ROSANE POLETTO BENVEGNÚ
ABORDAGEM DO TEMA DROGAS NO ENSINO DE QUÍMICA
CANOAS, 2007
1
ROSANE POLETTO BENVEGNÚ
ABORDAGEM DO TEMA DROGAS NO ENSINO DE QUÍMICA
Trabalho de conclusão apresentado para o curso de
Licenciatura em Química do UNILASALLE – Centro
Universitário La Salle, como exigência parcial para a
obtenção do grau de Licenciado em Química, sob
orientação do Profª. Ms. Maira Ferreira.
CANOAS, 2007
2
TERMO DE APROVAÇÃO
ROSANE POLETTO BENVEGNÚ
ABORDAGEM DO TEMA DROGAS NO ENSINO DE QUÍMICA
Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de
Licenciado em Química, do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, pela seguinte
avaliadora:
Profª. Ms. Maira Ferreira
Unilasalle
CANOAS, 11 de Julho 2007
3
Ao Vanderlei, Felipe, Bruna e Julia que
estiveram
sempre
ao
meu
lado,
incentivando-me e dando-me força nos
momentos mais difíceis de minha vida
acadêmica.
4
A minha orientadora a professora Maira
Ferreira que ao longo do trabalho sempre
dedicou-me
carinho
e
limitando-se a atender-me.
atenção,
não
5
RESUMO
O presente trabalho consiste na realização de uma pesquisa com professores, de
diferentes áreas de conhecimentos, e com alunos da 3ª série do ensino médio,
pertencentes a uma escola pública da região metropolitana de Porto Alegre. Na
pesquisa, buscou-se ver o que os professores pensam sobre o papel da escola no
tratamento do tema saúde, especialmente, no que se refere à prevenção ao uso de
drogas, bem como, ver quais seriam os conhecimentos de interesse dos estudantes
sobre o assunto “drogas” e, também, qual o seu interesse em abordar esse tema em
aulas de Química Orgânica. A partir da pesquisa, houve a elaboração de algumas
sugestões metodológicas buscando contextualizar os conteúdos de Química
Orgânica ao tema “drogas”, visando chamar a atenção da comunidade escolar sobre
a necessidade de trabalhar esse tema na escola.
Palavras-chave: Ensino de Química, Drogas, Química Orgânica, PCNs.
ABSTRACT
This paper consists of a research with teachers, from different disciplines, and pupils
attending the 3ª year of a public high school in Porto Alegre - metropolitan area. It’s
focused on what professors think about the treatment of the subject “health”,
associated to the prevention to the use of drugs, in school education. The proposal is
also to verify the students’ interests and necessities concerning to the knowledge
about the subject “drugs”, checking the possibilities to approach and set relation
between this subject and the Organic Chemistry content. Based on this research, it
has been elaborated some methodological suggestions which relate the Organic
Chemistry content to the subject “drugs”, trying to warn the school community to the
necessity of studying this subject in the school.
Key-words: Chemistry Education, Drugs, Organic Chemistry, PCNs.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................8
2 REFERENCIAL TEÓRICO…………………….........................................................12
2.1 Drogas: um Problema Social …………………..………......................................12
2.2 PCNs e Currículo Escolar..................................................................................21
2.3 Ensino de Química: um Compromisso com a Cidadania …..…..……….……24
2.4 Química Orgânica no Estudo de Drogas……..................................................26
3 METODOLOGIA DO TRABALHO..........................................................................42
3.1 Metodologia da Pesquisa na Escola................................................................42
3.2 Metodologia da Proposta de Ensino................................................................43
4 ANÁLISE DE RESULTADOS DA PESQUISA.……………………………………....45
4.1 Pesquisa com Professores.………………………………………………………...45
4.2 Pesquisa com Alunos…………………………………………………………….....47
5 Alternativas Metodológicas Para Trabalhar o Tema Drogas nas 3° Séries do
Ensino Médio..........................................................................................................55
5.1 Atividade 1: Sugestão de Leitura - Álcool e os Jovens……………..………..55
5.2 Atividade 2:Sugestão de Atividade Experimental - Simulando um
Bafômetro ………..…………………………………..………………………………….. 57
5.3 Atividade 3: Sugestão de Leitura - Em forma de Vapor………………….......59
5.4 Atividade 4: Sugestão de Leitura – Uma Epidemia Chamada Cigarro.........60
5.5 Atividade 5: Sugestão de Leitura – Drogas o que Fazer a Respeito……….61
5.6 Atividade 6: LSD e Ecstasy: Perigosas Drogas …………………………….....62
5.7 Atividade 7: Sugestão de Leitura – Absorção, Distribuição e Excreção das
Drogas………………..…………………………..……………………………………......63
5.8 Atividade 8: Sugestão de Trabalho de Pesquisa…………..…………………..65
5.9 Atividade 9: Sugestão de Desenvolvimento de Projeto de Pesquisa Sobre
Drogas …………………..……………………………………………………………..…..65
5.10 Atividade10: Sugestão de Vídeos ……………………………………………….65
6 CONSIDERAÇÃOES FINAIS………………..…………………………………………66
REFERÊNCIAS ….………………………………………………………………………..68
Anexo A - Letra Música…………………………………………………………….…......71
Anexa B - Texto Sobre Drogas………………….………………………………………..72
Anexo C - Pesquisa: Questionário Referente a Música…….………………………....75
7
Anexo D - Pesquisa: Questionário Referente ao Texto……………………………......76
Anexo E - Pesquisa: Questionário Professores………………………………………..77
Anexo F - Sugestão de Leitura – Drogas o que Fazer a Respeito ..………………....78
8
1 INTRODUÇÂO
O uso de drogas é um fenômeno bastante antigo na historia da humanidade e
mostra que, em todas as épocas e lugares, os humanos deliberadamente usaram (e
abusaram) de substâncias capazes de modificar o funcionamento do sistema
nervoso, levando à sensações corporais e estados psicológicos alterados.
As cenas que vivenciamos diariamente no país são dramáticas. A produção e
a venda de drogas, bem como a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas,
constituem,
sem
dúvidas,
um
dos
principais
fatores
que
complicam
os
entendimentos políticos, econômicos e sociais do século XXI no mundo. Estima-se
que 20% das transações econômicas realizadas atualmente no mundo, estejam
relacionadas com o tráfico de drogas.
O consumo de drogas legais e ilegais é um assunto que gera grandes
preocupações sociais. Pais, educadores, autoridades sanitárias, autoridades
políticas e sociais identificam isso como um fenômeno social preocupante, sendo de
suma importância que seja resolvido.
O uso abusivo de drogas, um grave problema social, representa um problema
de saúde, também, grave. Quando se fala sobre “problemas com drogas”, tende-se
a dar mais importância às substâncias psicoativas de venda ilegal, esquecendo, por
outro lado, que o consumo de tabaco e álcool é muitas vezes a porta de entrada
para o consumo de outras substâncias. Sabemos, por exemplo, que o álcool é a
droga que mais cria problemas em nossa sociedade e que seu consumo vem
crescendo de forma desenfreada entre jovens, principalmente, nas festas de fins de
semana.
A família, juntamente com a escola, tem um papel decisivo na prevenção ao
consumo de drogas, mediante a promoção da conscientização e do posicionamento
crítico dos jovens com relação a este assunto, devendo ser sua preocupação
oportunizar o amadurecimento e a socialização dos jovens. Na escola, cabe aos
9
professores a árdua tarefa de estimular e orientar o adolescente no seu processo de
amadurecimento e, juntamente, com a família atuar na prevenção ao uso de drogas.
De uma forma ou de outra, a escola como instituição educacional, já vem
trabalhando de forma a potencializar a inquisição de valores, atitudes e condutas
saudáveis.
O uso de drogas na idade escolar é uma das maiores preocupações de saúde
pública, pois é nessa fase que o adolescente se depara com uma série de conflitos
pessoais. Segundo Oliver (2006), nessa fase da vida um turbilhão de pulsões e
emoções invadem o adolescente, deixando-o temporariamente sem condições de
lidar com seus sentimentos e suas angústias. Diante de toda essa parafernália de
emoções, o jovem adolescente, devido a sua sensibilidade, torna-se um alvo fácil
para novas experiências, mergulhando assim, de forma ingênua, no perverso mundo
das drogas.
A adolescência é uma fase de profundas transformações na vida do ser
humano e esse é um período de indagações, conflitos na busca de si mesmo, na
construção dos próprios conceitos e na procura da auto-afirmação. O adolescente
tem que aprender a caminhar sozinho e encontrar seu papel na sociedade. Não são
poucos os obstáculos que o adolescente tem que transpor, sendo neste contexto
que surgem as drogas, prometendo alívio, fuga e prazer, desafiando, ao mesmo
tempo, os jovens a pensarem como se posicionar diante dessa possibilidade de
satisfação imediata?
Sabemos que esse é um problema que causa grandes preocupações em
nossa sociedade e que está presente em todas as classes sociais. Portanto, é
necessário oportunizar debates e questionamentos que ajudem a encontrar soluções
para atenuar ou erradicar esse sério problema. Acredita-se que com ações de
prevenção e com acesso ao conhecimento sobre os efeitos das drogas no
organismo, poderemos evitar o uso indevido e abusivo de drogas, porém, para que
isso ocorra é necessário desenvolver ações conjuntas para sensibilizar e buscar a
participação de todos, a fim de atenuar os prejuízos causados ao jovem e à
sociedade.
Um dos principais problemas da Educação Escolar é a falta de interesse
pelos estudos, demonstrada pelos alunos, e não é diferente com relação ao ensino
de Química, no Ensino Médio. A falta de motivação para o estudo da disciplina
decorre, muitas vezes, da incapacidade de associação, por parte do aluno, dos
10
conteúdos que estão sendo ministrados ao seu cotidiano. Segundo Vygostsky
(2003) a interação social é de grande importância para uma aprendizagem efetiva e,
portanto, a construção do conhecimento na sala de aula deve ser um processo de
negociação entre professores e alunos. No entanto, é necessário que o aluno se
sinta atraído e envolvido pelas atividades propostas pelos professores. Atividades
essas, que ajudem o estudante a aprender os conceitos e conteúdos de forma
prazerosa, de modo a melhorar a sua aprendizagem e auto-estima, ao invés das
tradicionais metodologias autoritárias e excludentes. Além disso, cabe a escola criar
alternativas para trabalhar os conhecimentos escolares de modo a desenvolver
ações que visem possibilitar aos alunos a compreensão de mecanismos para o
desenvolvimento de uma vida saudável.
Este trabalho tem como objetivo contextualizar as aulas de Química Orgânica
a partir do tema “drogas”, já que esse é um assunto freqüentemente tratado na mídia
e que pode fazer parte das experiências dos estudantes. Além disso, essa é uma
forma de associar a disciplina Química a outras áreas de conhecimento buscando
um ensino multidisciplinar. De acordo com os PCNs.
O aprendizado de química no ensino médio deve possibilitar ao aluno a com
preensão tanto dos processos químicos em si,quanto da construção de um
conhecimento científico
em estreitas relações com as aplicações
ambientais, sociais, políticas e econômicas. Dessa forma, os estudantes
podem julgar com fundamentos as informações advindas da tradição
cultural, da mídia e da própria escola e tomar decisões autonomamente,
enquanto individuo e cidadãos. (BRASIL, 1999, p.240)
Assim, ao utilizar conhecimentos do dia-a-dia dos alunos para, a partir deles,
ensinar conteúdos de Química, visa-se o desenvolvimento de uma visão mais critica
do mundo que os cerca, de modo a perceberem a relação que existe entre seu
cotidiano e a Química. Desse modo, a escola estaria trabalhando de acordo com as
orientações do PCNs.
No caso do tema drogas, uma forma de despertar o interesse dos alunos e
educadores, na busca de ações coletivas e preventivas contra o uso de drogas,
seria oportunizar, nas aulas de Química, debates e reflexões em torno dos fatores
sociais e familiares que envolvem o uso indiscriminado, violento e crescente de
drogas, motivando os alunos para o desenvolvimento de uma vida saudável e digna.
11
O presente trabalho consiste em uma pesquisa com professores e alunos de
uma escola pública da região metropolitana de Porto Alegre, visando investigar qual
a importância que os professores estão dando aos temas transversais, em especial
ao tema saúde, em relação à prevenção ao uso de drogas, na educação escolar.
Também procura identificar os interesses e conhecimentos dos alunos da 3ª série do
Ensino
Médio
sobre
o
assunto drogas,
buscando
ver possibilidades de
contextualização dos conteúdos de Química Orgânica ao tema drogas, indicando
uma proposição de alternativas e sugestões metodológicas para uma abordagem do
tema drogas em aulas de Química, no ensino médio.
O trabalho está organizado em seis capítulos, sendo que o primeiro capítulo
consiste em apresentar o trabalho; no segundo capítulo, apresento a fundamentação
teórica do trabalho; no terceiro capítulo é apresentada a metodologia do trabalho,
em relação à pesquisa na escola e à proposta de ensino; no quarto capítulo, trago a
análise de resultados da pesquisa; no quinto capítulo, apresento algumas sugestões
metodológicas para os professores utilizarem em aulas de Química; finalizando,
apresento algumas considerações finais e as referências bibliográficas.
12
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Drogas: um Problema Social
Segundo Oliver (2001), as drogas são substâncias naturais ou sintéticas que
ao penetrarem no organismo humano sob qualquer forma – ingeridas, injetadas,
inaladas ou absorvidas pela pele – entram diretamente na corrente sanguínea,
atingindo o cérebro e alterando o seu equilíbrio fazendo com que a pessoa sinta
tudo “diferente”.
