Publicação Trimestral da Sociedade
Brasileira de Hemodinâmica e
Cardiologia Intervencionista
Ano XI – Número 2
Abril a Junho de 2008
instituto ricardo Brennand,
recife, pernambuco
XXX congresso da sBHci
apresenta a nova diretriz
para intervenção
coronária percutânea
destaques, Homenagens e premiações do evento 2008 no recife
4entrevista eXclusiva
com o presidente
da associação
médica Brasileira
4mec comenta as
mudanças dos critérios
para aBertura de
escolas médicas
valmir fontes
rogério sarmento-leite, Jorge ilha, gilberto nunes, iran castro, Jorge pinto ribeiro
e luiz alberto mattos em gramado, no Xviii congresso da sociedade de cardiologia do rs
o sucesso das primeiras edições do pec
e o que acontecerá
no congresso da sBc
4pioneiro da cardiologia intervencionista pediátrica conversa com o Jornal da sBHci
opinião
AVANÇO CONSISTENTE
opinião
OS NOVOS
HORIZONTES
DA SBHCI
V
ocê acaba de receber mais uma
edição do Jornal da SBHCI em
sua nova fase, cujo
grande diferencial é
a possibilidade de
circulação em toda a
comunidade cardiológica brasileira, por
intermédio da distribuição a todos os sócios da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Foi uma possibilidade que se tornou real graças ao apoio
irrestrito da Direção da Sociedade Brasileira
de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), ao suporte dos patrocinadores e à competente coordenação de uma
equipe profissional de editorialistas.
Essa ampliação de horizontes nos dá mais
visibilidade e, ao mesmo tempo, traz um
grande desafio: tornar a pauta adequada às
demandas da Cardiologia brasileira. Procuramos fazê-lo, novamente repercutindo
nosso congresso anual, desta vez realizado
no Recife.Tratamos das grandes discussões
da Cardiologia Intervencionista, tanto no aspecto técnico quanto em suas peculiaridades
como especialidade, conforme debatido no
Fórum de Qualidade Profissional.
Temos promovido, também, amplo debate sobre a formação de novos profissionais,
sua área de atuação, e a interação com
outras especialidades. Temos simultaneamente trabalhado para dar espaço a todas
as partes interessadas, em todas as instâncias, para discutir os difíceis aspectos da
fomentação financeira dos materiais e dos
procedimentos intervencionistas.
Enfim, o Jornal da SBHCI habilita-se a ser
um canal de expressão de nossa Sociedade
e reivindica interagir com os diversos segmentos da Cardiologia, para os quais, desde
já, consigna espaço para ampla participação.
Afinal nós, intervencionistas, devemos sempre nos lembrar de que temos uma grande
qualidade para oferecer o melhor a nossos
pacientes: também somos cardiologistas.
Boa leitura.
César Medeiros, editor
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
Nova Diretriz Intervencionista da
SBC-SBHCI está nas “bancas”:
vamos divulgá-la!
Prezados Colegas,
Completamos dois anos
de administração da nossa Sociedade. Das múltiplas ações
propostas restava uma, talvez a
mais representativa, elaborada
meticulosamente, implementada
e finalizada neste primeiro semestre de 2008. Desde a introdução
dos stents farmacológicos em
nossa prática clínica, um novo
paradigma foi estabelecido. Falo do avanço
consistente na oferta de uma revascularização
coronária percutânea para maior número de
pacientes portadores de maior complexidade
morfológica relacionada à apresentação de
doença arterial coronária, efetivando proce-
dimentos com maiores taxas de
durabilidade tardia.
Essa movimentação foi extraordinariamente aguda e ampla,
federativa, e promoveu reflexões
em cardiologistas, cirurgiões,
gestores de Saúde e até nos
próprios pacientes, quando da
inserção de notícias alarmantes
na mídia leiga acerca da possibilidade da ocorrência de complicações tardias, não valorizadas até então.
A primeira edição de uma diretriz
brasileira dedicada à prática da intervenção
coronária percutânea foi editada em 2003,
porém preparada em 2002, sem a devida
incorporação desses novos dispositivos. A
Saiba mais sobre a nova
Diretriz para Intervenção
Coronária Percutânea
U
m dos destaques do XXX Congresso
da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), realizado no Recife, foi
a apresentação da II Diretriz SBC-SBHCI
de Intervenção Coronária Percutânea. Na
oportunidade, coroou-se o trabalho de um
grupo de mais de 60 renomados especialistas de ambas as entidades, que, durante
meses, se dedicaram a sua preparação.
É importante destacar que a nova Diretriz
tem por finalidade servir à população de pacientes tratados no Brasil com medicamentos
e dispositivos aprovados pelos órgãos reguladores de Saúde competentes. O objetivo é
auxiliar e substanciar todos aqueles envolvidos
com a realização da intervenção coronária
percutânea (ICP) no Brasil, sejam eles médicos, profissionais da Saúde ou provedores de
serviços médicos e os pacientes. O julgamento
final para a aplicação de um procedimento
terapêutico a um paciente deve ser efetivado
pelo médico, amparado nas evidências reconhecidas e com o devido esclarecimento de
todas as possibilidades existentes.
Assim, a partir de agora, a Cardiologia
brasileira ganha uma referência consistente, embasada, transparente e abrangente
para responder de forma adequada às
demandas de Saúde dos cidadãos no
tocante à ICP, uma área extremamente
importante e em plena expansão.
Como bem observa o presidente futuro
e coordenador nacional de diretrizes da
Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC),
Jorge Ilha, um dos envolvidos na produção
do documento:“Foi uma tarefa árdua, porém
muito gratificante. O grupo era unido e
elaborou um trabalho absolutamente sério,
jamais atuando de maneira corporativa”.
“Quando a diretriz é bem feita, quando
reflete o pensamento majoritário dos es-
de Cardiologia (SBC), convocando todos
aqueles com representação e aptos pelo seu
passado acadêmico a exarar recomendações.
Poucos recusaram a tarefa (apenas três
colegas), demonstrando que nossos anseios
e nossa motivação estavam corretamente
direcionados. Da redação à reunião presencial
obrigatória transcorreram quatro meses, e,
após o encontro efetivado em final de outubro de 2007 na praia da Enseada, no Guarujá,
em São Paulo, mais seis meses até a redação
definitiva. Chegamos ao final, impulsionados
que fomos por esses mais de 60 médicos, que
reúnem 10 livres-docentes em medicina, 22
doutores em ciência em medicina, um ex-presidente e o futuro presidente da SBC, além do
coordenador nacional de diretrizes da SBC.
Esse documento agora exposto aos diversos
profissionais da Saúde nasce robusto e consistente, transparente e abrangente, representativo como assim foi planejado. Sabemos que
sempre existirão focos de controvérsia em
determinados tópicos, mas o consenso foi
obtido e melhorias futuras sempre estarão
Renomados especialistas contribuíram
para a produção da Diretriz
pecialistas da área, tem
chance muito maior de
aceitação, podendo passar
a receber o valor de uma
verdadeira lei dentro do
meio”, comenta.“Os valores impostos por diretrizes
desse nível certamente
orientaram a prática e as
atitudes médicas.”
Tendo já participado
ativamente da elaboração de
outras 58 diretrizes, Jorge Ilha
é uma autoridade no assunto.
Com base nesse conhecimento, comenta que geralmente uma diretriz perde
atualidade em cerca de
quatro anos, mas isso pode
sofrer variações, dependendo do desenvolvimento
da produção científica e
clínica da área a que a ela
se reserva. É necessário,
portanto, sempre investir
na atualização: “O pro-
previstas, no próximo biênio. Agora cabe a
todos nós, sócios da SBHCI, divulgá-las e
permeá-las entre nossos pares, pois somente
assim lograremos atingir o objetivo primeiro:
elevação da qualidade dos serviços prestados
aos pacientes, nosso bem maior.
Uma diretriz jamais promoverá o
enfoque comercial ou político, mas sim a
compilação concentrada de inúmeras informações científicas, que sintetizam o estado
da arte da prática médica realizada todos
os dias, em mais de 500 hospitais e clínicas,
por mais de 500 sócios habilitados em
nosso País. Mais uma missão foi cumprida.
Obrigado a todos e vamos em frente!
palavra do presidente
necessidade de redação de um novo documento era premente, visando ao balizamento das indicações clínicas e técnicas desse
procedimento intervencionista, de longe o
principal efetivado por nossos associados.
Diante disso, quais os procedimentos
adotados? Diretrizes representam um prisma complexo composto de muitos matizes,
um grande conjunto de recomendações
que mais consistentes serão se preparadas
com base nos resultados de ensaios clínicos
controlados e, mais que isso, se redigidas e
discutidas por um grupamento representativo de especialistas.Vários de nós poderiam
executar o mesmo documento sozinhos, porém suas conclusões, por mais que corretas,
não seriam absorvidas, pois seriam o reflexo
da unidade e não do grupamento.
Assim iniciamos o arcabouço desse documento científico, agora finalizado, dividindo
a tarefa entre mais de 60 médicos tanto da
Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e
Cardiologia Intervencionista (SBHCI) como
cardiologistas clínicos da Sociedade Brasileira
Luiz Alberto Mattos
Presidente da SBHCI
cesso é semelhante ao da produção de uma
nova Diretriz”. Mas essa, obviamente, é uma
etapa para um futuro ainda distante.
Hoje, o que SBC e SBHCI têm em mãos
é uma referência de excelência para a prática
diária dos cardiologistas. Segundo o presidente da SBHCI, dr. Luiz Alberto Mattos, o
documento apresentado no Recife reflete
o sucesso de um trabalho dedicado e bem
conduzido. Ele também ressalta outro ponto
alto do Congresso: “Foi fundamental a liberação na Internet, no portal da Sociedade,
dessa II Diretriz de Intervenção Coronária
Percutânea, em associação com a Sociedade
Brasileira de Cardiologia”.
Segundo a dra. Amanda Guerra Moraes
Rego Sousa, diretora da Divisão de Diagnóstico eTerapêutica do Instituto Dante Pazzanese
de Cardiologia, de São Paulo, a segunda edição
das diretrizes é uma grande vitória. “Mais
de 60 profissionais estiveram envolvidos e
agora temos, como decorrência disso, esse
documento importantíssimo para a prática da
Cardiologia Intervencionista em nosso País e
para obtermos das autoridades governamentais a subvenção dos instrumentais ainda não
subvencionados pelo Sistema Único de Saúde
(SUS). É um momento de festa”.
Jornal da SBHCI
Recife 2008
Na cerimônia de abertura, da esquerda para a direita,
Alexandre Abizaid, Edgar G. Victor, Luiz Alberto Mattos e a
enfermeira Simone Fantin. No púlpito, Jorge Ilha Guimarães
Com começo sublime,
XXX Congresso tem
desfecho glorioso
Em uma das
paisagens medievais
mais belas do País,
evento da SBHCI
fica para a história,
inclusive batendo
recorde de público
Edgar Guimarães Victor. A seu lado, na
mesa de abertura, estavam os drs. Luiz
Alberto Mattos, presidente da SBHCI;
Jorge Ilha, presidente futuro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC);
Alexandre Abizaid, presidente da Sociedade Latino-Americana de Cardiologia
Intervencionista (SOLACI), e Simone
O
Museu de Armas Castelo São
João foi a primeira parada dos
convidados para a cerimônia de
abertura do XXX Congresso da
Sociedade Brasileira de Hemodinâmica
e Cardiologia Intervencionista (SBHCI),
que aconteceu entre 17 e 20 de junho,
em Pernambuco. Criado pelo colecionador pernambucano Ricardo Brennand,
o espetacular Instituto Brennand, com
suas peças provenientes da Europa, Ásia,
América e África, evidenciava na entrada a certeza de que o Congresso seria
especial. E assim o foi.
Em meio a pinturas, armaria, tapeçaria
e esculturas, os trabalhos foram instaurados pelo presidente do Congresso, dr.
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
Museu de Armas
Castelo São João
Fantini, presidente do Departamento de
Enfermagem da SBHCI.
“Junto com os 30 anos do Congresso
da SBHCI, comemoramos três décadas da
angioplastia de Grumsik, um marco da medicina”, destacou o presidente do evento.
Segundo o dr. Victor, o feito é comparável ao da radiografia ou da anestesia.
Recife 2008
“A diferença é que a angioplastia chegou
na era da Internet, da nanotecnologia, das
células-tronco. E não foi tarefa fácil obter
a consciência e a solidez que testemunhamos hoje. Isso é fruto de uma entidade
ativa, profícua e competente.”
Mesmo com tantas vitórias, a enfermeira Simone Fantini destacou algumas graves
deficiências que levam os profissionais da
área da Saúde a agregar esforços para levar atendimento a maior número de pessoas. “Hoje em dia, somente metade das
vítimas de doenças cardiovasculares tem
a oportunidade de receber assistência. É
nosso dever disseminar o conhecimento
e transpô-lo ao paciente.”
Trabalho em equipe
O sucesso de um evento do porte do
XXX Congresso da SBHCI não pode
ser atribuído a uma pessoa, mas a um
grupo que junto trabalhou diuturnamente, pensando em todos os detalhes
e tentando prever todo tipo de imprevisto para levar conforto e bem-estar
aos visitantes do Centro de Convenções de Olinda, em Pernambuco.
“Parabenizo a Diretoria pelo trabalho
intenso realizado em conjunto no sentido de aprimorar os objetivos comuns”,
registra o dr. Alexandre Abizaid.
O sucesso pôde ser comprovado pela
grande audiência nos auditórios
Uma homenagem a Cícero Dias contou
um pouco de sua rica produção artística
O dr. Jorge Ilha lembra que a SBC é
formada por importantes áreas de atuação, como a SBHCI, que devem seguir
unidas para o crescimento e fortalecimento da especialidade.
“A SBHCI é um modelo. Modelo de
gestão, modelo de comunicação com
seus sócios, e a Hemodinâmica, um
modelo de desenvolvimento tecnológico. A Sociedade de Hemodinâmica é o
que temos de mais pujante no País. As
necessidades da Hemodinâmica são as
necessidades da SBC. Vamos nos desenvolver e nos agregar para que estejamos
juntos. E estaremos ombro a ombro em
toda essa caminhada.”
Agradecendo as mensagens de apoio e
incentivo, o dr. Luiz Alberto Mattos teve a
honra de encerrar a primeira parte da cerimônia citando todos os seus parceiros,
companheiros de trabalho e colaboradores da entidade. “Caminhamos para o
futuro e nunca mais seremos os mesmos.
Procuramos oferecer uma administração
transparente, justa e firme. Para balizar
a educação continuada, seguimos com
os congressos, renovando os eventos e
procurando o diálogo com as instituições
que regem a Saúde brasileira.Todos esses
objetivos, ainda que parcialmente, vêm
sendo alcançados. Temos a certeza de
que isso só tem sido possível com ética,
competência e dedicação, que são nossos
maiores objetivos.”
Lição de vida
Muito mais que uma lição de cidadania,
o dr. Ely Toscano Barbosa ofereceu à platéia uma lição de vida. “O Cidadão, seus
Direitos e Deveres” era para ser uma
palestra, mas contagiou os presentes com
os exemplos de civilidade e cidadania
dessa ilustre personalidade da Cardiologia brasileira. O presidente da SBC de
1981 discursou sobre a importância de
defender os direitos dos cidadãos e também de fiscalizar os atos das autoridades
e a aplicação das leis nos três poderes.
“Nosso maior dever é exercer esses
direitos”, comentou.
Jornal da SBHCI
Recife 2008
Participação recorde
O mesmo sucesso da abertura oficial
repetiu-se no decorrer do XXX Congresso. Foram quase 2 mil participantes
durante os três dias de trabalhos. Congressistas, palestrantes e expositores
garantiram a essa edição recorde de
público e satisfação. Um destaque especial ficou por conta do crescimento
da participação de enfermeiros e estudantes no Congresso de Enfermagem
e com a sempre relevante presença de
especialistas médicos.
Conferência magna
Com tantos ilustres convidados
internacionais, a organização do
Congresso preparou, logo na largada,
uma conferência magna que foi calorosamente aplaudida. “30 anos de
Cardiologia Intervencionista: como
o sonho de Andreas Gruentzig se
tornou realidade” foi o tema de Spencer B. King III, diretor executivo de
assuntos acadêmicos do Saint Joseph
Health System e professor emérito
da Emory University.
O especialista norte-americano fez
uma viagem no tempo desde a primeira
angioplastia, realizada por Gruentzig
em Dolf Bachmann.
Ele lembrou que, atualmente, milhares de pacientes vivem após atravessar
doenças cardíacas que até pouco tempo atrás teriam sido fatais.
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
Balanço do XXX C
Avanços Consistente
Luiz Alberto Mattos*
N
osso Congresso anual atingiu a
maioridade. O evento foi realizado no Centro de Convenções de
Pernambuco, com êxito. Mas foi
um evento que exigiu forte demanda e
interferência pessoal para sua finalização
bem-sucedida. Nosso País é continental e
a sede de nossa Sociedade está localizada
em São Paulo. O fator “distância” elevou os
custos e reduziu as expectativas, motivando
uma dedicação hercúlea para que lográssemos êxito. A Sociedade Brasileira de
Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) exibe sua fortaleza e enrijece
sua musculatura, quanto mais exercitamos
todos os nossos feixes e tendões, que são
estimulados todos os dias, por nós, os sócios, cardiologistas intervencionistas.
Nosso sucesso encontra ressonância e
divulgação em nossos pacientes, que, diretamente, promovem mais e mais o crescimento de nossa área de atuação. Nesse
ciclo integrado, os parceiros e fornecedores
de materiais e equipamentos também se
agigantam e nos retornam em investimentos positivos, que fomentam e sustentam
nosso melhores e mais amplos serviços aos
sócios. Mas um evento na Região Nordeste
ainda é um enorme desafio.A começar pela
arrecadação, 30% menor que em 2007 e
com gastos 30% maiores, em decorrência
da utilização de um centro de convenções
público, desprovido de qualquer facilidade
básica, que somente foi obtida mediante
pagamento. Associado ao deslocamento e
aos fornecedores societários, locados em
São Paulo. Como o País ainda carece de
estradas seguras e adequadas para atingir a
Região Nordeste, a SBHCI despachou, por
via aérea, um contêiner de 2,8 toneladas,
contendo a alma do Congresso (bolsas,
programas etc.), carga preciosa, que se
perdida em alguma cratera no percurso
de 3 mil quilômetros irrecuperável seria,
podendo ferir o evento mortalmente. O
custo final será penalizado. Mas não es-
morecemos e envidamos dedicação única
para obter o melhor para nosso associado
e parceiros da entidade.
Executado o esforço, o evento foi muito
bem-sucedido e os números falam por
si: 608 médicos, dos quais 433 sócios da
SBHCI, adicionados a 374 profissionais da
área da Saúde lá estiveram, compondo uma
audiência de 982 pessoas. Excelente, direi
eu, pois é maior que o de Brasília, palco do
evento da SBHCI de 2007, respondendo
àqueles que não acreditam em eventos
nordestinos. Entre os médicos, estavam
representantes de quase todos os Estados
brasileiros, com exceção daqueles ainda
sem serviço ativo de Cardiologia Intervencionista, localizados na Região Norte (Acre,
Amapá e Roraima), denotando nossa representatividade federativa.A maior delegação,
sempre marcante, foi a de São Paulo, com
343 médicos, e se existe receio quanto à
realização de eventos na Região Nordeste
o retorno é comprovado pela presença de
recife 2008
Congresso da SBHCI:
tes, Aprendizado Constante
295 residentes do Norte-Nordeste. Meu
afeto ímpar pelo Estado que me adotou,
Pernambuco, foi recompensado.
