Ciências Sociais - Pedro Rauber - UNIGRAN
Aula 06
A SOCIOLOGIA CLÁSSICA –
O PENSAMENTO
SOCIOLÓGICO POSITIVISTA
E O PENSAMENTO CRÍTICO
1.
Posisitivismo: Uma Primeira Forma de Pensamento Social
A primeira corrente de pensamento sociológico propriamente dito foi o positivismo,
a primeira teoria a organizar alguns princípios a respeito do homem e da sociedade, tentando
explicá-lo cientificamente.
O Positivismo derivou do “cientificismo”, isto é da crença no poder exclusivo e
absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais.
Influenciado decisivamente pelo pensamento evolucionista de Charles Darwin,
essas leis seriam a base da regulamentação da vida do homem, da natureza como um todo e
do próprio universo. Seu conhecimento viria substituir as explicações teológicas até então
aceitas.
Principais Idéias Do Pensamento Positivista:
• Os pensadores positivistas atribuíam os princípios reguladores do mundo físico
e do mundo social a uma “origem natural” das coisas e dos fatos.
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• Na análise da sociedade, fizeram surgir o “darwinismo social”, isto é, a crença
de que as sociedades mudariam e evoluiriam num mesmo sentido e que tais
transformações representariam sempre a passagem de um estágio inferior para
outro superior, em que o organismo social se mostraria mais evoluído, mais
adaptado e mais complexo. Esse tipo de mudança garantiria a sobrevivência dos
organismos – sociedades e indivíduos – mais fortes e mais evoluídos.
• Este tipo de pensamento glorificou a sociedade européia do século XIX em franca
expansão. Buscava justificar através do método científico adequado, os padrões
burgueses e industriais do organismo social. Procurava resolver os conflitos
sociais por meio da exaltação à coesão, harmonia natural entre os indivíduos,
bem-estar do todo social.
Principais Pensadores: Augusto Comte, Saint Simon, Pierre Le Pley, e outros.
SAINT SIMON – Pensador e economista francês (17/10/176019/5/1825). É considerado, um dos precursores do socialismo utópico.
Filho de família nobre nasceu em Paris e entrou para o Exército
aos 17 anos, onde luta como voluntário na Guerra de Independência
dos Estados Unidos. De volta à França, abandona o título de nobreza e
adere à Revolução Francesa. Aos 40 anos, resolve retomar os estudos.
Escreveu vários livros, e suas idéias conquistam um grupo de adeptos
formado por políticos, banqueiros e engenheiros. Projeta-se como teórico do socialismo com
o livro
(1802), mas é na sua
segunda obra, Introdução aos Trabalhos Científicos do Século XIX (1807), que identifica o
germe do positivismo.
Para ele, o avanço da ciência determinava a mudança político-social, além da moral
e da religião. É considerado o precursor do Socialismo, pois, no futuro, a sociedade seria
basicamente formada por cientistas e industriais. O pensamento Saint-simoniano pode ser
visto nas suas obras com o lema: "a cada um segundo sua capacidade, a cada capacidade
segundo seu trabalho".
Ao falar sobre a “Nova Sociedade”, imaginou uma imensa fábrica, na qual substituiria
a exploração do homem pelo homem para uma administração coletiva. Assim, a propriedade
privada não caberia mais nesse novo sistema industrial. Vale notar que existiria uma pequena
desigualdade e a sociedade seria perfeita depois de reformar o Cristianismo. Ainda disse que
o homem não é apenas algo passivo na história, pois sempre procura alterar o meio social no
qual está inserido.
A maioria dos primeiros pensadores sociais positivistas permanece, pois, presa a
uma reflexão de natureza filosófica sobre a história e a ação humanas. Procedimentos de
natureza cientifica, análises sociológicas baseadas em fatos observados com maior critério só
serão introduzidos por Émile Durkheim e seu grupo, de quem falaremos a seguir.
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AUGUSTO COMTE - (Montpellier, 1798-1857) - Filosofo
francês, propositor da Sociologia e fundador do Positivismo.
Isidore Auguste Marie François Xavier Comte –. Desde
cedo revelou uma grande capacidade intelectual e uma prodigiosa
memória. Seu interesse pelas ciências naturais era conjugado pelas
questões históricas e sociais e, com 16 anos. Foi secretário do
conde Henri de Saint-Simon (1760-1825), expoente do socialismo
utópico; todavia, como Saint-Simon apropriava-se dos escritos de
seus discípulos para si e como dava ênfase apenas à economia na interpretação dos problemas
sociais, Comte rompeu com ele, passando a desenvolver autonomamente suas reflexões.
