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PUC 2003 - QUESTÕES ANALÍTICO-EXPOSITIVAS
Este ano, o tema “Trabalho” foi escolhido como gerador
das questões desta prova. Você terá a oportunidade de
refletir sobre o trabalho infantil, trabalho informal, energia, relações de trabalho.
Então, Bom Trabalho!
BIOLOGIA/QUÍMICA
Quando observamos um carro em movimento ou uma pessoa
em atividade física, estamos presenciando transformações de
energia para realização de trabalho. Nos dois casos, a energia
é fornecida pela oxidação de moléculas orgânicas presentes
no combustível e no alimento, respectivamente.
Com base em seus conhecimentos de Biologia e Química responda às questões:
a) Explique os fenômenos envolvidos nas situações 1 e 2
apresentadas no texto, relacionando-os com a disponibilidade de O2 para as células musculares.
A glicose é o principal combustível do corpo humano, fornecendo energia necessária para os diversos tipos de trabalhos
biológicos, inclusive o trabalho muscular. Entretanto, a energia
liberada no processo de combustão da glicose não é imediatamente aproveitada; ela é inicialmente transferida e armazenada
em moléculas de ATP (trifosfato de adenosina) que funcionam
como “moedas energéticas” que as células utilizam para “pagar” os custos envolvidos na realização de trabalho.
b) Considerando que as células musculares apresentam um
alto consumo de energia, indique qual é a organela encontrada em abundância nessas células. Justifique sua resposta.
c) Equacione a reação de combustão completa da glicose
(C6H12O6). A partir das equações termoquímicas abaixo
determine o calor (entalpia) de combustão da glicose e o
poder calorífico da glicose (*). Dica: Considere que há
5,5 mol de glicose em 1 kg dessa substância.
As reações de combustão também são classificadas como
reações de óxido-redução, sendo o O2 o agente oxidante. A
combustão completa de combustíveis como a gasolina, o álcool etílico e a glicose formam o gás carbônico (CO2), a água
(H2O) e liberam uma certa quantidade de energia. No entanto,
caso não haja disponibilidade adequada de gás oxigênio, poderá ocorrer a formação de outros subprodutos com liberação
de menor quantidade de energia.
Equações:
C(grafite) + O2(g) ® CO2(g)
D Hf = –400 kJ/mol
H2(g) + ½ O2(g) ® H2O(l)
D Hf = –280 kJ/mol
6 C(grafite) + 3 O2(g) + 6 H2(g) ® C6H12O6(s) D Hf = –1 280 kJ/mol
(*) O poder calorífico indica a quantidade de calor liberada na
combustão completa de 1 kg de combustível.
d) Determine o número de oxidação médio (Nox) do elemento
carbono nas substâncias glicose (C6H12O6), álcool etílico
(C2H6O) e gás carbônico(CO2). Estabeleça uma correlação
entre o poder calorífico e o número de oxidação médio
(Nox) do carbono dos combustíveis acima, justificando a
diferença de energia liberada durante a combustão completa dessas substâncias.
Dado:
Poder calorífico do álcool etílico Þ 30 000 kJ/kg
RESPOSTAS
a) Na situação 1, ocorre a respiração aeróbia, que pode ser
resumida com a equação:
Um músculo em intensa atividade necessita de uma grande
quantidade de energia, consumindo rapidamente o seu estoque de ATP. Para a produção em larga escala dessas moléculas, as células musculares utilizam carboidratos como combustível, observando-se um aumento tanto no consumo de
O2 quanto na eliminação de CO2 (situação 1). Quando o esforço muscular é muito intenso, verifica-se um acúmulo de
ácido lático (situação 2), o que pode provocar fadiga muscular, isto é, dor e enrijecimento da musculatura.
C6H12O6 + 6 O2 ¾® 6 CO2 + 6 H2O + 38 ATP
Verifica-se nessa situação uma queima completa da glicose
com melhor aproveitamento energético (38 ATP).
Na situação 2, ocorre um processo anaeróbio denominado
Fermentação Lática, que pode ser resumida com a equação:
C6H12O6 ¾® 2 C3H6O3 + 2 ATP
(Ácido Lático)
1
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Verifica-se, nessa situação, uma queima incompleta da
glicose, portanto, com menor aproveitamento energético
(2 ATP), quando há débito de oxigênio para o trabalho
muscular (respiração anaeróbia) e acúmulo de ácido lático.
