viver
Apoiando projetos de reciclagem, a
Braskem gera oportunidades de trabalho
e renda nos estados de São Paulo,
Alagoas, Bahia e Rio Grande do Sul.
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informa
3
Capa: Lauren Pereira,
da Odebrecht, com crianças e
jovens da vila de Tamiandou, na
região de Kissidougou, na Guiné.
Foto de Guilherme Afonso.
4
#164
8
Nascido nas obras da Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia,
o Programa Acreditar consolida-se em âmbito internacional
12
Nas concessionárias de rodovias, os caminhos também são feitos
de investimento na educação básica, na formação de jovens
profissionais e no suporte a pequenos empresários
18
Panamá: a história de uma parceria pela saúde que vem dando
frutos altamente positivos dentro e fora dos canteiros de obra
21
Gente: Rafael Tamashiro, Minerva Gómez e Thamara
Wanderley e sua ajuda para melhorar realidades coletivas
no Peru, no Panamá e no Brasil
22
Arena Fonte Nova proporciona oportunidade de reinserção
social a egressos do sistema carcerário
26
Na reforma do Maracanã, no Rio de Janeiro, algumas importantes
vitórias estão sendo comemoradas, entre elas, a alfabetização
de integrantes
30
Em São Lourenço da Mata, em Pernambuco, o Programa
Arena Educar oferece aulas de informática a jovens e adultos
33
Programa desenvolvido em Santa Catarina, no Espírito Santo,
na Bahia e em Tocantins evidencia a importância do papel
social dos agentes de saúde
36
Entrevista: Francisco Martins e as histórias, os aprendizados e
os atuais desafios de uma pessoa cuja maior paixão é ajudar
pessoas a crescer
40
Teatro, dança, música, conferências: as diversas
(e qualificadas) faces da contribuição da Braskem à cultura
46
Apoio a pequenos negócios, inclusão digital e combate à malária
levam novas expectativas de crescimento a comunidades da Guiné
50
O futebol garante alegria, ocupação e, sobretudo, perspectivas
para crianças e jovens do Valongo, em Santos (SP)
52
Consórcio responsável pela construção da Refinaria Abreu e Lima,
em Suape, ajuda a deixar ainda mais animado o Carnaval de Olinda
54
Transnordestina abre seus canteiros para que a comunidade
conheça, em detalhes, como a ferrovia está sendo construída
informa
ações sociais
56
Das obras do Trensurb, na região metropolitana de
Porto Alegre, um relato sobre a alegria e o orgulho
de aprender a ler e a escrever
59
Trabalho de reciclagem em quatro estados brasileiros,
focado no pós-consumo do plástico, mostra uma forma
de superar um grande desafio ambiental
62
Comunidade: em Rondônia, uma iniciativa de qualificação
profissional que se tornou, mais que um instrumento
empresarial, um sólido elo social
64
Angola: em Huambo e Cambambe, iniciativas contribuem
para a promoção da cidadania, da saúde, da educação e
da qualificação profissional
68
Do Projeto Vias Estruturantes, em Luanda, vem a
confirmação do quanto é positivo o envolvimento
das famílias na realidade de uma obra
70
Orquestra formada por jovens faz turnê que inclui
o canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Teles Pires
72
Em Portugal, na região das obras do Aproveitamento
Hidrelétrico do Baixo Sabor, um exemplo de valorização e
preservação do patrimônio imaterial
76
Perfil: Cláudio Castro e a atuação cotidiana com um tipo
de trabalhador que ele conheceu e aprendeu a admirar
ainda na infância
78
A inspiradora transformação na vida de um grupo de
mulheres que se tornou possível graças à persistência de
uma pioneira
80
Argumento: Ana Cristina Barros e a necessidade da
participação da empresa no aprimoramento das condições
de vida das comunidades nas quais está inserida
82
Baixo Sul da Bahia: a colocação em prática do princípio
de que todos podem contribuir para o equilíbrio do meio
em que vivem
No mapa, estão indicados,
em bege, os países e os
estados brasileiros onde
são realizados os
projetos e programas
retratados nesta edição de
Odebrecht Informa e onde
vivem e trabalham as
pessoas que protagonizam
as reportagens
informa
55
6
informa
EDITORIAL
N
“O espírito de
servir, quando
vivenciado da
forma como
deve ser, ou seja,
aperfeiçoado e
aprofundado de
maneira contínua,
leva ao desejo e
à necessidade de
fazer cada vez
mais e melhor”
Iniciativas
que fazem
diferença
a Guiné, Madeleine Kondiano sabe que o sonho de
mandar seus seis meninos para a faculdade está
mais próximo da realização. Orlando Quintero agora
tem melhores condições de levar adiante sua luta
contra a aids no Panamá. Geraldo Simme, Roberto Silveira
e Gabriel Garcia experimentam um novo momento em sua
vida por causa das perspectivas abertas por seu trabalho
com reciclagam, no Rio Grande do Sul, mesmo estado onde
Francisco Alves e Claudino Guareski descobrem o fascinante mundo da palavra escrita. Em Portugal, a arqueóloga Rita
Gaspar celebra as circunstâncias que lhe possibilitam oferecer, com seu trabalho, resultados mais alentadores à comunidade, e, em Angola, Conceição Jamba pode, enfim, como
ela mesma diz, ir aonde quiser, porque conseguiu tirar seu
Bilhete de Identidade.
Esses são alguns dos casos – emocionantes, exemplares e
inspiradores – que você encontrará nas páginas desta edição
de Odebrecht Informa, dedicada às ações sociais realizadas
com a participação das empresas da Organização no contexto
de sua atuação no Brasil e no mundo. São iniciativas voltadas ao aprimoramento das condições de saúde e educação,
à qualificação profissional, à geração de trabalho e renda, ao
resgate da cidadania e a outras frentes de decisiva importância para que as pessoas vivam melhor.
Alicerçadas com firmeza e entusiasmo nos princípios da
Tecnologia Empresarial Odebrecht, as equipes da Organização buscam oferecer contribuições que façam a diferença. O
espírito de servir, quando vivenciado da forma como deve ser,
ou seja, aperfeiçoado e aprofundado de maneira contínua,
leva ao desejo e à necessidade de fazer cada vez mais e melhor. Um exercício que evidencia o quanto de relevância social
uma empresa pode e deve ter.
Boa leitura.
crer
É ver para
Experiências internacionais
do Programa Acreditar
confirmam sua capacidade
de adaptação às mais
diversas e desafiadoras
realidades
texto Fabiana Cabral (coordenação e Moçambique), Cláudio Lovato Filho (Panamá), Elea Almeida (Guiné),
Júlio César Soares (Argentina) e Luciana Lana (Angola)
O
Departamento de Malargüe, na Pro-
Claudio Alejandro Flores, 36 anos, trabalhava
víncia de Mendoza, na Argentina, des-
como pedreiro. Sem especialização, inscreveu-se
toa da fama de produtora de vinhos
no Creer para o curso de eletricista. “É bom ter um
da capital provincial. Batata, cebola e
ofício e conhecer todas as etapas de uma obra”,
alho são os principais produtos da re-
diz. Após a conclusão do curso, Claudio abriu uma
gião. Outro ponto forte da economia é a mineração.
pequena empresa de construção. A ex-costureira
No departamento, a Odebrecht e Techint constroem
Orfilia Roca, 47 anos, formou-se técnica em eletri-
para a Vale a mina de potássio de Rio Colorado, com
cidade no programa para dar exemplo aos filhos.
capacidade de produção de 2,9 milhões de t/ano. A
“Nunca tive condições de terminar os estudos, e
chegada da mina e o aquecimento da economia ge-
essa sempre foi uma pendência”, conta. Dois filhos
raram crescimento a Malargüe e a outros seis de-
já concluíram o módulo básico do Creer.
partamentos mendocinos. A consequência disso foi
o aumento da demanda por trabalhadores capacitados. Nesse cenário, nasceu a primeira edição do
Programa de Qualificação Profissional Continuada Acreditar (Creer) em terras argentinas.
8
8
informa
Segundo Jorge Alfredo De Angeli, coordenador do
programa na obra do Rio Colorado desde o início do Cre-
baixo índice de escolaridade e a diferença no grau
de instrução entre os trabalhadores.
er em Mendoza, em dezembro de 2011, mais de 2.800
“A partir da experiência brasileira, foi desenvolvida
pessoas inscreveram-se, 775 concluíram os módulos
uma dinâmica educativa adaptada para e pelo povo
básico e técnico, e 85 ingressaram nas obras da mina
angolano”, explica Adriana Correia Bezerra, respon-
de potássio. Marina Gonzalez Ugarte, responsável pelo
sável pelo programa. No primeiro ano, mais de 3.200
programa na Odebrecht Argentina, afirma: “É preciso
pessoas se inscreveram e 1.200 foram certificadas (e,
pensar no desenvolvimento local com inclusão social”.
em algumas categorias, o aproveitamento dos forma-
Do Brasil para o mundo
de 2.900 formados e 6.200 inscritos. Outras empresas
Criado pela Odebrecht em 2008, em Porto Velho,
passaram a contratar profissionais qualificados pelo
o Acreditar foi concebido para capacitar trabalhado-
programa, que também está possibilitando a crescen-
res locais para as obras da Usina Hidrelétrica Santo
te inserção de mulheres no mercado de trabalho.
Antônio. Após quatro anos, a iniciativa é realizada em
As mulheres também são destaque no programa em
10 estados brasileiros. Mais de 117 mil pessoas foram
Moçambique, onde a Odebrecht desenvolve os projetos
inscritas, 53.300 qualificadas e 34.500 contratadas.
de construção do Aeroporto Internacional de Nacala e
Atualmente, 10 países, além do Brasil, desenvolvem o
a expansão do Projeto Carvão Moatize: 20% dos partici-
programa (Angola, Argentina, Cuba, Colômbia, Guiné,
pantes são do sexo feminino.
Libéria, Moçambique, Peru, Panamá e Venezuela) e
Em um país no qual 48% dos adultos não sabem
somam 36.900 inscrições, 18.200 pessoas capacita-
ler nem escrever, Nacala apresenta um índice ainda
das e 7.600 admitidas.
mais alarmante: 81% das mulheres são analfabetas.
Em 2009, o programa chegou a Angola e adap-
O Acreditar Alfabetização foi concebido em agosto de
tou-se à realidade de um país em crescimento
2012 para proporcionar formação aos educadores da
acelerado. O passo inicial foi diagnosticar as de-
região, por meio de uma metodologia que valoriza a
mandas nos diversos contratos. O estudo revelou
leitura e a escrita. Em três meses, 45 alfabetizadores
o que viria a constituir um dos grandes desafios: o
foram certificados.
Geraldo Pestalozzi
dos pela Odebrecht foi de quase 100%). Hoje, são mais
Jennifer Bartley e
Mauricio Castillo, na
Cidade do Panamá:
qualificação
profissional, com
benefícios para o
indivíduo e para a
coletividade
informa
9
Já os jovens moçambicanos (de 13 a 18 anos) têm
1.244 pessoas. Implantado também em Moatize, em ju-
oportunidade de iniciar a carreira, por meio do Acre-
lho de 2012, com parceria da Vale, o programa formou
ditar Aprendiz, iniciado em Nacala em abril de 2012 e
578 pessoas nas funções de carpinteiro, pedreiro e ope-
destinado a familiares de integrantes. “Consideramos
rador de escavadeira.
os adolescentes como protagonistas da mudança so-
A exemplo de Angola e Moçambique, na Guiné
cial”, salienta Adriana Brito, Responsável por Progra-
o Acreditar também passou por adaptações. A pri-
mas Sociais da Odebrecht em Moçambique. Em sete
meira foi o nome, Programme Espoir, pois o país
meses, dos 56 jovens formados, 65% apresentaram
tem o francês como idioma oficial. Segundo Lauren
evolução no desempenho escolar, e mais de 90% re-
Pereira, Coordenadora de Relações Institucionais
velaram mudanças positivas de comportamento. Com
e Comunitárias e de Programas Sociais, o Espoir é
novos conhecimentos, os aprendizes criaram a Asso-
destinado aos moradores já contratados pela empre-
ciação de Jovens Protagonistas (AJP), que realiza mu-
sa, da região de Kissidougou, cidade sede do projeto
tirões de limpeza e arrecadação de roupas e apoia a
rodoviário Simandou. No módulo básico, acompa-
venda de quadros feitos com materiais reciclados. So-
nhado pelo módulo técnico todos recebem informa-
fia Saide, 17 anos, é coordenadora da AJP. “Ser prota-
ções sobre saúde, meio ambiente e comportamento,
gonista é ser o primeiro a desempenhar um papel e
abordadas de maneira que os integrantes possam
unir forças para buscar soluções.”
levá-las aos familiares e vizinhos. “Ao influenciar os
realizado em Nacala desde janeiro de 2012 e já formou
Programa Creer na
Argentina: o professor
Miguel Arturo Conesa
(à direita) com os
alunos Ramón Chaile
(ao centro) e Walter
Javier Molina. Na
página ao lado,
formandos do
Acreditar em
Moçambique:
desenvolvimento
com inclusão social
10
informa
trabalhadores, transmitimos conhecimento a pessoas de fora da empresa”, diz Lauren.
Holanda Cavalcanti
O Acreditar Qualificação Profissional, por sua vez, é
Arquivo Odebrecht
Um grupo de 16 integrantes participa do piloto do pro-
diz Jennifer. “Mas eu gosto de construir e transformar
grama e outros 72 já foram capacitados para a manuten-
coisas.” Após trabalhar em salão de beleza e com car-
ção de equipamentos no canteiro. “O Espoir foi muito bem
pintaria, ela participou do módulo básico do Creer em
recebido pelo cliente, a Rio Tinto, que tem um plano de 50
outubro de 2011. Começou no projeto Cinta Costera III
anos no país”, comenta Raimundo Filho, Coordenador de
como ajudante geral, buscou novos desafios, tornou-se
Treinamento de Equipamentos.
almoxarife e hoje é apontadora na equipe de Pessoas.
O instrutor Souleymane Doumbouya foi identificado
“Quero aprender a ler plantas de projeto. Na Odebrecht
entre os mecânicos contratados. Fluente em francês,
o aprendizado nunca para.” Mauricio Castillo foi dono
inglês e idiomas locais, sua fama de bom professor
de barbearia, fez serviços eventuais de solda e vendeu
espalhou-se pela comunidade, e ele passou a oferecer
lanches. Participou do módulo básico do programa, foi
aulas gratuitas em sua própria casa. “Por saberem que
ajudante geral e depois passou a soldador, sua função
a Odebrecht está aqui formando pessoas, os jovens es-
atual. “Quero estudar engenharia”, revela.
tão se esforçando mais nos estudos para melhorar de
O Programa Creer começou nas obras da Cinta Coste-
vida e crescer”, conta. “Queremos capacitar guineenses
ra III em outubro de 2011. Os dois primeiros grupos eram
para trabalhar em outras empresas ou até começarem
compostos de 500 trabalhadores, todos do Chorrillo, uma
o próprio negócio”, reforça Daniel Fernandes, Gerente
região que apresentava um longo e grave histórico de vio-
de Construção do projeto.
lência. “Foram certificadas 440 pessoas, e mais da metade foi contratada para trabalhar na obra”, informa Arturo
Mais trabalho, menos violência
Graell, Gerente Administrativo e Financeiro.
De volta ao continente americano: no Panamá, Jenni-
Os participantes têm entre 18 e 60 anos, e 30% de-
fer Bartley, 30 anos, e Mauricio Castillo Harding, 45 anos,
les são mulheres. A Cinta Costera é o primeiro projeto
aproveitaram as chances proporcionadas pelo Creer.
da empresa no país a realizar o Creer. Os benefícios do
Eles nasceram e vivem no Chorrillo, comunidade caren-
programa para a comunidade vão além da geração de
te da Cidade do Panamá, onde a Odebrecht executa a
oportunidades de trabalho e renda. “A violência caiu. O
terceira etapa do projeto Cinta Costera.
Creer está ajudando a comunidade do Chorrilo a elevar
“Minha mãe dizia que obra é coisa para homem”,
sua autoestima”, assegura Arturo.
informa
11
12
12
informa
avançar
vamos
juntos!
Concessionárias desenvolvem programas sociais
em diversas frentes – da saúde à inclusão digital,
da capacitação de empresários à promoção da
cidadania –, em quatro estados brasileiros
texto Eduardo Souza Lima fotos Élvio Luiz, Fernando Vivas e Rogério Reis
C
oncessão é via de mão dupla. O conceito, que norteia e deu
nome ao programa de qualificação profissional adotado
nas concessionárias Bahia Norte e Litoral Norte, também
orienta iniciativas em outras concessionárias da Odebrecht
TransPort, como o Via Escola, da Rota dos Coqueiros, em
Pernambuco, o Rota da Educação, o Caia na Rede e o Ação Contra Dengue, da Rota das Bandeiras, em São Paulo, e o Aprendiz SuperVia, no Rio
de Janeiro.
O programa Mão Dupla está capacitando 400 micro e pequenos empresários baianos estabelecidos ao longo das rodovias BA-093 e BA-099,
o Via Escola tem como meta beneficiar cerca de 4.800 estudantes pernambucanos, e o Aprendiz SuperVia é a oportunidade da primeira experiência profissional para 160 jovens cariocas. Motivos de esperança de
um futuro digno e realizador.
Mariana Lopes: “Aqui
estou aprendendo a
me soltar”
“Minha vizinha foi convidada, mas não quis participar. Hoje, eu acho
que ela se arrepende”, conta Marcos Santana, que herdou do pai o pequeno restaurante Mário do Mocotó, na Vila de Abrantes, Distrito de Camaçari. O estabelecimento comercial de propriedade de Marcos fica às
margens da BA-099, mais conhecida como Estrada do Coco. Realização
do Consórcio OAS-Odebrecht, das concessionárias Bahia Norte e Litoral
Norte e do Sebrae, o Mão Dupla começou a ser implantado em janeiro de
2011 pelo Instituto de Pesquisa e Tecnologia Gerencial Aplicada (IPGA),
com o apoio do Instituto Invepar. O programa abrange os municípios
de Lauro de Freitas, Camaçari, Simões Filho, Dias D’Ávila, Mata de São
João, Ipojuca, Entre Rios, Esplanada, Conde e Jandaira.
O primeiro desafio foi ganhar a confiança do empresário de beira de
estrada. “Percebemos que eles estavam ressabiados. É um trabalho
novo, ninguém nunca tinha se interessado por eles, que temiam perder
informa
13
os seus negócios”, explica Wellington Ribeiro, gestor
ção e tirou seu CNPJ. A iniciativa já rende dividendos:
do projeto pelo IGPA. “A gente atende desde a pessoa
“Às vezes perdia cliente porque não tinha nota fiscal”,
que vende milho na rua até o dono de borracharia. Não
relata. Dona Aquelina Moreira, que tem um pequeno
é um trabalho fácil atrair esses empreendedores para
ateliê perto do restaurante, agora pode pegar enco-
a sala de aula. Eles pensam que se fecharem o negócio
menda grande, pois comprou uma máquina de costura
para estudar, por menos tempo que seja, irão perder
industrial e tirou alvará: “Estou fazendo o fardamento
dinheiro. Mas quando passam a confiar, nos tornamos
de uma empresa”.
parte da família”, diz a supervisora do IGPA, Arlete Cruz.
Em Simões Filho, o faturamento da Livraria e Pape-
Os pequenos empreendedores foram capacitados
laria Livro da Vida, administrada por Maria Aparecida
por agentes do Sebrae em cursos nos quais obtêm
Ribas, quase duplicou, graças a medidas simples: “Eu
noções de manuseio de alimentos, gestão financeira,
enfrentava dificuldade para vender, pois tinha bastante
marketing pessoal, educação ambiental, entre outros
mercadoria, mas não havia uma vitrine para expor os
temas. “A ideia não é apenas qualificá-los profissional-
produtos. Meus clientes eram só os vizinhos. Agora, às
mente, é também promover o resgate da cidadania e
vezes, alguém passa de carro, vê os artigos na vitrine
o aumento da autoestima”, afirma Wellington Ribeiro.
e entra para comprar”. Outro aprendizado valioso: con-
Além dos cursos, os empresários recebem visitas
trolar custos e estipular uma retirada mensal. “Aprendi
mensais de orientadores do Sebrae, são incentivados
também a comprar, vender, cuidar do estoque. Muitas
a legalizar seus negócios e têm direito a recorrer a um
vezes eu ia fazer compras e não tinha noção do que
fundo de apoio para qualificar e expandir seu empreen-
estava faltando na loja. Passei a botar custos no preço
dimento. “Percebemos que existia um entrave ao cres-
final. Eu não levava em conta o que gastava com gaso-
cimento desses empreendimentos causado por limita-
lina, com almoço... E confundia o faturamento da loja
ção material. É difícil falar sobre como atender bem o
com o orçamento doméstico. Antes, minha filha me
cliente se, muitas vezes, faltam condições estruturais,
pedia R$ 10 e eu não anotava. Hoje, tenho controle”,
como mesas, cadeiras, prateleiras e freezer”, enfatiza
detalha Maria Aparecida.
Leana Mattei, coordenadora de Desenvolvimento Socioambiental da Concessionária Bahia Norte.
Com recursos do Fundo de Apoio do Projeto, Mar-
Combate à dengue, educação
no trânsito e inclusão digital
cos Santana não só comprou mais um freezer para o
A Concessionária Rota das Bandeiras, que adminis-
seu estabelecimento, como aprendeu direitinho a li-
tra rodovias do Corredor Dom Pedro, implantou três
Marcos Santana:
perda de clientes
por não ter nota
fiscal
14
informa
Aquelina Moreira:
“Antes eu só vendia
para os vizinhos”
projetos sociais para atender a 17 municípios paulistas.
O Caia na Rede, por sua vez, é dirigido a pessoas de
O Ação Contra Dengue está levando a peça de teatro
todas as idades e será implantado em 17 municípios.
“Os Meninos Perdidos contra o Capitão Dengue e seus
A meta é criar, em cinco anos, 150 salas de aula ao
Mosquitos” a escolas de Campinas, Paulínia, Atibaia,
longo do Corredor Dom Pedro. “Trata-se de um pro-
Cosmópolis, Mogi Guaçu e Louveira. Mais de 1.200
jeto de inclusão digital que tem o objetivo de oferecer
alunos já assistiram ao espetáculo. “Constatamos que
às comunidades acesso a informação, conhecimento
seis cidades do Corredor Dom Pedro estavam com
e relacionamento. As prefeituras fornecem as insta-
epidemias de dengue. Então, produzimos a peça e a
lações onde vão funcionar as salas, nós arcamos com
apresentamos nas escolas localizadas nos bairros com
os custos das reformas e com o equipamento”, detalha
maior incidência da doença, de acordo com a Secreta-
Adherbal. O Caia na Rede é composto de cursos bási-
ria Municipal de Saúde. A ideia é ensinar, de maneira
cos de 20 horas, nos quais os alunos recebem noções
lúdica, a prevenir e combater a dengue”, explica Adher-
de informática. Atualmente, as atividades ocorrem em
bal Vieira da Silva, gestor de Responsabilidade Social
10 salas, em três cidades, beneficiando 280 alunos.
da Rota das Bandeiras.