São dessa época algumas fórmulas fundamentais: "Tudo é relativo, eis o único
princípio absoluto" e "Todas as concepções humanas passam por três estádios sucessivos teológico, metafísico e positivo. Comte trabalhava intensamente na criação de uma filosofia
positiva.
Segundo sua filosofia política, existiam na história três estados: um teológico, outro
metafísico e finalmente o POSITIVO. Este último representava o coroamento do progresso
da humanidade. Sobre as ciências, distinguia as abstratas das concretas, sendo que a ciência
mais complexa e profunda seria a Sociologia, ciência que batizou na sua obra Curso de
Filosofia Positiva, em seis volumes, publicada entre 1830 e 1842.
Defendia o ponto de vista de somente serem válidas as análises das sociedades
quando feitas com verdadeiro espírito científico, com objetividade e com ausência de metas
preconcebidas, próprios das ciências em geral. Os estudos das relações humanas, assim,
deveriam constituir uma nova ciência, a que se deu o nome de “Sociologia”. Esta não deveria
limitar-se apenas à análise, mas propor normas de comportamento, seguindo a orientação
resumida na famosa fórmula positivista: “saber para prever, a fim de prover”.
“Todos os diversos meios gerais de exploração racional, aplicáveis às investigações
políticas, concorreram espontaneamente para estabelecer, de uma maneira igualmente
decisiva, a inevitável tendência primitiva da humanidade a uma vida principalmente militar
e seu destino final não menos irresistível a uma existência essencialmente industrial.” (Apud
AYALA, Francisco. Historia de la Sociología. P. 77)
Émile Durkheim e os Fatos Sociais
ÉMILE DURKHEIM (1858 – 1917), era francês, considerado
de “boa família”, formado em Direito e Economia, embora sua obra
inteira seja dedicada à Sociologia. Seu trabalho principia na reflexão
e no reconhecimento da existência de uma “Consciência Coletiva”.
Numa rápida tradução, seria possível dizer que ele parte do princípio
que o homem seria apenas um animal selvagem e que só se tornou
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Humano porque se tornou sociável, ou seja, foi capaz de aprender hábitos e costumes
característicos de seu grupo social para poder conviver no meio deste.
Dürkheim procurava com seus métodos de análise e objeto de estudo, explicações
para as modificações estruturais ocorridas com o advento da sociedade moderna. O tempo
todo ele considera que a sociedade precisaria ser estudada como um fenômeno ímpar; como
uma unidade ou sistema organizado de relações permanentes e mais ou menos definido, com
leis naturais de desenvolvimento que são baseadas na articulação de suas partes. É por isso
que para Dürkheim, a sociedade é semelhante a um corpo vivo, onde cada órgão cumpre uma
função, ou seja, as partes (os fatos sociais) existem em função do todo (a sociedade)
A sociedade prevalece sobre o indivíduo. A sociedade é um conjunto de normas
de ação, pensamento e sentimento que não existem apenas nas consciências dos indivíduos,
mas que são construídas exteriormente, isto é, fora das consciências individuais. Na vida em
sociedade o homem se defronta com regras de conduta que não foram diretamente criadas
por ele, mas que existem e são aceitas na vida em sociedade e são seguidas por todos, pois
exercem uma ação coercitiva. Ex.: as leis.
Fatos sociais:
São regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade –
têm sua origem na sociedade e não na natureza (como nas ciências naturais) ou no indivíduo
(como na psicologia).
Características:
• São exteriores: consistem em idéias, normas ou regras de conduta que não são
criadas isoladamente pelos indivíduos, mas que foram criadas pela coletividade
e já existem fora de nós quando nascemos.
• São coercitivos: As idéias, normas ou regras devem ser seguidas pelos membros
da sociedade. Se isso não acontece, se alguém desobedece a elas é punido, de
alguma maneira, pelo resto do grupo.
• São gerais: Repetem-se em todos os indivíduos, ou pelo menos, na maioria deles.
As formas de habitação, os sentimentos, a linguagem e a moral.
Como ocorrem?
Nas instituições , que socializam os indivíduos e fazem com que eles assimilem as
regras e normas necessárias à vida em comum.