Na verdade, algumas bebidas bastante comuns em nosso dia-a-dia como
chá, café e bebidas de sabor cola contêm estimulantes leves que podem ter efeitos
sobre o nosso corpo e, de acordo com a definição apresentada, poderiam ser
consideradas como drogas. Isso significaria que se uma pessoa consumisse
regularmente grande quantidade dessas bebidas, poderia se tornar dependente
delas, mas não é isso que ocorre. Normalmente, considera-se a dependência de
drogas como algo muito grave, que pode levar a danos físicos como alterações no
comportamento e nos padrões normais da vida.
Quanto à origem, as drogas podem ser classificadas em naturais, semisintéticas e sintéticas. As drogas naturais são aquelas extraídas de uma fonte
exclusivamente natural, em geral as plantas, alguns exemplos são a cocaína, a
morfina, a mescalina e a psilocibina. As drogas semi-sintéticas são drogas obtidas
em laboratório a partir de uma matriz natural, a droga semi-sintética mais conhecida
é a heroína, obtida a partir da molécula de morfina. As drogas sintéticas são
totalmente obtidas em laboratórios sem a necessidade de precursores naturais, as
principais drogas sintéticas psicoativas são os barbitúricos e as anfetaminas.
Quanto à legislação, as drogas podem ser lícitas ou ilícitas. As lícitas
possuem permissão do Estado para serem comercializadas e consumidas, as ilícitas
13
não podem ser consumidas e muito menos comercializadas, pelo menos com a
anuência do Estado.
No que diz respeito aos efeitos, as drogas são classificadas como
depressoras, estimulantes e perturbadoras do sistema nervoso central.
As drogas depressoras diminuem a atividade do cérebro, fazendo o sistema
nervoso central funcionar de maneira mais lenta, deixando a pessoa “desligada” e
“devagar”. Entre as drogas depressoras podemos citar os calmantes, os remédios
para dormir, os inalantes e o álcool, que é a droga mais popular entre as
depressoras, sendo bastante consumida em todo o mundo.
As drogas estimulantes aumentam a atividade do cérebro, fazendo o sistema
nervoso central funcionar mais rapidamente e deixando a pessoa mais “ligada” e
“elétrica”. Esse tipo de droga pode ser ingerida (bolinhas) ou inalada, são drogas
utilizadas para manter o corpo e a mente em atividade por mais tempo (para
combater o cansaço) e, também, em tratamentos para emagrecer. São exemplos à
cocaína e seus derivados, como o crack e a merla, e as anfetaminas
As drogas perturbadoras, também chamadas de alucinógenos, mudam
qualitativamente a atividade do sistema nervoso central e produzem no usuário
alterações de percepção, delírios, ilusões ou alucinações. Esse tipo de droga produz
alterações perceptíveis no pensamento e “viagens”, sensações de efeito calmante e
relaxante, característico das drogas depressoras. Alguns exemplos são a maconha e
o haxixe e algumas são produzidas em laboratórios, como LSD (acido lisérgico) e o
ecstasy.
De acordo com Brito (1988, p.43), a dependência de drogas resulta da
interação de um organismo vivo e uma droga, caracterizando um comportamento de
compulsão para experimentar seu efeito psíquico e, às vezes, evitar o desconforto
provocado por sua ausência.
A diminuição do efeito de uma droga após administrações repetidas é
chamada de tolerância. Quanto maior a tolerância, maior a necessidade que o
organismo tem, em ocasiões sucessivas, de utilizar uma maior quantidade da droga,
para que se mantenha o nível inicial do seu efeito (BILBY,1988, p.3). Pode-se
perceber o efeito da tolerância quando um indivíduo continua aumentando a dose
para poder obter o mesmo efeito, sendo que essa tolerância pode ocorrer com, ou
sem, a dependência da droga.
14
Segundo Antón (2000, p.22), dependência é uma sensação da satisfação, é
um impulso psíquico provocado pelo uso de drogas que faz com que o indivíduo
use-a continuamente para manter-se satisfeito e evitar o mal estar. Quando privados
da droga, os dependentes sofrem modificações comportamentais e uma vontade
irreprimível de usar a droga. A dependência do uso de drogas pode ser reconhecida
em sintomas como: nervosismo, ansiedade e depressão. Alguns exemplos de
drogas bastante conhecidas que causam dependência psíquica, são as anfetaminas
e a nicotina do cigarro.
A dependência física ao uso de drogas é reconhecida como o estado de
adaptação que se manifesta pelo surgimento de profundas modificações físicas,
quando se interrompe o uso das drogas. São alterações do organismo associadas à
síndrome de abstinência e se manifestam por sinais e sintomas de natureza física e
psíquica tais como: ansiedade, vômitos, diarréia, convulsões, tremores violentos, e
alterações na coloração da pele, podendo levar a pessoa até a morte. Essas
alterações variam de acordo com a substância utilizada. São exemplos de drogas
que levam a dependência física: o álcool, os narcóticos, a morfina e os barbitúricos.
a) Drogas é um problema da família ou da escola?
Vivemos em sociedades grupais, são grupos de estudos, de amizades, de
trabalho, etc, que exercem influências marcantes na vida dos sujeitos, pois somos
seres subjetivos e a subjetividade aproxima as pessoas por suas semelhanças e as
afasta por suas diferenças.
Segundo Santos (1997), uma das características da adolescência é a
tendência grupal, que gera influencias marcantes no adolescente, emprestando-lhe
uma identidade que, muitas vezes, substitui a identidade do ambiente familiar e que
pode favorecer sua saída de casa. É no grupo que o jovem vive as primeiras
experiências sexuais, resguarda costumes e modismos, desenvolve a comunicação
e a prática de novas funções sociais e de auto-avaliação, tornando a formação social
dos grupos uma pratica saudável na adolescência. Em contrapartida, muitas vezes,
o adolescente é vulnerável à tendência grupal, servindo de objeto para exercícios de
ações que causam danos pessoais e sociais, tais como violência, uso e até o trafico
de drogas.
Segundo Santos (1997, p. 107), a adolescência é um período de crise e de
conflitos internos e externos que merecem a preocupação da família e da sociedade,
15
pois o jovem adolescente apresenta intensa necessidade de afeto, atenção,
compreensão, apoio e amor sendo, por isso, importante que os pais estejam atentos
a essas necessidades. No entanto, segundo esse autor os relacionamentos
familiares estão cada vez mais precários em função das dificuldades do mundo
atual: a falta de dinheiro, pais que trabalham o dia todo deixando os filhos sozinhos,
a falta de diálogo, tudo isso pode deixar o adolescente com carência afetiva, fazendo
com que o mesmo procure em outro lugar o que não encontrou em casa.
Quanto aos pais, é importante educarem-se a si próprios, pois devem
aprender a reconhecer o uso abusivo de drogas em casa, na escola, no bairro, na
comunidade, na cidade, no Estado e no País. Todos devemos saber a extensão e a
natureza do problema, quem está envolvido e o que está fazendo, para que
saibamos quais os efeitos e as conseqüências do uso abusivo das drogas.
As drogas, quando usadas pelo adolescente, alteram o seu comportamento.
A transformação ocorre de forma lenta e gradual, começando pelas amizades,
evoluindo para os estágios degenerativos, sociais, psicológicos, afetivos e
circunstanciais, chegando até a conduta anti-social. O uso das drogas pode levar o
adolescente à queda do rendimento escolar, e essa queda representa a apatia que
as drogas repercutem nos sujeitos, inclusive nos estudos. Nesse caso, o estudante
tende a manifestar desinteresse e sofre reprovações podendo culminar com o
abandono escolar. É importante que os pais prestem atenção no melhor amigo do
filho, pois, se o mesmo usa drogas, é bem provável que seu filho também utilize
(Santos, 1997).
Diante do problema, cria-se uma polêmica familiar diante da perspectiva de
“denunciar” o próprio filho, criando-se uma situação de medo e impotência diante do
problema. Como auxilio, existem as instituições que orientam os familiares quanto à
correta tomada de decisões com relação aos jovens, pois o objetivo é salvar e não
punir.
Santos (1997, p.141), comenta que a forma de enfrentar o consumo de
drogas na escola é um assunto polêmico. Sendo a escola, depois da família, a
instituição de maior significado para a formação dos sujeitos, é contraditório pensar
que as drogas, expressão oposta às aspirações educacionais, na maioria das vezes,
surjam na escola. Por outro lado, fatores como, por exemplo, a falta de perspectivas
profissionais dos estudantes, os diferentes interesses dos governantes, o
desconhecimento da comunidade sobre o assunto, os tabus, etc, propiciam
16
intranqüilidade no corpo docente que não sabe lidar com esse assunto e acaba
descaracterizando a escola como espaço para a prevenção e educação quanto ao
uso abusivo de drogas.
A prevenção ao uso de drogas deve ser feita, inicialmente, nas famílias, mas
ter a parceria da escola. Os pais, muitas vezes, por falta de tempo, não percebem
que estão passando a tarefa de educação apenas à escola e aos professores e que,
estes, por sua vez, estão despreparados tecnicamente e desmotivados pela série de
dificuldades que enfrentam, não conseguem fazer mais do que seguir a listagem de
conteúdos curriculares tradicionais.
Para Santos (1997), a escola, como segunda instituição mais importante da
vida, representa um marco na formação das primeiras amizades e dos primeiros
grupos de parceria. Além de tornar para si a responsabilidade maior de desenvolver
o processo de ensino aprendizagem, esta, também, é responsável pela conduta
social e efetiva dos alunos, dividindo com a família a preocupação com a formação
cognitiva do adolescente.
Segundo Santos (1997), o uso de drogas na adolescência se dá de forma
progressiva passando por três estágios. No primeiro estagio, há o contato com a
droga leve, geralmente a maconha, pois muitos jovens cultivam o hábito de fumar
tabaco. Em uma segunda fase, podem entrar os inalantes, e na terceira fase, as
drogas podem ser aplicadas por via endovenosa, com maior comprometimento da
saúde, pois a droga passa a funcionar como a primeira necessidade do indivíduo. As
veias preferidas para aplicação são a dos braços, por isso é normal os jovens
usarem camisas de manga longa no verão. Um outro indicativo é que as drogas
provocam alterações nos olhos, a heroína, por exemplo, contrai a pupila, já a
cocaína dilata a pupila, a maconha deixa os olhos avermelhados e a pupila reage
pouco a luz, por isso, muitos usam óculos de sol para ocultar estas alterações.
b) Mas como fazer esse trabalho preventivo na escola?
Até bem pouco tempo atrás, a escola afastava os alunos que utilizavam
drogas, o que não surtiu efeito, porque não resolvia o problema. Atualmente,
algumas escolas já desenvolvem ações no sentido de informar os riscos do uso de
drogas como modo de incentivar os cuidados com a vida, inclusive, inserindo no
currículo, matérias específicas para tratar esse assunto com os conhecimentos
científicos a ele associados.
17
O que tem sido discutido nas escolas, basicamente se refere ao uso e efeitos
da maconha e da cocaína, porém, algumas pesquisas mostram que combater a
maconha é pouco, pois o álcool, o tabaco, os solventes e os calmantes são muito
mais usados pelos estudantes de ensino fundamental e médio. Isso mostra que é
necessário abordar esse assunto de acordo com a realidade de cada escola e não
em função das drogas serem classificadas como lícitas ou ilícitas.
Embora a escola não seja a única responsável no combate ao consumo de
drogas pelos estudantes, ela pode estabelecer critérios que ajude a comunidade
escolar a identificar fatores que estejam contribuindo para o consumo, devendo
compartilhar sua responsabilidade com a família, com os profissionais da área da
saúde, com os líderes religiosos e com as empresas locais.
Lopes (1997, p.38) refere que a prevenção ao uso de drogas na escola era
um tabu, sendo utilizado como justificativa para não tratar esse assunto, o fato de
não haver tempo para trabalhar essa questão, e que a responsabilidade legal pelo
adolescente é da família, logo esse seria um tema para ser discutido na família. Hoje
em dia, porém, esse conceito mudou, pois, devido a complexidade e aumento
significativo de pessoas que tornam-se viciadas pelo uso abusivo de entorpecentes,
a escola e família tendem a somar esforços a fim de minimizar o problema.
Vizzolto (1997, p.72), afirma que as instituições, inclusive a escola, têm
preconceitos com relação aos problemas que envolvem o uso de drogas, bem como
os que dela fazem uso. Existem grandes pressões por parte das escolas,
professores e especialistas, quanto a este ser um problema de família e que ações
preventivas desenvolvidas na escola despertariam a curiosidade nos alunos pelas
drogas. Por isso, os pais precisam conhecer formas de abordar o assunto, talvez de
modo semelhante ao que a escola faz, mas sempre com auxilio profissional, porque
quando a escola e a família conseguem desenvolver, juntas, ações preventivas, são
maiores as chances de enfrentar o problema.
Nesse sentido, algumas iniciativas têm sido tomadas e um dos seus efeitos é
desfazer alguns mitos. Um deles diz respeito à eficácia de trabalhos de prevenção
junto aos pré-adolescentes, que alguns profissionais acreditavam ser perigoso, sob
a alegação que a discussão poderia causar curiosidade, levando o aluno a querer
experimentar as drogas.