Estudantes do Ensino Fundamental da rede mu-
Ajudando passageiros
nicipal também são o público-alvo do Rota da Edu-
Já o Aprendiz SuperVia é um projeto voltado para a
cação, um programa de educação no trânsito que
própria empresa: faz parte do programa de melhorias
possibilita o aprendizado de conceitos de mobilidade,
que a concessionária vem implantando no transporte
cidadania e meio ambiente. O programa é desenvol-
sobre trilhos no Rio de Janeiro. “O foco é o atendimen-
vido em 22 escolas de sete cidades: Conchal, Igara-
to ao público, a meta é servir melhor nosso cliente”,
tá, Jarinu, Bom Jesus dos Perdões, Artur Noguei-
explica a Responsável por Pessoas e Organização Ro-
ra, Mogi Guaçu e Itatiba. “Oferecemos treinamento
berta Tanajura. Foram selecionados 160 jovens, de 18
aos professores do 1º ao 5º ano. O objetivo é que as
a 22 anos, muitos deles filhos de integrantes da em-
crianças transmitam os conhecimentos à família e
presa. Sua tarefa é tirar dúvidas e ajudar passageiros
aos amigos”, explica Adherbal.
com deficiências a se locomoverem.
informa
15
“A ideia nasceu de uma visita minha à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, em São Pau-
noções sobre sistemas ferroviários.
lo, que tem um projeto semelhante. Nossos jovens
Aquilo que aprenderam em sala de aula estão levan-
aprendizes recebem uma bolsa que vai além do que
do para a vida. “Sou muito tímida. Vim para cá também
estipula a Lei do Aprendiz. Eles têm direito a previ-
com o intuito de me soltar, de perder a timidez. Outra
dência privada, assistência médica e a todos os direi-
coisa que aprendi foi a ter mais paciência e a controlar
tos trabalhistas. E recebemos muitos elogios ao tra-
o estresse”, conta Mariana Lopes, 19 anos, moradora
balho deles via SAC”, diz, orgulhosa, a Responsável
do Morro da Providência, que pretende cursar Arquivo-
Comercial, Sonia Antunes, idealizadora do programa.
logia ou Serviço Social. A oportunidade de trabalho na
Os trens da SuperVia transportam, em média, 540
SuperVia, sua primeira experiência com carteira assi-
mil passageiros por dia útil. São 270 km de trilhos
nada, possibilitou ainda que Mariana pudesse continuar
que atravessam o Rio de Janeiro e mais 11 municí-
a fazer o curso pré-vestibular: “Transferi o meu curso
pios da região metropolitana (Duque de Caxias, Nova
para o turno da manhã. É tranquilo, são seis horas de
Iguaçu, Nilópolis, Mesquita, Queimados, São João
trabalho”, diz.
de Meriti, Belford Roxo, Japeri, Magé, Paracambi e
Guapimirim).
16
de cidadania, atendimento ao público, português e
Morador do Engenho Novo, Lucas Silva Carvalho,
18 anos, tinha completado o Ensino Médio e procura-
Mais de 2 mil currículos foram recebidos duran-
va a primeira oportunidade de trabalho antes de fazer
te o processo de seleção de aprendizes. Os jovens,
faculdade. Como quer cursar Publicidade, já vislum-
cuja maioria mora nas proximidades das estações
bra seu futuro dentro da própria empresa: “Soube
da ferrovia, foram recrutados e treinados por duas
que a SuperVia pensa em aproveitar os aprendizes
semanas pela Fundação Mudes, onde tiveram aulas
em outras funções depois do fim do nosso contrato.
informa
formação de alunos leitores e produtores de texto ainda nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Para
isso, o Via Escola oferece formação continuada para
397 educadores, entre professores, supervisores, diretores e membros das equipes técnicas das secretarias
de Educação dos três municípios participantes. “Nossas
ações sociais, em geral, eram pontuais e atendiam a
determinadas comunidades por um tempo específico.
“Antes, era ler por
ler. Hoje, existe o
prazer da leitura.
O aluno já conhece
nome de autor,
tem mais cuidado
com o livro”
Estávamos justamente procurando um programa mais
duradouro, que pudesse ser adotado por todas as concessionárias. O Via Escola marca o início dessa nova
política. Elegemos a educação básica, pois o início da alfabetização é um momento crucial na educação de uma
criança. A ideia é replicar o programa em todas as nossas concessionárias e disponibilizar a experiência para
outras empresas”, explica Renato Mello, diretor regional
Norte/Nordeste/Centro-Oeste da Odebrecht TransPort.
“Estou na rede municipal há 17 anos e hoje vejo um
programa que me deixou feliz e empolgada. Esse foco na
formação era tudo de que precisávamos. Ainda estamos
no começo, mas hoje a biblioteca não fica mais fechada”, comemora Arleide Santana Vieira, supervisora pe-
Vilma Guedes
dagógica do Ensino Fundamental 1 da Escola Municipal
José Rodovalho, de Jaboatão dos Guararapes. “Antes,
era ler por ler. Hoje, existe o prazer da leitura. O aluno já
conhece nome de autor, tem mais cuidado com o livro”,
Quem sabe não me encaixo no programa de marke-
acrescenta Vilma Guedes, professora dos anos iniciais
ting ou comunicação?”
do Ensino Fundamental I da Escola Municipal Maria Ma-
Educação de qualidade
dalena Tabosa, de Cabo de São Agostinho.
“O projeto atinge as equipes técnicas e indiretamen-
“Grande parte dos integrantes da concessionária
te alcança toda a rede, mas o sonho é atingir todas as
mora nas comunidades vizinhas, e alguns têm filhos que
escolas. Queremos que não seja um projeto assistencia-
estudam nas escolas participantes do Programa Via Es-
lista, e sim que o município possa dar continuidade com
cola, o que contribui para aproximá-los da educação dos
seus próprios formadores”, explica Flávia Queiroz.
filhos”, diz Flávia Queiroz, coordenadora de Sustentabi-
Em Jaboatão dos Guararapes, isso já começa a
lidade da Concessionária Rota dos Coqueiros, em Per-
acontecer: “Escolhemos como escolas-piloto as que ti-
nambuco. Em parceria com o Grupo Cornélio Brennand,
nham os menores Idebs (Índice de Desenvolvimento da
a empresa deu início em 2012 ao Via Escola, um progra-
Educação Básica). Resultado em educação demora a
ma de responsabilidade social que visa contribuir com o
sair, mas já dá para notar melhorias. Estamos buscan-
desenvolvimento da educação básica, por meio da for-
do elevar os indicadores educacionais e diminuir o índi-
mação continuada de educadores de escolas que se lo-
ce de evasão e a distorção idade/ano. Supervisores das
calizam no raio de influência da rodovia, nos municípios
escolas-piloto fazem a formação de outros supervisores,
de Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e
que, por sua vez, formam os seus professores. Também
Ipojuca. Projeto-piloto com previsão de consolidação em
temos trocado experiências com os outros municípios. O
2014, o Via Escola já funciona em 19 escolas.
objetivo é que não seja uma política de governo, mas de
Com metodologia do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep), o programa tem como objetivo a
Estado”, afirma Edilene Soares, secretária Municipal de
Educação daquele município.
informa
17
passos
confiança nos próprios
18
18
informa
No Panamá, parceria leva aos
canteiros de obra informação
sobre o combate ao HIV/aids
texto Claudio Lovato Filho fotos Geraldo Pestalozzi
Trabalhadores no
canteiro de obras da
Linha 1 do Metrô da
Cidade do Panamá:
beneficiários e
agentes da troca de
informações
O
dia a dia de Orlando Quintero é uma pro-
Na luta pela superação de seus obstáculos, a Probi-
fusão de visitas a comunidades, órgãos
dsida recebeu um reforço de peso em 2011, quando foi
governamentais e instituições de ensino,
firmada a parceria com a Odebrecht Panamá. A empre-
contatos com a imprensa e, mais recen-
sa identificou, no apoio à fundação liderada por Orlando
temente, idas a canteiros de obra. Aqueles
Quintero, uma oportunidade de contribuir para a busca
mais apegados a números dirão que ele não parece ter
de solução de um problema grave enfrentado pelo país,
os 57 anos que seu documento de identidade registra.
por meio do fortalecimento de uma de suas instituições
Médico pediatra por formação, ele não poderia mes-
com maior credibilidade e experiência. Com essa parce-
mo ter um ritmo de vida lento. Quintero é fundador e
ria, a Probidsida está realizando todos os exames admis-
Diretor-executivo da Fundação Pró-bem-estar e Digni-
sionais nas obras que a Odebrecht executa hoje no país.
dade das Pessoas Afetadas pelo HIV/aids, organização
Esse, porém, foi apenas o primeiro movimento, o pontapé
não governamental que é referência no Panamá no com-
inicial no relacionamento.
bate ao vírus da aids.
Contribuindo em seu foco específico e em sua princi-
Em um mapa na parede de sua sala na sede da Probi-
pal missão, a Probidsida desenvolveu, em sinergia com a
dsida, no centro da Cidade do Panamá, Quintero mostra
equipe de Sustentabilidade da Odebrecht Panamá, uma
à equipe de Odebrecht Informa a situação de seu país no
ampla campanha de combate ao HIV/aids, destinada a
que se refere à incidência da infecção pelo HIV. Quintero,
beneficiar os integrantes da empresa, suas famílias e as
que há 25 anos descobriu ser soropositivo e criou a Pro-
comunidades onde vivem, mas que também envolvem
bidsia em 1998, aponta para cores e números no mapa e
uma abrangente aliança entre empresas e o intercâmbio
comenta, em tom de lamento, mas sem desânimo, que
entre instituições de pesquisa panamenhas e brasileiras
o Panamá está entre os seis países com os mais altos
para troca de experiências e transferência de tecnologia.
índices da doença nas três Américas. As estimativas são
Os acordos de cooperação estão em fase de estudos
de que existem de 20 mil a 30 mil portadores do HIV no
e definições, mas já existem 15 companhias baseadas
Panamá. Isso é muito para um país cuja população é de
no Panamá que aderiram ao Comitê Empresarial do
menos de 3,5 milhões de pessoas.
programa, o que significa que elas se comprometem a
“Essa situação é resultado de um conjunto de fato-
adotar políticas e projetos corporativos para o combate
res”, diz Quintero. “Temos grandes portos, no Pacífico e
ao HIV. “A Odebrecht é a ponta de lança no Panamá nes-
no Atlântico, o movimento de turistas é constante, e a noi-
se processo no qual grandes empresas têm despertado
te em nossas maiores cidades é bastante agitada. Mas o
seu interesse para a importância do tema. É preciso que
principal problema é a deficiência de educação sexual.
elas entendam que precisam garantir a proteção de seu
Enfrentamos muitas dificuldades para falar abertamen-
patrimônio mais importante, que são as pessoas e seu
te, nas salas de aulas, sobre, por exemplo, a importância
conhecimento.”
do uso de preservativos.”
Essas barreiras, que resultam de um conservadoris-
Na realidade do canteiro de obras
mo renitente em setores da sociedade com alto poder de
Nos canteiros de obra, a participação dos trabalha-
decisão, não são as únicas que a Probidsida enfrentou ao
dores nas campanhas colocadas em prática pela equipe
longo de sua trajetória. Até pouco tempo, era um grande
da Probidsida e da Odebrecht tem superado as melhores
desafio para Quintero e sua equipe garantirem os recur-
expectativas. O índice dos que assistem às palestras é
sos materiais e financeiros que assegurassem a conti-
superior a 90%. Desses, a quase totalidade opta por fa-
nuidade da fundação, que tem 42 integrantes, responsá-
zer, após as palestras – dadas por membros da fundação,
veis, entre vários outros serviços, por visitas hospitalares
que contam suas experiências pessoais –, o exame para
e domiciliares, produção de material educativo, orienta-
detecção do HIV, oferecido e realizado pela equipe da Pro-
ção psicológica e jurídica e campanhas de informação
bidsida. Os resultados são totalmente sigilosos. Uma das
com foco na prevenção, além da realização de exames
campanhas, intitulada “A aids não é um jogo”, realizada
(de HIV e exames gerais) e acompanhamento posterior
ao longo de 2012, que incluiu a distribuição de publicações
ao exame do teste do HIV. Apesar do apoio do Governo
e por meio da qual foi feito o convite para exames, cons-
Federal, os desafios mostravam-se cada vez maiores.
cientizou, até agora, mais de 3 mil trabalhadores.
informa
19
Os médicos Orlando
Quintero e (de pé atrás)
Belkis Santamaría
com integrantes da
Probidsida: parceria
que rende frutos
ao país
Na obra da Linha 1 do Metrô da Cidade do Panamá,
ceria da Probidsida, vem sendo adotado como parâme-
a Probidsida instalou uma clínica, fruto de investimentos
tro e referência por nossas empresas parceiras”, ela
próprios em equipamentos, na qual já foram feitos mais
acrescenta. Marlene Ribas, da equipe da Probidsida, está
de 20 mil exames, como audiometrias, eletrocardiogra-
vivendo sua primeira experiência profissional em um
mas, eletroencefalogramas e radiografias, além dos exa-
canteiro de obras. Antes, ela atuava em laboratórios. “É
mes para detecção do HIV.
emocionante acompanhar as pessoas em sua luta para
A médica Belkis Santamaría, especialista em emer-
20
se curar ou para melhorar a qualidade de vida.”
gências e em saúde ocupacional, é a Responsável por
A Probidsida chegou ao canteiro da Linha 1 do Me-
Saúde nas obras da Linha 1 do Metrô. Ela lidera uma
trô em setembro de 2011. Marcos Tepedino, Diretor do
equipe de 28 pessoas e conta com o apoio de 20 integran-
Contrato, destaca: “A Probidsida vem tendo um ótimo
tes da Probidsida. Em seu dia a dia no canteiro de obras,
desempenho, fornecendo um serviço de qualidade à
Belkis circula constantemente pelas diversas frentes de
empresa e, por consequência, à sociedade. Com essa
serviço, conversando com integrantes, verificando suas
parceria, tivemos a oportunidade de contribuir para que
condições de trabalho e estabelecendo com eles uma re-
a instituição desenvolvesse uma visão empresarial e se
lação de confiança.
fortalecesse.” Orlando Quintero concorda com o comen-
“Nossa obra tem mais de 4 mil trabalhadores e uma
tário de Tepedino: “Tem sido uma experiência nova para a
exposição muito grande em âmbito nacional”, observa
Probidsida, com a marca da capacitação. É uma relação
Belkis. “O trabalho que estamos realizando, com a par-
em que todos ganham”.
informa
gente
Um profissional em
seu ambiente
O vizinho agora conhecido
Rafael e um programa pioneiro de
resgate de fauna e flora
T
Minerva e o sentimento de estar
sendo útil ao seu país
rabalhando para a Organização das Nações Unidas
(ONU), por muitos anos, Minerva Gómez acompa-
O
biólogo Rafael
nhou processos eleitorais realizados após conflitos ar-
Tamashiro, 41
mados na Nicarágua, em El Salvador, na África do Sul e
anos, nasceu em
em Moçambique. Ela conta que, antes de ingressar na
Lima. Nos últimos
Odebrecht, não fazia ideia de que houvesse gente viven-
anos,
do em situação de pobreza e violência semelhante à que
de
conheceu naqueles países ali mesmo, perto de sua casa,
preservação peru-
parques
no Canal do Panamá. Há dois anos e meio, Minerva, que
anos. Atualmente,
é advogada, lidera as ações sociais da Odebrecht no Pro-
Lorena Carrillo
em
trabalhou
é Responsável por
Meio Ambiente na
Odebrecht
Peru,
jeto de Renovação Urbana Curundú, na Cidade do Panamá. A Odebrecht apoia iniciativas do governo de formação e inserção das pessoas no trabalho. “Gostaria que a
na construção da
transformação urbana e humana que se verificam em
Central Hidrelétrica Chaglla, realizada na região entre
Curundú ocorressem em outras comunidades. Sinto-me
a selva e os picos andinos. Não muito longe dali, fica o
útil para o meu país”, afirma.
Parque Nacional de Tingo María, criado há quase meio
século. Rafael e sua equipe implementaram um programa de resgate de flora e fauna pioneiro no país. Eles
estudam orquídeas, apoiam pesquisas da Universidad
Nacional Agraria de la Selva – Unas e já identificaram
tais que contribuem para a preservação e a valorização
Holanda Cavalcanti
do patrimônio natural de meu país”, diz, satisfeito.
foto:
mento da biodiversidade peruana. Rafael também participa do resgate e da realocação de peixes dos rios da
área do projeto. “Estamos inovando com ações ambien-
Geraldo Pestalozzi
novas espécies de répteis, um incremento ao conheci-
Caminhada realizadora
A jovem Thamara e seu sonho
de tornar-se líder na Braskem
T
hamara Wanderley, 24 anos, nasceu em Alagoinhas (BA). É técnica em
processos industriais químicos e está por concluir o curso de Enge-
nharia. Atualmente, é operadora da Iese (Industrial de Energia e Serviços
Essenciais), na Unidade Térmica, responsável pela geração de vapor para
unidades da Braskem e para alguns clientes do Polo de Camaçari (BA). Thamara participou de uma seleção das mais rigorosas para chegar onde está.
O Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic) oferece um curso para
Beg Figueiredo
operadores industriais. Na seleção de fevereiro de 2010, havia 3 mil concorrentes. Sessenta fizeram o curso. Thamara foi uma das 18 pessoas chamadas para ser trainee na Unidade de Insumos Básicos da Braskem. “Foi tudo
muito bom. Um dia quero ser líder na Braskem”, diz.
informa
21
22
escola
uma obra que faz
Alfabetização,
qualificação
profissional,
reinserção social:
Arena Fonte Nova já
é lugar de vitórias
memoráveis
texto Ricardo Sangiovanni
fotos Márcio Lima
N
a mistura do concreto de cada um
O programa é parte de um conjunto de ações so-
dos pilares gigantes que mantêm de
ciais desenvolvidas pelo consórcio construtor da
pé a Arena Fonte Nova, em Salvador,
arena, formado pela Odebrecht Infraestrutura e pela
entrou o suor de Edmilson da Silva
OAS, que tem beneficiado não só os integrantes, mas
Santos, 39 anos. Carpinteiro, ele é um
também a comunidade.
dos operários que trabalham na confecção das peças
Antes do curso, o português de Edmilson era, como
de concreto de que é feita a estrutura monumental
ele próprio define, “rude, rude mesmo”. No curso, Ga-
da nova arena. Mas a grande obra de Edmilson (ou
lego diz ter aprendido a ler e a pronunciar “palavras
Galego, como é conhecido) foi outra: ter construído
difíceis”. “Hoje eu me comunico bem melhor. E, em
o próprio nome. Ele é um dos 15 trabalhadores da
casa, já consigo ajudar minha filha [Mônica, 9 anos]
obra que se formaram, em setembro, em um curso
com as tarefas da escola”, orgulha-se.
de alfabetização, que durou um ano, na Escola de
Produtividade.
22
informa
Da alfabetização para a cidadania, é um pulo. “Com
o curso, sinto que estou mais qualificado, que sou um
Edmilson da Silva
Santos: “Hoje me
comunico bem
melhor”
profissional e tenho valor, que sou um cidadão bra-
Oportunidade
sileiro”, afirma Salvador Lisboa Conceição, 59 anos,
Aviso aos torcedores: favor não se esquecer de que
colega de classe de Galego. Salvador – que já era
foi Márcia da Conceição Santos, 31 anos, quem pintou
alfabetizado, mas precisava reavivar aprendizados
de cima a baixo as instalações da Arena Fonte Nova:
– é armador (integrante da equipe responsável pela
“Tudo o que você vir pintado de branco, quando vier
montagem das vigas de aço que dão sustentação ao
assistir a um jogo, pode saber que fui eu que fiz”, en-
concreto). “Meu trabalho não aparece tanto, vai ficar
fatiza. Ela foi contratada há nove meses, graças ao
escondido”, brinca.
programa Próximo Passo, que seleciona beneficiários
Para mostrar, no entanto, Salvador terá algo bem
do Bolsa Família para trabalhar na obra.
mais valioso: um “passaporte” do consórcio Odebre-
Em parceria com a Secretaria do Trabalho, Empre-
cht/OAS entregue aos “diplomados” no curso, que
go, Renda e Esporte da Bahia (Setre) e com o Serviço
certifica a capacitação. “Isso, no futuro, vai nos ajudar
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o con-
a abrir portas. É um ‘currículo’ e tanto.”
sórcio selecionou e capacitou 18 pessoas – 10 das
informa
23
mostrar que essa não é só uma obra, só um estádio.
Somos um conjunto de pessoas que querem deixar
um legado”.
Além das ações voltadas para os integrantes, há
também as que beneficiam o público externo, como
o Caia na Rede – uma parceria com 15 empresas fornecedoras que viabilizou a compra de computadores,
os quais no final são doados à comunidade, e o oferecimento de cursos de inclusão digital a moradores
de bairros vizinhos à arena.
O Caia na Rede já beneficiou 131 pessoas. Uma
delas foi a secretária Leila Góes Pereira, 46 anos,
que estava fora do mercado de trabalho porque não
dominava o computador. O curso intensivo, com duração de 15 horas, foi para ela um empurrão imTatiana dos Santos:
decisão de fazer
Curso de Edificações
em breve
portante. “Não podia mais ficar para trás”, afirma,
animada.
Outra ação social desenvolvida pela Arena é a parceria com a Junior Achievement, empresa voltada
para a identificação de potenciais empreendedores
quais já contratadas. Os cursos tiveram duração de
entre crianças e adolescentes. Por meio da parce-
200 horas: 40 de conhecimentos gerais (leitura, ra-
ria, profissionais de diversas áreas da Arena foram
ciocínio lógico, segurança do trabalho, entre outros
capacitados e ministraram cursos de introdução ao
temas) e 160 de formação técnica, como armador de
empreendedorismo a cerca de mil jovens de escolas
vigas, carpinteiro, montador de andaimes e pedreiro.
públicas de Salvador.
Na obra, Márcia conta já ter feito “de tudo”. “Meu
Um dos “professores” foi o engenheiro Igor Coe-
forte é pintura, mas se tiver um colega precisando de
lho Dantas, 26 anos, que deu aulas básicas de finan-
ajuda com outra coisa, meto a mão na massa. Venho
ças, administração, estudos de viabilidade e marke-
em feriado, sou pau para toda obra.”
ting a jovens com idade entre 15 e 17 anos. “Nessa
Também selecionada pelo Próximo Passo, Tatia-
camada social, de baixa renda, há tanta dificuldade
na Próculo dos Santos, 34 anos, trabalha na Arena
que, às vezes, a vontade que o jovem tem de empre-
há pouco mais de um ano. Ela entrou como ajudante
ender acaba sendo freada. A Junior mostra que virar
de pedreiro e, em apenas seis meses, foi promovida.
empresário não é um bicho de sete cabeças”, ele diz.