Inegavelmente avançamos na gestão do
evento, com consolidação dos parceiros
que esta administração escolheu e agradece: ASCON Congressos, RCI Travel,
Web Saúde, EXPOR e Gráfica IPSIS, que
confeccionou um dos melhores e mais
bonitos programas que já tivemos. O mais
importante, nos movemos celeremente
em direção ao resgate da seriedade
científica, mais e mais ressaltando e convidando aqueles que têm a capacidade e
o reconhecimento científico, congressos
técnicos e não políticos. O grupamento é
muito qualificado, mas alguns dotados e
treinados para a pesquisa clínica e atividade acadêmica, compilando as atualizações
mais recentes, para aqueles que têm uma
atuação essencialmente assistencial. Cumprimos assim nosso objetivo, qual seja a
constante educação continuada.
Ressalto como aspectos relevantes
do evento:
II Fórum de Qualidade Profissional,
realizado no primeiro dia, com audiência
superior a 150 pessoas e debates intensos, que contou com a presença do dr.
Alberto Beltrame, diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde , drs. Jorge Ilha Guimarães e Emilio Zilli, representando a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC),
e representantes de seguradoras como
UNIMED e UNIDAS e de importadores de materiais e dispositivos, como a
ABRAIDI, finalizando com a presidente
da Sociedade Brasileira de Radiologia
Intervencionista e Cirurgia Endovascular (SOBRICE), dra. Valéria Cardoso de
Souza. Espaços como estes são fundamentais para nos fortalecer, demonstrar
nossa transparência, e sintetizar nosso
objetivo maior: ética com competência.
•
• Presença de 10 convidados internacionais, sem nenhuma ausência ines-
perada, capitaneados pelo dr. Spencer
King III, pioneiro na Cardiologia Intervencionista mundial e editor atual do
JACC Intervention.
• Discussão de casos clínicos editados
e apresentação de intervenções em
cardiopatias congênitas ao vivo, transmitidas a partir de hospitais do Recife
(Maximagem e IMIP).
• Valorização da apresentação dos temas livres, permeando a programação
científica do evento e não mais apresentados isoladamente.
• Outorga de 28 prêmios relevantes
para os melhores temas livres em diversos formatos e categorias, mas todos
focados em um objetivo apenas, tal seja
a elaboração da pesquisa resumida apresentada no evento em um artigo original
a ser submetido à Revista Brasileira
de Cardiologia Invasiva (RBCI).
proporcionando a criação arquitetônica
de stands agradáveis, verdadeiros oásis
de relaxamento para os congressistas
efetuarem suas atualizações científicas
e comerciais. Nosso Congresso sinaliza
a obrigatoriedade de ser realizado em
espaços amplos, que somente centros
de convenção preparados podem nos
proporcionar, ofertando o justo retorno
a nossos parceiros.
Vamos em frente, pois 2009 já se
avista no horizonte com a realização
de um evento conjunto internacional,
em união com a SOLACI, presidida
pelo nosso colega e sócio da SBHCI,
dr. Alexandre Abizaid.
* Presidente da SBHCI
• Abertura oficial no Instituto Ricardo
Brennand, momento mágico em que fomos premiados com uma noite fresca,
estrelada, de lua quase cheia, uma pausa
em pleno período de chuvas do inverno pernambucano. Destaque ainda para
a consagração dos seis melhores temas
livres ganhadores do prêmio eletrônico da SBHCI 2008. Por uma noite, a
SBHCI teve seu castelo, o castelo que
procuramos construir em nossa rotina
diária, com nossos pacientes, colegas,
amigos e familiares.
Por fim, ensejo meus cumprimentos
e a satisfação unânime dos 46 parceiros
da SBHCI, que fornecem sustentação ao
evento. Sem o crédito que depositam
na entidade, nada seria possível. E um
recorde de expositores, 893, o dobro
em relação ao evento de Brasília de
2007. Um sucesso! Uma feira de exposição ampla, moderna, bem decorada,
Jornal da SBHCI
REPERCUSSÃO
A OPINIÃO DA DIRETORIA,
AUTORIDADES E PARTICIPANTES
SOBRE O XXX CONGRESSO DA SBHCI
“Vivemos nosso evento maior, que se iniciou
com um Fórum de Qualidade Profissional
de rendimento extraordinariamente profícuo. Foram abordadas questões da maior
relevância para a atuação dos associados. A
sessão inaugural aconteceu em um ambiente
absolutamente marcante, o Instituto Brennand, seguida de programação científica de
altíssimo nível. Foi uma combinação muito
adequada de posições teóricas e vivência de
casos de nossa realidade.”
José Antonio Marin-Neto (SP), diretor de
Educação Médica Continuada da SBHCI
“O Congresso é fundamental para a nossa especialidade porque
congrega todos os colegas e tem sido melhor a cada ano em virtude
da qualidade das apresentações e organização excelente. Recife é
uma cidade muito bonita e o Centro de Convenções esteve adequado, com excelente área física. O nível dos temas livres também
foi ótimo, assim com as apresentações científicas. Foi uma satisfação
participar de mais este Congresso Brasileiro e compartilhar o
crescimento da Sociedade.”
Alexandre S. Quadros (RS), editor do portal da SBHCI
“Chamou a atenção a apresentação dos trabalhos científicos, especialmente
dos candidatos aos prêmios. Foi uma iniciativa bem-sucedida de direcionar
esses trabalhos para a Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva. Um
dos pontos fortes do Congresso foi, portanto, a qualidade científica dos
trabalhos apresentados, dos simpósios e apresentações em geral.”
Áurea J. Chaves (SP), editora da Revista
Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI)
“O trigésimo Congresso entra para a história da
Sociedade por diversos aspectos. Foi um evento
com padrão científico como sempre muito bom,
mas com modificações de metodologia que o
tornaram muito atrativo.Trouxe uma quantidade
grande de informações científicas, mesclando
pequenas conferências a temas livres, o que foi
extremamente apreciado. O local era bastante
adequado, permitindo que os participantes
interagissem com os patrocinadores. Recife é
uma cidade cada vez mais cosmopolita, com
excelente infra-estrutura, mas sempre preservando a história.”
Samuel Silva da Silva (PR), coordenador
da Comissão Permanente de Certificação da SBHCI
“A trigésima edição do Congresso de nossa Sociedade representa
uma maturidade da instituição. Parabenizo o esforço de todo o grupo,
de toda a Diretoria, por mais este evento de conciliação de todas as
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
regionais existentes no Brasil. Observo cada vez mais uma união e uma
uniformidade de condutas, que fazem a marca da nossa Sociedade.”
Marcelo de Freitas Santos (PR), editor do Jornal da SBHCI
“O XXX Congresso da SBHCI se caracterizou pela feliz coincidência de ser também
a comemoração dos 30 anos da angioplastia
coronariana, uma marca histórica. Sobre isso,
tivemos uma palestra fantástica com o dr.
Spencer King, que, de maneira bastante feliz,
apresentou o caminho percorrido até esta
nossa era da Cardiologia Intervencionista,
com novos dispositivos, novas tecnologias.
Nesses 30 anos tão significativos, o Congresso
tem conseguido trazer para os associados
várias dessas novidades. O saldo final foi amplamente positivo. O Rio
de Janeiro que nos aguarde!”
Rogério Eduardo G. Sarmento-Leite (RS),
diretor de Comunicação da SBHCI
“Trinta anos após ter sido o presidente do
primeiro Congresso da SBHCI só posso me
sentir regozijado com o triunfo de nossa
Sociedade com um Congresso desse nível,
extremamente bem instalado, convidados
do melhor nível, que enchem de orgulho a
Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e
Cardiologia Intervencionista.”
J. Eduardo Sousa (SP), presidente
do I Congresso da SBHCI
“Ano a ano, ao longo da história, tenho notado que o Congresso evolui,
congrega mais pessoas, discute assuntos de relevância cada vez mais
expressiva e um aporte da indústria excepcional. Este ano foi marcante a atuação do
Departamento de Enfermagem, que recebeu
número de participantes enorme. Nesta
edição, temas de grande relevância foram
colocados em pauta, como os avanços dos
stents farmacológicos e assuntos de fronteira
que têm sido discutidos nesse âmbito.”
Amanda Guerra Moraes Rego
Sousa (SP), membro da Comissão
Científica da SBHCI
“O Congresso decorreu num ritmo muito bom, praticamente sem
percalços. Isso é fruto da intensa colaboração de muitos e preparação muito bem cuidada, que foi seguida corretamente.”
Edgar Guimarães Victor, presidente
do XXX Congresso da SBHCI
“A trigésima edição do Congresso da SBHCI sem dúvida representa um marco do amadurecimento desse evento, que vem
trazendo os principais avanços da especialidade. As discussões
com nossos especialistas e com os convidados internacionais
foram todas de grande valor científico, fazendo com que cada
dia a Sociedade se engrandeça.”
Marcelo Antonio C. Queiroga Lopes (PB),
diretor administrativo da SBHCI
“O nível científico estava elevado. Chamou a
atenção a presença maciça dos congressistas
nas palestras, com as salas lotadas, muitas vezes
com lugares disputados, demonstrando o grande
interesse que a programação científica despertou
em todos os participantes. Tivemos também a
ampliação maciça dos temas livres.Além de entregar 28 prêmios, os temas livres foram distribuídos
ao longo da programação científica, estando mais
valorizados. Houve grande movimentação de
pessoas assistindo aos pôsteres e participando das discussões, o que é um
incentivo muito grande para os próximos anos.”
Fernando S. Devito (SP), coordenador
da Comissão Julgadora dos Temas Livres
“O Congresso da SBHCI não atrai apenas
intervencionistas, havia também clínicos
interessados na área e o espaço tem sido
aberto para outras especialidades, como
diagnóstico por imagem não-invasivo. O
nível científico foi excelente e a sensação
é de que havia mais gente presente que no
ano passado, o que mostra que os intervencionistas estão interessados em progredir
conforme a ciência avança, aprendendo
novas modalidades de diagnóstico, novas
formas de avaliar o doente com doenças na artéria coronária.”
Ibraim Masciarelli F. Pinto (SP),
editor do Jornal da Sociedade
Brasileira de Cardiologia
“As discussões em torno da Hemodinâmica
e Cardiologia Intervencionista no Sistema
Único de Saúde são sempre de grande valia,
porque acrescentam elementos ao Ministério
para a formulação de suas políticas gerais de
Saúde. Um congresso com essa natureza, com
esse volume de participantes, com a qualidade
dos temas que foram debatidos, é algo muito bem-vindo e o Ministério
da Saúde saúda a realização de eventos dessa natureza.”
Alberto Beltrame, diretor do Departamento
de Atenção Especializada do Ministério da Saúde
REPERCUSSÃO
“Embora a Sociedade esteja crescendo constantemente, ainda mantém um caráter quase
familiar. Aqui todo mundo ou foi estudante de
alguém ou foi professor de alguém. Então somos todos amigos, e este é o momento do ano
para nos reencontrar. É a hora de rever amigos
antigos, o que é sempre muito gostoso. Outra
parte importante, a exposição, foi bem atendida.
Esteve bonita, com corredores amplos e estandes ‘customizados’.A parte científica foi o ponto
alto. Com um Congresso mais condensado, as
pessoas de fato compareceram às aulas e não se dispersaram ao longo
dos dias, fazendo com que as salas estivessem sempre cheias.”
Pedro Alves Lemos Neto (SP), diretor científico da SBHCI
“O Congresso da Sociedade Brasileira de
Hemodinâmica cresceu muito em função
da importância da Hemodinâmica na Cardiologia, que é hoje muito grande. Tem
havido um desenvolvimento tecnológico
espantoso nessa área, muitos artefatos e
estudos novos. Paralelamente, há uma posição atual de desenvolvimento da clínica,
o que gera um ‘mix’ interessante de discussão. É um momento muito rico. O pessoal
da Hemodinâmica está muito preparado,
tanto técnica como cientificamente. É um grupo que estuda muito,
que tem conhecimento muito profundo, e o Congresso é a conseqüência dessa área que está muito forte, muito rica em experiência,
muito rica cientificamente, muito rica tecnologicamente.”
Jorge Ilha Guimarães (RS), presidente
eleito da Sociedade Brasileira de Cardiologia
“A SBHCI tem importância inquestionável não apenas no cenário
da Cardiologia como no cenário da Medicina brasileira.A Medicina
Intervencionista vem ocupando um espaço gradativamente maior
que em toda a história da Cardiologia. Uma sociedade de especialidade tem que estar plenamente voltada para a parte científica,
para a parte técnica, para o aperfeiçoamento de seu associado. E
eventos como esse, como o Fórum de Qualidade Profissional, são
responsáveis por mudança de paradigmas na especialidade, pois
questionam a qualidade que o mercado exige do atendimento. Hoje,
a sociedade de especialidade, com seus complexos tratamentos,
com suas variáveis, mais do que nunca, é o denominador comum
dos anseios de seu especialista. Pudemos, aqui, discutir maneiras
efetivas e problemas da vida real para que o profissional possa
enfrentar seu dia-a-dia da melhor maneira possível.”
Emílio César Zilli (RJ), diretor de Qualidade
Profissional da Sociedade Brasileira de Cardiologia
“Destaco a importância do Fórum de Qualidade Profissional. Foi uma reivindicação
do próprio sócio, por sofrer restrições não
só no mercado do serviço público como
também no serviço privado. E são muitas as
reivindicações, tanto em relação à atuação
na prática médica como diante de restrições
que não são do ato médico. Essa discussão
é extremamente importante para que se
normalizem e melhorem as negociações com
o mercado de trabalho.”
Maria do Rosário Britto Leite (PE), diretora
Norte/Nordeste de Qualidade Profissional da SBHCI
“Esse Congresso é sempre um marco na Cardiologia Intervencionista. Primeiro, porque dá o nível real do que se está fazendo
no País, e mostra a importância, a força, a potência que é nossa
especialidade. Depois, apresenta o crescimento cada vez maior do
intervencionismo no País, que representa, não tenho nenhuma dúvida, um dos melhores centros de intervencionismo do mundo.”
Costantino Costantini (PR), diretor geral do Hospital
Cardiológico Costantini
Jornal da SBHCI
recife 2008
Excelente estrutura e novidades da
área atraíram médicos para feira de
exposições do XXX Congresso da SBHCI
O
Centro de Convenções de
Olinda, em Pernambuco, foi
uma boa escolha para a feira de exposições do XXX
Congresso da Sociedade Brasileira de
Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI). O local amplo e
arejado permitiu que os expositores
utilizassem toda sua criatividade em
estandes modernos e personalizados.
Os cerca de 50 expositores, entre
estandes e salas, representaram um
aumento de quase 20% em relação a
2007, comprovando o sucesso cada
vez maior do evento.
Equipamentos e medicamentos de
última geração puderam ser conhecidos
e manuseados nos intervalos das aulas,
bem como novas terapias e campanhas, como a mundial de prevenção e
combate ao diabetes, encampada pela
Boston Scientific. “A Boston esteve no
Congresso apresentando seu apoio à
campanha, que visa a criar consciência
da doença e como esta impacta a saúde
das pessoas”, explica o diretor de vendas
e marketing, Fernando Alfredo Gonzalez.
A empresa também aproveitou o espaço
para lançar o Registro Clínico (Polar),
com a participação do Brasil e de vários
países da América Latina, e que incluiu 2
mil pacientes. “O estudo tem o objetivo
Boston Scientific
de comprovar a segurança e a eficácia do
Promus, nossa plataforma de stent farmacológico com everolimus”, completa.
A captação de negócios e o contato
com os maiores especialistas do País
foram outros pontos fortes destacados
por quem esteve por lá.“Foi um momento de encontro de renomados médicos
intervencionistas e enfermeiros com as
empresas. Tivemos a oportunidade de
sair da rotina do dia-a-dia e promover
maior aproximação entre a equipe”,
comenta Camila Pereira Rodrigues, consultora de vendas da Abbott (Maxmedical,
Porto Alegre, RS). Marcel Dalton Marcon,
Medtronic
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
Abbott
gerente distrital da Bayer, comunga da
opinião, afirmando ter solidificado ainda
mais a marca Bayer entre os profissionais
de Hemodinâmica presentes.
Para a Cardiosystems, o contato direto com os especialistas também foi
primordial.“É de suma importância a participação nesse Congresso para divulgar
nossos produtos, trocar informações e
experiências de mercado, além de manter
contato direto com os médicos, que são
nosso alvo principal”, pondera Fabiano
Augusto de Oliveira, gerente comercial.
O local do evento foi outro ponto
forte, na opinião das empresas. “Para
recife 2008
Shimadzu
Terumo
a XPRO, este Congresso é o melhor
meio de divulgação de sua solução e
serviços. Especialmente este, do Recife,
foi estratégico, pois veio ao encontro
dos investimentos e do reconhecimento
que estamos tendo na região”, ressalta
Emerson Silva, diretor comercial.
Programação científica
atrai empresas
A qualidade da programação científica
também foi lembrada entre os expositores. ”Destacamos o cunho científico, que
é muito importante para ambas as partes”,
avalia Zenilda Gil, supervisora de produtos
da Medtronic. “A programação científica
esteve bastante intensa, boa e objetiva.
Os simpósios foram bastante atrativos
para todos”, completa Adriana Victória,
especialista de produtos da Terumo.
O Congresso foi inclusive comparado
a similares realizados fora do País. “A
programação científica esteve à altura
do alto nível dos médicos que atuam na
área intervencionista, não perdendo em
nada para outros congressos realizados
no exterior”, parabeniza o gerente de
vendas Dirceo Stona, da Biotronik.
Enfim, não foram poucos os elogios
ao evento e à organização. “A Shimadzu
do Brasil comemorou seus 20 anos de
atuação no mercado brasileiro também prestigiando o XXX Congresso
da SBHCI, um dos mais importantes
eventos de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista”, admite Ademar
Okatani, supervisor de marketing.
Mais elogios vêm de Benvenuto Somera, gerente de marketing e produtos
Philips. “O Congresso da SBHCI é um
dos mais importantes no segmento de
Saúde. É o momento de acessar todas
as importantes referências de mercado, estabelecendo relacionamento
com toda a comunidade.”
Estreantes e veteranos
Diversos expositores estiveram mais
uma vez participando e prestigiando
a SBHCI, motivados pelo sucesso de
participações anteriores. “Voltamos ao
Congresso com muita satisfação. Parabenizamos a organização e a SBHCI por
mais esta oportunidade e pelo trabalho”,
frisa Andréa Aarão, gerente de sistemas
vasculares da B. Braun.
XPRO
“A Scitech, com grande satisfação, tem
participado ativamente deste evento.
Agradecemos à Comissão Científica
e à Diretoria da SBHCI por todos os
esforços somados e resultados obtidos,
juntos pela qualidade de vida dos nossos
pacientes”, declara Octávio Ferraz, gerente de marketing. O Congresso também
superou as expectativas de Marcus
Vinícius, gerente comercial da Tecmedic:
“O que mais nos chamou a atenção foi o
grande número de participantes presentes inclusive no pré-congresso”.
Estreando nesta edição estava a Medley.
De acordo com sua gerente de produtos,
Carolina Giroto Fabbris, “foi uma oportunidade de divulgar a marca do nosso
antiagregante plaquetário Lopigrel e de
alavancar nossa marca”.
Também debutando no Recife estavam
a Angiolux e a St Jude, além da Relisys,
empresa indiana que veio representada
por seu diretor de marketing, G. V. V.
Sarma. Segundo ele, o interesse em
ingressar no mercado brasileiro está
no alto nível da Cardiologia Intervencionista praticada no País e nos excelentes
profissionais brasileiros.
B. Braun
Jornal da SBHCI
11
recife 2008
SBHCI HOMOLOGA 28 PREMIAÇÕES
INÉDITAS NO XXX CONGRESSO:
FOMENTO CRESCENTE AO FORTALECIMENTO
DA PESQUISA CLÍNICA BRASILEIRA
1º lugar: Ricardo
Costa recebe os
cumprimentos
de Amanda
G. M. R. Sousa
P
2º lugar: Alexandre Quadros recebe
homenagem de Amanda G. M. R. Sousa
rezados colegas, parabéns! Na
análise de 197 temas livres válidos
submetidos na área médica, 71 autores obtiveram as maiores médias aritméticas na análise feita pelos pares (três
sócios titulares), de modo cego. Segundo os critérios para a premiação, todos
os temas livres apresentados foram
avaliados pela comissão julgadora (três
julgadores), recebendo notas de 1 a 10.