Lopes (1997, p.83) destaca algumas questões que devem ser tratadas para
efetivar a prevenção do uso de drogas na escola:
18
•
Procurar
a
orientação
profissional
de
psiquiatras,
psicólogos,
enfermeiros e outros terapeutas na área de dependência química.
Algumas entidades como a Cruz Vermelha Brasileira, ou fundações
que podem ajudar a implantar um bom programa de prevenção nas
escolas;
•
Conhecer programas já implantados, os quais devem orientar seus
alunos em relação aos malefícios causados pelas drogas, embasados
cientificamente;
•
Incentivar a informação, inserindo o tema em programas como Feiras
de Ciências nas escolas;
•
Procurar parcerias com os pais, através de reuniões. Geralmente os
pais se fazem presentes na entregas de boletins, portanto essa é uma
boa oportunidade para bordar o tema, expondo o que a escola está
fazendo;
•
Dar tratamento adequado a cada caso. Se detectar alunos com
problemas na sua escola, um profissional deve procurar o melhor
encaminhamento para o indivíduo;
•
Valorizar os esportes, a auto-estima e a vida, tentando afastar os
jovens das drogas. Utilizar a linguagem deles, pois, quanto mais
próxima estiver a campanha da realidade deles, maior será o impacto e
a absorção de informações.
O papel da escola na formação dos jovens exige que assuma e incorpore, em
sua rotina diária, programas que visem à prevenção ao uso de drogas, e caso o
problema aumente, a escola não deve só prevenir, mas, também, intervir, mantendo
regras e normas que devem ser seguidas pelos estudantes que tenham problemas
em função do uso de drogas.
Os conhecimentos e informações tratados na escola devem ser usados para
educar a sociedade, assim os programas de prevenção devem ensinar aos jovens,
práticas e iniciativas que valorizem a vida e a saúde. Chama-se a atenção, no
entanto, que apenas as informações não bastam para prevenir o consumo de
drogas, tanto a família como a escola deve evitar o acesso fácil ao uso de álcool e
drogas e, se necessário, buscar auxilio de profissionais para que acompanhem fases
difíceis no desenvolvimento dos adolescentes, que incluem as transformações
19
físicas e psíquicas, os questionamentos, as dúvidas e incertezas, os medos e
receios, entre outros.
É importante conhecer os problemas que o consumo de drogas causa,
abrindo uma discussão sobre o assunto, obtendo informações sobre problemas
atuais e seus efeitos no processo educacional. A família deve ajudar e dar seu
consentimento para que a escola tome medidas necessárias, tais como
encaminhamentos para psicólogos, psiquiatras, aconselhamentos e palestras, entre
muitos outros. É preciso ficar claro que a prevenção ao uso de drogas é de interesse
de toda comunidade escolar que, ao apoiar a manutenção de programas de
prevenção, cria novas bases de apoio para os adolescentes e suas famílias.
Talvez caiba nos perguntarmos: O que se quer prevenir? Para quem? Quem
está pedindo? Uma vez que uma prevenção ampla não é passível de realização, a
abordagem técnica seja na área de saúde ou da educação, sempre irá se limitar a
isto.
Segundo Vizzolto (1987, p.85), há muitos anos não existia prevenção ao uso
de drogas, as ações, quanto a essa questão, eram todas de repercussão jurídica.
Mas com o passar do tempo, como forma de intervir e evitar o uso de drogas, as
escolas passaram a informar sua clientela sobre o perigo quanto ao uso de drogas,
cuidando, no entanto, a forma como o faz, isto é, deve avaliar sobre quais
informações devem ser divulgadas e, também, como serão tratadas, por quais
profissionais, etc.
Normalmente a escola opta em promover a prevenção ao uso de drogas
através de palestras informativas aos pais e alunos, tentando analisar as possíveis
causas do problema. Para isso, muitas vezes, desenvolve programas visando de
sensibilizar e informar as pessoas quanto aos prejuízos do abuso e do uso indevido
drogas para si e para a sociedade.
Segundo Vizzolto
A escola poderá reverter o processo de alienação do jovem desenvolvendo
a consciência critica, promovendo uma educação pelo diálogo que leve o
homem à procura da verdade em comum, ouvindo, questionando,
libertando-se e investigando. Com isso possibilitará ao aluno uma discussão
corajosa sobre sua problemática do mundo (1987, p.63).
Vizzolto (1987, p.92) refere que se a escola constatar que o aluno está
usando drogas é importante:
20
•
Não tirar conclusões apressadas, não se deixando levar pelo
preconceito;
•
Evitar “fofocas” e a busca de informações indiscriminadas (ter uma
postura ética);
•
Conversar com o aluno com respeito, amor e compreensão;
•
No caso de dependência, tentar ajudá-lo junto a órgãos especializados.
Atitudes que a escola deve evitar com o aluno usuário de drogas, segundo
Vizzolto (1987, p.95):
•
Transferências;
•
Expulsão;
•
Ameaças;
•
Marginalizar o aluno;
•
Tecer comentários sobre sua vida e sua família, que não sejam com o
intuito de ajudá-lo;
•
Denunciá-lo aos colegas; e
•
Querer saber de quem o aluno recebe drogas.
A escola deve ouvir o aluno com naturalidade, tendo uma postura ética, esse
assunto não precisa “vazar” para toda a escola ou se tornar tema de conversa nos
corredores, fazendo com que o aluno perca a confiança que depositou na escola
e/ou no profissional com quem compartilhou esta questão.
Apesar da discordância de alguns autores, pois uns acham que o tema
drogas é um problema familiar, outros insistem em afirmar que o problema das
drogas é um problema social que deve ser resolvido através de campanhas de
conscientização e de palestras preventivas, dificilmente conseguirão não enxergar
esse problema com questão educacional. Nesse sentido, é importante que a
instituição de ensino tenha condições de ajudar o estudante, informando-o sobre os
efeitos das drogas e questionando-o a respeito de como se sente em relação aos
amigos e a escola procurando na família e nas instituições especializadas auxilio
para lidar com esse grande problema social.
21
2.2 PCNs e Currículo Escolar
A proposta de organizar o currículo do ensino médio por áreas de
conhecimento,
promovendo
a
interdisciplinaridade
e
as
suas
abordagens
complementares, foi considerada um “avanço do pensamento educacional” segundo
as Orientações Curriculares do Ensino Médio (OCEM), no entanto, percebe-se que
sete anos após a divulgação dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino
Médio (PCNEM), a prática curricular continua sendo disciplinar e com uma visão
linear e dividida no que diz respeito ao conhecimento das disciplinas.
Para haver essa mudança é necessário que escolas organizem seus
currículos, escolham temas atuais que considerem necessários para a formação dos
estudantes e articulem esses temas aos conteúdos, adotando metodologias
diversificadas e coerentes com a proposta curricular, enfim, pensem em estratégias
para estimular a aprendizagem dos alunos.
No entanto, o que vemos são professores, de diferentes áreas, realizando
suas atividades sem se preocuparem com as possíveis relações entre os diversos
conteúdos abordados no ensino de ciências. Essa inter-relação que não está sendo
oportunizada ao estudante, faz com que ele deixe de relacionar e entender o
conteúdo como parte do todo, estudando apenas conceitos isolados.
Nesse sentido, é fundamental que as escolas possibilitem o diálogo entre
professores de diferentes áreas para a organização curricular, de modo a
trabalharem na busca de propostas pedagógicas interdisciplinares. É preciso haver a
instituição de espaços interativos de planejamento e acompanhamento pedagógico,
como sugere os PCNEM e PCN+.
A organização do trabalho escolar não só leva em conta como expressa as
especificidades do próprio projeto pedagógico, da dinâmica de gestão e de
funcionamento da escola e da comunidade, configurando-se com
características sempre diferenciadas. Por outro lado, conforme a orientação
teórica e metodológica que os professores assumam, conscientemente ou
não, a organização dos conteúdos do ensino escolar poderá partir de
diferentes eixos estruturadores das praticas. Nesse cenário, não existe uma
forma homogênea de organização do conteúdo da química no currículo
escolar (BRASIL, 2006, p.125).
No caso da disciplina de Química, caberia ao professor organizar os
conteúdos que serão trabalhados no ano letivo e as estratégias que irá utilizar para
22
realizar seu ensino. Além disso, o professor deve estar engajado na promoção de
propostas de ensino vinculadas a realidade da comunidade escolar onde atua. Na
verdade, o que se espera do professor, segundo as OCEM, é que procure novas
abordagens para os tratamentos conceituais, não repetindo as tradicionais divisões
da química em química geral, físico-química e química orgânica. Talvez uma
alternativa seja reunir os conhecimentos da área de química em diferentes temas
que possam ser trabalhados “transversalmente” também em outras disciplinas.
Nesse sentido, os temas transversais são inseridos nos PCNs com a
preocupação de possibilitar e estabelecer inter-relações entre diferentes objetos do
conhecimento, de forma a propiciar estratégias para abrir espaços à inclusão de
saberes extra-escolares no currículo escolar, dando sentido social a procedimentos
e conceitos das áreas convencionais, de maneira que os alunos superem o aprender
apenas pela necessidade escolar de passar de ano. Os temas transversais também
estão associados ao propósito de educar para a cidadania, o que “requer que
questões sociais sejam apresentadas para a aprendizagem e a reflexão dos alunos,
buscando um tratamento didático que complete sua complexidade e sua dinâmica,
dando-lhes mesma importância das áreas convencionais” (BRASIL,1998, p.25).
De acordo com os PCNs, os temas transversais ética, meio ambiente,
pluralidade de culturas, saúde, orientação sexual, trabalho e consumo, devem ser
incluídos nos currículos escolares, de forma que o professor possa priorizar e
contextualizar os conteúdos de acordo com as diferentes realidades locais e
regionais de cada escola, sendo compreendidos num trabalho sistemático e continuo
no decorrer de toda a vida escolar.
Na escola, o tema saúde já vem sendo abordado nas escolas e fazendo parte
do currículo, mesmo não havendo uma disciplina específica. A lei° 5692/71 (BRASIL,
1998, p.258) inseriu formalmente no currículo escolar a temática saúde, com o
objetivo de desenvolver na criança e no adolescente, hábitos saudáveis quanto à
higiene pessoal, alimentação e prática desportiva, procurando preservar a saúde
pessoal e coletiva.
Em 1977, o conselho Federal de Educação reafirmou a posição de que os
programas de saúde não devem ser encarados como uma matéria ou disciplina,
“mas como uma preocupação geral do processo formativo, intrínseca a própria
finalidade da escola” (BRASIL,1998, p.258).
23
Atualmente, os documentos oficiais orientam para que o tema saúde seja
tratado como um tema transversal e considera que os trabalhos e a aprendizagem
sobre a saúde possam ser desenvolvidos a partir da realidade e das necessidades
da comunidade escolar. Dependendo da proposta do professor, os conteúdos e
atividades que envolvem o tema saúde podem estimular o aluno a conhecer e até a
participar de algumas ações de saúde em seu município, como o acompanhamento
de programas ou serviços sociais que contribuam para formar cidadãos capazes de
atuar em favor da melhoria dos níveis de saúde pessoal e comunitária.
De acordo com os PCNs, é de fundamental importância que, ao trabalhar o
tema saúde, não sejam priorizadas somente as informações e as proteções
específicas biológicas das doenças, mas que se construa com o aluno a convicção
de que a instalação de doenças depende das condições e cuidados que temos com
a vida. Somente através de ações desenvolvidas juntamente com a família, é que a
escola poderá ser capaz de orientar para os cuidados com a saúde. Nesse sentido,
sabemos que a informação ocupa um lugar muito importante na aprendizagem e que
a promoção da saúde só será realizada, se a escola, como um todo, se mobilizar na
busca de ações para uma vida saudável.
Além disso, é necessário que a escola oportunize ao aluno a aquisição de
valores, hábitos e atitudes para que os mesmos, juntamente com sua família, criem
processos que possam estruturar e fortalecer hábitos saudáveis, tornando-os
sujeitos capazes de influenciar mudanças que busquem a saúde pessoal e a
qualidade de vida.
Mesmo que saibamos que a responsabilidade de educar para a saúde não é
somente da escola, mas, em especial dos próprios serviços de saúde, podemos
considerar e ver a escola como instituição que, também, pode se transformar num
espaço genuíno de promoção de saúde.
Com o objetivo e a preocupação de promover a informação, visando à
conscientização dos alunos para o direito à saúde, aborda-se na escola o tema
drogas, mas, na maioria das vezes, esse é tratado como assunto à parte, e é preciso
que seja tratado como tema transversal de fundamental importância para a saúde do
jovem adolescente. De acordo com PCNs, a escola deve tratar a dimensão do
problema social referente às drogas, de forma especial, visto que as dificuldades em
lidar com esse assunto geram certo receio, pois, por ser um tema delicado, pode ser
interpretado de maneira errônea e o efeito será contrário ao pretendido.
24
Na adolescência, o uso de drogas lícitas é muito significativo e vem
aumentando cada vez mais, como podemos acompanhar diariamente nos meios de
comunicação. Algumas dessas drogas podem ser facilmente adquiridas e
comercializadas em mercados, farmácias, praças, pátios de escolas, em festas, etc.
Dentre as drogas lícitas, o tabaco, o álcool, os inalantes e os tranqüilizantes, são as
que mais livremente transitam nos meios sociais e até mesmo na vida cotidiana dos
adolescentes, portanto, seu consumo é bastante elevado entre os jovens, que, pela
falta de conhecimento aliada a facilidade de aquisição, podem provocar danos à
saúde dos usuários.