·
d) C6H12O6: (Nox)C = 0
6 . Nox + 6(+ 1) + 6(– 2) = 0
b) Mitrocôndrias. Tais organelas, presentes nos eucariontes,
são fundamentais para que ocorram as reações que envolvem a síntese de ATP, com melhor aproveitamento da
glicose.
C2H6O: (Nox)C = – 2
2 . Nox + 6(+ 1) + 1(– 2) = 0
CO2: (Nox)C = + 4
1 . Nox + 2(– 2) = 0
c) C6H12O6(s) + 6 O2(g) ¾® 6 CO2(g) + 6 H2O(l)
DH = å (Hf)produtos – å (Hf)reagentes =
·
Usando apenas os combustíveis glicose e álcool etílico,
conclui-se que, quanto maior o (Nox)C no combustível,
menor o seu poder calorífico.
·
A diferença entre as energias liberadas durante a
combustão completa é justificada pelos diferentes
tipos de ligação nas moléculas desses combustíveis.
= [6(– 400) + 6(– 280)] – [1(–1280) + 6(0)] =
= – 2800 kJ
·
O poder calorífico da glicose é
5,5 . 2800 = 15400 kJ/kg
A entalpia de combustão da glicose é
– 2800 kJ/mol
FÍSICA/MATEMÁTICA
Na década de 90, o Brasil iniciou um processo de reestruturação do setor de energia elétrica. Para complementar a demanda, e como
forma de diversificar a obtenção dessa energia, optou-se por obtê-la, também, em usinas termoelétricas.
Esse cenário tem incentivado a geração de energia através da queima do bagaço de cana, uma vez que, nesse processo, obtém-se
uma grande quantidade de calor, parte do qual pode ser convertido em trabalho. Além disso, o grande potencial de produção da
cana-de-açúcar no país, a menor agressão ao ambiente e o estímulo à produção do álcool como combustível, têm impulsionado
ações visando a um melhor aproveitamento desta fonte de energia renovável.
A figura abaixo esquematiza o funcionamento de uma usina termoelétrica alimentada pelo bagaço de cana-de-açúcar.
A ENERGIA QUE VEM DO BAGAÇO
2
3 A turbina é movimentada
pelo vapor sob pressão,
fazendo com que o gerador
produza energia.
A água em ebulição produz
grande quantidade de vapor, que
é conduzido por uma tubulação
até a turbina.
Válvula
Turbina
Caldeira
Vapor
Tubulação
Vapor
Água em ebulição
Gerador
Forno
fase
1
O bagaço de cana
abastece o forno
responsável pelo aquecimento
da caldeira.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 17 jun. 2001
fase
fase
Eletroímã
Bagaço de
cana
fase
4 A eletricidade gerada deve
abastecer diretamente a rede
elétrica, pois não pode ser armazenada.
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USINAS DE RIBEIRÃO PRETO GERAM
EXCEDENTE
banhados pelo rio, de maneira que a área seja a máxima
possível, e plantando cana em toda a área, qual o excedente de energia, em kWh, se todo o bagaço da cana for
queimado para alimentar a usina citada no texto pelo engenheiro Arthur Padovani?
Inúmeras usinas de açúcar e destilarias de álcool do Estado
de São Paulo produzem a energia elétrica que consomem. Esta
energia é gerada por usinas termoelétricas próprias que utilizam o
bagaço de cana-de-açúcar como combustível. Como não consomem toda a energia que produzem, geram um excedente que é
vendido para empresas concessionárias, tais como a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz). No interior de São Paulo já há
pelo menos 12 usinas que fazem isso e, no final do mês, ao invés
de pagarem, elas recebem das distribuidoras.
Lembre-se de que 1 hectare = 10 000 m2.
