Estudo e Prática da
Mediunidade
Módulo III
Fundamentação Espírita:
Mecanismos da Mediunidade
Roteiro 2
Mecanismos da comunicação
mediúnica
E estes sinais seguirão aos que
crerem[...]
Jesus (Marcos, 16:17)
O mecanismo básico da comunicação mediúnica envolve fluidos
espirituais, o perispírito, a mente e os sistemas nervoso e
endócrino. É importante estudarmos esses assuntos, ainda que
de forma geral, tendo em vista os benefícios que a prática
mediúnica produz e a necessidade de exercê-la com segurança.
Devemos lembrar, todavia, que todo conhecimento adquirido, em
outros campos do saber, deve ter como fundamento “[...] o bem,
na convicção de que o bem, a favor do próximo, é o bem
irrepreensível que podemos fazer”. (9)
No exercício mediúnico, aceitemos o ato de servir por lição das
mais altas na escola do mundo. E lembremo-nos de que assim
como a vida possui trabalhadores para todos os misteres, há
médiuns, na obra do bem, para a execução de tarefas de todos
os feitios. Nenhum existe maior que o outro. Nenhum está livre do
erro. Todos, no entanto, guardam consigo a bendita possibilidade
de auxiliar. (11)
1. Ação dos fluidos espirituais e do Perispírito
Nos momentos iniciais que antecedem a
comunicação mediúnica, o médium é envolvido em
fluidos ou energias do Espírito comunicante. Este
envolvimento é controlado por dedicados
trabalhadores do plano espiritual, sobretudo
quando se trata de comunicação de entidade
necessitada. Trata-se de uma medida de
segurança que visa à preservação da saúde do
medianeiro, considerando que o intercambio
mediúnico movimenta diferentes tidos de energias
que atuam sobre o carro fisiológico do médium,
estimulando ou inibindo a produção de substancias
na intimidade dos tecidos e dos órgãos.
Os benfeitores espirituais não consideram os médiuns
como simples máquinas ou aparelho, a serviço do
trabalho de intercâmbio mediúnico. Contudo, não
ignoram que os desgastes naturais acontecem, ainda
que a prática mediúnica contínua e dedicada seja
abençoada pela preponderância de fatores morais.
Apóiam, assim, o médium que “[...] para ser fiel ao
mandato superior, necessita clareza e serenidade,
como espelho cristalino dum lago [...]” (2), a fim de
que as vibrações desarmonizadas dos comunicantes
espirituais não lhe perturbem o equilíbrio intimo.
Perante o envolvimento das emanações fluídicas de
Espíritos que sofrem, é importante que o médium aja
com equilíbrio e responsabilidade.
O Médium [...], a fim de se prestar ao intercâmbio
desejado, precisa renunciar a si mesmo, com
abnegação e humildade, primeiros fatores na
obtenção de acesso à permuta com as regiões
elevadas. Necessita calar, para que outros falem;
dar de si próprio, para que outros recebam. Em
suma, deve servir de ponte, onde se encontrem
interesses diferentes. Sem essa compreensão
consciente do espírito de serviço, não poderia
atender aos propósitos edificantes. Naturalmente,
ele é responsável pela manutenção dos recursos
interiores, tais como a tolerância, a humildade, a
disposição fraterna, a paciência e o amor
cristão[...] (3)
É oportuno destacar que os cuidados dos benfeitores
espirituais não se restringem exclusivamente ao
instante do intercambio mediúnico. Eles nos prestam
assistência mais extensa, conforme relata o sábio
instrutor Alexandre, citado no livro Missionários da
Luz:
Todavia, [...] precisamos cooperar no sentido de
manter-lhe os estímulos de natureza exterior, porque
se o companheiro não tem pão, nem paz relativa, se
lhe falta assistência nas aquisições mais simples, não
poderemos exigir-lhe a colaboração, redundante em
sacrifício. Nossas responsabilidades, portanto, estão
conjugadas nos mínimos detalhes da tarefa a cumprir.
(4)
As irradiações energéticas da entidade comunicante
atingem o perispírito do médium pelos centros de força,
alcançando, imediatamente, o corpo físico onde são
captadas pelos órgãos sensoriais sob a forma de
sensações, agradáveis ou desagradáveis. Estas
sensações produzem, por sua vez, sumarizações no
veiculo físico do medianeiro, tais como: bem-estar ou malestar, geral ou localizado; tristeza ou alegria; irritação ou
serenidade; sensação de fome, sede ou dor; medo,
angustia ou solidão, etc.
Estando o perispírito impregnado de vibrações da
entidade comunicante, o médium equilibrado reage em
sentido oposto, envolvendo-a em energias harmônicas e
equilibrantes ou, se deixando impregnar pelas energias
superiores, provenientes de benfeitores espirituais.
O envolvimento fluídico é mediado pelo perispírito
de ambos, do desencarnado e do medianeiro, num
processo dinamico, sob o amparo dos obreiros do
mundo espiritual.