Diante disso, não há como escola não se envolver nessa problemática. A
escola é um local onde esse assunto deve ser tratado, já que é lá que os
adolescentes estão. A escola pode desenvolver ações pedagógicas que sejam
capazes de possibilitar e criar condições necessárias para o desenvolvimento de
atitudes que protejam os estudantes contra os agravos à saúde decorrente do uso
abusivo de drogas.
2.3 Ensino de Química: um Compromisso com a Cidadania
Segundo Santos (1998, pág.11), o ensino de Química deve ter um
compromisso com a formação da cidadania e deve estar centrado na inter-relação
da informação de conceitos químico, com o contexto social. Considera que a
participação dos indivíduos na sociedade vai além da compreensão dos conceitos
de Química, no entanto, vê a Química como facilitadora para um melhor
entendimento da sociedade na qual os sujeitos estão inseridos.
A educação deve procurar desenvolver ações relacionadas a assuntos
comunitários como, por exemplo, incentivar os jovens a assumirem posturas de
comprometimento com a busca coletiva da saúde, visando diminuir os problemas
existentes nessa área. Porém, para que o cidadão efetive sua participação na
sociedade, é necessário que ele disponha de informações que estejam diretamente
vinculadas aos problemas sociais que lhe afetam e que disponha de conhecimentos
que possam auxiliar para o encaminhamento das soluções de seus problemas.
Para fazer com que o jovem interaja com a sociedade visando o bem estar de
todos, o educador, comprometido com a formação do adolescente, deve realizar
25
ações que favoreçam o desenvolvimento de sua capacidade crítica, e de tomada de
decisões e posicionamentos, voltada ao bem estar da comunidade.
Os Temas Transversais, incluídos nos PCNs, são apresentados como
estratégia para a formação de alunos mais críticos, que possam desenvolver a
capacidade de posicionar-se diante das questões que interferem na vida coletiva, e
que teriam como objetivo abrir espaços para os saberes extracurriculares,
superando a concepção do aprender apenas para passar de ano. O trabalho
pedagógico com esses temas tem o propósito de educar para a cidadania, o que
requer a integração de diferentes temas nas áreas convencionais, possibilitando a
relação com as questões da atualidade.
Entre os temas transversais, apresentados pelos PCNs, o tema saúde é de
fundamental importância para a escola, a família e a sociedade. Provido de saúde
física, mental e emocional, o adolescente tem maiores condições de fazer escolhas
que lhe permita ter inserção nos diferentes grupos sociais.
Ao trabalhar com o tema transversal saúde na educação escolar, o papel do
professor não é ditar regras comportamentais ou dar modelos a serem seguidos.
Seu papel é motivar os estudantes e associar aos conteúdos questões sobre saúde,
problematizando e facilitando as discussões sobre o tema, de modo a criar
estratégias para melhor desenvolver esse assunto na escola, pois, sabe-se que na
adolescência, os jovens, equivocadamente, podem dar mais importância as
referências grupais do que a formulação de conceitos, atitudes e comportamento
que os leve para uma vida mais harmônica e saudável.
Percebe-se que nas ultimas décadas, além dos temas tradicionais
trabalhados sobre saúde como, por exemplo, sexo, doenças sexualmente
transmissíveis, entre outras, a escola vem sendo obrigada, pelas circunstâncias e
apelo da sociedade, a abordar problemas importantes e urgentes como, por
exemplo, a violência social, o meio ambiente e o uso de drogas.
No caso da abordagem sobre uso de drogas, a alternativa parecer ser o
desenvolvimento de um trabalho que focalize questões que busquem a valorização
da vida. A partir dessa constatação, é necessário adotar metodologias que ajudem o
aluno a identificar problemas, levantar hipóteses, reunir dados, refletir sobre os
acontecimentos e desenvolver soluções com a preocupação de promover o bem
estar e a saúde pessoal e coletiva do grupo, e isso pode ser feito a partir
conhecimentos e informações adquiridas no meio escolar.
26
2.4 Química Orgânica no Estudo de Drogas
De acordo com as orientações dos PCNs, a inserção do tema transversal
saúde na educação escolar escola indica seu compromisso com a promoção da
saúde dos alunos e, de certa forma, da comunidade escolar. Talvez uma forma de
fazer isso seja relacionar os conteúdos curriculares com o cotidiano dos alunos.
Nesse sentido, é bastante pertinente abordar e relacionar o tema saúde com a
prevenção ao uso de drogas, sendo possível articular esse assunto com os
conteúdos de Química Orgânica, uma vez que a composição Química das drogas
são de origem orgânica. As substâncias componentes das drogas afetam o sistema
nervoso central, sendo possível explicar seus efeitos no organismo, através de suas
estruturas e grupos funcionais de origem orgânica.
A Química Orgânica é definida como o ramo da Química que estuda os
compostos constituídos por átomos de carbono, sendo que a quantidade de
compostos orgânicos ultrapassa em muito a quantidade total de compostos
formados pelos demais elementos. O átomo de carbono possui número atômico 6 e
sua configuração eletrônica é 1s² 2s² 2p 2, com 4 elétrons no nível mais externo, o
que possibilita ao carbono fazer quatro ligações covalentes. Além de ligações
simples, pode haver ligações duplas e triplas, entre átomos de carbono e, também,
entre carbonos e elementos diferentes, podendo formar compostos binários (C e H),
ternários (por exemplo, C, H e O) ou quaternários (por exemplo, C, H, N e O).
Os átomos de carbono ligam-se entre si ou com outros elementos, formando
estruturas denominadas cadeias carbônicas, essas constituem o “esqueleto” dos
compostos orgânicos. Quando há outro elemento entre átomos de carbono, este é
denominado heteroátomo como podem ser, por exemplo, os elementos O, S, N e P.
Os átomos de carbono são classificados de acordo com a localização em que se
encontram na cadeia carbônica, podendo ser classificados como carbonos
primários, secundários, terciários ou quaternários, caso estejam ligados a um, dois,
três ou quatro átomos de carbono, respectivamente.
As cadeias carbônicas podem ser classificadas de acordo com o quadro que
segue.
Quadro 1 – Classificação das Cadeias Carbônicas
Cadeia
Característica
Exemplo
27
Aberta, acíclica ou
alifática
Apresenta carbonos livres
nas extremidades
Fechada ou cíclica
Os carbonos ligam-se uns
aos outros formando um
ciclo
Aromática
Possui anel benzênico
Alicíclica (não aromática)
Não possui anel benzênico
Normal (aberta)
Contém apenas carbonos
primários e secundários
Ramificada (aberta)
Possui pelo menos um
carbono terciário
Saturada (aberta ou
fechada)
Apresenta somente
ligação simples entre
átomos de carbono
Insaturada ou nãosaturada (aberta ou
fechada)
Há pelo menos uma
ligação dupla ou tripla
entre átomos de carbono
Heterogênea (aberta ou
fechada)
Apresenta heteroátomo
(S, O, N ou P entre
átomos de carbono)
Homogênea (aberta ou
fechada)
não apresenta heteroátomo
Mista
Cadeia aberta e fechada
A Química Orgânica estuda os compostos do carbono, sendo que esses
podem ser classificados como compostos orgânicos naturais e compostos orgânicos
28
artificiais. Os compostos orgânicos naturais são encontrados na natureza,
provenientes do petróleo ou de vegetais. Já os compostos orgânicos artificiais são
produzidos em laboratórios como ocorre com os plásticos, os medicamentos, os
corantes, os tecidos sintéticos, etc.
Apesar da existência de milhões de compostos orgânicos diferentes,
podemos agrupá-los quanto à semelhança de suas propriedades químicas. O
conjunto de compostos que apresentam comportamento químico semelhantes
pertencem a uma mesma função química. Nas funções orgânicas, as substâncias
podem ser reconhecidas pela presença de um átomo ou grupo de átomos
específicos, denominados grupos funcionais (parte da molécula onde ocorre a
maioria das reações quimicas), sendo esses grupos determinantes na definição das
propriedades químicas dos compostos e, também, de algumas propriedades físicas.
Dentre as principais funções químicas estão: hidrocarbonetos, álcoois, fenóis,
éteres, aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos, ésteres, amidas, aminas, nitrilas, e
haletos orgânicos. No caso deste trabalho, abordaremos apenas algumas funções
(hidrocarbonetos, alcoóis e aminas), aquelas que contêm substâncias que fazem
parte da composição química das drogas.
Iniciaremos pela função química mais simples, compostas apenas por C e H,
por isso, denominados hidrocarbonetos. Entre os hidrocarbonetos podemos citar
como exemplos: metano, etano, propano, butano, gases utilizados como
combustíveis
e,
também,
os
solventes.
Ao
trabalhar
a
função
química
hidrocarbonetos, encontramos alguns compostos alifáticos e aromáticos, facilmente
voláteis, que são encontrados em diversos produtos comerciais chamados
solventes. Esses produtos, quando inalados, possuem efeitos tóxicos, e quando
utilizados por crianças e adolescentes, provocam efeitos como euforia e
alucinações.
a) Alcoóis
Os alcoóis se caracterizam por apresentarem o grupo hidroxila (OH-) ligado a
um átomo de carbono da cadeia. Os alcoóis são classificados em primários,
secundários e terciários, diferenciando-se pelo o tipo de carbono onde se localiza o
grupo OH-. Assim, se a hidroxila estiver ligada a um carbono primário, teremos um
álcool primário, se estiver ligada a um carbono secundário, teremos um álcool
29
secundário e se a hidroxila estiver ligada a um carbono terciário, teremos um álcool
terciário, como representado a seguir:
Figura: Fórmula estrutural e modelo espacial do Etanol
Fonte: Wikipedia, 2007.
O etanol quando misturado com a água na proporção de 95% de álcool e 5%
de água, forma uma mistura azeotrópica ou azeótropo. Isto significa que não é
possível concentrar o álcool além de 95% através da destilação fracionada. Esta
mistura comporta-se como um composto puro, sendo praticamente impossível
separar os dois componentes. O etanol a 95% em água tem PE = 78,15o C, inferior
aos pontos de ebulição de seus componentes (etanol = 78,3o C e água = 100oC).
O álcool etílico é o mais importante dos alcoóis, sendo conhecido comumente
como álcool. Ele é um importante solvente industrial e farmacêutico, muito utilizado
como meio reacional em Química e como ingrediente ativo em bebidas. O álcool
contido em bebidas alcoólicas, cientificamente conhecido como etanol (CH3CH2OH),
é uma substância incolor, inflamável, com odor característico e miscível em água,
com ponto de fusão igual a -114,1°C e ponto de ebul ição igual a 78°C, a pressão de
1 atm.
O álcool presente em bebidas alcoólicas (etanol) é o mesmo usado em
limpeza doméstica e como combustível automotivo no Brasil. São freqüentes às
30
dúvidas, sobre qual seria a diferença entre o álcool de bebidas alcoólicas e o álcool
doméstico, mas o fato é que a diferença não está no tipo do álcool (eles são
exatamente iguais). O que varia é a concentração do álcool (o teor alcoólico em uma
lata de cerveja é 6% e em um litro de álcool doméstico é 96%) e, também, a adição
de substâncias que dão cheiro e cor ao álcool doméstico, para que fique
inviabilizado seu uso em bebidas.
O método de obtenção de etanol, utilizado no Brasil, é o processo de
fermentação que utiliza a cana-de-açúcar para obter açúcar e etanol. A fermentação
é um processo bioquímico catalisado por enzimas e ocorre em duas etapas: a
primeira envolve a conversão de polissacarídeos (amido, por exemplo) em
monossacarídeos (glicose, por exemplo) podendo ter como fonte natural além da
cana-de-açúcar, vegetais ricos em açúcar, como a beterraba, frutas, extrato da
mandioca, do arroz e do milho e da celulose extraída, principalmente, dos
eucaliptos; a segunda envolve a conversão do monossacarídeo em álcool etílico
(Allinger, 1976, p.53). A fermentação é um processo de produção de bebidas
alcoólicas com baixo teor alcoólico, para se obter bebidas com teor alcoólico maior
como, por exemplo, a cachaça, é necessário fazer um processo de destilação.
Então, entre as bebidas fermentadas e as destiladas a diferença está na
concentração alcoólica e nos processos de obtenção de cada uma. As bebidas
fermentadas foram as primeiras a serem produzidas pelo homem, o processo de
obtenção consiste em deixar que o suco proveniente da moagem dos vegetais
(frutos, tubérculos, raízes, cereais) ou do mel de abelha permaneça em repouso
sofrendo a ação de leveduras, as enzimas dessas leveduras quebram as moléculas
de açúcar produzindo álcool e gás carbônico. Entre as bebidas fermentadas
podemos citar o vinho, a cerveja e o saquê, sendo que as concentrações de álcool
nessas bebidas são baixas, variando de 5 a 15% da composição.
As bebidas destiladas são obtidas através do processo de fermentação do
vegetal, seguido do processo de destilação. A destilação consiste em separar os
componentes da mistura através de seus pontos de ebulição. Após a mistura
alcoólica ser obtida, ela é extraída do conteúdo excessivo de água e impurezas, o
que aumenta sua concentração de álcool, podendo ser superior a 50% da
composição. Algumas bebidas destiladas são a cachaça, o uísque, a vodca, o gim e
o conhaque, sendo que cada uma dessas bebidas possui um teor diferente de
etanol.