Consciência coletiva: O espírito da sociedade (sentimentos, idéias, crenças, tradições)
compartilhada pela média dos membros de uma sociedade, conjunto de semelhanças sociais,
o que os homens tem de igual. Ela exerce pressão direta sobre o indivíduo e não precisa estar
institucionalizada. Age-se por semelhança.
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A Consciência coletiva é: Exterior; coercitiva e generalizada (não é de uma só
pessoa ou grupo, pois está “espalhada” em toda a sociedade).
• Dado o caráter exterior e coercitivo dos fatos sociais, a regra básica para o
pesquisador é analisar os fatos sociais como coisas, isto é, como se fossem
objetos que existem independentemente de nossas idéias e vontades.
• Assim, há ênfase na posição de neutralidade e objetividade que o pesquisador
deve ter em relação à sociedade: ele deve descrever a realidade social, sem deixar
que suas idéias e opiniões interfiram na observação dos fatos sociais.
• Partindo de uma analogia entre sociedade e ser vivo, a normalidade dos fatos
sociais é definida pela sua generalidade na “espécie” social a que pertencem.
Exemplo:
Numa instituição, uma prática costumeira, uma regra moral, serão consideradas
normais ou patológicas conforme se aproximem ou afastem, respectivamente, do tipo médio
da sociedade.
O PENSAMENTO SOCIOLÓGICO CRÍTICO
Problematização
• Para Karl Marx, “Os homens fazem a História, mas o fazem em condições
determinadas”.
• Como nós herdamos uma certa realidade social, ela não foi escolhida por nós,
ele também disse: “Os homens fazem a História, mas não sabem que a fazem”.
• Quais as principais diferenças entre o pensamento Positivista e o Pensamento
sociológico crítico?
• Em que base conceitual cada corrente sustenta a compreensão de sociedade?
MAX WEBER: (1864-1920) vida e obra
Max Weber viveu no período em que as primeiras disputas
sobre a metodologia das ciências sociais começavam a surgir na
Europa, sobretudo em seu país, a Alemanha. O método compreensivo,
defendido por Weber, consiste em entender o sentido que as ações de
um indivíduo contêm e não apenas o aspecto exterior dessas mesmas
ações. Segundo Weber, a captação desses sentidos contidos nas ações
humanas não poderia ser realizada por meio, exclusivamente, dos
procedimentos metodológicos das ciências naturais, embora a rigorosa observação dos fatos
(como nas ciências naturais) seja essencial para o cientista social.
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A análise da sociedade de Weber está centrada nos atores e em suas ações. A sociedade
pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais reciprocamente referidas.
O objeto da sociologia é a ação social (qualquer ação que o indivíduo faz orientando-se pela
ação dos outros). Toda vez que se estabelecer uma relação significativa, isto é, algum tipo
de sentido entre várias ações sociais, teremos então relações sociais. Só existe ação social
quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações, com
os demais.
Exemplo:
02 ciclistas que andam na mesma rodovia em sentidos opostos. O simples choque não
é uma ação social, mas a tentativa de se desviarem um do outro é uma ação (intencionalidade
na ação).
Os 04 Tipos de Ação Social
1. Ação tradicional: aquela determinada por um costume ou um hábito arraigado.
2. Ação afetiva: aquela determinada por afetos ou estados sentimentais.
3. Racional com relação a valores: determinada pela crença consciente num valor
considerado importante, independentemente do êxito desse valor na realidade.
4. Racional com relação a fins: determinada pelo cálculo racional que coloca fins
e organiza os meios necessários.
Exemplo:
A compra de um tênis por um consumidor – o ato de comprar é significativo, portanto,
é uma ação social.
Como ele orienta sua ação?
• Se escolher o modelo que mais gosta (ação afetiva).
• Se escolher o que tradicionalmente compra, assim como sua família é acostumada
a comprar (ação tradicional).
• Se comprar pelo valor que atribui a determinada marca de tênis (ação racional
com relação a valores).
• Se comprar o tênis que estiver mais de acordo com o fim proposto, como para
jogar vôlei, por exemplo, (ação racional com relação a fins).
Os positivistas (como eram chamados os teóricos da identidade fundamental
entre as ciências exatas e as ciências humanas) tinham suas origens sobretudo na tradição
empirista inglesa que remonta a Francis Bacon (1561-1626) e encontrou expressão em David
Hume (1711-1776), nos utilitaristas do século XIX e outros. Nessa linha metodológica de
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abordagem dos fatos humanos se colocariam Augusto Comte (1798-1857) e Émile Durkheim
(1858-1917), este considerado por muitos como o fundador da sociologia como disciplina
científica.