No encarnado , o [...] perispírito serve de
intermediário ao Espírito e ao corpo. É órgão de
transmissão de todas as sensações. Relativamente
às que vem do exterior, pode-se dizer que o corpo
recebe a impressão; o perispírito a transmite e o
Espírito, que é o ser sensível e inteligente, a recebe.
Quando o ato é de iniciativa do Espírito, pode dizerse que o Espírito quer, o perispírito transmite e o
corpo executa. (1)
2. Ação da mente e dos sistemas nervoso e
endócrino
A mente encontra-se “[...] na base de todas as
manifestações mediúnicas, quaisquer que sejam
os característicos em que se expressem [...]” (8),
assevera André Luiz. O envolvimento fluídico e a
ação do perispírito, relatados no item anterior, são,
na verdade, controlados pela mente. Nessa
situação, forma-se durante a comunicação
mediúnica um circuito definido pela ligação mental
estabelecida entre o médium e o Espírito
comunicante.
O circuito mediúnico, dessa maneira, expressa uma
“vontade-apelo” e uma “vontade-resposta”,
respectivamente, no trajeto de ida e volta, definindo o
comando da entidade comunicante e a concordância do
médium, fenômeno esse exatamente aplicável tanto à
esfera dos Espíritos desencarnados, quanto à dos
Espíritos encarnados, porquanto exprime conjugação
natural ou provocada nos domínios da inteligência,
totalizando os serviços de associação, assimilação,
transformação e transmissão da energia mental. Para a
realização dessas atividades, o emissor e o receptor
guardam consigo possibilidades particulares nos recursos
do cérebro, em cuja intimidade se processam circuitos
elementares do campo nervoso, atendendo a trabalhos
espontâneos do Espírito, como sejam, ideação, seleção,
autocrítica e expressão. (12)
Esta ligação mental é também conhecida pela expressão
“sintonia mediúnica”. Na fase inicial do intercambio a
sintonia é mais leve, superficial, caracterizada pelo
envolvimento fluídico que acontece entre o Espírito
comunicante e o médium. À medida que se estreita essa
ligação mental a sintonia se faz mais intensa e,
conseqüentemente, maiores são as repercussões no corpo
somático do médium. Por outro lado, o médium educado,
que conhece com segurança o seu papel, lança boas
energias e bons pensamentos ao comunicante, com quem
se mantém unido dentro do circuito mediúnico. É possível
então ao medianeiro captar maiores informações a respeito
do Espírito que se manifesta: intenções, tipo de sofrimento,
auxilio que solicita (“vontade-apelo”) e situação espiritual.
Alguns detalhes só são percebidos neste instante: sexo,
vestimenta, aspectos fisionômicos, nome, condições da
desencarnação, etc.
Durante o circuito mediúnico intensifica-se a
ação sobre as estruturas nervosas,
especialmente no cérebro e nas glândulas
endócrinas, situação característica do estado
de transe mediúnico. A glândula pineal ou
epífise, sobretudo, exerce papel fundamental.
Pela ação preponderante na mediunidade e
no psiquismo humano, a epífise é denominada
“glândula da vida mental”. (7) Reproduzimos,
em seguida, observações de André Luiz
relativas a uma psicografia que acontecia em
determinada reunião mediúnica, onde ele
estava presente.
As glândulas do rapaz transformaram-se em núcleos
luminosos, à guisa de perfeitas oficinas elétricas. Detive-me,
porém, na contemplação do cérebro, em particular. Os
condutores medulares formavam extenso pavio, sustentando
a luz mental, como chama generosa de uma vela de
enormes proporções. Os centros metabólicos infundiam-me
surpresas. O cérebro mostrava fulgurações nos desenhos
caprichosos. Os lobos cerebrais lembravam correntes
dinâmicas. As células corticais e as fibras nervosas, com
suas tênues ramificações, constituíam elementos
delicadíssimos de condução das energias recônditas e
imponderáveis. Nesse concerto, sob a luz mental indefinível,
a epífise emitia raios azulados e intensos. [...] No exercício
mediúnico de qualquer modalidade, a epífise desempenha
papel mais importante. Através de suas forças equilibradas,
a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção,
de raios peculiares à nossa esfera. (5)
Durante o transe mediúnico, as ondas mentais emitidas pelo
Espírito comunicante deslocam-se ao longo do córtex cerebral,
em processo de varredura, até atingirem a região mediana do
cérebro, onde estão localizadas estruturas nervosas
diretamente envolvidas nas funções psíquicas do ser humano.
Neste local, os impulsos mentais do desencarnado – que é
mantido ligado à mente do intermediário encarnado, sob
amparo dos orientadores espirituais - , podem acessar as
memórias do médium, sob a concordância deste, de forma que
seja possível, ao medianeiro, processar as idéias que lhe
chegam ao mundo íntimo e acionar comandos psicomotores
para que estas idéias sejam manifestadas. São exemplos de
comando psicomotores: movimento da mão na psicografia;
emissão verbal de palavras e frases na psicofonia;
implementação das funções ópticas (visuais) e auditivas
(óticas), de ocorrência na vidência e na audiência mediúnicas,
respectivamente.