“Fiz o curso de leitura de projetos [pelo Senai, com
incentivo da Arena] e hoje sou apropriadora [profis-
Desafio
sional que checa o andamento de cada procedimento
Entre todos os programas que Thiago e sua equi-
de um setor da obra].”
tempo, o mais arrojado. Trata-se do Começar de
próximo passo: cursará o nível técnico em edifica-
Novo, uma ação voltada à reinserção social de pes-
ções a partir do próximo ano, assim que as obras da
soas condenadas pela Justiça.
Arena terminarem.
Legado
24
pe coordenam, um é o mais delicado e, ao mesmo
Motivada com a nova tarefa, Tatiana já definiu seu
Desenvolvido em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e com a Setre, o programa
seleciona apenados em regime semiaberto e ofere-
Responsável por Comunicação, Pessoas e Or-
ce a eles cursos de capacitação para o trabalho na
ganização e Assistência Social no consórcio, Thia-
construção civil, antes de indicá-los à contratação.
go Cunha resume o propósito de todo o conjunto
Até agora, 14 participaram do programa dentro das
de ações sociais da Arena Fonte Nova: “Queremos
instalações da Arena.
informa
Salvador Conceição:
sentindo-se mais
capacitado e mais
valorizado
Márcia da Conceição Santos:
“Tudo o que você vir pintado de
branco quando vier assistir a
um jogo, pode saber que fui eu”
A incorporação deles às equipes do consórcio segue regras estritas de sigilo em relação à sua condição entre os colegas de trabalho. Apenas os líderes
diretos têm conhecimento e assumem o compromisso de integrá-los e tratá-los igualitariamente.
Um dos integrantes que ingressaram nas obras
por meio desse programa é montador de andaimes
desde dezembro de 2011. Ele pediu à equipe de
Odebrecht Informa que seu nome fosse mantido em
sigilo e diz estar na fase final do cumprimento de
sua pena, de 16 anos. A cada três dias trabalhados,
um é abatido da pena - assim, ele espera ser liberto
em 2013.
Por ora, sua rotina resume-se a acordar cedo, ir à
Arena e retornar no final do dia ao local onde está recluso. Pelas regras do programa, ele teria direito a 70%
da remuneração de um integrante contratado de forma
convencional. Mas, por seu bom comportamento e desempenho, desde o segundo mês recebe o mesmo salário integral que os demais integrantes do consórcio,
além de horas extras, cesta básica e 13º salário.
“Dentro de nós, tem que nascer o querer. Eu quis:
enxerguei a oportunidade, e ela veio”, ele diz. “Encaro essa oportunidade com toda felicidade, toda alegria, todo prazer. Aqui, me sinto como se fosse uma
pessoa qualquer”, afirma. E acrescenta, com um
sorriso contido: “Na verdade, eu sou.”
informa
25
campeão
espírito
texto Boécio Vidal Lannes
fotos Américo Vermelho
26
26
informa
Q
uando o Maracanã for entregue ao público, em
fevereiro de 2013, o Brasil ganhará muito mais
que um estádio de futebol, reformado nos 30
meses de duração da obra. Os 60 pilares de
concreto do seu entorno, as arquibancadas que
Canteiro de obras do
Maracanã ambienta
diversos programas
educacionais e
sociais
acomodarão 79 mil pessoas e o novo gramado são provas
e testemunhas de inúmeras histórias de superação vividas
pelos 5.400 integrantes homens e 300 integrantes mulheres que compõem o Consórcio Maracanã Rio 2014, formado
pela Odebrecht Infraestrutura e Andrade Gutierrez, executor da reforma.
Durante a obra, gerentes, engenheiros de campo e encarregados orientam cada profissional em suas áreas, a fim
de garantir o máximo de qualidade, eficiência e segurança
para o Estádio Mário Filho, seu nome oficial, uma justa homenagem ao jornalista esportivo que travou uma verdadeira
luta com as autoridades da época para que a enorme estrutura redonda, que se tornaria um templo do futebol mundial, fosse erguida ao lado do Rio Maracanã, há 62 anos.
Paralelamente a esse aprendizado técnico, salas de aula
são formadas em torno de programas educacionais e sociais, preparados pelo consórcio com a finalidade de levar
cidadania e inclusão digital para aqueles integrantes que
almejam algo mais na vida e na profissão. Depois do expediente, eles trocam suas ferramentas por canetas, cadernos e computadores. Com olhar atento, acompanham cada
explicação dos professores, em cinco programas distintos.
Em todos eles, garra, motivação, otimismo e comprometimento são traços comuns.
Qualificação profissional e cidadania
Aluno do projeto Educação em Campo, realizado em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi), José Ronaldo
Dias, 32 anos, é operador de betoneira. Nascido em Alagoas, está na terceira obra da Odebrecht Infraestrutura na
cidade. Anteriormente, atuou no Estádio Olímpico João Havelange (Engenhão) e nos serviços executados no âmbito do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Complexo do Alemão, onde mora com a esposa e o filho de 6 anos.
O projeto proporciona oportunidade de estudo a quem
não sabe ler nem escrever ou com escolaridade inferior ao
5º ano do Ensino Fundamental (antiga 4ª série). José Ronaldo revela que sua vida melhorou muito desde que entrou
A professora Lídia
Mota e sua classe de
alunos-trabalhadores:
“É prazeroso ver o
esforço deles”
para o projeto em janeiro de 2012. “Hoje eu sei falar sobre
energia hidrelétrica, eólica e solar. Aprendi tudo com a professora”, diz ele, referindo-se a Lídia Mota, que dá plantão
no Maracanã de segunda à quinta-feira. Para ela, o convívio
com os 25 alunos trabalhadores é “prazeroso”, especial-
informa
27
mente quando vê na classe o “esforço para recu-
é o primeiro assunto do dia. Em seguida, entre um
perar o tempo perdido”.
cafezinho e outro, surgem as mais variadas su-
“As empresas não só devem formar profissio-
gestões e reflexões conjuntas e orientações que
nais qualificados, mas também implantar ações
norteiam a gerência do consórcio a tomar as deci-
que estimulem a cidadania”, argumenta Wilson
sões no dia a dia da obra.
Busanello, Gerente Administrativo e Financeiro
As duas únicas mulheres na sala do café, Kás-
da obra, mais conhecido como “Prefeito do Ma-
sia Angelo de Oliveira e Débora da Silva Oliveira,
racanã”. Esse gaúcho que ingressou na Odebre-
ambas de 23 anos e trabalhando na parte elétrica
cht em 1978 lidera uma equipe de 300 profissio-
do Maracanã, contam que a vida mudou para me-
nais. “Por dia, nossa cozinha prepara 12 mil pães,
lhor após terem aprendido um ofício. Débora, que
450 kg de arroz, 250 kg de feijão e 1.200 kg de
mantém as unhas impecáveis, ensina o segredo:
carne”, contabiliza.
“Pinto as unhas toda semana lá no Morro da Mangueira, onde moro”. Kássia reforça que, por mais
Café com o líder
estranho que pareça para os outros, ela gosta
Outra iniciativa de destaque nas obras do Ma-
muito “do ambiente de obra”.
racanã é o Café com o Líder. Nos primeiros 15 mi-
A cada edição, o Café com o Líder apresenta
nutos, o ambiente fica tenso. Afinal, tomar café da
uma surpresa: um ex-jogador de futebol expe-
manhã com a “chefia” não é tarefa das mais fáceis
riente é convidado a aparecer e motivar a equipe.
para um grupo de 13 profissionais, 11 homens e
O convidado da sétima edição, acompanhada pela
duas mulheres. Eles estão na sala com um único
equipe de Odebrecht Informa, foi Ricardo Rocha,
objetivo: falar abertamente com os líderes acerca
que atuou na Seleção Brasileira nas copas de
das diversas questões relacionadas à obra e bus-
1990, na Itália, e 1994, nos Estados Unidos. Nes-
car soluções ali mesmo. Para descontrair, futebol
ta, sofreu uma séria lesão na partida de estreia,
mas permaneceu no banco, a pedido dos colegas,
O estudante do Caia na Rede Elder de Souza Santos: personificação de um legado que vai muito além de um estádio
para dar força ao grupo com seu bom humor. Por
sinal, alto-astral é sua marca. Depois de contar
algumas piadas, ele encara a assistência e conclui, com seriedade: “Hoje, vocês são o Neymar. A
bola está com vocês. Quando o Maracanã estiver
pronto, tragam seus filhos aqui e digam que vocês
o construíram”.
Ricardo Rocha foi apresentado aos participantes
do evento pelo Diretor de Contrato, Paulo Falcão, que
aproveitou a ocasião para revelar um segredo. Ele informou que havia acertado com as autoridades do
Rio de Janeiro que todos os integrantes do consórcio
terão seu nome gravado em uma enorme placa no
Maracanã. Todos adoraram a novidade.
Os 10 Mandamentos e o Caia Rede
Programas que também deixam todos orgulhosos na obra são Os 10 Mandamentos dos Líderes
do Maracanã e o Caia na Rede. O primeiro, lançado
em 28 de abril de 2012, é um documento montado
28
informa
Ricardo Rocha, ex-jogador da Seleção Brasileira: “Quando o Maracanã estiver pronto, digam a seus filhos que vocês o construíram”
por 284 líderes e encarregados durante o curso de
cado, o aluno passa por um período de formação
capacitação de liderança, promovido durante dois
de oito a 12 meses no curso.
meses pelo consórcio. Todos se comprometeram
Diplomada em julho de 2012, Andressa Miguel da
a seguir os 10 mandamentos elaborados por eles
Costa já faz parte da equipe da obra do Maracanã.
mesmos e a cumprir o prazo de entrega da obra.
Aos 23 anos, ela sonha se tornar arquiteta ou enge-
Os mandamentos estão gravados em crachás co-
nheira civil. “Procurei o curso porque ele represen-
loridos no peito dos líderes. Diante desse entu-
ta mais um degrau em minha carreira profissional.
siasmo, Paulo Falcão complementa: “A motivação
Quero cursar a faculdade, mas, no momento, pre-
é o que faz as coisas se difundirem, e, hoje, eu
ciso trabalhar para poder arcar com os custos dos
sinto todo mundo motivado”.
meus estudos. O diploma de pedreiro é só o primei-
“O recomeço do Maracanã é o recomeço da minha
ro passo.”
vida”, confessa Elder de Souza Santos, de 30 anos,
prestes a receber o certificado do projeto Caia na
Rede, no qual o aluno aprende noções básicas de in-
José Ronaldo Dias: oportunidade para ler, escrever e se
expressar melhor
ternet. Ele faz questão de destacar seus avanços em
relação ao computador. “Com o Excel, vou planejar
minha vida financeira.” Pai de duas meninas, Thainá
e Eliza, esse pedreiro carioca é do tipo que agarra
com mãos firmes todas as oportunidades que o consórcio lhe oferece. Além do Caia na Rede, já fez dois
cursos de segurança no trabalho, o de Primeiros
Socorros e o de Espaço Confinado. Elder conta que
vai passar o carnaval de 2013 em Arraial do Cabo,
cidade de belas praias do litoral norte do Rio. “Mas
este ano vou pesquisar na internet a casa que vou
alugar”, reforça.
Jovem Aprendiz
Parceria bem-sucedida com o Senai, o programa Jovem Aprendiz já formou mais de 100 jovens
nas funções de eletricista, carpinteiro, assistente
administrativo e pedreiro. Para receber o certifi-
informa
29
o cuidadoso
cultivo
Arena Educar e
Programa Acreditar
abrem perspectivas
de crescimento
em Pernambuco
do futuro
texto Renata Meyer
fotos Lia Lubambo
Elivaldo dos Santos:
“o Acreditar está
fazendo sonhos
acontecerem”
30
30
informa
Q
uando desligou o telefone
naquele dia de outubro,
Graziele da Silva Brito, 20
anos, mal conseguia esconder a alegria. Tinha
acabado de ser convocada por uma
empresa de recrutamento e seleção
para trabalhar na área de operações de
uma importante rede de supermercados. A oportunidade surgiu dias depois
de Graziele receber o certificado de
conclusão do curso de informática que
realizou por meio do projeto Arena Educar, promovido pela Odebrecht Infraestrutura na comunidade de Santa Mônica, localizada no entorno das obras da
A jovem Graziele Brito e sua mãe Ivonete: preparando-se para as exigências
dos novos tempos
Arena Pernambuco, que estão sendo
executadas no município de São Lourenço
da Mata, na região metropolitana de Recife.
Segundo Rafael Batista, instrutor do curso (cuja
carga horária total é de 60 horas), o conhecimento
“O curso agregou um importante diferencial ao
na área digital é pré-requisito para lidar com os de-
meu currículo e abriu as portas do mercado pro-
safios do futuro. “Esse tipo de ação é fundamental
fissional. Hoje, quase todas as áreas de um super-
para toda empresa que tem uma visão ampla sobre
mercado exigem conhecimentos em informática”,
o que a sociedade irá demandar daqui para frente.
afirma Graziele, que integrou a primeira turma de
Precisaremos, cada vez mais, de profissionais capa-
alunos, entre junho e setembro de 2012. “Nas aulas,
zes de lidar com as novas tecnologias, e essa aten-
aprendi a usar o computador, a acessar a internet
ção que a Odebrecht dedica à comunidade de Santa
e a operar alguns programas. Hoje, me sinto mais
Mônica certamente irá retornar para a empresa em
preparada para utilizar essa ferramenta”, completa.
forma de uma força de trabalho mais qualificada.”
Seguindo os passos da filha, Ivonete da Silva Brito, mãe de Graziele, também decidiu se inscrever no
A força do Acreditar
projeto. Aos 38 anos, ela vive suas primeiras incur-
Não é só o Arena Educar que está abrindo ca-
sões no universo digital. “O conhecimento em infor-
minhos para trabalhadores que vivem no entorno
mática se tornou básico em qualquer função. Já vi
das obras da Arena Pernambuco. Elivaldo Paulino
muita gente ser dispensada na empresa em que eu
dos Santos, 28 anos, é prova disso. Ex-comercian-
trabalhava por não ter noções de computação. Não
te, Elivaldo trabalhava no Mercado Público de São
quero ficar para trás”, afirma a dona de casa que
Lourenço da Mata como balconista de bomboniére,
planeja retornar, em breve, ao mercado de trabalho.
quando ouviu um carro de som anunciar a abertura
Realizado em parceria com o Serviço Social da
das inscrições para o Programa Acreditar, realizado
Indústria (Sesi), o Arena Educar contribui para a in-
pela Odebrecht com o objetivo de capacitar traba-
clusão digital de adultos, por meio do ensino de in-
lhadores em ofícios de engenharia e construção.
formática básica gratuito. As aulas, com duração de
Elivaldo conta que muitos amigos chegaram a
uma hora, ocorrem duas vezes por semana e incluem
desconfiar do programa, pelo fato de ser oferecido
atividades teóricas e práticas. O programa prevê a ca-
gratuitamente, mas seu desejo de mudar de área e
pacitação de 100 pessoas até o fim da obra.
entrar para uma grande empresa serviu de motiva-
informa
31
Rafael Batista:
compromisso
com o cidadão
do futuro
ção para que ele se inscrevesse. Depois de cursar
Atualmente com 622 mudas, o viveiro também é
para trabalhar nas obras da Arena Pernambuco,
o destino de alguns resíduos gerados na obra. “Aqui,
uma emoção que ele descreve com voz embargada:
copos plásticos, sacos de gelo e pó de serra ganham
“Queria muito essa oportunidade, pensava que um
novas utilidades”, destaca Elivaldo, que também é
dia a minha hora ia chegar e felizmente chegou. O
um dos incentivadores do Programa de Educação
Acreditar está fazendo sonhos acontecerem e, gra-
Ambiental, promovido pela Odebrecht Infraestrutura
ças a essa oportunidade, consegui colocar minha
no município de São Lourenço da Mata. Por meio do
filha em uma escola particular, pagar um plano de
programa, integrantes da empresa visitam escolas
saúde e abrir uma poupança para que, no futuro, ela
da região para ensinar a crianças e adolescentes
faça uma faculdade. Hoje também posso levar a mi-
cuidados básicos com o meio ambiente. Durante a
nha filha para brincar no shopping e, para mim, o
visita, são escolhidos multiplicadores encarregados
sorriso dela não tem preço”, diz, emocionado.
de propagar os aprendizados com outros colegas e
Ele participou do Acreditar em julho de 2011.
Em setembro do mesmo ano, começou a trabalhar
32
situado nas proximidades do futuro estádio.
a oitava turma e realizar uma prova, foi convocado
familiares. Ao final, crianças e integrantes realizam
o plantio de mudas nos pátios das escolas.
nas obras da Arena Pernambuco, como ajudante de
“Esperamos dar continuidade a todos os pro-
montagem, e logo passou a apontador de serviço.
gramas sociais que implantamos na região. So-
Foi quando surgiu uma nova oportunidade: traba-
mente por meio do Acreditar já capacitamos mais
lhar na área ambiental, um desejo antigo desse
de 500 pessoas e investimos R$ 600 mil. Isso é
pernambucano de São Lourenço da Mata. Hoje ele é
fundamental para atender às perspectivas de ele-
responsável por operar a Estação de Tratamento de
vado crescimento do estado, o que gerará forte de-
Efluentes da obra e é um dos criadores do viveiro de
manda por força de trabalho nos próximos anos”,
mudas utilizadas para a recuperação das Áreas de
afirma Bruno Dourado, Diretor de Contrato da Are-
Proteção Permanente do entorno do Rio Capibaribe,
na Pernambuco.
informa
Egon Hoennicke
com sua esposa,
Alzira: “Um anjo
salvou minha
vida”
visitas
muito aguardadas
Programa de
capacitação de agentes
de saúde da Foz do
Brasil já formou mais
de 1.200 pessoas
33
texto João Marcondes fotos Celso Doni
A
infância de Ana Paula Cabral de Castro não foi
um mar de rosas. O pai e a mãe tiveram problemas com alcoolismo na pequena cidade de
Cristalândia (TO). A menina magrinha, de pele
morena de sol, ouvia, à boca pequena, que “não
daria em nada na vida”. Acabou criada pela avó, dona Rosa, uma
senhora rígida, de poucos sorrisos e muita disciplina.
Acostumada a nadar contra a corrente, aos 9 anos, Ana fazia
cartazes com cartolina e pincel atômico para a reunião da Associação de Moradores local, presidida por um tio. Nos encontros,
sentava-se em um banquinho sem encosto, concentrada, olhos
apertados, ouvindo as reivindicações, tudo aquilo fermentando
em sua cabeça.
Ano de 2012. Hoje funcionária da Prefeitura de Palmas, Ana
Paula percorre as ruas da capital de Tocantins, entrando de casa
informa
33
Ana Paula Cabral
de Castro, agente
de saúde, e Luiza
França: uma visita
muito especial
em casa para levar aos moradores o programa Saúde
O programa voltado para os agentes da Saúde é
da Família. Uma de suas visitas favoritas é à casa de
atualmente aplicado nas operações da Foz em Cachoeiro
dona Luiza Lima França, 76 anos, que sofre de diabetes
do Itapemirim (ES), Blumenau (SC), Salvador e em qua-
e perdeu o marido, Vicente, há apenas dois meses. Um
se todo o estado de Tocantins. Mais de 1.200 agentes já
estado emocional que só é compensado pelo abraço afe-
foram capacitados. O treinamento é feito por meio de pa-
tuoso da agente.
lestras realizadas por especialistas, nas quais a conexão
Ana Paula visita mais de 200 casas em seu itinerário.
entre saúde e saneamento básico é descortinada para
Crianças, trabalhadores, gestantes, adolescentes, todos
agentes multiplicadores do programa federal Saúde na
estão sob seus cuidados. “Mas o que mais gosto é de
Família.
tratar com os idosos, pois me lembram da minha avó,
De acordo com Mônica Queiroz, Responsável por
que me ensinou tudo na vida”. Dona Luiza oferece café e
Sustentabilidade na Foz do Brasil, a empresa procura
pão de queijo e depois diz: “Ana Paula é a mais desejada
desenvolver ações que aproximam a população do tema
por todos. É gente nossa. Uma extensão da família”.
saneamento, justamente para que as pessoas entendam o quanto o assunto impacta na saúde e na qualida-
34
“O social pela ótica da saúde”
de de vida. Além da capacitação dos agentes de Saúde,
Ana Paula tem hoje 34 anos. Assim como outras
a Foz, em parceria com o Ministério da Saúde, apoia um
agentes de saúde de Tocantins, ela participou de um
programa voltado para a prevenção da dengue. “Essas
projeto de capacitação da Saneatins, empresa contro-
ações nos possibilitam olhar o social pela ótica da saú-
lada pela Foz do Brasil, que visa inserir o saneamen-
de”, analisa Mônica.
to básico na abordagem às famílias. Na casa de dona
No Brasil, 15 crianças de 0 a 4 anos morrem por dia
Luiza, por exemplo, Ana Paula falou sobre a necessidade
em decorrência da falta de saneamento (segundo da-
de limpar a caixa-d’água e reutilizar a água da máquina
dos da Fundação Getúlio Vargas/Trata Brasil). A relação
de roupas para lavar o chão, de doenças de veiculação
entre água e vida saudável deveria ser óbvia para todos,
hídrica e do tratamento de esgoto.
mas não é. Os próprios agentes de saúde, durante sua
informa
capacitação, precisam, primeiramente, mudar a si mes-
Também ali, a empresa é muito bem-vinda nas casas,
mos, sua casa, sua família. “A melhor forma de atrair
muitas delas em estilo enxaimel, típico alemão. Como
seguidores é ser o exemplo”, destaca Lenice Fernandes,
no lar do aposentado Egon Hoenniche, 72 anos. “Aquele
responsável pelo programa na Saneatins e que também
anjo louro salvou minha vida”, diz ele, com entusiasmo,
atua como capacitadora dos agentes.
apontando para a enfermeira-chefe, Vera Janete Piesanti,
Adriana Abel Penedo, consultora que já treinou mais
da Unidade de Estratégia de Saúde da Família, próximo
400 agentes, tem uma linha de raciocínio: “A água como
ao bairro Glória. Sua equipe socorreu Egon durante uma
ética para a vida”. Ela explica: “As pessoas se acham no
crise causada por infecção intestinal.
direito de desperdiçar, de deixar uma torneira aberta en-
Vera foi capacitada de forma “indireta”, ao enviar suas
quanto escovam os dentes, porque pagam a conta, e aquilo
agentes ao evento da Foz. Na volta, viu que todas comen-
não fará muita diferença. Essa é a visão que tem de mudar,
tavam empolgadas sobre o que aprenderam e quis saber
pois afeta o bem-estar de inúmeros outros seres vivos”.
também. “Não sabia como era o tratamento de esgoto
No mundo inteiro, cerca de 1,2 bilhão de pessoas conso-
nem sabia que tinha uma estação aqui perto.”
mem água imprópria (segundo a Organização Mundial da
Quem contou a ela foi Liliana Dias Correa, 45 anos,
Saúde), sem tratamento, enquanto outras que a recebem
agente que fez o curso. Carismática, ela tem o dom de
em casa, deixam o valioso líquido escoar pelo ralo.
espalhar o conhecimento. Seja para Egon e sua mulher,
Alzira, seja para a chefe Vera. “Aqui, o mais difícil é fazer
Verdes vales
as pessoas limparem a caixa-d’água ou convencê-las de
Fundada em um vale verdejante, na curva do Rio
que a água das fossas muitas vezes oferece perigo à saú-
Itajaí-Açu, por 18 imigrantes alemães, Blumenau tem
de”, comenta. “Isso é um trabalho de formiguinha, tem de
hoje parte de seu valioso meio ambiente cuidado pela Foz
ser feito um a um. O mais importante é mudarmos nós
do Brasil, que realiza o tratamento de esgoto local.
mesmos para influenciar tudo em volta”, argumenta.