Karl Marx e a História da Exploração do Homem
KARL HEINRICH MARX - (Trier, 1818 - Londres, 1883). Filósofo político,
cientista social, historiador e economista alemão. Fundador do comunismo. Autor de A
Ideologia Alemã, com Friedrich Engels (1846), Manifesto do Partido Comunista, com Engels
(1848), Salário Preço e Lucro (1865) e O Capital (1867/93).
Veja Mais
Para explicar as condições materiais de uma sociedade, Marx as denominou modos
de produção. A História é a mudança, passagem ou transformação de um modo de produção
para outro. Estas mudanças não se realizam por acaso nem por vontade livre dos seres humanos,
mas acontece de acordo com condições econômicas, sociais e culturais já estabelecidas, que
podem ser alteradas de uma maneira também determinada, graças à práxis1 humana diante de
tais condições dadas.
O método positivista, apesar das limitações já assinaladas, expôs ao pensamento
humano a idéia de que uma sociedade é mais do que a soma de indivíduos, que há normas,
instituições e valores estabelecidos que constituem o social.
Weber, por sua vez, reorganizou os fatos sociais “à luz” da história e da subjetividade
do agente social.
Marx, e seu materialismo histórico representa a corrente mais revolucionária do
pensamento social nas conseqüências teóricas e na prática social que propõe.
Ao analisar a gênese do lucro capitalista, Marx toma como ponto de partida as
categorias da Escola Clássica Inglesa: já Adam Smith2 havia observado que o trabalho
incorporado em uma mercadoria (o seu custo de produção em termos de salários), era inferior
ao "trabalho comandado" (aquilo que a mercadoria podia, uma vez vendida, "comprar" em
termos de horas de trabalho).
O conceito de práxis é a atividade por meio da qual a teoria se integra à prática, "mordendo-a", e a prática "educa" e "reeduca"
a teoria, abre caminho para que seja repensada a relação teoria/prática. E a teoria só pode corresponder plenamente a essa
demanda se se integrar à prática que a solicitou, participando dela. A práxis é a atividade por meio da qual a teoria se integra à
prática, "mordendo-a", e a prática "educa" e "reeduca" a teoria.
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Economista escocês (6/1723-17/7/1790). Um dos teóricos mais influentes da economia moderna, responsável pela Teoria do
Liberalismo Econômico. Nasceu em Kirkcaldy, fez seus estudos em Glasgow e em Oxford, na Inglaterra. Foi um estudioso em
muitos ramos do conhecimento, entre os quais filosofia, história e ciências exatas, publica um importante tratado sobre moral,
Teoria dos Sentimentos Morais (1759). Cultiva amizade com filósofos, como David Hume, e inventores, como James Watt.
Sua principal obra, Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações. Nela, define os pré-requisitos para o
liberalismo econômico e a prosperidade das nações, como o combate aos monopólios, públicos ou privados; a não-intervenção
do Estado na economia e sua limitação às funções públicas de manutenção da ordem, da propriedade privada e da justiça; a
liberdade na negociação do contrato de trabalho entre patrões e empregados; e o livre comércio entre os povos.
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Para Smith, a discrepância entre custo de produção e salário é que explicava a
existência do lucro, mas não suas causas. Smith considerava que o lucro estava associado à
propriedade privada do Capital, na medida em que a renda de um empresário dependia menos
do seu trabalho como gerente do que do volume dos seus investimentos, mas tal não explicava
a existência do lucro como um overhead sobre os custos de produção em termos de salários.
Para David Ricardo3 tal se dava devido ao fato de o salário gravitar sempre em torno
dos seus níveis "naturais" - isto é, de um mínimo de subsistência fisiológica. Caso, em função
de uma escassez de mão-de-obra, o salário subisse além do nível natural, os operários se
reproduziriam de tal forma que a oferta excessiva de trabalho deprimiria de novo os salários
ao mesmo nível natural. Para Ricardo, o lucro acabava sendo simplesmente um "resíduo" aquilo que sobrava como renda do empresário depois de pagos os salários de subsistência e
as rendas da terra ou dos equipamentos.