Segundo nos informa o Espírito André Luiz, o
médium é objeto de atenção pela equipe espiritual
que dirige o grupo mediúnico, muito antes da
reunião acontecer. Assistido pelos trabalhadores
espirituais, os sistemas nervoso (central e periférico)
e endócrino recebem novo coeficiente de energias
magnéticas para que não ocorram perdas
lamentáveis, por exemplo, no tigróide, estrutura
cerebral também conhecida como corpúsculos de
Nissl, diretamente ligados aos processos da
inteligência. (6) O corpo tigróide é local de síntese
de proteínas envolvidas no bom funcionamento
cerebral; entre elas destacam as ligadas à produção
de neurotransmissores, responsáveis pela
transmissão da mensagem entre os neurônios.
O sistema nervoso simpático, mormente o campo
autônomo do coração, recebe auxílios energéticos, e
o sistema nervoso central (SNC) é
convenientemente “[...] atendido, para que não se
comprometa a saúde do trabalhador de boa
vontade”. O nervo vago é protegido também a fim de
que as influencias advindas do plano espiritual não
causem quaisquer choques nas vísceras. As
glândulas supra renais recebem acréscimo
energético que estimula a produção de adrenalina,
necessária para repor eventual dispêndio das
reservas nervosas, fato que acontece durante a
manifestação mediúnica. (6)
Naturalmente, outras células, tecidos e órgãos do corpo
físico e do perispírito estão envolvidos na produção do
fenômeno mediúnico, direta ou indiretamente. O que
apresentamos neste Roteiro é apenas uma pálida visão
do que ocorre, sem pretensões de ter esgotado o
assunto. Os que desejam aprofundar seu conhecimento
encontrarão na literatura espírita, e na não-espírita,
obras de reconhecido valor. Nos parece oportuno
sugerir a leitura atenta dos livros transmitidos pelo
Espírito André Luiz os quais, numa linguagem simples e
envolvente, discorrem sobre assuntos de grande
complexidade. As obras da Codificação Espírita devem
ser freqüentemente estudados porque nos oferecem
informações que, num primeiro momento, não
percebemos.
Retornando a mensagem do evangelista Marcos,
inserida no inicio deste Roteiro, fazemos nossas as
seguinte palavras de Emmanuel:
Permanecem as manifestações da vida espiritual em
todos os fundamentos da Revelação Divina, no mais
variados círculos da fé. Espiritismo em si, portanto,
deixa de ser novidade, dos tempos que correm, para
figurar na raiz de todas as escolas religiosas,
Moisés estabelece contacto com o plano espiritual no
Sinai. Jesus é visto pelos discípulos, no Tabor, ladeado
por mortos ilustres. O colégio apostólico relaciona-se
com o Espírito do Mestre, após a morte dEle, e
consolida no mundo o Cristianismo redentor. Os
mártires dos circos abandonam a carne flagelada,
contemplando visões sublimes.
Maomé inicia a tarefa religiosa, ouvindo um mensageiro invisível.
Francisco de Assis percebe emissários do Céu que o exortam à
renovação da igreja. Lutero registra a presença de seres de outro
mundo. Teresa d’Avila recebe a visita de amigos desencarnados
e chega a inspecionar regiões purgatoriais, através do fenômeno
mediúnico do desdobramento.
Sinais do reino dos Espíritos seguirão os que crerem, afirma o
Cristo. Em todas as instituições da fé, há os que gozam, que
aproveitam,que calculam, que criticam, que fiscalizam...Esses
são, ainda, candidatos à iluminação definitiva e renovadora. Os
que crêem, contudo, e aceitam as determinações de serviço que
fluem do Alto, serão seguidos pelas notas reveladoras da
imortalidade, onde estiverem. Em nome do Senhor, emitindo
vibrações santificantes, expulsarão a treva e a maldade, e serão
facilmente conhecidos, entre os homens espantados, porque
falarão sempre na linguagem nova do sacrifício e da paz, da
renuncia e do amor. (9)
Estudo e Prática da
Mediunidade
Prática III
Condições de apoio ao
Médium
Atividade 2
Experimentação mediúnica
1. KARDEC, Allan. Obras Póstumas, Primeira parte, cap 1
2. XAVIER, Francisco C. Missionários da luz, Cap 1, p 14
3. ________, p 14-15
4. ________, p 15
5. ________, p 16-17
6. ________, p 18
7. ________, Cap 2, p 22
8. ________, Nos domínios da mediunidade, Cap 1
9. ________, Pão Nosso, Cap 174
10. ________, Seara dos médiuns, item: Na Mediunidade, p 44
11. ________, item: Em serviço mediúnico, p 46
12. XAVIER, Francisco C e VIEIRA, Waldo. Mecanismos da Mediunidade. Cap 6
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