RESPOSTAS
a) fase 1 ® fase 2
energia química ® energia térmica
O bagaço de cana utilizado em usinas termoelétricas para o
aquecimento da caldeira tem poder calorífico da ordem de 2000
kcal/kg e o fator de eficiência na conversão de energia térmica em
energia elétrica pode variar significativamente de uma usina para
outra.
fase 3 ® fase 4
energia mecânica ® energia elétrica
b) Cálculo da energia necessária para aquecer a água:
m = d . V = 1 . 200 = 200 kg
Q = m . C . Dq = 200 . 1 . 90
Q = 18000 kcal
Segundo o engenheiro eletricista Arthur Padovani, uma área
de um hectare, na região de Ribeirão Preto, produz, em condições
normais, 90 toneladas de cana, que geram, na queima do bagaço,
energia suficiente para alimentar a usina e um excedente de energia, mandado para a rede pública, avaliado em 3600 kWh.
A massa de bagaço necessária:
1 kg ——— 2000 kcal
m ——— 18000 kcal
Adaptado de: Moacyr Castro – O Estado de S. Paulo,17/06/2001
INSTRUÇÕES:
m = 9 kg
Nas respostas lembre-se de deixar seus processos de resolução claramente expostos.
c) A queima de 1080 kg de bagaço libera uma quantidade de
calor, por minuto, de:
Não basta escrever apenas o resultado final. É necessário
mostrar os cálculos e/ou o raciocínio utilizado.
Q = 1080 . 2000 ® Q = 2160000 kcal, o que em joules
equivale a:
Nas questões seguintes, eventualmente, você precisará de
dados numéricos contidos no texto. Procure-os com atenção.
Q = 2160000 . 4 ® Q = 8640000 kJ
Por segundo, a quantidade de calor liberado é:
a) Identifique quais são as transformações de energia que
ocorrem entre as fases 1 e 2 e entre as fases 3 e 4 do
processo esquematizado na figura. Em qual dessas duas
transformações é realizado trabalho mecânico? Justifique.
Q=
b) Supondo que todo o calor gerado pela queima do bagaço
de cana seja utilizado no aquecimento de 200 L de água de
10 ºC até 100 ºC, determine a massa de bagaço necessária
nesse processo.
e = 50% . 144000 kJ
e = 72000 kJ
8640000
⇒ Q = 144000 kJ
60
Como o rendimento na transformação é de 50%, a energia
elétrica gerada é:
O que equivale, em kWh:
Dados: densidade da água:
dágua = 1 kg/L
1 kWh ——— 3600000 J
x kWh ——— 72000000 J
calor específico da água:
cágua = 1 kcal/kg ºC
x = 20 kWh
c) Em uma usina termoelétrica que usa o bagaço de cana
como combustível, o fator de eficiência na transformação
de energia térmica em energia elétrica é de 50%. Nessa
usina, queimando-se 1080 kg de bagaço por minuto, qual
será a energia elétrica, em kWh, gerada por segundo?
d)
Use 1 cal = 4 J.
d) Um agricultor dispõe de 200 metros de arame para cercar
uma área retangular que tem um dos lados coincidindo
com a margem de um rio. Cercando apenas os lados não
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GEOGRAFIA/
HISTÓRIA
Temos:
2x + y = 200 (1)
A área do retângulo é
S = xy
(2)
O trabalho no Brasil
De (1) vem y = 200 – 2x, e, substituindo em (2):
Leia com atenção:
S = x . (200 – 2x)
S = –2x2 + 200x
Com a criação dos Sindicatos Profissionais moldados em
regras uniformes e precisas, dá-se às aspirações dos trabalhadores e às necessidades dos patrões expressão legal normal e autorizada. O arbítrio, tanto de uns como de outros, gera a desconfiança, é causa de descontentamentos, produz atritos que estalam em
greves e locautes. Os sindicatos ou associações de classe serão
os pára-choques dessas tendências antagônicas.
A área é uma função do 2o grau em x:
Lindolfo Collor, Ministro do Trabalho, 1931. Apud: Kazumi Munakata. A
legislação trabalhista no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 84.
O valor máximo de S dá-se para x = 50 e é Smáx = 5000 m2
Portanto: 10000 m2 ——— 3600 kWh
5000 m2 ——— E
E = 1800 kWh
Se considerarmos que a usina irá funcionar metade do
tempo, o excedente será o valor acima.