Marx adotou tal teoria ricardiana nas suas obras de juventude, como o Manifesto
Comunista; mais tarde, no entanto, verificou que os valores dos salários, variando de uma
sociedade a outra, não se reduziam ao elemento biológico, mas pelo contrário incorporavam
elementos sociais e culturais ("como poderia um operário francês subsistir sem seu vinho?"
diz ele em O Capital). Ele também reparou que o lucro dependia, pelo menos em parte, da
produtividade física do capital, o que fez com que buscasse sair das constatações simples
de seus predecessores para elaborar uma teoria mais aprofundada das causas efetivamente
sociais do lucro capitalista.
Texto Informativo
É importante lembrar que, segundo o Marx maduro, o valor do trabalho não é uma
grandeza concreta: o operário não vende sua "força" (caso contrário um operário fisiculturista
deveria ser mais bem remunerado que um outro de físico normal que realizasse o mesmo
trabalho) ou sua "habilidade".
Para Marx, o juro é apenas e tão somente uma forma pela qual a Mais Valia Social
Geral- a soma das várias mais-valias particulares - circula ao nível microeconômico e é
redistribuída entre os vários capitalistas - fundamentalmente, daqueles que realizam
a produção industrial para os portadores do Capital Financeiro. Ao analisar o Juro como
Economista inglês (4/1772-11/9/1823). Autor da teoria do trabalho como valor, é um dos fundadores da ciência econômica.
Nasceu em Londres, filho de judeus holandeses. Deixou a escola aos 14 anos para trabalhar com o pai como corretor na bolsa
de valores, atividade que lhe rendeu prestígio profissional. Aos 21 anos, converte-se ao protestantismo e rompe com a família
para casar-se com uma jovem quacker. Trabalha por conta na bolsa de valores e fica rico, o que lhe permite dedicar-se à leitura,
principalmente de textos sobre matemática, química e geologia. Influenciado pelas idéias do economista inglês Adam Smith,
aprofunda o estudo das questões monetárias. Em Princípios de Economia Política e Tributação (1817), expõe suas principais
teses. Defende a livre competição no comércio internacional, com a especialização dos países na produção de determinados
bens, o que beneficiaria compradores e vendedores. Sua teoria do trabalho, pela qual o valor de um bem é determinado de
acordo com o trabalho necessário a sua produção, é considerada a contribuição mais importante para a ciência que criou. Elegese em 1819 para o parlamento, no qual defende projetos liberais e reformistas.
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uma variável autônoma, Marx de certa forma antecipa a teoria monetária de Keynes, que
considerava que a igualdade entre poupança e investimento, longe de representar um equilíbrio
entre oferta e procura de capitais, seria uma simples identidade contábil.
Existe aí, portanto, entre o Marxismo e a Economia Neoclássica, uma base conceitual
não facilmente resolvível - especialmente quando se trata de autores da Escola Austríaca, que,
seguindo os princípios estritos do fundadores da escola neoclássica, tentam explicar todos os
fenômenos econômicos com base na idéia de utilidade marginal e não dão nenhum papel à
quantidade de mão de obra na determinação do valor, contrariamente à Escola neoclássica
inglesa de Alfred Marshall , que, busca uma síntese entre a Economia Clássica Inglesa (ou
Escola Ricardiana), e o Neoclassicismo Jevoniano.
Para Marx,
Uma elevação geral do nível dos salários originaria uma queda geral da taxa dos
lucros, mas não afetaria, de um modo geral, os preços das mercadorias. [...] A
tendência geral da produção capitalista não consiste em elevar o nível do salário,
mas em o reduzir. [...] Os 'Sindicatos' atuam com utilidade como centros de
resistência às usurpações do capital. Deixam, em parte, de atingir o seu objetivo
quando utilizam a sua força de forma pouco inteligente. No entanto, deixam
inteiramente de o atingir, quando se limitam a uma guerra de escaramuças, contra
os efeitos do regime existente, em vez de trabalharem, ao mesmo tempo, para a sua
transformação e servirem–se da sua força organizada como de uma alavanca para a
emancipação definitiva da classe trabalhadora, isto é, para a abolição do sistema de
trabalho assalariado. (MARX, K. Salário, Preço e Lucro).
Assim, a produção consome a força de trabalho, e sustenta o consumo, pois cada
mercadoria consumida vira uma representa uma mercadoria a ser produzida. Por conseguinte,
ao se consumir de um produto que não é por si produzido se fecha o ciclo de alienação.
Pois, quando um produto é comprado estará alimentando pessoas por um lado, e por outro
colaborando com sua alienação e suas respectivas explorações. Onde quer que o capital
imponha relações entre mercadorias, a alienação se manifesta; é a relação social engendrada
pelo capital, seu jeito de ser humano.
