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DÉBORA KLEMPOUS/nd
Florianópolis, segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
323 mil m² de campo. Área do antigo aeródromo, hoje ocupada apenas pelo Clube Catalina, estacionamento e campo de futebol da comunidade,
abriga ruína da casa de transmissão de rádio sem fio (detalhe); foi construída nos anos 1920 pela empresa pioneira em aviação comercial Aéropostale
Mais um atrativo para o Sul
Campeche. Campo de aviação deve ter uso público e preservação da memória
Mônica Corrêa /Divulgação /nd
letícia kapper
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@kapper_ND
Memória. Foto antiga do casarão
dos pilotos franceses, que está
de pé e será restaurado; abaixo,
Saint-Exupéry (1900-1944), escritor e
aviador francês da Aéropostale
Campo de aviação
Lembranças da história
Divulgação/nd
O Sul da Ilha tem a chance de ter um atrativo a
mais nos próximos anos. De um lado, a comunidade luta pela instalação de um parque multicultural
em 118.660 m² do antigo campo de aviação do Campeche, atualmente sob a administração da Secretaria do Patrimônio da União. De outro, o comando
da Aeronáutica analisa projetos de caráter social e
histórico para os outros 211.923,51 m², conforme informou a Base Área de Florianópolis. E uma terceira
possibilidade, que englobaria toda área, é a proposta
da coordenadora de projetos da Fapesc (Fundação
de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina) e pesquisadora do campo de aviação do
Campeche, Mônica Cristina Corrêa. Ela almeja um
grande parque, com demarcação das pistas de pouso
da empresa pioneira na aviação comercial Aéropostale e centros tecnológicos na área de aviação.
Como a área será ocupada exatamente não se
sabe, mas há garantias de que um destino será
dado ao espaço público. O prefeito eleito Cesar
Souza Júnior (PSD) declarou, por meio de assessoria de imprensa, apoio ao resgate da memória do
Aeródromo, onde teria pousado o escritor e aviador Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944). “Um
dos objetivos da nossa administração é resgatar e
valorizar a história de Saint-Exupéry”, disse. Cesar, enquanto secretario de Turismo do Governo
do Estado, apoiou as pesquisas de Mônica Cristina
Corrêa, que também é representante da Fundação
Saint-Exupéry no Brasil.
Segundo assessoria de imprensa de Cesar Souza
Júnior, ele vê o campo de aviação como um ponto
turístico em potencial que, de acordo com seus planos, deve receber um centro de memória. O prefeito eleito considera o desmembramento do terreno
uma questão mais delicada e prefere discuti-lá num
segundo momento.
Área tem 323 mil m², onde ficava
o aeródromo construído pela
Compagnie Génerale Aéropostale,
em 1927.
2 11.923,51 m², sob administração
do Comando da Aeronáutica
1 18.705,32 m², sob administração
da União
O que lembra Saint-Exupéry
arco de pedra que homenageia
M
os “pioneiros do ar”
C asa dos aviadores, Popote,
estrutura mais preservada entre as
bases da Aéropostale construídas
no Brasil
R uína da casa de transmissão de
rádio sem fio, próximo a Escola
Básica Municipal Brigadeiro
Eduardo Gomes, mas sem
demarcação ou proteção alguma
Olhar sobre o todo
Mônica, que defende o planejamento da ocupação da
área como um todo, enfatiza que o projeto a ser elaborado
deve atender também os anseios da comunidade, que
planeja um parque multicultural, com áreas de lazer,
comunitárias e esportivas. A pesquisadora pretende
incentivar a parceria entre profissionais daqui e de outras
cidades escalas, como Toulouse (França), que também
planeja a ocupação de áreas onde ficavam pistas de pouso
da Aéropostale desativadas. São 28 cidades escalas, todas
integrantes da Rede de Cidades da Aeropostal, que discute
tornar a rota intercontinental da Compagnie Génerale
Aéropostale um patrimônio imaterial da humanidade.
“Capital” da Aéropostale
Nem o campo de aviação do Campeche, nem o casa dos
aviadores ou as ruínas da casa de transmissão de rádio sem
fio, datados dos anos 1920, são tombados como patrimônio
histórico. Mas o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional reconhece a importância do lugar. “É uma
área bem importante para o Estado”, disse Dalmo Viera,
superintendente do Iphan em Santa Catarina, ressaltando
que o Instituto pediu à União e à Aeronáutica atenção
especial ao espaço. “Seria legal não desmembrar, pelo
menos até ter um planejamento global”, opinou.
Max Armanet, presidente da Comissão do Patrimônio
do Aeroclube da França e conselheiro científico do Museu
do Ar e do Espaço do país, considera o lugar fundamental à
história mundial. “O Brasil é a capital da linha Aéropostale.
País de pleno dinamismo, quase por si só mereceria os
sacrifícios realizados por aquele punhado de aviadores
visionários que queriam aproximar homens e continentes”.
Segundo ele, raros são os campos de aviação
preservados a ponto de se perceber claramente as
atividades da Aéropostale. “Uma linha pioneira, na qual
tudo estava por ser inventado”, descreveu-a. Armanet está
empenhado no projeto de inscrever as balizas da epopéia
da Aéropostale no Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
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