Iconographia
Se considerarmos o funcionamento normal, então será:
A quantidade de energia gerada em 90 toneladas de cana
é:
1 kg
¾¾
90000 kg ¾¾
2000 kcal
Q
()
*
Fuzileiros navais obrigam portuários em greve a trabalhar.
Rio de Janeiro, fev. 1965.
Þ Q = 1,8 . 108 kcal
ou Q = 7,2 .
108
kJ
Já vimos que: 1 kWh = 3,6 . 106 J
1 kWh ¾¾ 3,6 . 106 J
E ¾¾ 7,2 . 1011 J
()
*
... a proletarização do trabalhador rural, no Brasil, não redunda na multiplicação dos assalariados permanentes nas fazendas, mas na transformação da maioria dos colonos, parceiros e
moradores em trabalhadores diaristas ou “volantes”, como são
comumente conhecidos. O fato, surpreendente em si, passou a
ser “explicado” pela reação patronal ao Estatuto do Trabalhador
Rural, que estendeu ao trabalhador do campo os benefícios da
legislação do trabalho.
Þ E = 2,0 . 105 kWh
Sendo o rendimento total de 50%, a energia útil da cana é:
Eútil = 1,0 . 105 kWh
Se houve um excedente de 3,6 . 103 kWh, a energia aproveitada pela usina foi de:
Paul Singer “Introdução – Capital e trabalho no campo” in Capital e
trabalho no campo (org. Jaime Pinsky). São Paulo: Hucitec, 1977. p. 2.
Eaprov = 1,0 . 105 – 3,6 . 103 = 9,64 . 104 kWh
A Eaprov é a necessária para fazer funcionar a usina.
A energia gerada em 5000
(=
m2
A teleinformática permite a extensão das relações de
terceirização, particularmente entre as empresas situadas a centenas de milhares de quilômetros umas das outras, bem como a
deslocalização de tarefas rotineiras nas indústrias que se valem
grandemente da informática. Ela abre caminho para a fragmentação de processos de trabalho e para novas formas de “trabalho em
domicílio”.
(0,5 hectare) é:
E
= 3,6 . 1011 J = 1,0 . 105 kWh
2
Com rendimento de 50% teremos:
François Chesnais. Apud: Ricardo Antunes. Os sentidos do trabalho. São
Paulo: Boitempo, 1999. p. 114
Eútil = 5 . 104 kWh, que é insuficiente para fazer funcionar a
usina.
Portanto, não há excedente.
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De 1930 a 1964, quando foi inaugurado o Estatuto da Terra, a
vinculação da imensa maioria dos trabalhadores rurais com
os proprietários era a da “escravidão por dívida”, rotulada em
diversas regiões com nomes como: colonato, venda, barracão
etc.
Em 1964, com a vinculação dos trabalhadores do campo à
Previdência Social, verificou-se o desvínculo deles com os
contratos de trabalho firmados diretamente com os fazendeiros.
As conseqüências foram o aumento do trabalho volante, o
êxodo rural e o inchamento das cidades.
Atualmente, apesar de algumas conquistas sociais (como o
Funrural), somente 10% trabalham com carteira assinada.
Entretanto, no final da década de 1970, na região do ABCD
paulista, operários passaram a organizar movimentos que
procuravam questionar o regime militar. Tais manifestações,
inclusive com greves, chamavam a atenção da opinião pública,
tanto interna quanto externamente. Nasceu ali um novo
movimento sindical que, a despeito da manutenção da
legislação trabalhista, mostra-se mais independente do
Governo. Esse grupo formou a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Considerando os textos e as imagens, discorra sobre a
reordenação das relações de trabalho no Brasil, iniciada
na década de 30. Em seu texto procure contemplar:
· A importância do primeiro governo de Getúlio Vargas na
estruturação da legislação trabalhista, a natureza dessa
legislação, e suas ações em relação à organização e aos
movimentos dos trabalhadores.