Durante o evento, a Comissão Julgadora SBHCI, coordenada pelo dr. Rogério
Sarmento-Leite, na presença dos drs.
Fernando S. Devito e Wilson Pimentel
Filho, e com assessoria editorial da dra.
0800 701 7789
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
Áurea J. Chaves, analisou a apresentação
de todos os temas expostos, em formato oral ou como pôsteres, homologando a classificação final.
No final do evento, o dr. Devito anunciou todos os vencedores no auditório
principal. Um número inédito de prêmios foi distribuído para os diversos
pesquisadores. Para usufruto e homologação de todos esses prêmios outorgados para as pesquisas submetidas ao
XXX Congresso da SBHCI 2008, será
necessário que os autores concordem
em submetê-las sob o formato de artigo original completo, para publicação na
www.medical.philips.com/br
Revista Brasileira de Cardiologia
Invasiva (www.rbci.org.br), de acordo
com suas regras editoriais e no prazo
estipulado (até 31 de julho de 2008). No
caso de negativa, será convidado o autor de pesquisa com média final subseqüente, em ordem decrescente, sendo
os classificados prévios promovidos ao
usufruto da premiação.
3º lugar: Breno Oliveira Almeida
é agraciado por Ricardo P. Miranda
recife 2008
Prêmio melhor Tema livre – XXX Congresso da sBhCi 2008
1º Lugar – passagem aérea e hospedagem –
TCT 2008 (Washington DC, Estados Unidos)
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Perfil de Segurança dos Stents Farmacológicos nas Síndromes
Coronárias Agudas: Análise de 900 Casos Consecutivos
Carlos Augusto
Homem de
Magalhães
Campos
Instituto do Coração do Hospital
das Clínicas da Faculdade de
Medicina da USP
São Paulo/SP
2º Lugar – passagem aérea e hospedagem –
Euro PCR 2009 (Barcelona, Espanha)
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Estudo de Segurança da Trombólise Intra-Arterial na
Fase Aguda do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico
Carlos Henrique
Falcão
UFF – Universidade
Federal Fluminense
Niterói/RJ
3º Lugar – passagem aérea e hospedagem –
Congresso do AHA-2008 ou ACC-2009
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Baixos Níveis Séricos de Bilirrubina estão Associados
à Detecção Angiográfica de Cardiopatia Isquêmica?
Carine Ghem
IC/FUC – Instituto
de Cardiologia do RS
Porto Alegre/RS
4º Lugar – passagem aérea e 3 dias de
hospedagem + 1 acompanhante (Argentina ou Chile)
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Complicações Vasculares em 4.595 Pacientes Submetidos
a Implantes de Stents Coronarianos
Alexandre
Quadros
IC/FUC – Instituto
de Cardiologia do RS
Porto Alegre/RS
5º Lugar – passagem aérea e 3 dias de
hospedagem + 1 acompanhante (Argentina ou Chile)
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Hiperplasia Neointimal Intra-Stent e Progressão de Placa no Vaso Alvo
em Pacientes Tratados com Stents Eluídos com Zotarolimus: Uma
Análise de Correlação com Ultrassom Intra-Coronário Seriado
Andre Farinelli
Lima Brito
Instituto Dante Pazzanese
de Cardiologia
São Paulo/SP
6º Lugar – passagem aérea – TCT 2009 (Washington DC, Estados Unidos )
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Insuficência Renal Aguda pós Intervenção Coronária no Infarto Agudo
do Miocárdio: Preditores e Evolução Clínica em 1 Ano
Raphael Lanza
E. Passos
Instituto Dante Pazzanese
de Cardiologia
São Paulo/SP
7º Lugar – passagem aérea – EuroPCR 2009 (Barcelona, Espanha)
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Segurança e Eficácia de um Novo Sistema de Stent com
Rede de Proteção para Prevenção de Embolização Distal:
Resultados Preliminares do Estudo Inspire
Felipe Souza
Maia da Silva
Instituto Dante Pazzanese
de Cardiologia
São Paulo/SP
8º Lugar – passagem aérea e hospedagem –
SBHCI/SOLACI 2009 (Rio de Janeiro, RJ)
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Impacto dos Stents Farmacológicos no Tratamento Percutâneo
de Lesões Coronárias em Bifurcação – Resultados Clínicos
Tardios de Um Estudo Comparativo e Não Randomizado
Alaor Mendes
Instituto Dante Pazzanese
de Cardiologia/Hospital
do Coração – ASS
São Paulo/SP
Prêmio melhor Tema livre – CardioPaTias CongêniTas – XXX Congresso da sBhCi 2008
1º Lugar – passagem aérea e hospedagem –
PICS 2008 (Las Vegas, Estados Unidos)
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Implante de Stent no Canal Arterial Através de
Via Carotídea em Crianças Graves Portadoras de
Cardiopatias Congênitas com Hipofluxo Pulmonar
Santiago Raul
Arrieta
IMIP – Instituto Materno
Infantil Prof. F. Figueira
Recife/PE
2º Lugar – passagem aérea e hospedagem –
SBHCI/SOLACI 2009 (Rio de Janeiro, RJ)
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Oclusão Percutânea de Comunicação Inter Atrial Tipo Ostium Primum
(CIA OP) – Nova Opção Terapêutica ou Apenas um Golpe de Sorte?
Francisco José
Araújo Chamié
de Queiroz
Hospital dos Servidores
do Estado – Min. Saúde
Rio de Janeiro/RJ
Prêmio aBBoTT vasCular inTervenCionisTa 2008 – insTiTuTo Crossroads
Estágio e Viagem ao Instituto Crossroads – Abbott Vascular, Bélgica
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
1º Lugar – Até que Ponto a Complexidade Clínica e Angiográfica
Influi nos Resultados Imediatos e Tardios de Pacientes Tratados
com Stents Farmacológicos? Uma Comparação entre Indicações
“On Label” e “Off Label” no Registro DESIRE
José de Ribamar
Costa Junior
Instituto de Ensino e Pesquisa
– Hospital do Coração – ASS
São Paulo/SP
2º Lugar – Impacto dos Fatores Clínicos e Anatômicos na Incidência
de Eventos em Pacientes Tratados com Stents Farmacológicos
Marco Aurélio de
Magalhães Pereira
Hospital Israelita Albert Einstein
São Paulo/SP
Jornal da SBHCI
1
recife 2008
Prêmio melhor Tema livre – JulgamenTo eleTrôniCo – XXX Congresso da sBhCi 2008
1º Lugar – passagem e hospedagem –
TCT 2008 (Washington DC, Estados Unidos)
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Incidência e Preditores de Trombose de Stent Após Implante
de Stents Farmacológicos em Pacientes Não-Selecionados com
Lesões Coronárias Complexas Tratadas no Mundo Real –
Resultados do Registro DESIRE (drug-eluting stent in the real world)
Ricardo Alves
da Costa
Instituto de Ensina e Pesquisa
– Hospital do Coração – ASS
São Paulo/SP
2º Lugar – passagem e hospedagem –
EuroPCR 2009 (Barcelona, Espanha)
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Risco de Reestenose em Pacientes Submetidos
a Implantes de Stents Coronarianos
Alexandre
Quadros
IC/FUC – Instituto de
Cardiologia do RS
Porto Alegre/RS
3º Lugar – passagem aérea e hospedagem –
Congresso do AHA-2008 ou ACC – 2009
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Resultados Imediatos e Tardios das Bifurcações Coronárias
Tratadas com Stents Farmacológicos: Comparação das
Estratégias de 1 Stent Versus 2 Stents.
Breno Oliveira
Almeida
Hospital Israelita Albert Einstein
São Paulo/SP
4º Lugar – passagem aérea e 3 dias de hospedagem
+ 1 acompanhante (Argentina ou Chile)
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Impacto dos Meios de Contraste Iodixanol e Ioxaglato
na Reperfusão Miocárdica em Pacientes Submetidos à
Angioplastia Primária no Infarto Agudo do Miocárdio
José Klauber
Roger Carneiro
Hospital do Coração de Sobral
Sobral/CE
5º Lugar – passagem aérea e 3 dias de hospedagem
+ 1 acompanhante (Argentina ou Chile)
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Comparação entre Stent Farmacológico e Stent Convencional para o
Tratamento do Infarto com Supradesnivelamento do Segmento ST
Marco Aurélio de
Magalhães Pereira
Hospital Israelita Albert Einstein
São Paulo/SP
6º Lugar – passagem aérea TCT 2009 (Washington DC, Estados Unidos)
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
700 Casos de Angioplastia Coronária Primária no Infarto Agudo:
Preditores de Mortalidade. Experiência de 10 anos
Marcello
Augustus de Sena
Procordis Niterói
Niterói/RJ
Prêmio eXPressão CienTÍfiCa sBhCi 2008
Duas passagens aéreas para qualquer destino na América do Sul
auTor
InSTITuIção
CIdade/uf
Avaliação da Eficácia e Segurança de um Stent Recoberto com
Celulose Biossintética em Modelo de Artéria Ilíaca de Coelhos
Ronaldo
da Rocha
Lourdes Bueno
Serviço de Hemodinâmica
do Hospital Evangélico
Curitiba/PR
Tratando a Reestenose de Stents Farmacológicos
com Implante de Outro Stent Farmacológico: Experiência
Acumulada de 5 Anos do Registro Desire
José de Ribamar
Costa Junior
Instituto de Ensino e Pesquisa
– Hospital do Coração – ASS
São Paulo/SP
Uso de Stents Farmacológicos em Hospitais Públicos Brasileiros:
Impacto de sua Disponibilidade na Seleção de
Pacientes para Intervenção Percutânea no Mundo Real
Luiz Fernando
Leite Tanajura
Instituto Dante Pazzanese
de Cardiologia
São Paulo/SP
Complicações por Sangramento como Fator Preditor de Eventos
Adversos após Intervenção Coronariana Percutânea
Clarissa Campo
Dall Orto
Hospital Beneficência
Portuguesa/Hospital Alemão
Oswaldo Cruz
São Paulo/SP
Seguimento Tardio dos Stents Farmacologicos
Implantados em Indicações “On” e “Off-Label”
José Ary Boechat
Clínica São Vicente/Hospital
Cardiotrauma
Rio de Janeiro/RJ
Resultados do Registro SISC (Stent In Small Coronaries):
Uma Análise Seriada com Angiografia e Ultra-Som Intracoronário
Daniel Chamié
Instituto Dante Pazzanese
de Cardiologia
São Paulo/SP
Seguimento Clínico de Portadores de Insuficiência Renal Submetidos
à Intervenção Coronária Percutânea com os Stents Farmacológicos
Adriana C.
Moreira
Instituto de Ensino e Pesquisa
– Hospital do Coração – ASS
São Paulo/SP
Impacto do Ultrasom Intracoronario para Guiar o Implante de Stents
Farmacológicos na Redução dos Eventos Clínicos a Longo Prazo
Costantino Ortiz
Costantini
Hospital Cardiológico
Costantini/Fundação
Francisco Costantini
Curitiba/PR
Hidratação com Bicarbonato de Sódio na Prevenção de
Nefropatia por Contraste: Estudo Clínico Multicêntrico
Vitor Osório
Gomes
Hospital São Lucas – PUC/RS
Porto Alegre/RS
Resultados Tardios do Emprego Rotineiro dos Stents
Farmacológicos nos Pacientes Diabéticos
ano Xi - no 2 - abril a Junho - 2008
Breno Oliveira
nonon
nono nono nonHospital Israelita Albert Einstein
Almeida
São Paulo/SP
recife 2008
Os resultados do
II Fórum de Qualidade
Profissional SBHCI
Luiz Antônio Gubolino*
O
Fórum de Qualidade Profissional
foi uma das importantes atividades
preliminares do XXX Congresso
da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista
(SBHCI), em 18 de junho de 2008, na cidade do Recife, Pernambuco. Foi conduzido
com foco em quatro tópicos relevantes
para a atividade profissional da Cardiologia Intervencionista brasileira: Qualidade
Profissional; Cardiologia Intervencionista
e o Sistema Único de Saúde; Cardiologia
Intervencionista e Saúde Suplementar;
e Compartilhamento e Certificação em
Radiologia Intervencionista.
Sob a coordenação dos drs. Luiz Alberto Mattos, presidente da SBHCI, Luiz
Antônio Gubolino, diretor de Qualidade
Profissional, e Emílio César Zilli, diretor
de Qualidade Assistencial da Sociedade
Brasileira de Cardiologia (SBC), o Fórum
contou com a presença de vários representantes dos segmentos diretamente
interessados, como Sistema Público de
Saúde, Saúde Suplementar, Cardiologia e
Radiologia Intervencionista.
A Diretoria da SBHCI define o evento como um marco de progresso na
interação com tais segmentos, os quais,
aliás, têm relação direta no exercício da
atividade profissional da Sociedade. Entre
os convidados, o dr. Alberto Beltrame,
diretor do Departamento de Atenção
Especializada do Ministério da Saúde,
que discorreu sobre o tema “Perspectivas Atuais e Futuras da Cardiologia
Intervencionista no SUS: Ampliação da
Oferta de Serviços, Absorção de Novas
Tecnologias, Auditagem e Renovação da
Tabela de Reembolsos”.
Ele esclareceu as condições do financiamento atual da Saúde no Brasil, em especial as limitações do orçamento mediante
a suspensão da CPMF. Falou também das
perspectivas futuras e deixou em aberto
para a SBHCI a possibilidade de maior
participação em debates a respeito de
procedimentos e novas tecnologias, envolvendo ambas as partes.
Também representando o Departamento da Atenção Especializada do
Ministério da Saúde, o dr. Antonio Luiz
Pinho Ribeiro, que atua como consultor,
abordou o tema “Disparidades Regionais
na Assistência Cardiovascular Brasileira:
Uma Realidade Sem Solução?”.
Outros destaques foram as participações da representante da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Karla
Santa Cruz Coelho, do Rio de Janeiro, da
chefe da Unidade de Tecnovigilância da
ANVISA/MS, Maria da Graça Sant Anna
Hofmeister, do Distrito Federal, e dos drs.
Alexandre Pagnoncelli e Regina Ribeiro
Parisi Carvalho, respectivamente coordenador da Câmara Técnica da Unimed-RS
e vice-presidente do Grupo Unidas de
Autogestão. Todos contribuíram com
importantes conceitos e informações
relacionadas ao Sistema de Saúde Suplementar no Brasil.
O evento contou ainda com a relevante presença da dra. Valéria Cardoso de
Souza, presidente da Sociedade Brasileira
de Radiologia Intervencionista e Cirurgia
Endovascular (SOBRICE), que ministrou a
palestra “Certificação Profissional Frente
ao Compartilhamento: Como Proceder
Mantendo a Soberania e Proficiência já
Reconhecidas?”. Um assunto, diga-se de
passagem, motivo de certa inquietação,
já que se refere à questão do compartilhamento de procedimentos na área
de intervenção vascular não-cardíaca
praticados por profissionais de áreas de
atuação diferentes, porém com proficiência técnica semelhante.
A presença da dra. Valéria e suas
colocações reforçaram a aproximação
madura e inteligente dessas Sociedades,
visando à maior interação profissional e,
principalmente, à união científica, e buscando maior solidez no aprimoramento
técnico de seus associados.
Assim, a SBHCI agregou, em um evento
de Qualidade Profissional, representantes de vários segmentos da Saúde,
principalmente gestores e prestadores
de serviços de alta complexidade, tendo
como foco principal a melhor forma de
exercer a Medicina com qualidade, ótimo
resultado imediato e a longo prazo, buscando conciliar uma boa relação custobenefício-eficácia para os pacientes.
* Diretor de Qualidade Profissional da SBHCI
Jornal da SBHCI
15
serviço
CONFIRA OS
NOVOS SÓCIOS
DA SBHCI
Sócios homologados no
Recife durante o
XXX Congresso da SBHCI
Aspirantes
André Valentin da Cunha e Silva
Antonio Fernandino de Castro Bahia
Arnóbio Angelo de Mariz Jr.
Carlos Augusto Homem de M. Campos
Daniel Guilherme Arnoni
Denilson Rodrigues de Oliveira
Gustavo Eugênio Martins Marinho
Gustavo Oliveira de Albuquerque
Lucas Lodi Junqueira
Marcílio Batista de Oliveira
Nelson Fernando Eugenio Hurtado
Paulo Roberto Ferreira Tartuce Filho
Rafael Campos do Amaral
Rodrigo Julio Cerci
Sandro Marcondes Malavasi Faig
Thenyson Pereira Leitão
Thomas Borges Conforti
Titulares
Alexandre Soares dos Santos
Antonio Donizetti de Sena Pereira
Clarissa Campo Dall Orto
Edilson Alvaro Roma
Edmilson Yano Ishii
Ely Maria Neves de Sousa
Eduardo José Pereira Ferreira
Emerson de Albuquerque Seixas
Evandro Gomes de Matos Jr.
Fernando Vivas Barreto
Glauco Soares Maia Piassi
Guilherme Ferragut Attizzani
Gustavo Adolfo Bravo Rando
Humberto Alencar de Araujo Sanchez
Jorge Peregrino Braga
Luciano Rodrigues e Silva
Luiz Alberto Christiani
Marcelo Sabedotti
Marcio José Montenegro Costa
Marcus Valério Cavalcanti Almeida
Osney Marques Moure
Paulo Renato Mércio Machado
Ricardo Ueda
Rodrigo Fernandes de Castro
Tiago Porto Di Nucci
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
XIII Jornada Brasileira de
em Hemodinâmica e
Cardiologia Intervenc
Simone de Souza Fantin*
e Thaís Vasconcelos Amorim**
H
oje, passados poucos anos desde
a primeira Jornada de Enfermagem da SBHCI, chegamos a sua
13a edição, destacando o número
significativo de participantes em nosso
evento. Percebemos, assim, que a procura por atualização e aprimoramento tanto técnico como científico está cada vez
mais desperta em nossa classe profissional, pois é uma especialidade que evolui
rapidamente no que se refere a novos
materiais e alternativas terapêuticas.
Por esses motivos, elaboramos para a
XIII Jornada Brasileira de Enfermagem em
Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista uma programação científica atual e
cuidadosamente preparada, a fim de atender
às expectativas desses profissionais. Em 19
de junho, durante o XXX Congresso da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), tivemos o
Pré-Congresso, com um programa focado
em questões legislativas e de qualidade, certificadas para os nossos serviços, apontando
para o profissional enfermeiro como figura
de referência e divulgadora de idéias para a
equipe multiprofissional do Laboratório de
Hemodinâmica. O simpósio-satélite organizado pela Terumo, com o tema “Acesso
Radial e Controle de Hemostasia: Novas
Tecnologias;Aspectos Legais” confirmou o
interesse e a participação dos enfermeiros
na busca de alternativas voltadas à segurança e à qualidade assistencial.
Durante a Jornada, foram proferidas
palestras e apresentados trabalhos (sob as
formas oral ou de pôster) que trouxeram
destacada contribuição científica sobre os
diversos aspectos da assistência da Enfermagem em Hemodinâmica. Sem dúvida, um
ponto alto desse evento foi a participação
da convidada internacional Mireille Simon
Simone de Souza Fantin
(França), que, à luz de sua experiência, nos
mostrou rotinas e protocolos realizados
em seu Serviço, bem como a participação
e a assistência de Enfermagem no implante
percutâneo de válvula aórtica.
Os melhores trabalhos científicos
apresentados (tanto na forma oral como
de pôster) foram premiados, sob o patrocínio da Abbott Vascular, incentivando
ainda mais o desempenho científico dos
profissionais de Hemodinâmica.