31
Os licores não pertencem a nenhuma das duas categorias, pois apesar de
possuírem alto teor alcoólico, são bebidas artificiais feitas de caldas de fruta (o que
lhes dá o aspecto viscoso) e álcool potável que é misturado a estas caldas (de
pêssego, jabuticaba, ameixa, etc). O vinho-do-porto é um vinho ao qual foi
adicionado garapa (destilado da uva) ainda durante a fermentação, daí seu alto teor
alcoólico (aprox. 18%), bem mais alto do que um vinho médio (12%).
Quadro 2: Concentração de álcool em bebidas fermentadas e destiladas.
Bebidas
Primeiro, vamos supor que
ambos possuem a mesma
quantidade, por exemplo: uma
latinha.
Qual é a concentração de
etanol em cada um deles?
Quantidade de álcool em cada
um deles.
Comparando por doses.
Quanto de álcool eles possuem
em cada dose?
Fonte: Geocities, 2007
CERVEJA
VINHO
UÍSQUE
350 mL
350 mL
350 mL
6%
12%
46%
21 mL
42 mL
161 mL
Uma lata de
cerveja: 350
mL
Uma taça de
vinho: 200 mL
Uma dose de
Whisky: 50 mL
21 mL
24 mL
23 mL
Trazer a função química álcool para discutir o tema drogas neste trabalho se
justifica, porque, embora as bebidas alcoólicas sejam um tipo de droga,
normalmente não são consideradas como tal, principalmente, pela sua grande
aceitação social, cultural e mesmo religiosa. Apesar de o álcool ser uma substância
tóxica e depressora do sistema nervoso central, diminuindo o tempo de resposta a
estímulos externos e sendo causa de atos violentos e graves acidentes de trânsito, é
comercializado livremente sem que haja qualquer tipo de manifestação contrária ao
seu consumo.
As bebidas alcoólicas são misturas contendo etanol, água e, eventualmente,
outras substâncias oriundas do processo de fermentação (dependendo do
polissacarídeo ou dissacarídeo utilizado a composição da bebida) ou que são
adicionados para dar gosto e cheiro específico. O uso abusivo de bebidas alcoólicas
exerce efeitos maléficos sobre a saúde, sendo grande a quantidade de adolescentes
que insistem em consumir deliberadamente essa droga.
32
Nas bebidas alcoólicas, o etanol (CH3CH2OH) é ingerido e absorvido no
intestino e, posteriormente, distribuído pelo corpo até atingir o sangue e o cérebro. O
álcool tem como principal efeito, quando consumido em curto prazo, a perda da
coordenação motora, fala arrastada, pupilas dilatadas e perda do autocontrole
emocional. Já, quando consumido por longo tempo, causa destruição parcial do
fígado e do sistema nervoso, depressão respiratória, disfunção sexual, aumento do
colesterol, doenças cardiovasculares, câncer e cataratas, podendo levar a pessoa à
morte. Um efeito do álcool é a possibilidade de promover integração social,
principalmente, de pessoas tímidas ou inibidas, porém quando passa o efeito, o
sujeito fica deprimido e, esse ciclo, pode produzir consumidores rotineiros e
dependentes. Mesmo assim, seu uso é bastante comum, uma vez que é
considerada uma droga licita de fácil aquisição e também por provocar efeitos
prazerosos reduzindo, em um primeiro momento, a ansiedade e relaxando os
músculos.
b) Aminas
Algumas drogas bastante conhecidas e disseminadas entre os adolescentes,
de várias classes sociais, são os alcalóides, cuja composição química são os
compostos orgânicos nitrogenados, as aminas.
As aminas são substâncias orgânicas derivadas da amônia (NH3), pela
substituição de um ou mais hidrogênios por radicais alquila ou arila (freqüentemente
abreviados pela letra R). Se substituirmos um, dois ou três hidrogênios teremos,
respectivamente, aminas primárias (R-NH2), secundárias (R1R2NH) ou terciárias
(R1R2R3N).
amina primária
amina secundária
amina terciária
A nomenclatura das aminas é dada pelo nome do radical seguido da palavra
amina. Quando os grupos são diferentes, estes são nomeados sucessivamente, do
menor para o maior, terminando o nome do composto com o sufixo amina.
33
CH3-CH2
|
CH3 – NH2
CH3 – NH – CH2 – CH3
CH3-CH2-CH2-N
|
CH3
metilamina
metiletilamina
metiletilpropilamina
Como o nitrogênio é menos eletronegativo que o oxigênio, a ligação N-H
apresenta-se menos polarizada que a ligação O-H (presentes nos alcoóis). Por essa
razão, as aminas formam pontes de hidrogênio mais fracas que os alcoóis com
pesos moleculares semelhantes. Como as ligações são mais fracas, compreende-se
que os pontos de ebulição das diversas aminas também sejam mais baixos que o
dos alcoóis de peso molecular semelhante (necessitarão de menor energia para
evaporar, já que suas moléculas estão “menos” ligadas umas às outras). Assim, as
aminas primárias e secundárias têm pontos de ebulição menores que os dos alcoóis,
mas maiores que os dos éteres de peso molecular semelhante. As aminas terciárias
(não fazem pontes de hidrogênio) têm pontos de ebulição mais baixos que os das
aminas primárias e secundárias de pesos moleculares semelhantes.
Os alcalóides são substâncias nitrogenadas extraídas de vegetais. Quando
administrados em animais produzem efeitos fisiológicos que estimulam ou paralisam
o sistema nervoso central, e/ou elevam ou diminuem a pressão sangüínea. Apesar
dos alcalóides serem usados em grande quantidade na medicina, os mesmos são
considerados tóxicos quando utilizados em dosagens incorretas (SOLOMONS,
2006, p.276). Alguns exemplos de drogas contendo alcalóides são o ecstasy, a
nicotina, as anfetaminas, a coniína, a cocaína e o LSD (ácido lisérgico).
•
Ecstasy
O ecstasy é um alcalóide sintético, também conhecido como droga do amor,
que estimula a produção de serotonina no cérebro, sendo responsável pela
sensação de prazer e considerada uma droga letal, pois provoca um aumento
exagerado da temperatura corporal. Essa é uma droga com bastante circulação
entre os adolescentes por ter seu uso associado às festas freqüentadas por jovens.
O ecstasy poderia ser considerado uma droga estimulante, semelhante à cocaína e
às anfetaminas, já que possui efeitos agudos similares a estas substâncias, no
34
entanto, é classificado como um alucinógeno devido ao seu potencial de provocar
alucinações.
Metilenodioximetanfetamina (C11H15NO2)
•
Nicotina
A nicotina, alcalóide encontrado no tabaco, é uma das drogas mais
consumidas no mundo e que mais rapidamente causa dependência. Em pequenas
quantidades, age no organismo como um estimulante, em doses elevadas provoca
depressão, náuseas e vômitos. A nicotina é formada por um composto bicíclico com
um anel de piridina e um anel de pirano, constituída por um líquido com cor entre o
amarelo pálido e o castanho escuro e com odor semelhante ao de peixe quente. Sua
fórmula C10H14N2, apresenta massa molecular de 162,234 g.mol-1, ponto de fusão
79°C e ponto de ebulição 247°C.
Nicotina
Durante a combustão do tabaco, substâncias (gases, vapores orgânicos e
compostos liberados na forma de partículas) são produzidas e transportadas pelo
organismo, uma vez chegando aos pulmões, atuam principalmente no aparelho
respiratório, mas podem, também, entrar na corrente sanguínea, causando outros
malefícios ao organismo. Na seqüência, relacionamos algumas dessas substâncias:
•
Nicotina: é o alcalóide responsável pela maior parte dos efeitos negativos do
tabaco sobre o organismo e o que gera a dependência física. A vida média da
nicotina no sangue é inferior a duas horas, e quando sua concentração no
organismo fica reduzida, aparecem sintomas que alertam o fumante para o
desejo de um novo cigarro.
35
• Irritantes: são substâncias presentes no tabaco responsáveis pela alteração
dos mecanismos de defesa do pulmão, são fenóis, peróxidos de hidrogênio,
ácido cianídrico, amoníaco, etc.
•
Alcatrão: ao sofrer combustão parcial seus componentes são responsáveis
pelas manchas na pele dos dedos e nos dentes dos fumantes. O fumante que
consome uma maço de tabaco diariamente, inala cerca de 380 cm3 de alcatão
por ano, o que significa revestir as vias respiratórias e os pulmões com mais
de ¾ de litro de alcatrão. O alcatrão contém benzopirano, substância que
pode lesionar o material genético das células e produzir cancro seus
componentes mancham a pele dos dedos e os dentes dos fumantes.
Uma maneira de determinar grupos funcionais na nicotina do cigarro é através da
análise espectrofotométrica. A análise
baseia-se no fato de que as ligações
químicas das substâncias possuem freqüências de vibração específicas, as quais
correspondem a níveis de energia da molécula (chamados nesse caso de níveis
vibracionais). Ao submeter uma amostra ao equipamento um raio monocromático de
luz infravermelha passa pela amostra e a quantidade de energia absorvida é
registrada, de acordo com o seu estado vibracional em um espectro (gráfico),
determinando assim a substâncias ou grupos funcionais presentes na amostra. As
substâncias são identificadas de acordo com os diferentes picos e comprimentos de
onda, como mostra o gráfico abaixo:
36
Figura 2: Análise IV da nicotina
Fonte: Geocities
Neste espectro, podemos notar vários picos, caracterizando a presença de
nicotina:
•
Por volta dos 3400 cm-1, pode-se observar um grande pico da água.
•
Entre 2970 e 2780 cm-1 : vibração da ligação C-H
•
Um pico aos 1677 cm-1 : vibração da ligação dupla aromática C=N.
•
Um pico aos 1691 cm-1 : vibração da ligação dupla aromática C=C.
•
Um pico aos 717 cm-1 e 904 cm-1 corresponde à vibração fora do plano de
ligação C-H do ciclo monosubstituído de piridina.
Com relação aos efeitos do tabaco na saúde, apenas a partir da década de
60, surgiram os primeiros relatórios científicos que relacionaram o cigarro ao
adoecimento
do
fumante,
mas,
atualmente,
existem
inúmeros
trabalhos
comprovando os malefícios do tabagismo para a saúde do fumante e, também, do
não fumante exposto à fumaça do cigarro. O fumo é cultivado em todas as partes do
mundo e é responsável por uma atividade econômica que envolve milhões de
dólares.
37
Além do reconhecimento da nicotina como componente do cigarro, essa pode
ser usada, também, como um inseticida (na agricultura) e vermífugo (na pecuária),
podendo ser convertido para ácido nicotínico. O ácido nicotínico, por sua vez, pode
ser usado como suplemento alimentar.
•
Anfetaminas
As anfetaminas e seus derivados são estimulantes do sistema nervoso central
e podem auxiliar no tratamento de estados depressivos, no entanto, quando em
excesso, podem causar náuseas, vômitos, aumento da pressão sangüínea e
convulsões. Também chamadas de “bolinhas”, são conhecidas por reduzirem a
fadiga e inibirem o sono, sendo, também, bastante utilizadas por pessoas que fazem
dietas
para
emagrecer.
Essas
substâncias
estão
na
composição
de
descongestionantes nasais, anti-hemorrágicos, inibidores de apetite e estimulantes,
podendo causar dependência e danos físicos e mentais a longo prazo, com o
agravante de serem adquiridas sem receita médica, mesmo havendo exigência para
tal. As anfetaminas são fruto de anos de pesquisa em laboratórios químicos, sendo
que uma das mais antigas é a benzidrina (2-fenil-1-metil-etanoamina), mas outros
derivados têm sido sintetizados na tentativa de diminuir o risco de dependência
química e a toxidade, entre esses, estão a metanfetamina (metedrina) e a
fenilpropanolamina, comuns em descongestionantes nasais. Nos Estados Unidos a
metanfetamina tem sido consumida quando fumada em cachimbos, recebendo o
nome de "ICE" (gelo).
Metanfetamina
Existem várias drogas sintéticas que pertencem ao grupo das anfetaminas e
como podem ser comercializadas como medicamento pelos laboratórios, com
diferentes nomes fantasia, há um grande número destes produtos em circulação.
38
•
Morfina
A morfina, obtida do ópio da papoula, é considerada um dos analgésicos mais
potentes para aliviar as dores mais “profundas”. No entanto, tem como ponto
negativo a tendência de levar o usuário a dependência, bem como diminuir a
pressão corporal. Por isso, visando substituir a morfina, a ciência conseguiu
desenvolver um composto chamado pentazocina que é, também, um analgésico
altamente potente e não provoca dependência.
Morfina
•
Pentazocina
Coniína e Cocaina
A coniína e a cocaína são alcalóides que, como outras drogas, também
podem causar dependência física nos usuários. A coniína é uma substância tóxica
que, quando ingerida, provoca fraqueza, tontura, náuseas, respiração cansada,
podendo causar paralisia e morte. A cocaína, quando administrada em pequenas
doses, diminui o cansaço, aumenta a atividade mental e dá uma sensação de bem
estar à pessoa, porém, quando sua utilização é prolongada, leva a pessoa à
dependência física e à depressão profunda. Até saber-se dos efeitos e problemas
causados pelo uso da cocaína, esta foi utilizada na medicina, durante muito tempo,
como anestésico bucal.
Coniína
Cocaína
39
•
LSD
Outra droga conhecida pelos adolescentes é o ácido lisérgico (LSD). Esse e
outros perturbadores e alucinógenos sintéticos são substâncias fabricadas
(sintetizadas) em laboratório, não sendo, portanto, de origem natural. O LSD era
sintetizado como medicamento para ativar a circulação sangüínea, mas deixou de
ser utilizada para este fim, pois seu uso provoca alucinações e pode causar
demência.
