PONTES DO RECIFE
Em 1638, o Conde Maurício de Nassau mandou
construir a primeira ponte do Recife e do Brasil, ligando
a antiga Ilha de Santo Antônio ao que hoje é bairro de
mesmo nome, dando início à Cidade Maurícia. Um
projeto semelhante à capital holandesa, Amsterdam,
que também é cortada por canais. Além de curiosidade
pela arquitetura inovadora, as pontes atraíam pessoas
que desejavam mostrar seus trajes, virando uma
espécie de ponto de encontro e revelando uma relação
direta com a população, até o início do século 20. Hoje,
no entanto, a situação mudou e virou tema de estudo.
"As pessoas se encontravam na ponte, assim como
hoje se encontram no shopping. Havia, naquela época,
uma atividade social intensa nessa passagem", diz a
socióloga e historiadora Virgínia Pernambucano. O
assunto também despertou o interesse de duas alunas
do Centro de Iniciação Científica da Faculdade
Frassinetti do Recife (Fafire), Nívea Carneiro e Michele
Almeida, que pesquisaram sobre como a sociedade de
hoje percebe as pontes.
A maior surpresa das alunas foi constatar que a
maioria das pessoas entrevistadas não tinha sequer
uma opinião a respeito das oito pontes que cortam o
centro da cidade. "Num primeiro momento elas não
sabem o que dizer. Depois param para pensar melhor
sobre o que de fato representam as pontes. O
interessante é justamente resgatar nas pessoas esse
valor", ressaltou Nívea Carneiro.
No lugar dos passeios, a correria do dia-a-dia. A
aposentada Judite de Lima, 52 anos, mora nas
imediações do bairro da Boa Vista e, há 20 anos, faz o
percurso pela Ponte da Boa Vista. Apressada e de
cabeça baixa, ela foi surpreendida quando com as
perguntas sobre seus sentimentos em relação à ponte.
"Não conheço a história dessa ponte, mas acho que é a
mais bonita da cidade, mas eu sempre passo por aqui
muito apressada", justificou a aposentada.
A pressa de certa forma é o que atrai a estudante
Sandra Nascimento, 18, a usara Ponte da Boa Vista
como passagem. "Não passeio pela ponte. Passo por
aqui porque é o caminho mais curto", declarou.
Mais do que ligar diferentes pontos da cidade, as
pontes do Recife foram importantes na expansão do
município. Segundo a historiadora Virgínia
Pernambucano, a cidade só começou a crescer depois
da construção das pontes. "Elas foram determinantes
no desenvolvimento da cidade, senão o Recife não tinha
para onde crescer", ressaltou Virgínia Pernambucano.
Pontes - Boa Vista, Maurício de Nassau, Buarque de
Macedo, Duarte Coelho, 12 de Setembro (antiga Ponte
Giratória), Princesa Isabel, Seis de Março e Limoeiro.
Das oito pontes do centro, a da Boa Vista é a mais
típica e original do Recife. A estrutura metálica foi
trazida da Inglaterra pelo governador da província
Henrique de Lucena, em 1876, tendo sido projetada
pelo engenheiro Francisco Pereira Passos. A mesma
estrutura também foi usada na Maurício de Nassau, que
no século 20 foi substituída pela atual ponte de
concreto.
Ponte 12 de Setembro
Liga o bairro do Recife ao de São José e foi inaugurada
em 1923. Era giratória e foi construída para dar
passagem aos trens que transportavam açúcar da zona
canavieira do Estado para o Porto do Recife. Tempos
depois, a ponte tornou-se obsoleta, sua maquinaria
quebrou e, em 1971, ela foi substituída por uma outra
ponte em concreto.
Ponte da Boa Vista
Liga a Rua da Imperatriz à Rua Nova, centro do Recife.