A agente de
saúde Mirian
Ferreira da Silva
e a família Nunes
Lopes: trabalho
de formiguinha
para construir
novos hábitos
informa
35
entrevista
Francisco
Martins:
relacionamentos
que ficam para
sempre
36
informa
36
pessoas
com o pensamento nas
E
texto Cláudio Lovato Filho
foto Geraldo Pestalozzi
le se lembra de Severino até hoje,
Odebrecht Informa – Desde seu início de carreira,
um pequeno agricultor de escassos
em 1986, quando concluiu o curso de Agronomia
recursos que acoplou uma polia à roda
na Universidade Federal Rural de Pernambuco
de seu Chevette para fazer funcionar a
(UFRPE), você vem se dedicando, de uma forma
bomba que irrigava a horta, em Jataúba,
ou de outra, ao trabalho social. O que o atrai mais
no Agreste de Pernambuco, no fim dos anos 1980.
nesse tipo de atuação?
Recorda-se também de Salvador, produtor de café
Francisco Martins – As pessoas. A oportunidade de
orgânico na Cordilheira Escalera, no Peru, que um
conhecê-las, de conviver e de aprender com elas.
dia conseguiu condições dignas de comercialização
Assim que me formei, fui trabalhar em projetos de
para seu produto, o que transformou sua vida e de
irrigação para pequenos agricultores na Secretaria
muitos em sua comunidade, na década passada. E
de Agricultura de Pernambuco. Minha primeira
de Hector, educador que realiza trabalho social no
experiência profissional já teve um componente social
Chorrillo, uma das comunidades mais pobres da
muito forte. Percebi que o maior desafio era ajustar
Cidade do Panamá. São mais que nomes gravados
as soluções à realidade local, e, para isso, seria
na memória. Francisco Martins não se esquece de
essencial entender o cotidiano dos beneficiários.
nenhum deles e de muitos outros porque não quer e
porque jamais conseguiria. “As pessoas são feitas da
OI – E como se faz isso, na prática?
sua relação com as outras pessoas”, diz. “Elas são a
Francisco – Conversando com as pessoas. Na época
minha bagagem”. Responsável por Sustentabilidade
da Secretaria de Agricultura, eu estava baseado
na Odebrecht Panamá, agrônomo de formação,
em Recife, mas rodava por todo o estado, agreste,
Francisco Leite Martins Neto é um pernambucano
sertão... Eu ia à casa dos pequenos produtores,
nascido em Caruaru, que, ainda criança, chegou a
conversava com eles, era convidado para almoçar,
Olinda, a cidade que inunda seu coração, como o
ouvia as histórias deles. Eu me lembro de como
Sport Club do Recife. Ao lado da mulher, Bárbara
eles se sentiam honrados com a nossa visita. Eram
(que, em um exemplo de convicção nas práticas
pessoas muito simples, que colocavam dentro de
de sustentabilidade, lidera um movimento para
sua casa, sobre suas mesas, o fruto de seu trabalho.
melhorar as condições do ciclismo na Cidade do
Eram pessoas que sentiam na pele os próprios erros.
Panamá), com muita saudade do filho, Leo, de
18 anos, que mora em Recife, e evidenciando, a
OI – Em 1991, você deixou Pernambuco e foi para
cada palavra, uma motivação típica de quem está
a Europa para fazer uma pós-graduação em
fazendo aquilo de que mais gosta, Francisco fala,
Gestão de Recursos Hídricos. Em que medida essa
nesta entrevista, acima de tudo, sobre vínculos.
experiência foi importante para você?
“Precisamos nos colocar no lugar das pessoas
Francisco – Fui para a Inglaterra como bolsista
com as quais nos relacionamos e para as quais
do Conselho Britânico. Foram quase dois anos no
trabalhamos.”
National College of Agriculture. Uma experiência
informa
37
muito rica. Fiz amigos de todas as partes do mundo.
OI – Então, em setembro de 2010, você por fim
Aprendi ainda mais sobre a importância de saber
ingressou na Odebrecht...
ouvir e estar atento aos outros.
Francisco – Sim. Sérgio Leão [Responsável por
Sustentabilidade na Odebrecht] e Felipe Cruz [hoje
OI – Ao voltar da Inglaterra, você teve sua primeira
Diretor de Investimentos do Polo de Capanda, em
experiência na iniciativa privada. Como foi isso?
Angola), que conheciam meu trabalho no Equador e
Francisco – Em 1993, fui trabalhar na Souza Cruz.
no Peru, fizeram o convite para que eu assumisse o
Novamente eu atendia pequenos produtores, só que,
desafio de ser responsável por apoio em programas
dessa vez, produtores de fumo, com propriedades
comunitários e mudanças climáticas na Odebrecht
no semiárido de Pernambuco, Rio Grande do Norte,
Panamá. Na época, o Diretor-Superintendente,
Paraíba e Ceará. Nessa época, morei em Patos,
[DS] André Rabello, e sua equipe direta estavam
na Paraíba. Foi um aprendizado importantíssimo.
estruturando o Programa de Sustentabilidade da
Depois de trabalhar no setor público, vi como era a
empresa no país. Em 2013, agregarei à minha atuação
realidade de uma grande empresa privada. Ali tive
o apoio aos programas de meio ambiente.
o primeiro contato com indicadores de desempenho.
Na sequência, em 1995, regressei ao Governo do
Estado, a convite do saudoso Miguel Arraes, para
liderar o Programa de Apoio ao Pequeno Produtor
(Papp), e, quatro anos depois, outra vez retornei
à iniciativa privada. Passei a integrar o quadro
de consultores da Projetec, onde fiquei por 11
anos, em um maravilhoso ambiente de trabalho.
“Não se ganha a
confiança das pessoas
com conversa, mas
sim com ações”
Sempre com foco na área social. Foi por meio da
Projetec que comecei a interagir com a Odebrecht
Francisco Martins
profissionalmente.
OI – Como foram os primeiros contatos com a
Odebrecht?
OI – O Panamá é um país pequeno, mas, ao mesmo
Francisco – No Equador, tive nova oportunidade
tempo, apresenta uma diversidade socioeconômica
de apoiar pequenos produtores em um projeto de
e cultural muito grande. Em que medida isso é
desenvolvimento agrícola, chamado Carrizal-Chone,
desafiador em sua atuação?
liderado pelo Diretor de Contrato Eleuberto Martorelli.
Francisco – É desafiador e gratificante. Nas obras
Depois, trabalhei para a [Rodovia] IIRSA Norte, no
da Cinta Costera [amplo projeto que envolve obras
Peru, também com Martorelli, um líder muito atento
viárias e de reurbanização, em execução na região
às relações comunitárias e com quem aprendi muito.
central da Cidade do Panamá], por exemplo, as
Essas primeiras experiências com a Odebrecht me
comunidades beneficiárias de nosso trabalho
fizeram aprofundar a convicção de que não se ganha
pertencem a todos os estratos sociais – do morador
a confiança das pessoas com conversa, mas sim com
de áreas carentes, como Chorrillo, à classe média
ações. No Peru, foi um grande desafio atuar em uma
alta da Avenida Balboa. Todos eles têm que ser
área social e ambientalmente sensível. Entre várias
tratados com o mesmo respeito e receber de nós a
iniciativas, apoiamos de produtores de café ao sistema
mesma dedicação.
cooperativo na Cordilheira Escalera, e esse foi um
38
dos episódios mais marcantes em toda a minha vida
OI – O Projeto Curundú, por meio do qual ocorre
profissional, por causa dos resultados obtidos no que
a reurbanização de uma das comunidades mais
se refere à melhoria das condições socioeconômicas
carentes e violentas da Cidade do Panamá, foi a
daquelas comunidades.
primeira obra com a qual você teve contato no
informa
Panamá. Que tipo de aprendizado isso lhe rendeu?
oferecemos a possibilidade de exames voluntários
Francisco – As lições que absorvi ao acompanhar
e sigilosos. Temos percebido bons resultados,
o trabalho de Júlio Lopes Ramos [Diretor de
sobretudo no que diz respeito à circulação de
Contrato] e sua equipe social foram extraordinárias.
informação qualificada e à quebra de mitos sobre
Eles conseguiram conquistar a confiança da
a doença, encorajando o diagnóstico precoce.
comunidade, estabelecer com ela canais de
comunicação eficazes e, por meio deles, atenderam
OI – Um projeto inovador de educação ambiental
a todos os requisitos de sustentabilidade. Com
e relacionamento com a comunidade está em
isso, contribuíram de forma decisiva para que as
andamento no âmbito das obras da Planta de
obras se desenvolvessem de uma forma ajustada
Tratamento de Águas Residuais da Cidade do
à realidade local.
Panamá. Como você o descreve?
Francisco – O Parque dos Manguezais Juan Díaz
OI – E a que você atribui esse êxito da equipe do
terá, em uma primeira fase, 10 hectares e se
Curundú?
destinará, sobretudo, à educação ambiental e à
Francisco – É uma equipe formada por profissionais
pesquisa científica. A área protegida do mangue é
preparados e maduros, que souberam identificar o
vizinha à obra, que foi concebida para proporcionar
perfil e as características da comunidade. Para isso,
um feito histórico: a detenção da poluição nos
conviveram com as pessoas, ouviram-nas, foram às
rios da Cidade do Panamá e na Baía do Panamá
suas casas e conseguiram fazê-las entender que as
por esgoto doméstico. Por ser um espaço onde
mudanças estavam vindo para melhorar a vida.
a população poderá se dar conta claramente dos
efeitos da poluição sobre a natureza e refletir
OI – Como é o seu dia a dia de trabalho?
sobre os seus hábitos, como jogar lixo nas ruas e
Francisco – Minha missão é apoiar os contratos,
nos cursos de água, essa iniciativa poderá servir,
na realidade de uma Organização descentralizada.
inclusive, de modelo para outros países.
Apoio não se impõe. Ele é oferecido ou requisitado.
Estamos permanentemente tentando identificar
OI – No que se refere à sustentabilidade, como é o
oportunidades que possam vir a interessar as obras.
momento do Panamá e da Odebrecht no país?
Francisco – A empresa vem realizando obras
OI – Um dos destaques da atuação social da
fundamentais e oferecendo contribuições adicionais
Odebrecht no Panamá atualmente é o Programa
que, por seu impacto e seu alcance, têm chamado
de Combate ao HIV/aids (veja reportagem nesta
a atenção de toda a sociedade. Nossos projetos,
edição). Como você analisa a importância dessa
em sua totalidade, têm programas comunitários
iniciativa?
consistentes,
Francisco – O HIV/aids é um tema crítico no
estruturadas. Buscamos estabelecer uma rede
Panamá. O país está entre aqueles que apresentam
de alianças estratégicas no meio empresarial,
os índices mais elevados nas três Américas.
em uma mobilização que se reflete em ganhos
A Odebrecht, por sua vez, tem uma política
de imagem e produtividade para nossos clientes.
específica para aids desde 2008. Estabelecemos
Internamente, a integração dos programas de
uma parceria com a Probidsida [Fundação Pró-
Sustentabilidade, Saúde e Segurança do Trabalho,
Bem-estar e Dignidade das Pessoas Afetadas pelo
Comunicação e Relações Institucionais, conduzida
HIV/aids], uma instituição panamenha de grande
por Paulo Levita [Diretor de Sustentabilidade e
credibilidade e competência, e desenhamos um
Relações Institucionais na Odebrecht Panamá], tem
programa que abrange nossos seis projetos em
ajudado muito. Temos conseguido estimular nossos
andamento no país. Todos os canteiros de obra
integrantes a darem o exemplo em seu cotidiano. A
recebem palestrantes da equipe da Probidsida,
sustentabilidade do planeta começa na casa de cada
fazemos
um e é responsabilidade de quem respira!
campanhas
de
esclarecimento
e
conduzidos
por
equipes
bem
informa
39
a arte
texto Diego Damasceno
fotos Márcio Lima
40
40
informa
e seu poder de
transformar
Prêmio Braskem de Teatro, Fronteiras do
Pensamento, Neojiba, Porto Alegre em
Cena. Frentes de contribuição de uma
empresa que valoriza e vive a cultura
O diretor Luiz Marfuz,
professor da Escola de
Teatro da UFBA: ênfase
para a preservação
informa
41
E
m 2007, poucos meses depois de ganhar o
mais importante prêmio de teatro da Bahia
por sua atuação na peça “A Casa dos Espectros”, a atriz Jussara Mathias recebeu
um telefonema de que não se esquece. Do
Jussara Mathias:
“O prêmio foi um
salto para mim”
outro lado da linha, a diretora Fabiana Monsalú tinha
um convite a fazer. “Ela me chamou para participar de
‘A casa de Bernarda Alba’, de Lorca”, recorda Jussara.
A atriz repete com precisão as palavras da diretora:
“Ela falou assim: ‘Eu sei que você acabou de ganhar o
Braskem, e é um papel pequeno...’ Eu topei na hora”.
Única premiação do gênero na Bahia, o Prêmio
Braskem de Teatro elege desde 2003 os melhores espetáculos, diretores, dramaturgos, atores, atrizes e
profissionais que se destacaram nos palcos baianos. “O
prêmio foi um salto para mim. As pessoas passam a
olhar para você depois disso”, diz Jussara.
Homenageado na cerimônia de entrega do prêmio
em 2011, o ator Wagner Moura recebeu o troféu das
mãos de seu pai, José Moura (falecido naquele ano).
No palco, Wagner lembrou ter conquistado o Prêmio
Braskem de Teatro em 1997 e disse que esse foi o mais
importante dos que recebeu em toda sua carreira.
O troféu na categoria Revelação, em 2010, também
deu notoriedade ao trabalho do diretor José Jackson. O
espetáculo premiado, “Dois perdidos numa noite suja”,
foi montado originalmente como trabalho de conclu-
da UFBA, pôde voltar a cartaz com o espetáculo “Meu
são de curso de Jackson, formado em Artes Cênicas
nome é mentira”, por conta das cinco indicações que
pela Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia
obteve na edição de 2011 do prêmio. Ele atribui ao prê-
(UFBA). “O prêmio mudou a forma como os artistas me
mio uma função de preservação. “O teatro acontece em
enxergavam. Deixei de ser um estudante da Escola de
um momento e, depois, fica só um registro fotográfico
Teatro cujo trabalho a poucos interessava”, ele comenta.
ou audiovisual. O prêmio se desdobra ao longo do ano
Natural de Caruaru (PE), Jackson tinha 15 anos
[as indicações ocorrem no ano anterior à premiação] e
quando foi convidado a participar de um grupo de teatro.
organiza uma memória daquele período. Ele resgata o
Nunca mais se afastou dos palcos. “A arte tem uma fun-
teatro de sua própria efemeridade.”
ção transformadora na vida do indivíduo. Quando entrei
Em 2012, o Prêmio Braskem de Teatro realizou ofi-
no grupo, aos 15, eu mal sabia ler e escrever. Foi um
cinas de formação cultural e artística para jovens baia-
grande crescimento.”
nos. Trinta estudantes da rede pública de ensino parti-
Com 25 anos de atuação em teatro, dança e mú-
ciparam de oficinas de audiovisual gratuitas, as quais
sica, a iluminadora Irma Vidal conquistou dois tro-
compuseram um curso de 80 horas de duração, com
féus. Segundo ela, porém, a simples indicação para o
atividades práticas e teóricas ministradas por profis-
Braskem já é um prêmio. “É um reconhecimento do
sionais experientes em roteiro, direção, direção de arte,
trabalho de todo o grupo”, avalia. Irma acredita que
produção e técnicas de áudio e luz. O resultado desse
o setor privado tem um papel a cumprir no fomento
trabalho fez parte da 19ª cerimônia de entrega dos tro-
à arte. “Hoje são poucas as empresas que investem
féus do prêmio, em 4 de abril, no Teatro Castro Alves.
em cultura na Bahia.”
O diretor Luiz Marfuz, professor da Escola de Teatro
42
informa
O Prêmio Braskem de Teatro é uma contribuição de
peso para a valorização da arte e da cultura, que está na
sua 20ª edição, mas está longe de ser o único aporte da
O Fronteiras não se esgota na realização de debates.
empresa nessa área, como será possível confirmar por
Ele funciona como fomento para a realização de outras
meio desta reportagem.
atividades culturais e educativas, em especial o projeto
Fronteiras Educação: Diálogos com a Geração Z.
Fronteiras do Pensamento
“O Fronteiras é uma grande plataforma de conteú-
Aproximar palco e plateia por meio da reflexão tam-
dos, mas não atingia estudantes. Então, só tivemos de
bém é a finalidade do Fronteiras do Pensamento, pro-
pensar em um formato adequado para os jovens”, ex-
jeto apoiado pela Braskem que se tornou um dos mais
plica João Freire, gerente de Relações Institucionais da
importantes eventos do calendário cultural do país.
Braskem.
Curso de altos estudos em formato de conferências,
Desde 2009, são organizados encontros entre pales-
o Fronteiras reúne pensadores, cientistas e líderes de
trantes do Fronteiras, professores da Universidade Fe-
todo o mundo, vanguarda dentro de suas áreas de atua-
deral do Rio Grande do Sul (UFRGS) e alunos do Ensino
ção. O tema principal é a identidade do século 21. Todos
Fundamental da rede pública de Porto Alegre. A media-
os anos, desde o início do projeto, em 2006, esse de-
ção entre estudantes e os especialistas é feita pelo escri-
bate orienta palestras ministradas por personalidades,
tor Fabrício Carpinejar. Faz parte do projeto a distribuição
como a crítica literária Beatriz Sarlo, a escritora Ayaan
de fascículos didáticos, cujo conteúdo é produzido a partir
Hirsi Ali, o filósofo Alain de Botton, o jornalista Chris-
de conferências de diversas edições do Fronteiras.
topher Hitchens, a escritora Camille Paglia, o cientista
Linguagem, sustentabilidade, ciências e cultura afri-
Miguel Nicolelis, o antropólogo Edgar Morin, o médico
cana foram os temas escolhidos para a edição 2012 do
Denis Mukwege, o escritor Mario Vargas Llosa e o eco-
projeto. No último encontro, ocorrido em 13 de novem-
nomista Eric Maskin (os dois últimos, ganhadores do
bro, cerca de três mil estudantes conversaram com o es-
Prêmio Nobel).
critor moçambicano Mia Couto e professores da UFRGS.
Mia Couto viu no nome do evento uma motivação
para a sua palestra. “Falar para estudantes tem a ver
O jovem diretor
José Jackson:
conquista de
reconhecimento
com estender fronteiras. A gente tem que atravessar
essas fronteiras entre o jovem e o mais velho, entre o
mais erudito e o menos erudito.” O escritor avalia que
conhecer a África é uma maneira de o Brasil se tornar
um país melhor – e mais brasileiro.
Alexia Martis, 13 anos, estava na plateia e saiu da palestra com interesse pelas histórias de Mia Couto. “Acho
importante a gente sair da sala de aula para aprender
em outros espaços”, disse. Para Alessandro da Silva,
17 anos, a palestra foi importante por trazer conteúdos
em uma linguagem diferente daquela usada em sala de
aula. “Vou poder conversar com minha família sobre o
que aprendi aqui.” Fabíola Silveira, 11 anos, destacou
que foi interessante descobrir que o Brasil e a África
têm muitas semelhanças. “Na África existe conflito por
causa da cor da pele das pessoas.” Joana Soares, 15
anos, disse: “Gostei muito de conhecer Mia, que é uma
pessoa de fora e que veio falar conosco sobre o país
dele. Não sabia que a África tinha países tão diferentes
entre si”. Éderson Luiz de Lima, 15 anos, contou que só
conhecia alguns nomes de países africanos, mas pouco
sobre a cultura deles. “Foi uma surpresa saber que a
literatura da África é conhecida aqui no Brasil.”
informa
43
Cléber Passus
Fronteiras: pensadores, cientistas,
líderes mundiais, jovens e adultos
refletindo sobre o mundo
Na avaliação de Jaqueline de Oliveira Natel, pro-
mio Eleazar de Carvalho, principal honraria do Festival
fessora de Língua Portuguesa da escola Chapéu do
de Inverno de Campos do Jordão, o maior do gênero no
Sol, o projeto é uma nova modalidade de atividade
Brasil e que concede ao vencedor uma bolsa de estudos
didática e pedagógica. “Hoje a sala de aula é um
de um ano no exterior. Yuri irá para o Instituto Peabody,
ambiente muito pequeno para os anseios dos alu-
em Baltimore, um dos melhores conservatórios dos Es-
nos. Essa oportunidade nos ajuda a preparar aulas
tados Unidos, para se dedicar à regência. “Ricardo me
mais interessantes.” O professor de história César
disse que eu tinha talento para reger, mas eu nem sabia
Augusto Queirós acredita que é fundamental propor-
o que era ter talento para isso.”
cionar o contato do aluno com outros ambientes de
O Neojiba é um projeto do Governo do Estado da
aprendizado. “Esse encontro entre a universidade e a
Bahia pioneiro no Brasil e tem apoio da Braskem. Fun-
escola deveria acontecer mais vezes. A universidade
dado por Ricardo Castro, em 2007, foi inspirado no El
deve ir até a escola também.”
Sistema, programa venezuelano de orquestras jovens
O professor Ricardo Menegotto participa do Frontei-
composto de 350 mil jovens daquele país.
ras Educação há três edições. Ele observa que o formato do evento, que inclui projeção de vídeos e grande
interação da plateia, atrai os estudantes. “Às vezes a temática é nova e acrescenta ao nosso trabalho na escola.
No caso da discussão sobre a África, já trabalhávamos
isso. Então é um complemento.”
Neojiba
Foi na saída de um recital de piano do maestro Ricardo Castro, em 2007, que Yuri Azevedo, 21 anos,
teve a oportunidade de conhecer o Neojiba – Núcleos
Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia.