O LSD-25 (abreviação de dietilamina do ácido lisérgico) é, talvez, a mais
potente droga alucinógena existente. É utilizado habitualmente por via oral, embora
possa ser misturado ocasionalmente com tabaco e fumado, sendo que algumas
microgramas já são suficientes para produzir alucinações no ser humano. Assim
como outras drogas alucinógenas, o LSD-25 pode provocar dependência psíquica
ou psicológica, uma vez que a pessoa que habitualmente faz uso destas substâncias
como "remédio para todos os males da vida", acaba por se alienar da realidade do
dia a dia, aprisionando-se na ilusão do "paraíso na Terra".
LSD
c) Fenol e Éter
Além dos alcalóides (substâncias que contém o grupamento amina) há outras
drogas com composição química orgânica bastante conhecida: Entre essas está a
maconha, cujo principal componente é o THC (contém grupos funcionais fenol e
éter). A planta que dá origem a maconha é chamada cientificamente de Cannabis
sativa, recebendo denominação como Hashish, Bangh, Ganja, Diamba, Marijuana e
Marihuana, em outros paises. A Cannabis sativa, planta originária da Ásia central, é
consumida há mais de 10 mil anos, sendo obtida a partir dela o haxixe e a maconha,
cujo principio ativo é o tetra-hidrocanabinol (THC), que quando usado continuamente
pode provocar perda de ânimo e deficiência intelectual.
40
O THC (tetrahidrocanabinol), substância química presente na maconha, é o
principal responsável pelos efeitos da planta no organismo, assim, dependendo da
quantidade de THC presente (o que pode variar de acordo com o solo, clima,
estação do ano, época de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso) a
maconha pode ter potência diferente, isto é, produzir mais ou menos efeitos. A
variação nos efeitos depende também da própria pessoa que fuma a droga, de
modo que a dose de maconha que é insuficiente para um, pode produzir efeito nítido
em outra pessoa e até uma forte intoxicação em uma terceira.
THC
d) Hidrocarbonetos, Éteres, Cetonas e Haletos Orgânicos
Além do álcool, cigarro e maconha, outra droga bastante conhecida e utilizada
pelos adolescentes são os solventes orgânicos voláteis, que, na maioria das vezes
são usados por possuírem baixo custo. A maioria desses solventes contém
prioritariamente em sua composição hidrocarbonetos (por exemplo, tolueno
benzeno), contendo também substâncias pertencentes a outras funções orgânicas
como cetonas e compostos halogenados. Também conhecidos como inalantes,
essas substâncias são introduzidas no organismo através da aspiração pelo nariz ou
boca. Os solventes são substâncias muito voláteis, isto é, evaporam muito
facilmente, o que torna possível sua inalação. Entre os solventes, um inalante
bastante comum no Brasil é o "cheirinho" ou "loló" ou ainda "cheirinho da loló", droga
bastante consumida por meninos de rua e adolescentes de poder aquisitivo mais
baixo.
Os solventes são uma mistura a base de clorofórmio e éter etílico, mas na
falta desses, são utilizadas outras substâncias disponíveis, o que torna bastante
difícil tratar casos de intoxicação aguda causados por esta droga, por não
conhecerem-se as substâncias ali contidas. O lança-perfume, mais conhecido no
41
período do carnaval, é feito à base de cloreto de etila e é contrabandeada de outros
países sul-americanos, já que sua fabricação é proibida no Brasil.
Os solventes podem ser aspirados tanto involuntariamente (por exemplo,
trabalhadores de indústrias de sapatos ou de oficinas de pintura que ficam expostos
ao ar contaminado por estas substâncias) ou voluntariamente (por exemplo, a
criança de rua que cheira cola de sapateiro; o menino que cheira em casa acetona
ou esmalte, ou o estudante que cheira o corretivo etc.).
Entre os solventes mais comuns estão: tolueno (metilbenzeno), xilenol
(dimetilfenol), n-hexano, acetato de etila e tricloroetileno. Outra característica dos
solventes ou inalantes é que muitos são inflamáveis, sendo que um número enorme
de produtos comerciais, como esmaltes, colas, tintas, thinners, propelentes,
gasolina, removedores, vernizes, etc., contêm estes solventes. O tolueno, por
exemplo, é um solvente amplamente disponível nos removedores, esmaltes de
unha, tintas e colas e tem sido associado a complicações do sistema nervoso
(cerebrais e cerebelares), além de agir diretamente sobre o fígado e miocárdio.
Figura 3: Alguns tipos de cola, que utilizam solventes em sua composição.
Fonte: Álcool e Drogas Sem Distorção, 2007.
Sabemos que as substâncias orgânicas não estão somente na composição
química das drogas, mas estão presentes em muitas substâncias do nosso
cotidiano. Os compostos orgânicos estão presentes em nosso corpo, no DNA
(moléculas helicoidais que contém todas nossas informações genéticas), nas
proteínas que catalisam todas as reações bioquímicas (constituindo os compostos
essenciais de nossa pele e músculos), na corrente sangüínea, etc. Eles estão
presentes, também, nos combustíveis, na produção de tinta e sabões e até mesmo
em medicamentos, neste trabalho, no entanto, optamos por direcionar uma
abordagem de Química Orgânica para tratar o tema drogas.
42
3 METODOLOGIA DO TRABALHO
3.1 Metodologia da Pesquisa na Escola
O trabalho de investigação consiste em uma pesquisa com professores e
alunos de uma escola pública da região metropolitana de Porto Alegre, com o intuito
de saber quais as importâncias que os professores estão dando ao tema saúde/
drogas, e também procura saber o conhecimento que os alunos tem sobre o assunto
drogas.
3.1.1 Com os alunos
Foram selecionadas duas turmas de 3°ano do ensino m édio, nos quais sou
professora de Química Orgânica. A turma A é composta por 46 alunos, sendo que
21 são meninas e 25 são meninos, na faixa etária entre 16 e 20 anos, a turma B é
constituída por 44 alunos, sendo que 25 são meninas e 19 são meninos, numa faixa
etária entre 16 e 20 anos.
Inicialmente, foi feito um levantamento com os alunos sobre temas de
interesse da turma. Para isso, foram colocados no quadro possíveis assuntos que
poderiam ser trabalhados em Química Orgânica: medicamentos, agrotóxicos,
polímeros, drogas, combustíveis e corantes. Em seguida, os alunos escolheram os
assuntos que mais lhe chamavam a atenção.
Na turma A, a escolha foi pelos seguintes assuntos: Drogas (16 alunos),
medicamentos (14 alunos), combustíveis (8 alunos) e agrotóxicos (8 alunos).
Na turma B a escolha foi pelos seguintes assuntos: Drogas (13 alunos),
medicamentos (15 alunos), combustíveis (10 alunos) e agrotóxicos (4 alunos) .
Foi combinado com os alunos que começaríamos com a abordagem do tema
DROGAS. Definido isso, foi realizado um trabalho com as turmas A e B que
43
contemplou duas atividades: apresentação de uma música (Anexo A) e a
distribuição de um texto para a leitura (Anexo B)
Após a apresentação da música, foi solicitado que os alunos se reunissem em
duplas para discutir algumas questões sobre a música (Anexo C).
Após a leitura do texto os alunos se reuniram em duplas para responder
algumas questões referentes ao texto (Anexo D).
3.1.2 Com os Professores
Ao acreditar que o compromisso central da escola é promover o
conhecimento nas diferentes áreas e percebendo a necessidade de um diálogo
aberto entre professores, foi realizado um levantamento com o corpo docente da
mesma escola em que foi feito o trabalho com os alunos, com o objetivo de apurar a
opinião dos professores em relação à abordagem do tema drogas na escola. A
pesquisa teve a participação de 12 professores de diferentes áreas do
conhecimento: português (5 professores), biologia (2 professores), educação física
(1 professor), química (1 professor), inglês (1 professor), matemática (1 professor) e
história (1 professor) (Anexo E). O critério utilizado para a seleção dos professores
foi considerar aqueles que trabalhassem no mesmo turno que eu, facilitando assim a
entrega e recolhimento dos questionários.
Foi distribuído aos professores um questionário com perguntas abertas
(Anexo E). Ao entregar os questionários, foi solicitado que os mesmos fossem
devolvidos no máximo em cinco dias, coisa que não aconteceu, pois muitos
professores alegavam ter esquecido em casa ou que não tinham respondido ainda,
sendo que só foi possível recolher todos os questionários em um prazo de 15 dias.
Recolhidos todos os questionários procedeu-se o levantamento das informações.
3.2 Metodologia da Proposta de Ensino
Na expectativa de provocar nos alunos um maior interesse pela Química em
seu cotidiano e promover o esclarecimento de conceitos referentes ao assunto
drogas, que pudessem estar associados aos conteúdos de Química Orgânica, foi
proposto algumas alternativas metodológicas de ensino, abordando o tema drogas a
alguns conteúdos (tópicos) de química orgânica.
44
A metodologia para a produção desse material constituiu na seleção de
diferentes estratégias, que pudessem ser utilizadas pelos professores para introduzir
e abordar o tema drogas, associando-o aos diferentes conteúdos de Química
Orgânica.
O material de apoio, contendo textos da mídia, letras de músicas, filmes e
sugestões de atividades para os alunos, é colocado como possibilidade de servir de
subsídio para instrumentar o trabalho do professor que queira trabalhar com o
assunto drogas em aulas de Química Orgânica.
45
4
ANÁLISE
DOS
DADOS
DA
PESQUISA
DESENVOLVIDA
COM
OS
PROFESSORES E COM OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
Apresento nesta unidade os resultados obtidos a partir da pesquisa
desenvolvida com alunos e professores de diferentes áreas do ensino, de uma
escola publica estadual da região metropolitana de Porto Alegre. Os resultados
foram analisados e catalogados em percentuais, da seguinte forma:
4.1 Pesquisa com professores
Quando questionados se seria adequado tratar o assunto drogas na escola,
responderam:
- foram unânimes ao responder que sim.
Ao serem questionados sobre quais seriam as ações que a escola poderia
desenvolver para abordar o tema saúde, bem como o assunto drogas na escola,
responderam:
-Trabalhar filmes, palestra com profissionais da área para a prevenção as drogas e
cuidados a saúde (90%);
- Trabalhar o autoconhecimento (10%);
- Trabalhar os temas nos conteúdos das aulas ( 0%).
Quando foi perguntado se a disciplina de Química poderia abordar o tema drogas e
qual assunto poderia ser relacionando com conteúdo, responderam:
- deve ser trabalhado na disciplina de química (100%)
Com relação aos conteúdos que deveriam ser abordados na disciplina, indicaram:
46
- drogas e compostos químicos (40%);
- drogas e rótulos de remédios, refrigerantes e alimentos industrializados (40%);
- drogas com a saúde física e mental do adolescente (10%);
- não souberam responder, ou responderam que a química poderia abordar o tema
drogas relacionando com DST e outras (10%).
Com relação a quais seriam as abordagens mais indicadas, as respostas foram as
seguintes:
- esclarecimento de seus efeitos e as conseqüências do uso de drogas para o
adolescente e para família (70%).
- abordagem deve de acordo com a situação local, uma vez que o consumo de
drogas está associado às condições socioculturais e os hábitos grupais
determinariam a melhor abordagem do tema (20%);
- ênfase na qualidade de vida do adolescente (10%);
Quando questionados sobre quais disciplinas seriam mais indicadas para tratar o
tema drogas e se, na disciplina de sua responsabilidade, seria possível tratar esse
assunto, as principais respostas foram:
- a disciplina mais adequada para tratar e trabalhar o tema drogas seriam as
disciplinas de ciências: química e biologia (70%);
- a disciplina de língua portuguesa poderia trabalhar na interpretação de textos,
debates e produções textuais que envolva o assunto, de forma que as mesmas
fossem abordadas no sentido de prevenir e informar os males causados pelas
drogas (25%);
- todas as disciplinas podem e devem trabalhar a questão das drogas, sendo através
de pequenas abordagens, seminários ou, ainda, promovendo a semana de combate
às drogas na escola, com atividades que envolvam todas as diferentes áreas do
conhecimento e a comunidade escolar (25%).
É importante destacar que, dos professores pesquisados, somente dois
pertencem a área de ciências, nas disciplinas de Química e Biologia, porém, mesmo
assim, grande parte deles acredita que a maneira mais eficiente de prevenir o uso
de drogas pelos alunos e adolescentes é proporcionar palestras ministradas por
profissionais da área, exibir filmes e documentários e outras ações voltadas para a
promoção da saúde dos indivíduos.
47
De forma unânime, os professores evidenciaram a necessidade de a escola
trabalhar mais o tema drogas, tendo como principal objetivo a conservação da saúde
dos alunos e adolescentes. Com base nisso, os professores ressaltaram que a
disciplina mais adequada para auxiliar no combate às drogas é a disciplina de
Química, visto que o educador pode relacionar os entorpecentes com os compostos
químicos, trabalhando com os alunos tanto os conteúdos, quanto a conscientização
dos perigos do uso de drogas.
Porém, percebeu-se que a maioria dos professores não reconheceu a
importância de trabalhar esse assunto de forma interdisciplinar, talvez porque
pensem que esse não é um problema da sua disciplina ou porque não se sentem
preparados, mas o fato é que os professores acham que algo deve ser feito, mas
esse “algo” deve ser separado dos conteúdos escolares, tal como sugeriram com
relação a palestras, filmes, etc. Ou seja, os professores não parecem estar dispostos
em desenvolver projetos de ensino com esse caráter.