O Neoliberalismo, através da implantação do pensamento
único, impõe a desintegração das barreiras alfandegárias e
a transformação do globo em um grande mercado. Sem levar
em consideração os excluídos, faz com que a concorrência
entre nações torne necessária a minimização dos preços no
comércio internacional. Ora, um dos itens componentes do
preço final da mercadoria é o gasto que empregadores têm
com seus trabalhadores. Para que se possa baratear a força
de trabalho e, conseqüentemente, a mercadoria, governos
como o do Brasil passaram a permitir e até incentivar relações
informais entre capital e trabalho, que eliminam boa parte dos
encargos trabalhistas, senão todos. Recorre-se, portanto, a
artimanhas como a terceirização e o trabalho autônomo.
· A disseminação (de 1930 até nossos dias) da legislação
trabalhista, tendo em vista sua distribuição geográfica, na
cidade e no campo.
· As modificações na organização sindical conquistadas pelas classes trabalhadoras surgidas da industrialização, na
região metropolitana de São Paulo, conhecida como ABCD.
· As transformações estruturais do trabalho como a terceirização, o trabalho feito em casa, o trabalho autônomo
etc., as pressões para a flexibilização da legislação trabalhista e as formas de precarização das relações de trabalho
(por exemplo, o trabalho informal).
Importante é lembrar que o trabalho relacionado à área de
informática é fator diferenciador representativo da era
globalizada, e que, em muitos casos, é explorado também
informalmente pelo grande capital sobre muitos que exercem
suas atividades profissionais em suas casas, em frente a
microcomputadores.
Atenção: Não copie os textos das citações e do enunciado.
REDAÇÃO
RESPOSTA
A questão trabalhista começou a ser realmente discutida, no
Brasil, na Era Getuliana, quando o povo, acreditando no fim do
governo oligárquico entre São Paulo e Minas Gerais, viu
nascer leis para atender suas reivindicações desde a greve
operária de 1917.
Leia e relacione as informações apresentadas aqui, para
que você possa encontrar a sua forma de escrever sobre a
questão que está sendo proposta.
PROPOSTA:
Durante os anos 30 do século passado, devido à influência do
corporativismo (próprio do fascismo italiano), os sindicatos
desenvolveram-se atrelados ao Estado, caracterizando o
peleguismo. Tal estrutura ainda sobrevive, principalmente
devido à rígida legislação que rege as relações entre o capital
e o trabalho.
Redija uma carta ao presidente do Brasil, eleito em outubro
deste ano, expondo a situação atual do trabalho infantil e
dê a ele os argumentos necessários para responder às crianças que têm o sonho de ISLAI (depoimento 1).
Apesar da criação dos Sindicatos, quem ditava as regras, no
período Getuliano, era o próprio Presidente da República.
Apesar disso, em 1943, ainda com Getúlio Vargas, foi aprovada
a Consolidação das Leis do Trabalho.
Ao final de seu texto, você não poderá assinar seu nome;
crie, então, um pseudônimo coerente com a sua carta.
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Muitas mães levam seus filhos pequenos para colheita
da laranja porque nas cidades não existem creches ou quando existem não há vagas para todas as crianças.
Vitor Garcia, 3 anos, carrega tijolo em uma olaria informal de Lima, no Peru; cerca de 1,8 milhão de garotos de 8 a
17 anos trabalham naquele país.
Iolanda Huzak (texto e foto)
disponível no site www.trabalhoinfantil.org.br.
Folha de S. Paulo 28/jul/2002. Foto: Ag. Reuters.
FORÇA DE TRABALHO INFANTIL
DEPOIMENTO 1
Total de crianças trabalhadoras (entre 5 e 17 anos)
Quando fazia uma reportagem sobre trabalho infantil,
Andreia Peres perguntou a ISLAI (6 anos), que quebrava pedra
em Retirolândia, BA, o que ele queria ser quando crescesse.
CRIANÇA, foi a resposta.
Engel Pascoal
disponível no site http:/www.wmulher.com.br
Porcentagem de crianças trabalhadoras
por atividades no mundo
Agricultura,
caça e pesca
70,4
Produção
industrial
8,3
Comércio
8,3
Trabalho na
Comunidade
Transporte e
comunicação
Josivan, de 8 anos, acorda às 5 horas da manhã e passa o dia cortando cana-de-açúcar para ajudar o pai a ganhar
um salário mínimo por mês.