Ele tinha 14 anos e fazia um curso livre de percussão
na UFBA. Até então, sua ideia era de que se tratava de
uma simples orquestra de jovens músicos. “Eu não tinha dimensão do projeto, mas me inscrevi para tentar
participar do grupo, fiz uma audição e passei.”
No Neojiba, Yuri trocou os instrumentos pelos estudos para se formar maestro. Neste ano, venceu o Prê-
44
informa
Ricardo Castro:
“Na orquestra,
somos todos
iguais”
O Neojiba mantém um Núcleo de Gestão e Forma-
vêm das classes C, D e E. “A orquestra é um exemplo de
ção profissional (NGF), sediado no Teatro Castro Alves,
funcionamento ideal de uma sociedade, na qual todos
em Salvador, onde se encontram a Orquestra Sinfônica
se reúnem para criar beleza. Na orquestra, somos to-
Juvenil 2 de Julho, com 90 músicos, a Orquestra Castro
dos iguais”, afirma Ricardo Castro.
Alves, com 80 integrantes, a Orquestra Pedagógica Ex-
Elizabeth Ponte completa: “Uma pessoa sozinha não
perimental, que capacita músicos entre 7 e 15 anos, e
faz uma orquestra. Se alguém toca bem e outro não, a
um coral com 40 jovens. Existem também três Núcleos
orquestra não soa bem. Então você aprende a colaborar,
de Prática Orquestral e Coral (NPOs), localizados em
a escutar e ser escutado. Mais do que músicos, quere-
Salvador e região metropolitana e em Trancoso.
mos formar pessoas melhores por meio do Neojiba”.
O NGF forma músicos monitores, jovens capazes de
passar adiante aquilo que aprenderam. “A multiplica-
Porto Alegre em Cena
ção é a base e o diferencial do nosso programa. Não é
Desde 2006, a Braskem promove o Prêmio Braskem
em Cena, que elege os melhores espetáculos gaúchos
entre os participantes do festival Porto Alegre em Cena,
Esdras Santana: o
desafio de montar
uma banda
sinfônica em um
bairro carente de
Salvador
um dos mais importantes da América Latina.
Para Isandra Ferminano, atriz e produtora do Grupo
Cerco, vencedor em três categorias da edição 2012 do
prêmio com o espetáculo “Incidente em Antares”, o investimento em teatro se justifica pela função socializante que ele desempenha. “O teatro ensina a refletir em
conjunto sobre a sociedade. Ele é um meio de intervenção porque o público divide algo com o ator.”
Daniel Colin, ator do grupo Sarcáusticos, vencedor na
categoria melhor espetáculo com a peça “Breves entrevistas com homens hediondos”, afirma que os canais de
financiamento aumentaram nos últimos anos, mas que
muitas empresas ainda resistem a investir. “É preciso
acordar para a importância do espetáculo”, ele diz.
preciso diploma para multiplicar, uma criança já pode
fazer isso”, afirma Ricardo Castro.
Os monitores são agentes fundamentais do projeto
de mapeamento de orquestras no interior do Estado.
Hoje, 23 delas são apoiadas pelo Neojibá. “A demanda
que esses grupos nos apresentam é por capacitação
e não por financiamento”, explica Elizabeth Ponte, di-
A atriz Isandra
Ferminano:
função socializante
do teatro
retora administrativa do Neojiba.
Esdras Santana, 25 anos, trompetista do Neojiba e
também flautista, assumirá em breve a coordenação
de um núcleo, situado no Bairro da Paz, periferia de
Salvador. “Vamos reunir pessoas para montar uma
Mathias Crammer
banda sinfônica. É um grande desafio, porque aquele
é um bairro muito carente”, observa.
O Neojiba desmistifica a ideia de que música erudita é coisa para a elite. Cerca de 75% dos músicos
informa
45
Pequeno e
forte
Voltada ao apoio a pequenos
negócios, programa Petit et
Puissant é uma das ações que estão
ajudando no desenvolvimento de
comunidades na Guiné
texto Elea Almeida
fotos Guilherme Afonso
46
46
informa
Madeleine Kondiano
e companheiros:
avanços no pequeno
empreendimento
com o apoio do
programa Petit et
Puissant
informa
47
H
á cinco anos, Madeleine Kondiano trabalha com outras 11 mulheres produzindo
sabão, a partir do óleo reciclado, para
bancar os estudos dos filhos na cidade de
Kissidougou, no sul da Guiné (a 600 km
da capital, Conacri). Seu sonho é que seus seis meninos
possam cursar uma faculdade. Há apenas alguns meses,
porém, a instituição que Madeleine ajudou a fundar passou a operar com reserva de caixa. Isso ocorreu porque a
Odebrecht firmou uma parceria com a organização não
governamental Les Humanistes de Guinée, que atua no
país e da qual Madeleine faz parte, para prover o óleo de
cozinha e dar consultoria financeira e administrativa para
o negócio prosperar.
A parceria faz parte do programa de apoio a pequenos
negócios e geração de renda Petit et Puissant, ação social
implantada nos arredores das obras do Projeto Siman-
tem sido bastante positiva”, diz Daniel Fernandes, Res-
dou – General Road Works Area 3, sob responsabilidade
ponsável por Construção do projeto.
da Odebrecht África, Emirados e Portugal. A iniciativa é
O ponto de partida para o Petit e Puissant foi a neces-
apenas um exemplo de como a presença da Organização
sidade de dar um fim seguro para o óleo de cozinha, um
na Guiné e seus diversos programas sociais estão contri-
resíduo que pode ser muito prejudicial ao meio ambiente
buindo para o desenvolvimento da população local. A im-
se não for descartado corretamente. Agora, a ideia é ex-
plantação do programa de inclusão digital Réseau-lution,
pandir a abrangência para parcerias na área de produção
adaptado do Caia na Rede, ações de conscientização na
agrícola, uma vez que há demanda de alimentos na re-
área de saúde e uma campanha de voluntariado, parte do
gião, mas boa parte do que se consome não é produzido
programa Partagez, também fazem a diferença para me-
localmente.
lhorar a qualidade de vida de comunidades da zona rural
guineense.
“Tentamos sempre engajar a população nas ações sociais para que ela cresça com isso, entendendo o motivo
O Petit et Puissant tem como objetivo não apenas
dessas ações existirem. Qualquer empresa pode fazer
transferir conhecimento, mas também contribuir para
doações, mas nós queremos ensinar, porque isso gera
aumentar a eficiência dos negócios e, consequentemen-
consequências que se sustentam e perpetuam”, explica
te, a renda da população nos arredores das obras do
Lauren Pereira, coordenadora de Relações Institucionais
Projeto General Road Works Area 3, que compreende a
e Comunitárias.
construção e reforma de mais de 300 km de rodovias e a
preparação de terrenos para futura instalação de acam-
Inclusão digital
pamentos remotos, tornando viável a realização de um
Esse mesmo princípio levou a Odebrecht a pensar es-
projeto da cliente Rio Tinto. A mineradora australiana
tratégias que aumentassem a eficácia do programa Ré-
chegou à Guiné para explorar a Cordilheira de Simandou,
seau-lution, considerando o baixo acesso dos guineenses
uma das maiores reservas de minério de ferro conheci-
à eletricidade e a computadores. Segundo Lauren Perei-
das, e implantar a infraestrutura da mina, uma ferrovia
ra, o objetivo da ação era a inclusão digital da parcela mais
que atravessa o país e um porto para exportar o produto.
pobre da população de Kissidougou, região rural bastante
afastada da capital, mesmo antes de a maioria do país ter
A confiança da comunidade
48
acesso a esse tipo de tecnologia.
“As ações sociais começaram logo que chegamos, por
Identificado pela empresa, o professor local Michel
meio do contato com as autoridades locais, sempre em
Bamy há poucos meses ingressou na Organização com a
alinhamento com o cliente. Aos poucos, fomos ganhando
missão de ministrar os dois cursos do programa Caia na
a confiança da comunidade ao nosso redor, e a resposta
Rede na Guiné: o módulo básico e o avançado, que, juntos,
informa
Saúde e voluntariado
A atuação na área de saúde também foca o compartilhamento do aprendizado e a conscientização. De acordo
com Geraldo Bruno, enfermeiro do Projeto General Road
Works Área 3 e responsável pelas ações, as iniciativas
são realizadas, principalmente, entre os integrantes locais, que não têm muita informação sobre as principais
Lauren Pereira
com participantes do Caia na
Rede: inclusão
digital como instrumento para
a derrubada de
barreiras
doenças que afetam a área de Kissidougou, como malária, cólera e febre tifoide. Por isso, a Odebrecht organizou
palestras para a população da região e, para combater a
proliferação da malária, distribuiu mosqueteiros.
O desafio é saber até onde essas ações podem ir sem
desrespeitar as diferenças culturais. “Tentamos questionar alguns costumes internalizados que podem ser
prejudiciais à saúde. Estamos aqui para formar pessoas
e nos formar, sem querer transformar as peculiaridades
que fazem cada povo especial”, ressalta Geraldo.
Esse exercício de influenciar e ser influenciado é o
mais praticado durante o programa Partagez, que incentiva o voluntariado entre os integrantes. Expatriados
e locais mobilizados pela Odebrecht em Kissidougou são
convidados, quinzenalmente, a passar um dia no orfanato da região, o La Joie des Orphelins. A instituição é
mantida desde 1983 pela diretora Marie Simone Camara
e tem atualmente 45 crianças. Nas datas de visita, os
integrantes costumam levar mosqueteiros, colchões e
O patriarca Ibrahima Dialloo, ao lado de David Bimou,
da equipe de Pessoas da Odebrecht e tradutor:
a família em primeiro lugar
alimentos e realizar palestras informativas sobre higiene pessoal, segurança alimentar e saúde. Essas conversas antes das brincadeiras com as crianças, segundo
atendem cerca de 40 alunos. Como as aulas ainda estão
Lauren Pereira, desenvolvem o relacionamento dos vo-
no começo, o número deve aumentar, ainda que estejam
luntários com os órfãos e fortalecem a relação com a
abertas apenas a integrantes.
comunidade local.
Michel afirma que o aspecto mais importante do pro-
Na vila de Tamiandou, a mais próxima da sede do
grama é fazer com que os computadores deixem de ser
Projeto General Road Works Area 3, o patriarca Ibrahima
objetos estranhos aos participantes, que poderão com-
Dialloo, líder de maior autoridade entre os moradores,
partilhar o que aprenderem em casa. “O computador e
concorda com a ideia de que a relação com a comuni-
a tecnologia são a base para o desenvolvimento. Quando
dade, pautada também pelas ações sociais, tem gerado
uma pessoa aprende sobre isso, uma barreira contra seu
bons frutos para os dois lados. “A coisa mais fundamen-
crescimento cai”, ele defende.
tal na vida são os seres vivos. Se você sabe cuidar de
O compartilhamento do aprendizado entre os próprios
sua família, sua vida vai para frente. E, desde que a Ode-
locais é um ponto incentivado pela Odebrecht para que as
brecht chegou, ela soube cuidar das nossas famílias e
ações sociais implantadas tenham um efeito ainda maior
ajudar a superarmos nossos desafios.” Sentado ao seu
de propagação. Como Kissidougou é, a exemplo do resto
lado, o chefe político do vilarejo, Fodé Traoré, concorda
do país, uma cidade com muitas carências de infraestru-
acenando com a cabeça, até o mais velho terminar a
tura e serviços, é importante que os participantes diretos
fala. Então, conclui: “Quando a população aprende a an-
dos programas multipliquem seu conhecimento dentro
dar com as próprias pernas, ela pode buscar o próprio
da comunidade.
desenvolvimento”.
informa
49
garra
Kamilla Alves
(à direita) e
colegas da
turma de futebol
feminino: jovens
em situação
mais segura
um time com muita
No Valongo, em
Santos, o futebol
é instrumento de
inclusão social
texto Alice Galeffi
fotos Yann Vadaru
E
50
m Santos, no litoral de São Paulo, crian-
uniforme. O projeto, que ainda não tem um nome, foi
ças e jovens em situação de risco social
iniciado oficialmente em 5 de novembro de 2012 e já
encontraram a oportunidade que tanto
conta com 60 inscritos. Mesmo com tão pouco tempo,
esperavam. Eles participam de um pro-
seus efeitos já repercutem fortemente.
jeto da Odebrecht Realizações Imobili-
50
árias (OR), no Valongo, uma região formada pelos
O parceiro ideal
morros da cidade. Essa iniciativa está resgatando a
Apesar do crescimento econômico da cidade,
autoestima dos moradores e criando condições de
que se deve, entre outros fatores, ao descobrimen-
inclusão social.
to de petróleo na camada pré-sal em sua costa, os
Na terra do Rei Pelé e do garoto craque Neymar, o
morros de Santos registram conflitos entre trafi-
tema do projeto é futebol. Com a ajuda da comunida-
cantes, execuções sumárias, invasão policial, as-
de, a OR desenvolveu um programa no qual crianças e
sassinatos de jovens. Tudo isso tem feito parte da
jovens de 12 a 17 anos participam de aulas dessa mo-
rotina dessa região pobre da cidade, onde existem
dalidade esportiva. Eles recebem lanche e ganham
19 favelas.
informa
Aryane de Sousa:
“Agora tenho técnico e conheci outras
meninas”
Saionara Lawandovski Porto, coordenadora de
Longe das drogas e da marginalidade
Programas Sociais da OR em Santos, percebeu a
As aulas de futebol acontecem às segundas e quar-
situação crítica dessas comunidades, a falta de re-
tas-feiras, no turno vespertino. De 13h30 às 15h30, os
cursos básicos, a carência de lazer e o alto índice de
meninos jogam, e de 15h30 às 16h30 é a vez das me-
criminalidade e prostituição entre os jovens. Sabia
ninas. Elas ficam com o horário mais tardio porque a
que deveria agir, mas, antes, precisava encontrar
maioria tem que voltar para casa depois da escola e
parceiros.
ajudar a mãe nas tarefas domésticas. Só depois são li-
Foi então que conheceu Cosme Costa, assistente
beradas para treinar.
social e morador do morro de Vila Vitória, e conven-
Aryane de Sousa, 14 anos, moradora do Vila Vitória,
ceu-se de imediato que ele seria seu parceiro ideal.
destaca-se entre as jogadoras. Sonha ser a nova Mar-
Cosme conhece todos na comunidade do Valongo.
ta. “Sempre joguei futebol, mas só com meninos e na
Sem ele, Saionara não poderia subir os morros. É
rua. Agora tenho técnico e conheci outras meninas que
preciso ser uma “local” para circular livremente por
também jogam. Meu sonho é jogar na seleção.” Kamilla
lá. Saionara insistiu muito para que se reunissem.
Alves, 13 anos, jogava futebol na rua, escondida do pai,
Cosme identificou-se com a perseverança dela. A
que via o esporte como “coisa de menino”. Ficou saben-
princípio ele achou estranho, mas, “como precon-
do da oportunidade por intermédio de Cosme, e os pais
ceito é uma palavra que não existe no meu vocabu-
acabaram aceitando a ideia de ela participar do projeto.
lário, resolvi ver o que ela tinha para dizer”.
A mãe, Rosângela, é sua maior incentivadora: “Eu me
Conversaram muito, pesquisaram e chegaram à
alegro muito ao vê-la aprendendo e jogando melhor que
conclusão de que a melhor opção para atrair jovens
os meninos. Vejo um futuro para ela aí. Mas não é só
e tirá-los da rua seria o futebol. E assim o proje-
isso, me alegro em ver o empenho dela, correndo atrás
to nasceu. Cosme aceitou fazer a ponte entre a OR
de seu sonho, e não nas ruas, como os outros jovens, se
e as comunidades, enquanto Saionara cuidaria do
drogando e entrando para a marginalidade”.
planejamento e de todo o apoio necessário à ini-
Itamar Leal, técnico social que acompanha os jovens
ciativa. “Nunca imaginei que alguém da Odebrecht
durante o treino, diz que o objetivo maior não é trans-
fosse me procurar para desenvolver um projeto so-
formá-los em jogadores de futebol, mas sim protegê-
cial. Há muitas grandes empresas instaladas aqui,
-los. “Procuramos promover desenvolvimento integral,
e isso nunca aconteceu antes”, diz ele.
abordamos temas como corpo, saúde, sexualidade, ci-
Além de Cosme, outros parceiros foram integra-
dadania e direitos da juventude.” Saionara revela seus
dos ao projeto, como a Ordem dos Advogados do
próximos planos: “Quero adicionar outros esportes e
Brasil (OAB), que cedeu sua quadra para os jovens
trazer artes para o currículo”. Ela está à procura de no-
jogarem, e a Secretaria da Juventude, órgão da Pre-
vos parceiros. “Meu sonho é que o projeto perdure e ca-
feitura, que patrocina a contratação do professor de
minhe por conta própria depois que a OR concluir seus
Educação Física responsável pelas atividades.
trabalhos em Santos.”
informa
51
Integrantes da
Companhia de
Dança Acauã, em
Olinda, com a
pequena Karine
Tamires ao centro:
“Minha fantasia
ficou linda”
do canteiro
para a
texto Luiz Carlos Ramos
fotos Lia Lubambo
O
folia
tradicional Carnaval de Olinda, marca-
no Complexo Industrial Portuário de Suape. As obras
do pelo frevo e pelos enormes bonecos
da refinaria, das unidades de petroquímica e do mo-
que invadem as ruas ao lado dos foli-
derno porto somam mais de 50 mil trabalhadores.
ões, terá nova atração em 2013: a reci-
Karine Tamires, 9 anos, exibiu no ensaio de Olin-
clagem. Roupas utilizadas por milhares
da o modelo de fantasia então mantido em segredo
de operários do Conest, consórcio formado pela Ode-
para o Carnaval: em laranja e azul-marinho, cores
brecht Engenharia Industrial e pela OAS, nas obras de
do Conest, e também em dourado e prateado, sua
Suape, foram recicladas e transformadas em fanta-
roupa de bailarina é completada pela sombrinha
sias de um alegre grupo de crianças e jovens de Per-
colorida do frevo. “Minha fantasia ficou linda. Adoro
nambuco. Odebrecht Informa acompanhou os ensaios
dançar”, diz Karine, ao lado das companheiras Ma-
nessa cidade histórica, na região de Recife, e regis-
riana, Kécia, Bruna, Heloísa, Carla e Poli, que depois
trou o entusiasmo da Companhia de Dança Acauã,
receberiam suas fantasias. Poli é o apelido de Thay-
que recebe apoio do Conest por meio do Programa
sa Ramos da Silva, 9 anos, criança adotada por Maria
Reciclando.
José Xavier, que a acompanha nos ensaios. “Adotei a
O consórcio é integrado por 10 mil pessoas, que
participam da construção da Refinaria Abreu e Lima,
52
Uniformes
reciclados
viram
fantasias
no carnaval
de Olinda
informa
52
menina quando ela, bem pequena, morava no lixão”,
conta.
A força das cooperativas
Esse projeto não seria realidade sem a participação de duas cooperativas de costureiras: a Coopcoste,
de Cabo de Santo Agostinho, que produziu as roupas
do desfile Reciclando Fashion, e a Emenda, de Ipojuca, que cuida das fantasias de Carnaval.
Djair Miralhe, Presidente da Coopcoste, conta que
as 130 costureiras que se revezam nas máquinas da
sede ganharam novo ânimo com o Conest: “Esse trabalho tem finalidade social para elas, que recebem
mais dinheiro, e também para quem usa as roupas”.
Risolene Gonçalves da Silva, Presidente da Emenda, diz que, com as encomendas para o Carnaval, foi
possível comprar máquinas novas: “Agora, as fantasias são prioridade”. Dulcelina Domingas da Silva, 78
anos, controla a qualidade das peças. “Trabalhar assim é uma delícia e não sinto a idade”, afirma.
O estilista Diego Rodrigo Monteiro, o DihRôh, 22
anos, cooperado da Coopcoste, revelação da moda
pernambucana, desenhou as roupas do desfile de setembro. “Sou autodidata, idealizo moda desde os 10
anos. Eu me inspiro nos grandes Marc Jacobs, ReiVerônica Gomes dos Santos, a Vera do Frevo, coor-
naldo Lourenço e Zuzu Angel, mas com toque regio-
dena o Acauã, grupo criado há 10 anos para reunir e
nal”, explica DihRôh, que, assim como as costureiras
motivar crianças e jovens carentes por meio da dança.
e o grupo Acauã, não vê limites: “Já entrei em um cur-
“A música e a dança ajudam a superar problemas”,
so de design. Preciso continuar evoluindo”.
diz Vera. “Poli é um exemplo, menina ativa e saudável”. Acauã, ave da família do gavião, tornou-se sinônimo de inclusão social em Olinda.
Waldir Martins Filho, coordenador de Sustentabilidade e do Programa Reciclando do Conest, segue
cada detalhe dos planos para o Carnaval. Ele relata
que o programa envolve a produção de vários artigos
a partir de uniformes descartados pelos trabalhadores. “Eles recebem novas roupas a cada quatro meses. As roupas velhas não são jogadas no lixo, mas
sim lavadas e higienizadas, e seus tecidos são reaproveitados”, diz Waldir. Na Vila Residencial do Consórcio ocorreu em setembro um desfile de moda, o
Reciclando Fashion, com membros da Acauã usando
as novas roupas diante dos integrantes da obra que
moram lá. A TV Globo fez uma longa reportagem.
O Diretor de Contrato do Conest, Antenor de Castro,
está orgulhoso por causa dos resultados. “Tudo vem
acontecendo gradualmente. O programa movimenta
a comunidade, beneficia o meio ambiente, traz economia e agrega cultura em torno do frevo”, destaca.
O estilista Diego Rodrigo:
inspiração nos grandes
nomes da moda, sem perder
os traços regionais
informa
53
Da escola para o canteiro: por meio
de visitas guiadas, jovens aprofundam
seus conhecimentos sobre a ferrovia
Transnordestina e sua importância
para a região e para o país
conversa de bons
vizinhos
Lá vem o Trem e Ferrovia na Comunidade:
a população mais perto da Transnordestina
L
54
texto Luiz Carlos Ramos fotos Ricardo Sagebin
á vem o trem. A notícia espalha-se por
Martins, no sul do Piauí. A ferrovia é uma das prio-
três estados e amplia a expectativa pela
ridades do Programa de Aceleração do Crescimento
chegada das locomotivas. As obras da
(PAC) do Governo Federal. O trem está perto de ser
Ferrovia Transnordestina avançam em
uma realidade para transportar minérios, gesso e
Pernambuco, no Piauí e no Ceará. O que
grãos e para impulsionar a economia na região, onde
uma ferrovia traz de bom para o árido sertão do Nor-
também ocorrem a transposição do Rio São Francis-
deste? Acima de tudo, esperança. Essa certeza da
co e outras obras.
população é reforçada pela contribuição das ações
Odebrecht Informa visitou as obras da Transnor-
sociais realizadas pela Aliança entre a Transnordesti-
destina, em Salgueiro, e acompanhou duas ações
na Logística S.A. (TLSA) e a Odebrecht Infraestrutura
de valorização da cidadania que são promovidas nas
em várias regiões, entre as quais a de Salgueiro (PE).
comunidades ao longo do traçado da ferrovia: os
Ali, a Aliança mantém um dos seus canteiros da obra
projetos Lá vem o Trem e Ferrovia na Comunidade.
e a maior fábrica de dormentes do mundo.