Sabemos que essa contribuição só
será efetiva a partir do momento em
que tomarmos plena consciência de que
há muito trabalho a ser feito e de que
Jornada de Enfermagem teve a maior
participação de todos os tempos
cionista
Thaís Vasconcelos Amorim
não há mais tempo a perder. Pensando
dessa forma, e antes mesmo do findar
dessa Jornada, iniciamos os preparativos
para os próximos eventos científicos que
contarão com a participação do Departamento de Enfermagem.
As expectativas dos membros da Diretoria do Departamento de Enfermagem
foram muitas e, apesar dos percalços, sentimo-nos honrados em fazer parte desse
grande evento ocorrido no Recife.
* Presidente do Departamento
de Enfermagem da SBHCI
** Presidente da Comissão Científica
PRÊMIO ABBOTT
VASCULAR DE ENFERMAGEM
Temas Livres – Oral
1º lugar :
O Conhecimento e a Assistência
de Enfermagem a Pacientes
Submetidos a Angioplastia
Coronária à Luz da Teoria do
Autocuidado
Autores: Fabiane Lima Parente;
Fabiara Lima Parente;
Keila Maria Azevedo Pontes
Hospital do Coração
de Sobral – Sobral, CE
2º lugar:
Trajetória do Enfermeiro
em Busca do Uso Único
de Fios-Guia em Hemodinâmica
Autores: Érika G. Gurgel R. Lima;
José E. F. Barreto; Celiane M. Lopes
Muniz; Sônia F. Bringel Franco;
Viviane M. Pinto Bandeira;
Sâmara da S.Vituriano
Hospital Regional Unimed –
Fortaleza, CE
recife 2008
e Enfermagem
Procedimentos Eletivos
em Hemodinâmica
Autores: Érika G. Gurgel R. Lima;
José E. F. Barreto; Celiane M. Lopes
Muniz; Sônia F. Bringel Franco;
Viviane M. Pinto Bandeira;
Sâmara da S.Vituriano
Hospital Regional Unimed –
Fortaleza, CE
3º lugar:
Padronização de Medicamentos
na Hemodinâmica como
Processo de Melhoria para
Prevenção de Erros de Medicação
Autores: Célia Fátima Anhesini Benetti;
Fernanda Jacques Calçado de Oliveira
Hospital do Coração (HCor)
– Associação do Sanatório Sírio –
São Paulo, SP
Glaís Palumbo Rolim Ribeiro
Coordenadora de Temas Livres
3º lugar:
Notificação de Eventos Adversos
como Indicador de Qualidade
Assistencial na Hemodinâmica
Autores: Simone de S. Fantin; Aline
Britzke; Lenira L. Anselmo; Márcia F.
Casco; Erica R. M. Duarte; Rose C.
Lagemann; Marta G. O. Góes
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
– Porto Alegre, RS
Temas Livres – Pôster
1º lugar:
Humanização no Laboratório
de Cardiologia Intervencionista
Autores: Maria Helena
de Almeida; Edna Valéria da Silva;
Andréa Cotait Ayoub
Instituto Dante Pazzanese de
Cardiologia – São Paulo, SP
Todas as imagens são ilustrações artísticas.
Fotos e especificações representam o desenho atual (2007).
As informações aqui contidas destinam-se à distribuição fora
dos EUA e Japão apenas.
© 2008 Abbott Laboratories. LA-3011C-07 04/2008
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2º lugar:
A Atuação do Enfermeiro no
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Jornal da SBHCI
ANU 1520.indd 1
17
7/5/2008 13:00:58
Programa de Educação Continuada 2008
PEC-SBHCI: reflexões e
resultados imediatos
Luiz Alberto Mattos*
A
Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) elaborou
um projeto inédito, de caráter
amplo e federativo, focado na abertura
e no fortalecimento de fóruns de debate
e análise crítica direcionados à prática
da Cardiologia Intervencionista inserida
na clínica cardiológica. A ouvidoria para
com os nossos sócios e cardiologistas
reconhecidos sinalizou nessa direção.
Foram adquiridas inserções de 110 minutos, em média, nos mais representativos
congressos das Sociedades de Cardiologia
regionais, abonados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e efetivados ao
longo do primeiro semestre de 2008.
Reflexões
Seis eventos já foram realizados, de
Belém, no Pará, até Gramado, no Rio
Grande do Sul. A temática foi sempre a
mesma: uma tríade de aulas de revisão,
atuais e vibrantes, ministradas por só-
Especialistas encheram
o auditório do PEC-SOCESP
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
Luiz Alberto Mattos,
no PEC-SOCESP
cios reconhecidos da SBHCI. Os temas
versaram desde a valorização adequada
da cinecoronariografia, ainda o método
padrão de referência para o diagnóstico e
a confirmação da doença arterial coronária obstrutiva, à prescrição da angioplastia
coronária nas diversas síndromes clínicas,
da estabilidade ao infarto do miocárdio,
e à dissecção de focos de controvérsia,
como os ensaios clínicos COURAGE e
a utilização de stents farmacológicos. As
sessões eram encerradas com a discussão de um caso clínico entre eminentes
cardiologistas e a platéia dos eventos.
Confira o balanço desses seis eventos
e as reflexões para 2009:
Expedito Ribeiro, no PEC-SOCERJ
Programa de Educação Continuada 2008
1. PEC-SOCESP (XXIX Congresso
da SOCESP), São Paulo, 1º de maio
– Um sucesso retumbante! Os 250 assentos da sala foram rapidamente tomados,
com mais de 100 colegas não tendo acesso ao recinto por razões de segurança! A
dra. Amanda Guerra Moraes Rego Sousa
gerenciou o evento, que contou com a presença dos drs. Luiz Antonio Machado César
e Álvaro Avezum e com as apresentações
dos drs. José Antonio Marin-Neto, Luiz A.
Mattos e Pedro Lemos. Para 2009, uma sala
maior deverá ser incorporada.
2. PEC-RS (XVIII Congresso de
Cardiologia do Rio Grande do Sul),
Gramado, 13 de junho – Realizado na
vigência do XVIII Congresso da Sociedade
de Cardiologia do Rio Grande do Sul, o
evento esteve a cargo do dr. Jorge Ilha Guimarães, amparado pelos debatedores drs.
Iran Castro e Jorge Pinto Ribeiro. Eles aqueceram a platéia em manhã fria e chuvosa em
pleno inverno gaúcho, embalados pelos drs.
Alexandre Quadros, Gilberto Nunes, Luiz
A. Mattos e Rogério Sarmento-Leite. O comentário inicial do ex-presidente da SBC,
dr. Iran Castro, foi ouvido por 110 colegas
presentes ao evento: “É a primeira vez em
minha carreira, participando de um semnúmero de eventos prévios, que poderei
me expressar livremente, sem me preocupar com patrocinadores ou conflitos de
interesse”. Objetivos também atingidos!
Da esquerda para a direita, Luiz Antonio Machado César,
Amanda G. M. R. Sousa e Álvaro Avezum, no PEC-SOCESP
Audiência magnífica no PEC-RS
PEC-SOCERJ foi
muito prestigiado
Jornal da SBHCI
19
Programa de Educação Continuada 2008
No PEC-MG, a casa
também estava cheia
Da esquerda para a direita, Francisco Rezende, Roberto Marino, José Antonio Marin-Neto,
Jamil Abdalla Saad, Roberto Botelho e José Armando Mangione, no PEC-MG
3. PEC-SOCERJ (XXV Congresso
de Cardiologia da SOCERJ), Rio de
Janeiro, 13 de junho – O Congresso da
SOCERJ, de realização anual, foi transferido
para o Centro de Convenções SulAmérica,
e tanto as diversas modificações de última
hora, feitas pela assessoria de eventos, assim como a concorrência com o evento
dedicado à Cardiologia Intervencionista da
regional da SBHCI-RJ reduziram o impacto
ambicionado, refletido pelo público abaixo do esperado. O diretor científico da
SBC, Luiz Antonio Campos, comandou
os debates relacionados à apresentação
de casos clínicos pelo dr. Cyro Vargues
Rodrigues, com os drs. José Esporcatte
e José Geraldo Amino amparados pelas
apresentações dos drs. Expedito Ribeiro,
Hélio Roque Figueira e Miguel Rati Jr.
4. PEC-DF (XV Congresso de Cardiologia de Brasília), Brasília, 12 de
junho – A Sociedade Regional de Cardiologia do Distrito Federal efetuou um convite oficial à participação do PEC & SBHCI,
por meio do dr. Paulo Marra Mota, de Brasília, compondo uma das sessões oficiais do
referido evento e não apenas um evento
satélite. Outro sucesso! O auditório principal, de cerca de 400 assentos, do Complexo Hoteleiro do Alvorada estava tomado
em quase toda a sua plenitude. Os drs. José
Antonio Marin-Neto e Vicente Mota lideraram os trabalhos científicos, com apresentações dos drs. Fábio Sândoli de Brito
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
Júnior e Fernando Devito, ladeados pelo
debate entusiasmado que o caso clínico
selecionado pelo dr.Fausto Feres ensejou
nos debatedores, drs. Lázaro Fernandes de
Miranda e Pedro Nery Ferreira Júnior. Esse
modelo realizado em Brasília, inédito, com
a inserção na programação científica do
evento, foi considerado o mais adequado
para aqueles eventos com menor afluência
de público (abaixo de 2 mil congressistas).
5. PEC-MG (XIX Congresso da Sociedade Mineira de Cardiologia),
Belo Horizonte, 13 de junho – A Sociedade Mineira de Cardiologia engalanou-se no EXPOMINAS e recebeu com
entusiasmo esse novo projeto da atual
administração da SBHCI. Pouco mais
de 150 colegas ouviram com interesse
os debates e controvérsias estimuladas
pelos drs. Roberto Marino, Francisco
Rezende, Jamil Saad, José Antonio MarinNeto, José Armando Mangione e Roberto Botelho. Algumas correções merecem
ressalva por parte da assessoria de eventos responsável pela organização, mas
nenhuma evidência de que tenham promovido nódoa ou de que reduzissem o
impacto observado. Parabéns à nova administração dessa regional, que deu novo
ritmo à sucursal mineira da SBC.
6. PEC-Norte/Nordeste (XXVIII
Congresso Norte-Nordeste de
Cardiologia), Belém, 13 de junho –
A realização do congresso que reúne as
diversas sociedades dessas regiões federativas brasileiras é sempre desafiante,
principalmente quando de sua localização na Região Norte. A integração aérea entre as duas regiões não é simples,
dificultando afluxo de público mais expressivo. Além disso, atualmente, todos
os Estados nordestinos realizam seus
próprios eventos regionais dedicados à
Cardiologia. Esses fatores, associados à
concorrência com um evento similar de
Cardiologia Intervencionista apresentado no dia anterior, gerenciado pela Regional Norte/Nordeste da SBHCI, reduziram em muito o público presente para
mais essa sessão do PEC. Seus resultados promovem ensinamentos e reflexões para a renovação do projeto em
2009. No entanto, o menor número de
colegas presentes à sessão não arrefeceu a disposição dos responsáveis pelo
evento, drs. Paulo Roberto Toscano e
Marcelo Queiroga Lopes, e tampouco retirou o brilho das apresentações
dos drs. Pedro Lemos, Itamar Oliveira
e José Klauber R. Carneiro e dos debatedores drs. Luiz Fernando Salazar e
Antonio Carlos Sobral Sousa.
Conclusões
Agora resta somente mais uma edição
do PEC-SBHCI a ser efetivada na vigência do próximo Congresso da SBC, em
Curitiba, Paraná, no dia 7 de setembro,
Programa de Educação Continuada 2008
Da esquerda para a direita, Pedro Nery, Paulo Mota, Vicente Mota,
Fausto Feres, José Antonio Marin-Neto e Fernando S. Devito, no PEC-DF
logo após o meio-dia. Compareça a essa
apresentação de impacto nacional.
Os objetivos iniciais foram plenamente
atingidos e os resultados esperados devem ser observados a médio prazo, principalmente com a repetição, em 2009, dos
eventos de maior receptividade, e a busca
de inserções no conteúdo programático
dos eventos de portes menor e médio.
Associado à divulgação da segunda edição
das Diretrizes de Intervenção Coronária
Percutânea SBC-SBHCI 2008, acreditamos estar resgatando nossas origens,
tradições e fundamentos, alicerçados na
Cardiologia e, assim, semeando um futuro
mais integrado e transparente, dotado
de maior eficácia para a prática da Cardiologia Intervencionista, tanto para os
médicos como para nossos pacientes.
Fausto Feres debate caso clínico
com os participantes no PEC-DF
* Presidente da SBHCI
Jornal da SBHCI
21
fique por dentro
As atribuições e os limites do
Conselho Deliberativo da SBHCI
Ricardo César Cavalcanti, coordenador do Conselho Deliberativo, mostra
como é o funcionamento do órgão e como pode ajudar no fortalecimento da
Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI)
Qual a importância do Conselho
Deliberativo da SBHCI no contexto societário?
O Conselho Deliberativo é de extrema
importância para a SBHCI. Além de ser o
responsável pelo ingresso de novos sócios
ou pela mudança de categoria de seus associados, exerce papel de fiscalizador das
ações da Diretoria, delibera sobre normas
propostas para mudanças regimentais e
ainda toma decisões sobre sugestões ou
denúncias encaminhadas pelos associados
ou demais órgãos da Sociedade.
Na última reforma do Estatuto, o
papel do Conselho Deliberativo foi
realçado, conferindo-se a ele prerrogativas legislativas. Como vem
sendo desenvolvida tal atribuição?
Sem dúvida, a SBHCI tem evoluído muito
com as mudanças implementadas, o que
reflete o caráter altamente democrático de
sua Diretoria. Com isso, ganhou em credibilidade, transparência e eficiência.A ampliação
das ações das instâncias moderadoras e
fiscalizadoras dá solidez à instituição e diminui os riscos de má gestão. Nesse contexto
mais amplo, o Conselho Deliberativo pode
contribuir mais e está fazendo isso.
Há grande interesse por parte dos
jovens cardiologistas em ingressar na
área de atuação e, por conseguinte, na
SBHCI. Como vê esse fenômeno?
A grande procura pela área intervencionista da Cardiologia é, sem dúvida, fruto do
grande destaque nacional e internacional
que a especialidade alcançou ao longo dos
anos, como conseqüência de dois fatores
igualmente importantes: as inúmeras
e relevantes contribuições de nossos
“âncoras” e suas instituições altamente
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
viabilize o ensino médico de alto nível. O
primeiro desafio já foi vencido: a elaboração cuidadosa e criteriosa dos requisitos
necessários à qualificação desses centros,
finalizada com competência pela SBHCI e
pela Sociedade Brasileira de Cardiologia
(SBC) em novembro último e referendada
pelo Conselho Deliberativo. O próximo
passo será uma tarefa hercúlea, que
exigirá muito da atual Diretoria, ou seja,
identificar e credenciar ou recredenciar as
instituições qualificadas para esse fim.
eficientes; e o elevado nível de nossos
hemodinamicistas, que em todas as partes
do País reproduzem os bons resultados
relatados pelos grandes centros. O impressionante ritmo do desenvolvimento
tecnológico e a maciça produção científica
nessa área fecham a equação. A SBHCI
torna-se mais forte ao mesmo tempo em
que aumenta o número de associados.
Recentemente, o Conselho Deliberativo aprovou uma série de medidas
em relação à qualificação e ao recredenciamento dos centros de treinamento da SBHCI. O que pensa sobre
a formação dos futuros cardiologistas
intervencionistas brasileiros?
A formação de especialistas que atuam em
áreas críticas como a Cardiologia Intervencionista, em que usualmente lidamos
com doenças de elevada mortalidade,
exige centros que não apenas realizem
uma boa Medicina, mas que tenham estrutura tanto física como operacional que
Como analisa o atual estágio da Cardiologia Intervencionista no País?
Do ponto de vista científico, é muito boa
e o desafio para as novas gerações é a
manutenção da percepção, por parte das
comunidades médica e leiga, do hemodinamicista como um especialista de visão
ampla, de decisões ponderadas e com atuação humanizada. Do ponto de vista mais
global, infelizmente, não há perspectiva a
curto prazo ou mesmo a médio prazo
para nosso maior problema, que é a utilização em larga escala, para as populações
mais carentes, de todo esse fantástico
arsenal diagnóstico e terapêutico de que
dispomos na atualidade.
A Diretoria da SBHCI tem envidado esforços para viabilizar o
compartilhamento de atuação nos
ditos procedimentos extracardíacos com radiologistas intervencionistas. Qual é sua opinião?
A história nos é muito favorável quando
analisamos o cenário da intervenção
extracardíaca por via percutânea e refletimos sobre quais profissionais poderiam
atuar de forma segura e eficaz nessa área.
Acredito que a questão não se prende
Entre as várias atribuições do Conselho Deliberativo está a de analisar
o comportamento ético dos associados. Como avalia a questão e os
potenciais conflitos de interesses
que permeiam a atuação de nossos
especialistas?
A questão ética é hoje um grande desafio
para o conjunto da humanidade e a pequena contribuição que poderemos dar,
como instituição, é a de zelar de forma
intransigente pela boa prática médica,
que deve estar acima e além de qualquer
interesse marginal. É importante ter em
mente que, da mesma forma que o saber
científico é constantemente revisto à luz
dos novos conhecimentos, também os
nossos atos devem sê-lo.
Como vê as restrições impostas pelos planos de saúde à autorização de
procedimentos médicos de alto custo, como os stents farmacológicos?
Em um país de recursos limitados como
o nosso, há de ocorrer um esforço de
todos os setores na otimização desses
recursos.Acontece que algumas vezes um
custo inicial mais elevado pode representar
diminuição no custo global a longo prazo.
Esse parece ser o caso dos ditos stents
farmacológicos. Por outro lado, o sistema
não pode absorver uma elevação súbita de
custos iniciais, daí decorrendo a necessidade imperiosa de critérios bem elaborados
para sua utilização.A diretriz proposta pela
SBHCI deve nortear essa prática.
Recentemente, a SBHCI finalizou,
em parceria com a SBC, a II Diretriz de Intervenção Coronariana
Percutânea e Métodos Adjuntos.
Como esse documento pode balizar
a prática de nossa especialidade?
Essa diretriz é de fundamental importância.
Primeiro, porque em uma área de tantas
inovações tecnológicas há necessidade
de um instrumento que norteie a prática
médica à luz do melhor saber da atualidade. Segundo, porque fortalece a SBHCI ao
apontar para seu alto nível de organização e
para a competência de seus associados.
fique por dentro
à área básica da formação profissional
(Cardiologia, Radiologia, Neurorradiologia
ou Cirurgia Vascular), mas sim à formação
específica exigida para o domínio dessas
técnicas. A adequada qualificação já está
sendo definida e será exigida pela SBHCI
e pela Sociedade Brasileira de Radiologia
Intervencionista e Cirurgia Endovascular
(SOBRICE). Graças a uma visão muito
madura dessas atuais diretorias, diga-se,
o processo caminha nessa direção.
Na especialidade, há grande incorporação de tecnologia avançada.
Apesar desse fato, o médico tem
papel preponderante. Como conciliar Medicina de alto custo e relação médico-paciente ajustada com
padrões sociais aceitáveis?
A inovação tecnológica só representa
avanço real se utilizada em benefício do
ser humano. É nosso papel adaptar ao meio,
melhorando-o quando possível, a aplicação
do mais recente conhecimento científico
disponível, através da melhor tecnologia,
da forma mais abrangente e humanizada
possível. Isso é o que define a dimensão de
nossos atos e de nossa profissão.
Conselho Deliberativo se reúne para
avaliar propostas da Diretoria da SBHCI
Marcelo Freitas*
Durante o XXX Congresso da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e
Cardiologia Intervencionista (SBHCI), os
membros do Conselho Deliberativo se
reuniram para avaliar as pautas sugeridas
para discussão em Assembléia.A pauta da
parceria SBHCI/SOBRICE foi um dos assuntos mais debatidos:a intenção é fortalecer
a união científica entre as sociedades,além de
regularizar a certificação na área de atuação
dos procedimentos extracardíacos.