Foi a segunda ponte construída no Recife, em 1643,
durante o governo de Maurício de Nassau. A ponte
começava em frente ao Palácio da Boa Vista e ia até o
local onde atualmente está o Cais José Mariano. Em
1737, foi substituída por outra ponte, num local um
pouco mais ao norte. Em 1815, nova ponte é construída
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Charme perdido das pontes do Recife
PONTES DO RECIFE
(Continuação)
no local, até que em 1874 tem início sua reconstrução.
A nova ponte, existente até hoje, é inaugurada em
1876, tem estrutura metálica inglesa.
Ponte Buarque de Macedo
Teve construção iniciada em 1882 e foi entregue ao
público em 1890. Reconstruída em 1922, é a mais
extensa ponte do centro do Recife. Substituiu uma
outra existente no local, construída toda em madeira,
em 1845.
Ponte Duarte Coelho
Liga as avenidas Conde da Boa Vista e Guararapes,
centro do Recife. Foi construída em 1884, totalmente
em ferro, e inicialmente servia aos trens que se
deslocavam para os subúrbios da cidade. Àquera era
também conhecida como Ponte de Maxambomba
(corruptela da expressão inglesa "machine pump", uma
espécie de locomotiva). Em 1915, em seu lugar foi
iniciada a construção de uma nova ponte, em concreto,
que seria inaugurada em 1943 e que existe até hoje,
servindo ao tréfego de veículos.
Ponte Princesa Isabel
Liga a Praça da República à Rua princesa Isabel, centro
do Recife. Inaugurada a 02/12/1863, projetada pelo
arquiteto francês Louis Vauthier, o mesmo que projetou
o Teatro Santa Isabel. À época, era denominada Ponte
Pedro II.. Foi substituída pela atual ponte em 1943.
Ponte Velha
Liga a Praça Floriano Peixoto, Boa Vista, à Rua Velha,
Cais José Mariano. Construída à época do Conde
Maurício de Nassau, inaugurada em 1643. Em 1873 foi
reconstruída, ganhando o nome de Ponte Nova. Outra
reconstrução acontece em 1921, quando ela passou a
ser chamada Ponte 06 de Março, data de sua
inauguração. Esta última reconstrução teve como
motivo a transferência da Estação Central Ferroviária da
Aldeia do Brum para a Praça Floriano Peixoto.
Ponte do Limoeiro
Liga a Av. Norte ao Cais do Apolo, Recife. Foi
inaugurada em 1881, com objetivo de dar passagem
aos trens da Great Western que faziam o transporte
entre as cidades do Recife e Limoeiro e que seguiam
para a Estação Central, que àquela época era na Aldeia
do Brum. Com a desativação do transporte ferroviário, a
ponte foi abandonada. Em 1966, foi construída, no
mesmo lugar, uma nova ponte, para o tráfego de
automóveis.
Ponte Maurício de Nassau
Liga a Av. Marquês de Olinda à Rua 1º de Março, centro
do Recife. Sua construção foi iniciada em 1640, durante
o governo do Conde Maurício de Nassau. Foi a primeira
grande ponte construída no Brasil, assentada em pilares
de pedra. A construção extrapolou as verbas destinadas
à obra pela Companhia das Índias Ocidentais e o conde
usou da esperteza para resolver o problema: divulgou
que, durante a inauguração da ponte um boi iria voar e
determinou a cobrança de pedágio, com isso
arrecadando dois mil florins. Para que o povo (que pela
primeira vez iria atravessar o rio Capibaribe por uma
ponte) não se sentisse enganado e não se rebelasse,
Maurício de Nassau "fez um boi voar". O truque é que o
animal era empalhado e foi suspenso por cordas
meticulosamente ocultas. A inauguração ocorreu a
28/02/1643. Em 1865, foi substituída por uma ponte
metálica. Em 1917, deu lugar a ponte ainda hoje
existente, em concreto.
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Ponte D'Uchoa
Localizada à Avenida Rui Barbosa, foi construída em
1865 para servir como parada de trens urbanos
(denominados Maxambombas) que circularam pelas
ruas do Recife até 1915. Restaurada e tombada pelo
Patrimônio Histórico, serve como parada de ônibus
urbanos.
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