Para melhor compreender o problema da alienação é importante observar sua dupla
contradição. Por um lado, há a ruptura do indivíduo com o seu próprio destino e há uma
síntese de ruptura anterior, que apresenta novas possibilidades de romper à mesma alienação.
O outro lado se apresenta como uma contradição externa, sendo o capital tentando tirar suas
características como humano, que leva o homem a lutar pela reapropriação de seus gestos.
A alienação somente constrói uma consciência fragmentada, que vem a ser algumas
visões que as pessoas têm de um determinado assunto, algumas alienadas sem saber e outras
que não esboçam nenhum posicionamento.
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A Idéia De Alienação
Economicamente, o capitalismo alienou, isto é, separou o trabalho dos meios de
produção – as ferramentas, as matérias primas, a terra e as máquinas – que se tornaram
propriedade privada do capitalista. O trabalhador, no sistema capitalista de produção,
perdeu ainda o controle do produto de seu trabalho, também apropriado pelo capitalista. A
industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separaram o trabalhador dos meios
de produção e do fruto de seu trabalho. Essa é a base da alienação econômica do homem sob
o capital
Politicamente, também o homem se tornou alienado, pois o princípio da
representatividade, base do liberalismo, criou a idéia de Estado como um órgão político
imparcial, capaz de representar toda a sociedade e dirigi-la através do poder delegado pelos
indivíduos. Marx mostrou, entretanto, que na sociedade burguesa esse Estado representa
apenas a classe dominante e age conforme o interesse dela.
A filosofia, por sua vez, também passou a criar representações do homem e da
sociedade. Diz Marx que a divisão social do trabalho fez com que a filosofia se tornasse a
atividade de um determinado grupo. Ela é, portanto, parcial e reflete o pensamento desse
grupo. Essa parcialidade e o fato de que o Estado se torna legítimo a partir dessas reflexões
parciais – como, por exemplo, o liberalismo – transformaram a filosofia em “filosofia do
Estado”. Esse comportamento do filósofo e do cientista em face do poder resultou também
na alienação do homem.
Assim, alienado, separado e mutilado, o homem só pode recuperar sua condição
humana através da crítica radical ao sistema econômico, à política e à filosofia que o excluíram
da participação efetiva na vida social. Essa crítica radical só se efetiva na práxis, isto é, a ação
política consciente e transformadora.
É exatamente por esse princípio que os marxistas vinculam a crítica da sociedade à
ação política. Marx propôs não apenas um novo método de pensar, mas também um projeto
para a ação.
As Classes Sociais
As idéias liberais surgidas com a ilustração consideravam os homens, por natureza,
IGUAIS POLÍTICA E JURIDICAMENTE. Liberdade e justiça eram direitos inalienáveis de
todo cidadão. Marx, por sua vez, proclama a inexistência de tal igualdade natural e observa
que o liberalismo vê os homens como átomos, como se estivessem livres das evidentes
desigualdades estabelecidas pela sociedade. As desigualdades sociais são provocadas pelas
relações de produção do sistema capitalista, as quais dividem os homens em PROPRIETÁRIOS
E NÃO-PROPRIETÁRIOS dos meios de produção. As desigualdades são a base da formação
das CLASSES SOCIAIS.
As relações entre os homens resultam das relações de oposição, antagonismo,
exploração e complementaridade entre as classes sociais.
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___Referências Bibliográficas
COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia - Introdução à Ciência da Sociedade. São
Paulo: Editora Moderna, 1ª edição, 1994.
FLEURY, Maria Tereza Leme & FISCHER, Rosa Maria. Cultura e Poder nas Organizações.
São Paulo: editora Atlas, 2ª edição, 1996.
FREITAS, Maria Éster de. Cultura Organizacional: formação, tipologias e impactos. São
Paulo: Editora Makron, McGraw Hill, p. 122-125, 1991.
LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Sociologia Geral. São Paulo.
Editora Atlas, 7ª edição, 1999.
MARX, Karl: O Capital, Crítica da Economia Política. Livro I, (Civilização Brasileira/
Bertrand Brasil e Abril Cultural); Teorias de Mais-Valia, ed. Civilização Brasileira/Bertrand
Brasil.
WEBER, Max. As causas sociais do declínio da cultura antiga. In: COHN, Gabriel, Org.
Max Weber; Sociologia. P. 45.
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