Tal como Silva (2007), acredito que a articulação interdisciplinar não deve ser
apenas um esforço para encadear conteúdos ou buscar associar significados
epistemológicos entre uma disciplina ou outra, trata-se, na medida do possível, de
compartilhar saberes e culturas. Para isso é preciso considerar que o aluno seja
conhecedor da sua realidade e que, quando motivado, possa compreender as
complexas relações existentes em nível mais global, ampliando sua visão de mundo
e sistematizando seus conhecimentos.
4.2 Pesquisa com Alunos
1ª Atividade: Música
Após o trabalho com a música nas turmas A e B, houve um debate em sala de aula,
no qual foram lançadas algumas questões que foram respondidas pelos alunos.
Questão 1: O número de drogas lícitas diminuiria, aumentaria ou manteria os
mesmos índices, caso o uso de drogas fosse legalizado?
Tanto a turma A como a turma B foram unânimes ao responderem que com a
legalização das drogas, aumentaria significativamente o seu consumo, com os
seguintes argumentos:
- Aumentaria sua comercialização em lugares públicos como, por exemplo, em
bares, festas, esquinas de ruas e ponto de ônibus (30% turma A e 25% turma B);
48
- Aumentaria a criminalidade causada pela perturbação que a droga causa nas
pessoas e pela falta de dinheiro para aquisição da mesma (30% turma A e 35%
turma B).
- Aumentaria, pois com a legalização facilitaria a compra e venda das drogas (20%
turma A e 30% turma B)
- Aumentaria, pois com a legalização muitas pessoas iriam experimentar a droga
(20% turma A e 10% turma B).
Questão 2: A violência diminuiria, aumentaria ou manteria os mesmos índices, caso
houvesse legalização do uso de drogas?
Turma A
- aumentaria expressivamente devido a perturbação que a droga causa e pela falta
de dinheiro para adquiri-la (80%);
- os níveis de violência se manteriam constantes, porque, se, por um lado acabaria o
tráfico (que é motivo de bastante violência), por outro lado, aumentariam os delitos
causados pelos efeitos das drogas como vem acontecendo com as drogas licitas
como, por exemplo, os acidentes de trânsito causados pelo uso de álcool (10%);
- diminuiria, pois com a liberação para a venda não haveria necessidade de tráfico e
o seu consumo passaria a ser “normal”, assim como o cigarro e alguns remédios que
já são legalizados (10%);
Turma B
- aumentaria caso houvesse a legalização, alegando que cresceria o numero de
usuários alucinados em busca dessas substâncias (70%);
- não mudaria, pois a violência estaria no interior do ser humano e que a droga pode
apenas ajudar a tornar a pessoa mais agressiva (20%);
- diminuiria, pois acabaria o tráfico e a rivalidade entre gangs (10%);
Questão 3: As músicas e manifestações populares podem funcionar como estratégia
para a conscientização e prevenção ao uso de drogas?
Turma A
- A informação é uma das maiores forças para a conscientização, pois só através de
informação correta pode-se afastar desse mal (40%);
- Não ajudam a conscientizar (20%);
49
- Pode ser uma forma de expressar o que está certo ou errado conscientizado
(40%);
Turma B
- Não funciona, pois existem músicas que incentivam o uso de drogas (40%);
- Não causaria nenhum efeito nas pessoas já viciadas (30%);
- Toda e qualquer iniciativa é sempre bem aceita pela população (30%);
Questão 4: Ao perguntar quais os lugares que seriam mais adequados para se tratar
do assunto drogas, as respostas foram:
Turma A
- Narcóticos anônimos, Igrejas, clinicas especializadas (70%);
- Escolas (20%);
- Família (10%).
Turma B
- Escolas e universidades (40%);
- Família (30%);
- TV (20%);
- Favelas e comunidades em geral (10%).
2ª Atividade: Texto
Após a leitura do texto em sala de aula, nas turmas A e B, os alunos fizeram um
trabalho em dupla e responderam as questões que seguem:
Questão 1: Quais as diferenças entre as drogas naturais e as sintéticas?
Tanto na turma A, quanto na turma B, todos os alunos responderam que as drogas
naturais são obtidas, principalmente, através de plantas e as sintéticas são
produzidas em laboratórios;
Questão 2: Quais conhecimentos você tem, em relação às substâncias
psicotrópicas?
- São substâncias que abalam o sistema nervoso e o comportamento das pessoas
(55% turma A e 40% turma B);
- Causam danos físicos aos usuários, principalmente hepatite (18% turma A e 30%
turma B);
50
- Atacam a mente das pessoas, causando doenças como depressão e medo (27%
turma A e 30% turma B).
Questão 3: A maconha, por ter origem vegetal, pode ser considerada menos nociva
que as drogas sintéticas?
Turma A
- Não (60%), com os seguintes argumentos:
a) Todas as drogas são iguais (60%);
b) Cada uma delas afeta o organismo de forma diferente (20%);
c) Provoca modificações no comportamento físico e psíquico da pessoa (20%);
- Sim (40%), com os seguintes argumentos:
a) Por ser um produto natural (70%);
b) Maconha geneticamente modificada não afeta a saúde (20%);
c) Deixa a pessoa calma e tranqüila (10%);
Turma B
- Não (50%), com os seguintes argumentos:
a) Causa o mesmo efeito que as drogas sintéticas (60%);
b) Também é alucinógena e vicia (30%);
c) Interfere na capacidade de aprendizagem e memorização (10%).
- Sim (50%), com os seguintes argumentos:
a) Tudo o que é natural é mais saudável (60%);
b) Não possui elemento químico na sua composição (20%);
c) Maconha geneticamente modificada não causa danos a saúde (20%).
Questão 4: Os remédios são considerados drogas? Quais? Por quê?
Turma A
- Sim (60%), com os seguintes argumentos:
a) Os que possuem tarja preta causam dependência (50%);
b) Modificam o organismo, como os anabolizantes, deixando as pessoas mais
“fortes” (25%);
c) Tranqüilizantes e analgésicos tornam as pessoas viciadas (25%).
- Não (40%), com os seguintes argumentos:
a) Só quando tomados com álcool causam efeitos alucinógenos (40%);
b) Os anabolizantes deixam as pessoas mais fortes (30%);
51
c) Curam as pessoas doentes (30%).
Turma B
- Sim (60%), com os seguintes argumentos:
a) Os de tarja preto causam danos irreversíveis à saúde (40%);
b) Causam dependência (40%);
c) Alteram as nossas emoções (20%).
- Os remédios podem ou não serem considerados drogas (40%), com os seguintes
argumentos:
a) Se ingerirmos alguns remédios juntamente com o alcool ele poderá se tornar uma
droga (40%);
b) Analgésicos, estimulantes, tranqüilizantes e barbitúricos quando usados com
receita médica fazem bem a saúde, mas quando usados sem orientação prejudicam
(30%);
c) Morfina é um remédio que pode ser considerado droga (30%)..
Questão 5: O que são drogas lícitas e o que são drogas ilícitas? Quais seus efeitos a
longo e a curto prazo.
Turma A
- As lícitas: têm comercialização e consumo liberados e as Ilícitas são drogas cuja
comercialização e consumo são proibidas. Mas disseram que as duas viciam, sendo
que a longo prazo, causam danos que comprometem a saúde física e mental das
pessoas (80%);
- Lícitas são as drogas que causam dores de cabeça, câncer de pulmão e cirrose, já
as ilícitas causam distúrbios mentais, depressão, ansiedade e fraqueza (20%);
Turma B
- As lícitas: têm comercialização e consumo liberados e as Ilícitas são drogas cuja
comercialização e consumo são proibidas. Mas disseram que as duas viciam, sendo
que a longo prazo, causam danos que comprometem a saúde física e mental das
pessoas (70%);
- Lícitas são as drogas que causam dores de cabeça, câncer de pulmão e cirrose, já
as ilícitas causam distúrbios mentais, depressão, ansiedade e fraqueza (20%);
- As drogas lícitas em longo prazo causam doenças e morte, e as ilícitas causam
toxicomania, síndrome de dependência e co-dependência (10%).
52
Questão 6: As drogas lícitas causam menos mal a saúde que as drogas ilícitas:
Turma A
- Prejudicam a saúde da mesma forma (70%);
- Não, só é prejudicial à saúde quando consumida a longo prazo (10%);
- Causa menos danos a saúde (10%);
- Mata o usuário lentamente (10%).
Turma B
- As duas fazem mal a saúde, porém a ilícita leva a morte mais rapidamente (40%);
- Droga é droga e qualquer uma faz mal a saúde (30%):
- Sim, porque o álcool não faz o mesmo efeito que a cocaína (10%);
- Causa menos mal à saúde, porém causam dependência (20%);
Questão 7: Qual a diferença entre as diferentes bebidas alcoólicas:
- A diferença está no teor alcoólico. As bebidas fermentadas não têm tanto álcool
como as bebidas destiladas (20% turma A e 40% turma B);
- Algumas são mais nocivas ao organismo por possuírem mais álcool em sua
composição (20% turma A e 20% turma B);
- São feitas por processos diferentes, destilação e fermentação, ou seja, as
destiladas com índices mais elevados de álcool do que as fermentadas (60% turma
e 40% turma B).
Questão 8: Com relação as bebidas destiladas (com alto teor alcoólico) e as não
destiladas (fermentadas, baixo teor alcoólico), quais riscos à saúde e aos riscos de
dependência?
- As destiladas são mais perigosas por possuírem mais állcool em sua composição
(40% turma A e 30% turma B);
- As bebidas com elevado teor alcoólico (cachaça e vodca), fazem mais mal a
saúde, causando maior dependência do que as com baixo teor alcoólico (vinho e
cerveja) (40% turma A e 40% turma B);
- Menos perigosas as que contêm menos álcool (saquê e sidra) (20% turma A e 30%
turma B).
Após o levantamento e análise dos dados referentes à pesquisa com os
alunos, percebi que eles têm opinião formada no que se refere à legalização das
drogas, pois foram unânimes ao responder que com a liberação das drogas
53
aumentaria significativamente o seu consumo, uma vez que muitas pessoas iriam
querer experimentá-las e que isso provocaria o aumento na comercialização em
locais públicos, bem como o aumento da violência e da criminalidade causada pela
perturbação que a droga causa nas pessoas.
Também foi possível perceber que uma minoria de alunos entende que com a
legalização das drogas diminuiria o tráfico e a criminalidade entre gangs, não se
dando conta que, mesmo que a droga seja legalizada, seria possível o seu tráfico,
pois grande parte dessas substâncias tem origem em outros países.
Com relação às manifestações populares como, por exemplo, a música que
ouviram em aula, observa-se discordância nas respostas, pois um número
expressivo de alunos acredita que esse tipo de manifestação pode ser uma das
maiores forças para a conscientização quanto a evitar o uso de drogas, enquanto
um percentual também expressivo afirma que, muitas vezes, essas manifestações
podem incentivar o adolescente a usar drogas.
Já em relação aos locais mais apropriados para se tratar o assunto drogas,
notou-se que os alunos não sabem ou não têm segurança em afirmar quais seriam
os lugares mais adequados para trabalhar a prevenção ao uso de drogas, e
demonstraram, claramente, algumas dúvidas que podem ser justificadas pela sua
falta de conhecimento e imaturidade.
No entanto, parecem estar bem informados quanto às diferenças entre uma
droga sintética e uma droga natural. Entendem, também, que as drogas causam
doenças e danos à saúde como, por exemplo, a cirrose provocada pelo álcool, o
abalo do sistema nervoso central e o comportamento “diferente” das pessoas.
Algo que me chamou a atenção ao fazer o levantamento de dados foi
constatar que um número expressivo de adolescentes afirmou que a maconha, por
ser de origem vegetal e podendo ser geneticamente modificada, não é nociva à
saúde. No entanto desconhecem o fato de que a modificação genética permite
estabelecer o gênero (sexo), da maconha, e que a cannabis femea tem o principio
ativo (THC, o tetra-hidro-canabinol) mais potente.
Outra questão levantada que também me chamou a atenção, foi quando os
alunos fizeram a relação entre medicamentos e anabolizantes, e que um percentual
significativo
(30%),
equivocadamente,
afirma
que
os
anabolizantes
são
medicamentos (considerados drogas), que deixam as pessoas mais fortes. Também
é de causar espanto quando salientaram que os remédios são considerados drogas
54
somente quando ingeridos com álcool ou quando usados sem receita médica.
Porém, desconhecem o fato que os medicamentos são substâncias que quando não
são administrados em doses corretas, podem agir no organismo como potentes
drogas prejudicando o funcionamento do metabolismo natural do ser humano.
Também não sabem, ou não se deram conta, que os medicamentos são “drogas”
prescritas e utilizadas para fins curativos, enquanto as drogas psicotrópicas são
utilizadas sem prescrição médica e para fins alucinógenos. Fica nítido que há certa
falta de conhecimento de que os medicamentos, podem não ter efeitos positivos à
saúde quando consumidos em demasia, sem receituário ou quando em parceria
com bebidas alcoólicas. Os efeitos desse desconhecimento e a conseqüente chance
de superdosagem, pode levar as pessoas à morte.