Iniciadas em 2012, essas iniciativas já beneficiaram
54
Os trilhos avançam rapidamente. Com os inves-
diretamente mais de 10 mil pessoas em 10 municí-
timentos, as locomotivas farão o percurso entre o
pios. “Além de mostrar as obras, por meio de visitas
Porto de Suape, na região metropolitana de Recife,
guiadas, organizamos palestras sobre saúde, direitos
e o Porto de Pecém, no Ceará, passando por Eliseu
das crianças, prevenção contra o uso de drogas, en-
informa
tre vários outros temas, e incentivamos a prática de
transporte é importante”, comentou. Para a profes-
esportes”, explica o Gerente Administrativo e Finan-
sora Maria do Socorro Pereira de Queiroz, os alunos
ceiro, Alexandre Lima. A assistente social Kelly Bar-
voltariam para a escola com novos conhecimentos:
ros, uma das responsáveis pelos projetos, salienta:
“Nada como ir ao próprio local onde o trabalho é feito,
“Nesse trabalho, tem sido fundamental a união e a
receber explicações e aprofundar conhecimento”.
sinergia entre os integrantes da Aliança e prefeituras e entidades locais, que cedem instalações para a
Ferrovia na Comunidade
realização das ações e ajudam a convidar as pessoas.
A persistência na luta contra a seca faz parte da
história da população adulta e da faixa de idosos
Lá vem o Trem
do sertão. Esses heróis da resistência são benefi-
Lá vem o Trem é o nome do projeto de visitação
ciados pelo projeto Ferrovia na Comunidade, que
ao canteiro de obras. A iniciativa reúne integrantes
consiste em oficinas multidisciplinares em parceria
da Aliança que atuam em outros lotes, autoridades,
com prefeituras, ONGs e associações de moradores
instituições públicas e ONGs, além de crianças e jo-
das áreas urbanas e rurais. Esse projeto, iniciado
vens das escolas da região de Salgueiro. “Por meio
há 10 meses, focaliza não apenas a construção da
Nada como ir ao
próprio local onde
o trabalho é feito,
receber explicações
e aprofundar
conhecimento
Orientação para uma
vida saudável: o médico
Ediflávio Gomes, da
Odebrecht, atende idosos
de comunidade do
entorno das obras
Maria do Socorro
Pereira de Queiroz
de palestras e campanhas, são explicados aos visi-
Transnordestina como também a cidadania e os
tantes os benefícios da Transnordestina e os cui-
cuidados com a saúde.
dados com o meio ambiente e a qualidade de vida”,
“Os encontros são conduzidos por nossos inte-
descreve o Diretor de Contrato, Pedro Leão. Nas
grantes que tenham suas áreas de atuação relacio-
visitas que fazem ao canteiro, eles têm acesso ao
nadas diretamente com o tema do mês. Com isso,
trabalho dos integrantes da Aliança Transnordes-
mobilizamos profissionais de engenharia, saúde, se-
tina Logística S.A. e da Odebrecht Infraestrutura,
gurança, meio ambiente, finanças, entre outros”, diz
desde a preparação do leito da ferrovia até a área do
Pedro Leão.
canteiro industrial, onde se situa a fábrica de dor-
Em uma das edições, em novembro, em Salgueiro,
mentes, que tem capacidade para produzir 4.800
o médico da Aliança, Ediflávio Gomes, falou para um
dormentes de concreto por dia.
público de mais de 60 idosos, de três cidades, explican-
Em uma manhã de novembro, 28 estudantes, de
do como evitar hipertensão, AVC, enfarte e quedas. “O
13 a 17 anos, da Escola Dr. Walmy Campos Bezerra,
importante é ficar atento e controlar o sal, o açúcar, a
da cidade de São José do Belmonte, estiveram nas
gordura”, disse. Atenta a essas regras, Iraci Alves, 81
obras de Salgueiro. Anderlândia Soares de Lima, 16
anos, sorriu. “Tive crises de pressão alta, mas agora es-
anos, interessou-se pelos detalhes. “Nunca andei
tou bem. Com 79 anos, terminei o curso de pedagogia”,
de trem e agora fiquei sabendo como esse tipo de
contou. “Quero ver o trem chegar por aqui.”
informa
55
56
caminhos
iluminados
Programa de alfabetização abre novas perspectivas de
crescimento para integrantes das obras do Trensurb
O
56
texto Alexandre Melo fotos Ricardo Chaves
simples ato de tomar um ônibus
dos seus braços poderia oferecer. Por isso, antes
mostrava-se uma enorme dificuldade
de completar 8 anos ele já estava longe da escola.
para Francisco de Souza Alves. Sem
Foi somente em 2010, aos 23 anos, quando passou
saber ler nem escrever, ele pedia aju-
a trabalhar nas obras de extensão da Linha 1 Nor-
da às pessoas para identificar o cole-
te do Trensurb, trem de passageiros que liga Porto
tivo. Filho de agricultor analfabeto, Francisco, em
Alegre a cidades da região metropolitana, realiza-
seu trabalho na roça de São Miguel do Tapuio, no
das pelo Consórcio Nova Via, que ele viu surgir à
Sertão do Piauí, nunca precisou de mais que a força
sua frente a grande oportunidade.
informa
Francisco de Souza Alves
(à esquerda) e Claudino
Guareski: de volta à sala
de aula para escrever
novas histórias de vida
Desde a formação do consórcio, liderado pela Ode-
ção no consórcio, Tássia Hoffmann. De 2010 a 2012, 34
brecht Infraestrutura, em 2009, foram diversas as
trabalhadores, divididos em duas turmas, participaram
contribuições oferecidas para o desenvolvimento sus-
do EJA, e 10 deles conseguiram se alfabetizar, entre
tentável das comunidades que vivem no entorno da
eles, Francisco, o mais jovem do grupo. As aulas eram
obra. “A convivência com um projeto desse porte nem
ministradas três vezes por semana, após o expedien-
sempre é fácil. Para nós, além de realizar uma obra
te, em uma sala do canteiro central. “Não saber ler e
com qualidade, mostrou-se necessário buscarmos
escrever é como andar no escuro”, sintetiza Francisco.
proporcionar uma contribuição adicional, voltada para
Silvia Helena da Silva Gallino, analista técnica de
a melhoria da qualidade de vida das pessoas, já que
Educação do Sesi, afirma: “O Consórcio Nova Via teve
interferimos diretamente nas comunidades”, explica o
a sensibilidade de perceber que a qualificação esco-
Gerente Administrativo e Financeiro da Odebrecht In-
lar é boa para a empresa, mas muito melhor para a
fraestrutura na obra, Pedro Reis.
vida das pessoas”. O nível de escolaridade na região
Aqui recomeça a história de Francisco. O consórcio
do Vale do Rio dos Sinos, onde estão localizadas Novo
firmou parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi)
Hamburgo e São Leopoldo, cidades beneficiadas com
para a implantação do Programa EJA (Educação de
a extensão do Trensurb, é baixo porque, segundo Sil-
Jovens e Adultos). Uma nova oportunidade para quem
via, o setor coureiro-calçadista, predominante na re-
não teve acesso à escola ou não concluiu os estudos
gião, de uma forma geral não exige qualificação. Essa
básicos. “Foi feito um levantamento entre os trabalha-
realidade historicamente vivida pelos municípios vem
dores, e verificamos que muitos estavam interessados
mudando, com a contribuição de parcerias como essa
em se alfabetizar”, conta a Responsável por Comunica-
firmada com o Consórcio Nova Via.
informa
57
Estação do Trensurb, próxima
à Vila dos Tocos: combate
à dependência química e à
vulnerabilidade social
Aos 63 anos, Claudino João Guareski, carpinteiro
seus problemas.” Os trabalhadores de outros estados
no canteiro central do Consórcio, está de volta à sala
que deixaram para trás suas famílias sofrem com a
de aula. Formado no EJA (1º ao 5º ano), ele matricu-
solidão. “Às vezes lhes falta estrutura emocional para
lou-se em uma escola particular, onde cursa do 6º ao
suportar a distância”, diz Anildo Fernandes, integrante
9º ano. Nascido na roça, em Cruz Alta (RS), Claudino
do Grupo Executivo Nacional e Vice-coordenador Re-
abandonou os estudos na 4ª série, por imposição do
gional do CVV.
pai. “Com o estudo, a gente passa a ver o mundo de
Um dos trechos da extensão da Linha 1 do Trensurb
outra maneira e fica mais orgulhoso de si mesmo”,
(entre as estações São Leopoldo e Rio dos Sinos), no
afirma com simplicidade. Faltando um ano para a
município de São Leopoldo, passa pela Vila dos Tocos,
aposentadoria, Claudino decidiu: “Só paro de trabalhar
uma área de vulnerabilidade social. Por isso, álcool e
quando estiver com uma carreira definida, pois quero
drogas sempre foram temas frequentes na Semana
mostrar que nunca é tarde para aprender”.
Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho e na
Semana Mundial de Combate às Drogas. O parcei-
58
Valorização da vida
ro nessa ação foi a Comunidade Terapêutica Desafio
A alfabetização, contudo, é apenas uma das várias
Resgate Jovem, instituída em Novo Hamburgo, em
frentes de contribuição social em que o Nova Via está
2007, nos mesmos moldes da norte-americana Teen
presente. Em Novo Hamburgo, funciona um dos sete
Challenge. O objetivo é ajudar jovens dependentes de
postos de atendimento do CVV (Centro de Valorização
drogas, orientando-os na sua recuperação e reinser-
da Vida e Prevenção de Suicídio) do Rio Grande do Sul.
ção social. “Uma pesquisa feita pelo Senad [Serviço
A ONG conta com 43 voluntários, que se revezam no
Nacional Anti-Drogas] revela que um trabalhador de-
atendimento 24 horas e nos 365 dias do ano. E foi du-
pendente químico afeta 5% da produção”, diz o psicó-
rante a Semana Mundial de Combate às Drogas, em
logo e coordenador da Comunidade Terapêutica, Odir
junho deste ano, que os trabalhadores do Consórcio
Olivaes Filho. Com um tema tão delicado, a sensibi-
Nova Via conheceram o CVV. Em torno de mil trabalha-
lização ocorreu por meio de uma peça teatral ence-
dores assistiram a quatro palestras no canteiro central
nada por ex-dependentes químicos no canteiro central
e nas frentes de serviço.
e nos demais canteiros da obra. “A ação fez circular
“Percebi um grande interesse das pessoas”, conta
informações e orientações fundamentais, transfor-
Nicolau Isaque de Araújo, que desde 2009 é voluntário
mando muitos integrantes em multiplicadores dessas
do CVV. “Após as palestras, muitos vieram falar sobre
informações”, comemora Tássia Hoffmann.
informa
na esteira da
Apoio da Braskem a iniciativas de reciclagem contribui
para a geração de trabalho e renda em quatro estados
O
texto Edilson Lima fotos Ricardo Chaves
ex-trabalhador rural, Geraldo Simme, 47
de materiais, nossos conhecimentos sobre cooperativa
anos, mora em Campo Bom (RS). Todos
e reciclagem eram poucos, vendíamos os plásticos, por
os dias, ele acorda cedo, toma seu café da
exemplo, tudo misturado, o que barateava os preços.
manhã, entra em sua Volkswagen Space-
Muitos abandonaram o trabalho”, relembra Geraldo.
fox e segue para o trabalho na cooperati-
A situação começou a mudar quando parceiros
va Coolabore, onde passa o dia com os amigos e, como
ajudaram os cooperados a estruturar o negócio e
ele mesmo diz, sorrindo, “ganha o pão de cada dia”.
torná-lo mais rentável. Foi quando a Braskem entrou
Esse sorriso não vem do acaso. Desde sua fundação,
em cena. “Com base em estudos e com a experiência
há 18 anos, somente nos últimos anos é que a coope-
da empresa relacionada à cadeia produtiva do plástico,
rativa passou por uma estruturação que tem possibili-
decidimos que daríamos apoio tecnológico e capaci-
tado bons rendimentos aos 37 cooperados.
tação aos catadores. Hoje são nove unidades no Vale
No início, os ganhos financeiros eram baixos, e a ro-
dos Sinos [onde se localiza Campo Bom] apoiadas pela
tatividade de pessoas era alta. “Não tínhamos equipa-
Braskem”, observa João Freire, Responsável por Rela-
mentos suficientes para selecionar um volume grande
ções Institucionais da Braskem no Rio Grande do Sul.
Catadores da cooperativa Coolabore: resultados significativos na produção e na qualidade vida
59
informa
59
primeira do estado a realizar o processo de beneficiamento do plástico, mas com tecnologia mais simples e
hoje já limitada. Enquanto dava entrevista à equipe de
Odebrecht Informa, ele apontava para os novos equipamentos recém-chegados que formarão uma nova linha
de produção. “Com isso, ganharemos mais tempo e
maior capacidade de produção, além de agregar valor
aos materiais”, ele prevê.
Roberto destaca que os treinamentos sobre cooperativismo, segurança do trabalho, manutenção de
equipamentos, logística, entre outros, têm feito a diferença nas condições de trabalho e o aumento dos rendimentos. “Aqui não tem patrão, somos todos donos
do negócio e trabalhamos juntos. Isso dá orgulho, gera
autoestima e reconhecimento.”
É com orgulho e autoestima que Gabriel da Cunha
Garcia, 62 anos, ex-pintor e ex-catador de lixo nas ruas
de Nova Santa Rita, conta a história da Associação dos
Geraldo Simme: “Muitos
chegaram aqui sem nada. Aos
poucos, estão comprando casa
e carro, e conquistando outros
objetivos”
Trabalhadores e Prestadores de Serviços, Catadores e
Reciclagem, fundada em 2005, por ele e outros colegas: “Andava nas ruas com uma carroça e catava os
resíduos. Muitos começaram a me acompanhar. Então percebi que era o momento de nos organizarmos”,
explica. Localizada no bairro Caju, hoje trabalham
Com a capacitação, Geraldo e seus colegas passaram a ver a reciclagem de forma diferente. Cada tipo
Gabriel e seus colegas chegaram a morar e traba-
de plástico, dos mais rígidos aos mais flexíveis, é se-
lhar em um barraco improvisado. Em janeiro de 2012,
parado. Depois, são inseridos na linha de produção,
com o apoio da Braskem, foram construídos dois gal-
recém-adquirida (composta de moinho, tanque de lava-
pões, que possuem banheiros e refeitório. Eles também
gem, secadora, aglutinadora e gaiola), onde o plástico é
conquistaram equipamentos, como balança, prensa,
moído, lavado, secado e, em seguida, ensacado, fican-
entre outros. “Nosso próximo objetivo é instalar o moi-
do, então, em condições de ser vendido a indústrias.
nho para o beneficiamento de plástico, aumentando,
Em parceria com o poder público, os cooperados,
60
11 associados.
com isso, os rendimentos”, ele almeja.
além de realizarem a triagem, prestam serviço de cole-
Outro desejo do grupo é firmar parcerias com a Pre-
ta nas ruas com os caminhões da prefeitura. Somando
feitura, para prestar serviço de coleta, e outras insti-
a prestação de serviço à venda dos materiais reciclados,
tuições: “Nosso sonho é ver cada um com seu plano
o salário médio de cada cooperado é de R$ 1.600,00.
de saúde, sua casa, seu carro etc.”, comenta. “Entrei
É com emoção que Geraldo recorda: “No começo, era
na reciclagem por necessidade, mas a cada dia fui me
difícil alcançar R$ 100,00 por pessoa. Muitos chegaram
apaixonando. Adquirimos conhecimentos técnicos e
aqui sem nada. Aos poucos, estão comprando casa e
damos palestras na região. Sei que estamos ajudando
carro, e atingindo outros objetivos”.
a preparar um mundo melhor para todos”, ele reflete.
Orgulho, autoestima e reconhecimento
Trabalho em parceria
Em outro município do Vale dos Sinos, Roberto
Além do Rio Grande do Sul, a Braskem apoia
Silveira, 36 anos, e mais 32 pessoas integram a Co-
projetos de reciclagem em São Paulo, em Alagoas
operativa de Recicladores da Cidade de Dois Irmãos.
e na Bahia. Embora estejam em um estágio não tão
Roberto diz que a cooperativa, criada há 18 anos, foi a
avançado quanto no Rio Grande do Sul (em alguns
informa
Catadores da cooperativa de Dois Irmãos: orgulho e reconhecimento
casos, a fase ainda é embrionária), essas iniciativas
garrafa PET. De janeiro a novembro de 2012, os núme-
começam a proporcionar resultados cada vez mais
ros registraram uma venda de cerca de 1.300 vassou-
significativos. São seis cooperativas no total, nos
ras. Por mês, os 15 cooperados estão vendendo 45 t de
três estados.
materiais reciclados.
A Coopmarc, cooperativa localizada em Cama-
“Ainda não atingimos a meta de dois salários míni-
çari (BA), é um bom exemplo. Fundada há 12 anos, a
mos para cada pessoa, mas queremos chegar a essa
cooperativa sempre esteve focada na seleção e ven-
marca logo”, diz Glória Martha da Silva, 43 anos. Ela foi
da de plástico, papelão e papel. A partir de 2008, foi
uma das fundadoras da Coopemarc e, antes de traba-
instalada uma fábrica de vassouras feitas a partir de
lhar com reciclagem, atuava como gari em Camaçari.
“O apoio dos parceiros tem sido importante para nossa melhoria de vida, principalmente as capacitações e
equipamentos.”
Emmanuel Lacerda, Responsável por Relações Institucionais da Braskem na Bahia, reforça a importância
da parceria entre o poder público e a iniciativa privada para o sucesso de projetos assim: “O trabalho dos
cooperados é de extrema relevância para disseminar a
cultura da reciclagem. Para que tudo dê certo, empre-
Gabriel da Cunha
Garcia: aquisição de
conhecimentos técnicos
sas e prefeituras devem apoiá-los”.
André Leal, Responsável pela Área Socioambiental
da Braskem, destaca que as origens dos catadores são
variadas, mas muitos deles trazem em si características empreendedoras. “Nossa contribuição é melhorar
os ambientes de trabalho e reforçar neles a autonomia
e o espírito empreendedor, incluindo-os socialmente
na cadeia produtiva”, salienta. Em 2012, 429 catadores foram diretamente beneficiados pela atuação da
Braskem.
informa
61
Comunidade
Programa família
Em Rondônia, uma comprovação da eficácia
do Acreditar como canal de comunicação e
aproximação entre a empresa e a comunidade
texto João Paulo Carvalho foto Márcio Lima
E
divone Araújo da Gama, 33 anos, é
uma das 1.209 mulheres que atuam
na construção da Usina Hidrelétri-
ca Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto Velho. Natural de Manicoré (AM), migrou
há seis anos para a capital de Rondônia em
busca de melhores oportunidades de trabalho, decidida a proporcionar mais qualidade
de vida aos três filhos, à mãe e um irmão.
Ex-vendedora de cosméticos, Edivone cadastrou-se no Programa de Qualificação
Profissional Continuada – Acreditar e, há
quatro anos e meio, trocou os lápis coloridos,
sombras e glitters por serrotes, pincéis e
equipamentos de proteção individual (EPIs).
“Não tinha a menor esperança de ser
chamada para esse trabalho. Eu me inscrevi no Acreditar, fiz o curso e hoje estou aqui,
ao lado de outras mulheres que trabalham
realizando serviços pesados, dirigindo caminhões, tratores e retroescavadeiras”, diz,
com um sorriso no rosto.
Edivone confiou tanto no programa que
resolveu inscrever os filhos no Acreditar
Jr., iniciativa derivada do Acreditar, ambos
criados e aplicados nos empreendimentos
da Odebrecht Energia. Eduardo, 17 anos,
já concluiu o curso, e Lucas, 14, frequenta as salas de aula do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (Senai), instituição
parceira da Odebrecht em Porto Velho, que
cede o espaço físico para as aulas teóricas
e práticas do Acreditar Jr. A filha mais nova
de Edivone, Letícia, 11 anos, aguarda ansiosa a hora de começar no programa e poder
62
informa
escolher uma das sete especializa-
começou a mudar. Agora meu quarto
de implantação de Santo Antônio.
ções oferecidas.
está ficando do jeito que eu quero”,
Os relatórios iniciais apontavam que
“Espero terminar o curso, ganhar
relata o rapaz, que, com a bolsa que
seria preciso trazer de fora cerca de
meu diploma e ser um bom profissio-
recebe para estudar, ajuda nas des-
70% dos trabalhadores necessários
nal no mercado de trabalho”, afirma
pesas da casa recém-adquirida.
para a execução do projeto, o que
Lucas, que faz o curso de Assistente
A história de Edivone e sua famí-
certamente causaria dificuldades de-
de Produção. “Falei para minha mãe
lia é um dos numerosos exemplos
correntes do fluxo migratório desor-
que, quando a obra da usina acabar,
de aproveitamento da oportunidade
denado. Com a implantação do pro-
vou estudar inglês e japonês para
oferecida pelo Acreditar nos canteiros
grama, esse número foi invertido e,
trabalhar na Odebrecht”, conta com
da Odebrecht no Brasil e no mundo.
hoje, 80% dos trabalhadores da usina
a voz embargada. “Antes eu morava
O programa nasceu em 2008 para
são moradores da região. Os resulta-
em uma casa sem alvenaria. Quando
suprir uma carência de trabalhadores
dos apresentados foram tão benéfi-
minha mãe entrou no Acreditar, tudo
qualificados identificada nos estudos
cos e significativos que, atualmente,
quatro anos depois, o que era para
ser uma experiência localizada, já se
Edivone da Gama, carpinteira e ex-participante do
programa Acreditar, com os filhos, Eduardo, Letícia
e Lucas (de vermelho): “Não tinha esperança de
ser chamada. Fiz o curso e hoje estou aqui”
espalhou por 10 países, beneficiando
mais de 68 mil pessoas.
Uma das pessoas responsáveis
pelo sucesso do Acreditar é Fabiane
Costenaro, coordenadora do programa em Porto Velho. Nascida em
Capinzal (SC), ela foi para Rondônia
em janeiro de 2008, com a ideia de
que seria apenas mais uma pessoa
a ajudar no trabalho do Consórcio
Santo Antonio Civil (CSAC). Na época,
liderada por Antônio Cardilli, recebeu
a missão de implantar o Acreditar.
“Nunca havia liderado uma equipe,
mas aqui aprendemos com o exercício do trabalho”, ressalta Fabiane,
hoje liderada por Marcelo Reis, Gerente Administrativo e Financeiro em
Santo Antônio.