Construção
Mineração
Paula Simas (texto e foto)
disponível no site www.trabalhoinfantil.org.br
6
6,5
3,8
1,9
0,8
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Piores Formas (em milhões)
Escravidão ou trabalho servil
5,7
Recrutamento Militar forçado
0,3
Prostiruição e Pornografia
1,8
Outras atividades ilícitas
0,6
Total
8,4
Passe a limpo, a tinta, sua redação, no espaço a ela reservado. O rascunho não será considerado.
Seu trabalho será avaliado de acordo com os seguintes
critérios: espírito crítico, clareza e coerência compatível com
o tipo de texto pedido e com o tema proposto; adequação
do pseudônimo ao texto; capacidade de relacionar suas
próprias informações àquelas apresentadas aqui.
COMENTÁRIO
Fonte: http://www.estado.estadao.com.br em 07/mai/2002
A proposta da PUC/2003 surpreendeu ao solicitar aos
candidatos a elaboração de uma carta, já que a dissertação
tradicional era exigida. Contudo, os alunos provavelmente não
encontraram dificuldades, pois a carta apresenta caráter
dissertativo.
Nessa idade, elas deveriam estudar e brincar. É na
brincadeira que a criança exercita a fantasia e a criatividade.
Isso faz com que ela tenha uma condição intelectual melhor
no futuro.
O tema, atual e objetivo, exigia que o destinatário fosse o
presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva. Além disso, o nome
do emissor deveria ser fictício (com um pseudônimo relacionado ao conteúdo da carta).
Maria Dirce Benedito (psicóloga)
Folha de S. Paulo 18/ago/2002.
No Brasil, há três tipos de leis que
regulamentam o Trabalho Infantil
Em seu texto, o candidato deveria expor dados a respeito do
trabalho infantil, em nosso país, e empregar argumentos
consistentes para mostrar que é necessário garantir à criança
o seu direito de usufruir a infância, proporcionando escola e
lazer, por exemplo.
1. A Constituição Federal que, em 1999, elevou de 14 para
16 anos a idade mínima para o trabalho e 14 anos para
o aprendiz.
2. A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT onde se
encontram as disposições para fiscalização desse tipo
de trabalho.
COMENTÁRIOS
Biologia/Química
3. O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90)
que proíbe o trabalho noturno, insalubre, perigoso ou
penoso, realizado em locais e/ou horários que impeçam
a frequência às aulas.
Apesar do assunto já solicitado nesta mesma prova, os
itens a, b e c foram propostos de forma que o aluno pudesse,
facilmente, expor seus conhecimentos.
No item d, deseja-se relacionar o (Nox)C com o poder
calorífico de dois combustíveis; entretanto, a partir do item c
pode-se calcular o poder calorífico do grafite (~ 33.300 kJ/kg),
que possui Nox = 0. Este dado invalida a conclusão obtida no
item d.
Projetos que auxiliam a erradicação do trabalho infantil:
· Fundação ABRINQ pelos direitos das crianças.
· PETI: Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
(Governo Federal) atende a 800 mil crianças no país.
Física/Matemática
A questão foi baseada em tema de grande relevância, a
geração de energia elétrica, traçando um importante paralelo
entre os conhecimentos de Física e a aplicação prática. No
entanto, a questão ficou restrita à abordagem do tema energia,
principalmente a calorimetria. Também exigiu do aluno uma
boa capacidade de interpretação do texto e de análise dos
dados nele presentes.
A contribuição da Matemática deu-se no item d, em que se
calcula a área máxima obtida com um certo tamanho da cerca
de arame. Trata-se de um problema clássico, que não apresenta
dificuldades para o candidato bem preparado, além de
contemplar a moderna tendência de propor questões voltadas
para aplicações em problemas reais.
Geografia/História
A prova da PUC/SP, seguindo a orientação de anos anteriores, apresentou uma questão abrangente, que exigia do candidato, além de conhecimento específico sobre as mudanças
socioeconômicas ocorridas no Brasil no último século, organização e capacidade de expressão.
Luana, 7 anos, vende balas durante a madrugada em um
bar da Vila Madalena, zona oeste de São Paulo.
Folha de S. Paulo 18/ago/2002.
Foto: Tuca Vieira
A prova, portanto, foi trabalhosa, porém dentro do conteúdo trabalhado.
7
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Arq. 2