Concepção de alfabetização
Aprender a ler e escrever envolve dois processos:
compreender a natureza do sistema alfabético de escrita –
as relações entre letra-som, a segmentação entre as
palavras, as restrições ortográficas;
compreender o funcionamento da linguagem escrita – suas
características específicas, suas diferentes formas, gêneros.
Concepção de alfabetização
Sabemos que se alfabetiza melhor:
quando se permite a interpretação e produção de
uma diversidade de textos;
quando se estimulam diversos tipos de situações de
interação com a língua escrita;
quando se enfrenta a diversidade de propósitos
comunicativos e de situações funcionais vinculadas à
escrita;
quando se reconhece a diversidade de problemas a
serem enfrentados para produzir uma mensagem
escrita (problemas de graficação, de organização
espacial, de ortografia, de pontuação, ...);
Concepção de alfabetização
Sabemos que se alfabetiza melhor:
quando se criam espaços para que sejam assumidas
diversas posições enunciativas ante o texto (autor,
revisor, comentarista, ...);
quando se assume que a diversidade de
experiências dos alunos permite enriquecer a
interpretação de um texto, quando a diversidade de
níveis de conceituação da escrita permite gerar
situações de intercâmbio, quando assumimos que as
crianças pensam sobre a escrita.
Fonte: Passado e Presente dos verbos Ler e Escrever – Emília Ferreiro
Gêneros discursivos
Gêneros adequados para o trabalho com a linguagem
oral:
Poemas, canções, quadrinhas, parlendas, adivinhas, travalínguas, piadas;
Contos (de fadas, de assombração, etc.), mitos e lendas
populares;
Saudações, instruções, relatos;
Entrevistas, notícias, anúncios;
Seminários, palestras
Gêneros discursivos
Gêneros adequados para o trabalho com a linguagem
escrita:
Receitas, instruções de uso, listas;
Textos impressos em embalagens, rótulos, calendários;
Cartas, bilhetes, postais, cartões, convites, diários;
Quadrinhos, textos de jornais, revistas e suplementos
infantis: títulos, notícias, classificados, etc.;
Gêneros discursivos
Gêneros adequados para o trabalho com a linguagem
escrita:
Anúncios, slogans, cartazes, folhetos;
Poemas, canções, quadrinhas, parlendas, adivinhas, travalínguas, piadas;
Contos (de fadas, de assombração, etc.), mitos e lendas
populares, fábulas, folhetos de cordel;
Textos teatrais;
Relatos históricos, textos de enciclopédia, verbetes de
dicionário, textos expositivos de diferentes fontes
(fascículos, revistas, livros de consulta, etc.)
Condições didáticas para a produção de textos
O que escrever

Definição do gênero e do conhecimento dos
textos

Práticas de escrita e comportamentos do
escritor
(planejar,
textualizar, revisar mais
de uma vez)

Conteúdo sobre o qual se irá escrever
(reescritas,
textos de
autoria).
Condições didáticas para a produção de textos
Para que escrever

Presença da função comunicativa

Problema real do escritor
Para quem escrever

Destinatário Real

Revisão
Análise de textos bem escritos
É uma situação didática em que os alunos são
convidados a:

conhecer como os autores habilidosos utilizam (ou
não) em seus textos recursos de substituição,
concordância, pontuação e outros

identificar a qualidade estética de textos bem escritos
e utilizar progressivamente em suas próprias
produções alguns dos recursos estilísticos de que
lançam mão outros autores

ler textos com outra finalidade, diferente da que
orienta a leitura em busca de significado: com um
olhar mais atento, de análise e reflexão sobre as
escolhas feitas pelos escritores, do ponto de vista da
linguagem, dos recursos estilísticos, das formas de
tratar o conteúdo etc.
Principais objetivos da revisão de textos bem escritos
Que os alunos se tornem progressivamente capazes
de:

refletir sobre diferentes possibilidades de uso da
língua para obter um texto de qualidade: claro,
diferente, agradável, interessante, ...

apreciar e valorizar um texto bem escrito

desenvolver um olhar atento, que permita a
identificação de boas alternativas utilizadas por
outros escritores e que possam ser úteis nas próprias
produções

analisar um texto do ponto de vista estético - a
qualidade da linguagem, das escolhas feitas pelos
autores, das soluções encontradas...
Revisar para aprender
Versão 01
Era o curupira conversando com as árvores e
quando foi conversar com mais duas árvores e
falou mó. Quando disse ao vivo as três árvores o
curupira e ele pensou em assustar o caçador.
Quando ele disse A, A, A, A e o curupira falou co
i ele com seus dentes verde saiu correndo
gritando.
Revisar para aprender
Versão 02
O curupira gostava de conversar com as árvores.
Ele ouviu um barulho de trovão mas ele não
percebeu que vinha da clareira, na floresta. O
curupira falou para as árvores ficarem firmes e
quando foi conversar com mais uma árvore
falou para ela ficar bem firme por causa do
temporal.
A árvore falou pró curupira que ele estava viajando
na lua. A árvore falou que era o caçador
matando os bichos.
Revisar para aprender
O caçador falou:
Ho, ho, ho, que linda onça, vou matar esta onça
para fazer um belo tapete
- Não vai não! Enquanto eu estiver vivo ninguém
destruirá a minha floresta, disse o curupira.
O curupira pulou no meio da clareira e disse:
- IAAA! Saia com ligeireza senão te transformo em
sobremesa!
O curupira soltou um assobio ensurdecedor, com
seus dentes verdes, com cabelo cor de fogo.
O caçador seguiu o conselho do curupira e pernas
pra que te quero. Dizem que o caçador está
correndo até hoje de medo do curupira.
Ler para saber mais
PROPENSÃO AOS RESFRIADOS, DORES DE CABEÇA,
DEBILIDADE OCULAR, CALORES, GOTA,
ARTRITE, HEMORRÓIDAS, ASMA, APOPLEXIA,
DOENÇAS PULMONARES, INDIGESTÃO,
OCLUSÃO INTESTINAL, TRANSTORNOS
NERVOSOS, ENXAQUECAS, EPILEPSIA,
HIPOCONDRIA E MELANCOLIA.
(Algumas das consequências físicas que pode provocar ler em excesso,
segundo panfleto de 1795).
Ler para saber mais
“Saibas que, uma vez envolvido na leitura, seu pobre
filho não se deterá diante de nenhuma má ação: se
atreverá a pensar por si mesmo, desobedecerá os
farsantes embora usem uma roupa até os pés,
tentará descobrir as causas do mundo físico e
social que nos cerca, em lugar de repetir as
orações usuais e talvez até chegue a se convencer
de que um bom comerciante ou um bom tecelão
são pessoas mais úteis para seus semelhantes que
um rufião de sobrenome ilustre ou um general de
cavalaria. Daí a blasfemar contra a imprescindível
tortura ou até mesmo pedir a abolição do Santo
Ofício é só um passo. Saibas que os estimo, amiga
minha, mas não me peças que eu seja seu
cúmplice em tais delitos.”
(Dissertação irônica de Voltaire sobre “os perigos da leitura” em resposta à Condessa
de Montoro, que pedia conselho ao Enciclopedista sobre as leituras que deveria
recomendar ao seu filho).
Download

Seminário Além das Letras