“A transformação social em Porto
Velho é visível nos últimos seis anos”,
afirma Fabiane. Prédios com mais de
15 andares, até então raros na cidade,
surgem na paisagem como marcos
do desenvolvimento. O trânsito vai
ganhando ares de cidade grande. Os
números falam por si: Rondônia é o
estado brasileiro que teve o maior
crescimento percentual do PIB entre todas as unidades da federação
(7,3%), de acordo com os últimos dados consolidados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
referentes a 2009.
informa
63
64
Conceição Jamba (à
esquerda) e Maria
Chocohonda: passo
decisivo para o exercício
pleno de seu papel na
sociedade
Cada vez mais
cidadãos
Acesso a documentos, apoio à saúde e educação e
oportunidades de qualificação profissional: boas novas que
vêm dos municípios de Huambo e Cambambe, em Angola
M
64
texto Luciana Lana fotos Kamene Traça
aria Chocohanda, Henrique Jamba,
Filiação e idade também são novidades por lá. Alguns
Joana Kawape, Conceição Jamba.
já têm, além do BI, sua Cédula Pessoal (certidões de
Nomes que agora constam dos re-
nascimento).
gistros do Ministério da Justiça da
“Portar um documento é o primeiro passo para
Província de Huambo, em Angola.
a conquista da cidadania”, diz Vicente Ferreira, Res-
Jovens, adultos e idosos, esses moradores da aldeia de
ponsável por Sustentabilidade da Odebrecht em
Atuco Alunda exibem orgulhosos seus Bilhetes de Iden-
Caala-Huambo, onde a Odebrecht constrói a Rodovia
tidade (BIs). “Posso ir aonde quiser”, festeja Conceição.
Caala-Cuima. Foi da Odebrecht que partiu a iniciativa de
“Vou conseguir um emprego”, almeja Chocohanda.
registro dos moradores das aldeias, segundo revelou o
informa
Delegado Provincial da Justiça de Huambo, Ernesto Estevão,
durante a entrega de 100 documentos aos moradores de
Atuco Alunda. No total, mais de 4.500 pessoas já receberam
o Bilhete de Identidade e Cédula Pessoal.
“Nós, da Odebrecht, buscamos contribuir para a melhoria da qualidade vida das pessoas que encontramos no
entorno das nossas obras, colaborando assim com o desenvolvimento socioeconômico da região”, comenta Javier Chuman, Diretor de Contrato do projeto Estradas do Huambo e
Malanje, do qual faz parte a Rodovia Caala-Cuima.
Na sede do Ministério da Saúde de Huambo, Vicente Ferreira caminha pelos corredores cumprimentando as
pessoas. Ele é bem conhecido por lá. “A Odebrecht tem sido
uma importante parceira nossa”, revela Frederico Juliana,
Diretor Provincial da Saúde de Huambo, contando sobre o levantamento feito pela empresa para identificar as principais
ocorrências em 16 aldeias da região – HIV/aids, malária, câncer e óbitos em decorrência de partos mal conduzidos, as mais
frequentes. “A falta de instrução é o que aparece por trás de
todos os casos. Mulheres que já passaram por até seis gestações nunca fizeram uma consulta médica”, informa Vicente.
Por causa disso, a Odebrecht iniciou uma série de palestras
para induzir a prevenção de doenças e está ajudando na construção de escolas e postos de saúde nas comunidades.
António Kalundongo: à
espera da conclusão das
obras e do início das aulas
informa
65
Margarida Gaspar: planos
de avançar nos estudos
Moradores constroem escola
Além dos projetos Eu sou Cidadão e Saúde na Al-
Em Acolongonjo, a chamada “aldeia-mãe”, no cen-
deia, Vicente Ferreira coordena o Programa Associação
tro de todas as outras, os moradores trabalham diaria-
Quinta-Feira Mulher, que promove encontros quinze-
mente para eguer as paredes de uma nova escola, que
nais para debate e reflexão sobre temas como gravidez
terá 12 salas e área de lazer, em um total de 830 m .
na adolescência, violência doméstica, higiene e meio
“A Odebrecht fez o projeto e fornece o material, mas é
ambiente. Os encontros ocorrem no centro da Associa-
importante que os próprios beneficiados construam a
ção, construído pela Odebrecht, que inclui biblioteca e
escola, para darem valor a ela”, comenta o soba (au-
salas para aulas de música e reforço escolar. A empresa
toridade comunitária tradicional) da aldeia, Marcolino
também reformou e expandiu a creche Suku Ondjli e o
Xindandgi. Lá estudarão mais de 1.500 alunos. Serão
Hospital de Caala, que ganhou um Centro Nutricional
três turnos e, em cada um, 12 turmas de 45 alunos. Em
Suplementar.
2
Caala, professores aprovados em um concurso aguar-
66
dam a conclusão das obras e o início das aulas, previsto
Fique bem
para março de 2013. “Só o turno da noite é que ainda
Nas obras do Aproveitamento Hidrelétrico de Cam-
dependerá da chegada da energia elétrica”, pontua An-
bambe, as ações sociais da Odebrecht também são
tônio Kalundongo, diretor da escola.
diversas e foram reunidas em um mesmo programa
Na aldeia-mãe também foi inaugurado um Centro
chamado Chaleno Kiambote, que significa “fique bem”.
de Saúde, que possui posto de atendimento e farmácia.
O nome revela a intenção primordial de sustentabilida-
“Antes, os doentes tinham que percorrer até 40 km para
de: “Queremos promover um desenvolvimento que se
ir ao médico. Agora, a aldeia mais longe desse posto
sustente mesmo após o fim das obras da hidrelétrica.
está a 9 km. Com mais 10 desses, estaria suprida a de-
Daí o desejo de que a comunidade fique bem agora e
manda das 128 aldeias da comuna de Cuima”, calcula
quando não estivermos mais por aqui”, diz o Diretor do
Faustino Kapingana, administrador das aldeias.
Contrato, Gustavo Belitardo.
informa
Tão logo se instalou na região, a Odebrecht fez um
diagnóstico socioeconômico/ambiental e buscou inte-
apresenta grande impacto”, salienta o representante da
comunidade de Cambambe, Fernando Neves.
grar-se à comunidade para compreender suas necessi-
Quanto ao incentivo à agricultura familiar, a cerca de
dades. “Ouvimos das pessoas quais eram seus anseios
40 km da Vila de Cambambe, as lavouras de milho e
e potenciais e, a partir disso, desenhamos o programa”,
mandioca da aldeia Kalenge agora são orientadas pe-
relata o assistente social Afonso Maquiadi.
las equipes do Chaleno Kiambote. “Damos apoio para
Saúde, educação e geração de renda foram definidas
que as famílias produzam para consumo e para venda.
como vetores de ação. “Na área de saúde, seleciona-
Nosso próximo passo será oferecer um moinho para
mos e capacitamos agentes comunitários para difundir
que eles possam vender a fuba”, adianta Vanessa Silva,
conhecimentos e aumentar a prevenção de doenças
coordenadora do Programa de Responsabilidade Social
endêmicas, como a malária, e doenças sexualmente
da Odebrecht em Cambambe.
transmissíveis, como a aids. Na educação, oferecemos
O Chaleno Kimbote também contribui para a pre-
aulas de inglês e computação, alfabetização e reforço
servação cultural, conscientizando a comunidade da
escolar, esporte e lazer. Para geração de renda, cria-
importância de seu patrimônio histórico. “As novas ge-
mos oficinas de costura, culinária e agricultura fami-
rações estão conhecendo a história da região de Cam-
liar”, resume o Gerente de Sustentabilidade Socioam-
bambe e valorizando os marcos que temos por aqui”,
biental, Sérgio Rezende.
revela Luiz Rodrigo João, administrador da Comuna de
Na área de equipamentos da obra, a jovem Marga-
Massangano, onde estão o primeiro tribunal de Angola
rida Diogo Gaspar trabalha como soldadora e é benefi-
(construído no século 16), a primeira Câmara Municipal
ciada pelo Programa Igualdade de Gênero Mãos à Obra,
do país, entre outros monumentos.
que visa à criação de postos de trabalho para mulheres.
É sua primeira oportunidade de trabalho. “Quero terminar o ensino médio, estudar Direito e trabalhar sempre”, ela diz.
“Uma luz no fim do túnel”
Janete
Rossano: mais
motivação
com a máquina
de costura
Segundo Alberto Carneiro, Diretor do projeto da
Central 2 de Cambambe pela ENE (Empresa Nacional de Eletricidade), cliente do projeto, a chegada
da Odebrecht à região deu nova perspectiva para a
população. Ele destaca os programas de capacitação de jovens. Essas iniciativas, afirma Alberto, são
“uma luz no fim do túnel”.
Atualmente, 28 jovens participam do curso de pastelaria oferecido pelo Chaleno Kiambote, e 15 aprendem
corte e costura. “Já estamos fazendo nossas próprias
roupas e logo vamos começar a vender”, comenta Janete Rossano, 20 anos, entusiasmada com a máquina
de costura.
No Clube Recreativo da Vila de Cambambe, a Odebrecht reabriu a piscina e oferece aulas de natação.
Também equipou uma sala com computadores e criou
os cursos de informática e inglês, com três turmas cada
um. “O índice de absenteísmo é zero. Já formamos
cerca de 100 alunos, e alguns foram contratados pela
Odebrecht”, diz Canga Neto, coordenador dos cursos.
“O Chaleno Kimbote é um programa ambicioso, que já
informa
67
prevenção
No compasso da
66
Campanha contra a malária faz parte do conjunto de ações
desenvolvidas no projeto Vias Estruturantes, em Luanda
Q
68
texto Luciana Lana foto Kamene Traça
ue dança é essa que as pernas ficam
prido e magro requebra como se fosse ele um misto
moles? É uma dança mole, mole,
de mamulengo e dançarino de break. À sua frente,
mole.” Na Escola São João Baptista,
uma turma formada por mais de 30 crianças total-
no bairro do Patriota, em Luanda, o
mente fascinadas canta junto e imita os movimentos
Responsável por Serviço Social e Pes-
do instrutor visitante. Além da dança, elas sabem
soas no projeto Vias Estruturantes, Roque D’Oliveira,
que algumas doenças também deixam o corpo mole
entoa os versos da cantiga enquanto seu corpo com-
e cansado. De forma lúdica, Roque as ensinou sobre
informa
68
os sintomas e causas da malária e também explicou
vemos que aprender a conviver com a obra, alertar
a elas que, às vezes, um caminho mais longo é pre-
as pessoas, por exemplo, a não passarem perto das
ferível, por ser mais seguro. As crianças do Patriota
máquinas”, diz Hinhotua.
agora são mais precavidas.
“E nós também”, diz a professora Eugénia Zefe-
Ciclo de Interesse
rino Carlos António, contando que a integração com
Integrar e promover avanços na relação da em-
a Odebrecht – responsável pelas Vias Estruturantes,
presa com as comunidades é tarefa que a equipe
que passam ao lado do bairro – está fazendo com
social do projeto desempenha com prazer e excelên-
que a comunidade compreenda melhor o que é a
cia. Nisso se incluem atividades desenvolvidas com
obra, seus benefícios e as medidas de segurança re-
as famílias dos integrantes. Em 2012, por exemplo,
queridas em suas proximidades.
foi criado o programa Ciclo de Interesse, por meio
No bairro do Kawelele, também vizinho às obras
do qual adolescentes, de 13 a 17 anos, filhos de in-
das Vias, Roque reúne-se com a comissão de mo-
tegrantes da empresa, visitaram o canteiro das Vias
radores e acerta detalhes para uma série de pa-
Estruturantes, assistiram a palestras sobre forma-
lestras que a Odebrecht realizará na comunidade.
ção profissional e completaram o dia com um pas-
Secretário da Comissão de Moradores, Gaudêncio
seio descontraído.
Hinhotua afirma: “As rodovias nos trouxeram muitos
O primeiro desses encontros ocorreu em maio
benefícios. Antes, todos os carros passavam aqui por
de 2012, com cerca de 20 participantes. Depois, em
dentro, era muito engarrafamento e transtorno. Ti-
setembro, outros dois eventos reuniram mais de 70
jovens. “Percebemos que, ao longo do ano, ocorrem
pausas no programa escolar e que os alunos ficam
desassistidos nesses períodos. Resolvemos então
oferecer atividades que os incentivem, sobretudo, a
pensar no futuro e na escolha da profissão. Nessas
visitas, os jovens conhecem o ambiente de trabalho
dos pais e os diversos serviços realizados pela empresa, recebem orientação pedagógica e praticam
Roque D’Oliveira
com estudantes
da Escola São
João Batista:
orientações
transmitidas de
forma lúdica
um pouco de lazer”, conta Roque.
Auxiliar técnico, Honório Alves Correia contou que
seu filho Bernardo, 17 anos, ficou bastante motivado
depois do encontro: “Ele está na 7ª classe da escola
e gosta de informática. Voltou da visita dizendo que
quer ser engenheiro”, revelou o pai, com orgulho.
Com sete filhos, o mecânico Luis Pedro Nhanqui
também gostou de mostrar a oficina onde trabalha
para a filha Madalena, 16 anos. “Ela ficou impressionada. Pensava que eu trabalhava em uma oficina de
‘fundo de quintal’ e achou tudo muito organizado por
aqui. O programa teve um impacto muito forte.”
O Ciclo de Interesse tem afinidade com a Visão
2020 da Odebrecht. “Nosso objetivo é formar pessoas, capacitá-las e atraí-las para garantir a perpetuidade da Organização. Esse programa mostra
aos jovens as condições de trabalho oferecidas pela
Odebrecht e desperta neles o desejo de estudar e
trabalhar”, explica Tiago Britto, Diretor de Contrato
do projeto Vias Estruturantes.
informa
69
a fascinante viagem da
música
Formada por músicos de vários pontos do país, Academia
Jovem Concertante faz turnê que inclui Usina Teles Pires
O
texto Rubeny Goulart foto Carlos Junior
barulho das britadeiras que rasgam
morava nos Estados Unidos. “Queria fazer um traba-
as rochas junto ao Rio Teles Pires,
lho de base no Brasil que proporcionasse aos jovens
em Paranaíta, na divisa dos estados
músicos brasileiros uma formação orquestral”, expli-
de Mato Grosso e Pará, onde se lo-
ca Simone, doutora em Piano Performance e História
calizará a quarta maior hidrelétrica
da Música pela Universidade de Miami e diretora ar-
brasileira em construção no momento, deu lugar,
tística do projeto. O recrutamento dos instrumentis-
no último dia 10 de novembro, ao som adocicado de
tas ficou a cargo de Daniel Pires, que é professor de
flauta, violas, oboés, violoncelos e violinos, durante
violino na Universidade Federal do Rio de Janeiro
a apresentação da Academia Jovem Concertante,
(UFRJ), e resultou em 21 instrumentistas, de nove es-
patrocinada pela Odebrecht Energia. Sob a regên-
tados brasileiros.
cia do violinista Daniel Pires e o acompanhamento
Além do patrocínio de uma turnê por sete cidades
da pianista Simone Leitão, 21 jovens virtuoses to-
que abrangem grande parte da localização dos em-
caram peças de Villa-Lobos, Bach, Mozart, Guerra-
preendimentos da Odebrecht Energia (Rio de Janei-
-Peixe e Tom Jobim para milhares de integrantes
ro, Salvador, Natal, Porto Velho, Recife, Rio Grande e
da Odebrecht Energia, investidora da Usina Hidre-
Paranaíta) e de uma bolsa-auxílio para os músicos, a
létrica Teles Pires, e da Odebrecht Infraestrutura,
orquestra de câmara, formada por nove violinos, três
responsável pela execução das obras de constru-
violas, dois violoncelos, duas trompas, dois oboés, um
ção do empreendimento.
baixo e uma flauta, receberá o valor arrecadado nos
O projeto da Academia Jovem Concertante foi
concertos em que houve cobrança de ingressos. Nem
idealizado pela pianista Simone Leitão, que há anos
todos os integrantes têm como bancar os custos dos
70
Teles Pires: recorde de público
De toda a turnê do grupo – que estreou em 31 de
outubro no Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro, e
finalizou no dia 13 de novembro no Teatro Municipal
de Rio Grande (RS) –, o concerto no canteiro da UsiJovem
instrumentista
concentrado com
seu violino:
oportunidade
ímpar para
jovens de várias
partes do Brasil
instrumentos. A violinista carioca Thamyris Nasci-
na Hidrelétrica Tele Pires foi recordista de público.
“Um concerto de música erudita faz bem ao espírito
de todos”, diz o Diretor de Contrato Antônio Augusto
de Castro Santos. No local, a Fazenda Rosa Branca,
uma área de 300 hectares, trabalham e moram atual-
Integrantes das obras da Hidrelétrica de Teles Pires:
pausa no trabalho para apreciar música erudita
mento, 23 anos, aprendeu a tocar na igreja evangélica
que a família frequenta, na Zona Norte do Rio e, como
revelou talento, aos 9 anos ganhou da professora um
violino chinês. Somente aos 18 anos conseguiu adquirir um novo instrumento, fabricado artesanalmente, a exemplo dos que são utilizados por violinistas
em estágio mais avançado.
Obstáculos são superados por quem sonha em
tocar um instrumento. A gaúcha Dora Queiroz era
feliz tocando violão em uma banda de rock em sua
cidade natal, Getúlio Vargas, até o dia em que, pela
primeira vez, ouviu as suítes para violoncelo de
Johann Sebastian Bach. “Eu preciso aprender a tocar
isso”, pensou. Com sacrifício, comprou seu violoncelo
e foi estudar música na Universidade Federal do Rio
mente 3.700 integrantes da Odebrecht Infraestrutura,
Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. Em 2007, o
número que, no prazo de três anos, até a conclusão
instrumento, que sequer estava quitado, foi roubado.
das obras, deverá chegar a 6 mil.
Cerca de quatro meses depois foi encontrado durante
uma batida policial.
Os milhares de integrantes da Odebrecht presentes ao concerto ouviram o “Prelúdio das Bachianas
Brasileiras nº 4”, de Villa-Lobos, o “Concerto nº 1 em
Ré Menor para Piano e Cordas”, de Bach, a “Sinfonia
nº 29 em Lá Maior”, de Mozart, o “Concertino para
Violino e Orquestra de Câmara”, de Guerra-Peixe,
com solo de Daniel Guedes e a participação de duas
trompas, e a composição “Eu sei que vou te amar”,
de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, com arranjo de
Wagner Tiso e solo de Simone Leitão.
“Foi bonito, nunca tinha assistido a uma orquestra
ao vivo”, disse Ivani Santos, que trabalha na montagem eletromecânica da usina. “Não é o meu primeiro
Apresentação no Rio de
Janeiro: uma das sete
cidades que a Academia
percorreu em sua turnê
concerto, mas este, no canteiro de obras, certamente
foi único”, completou o namorado Tiago Neves, que
atua na área de soldagem.
informa
71
perspectiva
Memória e
texto Zaccaria Junior
fotos Bruna Romaro
“E
sta estrada vai dar à aldeia de Estevais, depois à
Cardanha e Adeganha. O viajante não pode parar
em todo o lado, não pode bater a todas as portas
a fazer perguntas e a curar das vidas de quem lá
mora. Mas como não sabe nem quer despegar-se
dos seus gostos e tem a fascinação do trabalho das mãos dos
homens, vai até a Adeganha, onde lhe disseram que há uma
preciosa igrejinha românica, assim deste tamanho(...). Enfim,
a igreja é esta. Não caiu em exagero quem a gabou. Cá nestas alturas, com os ventos varredores, sob o cinzel do frio e
da soalheira, o templozinho resiste heroicamente aos séculos.
Quebraram-se-lhe as arestas, perderam a feição as figuras
representadas na cachorrada a toda a volta, mas será difícil
encontrar maior pureza, beleza mais transfigurada. A igreja de
Adeganha é coisa para ter no coração, como a pedra amarela
de Miranda.”
O trecho, tirado do livro Viagem a Portugal, do escritor português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura, demonstra a riqueza cultural e histórica encontrada em Adeganha,
uma das muitas aldeias portuguesas situadas na região de
Trás-os-Montes, no nordeste de Portugal. Adeganha é ligada à
vila de Torre de Moncorvo, no Distrito de Bragança, onde está
sendo construído o Aproveitamento Hidrelétrico Baixo Sabor
pelo Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) Baixo
Sabor, formado pela Odebrecht-Bento Pedroso Construções
e pela Lena Construções. O AHE Baixo Sabor compreende a
construção de duas barragens equipadas com grupos reversíveis – uma a montante e outra a jusante (rio acima e rio abaixo)
do Rio Sabor para o cliente Gestão da Produção de Energia
S.A. (EDP). Com 123 m de altura, a barragem de montante é
a maior das duas que integram a obra e será a segunda mais
alta de Portugal. Sua capacidade de armazenamento dará origem a mais significativa reserva estratégica de água na bacia
hidrográfica do Douro.
Aldeia Viva
Com a chegada da obra à região, um grupo de pessoas ligadas à equipe de arqueólogos do projeto (são 184 arqueólogos
72
Em Portugal,
valorização da cultura
é o foco de projeto
na região das obras
do Aproveitamento
Hidrelétrico do Baixo
Sabor, onde também
tem destaque o
investimento
em geração de
trabalho e renda
Maria Angélica Lage:
memória da cultura
trasmontana
informa
73
no total) sensibilizou-se com o tema da valorização
da cultura local e idealizou o projeto Aldeia Viva,
voltado ao patrimônio intangível encontrado nas
aldeias e que, em muitos casos, é desconhecido
das pessoas que vivem nas grandes cidades.
A arqueóloga Rita Gaspar, 35 anos, coordenadora
de estudos da pré-história, e André do Carmo Tereso, 29 anos, técnico em conservação e restauro,
ambos integrantes da AHE Baixo Sabor, contam que
o Aldeia Viva começou com um contato com a comunidade local, interessada em preservar e transmitir
seus conhecimentos ancestrais às novas gerações.
“Começamos a perceber que esta é uma região que
está muito isolada e envelhecida, que existem muitos problemas de trabalho e que isso acaba afastando a população jovem daqui”, comenta Rita, ao explicar que a ausência de jovens na aldeia impede que
os conhecimentos populares dominados pelos mais
idosos, entre eles métodos agrícolas, receitas, danças, cantigas e lendas, sejam perpetuados. “Queríamos mostrar às pessoas as memórias guardadas
em uma aldeia e transmiti-las por meio de encontros”, explica Rita. Ela relata que já foram realizados
encontros que envolveram outras aldeias da região
para que todos pudessem vivenciar os costumes de
Adeganha e para que as demais também se sentissem motivadas em realizar eventos semelhantes
em suas próprias localidades, fortalecendo assim a
cultura regional.