O Conselho Deliberativo referendou o
empenho da Diretoria da SBHCI, aprovando por unanimidade a proposta sem objeção para ser discutida em Assembléia.
Outra pauta foi o interesse de cardiologistas não-intervencionistas em se associar
à SBHCI. Os sócios colaboradores, hoje já
existentes como membros atuantes em
nossos congressos,formam,no entendimento do Conselho Deliberativo, uma categoria
fundamental para o crescimento tanto
científico como societário da SBHCI.A divulgação das regras estatutárias para o ingresso
de novos colegas deve ser estimulada.
O crescimento de nossa Sociedade, com
o ingresso dos novos membros aspirantes e
a elevação de categoria dos antigos aspirantes a membros titulares, esteve em debate.
Todos esses novos colegas foram avaliados
pelos membros do Conselho Deliberativo
quanto ao cumprimento das exigências
estatutárias.A lista de apresentação desses
novos sócios está disponível no website da
SBHCI e neste jornal. Parabéns a todos.
Ao fim da reunião, o Conselho agradeceu
a participação atuante do colega Luiz Antônio Ferreira Carvalho, representante da
Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro,
que notificou sua substituição no Conselho
Deliberativo pelo novo representante
eleito na Regional. Ao colega Esmeralci
Ferreira, as nossas felicitações.
* Editor do Jornal da SBHCI
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Jornal da SBHCI
23
Pílulas do coração
Missão Científica da SBC:
Renovação e Desafio Constantes
O diretor Luiz Antonio Campos faz uma
síntese dos primeiros meses de gestão
na Sociedade Brasileira de Cardiologia
D
iretor científico da Sociedade
Brasileira de Cardiologia (SBC)
para o biênio 2008/2009, o dr. Luiz
Antonio Campos acumula a prática
médica com a acadêmica. Atualmente, é
coordenador geral da UTI Cirúrgica do
Hospital Pró-Cardíaco, do Rio de Janeiro,
além de assistente da Disciplina/Serviço de
Cardiologia da Universidade Estadual do Rio
de Janeiro, onde também coordena o Curso
Anual de Atualização em Cardiologia.
Recém-empossado na SBC, integrando
a Diretoria presidida pelo prof. dr. Antonio
Carlos Palandri Chagas, considera ser esse
o grande desafio de sua vida societária. Isso
a despeito de já ter exercido inúmeras responsabilidades no mundo associativo. O dr.
Campos já foi presidente, diretor científico e
diretor financeiro da Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro (SOCERJ), tendo participado ainda da Sociedade de Terapia Intensiva
do Estado do Rio de Janeiro (SOTIERJ). A
seguir, em entrevista exclusiva, ele analisa os
primeiros meses de gestão na SBC.
A Diretoria Científica da SBC é responsável pelo pilar educação/ensino.
O que faz exatamente?
Nossa Diretoria cuida, por exemplo, da
elaboração da programação científica do
Congresso Brasileiro de Cardiologia em
suas edições de 2008 e 2009, que ocorrerão,
respectivamente, nas cidades de Curitiba e
Salvador, com a participação ativa dos Departamentos e das Sociedades Estaduais e
Regionais da SBC. Isso além da coordenação
do Programa de Educação Permanente da
SBC, que a partir de julho de 2008 apresentará incremento em sua periodicidade.
Qual o principal projeto da Diretoria
Científica?
O principal projeto de nossa Diretoria é elevar
ainda mais o padrão científico do cardiologista
brasileiro, pois da associação de ensino e pesquisa e da extensão do conhecimento temos
como resultante final a melhoria da prática
assistencial e o conseqüente benefício para a
população. Para tanto, o Congresso Brasileiro
anual, o Programa de Educação Permanente, e
as Diretrizes e os Registros nacionais são as
ferramentas que melhor podemos utilizar.
Quais os programas existentes e os
planejados para a Diretoria Científica
na administração do dr. Chagas?
Além dos já citados, tratamos da elaboração e, sobretudo, da divulgação intensiva
de diretrizes e de registros nacionais que
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
expressem a realidade assistencial, embasadas em evidências científicas. O objetivo é
a qualificação ainda maior do cardiologista
brasileiro no seu dia-a-dia.
O Congresso Brasileiro caminha para
sua 63a edição: como vai a organização?
Após quatro reuniões de imersão realizadas nos meses de janeiro, fevereiro, março
e abril do corrente ano, estamos em fase
de finalização não só da grade científica
mas também da definição dos palestrantes
nacionais e internacionais, que, em número
de 440 docentes, certamente dotarão o
63o Congresso Brasileiro de Cardiologia de
qualidade técnica e científica primorosa.
Quem são os membros de sua comissão científica e quais os critérios
de escolha?
A composição completa tem os seguintes
nomes: Andréa Araújo Brandão, Antonio
Carlos Palandri Chagas, Arnaldo Lemos
Porto, Brivaldo Markman Filho, Carlos
Costa Magalhães, Carlos Eduardo Suaide
Silva, Cláudio Pereira da Cunha, Fernando
Oswaldo Dias Rangel, Francisco Rafael M.
Laurindo, José Carlos Raimundo Brito, José
Rocha Faria Neto, Luiz Antônio de Almeida
Campos e Paulo Roberto Ferreira Rossi. Os
Na preparação do Congresso, são efetivadas reuniões presenciais? Em caso
afirmativo, quantas são necessárias?
São quatro reuniões, seguidas por circulares.
A primeira foi distribuída em dezembro de
2007; a segunda estava prevista para maio de
2008, junto com o programa preliminar; e a
terceira e a quarta devem ser distribuídas
entre julho e agosto de 2008, junto com o
programa final, incluindo os palestrantes.
A SBC cresce com seus Departamentos e grupos de estudo especializados. Como é feita a divisão entre
os diversos Departamentos para
inclusão no conteúdo programático
do evento científico anual?
A SBC é composta por doze Departamentos
de Especialidades, que atuam ombro a ombro
com a Comissão Científica na elaboração e
na definição das atividades que compõem a
programação científica dos congressos nacionais. Este ano, em particular, a integração foi
bastante intensa e sem dúvida isso se refletirá
na qualidade de nosso evento maior.
Os Departamentos recebem as solicitações formais, por parte da SBC, em
pedidos muito mais amplos que aqueles efetivados ao final. Considera isso
correto ou dispersão de energia?
Em virtude da grandiosidade dos congressos
da SBC, é crescente a participação departamental no porcentual das atividades científi-
cas. Neste ano de 2008 praticamente não há
excedentes das sugestões departamentais.
Quais serão os critérios para inclusão como palestrante no Congresso
da SBC?
Os critérios constam das normatizações de
nosso Estatuto, a saber: Título de Especialista em Cardiologia, adimplência societária,
produção científica na área do conhecimento, e recomendações dos Departamentos e
das Sociedades Estaduais e Regionais.
em quatro sessões), após julgamento efetuado
pelas comissões, no dia das apresentações, um
para cada sessão. Nos Certificados Especiais
constarão os nomes de cardiologistas ilustres
que contribuíram de forma significativa para
o engrandecimento da Cardiologia brasileira.
São eles: Domingos Edgardo Junqueira de
Moraes (RJ) – Categoria: Cirúrgico/Intervenção; Eduardo Moacyr Krieger (SP)
– Categoria: Pesquisa Básica/Experimental;
Gastão Pereira da Cunha (PR) – Categoria:
Clínica/Epidemiologia; e João Tranchesi (SP)
– Categoria: Método Diagnóstico.
Pílulas do coração
critérios de escolha estão baseados no Estatuto da SBC, que prevê representatividade
nos âmbitos da Presidência (SBC, Congresso
atual e Congresso futuro), da Diretoria de
Departamentos, da Diretoria de Estaduais
e Regionais, da Diretoria Financeira e da
Comissão Executiva Local.
Como é feita a seleção dos temas
livres aprovados? Qual a média de
corte e quais são suas considerações
sobre a ficha de avaliação dos mesmos, que sofre críticas pelo excesso
de fracionamento e complexidade?
Os temas livres em 2008 bateram recorde,
tendo sido enviados para julgamento, no
total, 1.019 resumos.A Comissão Julgadora
Nacional é composta por 193 nomes escolhidos pela Comissão Científica da SBC.
As avaliações estão em fase final e o nível
científico dos temas foi considerado acima
das médias obtidas em anos anteriores. A
complexidade e a evolução do conhecimento científico exigem constante revisão
das formas de avaliação.
Estão previstos prêmios para os melhores temas livres em 2008?
Os 32 resumos que obtiverem as maiores notas após julgamento pela Comissão Nacional
Julgadora deTemas Livres estarão automaticamente concorrendo a um Certificado Especial
do Congresso e a uma premiação em dinheiro.
Sob o patrocínio da Schering-Plough, os prêmios serão entregues ao primeiro colocado de
cada uma das sessões especialmente criadas
para essa finalidade (os temas serão divididos
Jornal da SBHCI
25
retrato
Valmir Fontes
Uma Vida Dedicada à Cardiologia
Intervencionista Pediátrica
A
pós concluir o curso colegial em
Aracaju, Sergipe, o então adolescente Valmir Fontes prestou
vestibular para a Escola Bahiana
de Medicina, em Salvador, Bahia, graduando-se em 1958.
Como acadêmico, freqüentou o
Serviço de Cardiologia da Santa Casa
de Salvador, dirigido pelo prof. Euvaldo
Melo. Recebeu bolsa de estudos para
aprimoramento em Cardiologia no então Instituto de Cardiologia do Estado
de São Paulo, órgão da Secretaria de
Estado da Saúde.
O Instituto de Cardiologia, à época
dirigido pelo dr. Dante Pazzanese, tinha
a residência médica em Cardiologia
coordenada pelo prof. Cantídio de
Moura Campos Filho. O dr. Fontes fez
parte da primeira turma de residentes
em um programa cuja duração era de
dois anos (1959 e 1960). Em 1961, foi
contratado como médico assistente
dessa instituição e em 1962 passou a
fazer parte de seu corpo clínico.
Desde então o Instituto passou a ser
a nova casa do dr. Fontes. Em sua carreira
de cardiologista, com especial interesse
pelas cardiopatias congênitas, foi chefe
do Setor de Cardiopatias Congênitas, diretor da Fundação Adib Jatene, e diretor
da Divisão de Diagnóstico e Terapêutica,
além de ter sido o introdutor de novas
técnicas hemodinâmicas, em especial o
cateterismo terapêutico. Recebeu diversos títulos, entre eles o de especialista
em Cardiologia da Sociedade Brasileira
de Cardiologia (SBC), membro fundador
e título de especialista da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia
Intervencionista (SBHCI), e membro
fundador da Sociedade Brasileira de Cardiopediatria, da Sociedade de Cardiologia
do Estado de São Paulo (SOCESP), da
Sociedade Latina de Cardiologia Pediátrica, e da Sociedade Latino Americana
de Cardiologia Intervencionista.
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
lhos como autor e co-autor em revistas
nacionais e cerca de 40 trabalhos em
revistas internacionais.
Recebeu inúmeros prêmios e honrarias, placas e títulos de entidades leigas e
científicas no exterior, além do prêmio,
em 2005, do Pediatric Interventional Cardiac Symposium (PICS) (“In recognition of
his innovative contributions in the field of
Pediatric Interventional Cardiology”).
Ao lado de sua atuação como
médico, o Instituto lhe proporcionou
conhecer sua companheira, Meily Rolim
Fontes. Casados desde 1962, têm quatro
filhos: Marcelo, Simone, Ricardo e Marcos. Confira, a seguir, entrevista exclusiva
com o dr. Valmir Fontes.
Participou de dezenas de congressos médicos no Brasil e no exterior
como apresentador de trabalhos, conferencista, e coordenador de mesas e
simpósios. Publicou cerca de 170 traba-
Como conheceu o dr. Dante Pazzanese?
Foi curioso, porque conheci o dr.
Pazzanese no dia 31 de dezembro de
Primeira Turma de Residentes, ao lado de diretores e professores do Instituto Dante Pazzanese de
Cardiologia, em 1959: em pé, da esquerda para a direita, os ex-residentes Hélio Germiniani, Lincoln M.
Fernandes, Valmir Fontes, João Bezerra Neto e José Eduardo M. R. Sousa. Sentados, da esquerda para a
direita, a ex-residente Maria Regina R. Florido e diretores e professores da Instituição: Cantídio de Moura
Campos Filho, Leovegildo Mendonça de Barros, Dante Pazzanese, Oscar P. Portugal e Morris Chansky
retrato
1958, na comemoração de seu aniversário, no próprio Instituto. Foi uma
maravilha de festa e de confraternização. Fiquei à vontade entre os futuros
mestres, mas nunca havia pensado em
participar de uma reunião com tanta
gente ilustre. O dr. Pazzanese, como
diretor do Instituto, homem forte e
com grande prestígio social e político,
imprimiu uma administração fecunda,
humana, sempre valorizando a assistência médica, o ensino e a pesquisa. Seus
sucessores colheram frutos generosos e
plantaram novas árvores, culminando no
que hoje é o Instituto Dante Pazzanese
de Cardiologia. O dr. Pazzanese aposentou-se em 1970, passando o cargo ao dr.
Leovegildo Mendonça de Barros, outro
membro fundador do Instituto, que deu
continuidade à grande obra sem solução
de continuidade. Com o falecimento do
dr. Pazzanese, em 1975, a instituição, em
sua homenagem, passou a se denominar
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, carinhosamente chamado pelos
ex-residentes de “Casa de Dante”.
Quantos colegas compunham sua
turma de residência médica?
Éramos seis: José Eduardo Moraes
Rego Sousa, ex-diretor do Instituto,
João Bezerra Neto, Hélio Germiniani,
Lincoln Fernandes Mendes, Maria Regina Ribeiro Florido e eu. Eduardo e eu
ficamos no Instituto; os outros partiram
para outros centros e se tornaram
cardiologistas de destaque.
Quem era o professor de cardiopatias congênitas na ocasião?
O prof. Cantídio de Moura Campos
Filho era o coordenador da residência
médica. Homem de grande cultura cardiológica, com treinamento no México e
nos Estados Unidos, nos ensinou não só
cardiopatias congênitas, mas toda a Cardiologia, inclusive os primeiros passos na
área do cateterismo cardíaco.
Como se explica sua inclinação pelo
estudo e pela compreensão das
cardiopatias congênitas?
Após a residência médica, o dr. J.
Eduardo Sousa e eu passamos a fazer
parte do corpo clínico do Instituto.Ambos
Visita do prof. Mason Sones, dos Estados Unidos, ao Instituto, em 1980. Da esquerda para a direita:
Valmir Fontes, Adib Domingos Jatene, Mason Sones, José Antonio Jatene, Ieda Bosisio Jatene e Sérgio L. N. Braga
tínhamos grande inclinação tanto para o
cateterismo cardíaco como para o estudo
das crianças. O dr. J. Eduardo Sousa, como
Fellow do Children’s Hospital de Boston,
Estados Unidos, trouxe novas técnicas de
cateterismo e passamos a trabalhar juntos.
Com o advento da cinecoronariografia,
também introduzida pelo dr. J. Eduardo
Sousa em nosso País, em 1966, o movimento de cateterismo aumentou muito. E
com a implantação, no Instituto, da cirurgia
de ponte de safena pelo dr.Adib Jatene, os
estudos cinecoronariográficos passaram
a dominar. A partir de 1970 decidimos
dividir os estudos hemodinâmicos em dois
grupos: o grupo de adultos, sob responsabilidade do dr. Sousa, e o grupo de crianças,
sob minha responsabilidade.
Como é trabalhar com crianças?
É maravilhoso, não tem preço, é uma
fonte permanente de ensinamentos, tanto que Madre Tereza de Calcutá dizia que
as crianças são os melhores professores.
Aprende-se a ser humano, a amar a vida,
a sorrir com o sucesso e a ter humildade
para aceitar o tropeço.
Quais eram os métodos diagnósticos existentes na época?
Nas décadas de 60 e 70 cultivava-se
muito a clínica, sempre soberana, a semiologia bem disciplinada, a radiografia, o
eletrocardiograma e o fonocardiograma,
que formavam o arsenal diagnóstico.
Com esses dados chegava-se, na maioria
das vezes, bem perto do diagnóstico. O
cateterismo cardíaco era indicado para
confirmação diagnóstica, selecionando
casos para o tratamento cirúrgico. Com
a introdução da ecocardiografia, método
simples e não-invasivo, o diagnóstico
ficou mais fácil e preciso, dispensando
o cateterismo como procedimento
diagnóstico. Por outro lado, a partir da
década de 80, o cateterismo passou a ser
também terapêutico, dando início a uma
nova era. Hoje, cerca de 30% das cardiopatias congênitas podem ser tratadas na
sala de cateterismo cardíaco.
Como surgiu o cateterismo cardíaco em crianças e neonatos?
Como eram realizados os primeiros exames?
A partir da década de 60, o cateterismo já era rotina na idade pediátrica.
Não tínhamos Unidades de Terapia
Intensiva (UTI) nos moldes modernos
de hoje; no entanto, embora não fossem
intensivistas pediátricos, os plantonistas
eram preparados para atender crianças e
adultos. Com o acúmulo da experiência
do hemodinamicista e do plantonista da
UTI, o cateterismo foi levado aos lactentes e neonatos.
Jornal da SBHCI
27
retrato
Já é possível tratar por cateter a
maioria dos problemas congênitos
do coração?
Não digo a maioria, acredito que
cerca de 30% das cardiopatias congênitas podem ser tratadas na sala de
cateterismo cardíaco, utilizando balões,
próteses oclusoras, stents, radiofreqüência para perfurações valvares e de septo
interatrial, etc. As lesões estenóticas são
tratadas com balões e/ou stents e os defeitos septais são tratados com próteses,
destacando-se comunicação interatrial,
comunicação interventricular, forâmen
oval patente com passado de acidente
vascular cerebral isquêmico de repetição,
criptogênico, e canal arterial persistente
entre os mais freqüentes.
Da esquerda para a direita, Fernando A. Lucchese,
do Rio Grande do Sul, e Valmir Fontes, em 1982
Qual o grande salto tecnológico no
diagnóstico das afecções congênitas do coração?
O avanço da tecnologia sempre foi
incorporado à Medicina e, em especial,
à Cardiologia. Os métodos diagnósticos
por imagem tiveram progresso extraordinário, desde os novos equipamentos radiológicos utilizados na sala de
cateterismo cardíaco à ecocardiografia
bidimensional e tridimensional, à angiorressonância e à angiotomografia, assim
como à Medicina Nuclear.
No Brasil, o doutor foi pioneiro na
Cardiologia Intervencionista em
cardiopatias congênitas?
Ninguém faz nada sozinho. Iniciamos a dilatação da estenose pulmonar
valvar com cateter-balão em 1983, no
Instituto, obedecendo à técnica descrita
por Kan, nos Estados Unidos, em 1982.
Com a conquista da técnica, o método
foi rapidamente estendido para outras
doenças congênitas, como estenose
aórtica, coartação da aorta e estenose
das artérias pulmonares, na década de
80. A partir da década de 90, o uso de
próteses oclusoras para defeitos septais
e de stents para sustentar lesões estenóticas dilatadas passou a ser rotina em
nossa instituição.Atualmente, o Instituto
Dante Pazzanese de Cardiologia tem
liderança inequívoca na área de cateterismo intervencionista.
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
Quando foi realizado seu primeiro
procedimento intervencionista?
Nossa primeira intervenção de cateterismo terapêutico foi realizada em
1972 em um bebê de três dias de vida,
portador de transposição das grandes
artérias com comunicação interatrial
restritiva, em que o septo interatrial foi
ampliado com cateter-balão utilizando
a técnica da atriosseptostomia descrita
por Rashkind. O procedimento permitiu a sobrevida do neonato, sendo
posteriormente indicado o tratamento
cirúrgico adequado da época.
Quem foram os principais colegas
estrangeiros que participaram de sua
formação como intervencionista?
Foram muitos. Recebi lições de
anatomia e morfologia das cardiopatias
congênitas dos drs. Robert Anderson, de Londres, Inglaterra, e Manuel
Quero Jimenez, da Espanha. Na área
propriamente de intervenção, destaco
a participação, entre outros, da dra. Jean
Kan, de Baltimore, Estados Unidos, e
dos drs. Charles Mullins, de Houston,
Estados Unidos, e Ziyad Hijazi, de Chicago, Estados Unidos. Os últimos dois
introduziram no Instituto o fechamento
do canal arterial com a prótese de
Rashkind e o emprego de stents na
circulação pulmonar, e o fechamento
da comunicação interatrial e do canal
arterial com a prótese Amplatzer.
Quais os principais centros brasileiros dedicados a essa área de
atuação?
A Cardiologia Intervencionista para
tratamento de cardiopatias congênitas
está inteiramente difundida em todo o
País. Ninguém é dono da ciência. Ela está
ao alcance de todos, desde que preparados
para tal. Os maiores serviços encontram-
Charles E. Mullins, dos Estados Unidos,
e Valmir Fontes, em 1995
retrato
Visita do prof. Charles Mullins, dos Estados Unidos, ao Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia,
em 1995. Da esquerda para a direita: Carlos A. C. Pedra, Sérgio L. N. Braga, Valmir Fontes, José Klauber
Carneiro, César A. Esteves, de preto, e Charles Mullins
se nas regiões Sul e Sudeste, e merecem
destaque alguns serviços do Nordeste, em
particular de Salvador e Recife.
Como membro fundador, qual
sua análise da SBHCI de ontem
e de hoje?
Tudo começou como Departamento
de Hemodinâmica e Angiocardiografia da
Sociedade Brasileira de Cardiologia, para
abrigar o progresso da intervenção, passando a se chamar Sociedade Brasileira de
Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. As administrações anteriores sempre foram fecundas e os congressos cada
vez mais esmerados, tanto em organização
como em qualidade científica. Os convidados internacionais trazem ensinamentos
e também troca de experiências.A Sociedade hoje é robusta e conta com cerca
de mil sócios, entre titulares e aspirantes.
A atual administração, composta por um
presidente e oito diretores em áreas
estratégicas, trabalha dedicadamente e
com competência, proporcionando cunho
profissional.Anualmente os congressos se
destacam não só pela qualidade científica,
como por sua organização. Uma extraordinária conquista foi a reformulação
da Revista Brasileira de Cardiologia
Invasiva (RBCI), hoje publicada trimestralmente, com forte conteúdo científico,
comparável a revistas internacionais. Foi
um salto de qualidade.
Quais as perspectivas do intervencionismo pediátrico cardíaco?
Com o avanço tecnológico cada vez
maior na área diagnóstica por imagens,
com o avanço terapêutico, com o emprego de novas técnicas, com o uso de
balão, stents, próteses oclusoras, radiofreqüência, etc., a Cardiologia Pediátrica
Intervencionista está sob nosso domínio,
inclusive na idade neonatal. Já se avança
inclusive na terapêutica fetal. Algumas
intervenções já são praticadas no feto,
inclusive em nosso meio, entre elas dilatação de forâmen oval restritivo, dilatação
de valvas estenóticas ou perfuração valvar seguida de dilatação, sendo necessário uma equipe multidisciplinar composta
por obstetra, neonatologista, anestesiologista, ecocardiografista fetal e intervencionista. Estão em franco progresso
os procedimentos híbridos, em que as
crianças são submetidas a tratamento
na sala de cirurgia conjugada a equipamento radiológico, com o cirurgião e o
intervencionista trabalhando juntos, cada
um com sua tarefa predeterminada. Nos
defeitos septais de baixa idade e de baixo
peso em situação de alto risco cirúrgico,
representada por comunicações intera-
triais com pneumopatia, comunicações
interventriculares grandes musculares
isoladas ou associadas a outros defeitos,
como coartação da aorta, o coração é
exposto por toracotomia mediana e por
via peratrial ou periventricular e os defeitos são ocluídos com próteses guiadas
por ecocardiografia transesofágica, de
modo que a figura do ecocardiografista
se torna indispensável. Ganha-se tempo
e segurança dispensando-se a circulação
extracorpórea, minimizando, assim, os
riscos conhecidos. Os stents atuais deverão ser substituídos por stents biodegradáveis, e as próteses oclusoras cederão
seu revestimento de tecido sintético
ao de tecido biológico reabsorvível. A
terapêutica gênica, que corresponde ao
tratamento ou à prevenção de doenças
cardíacas por meio da transferência de
genes, será uma realidade em duas ou
três décadas. Geneticistas, fisiologistas e
biologistas moleculares trabalham intensamente no assunto.
Qual seu maior desafio no momento?
É acompanhar toda a evolução das
novas técnicas. Sinto-me na obrigação
de conhecê-las e de estar sempre atualizado para informar e discutir com
os mais jovens.
Qual é sua maior alegria com a
Medicina e sua especialidade?
Tratar o próximo é humano e uma
obrigação de todo médico. Recebemos
gratidões estampadas no sorriso de uma
criança ou de seus familiares.A alegria do
médico é o sucesso, é o reconhecimento
de seus colegas, é o agradecimento de
seus pacientes. Sinto-me reconfortado
porque meu trabalho tem seguidores
em todo o País, mais gratificante ainda
é ver meus filhos, Simone Fontes Pedra
e Carlos Pedra, envolvidos na especialidade. Estão fazendo o que eu não pude
fazer, e o pai coruja se envaidece diante
do sucesso deles.
Qual é sua maior tristeza?
Nenhuma. Toda a vida dedicada à
Medicina só me deu alegrias.A profissão
tem que ser um sacerdócio: ou você ama
ou muda de profissão.
Jornal da SBHCI
29
dupla face
As semelhanças e as diferenças
da Cardiologia Intervencionista
no Brasil e em Portugal
Como os cardiologistas intervencionistas se organizam em seu país?
Existe a Sociedade de Cardiologia, que
tem um grupo de estudos de Cardiologia
de Intervenção, e também contamos com
uma subespecialidade de Cardiologia de
Intervenção na Ordem dos Médicos. São
órgãos que se articulam.
Lino Patrício, um
dos mais renomados
hemodinamicistas
da Europa, aponta
como os dois países
podem caminhar
juntos em busca de
uma prática melhor,
da qualificação do
atendimento e da
valorização dos
especialistas
R
esponsável pelo Laboratório de
Hemodinâmica do Hospital de
Santa Marta, em Lisboa, Portugal,
um dos laboratórios com maior
volume de casos da Península Ibérica,
o cardiologista intervencionista dr. Lino
Patrício também se dedica intensamente
ao associativismo. Já foi, inclusive, presidente do Grupo de Estudos de Cardiologia
de Intervenção da Sociedade Portuguesa
de Cardiologia. Nesta entrevista para o
Jornal da SBHCI, ele fala um pouco de
seu dia-a-dia profissional, das semelhanças
e diferenças da Hemodinâmica no Brasil e
em Portugal, além de analisar os avanços
e as perspectivas da especialidade.
Considerando a atual realidade européia e latino-americana, há muitas
diferenças entre a prática intervencionista brasileira e a portuguesa?
Quando coordenei a Sociedade Portuguesa de Cardiologia de Intervenção, investimos numa relação mais estreita com
o Brasil para conhecer melhor as realidades de nossos países.Atualmente, com
base nessa aprendizagem, penso que não
há grande diferença entre o intervencionismo brasileiro e o português. Existem
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
Quem é o atual presidente da
entidade máxima da Cardiologia
Intervencionista?
É o dr. Pedro Caras da Silva, do Hospital
Santa Maria.
Há vínculo oficial com a Sociedade
Portuguesa de Cardiologia?
Exatamente, há uma ligação com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia.
centros de excelência no Brasil, centros
de nível internacional. São realidades
próximas, em especial culturalmente, na
língua e nos hábitos. Assim, do ponto de
vista médico e do ponto de vista técnico
e cultural há muitas semelhanças.
Os cardiologistas intervencionistas
brasileiros já são mais de mil, com
distribuição no território nacional
e nível de satisfação heterogêneo.
Qual é o cenário em Portugal?
Somos um país pequeno. O acesso à Medicina, às faculdades de Medicina, é restrito.
De forma que neste momento há um déficit de médicos. No âmbito da Cardiologia, o
acesso aos internatos é também difícil. Isso
desestimula a formação de novos cardiologistas intervencionistas. Em Portugal não
temos universidades privadas e são poucos
os hospitais privados, portanto atuamos
basicamente com o serviço público. Mas
buscamos manter o volume de intervenção
apropriado, padronizado por diretrizes.
Seria interessante ter alguns médicos brasileiros trabalhando em nosso país.
Como avalia a parceria entre as
comunidades de cardiologistas
intervencionistas brasileiros e portugueses que vem sendo construída
nos últimos tempos?
Sou suspeito, já que eu e o dr. Luiz Alberto
Mattos iniciamos esse trabalho. Fiz assim por
considerar importante. Temos linguagem,
certos costumes e cultura comuns. Há grande benefício nessa ligação: Portugal ganha
com o conhecimento científico do Brasil
e, do outro lado, o Brasil conquista uma
dimensão européia. É frutífero para ambas
as partes.Tenho trabalhado para isso, e o dr.
Luiz Alberto Mattos também. Almejo que
esse elo seja fortalecido continuamente.
Existe a possibilidade de inserir um
evento conjunto do intervencionismo de seu país com a Sociedade
Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI)
no congresso anual da Sociedade
Portuguesa de Cardiologia?
Promovi, em 2007, uma reunião denominada Diálogo Transatlântico, em Lisboa, que
No Brasil, o senhor já participou de
várias conferências e eventos científicos da SBHCI. Qual sua impressão
sobre nossa organização, conhecimento e especialização?
É o fruto do bom investimento. É a única
idéia que me ocorre. A SBHCI tem uma
página na Internet que é um exemplo de
conteúdo e de atualização, que, aliás, muitas
vezes acompanho para minha atualização.
Do ponto de vista da organização, a Cardiologia Intervencionista brasileira é excelente.
Cito, por exemplo, o Simpósio de Alta Complexidade, realizado em março, um marco
de capacidade de organização. Foram apresentados casos complexos de Cardiologia
Intervencionista e isso é importante para o
conhecimento. É um caminho para alargar
os tratamentos coronarianos por intermédio da Cardiologia de Intervenção. De
forma que a palavra única que me ocorre
é que a SBHCI tem magistral organização,
resultado do trabalho importante realizado
pelo meu amigo Luiz Alberto Mattos.
obrigação de chamar para si a disseminação
da informação, deixando de fora qualquer
interesse comercial. Como disse, sou otimista, não creio que médico algum venda
suas idéias. Não posso acreditar.
O que acha da integração das equipes multidisciplinares nos procedimentos endovasculares? É possível
que cardiologistas intervencionistas,
cirurgiões vasculares e radiologistas
trabalhem integrados?
Sempre há alguma dificuldade no trabalho
em equipe. No entanto, temos de pensar
que o paciente é um só, devendo, portanto,
ser tratado de forma global. Por outro lado,
cada um deve fazer o que sabe. Se existir um
neurorradiologista capacitado,com currículo
de Cardiologia e com prática de realizar angioplastia coronária, pode e deve fazê-lo. Se
um cardiologista sabe fazer angioplastia carotídea,também deve fazê-lo.O ideal é trabalhar
em conjunto e cada especialidade contribuir
para o tratamento. Estou convencido de
que em cinco a seis anos existirão grandes
laboratórios de intervenção vascular,e não só
de Cardiologia Intervencionista. Serão laboratórios em que o paciente terá tratamento
em suas múltiplas facetas,nas áreas coronária,
vascular periférica, carotídea, etc.
Vê essa mudança como a ordem
Acredita ser possível, nos dias de
natural dos acontecimentos?
hoje, promover eventos com forte
O que acontecerá é a centralização das áreimpacto científico e mínima influas da Hemodinâmica, creio. Criar grandes
ência comercial ou da indústria?
laboratórios com múltiplas salas em que
Não creio que houve conflito de interesses
todos possam trabalhar, com geografia de
nos eventos que estive ou ajudei a organizar
intervenção vascular múltipla. E não laboem Portugal e em outras partes do mundo.
ratórios separados, em que os pacientes
Sou otimista e confiante. No entanto, penso
sejam tratados de forma fracionada por
AD XPRO 122x58mm APROVADO.pdf
19.04.08
19:52:26
que os hospitais e as universidades têm a
médicos de diferentes especialidades.
Como funciona o reembolso dos
procedimentos hemodinâmicos
em Portugal?
Em Portugal, como disse, a realidade é
fundamentalmente pública. Os doentes
recorrem ao Serviço Nacional de Saúde e
é feita a intervenção. O reembolso ao hospital acontece por grupos de diagnóstico
e não por intervenção. Assim, no caso de
um paciente com infarto do miocárdio, o
pagamento é feito pelo tratamento e não
pela intervenção. Em relação ao privado,
que é quase inexistente em Portugal,
temos seguradoras que promovem o
reembolso por intervenção. Mas estamos
falando de, provavelmente, 5% ou 10% das
intervenções feitas no país.
dupla face
contou com a participação dos mais importantes cardiologistas de intervenção brasileiros e espanhóis, além dos especialistas
portugueses. Foi um sucesso. Portanto, até
pelo excelente resultado da iniciativa, penso
que deve haver um evento conjunto.
O que pensa da polêmica sobre a segurança dos stents farmacológicos?
Os stents farmacológicos entusiasmaram. Aliás, houve superentusiasmo
na utilização. No entanto, os stents
farmacológicos surgiram para solucionar casos de pacientes que não eram
tratados anteriormente em virtude da
alta reestenose. Ou seja, esses stents
modificaram o paradigma da Cardiologia de Intervenção. A polêmica atual
não deve esquecer esse fato e necessita
mais informação sobre o tema.
Os cardiologistas intervencionistas
devem ser mais restritivos na utilização desses stents?
Não, os mais graves doentes devem ser
tratados com os melhores tratamentos e
instrumentos que temos. Hoje, sem dúvida,
os stents são os melhores instrumentos para
tratar casos complicados. Não vamos abandonar os pacientes com medo da falta de
segurança.Acho que não devemos ser mais
restritivos. Enfim, jamais podemos deixar de
tratar pessoas com medo da trombose.
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
Qual sua impressão sobre o futuro
da Cardiologia Intervencionista?
Há um campo na Cardiologia Intervencionista
não-coronária que ainda pode crescer, que é
o tratamento percutâneo da doença valvular
com implantação de próteses valvulares.
Estou convencido de que temos de evoluir
e buscar tratamentos novos para os diversos
grupos de pacientes, como os idosos, que
aumentarão muito nos próximos anos.
Jornal da SBHCI
31
Giro pelos Estados
Regional Rio de Janeiro
SOHCIERJ: um caminho
para a integração
entre os especialistas
A
Sociedade de Hemodinâmica e
Cardiologia Intervencionista do Estado do Rio de Janeiro (SOHCIERJ)
foi fundada há onze anos e conta
com mais de 100 membros. Atualmente
é presidida pelo cardiologista intervencionista dr. Esmeralci Ferreira.
A SOHCIERJ promove reuniões
científicas e cursos de atualização bimestrais e gratuitos para todos os sócios, viabilizados, em geral, por meio de
parcerias com as indústrias. Os encontros se apóiam na discussão de casos
clínicos e têm a intenção de promover
o desenvolvimento profissional, além da
interação social entre os especialistas.
Promove ainda, anualmente , um
Da esquerda para a direita, Ricardo P. Pontes. José Maria Gomes,
Esmeralci Ferreira, Cyro V. Rodrigues e Hélio Roque Figueira
tradicional Simpósio de Cardiologia Intervencionista, que já está em sua nona
edição. Esse evento ocorre sempre no
primeiro dia de atividades do Congresso
da Sociedade de Cardiologia do Estado
do Rio de Janeiro (SOCERJ).
“Por meio dessa parceria, somos responsáveis por um dos maiores simpósios
de Cardiologia Intervencionista voltado ao
público clínico. Em 2007, contamos com
uma audiência de 450 pessoas”, afirma dr.
Luiz Antônio Carvalho, membro do Conselho Fiscal da entidade.
A SOHCIERJ não tem por objetivo
cumprir papel sindical em lutas de caráter profissional nem fazer intermediação
com os planos de saúde. De acordo com
o dr. Carvalho, a missão da Sociedade é
predominantemente científica, a despeito de ela também dar todo o respaldo
às questões referentes à defesa dos
interesses de seus associados:
Como não tem sede própria, cada
presidente em exercício faz de seu consultório um espaço dedicado às atividades da
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
SOHCIERJ. “O que nós temos é uma sede
virtual no portal www.sohcierj.org.br, que
entrou no ar em abril.”
Planos para o futuro
Uma das prioridades da SOHCIERJ
hoje é a consolidação dessa sede virtual,
uma vez que o website permitirá contato
permanente com sócios, disponibilizando,
ao mesmo tempo, links para a Sociedade de
Cardiologia do Rio de Janeiro, a Sociedade
Brasileira de Cardiologia e a Sociedade
Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia
Intervencionista, entre outras.
Outra meta é trabalhar pelo fortalecimento do simpósio anual. Até então, o
evento era destinado, sobretudo, aos cardiologistas do Rio de Janeiro. A idéia da
SOHCIERJ, no entanto, é ampliá-lo para
que conte com a participação progressiva
de profissionais de todo o Brasil.“Não existe um simpósio nacional com essas características. Por isso, nosso projeto, ambicioso,
confesso, é trabalhar para a nacionalização
desse evento”, conclui o dr. Carvalho.
A
Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de
Implantes (ABRAIDI) representa
as empresas do setor desde 1993.
Para gerar maior interação das empresas
da área e maior conhecimento no setor,
a ABRAIDI ampliou a participação dos
associados, agindo decisivamente em dois
flancos: primeiro, para ajudar a definir e a
implementar novos rumos do setor da
saúde, por meio de forte atuação política,
que já resultou em conquistas significativas;
e segundo, implementando amplo espectro
de ações e serviços para apoiar a atuação
das empresas associadas no mercado.
O Código de Conduta da ABRAIDI
é composto por quatro vertentes: Código de Ética; Programa de Implementação dos Requisitos Essenciais de Boas
Práticas de Armazenamento e Distribuição de Produtos para Saúde; Programa
Valorização do Associado; e Programa
Recomendações de Ações de Mercado.
Para obter e manter o Selo ABRAIDI, a
empresa tem que obedecer a todo esse
conjunto de requisitos e valores.
Adotar práticas que garantam a
segurança dos pacientes, repelir e denunciar procedimentos antiéticos e
ilegais, trabalhar apenas com produtos
que estejam de acordo com as determinações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e assegurar
a livre concorrência, atuando de forma
responsável diante de concorrentes e
de seus clientes, são alguns dos procedimentos imprescindíveis para que
cada empresa associada ganhe o Selo
ABRAIDI – Empresa Boa Cidadã.
Nesta entrevista exclusiva, Roberto
Rodrigues, presidente da ABRAIDI desde
2003, esclarece o papel da entidade, faz
um apanhado dos principais problemas do
setor e aponta caminhos para a democratização da alta complexidade. Confira.
Quando a ABRAIDI foi criada e
quais são suas responsabilidades?
A Associação Brasileira de Importadores
e Distribuidores de Implantes (ABRAIDI)
mercado
O QUE A ABRAIDI PENSA DA
CARDIOLOGIA INTERVENCIONISTA
Na área de Cardiologia Intervencionista,
58 empresas estão ligadas à ABRAIDI,
sem exceções, atendendo a todos os
requerimentos regulatórios.
foi fundada em 1992. Com sede na cidade
de São Paulo, é uma entidade sem fins lucrativos. Seu foco principal é a defesa dos
interesses de seus associados nas questões
de natureza regulatória, de dinâmica de negócios e de comportamento de mercado.
Quem foram as personalidades que
deram vida à ABRAIDI e de que
forma é escolhido o presidente?