74
Geração de trabalho e renda
“As pessoas tinham um pensamento muito me-
Além da valorização da cultura local, outro
cânico de tudo o que faziam, mas nada de trans-
ponto de atenção com a chegada da obra foi a ne-
missão de conhecimento. Não queríamos que o
cessidade de geração de trabalho e renda para as
conhecimento fosse perdido”, diz André Tereso.
comunidades situadas na região do Aproveitamen-
Em um rápido passeio por Adeganha, a equipe
to Hidrelétrico Baixo Sabor. A Odebrecht-Bento
de Odebrecht Informa conferiu isso de perto. No
Pedroso Construções incentivou, desde o come-
emaranhado de vielas estreitas recheadas de ca-
ço, a formação e qualificação de empresas “Pro-
sinhas de pedra, repórter e fotógrafa foram con-
curamos incentivar os empreendedores locais”,
vidados a entrar na casa de Maria Angélica Lage,
conta Antônio Monteiro, Gerente Administrativo e
uma senhora de 90 anos que se aquecia sentada
Financeiro da obra. “Fomos à associação comer-
em frente à lareira, mexendo a lenha com um toco
cial local, em muitas reuniões, explicamos nossas
de madeira enquanto perguntava com um sorriso
necessidades e as oportunidades que poderíamos
no rosto: “Querem ouvir uma canção?” Em segui-
gerar na região, mostramos que estávamos aber-
da, começou a entoar cantigas que narravam o
tos. Ao mesmo tempo que focamos mais no nosso
cotidiano trasmontano, além de rezas e histórias
negócio, damos oportunidades ao desenvolvimen-
sobre seu pai, seu marido, seus filhos e de quando
to de negócios locais”, comenta Monteiro, que atu-
vivia em Angola. “Está vendo? Não podemos per-
almente recorre a empresas locais para demandas
der esse conteúdo todo”, disse André.
da obra que envolvam limpeza, lavagem de veícu-
informa
Francisco Fevereiro:
“Confiaram em nós”
Maria Angélica
Lage
los, manutenção de aparelhos de ar condicionado,
um pavilhão em Torre de Moncorvo e, com a crise
serviços específicos de serralheria e gestão dos
que começava a se instalar em 2008, acreditei que
restaurantes do canteiro de obras.
ficaria difícil de torná-lo rentável. Então, quando
Um dos exemplos é oferecido por Francisco
começaram os preparativos para a construção do
Braz. Quando soube da chegada da obra e do gran-
Aproveitamento Hidrelétrico Baixo Sabor, fui até
de volume de trabalho associado à construção da
os responsáveis e informei que estaria disposto
Barragem Baixo Sabor, montou a empresa Colhe-
em alugar uma parte do meu pavilhão. Dois dias
ventos, com sede em Torre de Moncorvo. Atual-
depois, recebi uma ligação do subempreiteiro que
mente, colaboram com a empresa 13 integrantes,
estava dedicado às obras de escavação do proje-
responsáveis pela limpeza da obra, incluindo es-
to. Foi um passo para que começassem a solicitar
critórios e dormitórios. “Antes de abrir a empresa,
alguns pequenos trabalhos de serralheria para o
informei-me com os responsáveis do Baixo Sabor,
lançamento da obra”, diz Fevereiro, que ressalta
que me garantiram que iam abrir uma concorrên-
que, para ele, o mais importante na história foi que
cia, da qual eu poderia participar, e que até privile-
os responsáveis pela obra tiveram a iniciativa de
giariam as empresas da região”, relata.
procurar na região uma empresa que pudesse de-
Já Francisco Fevereiro, proprietário de uma
senvolver o trabalho e acreditaram em uma em-
serralheria, relembra que seu envolvimento com
presa pequena. “Confiaram em nós, e não deixa-
o projeto ocorreu “da forma mais simples que se
mos a obra parar nenhum minuto sequer por falta
possa imaginar”. Eu tinha acabado de construir
de material”, comemora.
informa
75
PERFIL: Cláudio Castro
A ajuda de quem
entende do riscado
Hoje coordenador das ações de desenvolvimento
sustentável na República Dominicana, ele conheceu
cedo, na Bahia, a realidade dos pequenos agricultores
texto José Enrique Barreiro foto Geraldo Pestalozzi
76
láudio Castro nasceu em
C
Na Fundação, onde ficou por cinco
Cláudio passou a integrar a organi-
meados da década de 1950,
anos, Cláudio Castro dirigiu o Instituto
zação dinâmica de Marco Cruz, Dire-
em Itabuna, sul da Bahia, no
de Desenvolvimento Sustentável do
-tor-Superintendente da Odebrecht
coração das “terras do sem fim”. Ali,
Baixo Sul da Bahia (Ides) e a Casa Fa-
no país, como Responsável por Apoio
como tão bem descreveu o escritor
miliar do Mar e coordenou a implan-
em Programas Socioambientais e Co-
Jorge Amado em alguns de seus ro-
tação da Casa Familiar Agroflorestal
municação: “Aqui na República Domi-
mances, a produção do cacau era o
de Igrapiúna. “Foi uma experiência
nicana, o meu xará Cláudio Medeiros
pano de fundo de uma ambígua rea-
marcante”, avalia. “Pude conviver de
me ensinou muita coisa. Agora tenho
lidade socioeconômica. Cláudio ainda
perto com Dr. Norberto Odebrecht, o
a oportunidade de conviver e aprender
conheceu os dois lados do ciclo do
que me trouxe grandes aprendizados,
com Marco Cruz neste novo desafio
cacau, cujo auge ocorrera nas três
e fazer o que gosto, o que penso que
em minha carreira”.
décadas anteriores à de seu nasci-
é o certo, que é contribuir com a luta
Casado, pai de três filhos e avô
mento: de um lado, o poderio de al-
para diminuir as desigualdades so-
coruja (“ganhei uma neta linda de
guns senhores de terras e, de outro,
ciais e criar oportunidades de gera-
presente este ano, e estamos na ex-
a dura realidade social de milhares de
ção de trabalho e renda para famílias
pectativa de ganhar mais um neto
famílias da zona rural que pouco se
da zona rural.” Ainda sobre sua pas-
em março”), Cláudio ressalta a im-
beneficiaram do esplendor cacaueiro.
sagem pela Fundação Odebrecht, ele
portância da família em sua vida
A pergunta é inevitável: teria sido
faz questão de citar dois líderes com
pessoal e nos programas em que
por conta disso que Cláudio chegou à
os quais muito aprendeu: Antônio
atua. “A valorização da família é a
Fundação Odebrecht, em 2002, para
Carlos Viard e Marcelo Walter.
base para o desenvolvimento social.”
atuar exatamente na zona rural do
Em 2007, Cláudio desembarcou na
Inquieto e extremamente crítico
Baixo Sul da Bahia em apoio às fa-
República Dominicana para continu-
consigo mesmo (“sempre fui assim
mílias pobres dessa região? Ele res-
ar a fazer o que gosta: coordenar as
e continuarei sendo assim”), Cláudio
ponde: “Eu havia trabalhado antes na
ações de desenvolvimento sustentável
sai do sério quando se vê diante da
construtora Góes Cohabita, na área
da Odebrecht no país. “Implementa-
hipocrisia (“uma das faces mais ter-
de processamento de dados, mas
mos programas voltados para a for-
ríveis que o ser humano pode exibir”).
entrar para a Fundação Odebrecht
mação de associações comunitárias
Em contrapartida, esbanja alegria ao
foi o grande marco profissional de
e de agricultura familiar, a educação
ver os resultados do seu trabalho. “O
minha vida. A oportunidade surgiu,
ambiental e a geração de oportunida-
que me deixa feliz é sentir que estou
e eu a abracei com muita motivação,
des de trabalho e renda.” Ele destaca,
contribuindo para a melhoria das pes-
provavelmente por ter conhecido, na
entre outros, o Projeto de Construção
soas, muitas vezes pessoas que nem
infância, a grande necessidade de
de Habitações na Comunidade de
conheço nem vou conhecer. Acredito
apoiar o desenvolvimento sustentável
Guayuyal e na Província de San Juan,
que viemos a esta vida para sermos
de zonas rurais da Bahia – como de
a Cooperativa de Costura e a Coope-
felizes e fazermos felizes outras pes-
resto, de todo o Norte e Nordeste de
rativa de Artesãos de Samaná e o Pro-
soas, e esse é o objetivo que temos
nosso país”.
grama Educar é Construir. Em 2010,
que buscar dia após dia.”
informa
Cláudio Castro:
“Viemos a esta
vida para ser
felizes e fazermos
felizes outras
pessoas”
Carlos José:
“Toda obra
tem começo,
meio e fim,
mas esta aqui
é permanente”
informa
informa
77
77
coragem
crença firme no talento E na
Projeto Mulheres Reciclando possibilita inclusão social
com geração de renda por meio do artesanato
M
texto Luiz Assumpção foto André Valentim
agali de Almeida Cesar Macha-
“Minha vida melhorou demais”
do buscou no artesanato uma te-
“Eu resistia à ideia de abandonar àquelas que tinham
rapia. Para vencer a depressão,
nos cursos uma esperança de vida melhor”, relembra
decidiu aprender uma atividade
Magali. “Precisava fazer alguma coisa. Eram muitas
diferente. Matriculou-se em um
mulheres, sozinhas, abandonadas, com filhos para
curso e passou a vender seus produtos em feiras.
criar. Eu precisava usar o que tinha aprendido para aju-
Não demorou a chamar a atenção. As amigas e
dá-las a ganhar dinheiro e assim poderem sobreviver.”
vizinhas da comunidade das Malvinas, em Macaé
(RJ), demonstraram interesse pela habilidade desenvolvida por ela, que decidiu passar adiante seu
conhecimento.
A artesã convidou quatro amigas para desenvolver um projeto que abrangesse mulheres de
sua comunidade. Acreditava que, a partir de seu
conhecimento, outras pessoas poderiam se beneficiar. Assim, em 2007, surgiu o Projeto Mulheres
Reciclando (Promur). Com retalhos, coletados em
confecções locais, as participantes aprendiam a
produzir bolsas, roupas e outras costuras.
As oficinas eram aos sábados. Magali alugou um
espaço para ministrar os cursos, pagando o aluguel com seu próprio salário. Após alguns meses
bancando o projeto sozinha, a fundadora perdeu
o emprego que pagava as contas do Promur. Com
quase dois anos de atividade, o projeto teria fechado as portas, não fosse o apoio de um empresário
78
anônimo que se dispôs a pagar o aluguel do ateliê
onde os cursos ocorriam.
De uma aula por semana, a fundadora passou
a se dedicar exclusivamente ao Promur, que hoje
funciona diariamente, de 8 às 16 horas, promovendo oficinas gratuitas. O projeto, que visa à união,
superação e inclusão social com geração de renda,
passou a contar com o apoio da Odebrecht Óleo e
Gás (OOG) em 2011.
Há três anos no projeto, a aposentada Maria Estela
aquisição de uma sede própria para o Promur. Após dois
Moura, 70 anos, sentia-se desamparada. Estava à procura
anos de parceria, a renda média das participantes do
de distração e encontrou muito mais no ateliê da comuni-
projeto já aumentou em 23%.
dade das Malvinas. “Eu me sentia muito sozinha. Com o
Cerca de 400 alunas já passaram pelas oficinas do
Promur, minha vida melhorou demais. Aprendi, ensinei,
Promur. Apesar de algumas participantes dos cursos
fiz amigas e ainda consigo ganhar algum dinheiro.”
buscarem apenas uma distração, grande parte pas-
Por meio do programa Escola em Ação, iniciativa da
sou a produzir de maneira independente e consegue
OOG em parceria com a Prefeitura de Macaé e a Unes-
atualmente sustentar suas famílias. “Algumas moças já
co, a empresa identificou no Promur algumas das ca-
abriram até loja com o que aprenderam nas oficinas”,
racterísticas presentes no próprio programa, como ges-
orgulha-se Magali.
tão participativa e capacidade de mobilização social. O
Pela iniciativa e perseverança de uma pessoa, cente-
apoio da OOG consiste no incentivo e na ajuda à realiza-
nas já se beneficiaram. Diversas moradoras de regiões
ção de cursos de qualificação profissional, participação
próximas reconhecem o trabalho realizado e anseiam
em feiras de artesanato e nas Bases de Apoio Logístico
por uma filial perto de suas casas. O Promur é um pro-
da empresa em Macaé, organização de oficinas de ges-
jeto que gera renda e contribui para o desenvolvimento
tão e encomenda de brindes para seminários e reuniões
socioeconômico de comunidades de baixa renda. Como
anuais. Além disso, OOG repassa recursos financeiros
a Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO) orienta e en-
provenientes da venda de materiais recicláveis, produ-
fatiza, Magali e sua equipe não dão o peixe. Elas ensi-
zidos em suas unidades marítimas de perfuração, para
nam a pescar.
A aposentada Maria
Estela Moura (à esquerda)
ao lado da amiga Maria
Cruz: “Aprendi, ensinei,
fiz amigas e ainda consigo
ganhar algum dinheiro”
informa
79
ARGUMENTO
80
informa
80
Convergindo sobre
sustentabilidade
“Precisamos encontrar o caminho do ‘ganha-ganha’
na construção da infraestrutura necessária em cada
país. Devemos sair da rota de conflitos e considerar
um novo caminho para essa construção”
P
oucos conceitos são tão discutidos atual-
Precisamos encontrar o caminho do “ganha-
mente quanto o de sustentabilidade. Não
-ganha” na construção da infraestrutura
há divergência em relação à sua aplica-
necessária em cada país. Devemos sair da rota
bilidade a qualquer ramo da atividade humana,
de conflitos e considerar um novo caminho para
mas há, por vezes, descrença diante dos desa-
essa construção. Podemos colocar em práti-
fios, especialmente nas questões relacionadas
ca uma hierarquia nas questões dos impactos
à mudança climática e à eliminação da pobreza.
sociais e ambientais, para evitar, mitigar e,
Mas trato aqui do que já atingimos para balizar o
por último, compensar. Precisamos sair do
que devemos conquistar.
tratamento individual por projeto, que perde o
Há razões para otimismo e é o que nos
sentido do conjunto, e considerar um portfólio
impulsiona a agir, como disse em recente
de opções que tenha como base o território.
encontro em Doha o secretário-geral da ONU,
Devemos incorporar, nas avaliações de impac-
Ban Ki Moon.
tos, o balanço dos benefícios locais, regionais e
A última década do século passado e a
globais, em contraponto à visão somente local.
primeira deste marcaram um período em que
Em resumo, precisamos inserir cada projeto em
subimos vários degraus na escala da maturidade
seu contexto territorial e setorial.
do entendimento e de práticas no caminho da
Por fim, sem esgotar as oportunidades de
sustentabilidade. Começamos por posicionar os
melhorias, é hora de dotar os projetos de ele-
atores no lado do bem e do mal, onde estavam,
mentos que permitam ajustes e melhorias ao
respectivamente, o terceiro e o segundo setor,
longo do tempo. Esses elementos são os que
com o primeiro setor (governos) atuando no papel
estamos desenvolvendo em uma iniciativa deno-
de comando e controle. Levamos algum tempo
minada “nova inteligência para a infraestrutura”,
para deixar a visão de “quem está” e passar ao
retratando nosso compromisso rumo à susten-
“o que é” certo. Progredimos, pois ao sairmos das
tabilidade.
trincheiras encontramos um campo de demandas
e oportunidades para chegarmos ao tangível do
que é sustentabilidade. Como representantes de
Ana Cristina Barros
uma organização do terceiro setor, podemos dizer
é a responsável pelo
que esses resultados somente aconteceram onde
programa de Smart
houve alianças entre ONGs, comunidades, empre-
Infrastructure,
sas e governos.
conduzido pela
Progredimos, mas podemos ampliar o espectro dessas conquistas.
ONG TNC para a
América Latina
informa
81
Em águas harmoniosas e
produtivas
No Baixo Sul da Bahia, o entendimento
de que todos podem contribuir para o
equilíbrio do meio em que vivem
texto Gabriela Vasconcellos fotos Almir Bindilatti
82
82
informa
T
odos os dias ao acordar e abrir a jane-
mais, pois é uma atividade que vem conquistando a
la, Adenilton do Nascimento, 31 anos,
confiança de todos.”
vê o Lago Antônio Rocha. Fonte de tra-
É, portanto, das águas de Antônio Rocha que o
balho para o produtor rural, que culti-
aquicultor tira o sustento de sua esposa e três filhos,
va peixes em suas águas, o manancial
mas o trabalho não termina ao alimentar as tilápias.
tem o nome de seu pai, morador da região há mais de
Deninho acredita que é sua e de todos da comunida-
30 anos, e é um ponto de referência na comunidade
de a responsabilidade por conservar o lago. Ele mora
Juliana, localizada no município de Piraí do Norte, no
perto da nascente e, em parceria com a Organização
Baixo Sul da Bahia.
de Conservação da Terra (OCT), implantou 1 hectare
Mais conhecido como Deninho, Adenilton é asso-
com diferentes culturas, como seringa e frutíferas,
ciado e tesoureiro da Cooperativa dos Aquicultores
método conhecido como Sistema Agroflorestal (SAF).
de Águas Continentais (Coopecon). Fruto de mobi-
“O SAF é inserido de forma gratuita, possibilitando
lização social de piscicultores e famílias da zona
um meio de garantir renda à unidade-família. Fun-
rural, a Coopecon foi fundada em 2010. Deninho foi
ciona como uma contrapartida para o produtor rural,
um dos primeiros a integrar a cooperativa. “O retor-
que destina parte de sua terra para conservar a mata
no financeiro vem crescendo a cada dia. Hoje ganho
nativa”, explica Volney Fernandes, Líder da Aliança
cerca de R$ 1 mil e acredito que vai aumentar ainda
Cooperativa de Serviços Ambientais vinculada à OCT.
Adenilton do Nascimento,
a esposa e os três filhos
no Lago Antônio Rocha:
com ajuda de parceiros, o
aquicultor está realizando
cultivo de peixe e
reflorestamento
“Observamos que, ao desmatar, a água estava
diminuindo. Com o reflorestamento, protegemos os
recursos para as futuras gerações. Nunca pensei
que um dia iria fazer isso. Eu era um agressor da
natureza e hoje sou um defensor”, afirma Deninho.
O produtor implantou, também com apoio da OCT,
1 hectare de eucalipto. “Esse cultivo vai nos trazer
um benefício grande, porque, em vez de derrubar a
mata, vamos ter a nossa própria madeira”, garante. “Aqui as pessoas não tinham essa consciência”,
completa.
Leandra Santos, esposa de Deninho, confia no
marido. “Meus filhos pensam em seguir os passos
do pai”, comemora a agricultora, que revela seu sonho: construir uma nova casa. Deninho se preocupa
com o futuro das crianças. “Não tive a oportunidade
de estudar, mas quero dar a eles uma boa educação,
ensinando a importância de viver em comunidade e
Yasmin, a filha
mais velha de
Adenilton: ela
quer ser técnica
aquícola
de preservar a natureza”, diz. Sua filha mais velha,
Yasmin, está cursando o 5º ano no Colégio Estadual
Casa Jovem (CECJ), localizado no município de Igrapiúna (BA), e pensa em ser técnica aquícola quando
crescer. “Incentivo Yasmin todos os dias”, assegura
Deninho.
Fortalecimento dos quatro capitais
84
busca Deninho. Com apoio do Instituto Direito e Cidadania (IDC), conquistou um direito básico para sua
família e comunidade: documentação civil. “O IDC
Coopecon, OCT e o CECJ são instituições ligadas
realizou uma ação aqui, e aproveitamos para emi-
ao Programa de Desenvolvimento e Crescimen-
tir as carteiras de identidade de meus filhos. Muitos
to Integrado com Sustentabilidade do Mosaico de
vizinhos não tinham nem o registro. Sabemos que
Áreas de Proteção Ambiental do Baixo Sul da Bahia
uma pessoa sem documento não é um cidadão”, ar-
(PDCIS). Fomentado pela Fundação Odebrecht, em
gumenta.
parceria com o poder público, sociedade civil e insti-
Referência em sua comunidade, o produtor
tuições privadas, o PDCIS promove simultaneamen-
assumiu também o compromisso de liderar a As-
te o fortalecimento de quatro capitais: produtivo, ao
sociação dos Pequenos Produtores Rurais da Re-
implantar alianças cooperativas estratégicas para
gião do Juliana. Com apoio da Associação Guardiã
geração de trabalho e renda; humano, representa-
da Área de Proteção Ambiental do Pratigi (Agir),
do por centros educacionais que contribuem para
que, assim como o IDC, também integra o PDCIS,
a formação de jovens empresários; social, incenti-
a associação tem mobilizado as 40 famílias que
vando a construção de uma sociedade mais justa e
compõem a região do Antônio Rocha. “Quero reu-
igualitária; e ambiental, ao promover atividades que
nir as pessoas para discutir o melhor”, salienta.
priorizam a recuperação e conservação dos recur-
Para ele, o importante é fortalecer o sentimento
sos naturais.
de pertencimento entre os moradores e, assim,
O programa carrega, em sua essência, a premis-
alcançar o oitavo objetivo do milênio: todos tra-
sa de que o desenvolvimento representa o proces-
balhando pelo desenvolvimento. “Com a nossa
so evolutivo dos seres humanos e que todos podem
união, conseguiremos alcançar resultados como
contribuir para o equilíbrio do meio em que vivem
a ampliação de nossa renda e a conservação dos
e, assim, possibilitar o progresso. É o que também
recursos naturais”, acredita.
informa
Próxima edição:
Sinergia
RESPONSáVEL POR COMuNICAçãO EMPRESARIAL NA CONSTRuTORA NORBERTO
ODEBREChT S.A. Márcio Polidoro
Fundada em 1944, a
Odebrecht é uma
organização brasileira
composta de negócios
diversificados, com atuação
e padrão de qualidade globais.
Seus 180 mil integrantes
estão presentes nas três
Américas, na África, na Ásia
e na Europa.
RESPONSáVEL POR PROGRAMAS EDITORIAIS NA CONSTRuTORA NORBERTO
ODEBREChT S.A. Karolina Gutiez
COORDENADORES NAS áREAS DE NEGóCIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica|
Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto óleo e Gás | Daelcio Freitas
Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Antonio Carlos de
Faria Infraestrutura e Transporte | Josiane Costa Energia | Letícia Natívio Engenharia
Industrial e Defesa e Tecnologia | Herman Nass Construção Naval
Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa
COORDENAçãO EDITORIAL Versal Editores
Editor José Enrique Barreiro
Editor Executivo Cláudio Lovato Filho
Editora de Fotografia Holanda Cavalcanti
Arte e Produção Gráfica Rogério Nunes
Ilustrações Adilson Secco
Tiragem 5.400 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom
Redação: Rio de Janeiro (55) 21 2239-4023 / São Paulo (55) 11 3641-4743
e-mail: [email protected]
informa
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Rogério Reis
“É característica do gênero
humano a insatisfação com
o que existe. Inseparável da
pessoa que possui espírito
empresarial é sua tendência
para o otimismo”
TEO [Tecnologia Empresarial Odebrecht]
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informa
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