Osvaldo Coelho deVasconcellos e Cid Navas
foram seus condutores iniciais. Sua Diretoria
e seus Conselhos são eleitos porAssembléias
Gerais, por um período de dois anos.
Quais os grupos que ela representa?
Seu quadro de associados é composto
por distribuidores, importadores e fabricantes, no total de 212 empresas, sendo
38 com Certificação ANVISA em Boas
Práticas, na linha da RDC 59, e 162 em
processo de Certificação, além das 200
adesões ao Código de Conduta da associação, que se fundamenta nos aspectos
de Boa Cidadania e estrita observância a
padrões de correção moral e ética.
Quais empresas estão abrigadas na
ABRAIDI?
Basicamente,todos os segmentos de implantes estão representados pela ABRAIDI, com
predominância dos setores de Ortopedia e
Traumatologia, Cardiologia e Neurologia.
Em relação à Cardiologia Intervencionista, quais empresas estão sob
a chancela da ABRAIDI?
Como a ABRAIDI aborda o segmento da Cardiologia Intervencionista?
No segmento Cardiologia Intervencionista, a abordagem de mercado compreende
a utilização de Canais Alternativos de
Distribuição em complemento à ação
direta da indústria. O marketing de relacionamento é a tônica mais praticada,
o que demanda ter centros de decisão
sempre muito próximos dos centros de
ação. Os requerimentos de capital de giro
para atender regimes de consignação em
praticamente 486 CATH LABS (+ R$
170 M), ao que se adiciona a prática de
inadimplência de significativo número
de instituições hospitalares (em média
superior a 200 dias para materialização
de suas contas a pagar), o atendimento às
reivindicações dos profissionais médicos
(mais de 800) nos aspectos de educação
continuada, e o suporte ao excessivo número de congressos locais, internacionais
e programas de marketing pessoal dos
profissionais são fatores que, quando
diluídos entre os Canais Diretos e Canais
Alternativos, viabilizam o processo de comercialização em todo o País e atenuam
seus impactos financeiros.
Como é a relação da indústria
produtora de dispositivos de Cardiologia Intervencionista e dos
distribuidores representados pela
ABRAIDI? A convivência é profícua
ou conflituosa?
A convivência entre canais de distribuição
não só é harmônica como profícua dos
pontos de avaliação logística e finanças.
Qual sua análise da Cardiologia Intervencionista no Brasil, no cenário
público e na Saúde Suplementar?
Analisando a Cardiologia Intervencionista
no Brasil nos cenários do Sistema Único
de Saúde (SUS) e da Saúde Suplementar,
Jornal da SBHCI
33
mercado
seguramente há espaço para maior volume de procedimentos na área do SUS e
para melhor atendimento na Saúde Suplementar.A consolidação de um sistema de
saúde de natureza universal, equânime e
integral para todos os brasileiros, no momento atual, é tarefa dantesca, que, entre
outros tantos fatores relevantes, necessita
de orçamento que contemple fontes de
recursos compatíveis com a dimensão do
objetivo de inclusão social citado. Estamos
prestes a votar, na Câmara dos Deputados,
a Emenda 29, que auxiliará, é certo, mas
não resolverá o problema sozinha.
Como ajustar os preços da alta
complexidade para torná-la mais
acessível?
A Diretoria de Alta Complexidade do SUS
administra o setor com perfeita isenção
no que tange às distintas disciplinas envolvidas. Questiona, como maior cliente,
os preços e as condições praticadas em
órteses e próteses e mantém estática a
tabela de reembolsos do SUS. No entendimento da ABRAIDI, é possível a aplicação
de “moedas de troca” (cessão automática
de crédito para o fornecedor, isenção de
PIS/Cofins, regime especial de tratamento
ICMS na administração de inventários
consignados e/ou em demonstração,
entre outras) para ajustes em preços que
permitam maior volume de procedimentos e ampliação na relação de stents por
procedimentos (1,2 para 1,5), o que implica redução de custos com internações,
retorno de pacientes, bem como avaliação
da inclusão de stents farmacológicos em
sua tabela de reembolso.
A polêmica dos stents farmacológicos e seu constante bloqueio
por diversos órgãos que oferecem
suporte à saúde, a seguradoras e
cooperativas é uma realidade?
Na Saúde Suplementar, a polêmica dos
stents farmacológicos tem ocupado a
cena. As operadoras de saúde, insistentemente, criam mecanismos na tentativa
de bloquear a utilização de próteses que,
segundo suas análises, comprometem sua
rentabilidade. Várias são as ferramentas
utilizadas para esse fim, invariavelmente
mascaradas com argumentações supostamente de cunho científico.A mais recente,
em voga, é a Medicina Baseada em Evidências. Estabelece-se o pressuposto de disano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
cutirmos Medicina, quando em realidade
o que se quer discutir é business.
O custo é o maior responsável
pela polêmica ou de fato a segurança é tardia?
É elementar. Não é necessário ser experto
em Teoria de Argumentação para identificar a estrutura do racional das operadoras, quase um trívio franciscano: gramática,
retórica, dialética. Basear raciocínio em
premissas falsas é padrão questionável em
ambientes que buscam zonas de concordância cujo trívio está assentado em lógica
e filosofia de bem-estar comum. Medicina
Baseada em Evidências é praticada pelo
médico, não pela seguradora. Melhor
fariam em se concentrar em auditar e
corrigir os desvios de auto-antropofagia
no seio das cooperativas, o que implicaria
formidável redução em seus custos.
Quais as soluções que o senhor vislumbra para esse conflito?
Soluções para o conflito passam por tratar
operadoras de saúde como aquilo que são,
conforme explicitado na Lei no 9656/98:
meras fontes pagadoras. É importante que
fornecedores entendam que seu cliente é o
ser fragilizado que denominamos paciente,
a quem deve ser emitida a nota fiscal para
posterior reembolso. Hospitais devem
retomar sua capacidade de definir processos de gestão independente, focalizando
no valor agregado que a instituição tem.
Profissionais médicos devem, com o apoio
de suas Sociedades, da Associação Médica
Brasileira (AMB) e dos Conselhos Regionais
de Medicina (CRMs), com clara definição
de procedimentos, repensar o estágio de
submissão a interesses terceiros versus a
inquestionável autoridade e competência
em decidir o melhor para seu paciente.
Tem uma análise crítica do papel do
cardiologista intervencionista?
A ABRAIDI é muito crítica quanto ao
estágio atual de comportamento ético em
Cardiologia Intervencionista. Sabe que o País
é pobre, carente e pouco educado e que é
responsabilidade e dever das classes mais
privilegiadas zelar por preceitos morais e
éticos que ajudem a reverter o quadro atual.
Atuar no segmento Saúde é privilégio da
elite. Que ela se comporte como tal.
Como analisa o trabalho realizado
pela atual gestão da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI)?
A SBHCI está desenvolvendo ações que
entendo como de importância. O Programa para Implantação de Certificação
Compartilhada, em fase de elaboração
com a SOBRICE, é demonstração cabal
de busca a soluções orientadas com visão
estratégica que conciliam interesses e
expandem áreas de oportunidades. Educação Continuada nos moldes propostos
pelo PEC–SBHCI 2008 agrega valor e
resulta em melhor avaliação dos inúmeros congressos regionais. Os Fóruns de
Qualidade Profissional são eventos que
permitem exercícios de julgamento dos
vários elos da cadeia Saúde, transparentes, abertos ao debate e que sinalizam a
disposição da SBHCI de, corajosamente,
definir suas posições em áreas críticas.
AABRAIDI e a SBHCI podem ser parceiras em uma cruzada pela ética?
As empresas associadas à ABRAIDI estão
“no estado da arte” nas áreas de Boa Cidadania e Boas Práticas; entretanto, continuam enfrentando dificuldades para avançar
nas questões de natureza Ética. Vivemos
ainda, neste País, instantes em que correção é sinônimo de perda de participação
de mercado. Modificar o ambiente atual
de negócios é objetivo tenaz, que exige
parceiros dispostos a tomar decisões que
contrariem o indefectível corporativismo
que convive e aceita desvios condenáveis.
Tenho certeza de que a SBHCI é parceira
nessa quase quixotesca missão.
ensino
MEC abre guerra contra a
proliferação irresponsável
de faculdades de Medicina
José Wellington
A. dos Santos
O
Ministério da Educação (MEC)
começou a fechar o cerco sobre os cursos de Medicina, após
diversas denúncias e protestos
da Associação Médica Brasileira (AMB),
do Conselho Federal de Medicina
(CFM) e do conjunto das sociedades de
especialidades. Recentemente o MEC
baixou um conjunto de regras rigorosas
para a abertura de graduações, como
a obrigatoriedade de ter hospital de
ensino próprio ou conveniado por um
período de dez anos, além de manter
programas de residência.
“Ao se olhar os resultados das diversas
avaliações, podemos dizer que há indicadores, ainda que não definitivos, de que
30% dos cursos são de boa qualidade, 40%
são de padrão médio e 30% apresentam
deficiência, que, por isso, estão sendo monitorados pelo Ministério”, diz o diretor
de Supervisão da Educação Superior/MEC,
Dirceu Nascimento.
Dentro dessa nova linha política, o
MEC também anunciou que 17 faculdades de Medicina com conceitos 1 ou 2,
simultaneamente, no Exame Nacional de
Desempenho dos Estudantes (Enade)
e no Indicador de Diferença entre os
Desempenhos Observado e Esperado
(IDD) serão supervisionadas. No total,
103 cursos foram avaliados, entre instituições públicas e privadas.
“Esses números não significam que a
maioria das 175 escolas médicas do País
alcance qualificação mínima. Muitos cursos não foram avaliados, como os 52 que
ainda não formaram a primeira turma”,
afirma o presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral. “O exame é apenas uma
dimensão da avaliação do ensino.Também
é preciso avaliar a instituição, a estrutura
do curso, as instalações e a qualificação
do corpo docente. Isso também está
programado, é verdade. Com esses dados,
é certo, será identificada uma enorme
quantidade de insuficiências.”
Aliás, as escolas cujos cursos apresentaram resultados insatisfatórios nos
processos avaliativos terão de oferecer
diagnóstico sobre o desempenho, com
medidas para sanar as deficiências identificadas. O diagnóstico, conforme informa o
portal da AMB, deve abordar: a organização
didático-pedagógica; a integração do curso
com os sistemas local e regional de saúde;
o perfil do quadro discente; a oferta de
vagas nos processos seletivos de 2008,
com especificação daquelas ocupadas
nos referidos processos e o número de
concluintes em 2007; o perfil do quadro
docente, incluindo titulação e regime de
trabalho, composição e atuação do núcleo
docente estruturante, colegiado e coordenação de curso; a infra-estrutura, com
identificação das condições de oferta das
disciplinas de práticas médicas, em especial
Dirceu Nascimento
estágio curricular, condições da biblioteca
e produção científica.
Caso a Secretaria de Educação Superior (SESu/MEC) considere as medidas
apresentadas suficientes para corrigir as
deficiências, poderá celebrar termo de
saneamento com a instituição de ensino.
No entanto, se a instituição discordar do
diagnóstico sobre os problemas identificados pela avaliação, o MEC poderá realizar
visita ao curso e instaurar processo administrativo para aplicação de penalidades.
As sanções incluem desativação dos
cursos e habilitações, suspensão temporária de prerrogativas de autonomia e da
abertura de processo seletivo de cursos
de graduação ou cassação do reconhecimento de curso.
Entre os 17 cursos de Medicina em
supervisão, quatro são de instituições
federais (Universidade Federal de Alagoas,
Universidade Federal do Pará, Universidade Federal da Bahia e Universidade
Federal do Amazonas). Nesse caso, o MEC
Jornal da SBHCI
35
ensino
acompanhará o processo de saneamento
e fornecerá os recursos adicionais, se necessários, para superação das deficiências,
sem prejuízo da apuração de responsabilidade de seus dirigentes (veja a relação
completa no website www.amb.org.br).
A seguir, o MEC apresenta sua posição
em relação a outros temas importantes
sobre o ensino médico, como residência
médica, pesquisas e recertificação de título
de especialista, em entrevista com o prof.
dr. José Wellington Alves dos Santos, diretor
dos Hospitais Universitários Federais e
Residências de Saúde do MEC.
A residência médica não precisa de
atenção especial do MEC?
A Residência Médica, no Brasil, possui
atenção especial do MEC, já que constitui
um programa de pós-graduação específico para essa profissão, considerado
ideal para a formação de especialistas.
O MEC disponibiliza instalações, equipamentos e pessoal necessários para o
funcionamento da Comissão Nacional de
Residência Médica (CNRM), no âmbito
desse Ministério, com autonomia para
coordenar todos os programas de Residência Médica oferecidos por instituições
de Saúde da rede pública ou particular.
Há um processo contínuo de expansão
de programas e vagas. O que ainda está
por ser criado é um mecanismo que dê
suporte às comissões estaduais.
Por que ainda temos déficit de vagas
de Residência Médica?
Atualmente, cerca de 70% dos egressos
de cursos de Medicina poderiam ingressar em programas de Residência Médica
credenciados pela CNMR. Entretanto,
esse porcentual varia porque existem
especialidades mais selecionadas pelos
formandos que outras, o que determina a
variação na procura dessas especialidades
reconhecidas pela CNRM.
O Ministério também entende que
um profissional formado inadequadamente representa risco no atendimento à população?
A formação de médicos encontra-se
disciplinada pelas Diretrizes Curriculares
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
Nacionais para o Curso de Graduação em
Medicina, Resolução CNE/CES no 4/2001,
que estabelece o perfil do formando
egresso/profissional como um médico,
com formação generalista, humanista,
crítica e reflexiva, capacitado a atuar, pautado em princípios éticos, no processo de
saúde-doença em seus diferentes níveis
de atenção, com ações de promoção,
prevenção, recuperação e reabilitação à
saúde, na perspectiva da integralidade da
assistência, com senso de responsabilidade
social e compromisso com a cidadania,
como promotor da saúde integral do ser
humano. A Lei no 10.861/2004 (SINAES)
prevê a avaliação de instituições, de cursos
e de desempenho dos estudantes no sentido de assegurar a qualidade da formação
oferecida aos alunos pelas Faculdades de
Medicina existentes no País.Assim, a Residência Médica não deverá ser considerada
um curso supletivo para suprir deficiências
da graduação, mas um programa para a
formação de especialistas.
No que se refere a pesquisas médicas
no Brasil, qual sua avaliação sobre a
contribuição das universidades e escolas
públicas de Medicina de nosso País?
A Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES) tem fomentado, de forma significativa, programas
de pós-graduação no exterior, especialmente o modelo de “doutorado sanduíche”.
Muitos pós-graduados não retornam e
outros são absorvidos por melhores propostas financeiras da iniciativa privada.
A preservação da defesa do ato médico vem sendo uma das bandeiras
do Conselho Federal de Medicina.
Em um país com áreas tão carentes
e necessitadas como o Brasil, como
normatizar a educação de outros
agentes de Saúde com formações
distintas e egressos de outras áreas
sem comprometer o legítimo exercício da Medicina?
Todas as profissões da área da Saúde já
estabeleceram o limite de suas respectivas competências. Assim, se cada agente
de Saúde exercer suas atividades dentro
do que foi estabelecido não haverá
problemas éticos ou profissionais com
relação ao exercício da Medicina.
Os países desenvolvidos aplicam
rigorosos exames de recertificação
para avaliar o nível de conhecimento
e qualidade assistencial de seus profissionais médicos. No Brasil, diversos
modelos de certificação falharam e
não existe um instrumento comum
e possível de ser aplicado a todas
as áreas. Esse é um problema mais
cultural que técnico. Como resolver
isso em nosso meio?
A Resolução CFM no 1.772/2005 estabelece normas para certificado de atualização
profissional. De acordo com a referida Resolução, os médicos que obtiverem Títulos
de Especialista e Certificado de Área de
Atuação a partir de janeiro de 2006 serão
obrigados a participar do processo, renovando seu certificado de atualização a cada
cinco anos. Existe, portanto, uma avaliação
do desempenho dos médicos que exercem
as especialidades e as áreas de atuação
reconhecidas pela AMB/CFM/CNRM.
Qual é a importância da regulamentação da Emenda 29?
A Emenda 29 foi aprovada pelo Senado
e agora precisa da aprovação da Câmara.
A AMB, o Conselho Federal de Medicina
(CFM) e a Federação Nacional dos Médicos
(FENAM) estão mobilizados para garantir
maior investimento em Saúde. É triste
reconhecer que se vivêssemos num país
onde a seriedade prevalecesse, a Emenda
29 seria totalmente desnecessária, pois não
se cogitaria desviar os recursos da Saúde
para outras áreas.Assim, a regulamentação
do orçamento da Saúde é necessária nas
circunstâncias em que vivemos.
O presidente da
AMB, José Luiz
Gomes do Amaral,
analisa alguns dos
principais problemas
da Saúde no País
Como o senhor define o associativismo, hoje, no Brasil?
O associativismo vive um momento de
grande atividade. Vemos um crescente
envolvimento das diferentes áreas da Medicina nas iniciativas da Associação Médica
Brasileira (AMB). Sem uma ação enérgica
e coordenada de todos os médicos não
conseguiremos ultrapassar nossos principais
problemas: número cada vez maior de faculdades de Medicina de péssima qualidade; as
ameaças que pesam sobre a especialização
médica no Brasil; as contínuas tentativas de
deslocamento de responsabilidades médicas
para profissionais estranhos ao exercício
da Medicina; as tentativas de desfigurar a
carreira médica no Sistema Único de Saúde
(SUS); e a crescente transformação da Medicina em atividade informal.A intermediação
em nossa relação com os pacientes tem se
traduzido em interferência no exercício da
profissão. Com tantos problemas gravíssimos, em contexto tão dinâmico, não é possível imaginar que seremos bem-sucedidos
sem uma associação médica forte e sem a
participação de todos.
A CPMF foi extinta no final do ano
passado. Que tipo de reflexo trouxe
para a Saúde?
A decisão de investir na Saúde é uma decisão
política e administrativa. O Brasil tem uma
das maiores cargas tributárias do mundo e
recolhe o suficiente para investir nessa área
sem o auxílio da CPMF. Essa contribuição ja-
associativismo
“Sem uma ação coordenada
de todos os médicos não
conseguiremos ultrapassar
nossos principais problemas”
mais representou melhora no orçamento da
Saúde, pois, ao ser introduzida, foram retiradas outras receitas, neutralizando-a. Esse foi
o primeiro golpe dado em nome da CPMF.
Vimos que, nos últimos anos, o orçamento
da Saúde até aumentou, porém isso não
resultou em melhor remuneração das áreas
que prestam serviço de assistência. Continuamos com a mesma tabela do SUS e vemos
várias dificuldades no repasse dessa tabela
com a extinção do código 7, por exemplo.
Os diversos mecanismos de aplicação da
CPMF propostos não ofereciam garantia
de elevação consistente no orçamento da
Saúde. Dentro desse quadro, quando foi
instalada a CPMF, mesmo com o aumento
do orçamento, víamos que ele era desviado
para outras áreas, que não a valorização dos
serviços prestados em Saúde.Até porque no
primeiro trimestre deste ano foram registrados sucessivos recordes de arrecadação. É
mister aumentar os investimentos em Saúde,
pois vivemos o caos, o que se pode constatar
com a epidemia de dengue.
Neste ano, a lei 9656 completa 10
anos. Como é hoje a relação entre
médicos, planos de saúde e pacientes?
A lei foi um avanço? Ainda há algum
problema nela?
A lei continua com a mesma lacuna que
possuía no início: não toca na relação
entre prestadores de serviços e pagadores. Entre os prestadores de serviço
têm sido incluídos os médicos. Esse é um
problema essencial. A proposta de lei que
agora se encontra no Congresso coloca
a Classificação Brasileira Hierarquizada
de Procedimentos Médicos (CBHPM)
como fator de referência a ser adotado
na fixação da valorização dos médicos,
sendo uma ferramenta importante. Certamente trará mais valor, transparência e
consistência à lei 9656.
O que os médicos, especialistas de todas
as áreas, podem fazer para sensibilizar o
Congresso a aprovar a CBHPM?
Manter o diálogo com seus parlamentares.
O Brasil vive momento muito positivo, em
que a democracia ajuda a mudar a realidade.
Temos hoje a possibilidade de votar para o
Legislativo e para o Executivo em todos os
Jornal da SBHCI
37
associativismo
níveis: presidente da República, governadores e prefeitos. Quando elegemos nossos
representantes, seja na Câmara ou no Senado, a responsabilidade de manter diálogo
com eles é absolutamente essencial. Importante também é multiplicar a pressão de
convencimento, compartilhando com a sociedade, a população que atendemos, nossos receios, expectativas e motivos, de tal
sorte que eles também sejam aliados nessa
campanha. Não acredito que o nosso parlamento não tenha peso, que seja irremediavelmente contaminado pela corrupção ou
autoritarismo. Acredito que os parlamentares têm uma força considerável e, em sua
maioria, são sensíveis aos anseios legítimos
da sociedade. Creio na capacidade e na boa
intenção de muitos parlamentares que nos
representam em Brasília.
É positivo o papel da ANS para solucionar conflitos na área de saúde suplementar ou pelo menos amenizá-los?
A Agência Nacional de Saúde Suplementar, a
ANS, tem trabalhado de maneira positiva em
diversos pontos, mas deixa de lado intervenções em áreas essenciais, como o acompanhamento de nossa relação com os pagadores,
o que é fundamental. A definição clara de
integralidade da Saúde é outra posição que
precisaria ser tomada. A ANS tem todas as
condições, hoje, de adotar a CBHPM como
referencial e participar de sua implementação.
Ela tem condições de trabalhar com operadores e médicos na definição de parâmetros
de prática clínica. Ou seja, juntar-se a nós
no trabalho transformador das diretrizes. A
ANS poderia se envolver com mais energia
na valorização da qualificação dos serviços e
da assistência. Claro que ela é um organismo
que sofre pressão intensa, mas é função dos
seus dirigentes resistir a ela.
Como se resolve o problema da incorporação das novas tecnologias?
Não se pode ignorar as novas tecnologias,
ignorar o progresso. O que vemos, hoje, é o
não reconhecimento de muitos procedimentos médicos.Temos a CBHPM, com cerca de
4 mil procedimentos, e um rol da ANS que
não a usa na íntegra, tentando esconder o
progresso debaixo do tapete. Esse não é o
modo correto de tratar questão tão relevante. Quando surge uma nova tecnologia,
tem-se de fazer uma análise técnica isenta dos
benefícios, riscos e custos associados. Isso é
absolutamente fundamental. Essa análise não
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
José Luiz Gomes do Amaral na mesa da Comissão
Nacional Pró-SUS da AMB/CFM/Fenam em manifestação
em Brasília pela regulamentação da Emenda 29
pode ser feita sob a ótica dos pagadores.Também é necessária discussão ampla entre os
diversos setores da sociedade sobre a oportunidade de investir recursos nessa nova tecnologia. Nem tudo o que é eficaz é capaz de
transformar a nossa realidade, e nem sempre
têm-se recursos para tanto. A transparência
é fundamental. Há tecnologias que, aplicadas
a um número muito pequeno de pacientes,
podem desequilibrar financeiramente todo o
sistema de Saúde. A boa gestão exige aquilo
que possa beneficiar mais expressivamente
um número maior de pessoas. Esse assunto
tem de ser tratado com firmeza.
Há alguns anos a AMB reorganizou as
especialidades médicas. Foi positivo?
Muitas coisas notáveis aconteceram nos
últimos anos, muito em função da intensificação da vida associativa. Vimos surgir: o rol
hierarquizado de procedimentos médicos,
que foi um grande passo; a consciência da
necessidade da valorização ponderada do
trabalho do médico; a necessidade de basear
nossa conduta nas melhores evidências clínicas;
e também a necessidade de definição do escopo das especialidades. Passamos a entender
que as especialidades são partes obrigatórias
no exercício da Medicina, pois é impossível
um médico trabalhar sem sua especialização.
Vivíamos um descalabro, o número de especialidades médicas era muito maior que o atual
e elas não eram uniformemente reconhecidas.
O encontro da AMB, do CFM e da Comissão
Nacional de Residência Médica (CNRM) e o
desenvolvimento de uma sistemática conjunta
para ordenar a especialização no País nos con-
duziram a um sistema lógico, racional. Temos
ainda programas muito atrasados em relação
aos ministrados nos países desenvolvidos.
Para se ter uma idéia, nossos programas de
residência se desenvolvem em dois ou três
anos. Num país bem-sucedido, os programas
duram de quatro a sete anos, tendo, portanto,
mais qualidade, e são muito mais valorizados.
Nessas nações não se admite que o médico
atue sem especialização. Hoje, com a reorganização das especialidades, encontramo-nos, ao
menos, numa posição que permite caminhar
para um futuro melhor.
Na Medicina, vários procedimentos
médicos são compartilhados. Como
resolver a questão do conflito de
interesses?
Há muitas especialidades que compartilham
algumas intervenções, como é o caso da
cirurgia pediátrica, que compartilha várias
coisas com a urologia, e da anestesia, que
compartilha várias intervenções com a medicina intensiva, entre outras. O importante
é que se respeitem os limites das competências de cada especialidade.As sociedades
de especialidades têm definidas as suas
competências. Não há inconveniência no
compartilhamento, desde que ele permita
melhor atender às necessidades dos pacientes. A AMB deve zelar para que sejam
respeitados os interesses dos pacientes.
Quais os principais projetos em curso
na AMB?
Um projeto recentemente implementado é
o da Educação Médica Continuada. Estamos
dicas do País alcance qualificação mínima.
Muitos cursos não foram avaliados, como
os 52 que ainda não formaram a primeira
turma. O exame é apenas uma dimensão
da avaliação do ensino. É preciso também
avaliar a instituição, a estrutura do curso,
as instalações e a qualificação do corpo docente. Isso também está programado. Com
esses dados, será identificada uma enorme
quantidade de outras insuficiências.
Recentemente, o MEC anunciou que
fechará o cerco sobre os cursos de
Medicina. Até anunciou que pode
tirar a licença de 17 escolas. O que
a AMB pensa disso?
Sempre lutamos contra a criação de escolas
médicas de má qualidade. Do jeito que as
coisas caminham, faculdades são abertas
apenas para ganhar dinheiro ou votos, sem
qualquer compromisso com a boa formação.
Enfim, um atentado à Medicina e um risco
à população. O que ocorre agora: dos 103
cursos de Medicina avaliados pelo Exame
Nacional de Desempenho de Estudantes, o
Enade, 17 serão supervisionados. Isso não
significa que a maioria das 175 escolas mé-
Quais as causas do mau desempenho
desses cursos?
A causa do mau desempenho é a péssima
qualidade das faculdades. O ensino médio
brasileiro é reconhecidamente fraco, mas a
concorrência nos vestibulares de Medicina é
tão grande que acaba selecionando candidatos com potencial satisfatório. Também não
causa estranheza surgirem tantas faculdades
públicas na lista dos reprovados.A degradação
do ensino público tem ocorrido paralelamente à mercantilização do ensino privado. Os
professores são mal remunerados, a carreira
não é atrativa, as instalações estão degradadas
e os laboratórios não têm equipamentos
apropriados. Além disso, os hospitais do
SUS constituem a arena de aprendizado do
estudante de Medicina. A deterioração da
estrutura física e organizacional do sistema
público de atendimento afeta intensamente
a formação do aluno de Medicina.
associativismo
iniciando uma etapa em que as diretrizes e a
atualização devem se estender também aos
pacientes. Pretendemos ampliar o Projeto Diretrizes e estamos abrindo novos intercâmbios do Brasil com outros países para troca
de experiências e de processos de educação
continuada. Também temos trabalhado em
conjunto pelo desenvolvimento da Medicina
em países culturalmente mais próximos do
nosso, como os de língua portuguesa.
Há relação entre a distribuição de
médicos pelo País e o número de
faculdades de Medicina?
A distribuição desigual dos médicos entre as
diferentes regiões do País e a concentração de
escolas médicas não guardam relação de causa
e efeito. São problemas com causa comum: o
desenvolvimento econômico desigual. Nos
Estados do Sul e Sudeste estão os candidatos
com maior poder aquisitivo para enfrentar o
desafio das caríssimas mensalidades das faculdades particulares. Coincidentemente, nessas
regiões existe oportunidade de trabalho na
Medicina privada. Dos 40 milhões de brasileiros que têm planos de saúde, a maioria vive
nas grandes cidades das regiões Sul e Sudeste.
Os brasileiros das regiões Norte e Nordeste,
particularmente aqueles que residem em cidades do interior, são dependentes do serviço
público e no SUS não há hoje perspectiva de
carreira para o médico.
Jornal da SBHCI
39
tUrismo e lazer
DescuBra o paraNá
carlos renato fernandes
Estado de beleza ímpar
e dezenas de praias
paradisíacas receberá
cardiologistas de todo
o País no Congresso da
SBC, de 6 a 10 de setembro
pela litorina (acima) ou pelo portal da graciosa (abaixo), que dá
acesso à estrada da graciosa, é possível sair de curitiba e atravessar
trechos preservados da mata atlântica em direção a paranaguá
Da redação
C
uritiba está de volta ao cenário dos congressos da
Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Os preparativos transcorrem em ritmo acelerado e a Comissão
Executiva segue em plena atividade. Para quem pretende
acompanhar o evento, um presente do Jornal da SBHCI. Nesta
reportagem mostramos que, além de contar com programação
científica de excelente qualidade, os congressistas desfrutarão das
belezas naturais e das ótimas opções de lazer, turismo e gastroano Xi - no 2 - abril a Junho - 2008
nomia oferecidas pelo Estado do Paraná.
Um roteiro de viagem quase que obrigatório é visitar a Ilha
do Mel e fazer o passeio de litorina pela Serra da Graciosa, que
contempla a descida de trem por trilhas inebriantes incrustadas
na Mata Atlântica. Nessa autêntica aventura, há diversos túneis
cavados em rochas e pontes de ferro entre abismos a centenas
de metros de altura.
A viagem, além de maravilhosa, é uma das formas mais seguras que o turista encontra para alcançar o litoral paranaense.
Da litorina é possível avistar nascentes e cachoeiras, cobertas de
flores o ano inteiro. O Oceano Atlântico também acompanha o
traçado da Graciosa: ao olhar para baixo o turista se deparará
com 17 quilômetros de lindas praias.
Só o município de Matinhos possui 25 praias: algumas são
movimentadas, com vários estabelecimentos comerciais e muita
gente; outras são desertas e tranqüilas, além de boas para pesca,
pois estão sempre limpas e mornas. A temperatura da região
varia de 20oC a 27oC durante todo o ano.
Aliás, o trecho da Serra do Mar compreendido pela Gra-
ciosa é considerado pela UNESCO, desde 1993, “Reserva da
Biosfera”. Trata-se do reconhecimento do valor dessas riquezas da natureza para o ecossistema e para a humanidade.
Turismo e lazer
A Ilha do Mel é um dos paraísos protegidos pelo
Parque Estadual. Abaixo, o Farol das Conchas, de
onde se tem o melhor ângulo da ilha
Ilha do Mel
Localizada na entrada da Baía de Paranaguá, no litoral
norte do Paraná, a Ilha do Mel possui 2.762 hectares de mata
preservada e um perímetro total de 35 quilômetros, formado
principalmente por praias e manguezais.
Situada entre um complexo de parques estaduais e federais,
foi transformada em estação ecológica pela UNESCO. Atualmente é um Parque Estadual que preserva riquezas e belezas
naturais únicas.
A paisagem encantadora da Ilha do Mel proporciona ao
visitante passeios inesquecíveis por suas praias, costões, trilhas,
matas, morros, mangues e ilhas próximas. O local possui três
monumentos históricos, tombados pelo Patrimônio Artístico
e Histórico do Paraná: a Fortaleza, o Farol das Conchas, e a
Gruta das Encantadas.
Já os mais aventureiros têm outra opção de lazer: é a prática
de esportes como surfe, bodyboarding, trekking, canoagem, vela,
pesca esportiva e paragliding.
O melhor referencial para chegar à Ilha do Mel é o Balneário
Pontal do Sul, onde se encontra o Terminal de Embarque Marítimo. É importante lembrar que o cadastramento de visitantes
e a venda de passagens são efetuados no próprio Terminal.
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Jornal da SBHCI
41
passo a passo
COMO OBTER O CERTIFICADO DE ÁREA
DE ATUAÇÃO EM HEMODINÂMICA E
CARDIOLOGIA INTERVENCIONISTA
Marcelo Queiroga*
A
liberdade do exercício de qualquer
ofício ou profissão é uma garantia
fundamental expressa na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5o,
inciso XIII: “É livre o exercício de qualquer
trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer”. A Lei no 3.268, de 30 de setembro de
1957, é a referência para a regulamentação
da Medicina no Brasil, que, como é de amplo
conhecimento, estabelece como condição
fundamental para o exercício regular da profissão a inscrição do médico no Conselho
Regional de Medicina (CRM) da jurisdição
onde atua.
Diante do ordenamento jurídico em
vigor, não há como se estabelecer exclusividade ou primazia na realização de determinados atos médicos a especialistas, ou seja,
em tese, o médico, ao efetuar sua inscrição
no CRM, pode atuar livremente. Contudo,
não poderá anunciar especialidade ou área
de atuação que não possa comprovar, além
de ser obrigado a efetuar o competente
registro dos documentos comprobatórios
no CRM da jurisdição onde trabalha.Acorde
com as normas vigentes, marcadamente
com o artigo 135 do Código de Ética Médica
e a Resolução do Conselho Federal de Medicina (Resolução CFM) no 1785/2006, itens
“n”, “o” e “p” do Anexo II do convênio celebrado pelo CFM, pela Associação Médica
Brasileira (AMB) e pela Comissão Nacional
de Residência Médica (CNRM).
Desde 2002, por meio da Resolução
CFM no 1634/2002, passou a vigorar a disciplina que instituiu as áreas de atuação
das especialidades médicas, contexto em
que se insere a Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, uma nova ordem
institucional para nortear o exercício da
Medicina. O advento das áreas de atuação
ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008
preencheu uma lacuna reclamada por
grande contingente de especialistas que
exerciam um ramo específico de uma
especialidade médica.
O Certificado de Área de Atuação em
Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista é exarado pela AMB/Sociedade
Brasileira de Cardiologia (SBC), e constitui
o competente documento para registro
e comprovação da proficiência na área.
Compete à Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista
(SBHCI) a coordenação e a elaboração do
processo de avaliação para obtenção desse
certificado, sob os auspícios da Comissão
Permanente de Certificação. Atualmente,
essa certificação é vital para o exercício
de nossa atividade, pois tal Certificado é
requerido, freqüentemente, pelas operadoras de planos de saúde em geral e pelo
Ministério da Saúde para credenciamento
de centros de alta complexidade em Cardiologia. Além dessas assertivas, pode-se,
igualmente, enfatizar que a ausência desse
documento fragiliza o médico em eventuais
litígios na esfera do Judiciário.
Com a instituição da Área de Atuação
em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, em 2003, todos os associados titulares da SBHCI à época, automaticamente,
fazem jus a esse Certificado. Os associados
enquadrados nessa categoria e que ainda
não possuem o documento podem fazer
sua solicitação diretamente na Secretaria da
SBHCI ou por e-mail ([email protected]),
a qual será encaminhada à SBC para emissão
do Certificado de Área de Atuação.
Aos novos cardiologistas, para obtenção do Certificado de Área de Atuação
em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista é necessário preencher os
seguintes requisitos:
1. Ser especialista em Cardiologia com
título emitido pela AMB/SBC.
2. Submeter-se ao processo de avaliação
para obtenção do Certificado de Área
de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, concurso que
é composto por duas etapas:
a. prova teórica e avaliação curricular;
b. prova prática.
3. O processo de avaliação para obtenção
do Certificado de Área de Atuação em
Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista ocorre todos os anos, em data
previamente estabelecida, e é regido por
edital próprio aprovado pela AMB/SBC.
A SBHCI tem envidado grande esforço
para aperfeiçoar o processo de avaliação
para obtenção do Certificado de Área
de Atuação, tornando-o justo e acessível,
sem abrir mão do rigor científico imprescindível para a ocasião. Portanto, se você
ainda não possui o Certificado de Área de
Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia
Intervencionista, solicite já o seu.
* Diretor Administrativo da SBHCI
eventos
Agosto
E X PEDIENTE
SOCIEDADE BRASILEIRA DE
HEMODINÂMICA E CARDIOLOGIA
INTERVENCIONISTA — GESTÃO 2006-2009
Dr. Luiz Alberto Mattos
Presidente
Dr. Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes
Diretor Administrativo
Dr. Hélio Roque Figueira
Diretor Financeiro
Dr. Pedro Alves Lemos Neto
Diretor Científico
Dr. Rogério Sarmento-Leite
Diretor de Comunicação
Dr. Luiz Antônio Gubolino
Diretor de Qualidade Profissional
Dr. José Antonio Marin-Neto
Diretor de Educação Médica Continuada
Dr. Marcos Antônio Marino
Diretor de Intervenções Extracardíacas
Dr. César A. Esteves
Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas
Dr. César Rocha Medeiros
Dra. Luciana Constant Daher
Dr. Marcelo de Freitas Santos
Dr. Marcelo José Cantarelli
Editores
Acontece Comunicação e Notícias
Projeto Jornalístico
Norma Cabral da Silva
Gerência Administrativa
Débora Valejo
Natália Mariotto
Secretaria de Comunicação
Giselle de Aguiar Pires
Edição de Arte
Tiragem: 11.000 exemplares
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Espaço do leitor
A Sociedade Brasileira de Hemodinâmica
e Cardiologia Intervencionista ficará muito
satisfeita em tê-lo como colaborador do
Jornal da SBHCI. Ajudar a enriquecer
nossa publicação é importante e simples.
Basta enviar suas impressões e/ou
sugestões para o e-mail
[email protected] ou, por carta,
para a Rua Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 –
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CEP 04548-050, aos cuidados da
Diretoria de Comunicação.
Desde já agradecemos seu apoio.
6a8
XIV Congreso
SOLACI y Reunion
Cientifica de SOCIME
Moon Palace Resorts –
Cancun, México
Informações:
www.solaci2008.com
14 a 16
XIII Congresso Paraibano
de Cardiologia
UNIPÊ – Centro Universitário
de João Pessoa – João Pessoa, PB
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XX Congresso de
Cardiologia do Espírito Santo
Hotel Eco da Floresta –
Pedra Azul – Domingos Martins, ES
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de Cardiologia
Expo Trade Convention
& Exhibition Center – Curitiba, PR
Informações:
http://congresso.cardiol.br/63/
Outubro
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Therapeutics
Washington Convention Center –
Washington, DC, Estados Unidos
Informações:
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do Estado de São Paulo
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Hotel Paulista Plaza – São Paulo, SP
Informações: (11) 3849-5034
Novembro
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Scientific Sessions 2008 (AHA)
Nova Orleans, Estados Unidos
Informações:
www.americanheart.org
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Grupo de Intervencionistas
do Estado de São Paulo
– Encontros Mensais 2008
Hotel Paulista Plaza – São Paulo, SP
Informações: (11) 3849-5034
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Congresso da Sociedade
Brasileira de Radiologia
Intervencionista
e Cirurgia Endovascular
Costa do Sauípe Conventions
– Salvador, BA
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www.congressosauipe2008.com.br
Dezembro
3a6
International Course
on Carotid Angioplasty (ICCA)
Frankfurt, Alemanha
Informações: www.iccaonline.org
7a9
Innovations in Cardiovascular
Interventions (ICI)
Hotel David InterContinental –
Tel-Aviv, Israel
Informações:
www.congress.co.il/ici2008
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