Ao se tratar as drogas lícitas e ilícitas observou-se que os alunos têm conceitos
formados em relação às duas classificações serem prejudiciais à saúde, no entanto,
muitos alunos acreditam que as drogas lícitas só prejudicam quando consumidas por
longos anos, enquanto as ilícitas causam rápida dependência, distúrbios mentais,
depressão, entre outras conseqüências. No entanto, sabemos que várias drogas
lícitas como, por exemplo, o cigarro e o álcool, causam dependência rapidamente e
seus efeitos podem levar a sérios problemas de saúde. Os piores efeitos são, a
longo prazo, ter a saúde mais fragilizada.
Em relação ao processo de obtenção das diferentes bebidas, pode-se
constatar que os alunos sabem diferenciar bebidas destiladas das bebidas
fermentadas e identificam as bebidas destiladas como as que possuem teor
alcoólico maior, mas, mesmo assim, há um consumo exagerado de bebidas
alcoólicas, inclusive as destiladas, por adolescentes.
Diante de tudo isso, pode-se dizer que o tema drogas pode – e deve – ser
tratado na educação escolar, em diferentes disciplinas, tempos e espaços da escola,
já que nesse meio, muitas dúvidas podem ser esclarecidas e muitos conceitos
podem ser refeitos e/ou desfeitos.
55
5 ALTERNATIVAS METODOLÓGICAS PARA TRABALHAR O TEMA DROGAS
COM O 3° ANO DO ENSINO MÉDIO
A abordagem do cotidiano na educação em Química é uma tentativa de
despertar o interesse dos alunos por essa disciplina. A variedade de informações
publicadas em jornais revistas, e até mesmo na TV, pode levar a uma discussão de
temas interessantes no contexto escolar, promovendo o esclarecimento de conceitos
comumente destorcidos, sejam eles conceitos químicos e científicos ou do cotidiano.
Visando contribuir para o desenvolvimento cognitivo do aluno, entende-se que
as situações do cotidiano podem associar-se ao conhecimento químico, como forma
de possibilitar o entendimento dessa área de conhecimentos. Assim, ao trabalhar
temas geradores associados ao conhecimento químico, espera-se que o aluno tenha
uma aprendizagem significativa e duradoura, diferentemente da memorização
temporária.
As atividades sugeridas tratam da relação de alguns tópicos de Química
Orgânica com o tema drogas, um assunto bastante atual e com grande inserção na
mídia e na sociedade como um todo.
5.1 Atividade 1: Sugestão de Leitura
O ÁLCOOL E OS JOVENS
Quando a indústria das bebidas percebeu que o consumo de bebidas alcoólicas tinha
chegado ao seu limite por parte do público masculino adulto resolveu direcionar seu
trabalho de propaganda e marketing para atrair o público jovem e as mulheres. Não raro,
nas propagandas, vemos mulheres e jovens que muitas vezes aparecem como
protagonistas de situações onde há o consumo do álcool através do estímulo ao erótico,
ao entusiasmo, ao convívio alegre e descompromissado.
Segundo Pinheiro (2006) estudos científicos tem constatado que os efeitos mais
prejudiciais do consumo de bebidas alcoólicas pelos jovens são no cérebro, mais
especificamente na região do hipocampo, responsável pela localização espacial e pela
memória. Os efeitos a longo prazo variam de déficts de aprendizagem, falhas
56
permanentes de memória, dificuldade de autocontrole e ausência de motivação, além
disso, os jovens podem ficar 5 vezes mais propensos a se tornarem alcoólatras na idade
adulta. Os efeitos do álcool, também, são verificados em outras regiões do organismo
como mostra a figura 4.
Figura 4: Efeitos do álcool no organismo humano
Fonte: Daniela Pinheiro, 2007, p. 96.
O consumo de álcool pelos jovens pode produzir efeitos fatais quando combinados com
a direção de veículos. Os acidentes de trânsito causados, e sofridos, por jovens, devido
à combinação de álcool com a direção, acontecem todos os dias. Há vários fatores que
podem ser levados em consideração, mas o mais comum é que ao consumirem álcool,
muitos jovens excedem o limite tolerável de concentração de álcool no sangue que, de
acordo com a legislação brasileira, é de 0,6g por litro, sendo que mesmo valores abaixo
de 0,6g já produzem prejuízos na habilidade de dirigir com segurança conforme
demonstra figura 5:
Figura 5: Prejuízos na habilidade de dirigir de acordo com a concentração de álcool
no sangue.
Fonte: Administração de Segurança no Trânsito em Rodovias Federais (NHTSA, EUA), 2007.
De acordo com Braathen (1997), uma pessoa de porte médio, por exemplo, ao ingerir
750 ml de cerveja ou uma dose de uísque por aproximadamente 2 horas apresenta um
nível de concentração de 0,5 g/l de teor alcoólico no sangue. Considerando que o álcool
é uma substância tóxica, o organismo vai tentar eliminá-lo, e uma das formas é nos
57
pulmões, pelo ar alveolar. O sangue ao circular no corpo passa pelos pulmões, onde
ocorre à troca de gases e parte do álcool consumido passa para os pulmões fazendo
com que o ar exalado tenha concentração de álcool proporcional à sua concentração na
corrente sanguínea. Esta concentração de álcool pode, então, ser medida por um
instrumento denominado “bafômetro”.
O “bafômetro” é um instrumento que detecta a quantidade de álcool no ar
exalado através de reações de oxidação e redução. Existem alguns tipos de bafômetros
disponíveis no mercado, os mais simples são descartáveis e a detecção é visual. No
Brasil o tipo utilizado pelas polícias rodoviárias é o “bafômetro” contendo um tubo
descartável no qual a pessoa sopra ar para dentro do aparelho e a detecção do álcool
ocorre eletroquimicamente ou por um sensor semicondutor. Existem, ainda, os
bafômetros mais sofisticados que são baseados em espectroscopia do infravermelho e
em cromatografia gasosa, esses são bastante utilizados em laboratórios.
Do mais simples ao mais sofisticado, o “bafômetro” é um instrumento muito útil, pois
seu uso é fundamental para prevenir acidentes de trânsito.
5.2 Atividade 2: Sugestão de Atividade Experimental - Simulando um
Bafômetro
a) Materiais e Reagentes
-
Erlenmeyer com rolha de dois furos;
-
Tubo de ensaio (ou vidrinho transparente tipo remédio);
-
Tubos de vidro;
-
Tubos látex ;
-
Álcool de uso doméstico (96 GL);
-
Solução de dicromato de potássio 0,1 mol/L misturado com igual volume de ácido
sulfúrico a 20 ml.
b) Procedimento
Monte o simulador de “bafômetro” de acordo com a figura 3
Figura 6: Simulando um bafômetro
Fonte: Química Nova na Escola 1997, p.
Após a montagem, soprar o tubo de vidro e anotar as observações explicando como
ocorre o processo. Explicar o processo através das reações químicas.
58
Explicação do professor
Ao soprar o ar arrasta vapores contendo moléculas de álcool que ao chegar na
solução ácida de dicromato de potássio borbulha. Dessa forma ocorre, mudança
de coloração na seguinte seqüência: Alaranjado para marrom para verde para
azul.
Esta evidência macroscópica é explicada pelas reações semelhante as que
ocorrem em “bafômetros portáteis como é mostrado a seguir:
59
5.3 Atividade 3:Sugestão de Leitura
Figura 7: Reportagem
Fonte: Revista Veja, 2007.
Algumas Questões
1- Após a leitura da reportagem escreva o que você achou da idéia do “álcool sem
líquido”, você concorda ou discorda, explique as suas razões?
60
2- O que é ressaca e porque ocorre?
3- Por que a bebida alcoólica engorda?
4- Quais os danos que o álcool provoca no organismo?
5- Quais os componentes do álcool? Qual a fórmula estrutural e molecular do
etanol?
6- Descreva as propriedades químicas e físicas dos principais alcoóis?
5.4 Atividade 4: Sugestão de leitura
UMA EPIDEMIA CHAMADA TABAGISMOo
Da mesma maneira que a indústria das bebidas alcoólicas, a indústria do fumo tem entre
os jovens um dos públicos mais visados na manutenção de seus produtos. Isto se deve
ao fato de que, segundo Carlini (2007), 90% dos fumantes começam a fumar antes dos
21 anos, sendo que vem diminuindo a idade com que meninos e meninas iniciam as
primeiras tragadas. O hábito de começar a fumar na adolescência é problemático já que
nessa fase, hábitos e comportamentos desenvolvidos para a afirmação do adolescente
podem se consolidar na vida adulta. O uso de cigarro traz como maior conseqüência, a
dependência da nicotina, uma das substâncias contidas no cigarro e que causa muitos
danos ao organismo.
A nicotina presente no cigarro de acordo com Paz (2007) é um alcalóide extraído das
folhas de mais de sessenta espécies de Nicotiana. Sendo que a nicotina ao ser tragada
junto com a fumaça, é rapidamente absorvida pelos pulmões, vai para a circulação
sanguínea e se direciona ao cérebro, mais especificamente em uma região do sistema
nervoso central, em um intervalo que vai de 6 a 10 segundos. Isto segundo Gonzatto
(1998) equivale a uma “bomba”, pois em média ao fumar traga-se 10 vezes um cigarro,
assim uma pessoa que consome um maço de cigarros por dia, bombardeia o cérebro
com 200 impactos cerebrais de nicotina que, por ano, equivalem a 73 mil “bombas”.
Ainda, segundo Paz (2007), a fumaça do cigarro contém mais de 4.700 substâncias
consideradas tóxicas ao organismo, destas, cerca de 50 podem causar câncer, entre
elas está o polônio, o arsênio, o níquel, o cádmio, o benzopireno. Outro agravamento é o
uso de agrotóxicos adicionados ao fumo para evitar o ataque das pragas.
Segundo Paz o hábito de fumar pode desencadear várias doenças tais como, derrame,
diminuição do olfato, bronquite, efizema, aumento do risco de trombose e osteoporose,
insuficiência renal, inflamação da gengiva, taquicardia, infarto, gastrite, úlcera,
menopausa precoce e vários tipos de câncer, entre outras.
São tão graves e diversificadas as conseqüências do hábito de fumar que, ao longo
dos anos, milhares de pessoas foram mortas tendo como causa o cigarro. Segundo
Gonzatto (1998), a Organização Mundial da Saúde (OMS) denominou o consumo de
cigarros e assemelhados como uma “epidemia tabágica”. O INCA (Instituto Nacional de
Câncer, 2007), determinou que a cada 31 de maio fosse comemorado o Dia Mundial sem
Tabaco, neste dia, um tema deve ser escolhido e deve ser debatido pelos 192 paísesmembros com o objetivo de conscientizar as pessoas para evitar o hábito de fumar.
Com o intenso trabalho de divulgação dos malefícios do hábito de fumar tanto para
aqueles que fumam, com para aqueles que convivem diariamente com os fumantes, há
uma discussão na sociedade que tem possibilitado a reflexão dos fumantes e alguns tem
sentido que o ato de fumar se transformou em uma prática desagradável, por não ser
aceita socialmente. Não há dúvidas de que é preciso haver sempre a manutenção de
campanhas informando e esclarecendo às pessoas dos males do cigarro para a saúde.
61
Algumas Questões
1) O cigarro pode ser considerado uma droga? Por quê?
2) Quais os componentes do cigarro? Descreva as características das substâncias
que compõem o cigarro? Qual a formula estrutural e molecular da nicotina?
3) Descreva os sintomas de uma crise de abstinência de quem parou de fumar
depois de anos de uso do tabaco.
4) Explique quimicamente porque o álcool dissolve facilmente a nicotina e qual a
implicação deste processo para quem bebe e fuma ao mesmo tempo.
5) O que são cigarros com “baixos teores”?
6) Em sua opinião, como o tabagismo pode ser combatido?
7) Cite as alterações que o ato de fumar provoca no organismo de quem fuma.
5.5 Atividade 5: Sugestão de Leitura
DROGAS O QUE FAZER A RESPEITO
Bálsamo ou veneno? Comida dos deuses ou maldição? Hábito natural oi desvio da
sociedade moderna? Não há resposta certa ou fácil quando o assunto são drogas. As
pesquisas de opinião refletem essa ambigüidade. Quando abordam o tema, em geral
mostram que estamos longe de um consenso. Mas as pesquisas revelam algo mais. Em
meio aos números, nota-se que quase não há indecisos sobre o assunto. Ou seja, não
importa de que lado as pessoas estejam, o fato é que todas elas têm opinião formada – e
arraigada – sobre o uso das drogas.
Surpreende encontrar esse grau de convicção em um assunto tão complexo, com
aspectos médicos, econômicos, sociais, históricos e morais tão sinuosos. Quem examina
esse vespeiro percebe que a coisa mais rara de achar são respostas 100% seguras.
“Só há uma coisa certa sobre as drogas: é preciso haver informação. Informação de
quantidade, desvinculada da moral, do poder econômico e das forças políticas”, diz o juiz
aposentado Walter Fraganiello Maierovitch, ex-secretário nacional antidrogas e um dos
maiores experts no tema no Brasil.
É isso que tentamos oferecer a você nas próximas páginas: informação. Ao longo da
leitura, você encontrará questões que raramente são formuladas a respeito das drogas.
E outras que apesar de formuladas a muito tempo seguem sem resposta definitiva. Verá
que os conceitos mais simples revelam contornos inéditos quando examinados à luz do
debate. E conchecerá os interesses que até agora ditaram as regras do jogo.
(Reportagem na íntegra Anexo F).
Fonte: Revista Super Interessante, 2002.
Algumas Questões
1) O que são drogas?
2) Quais são as drogas mais comuns?
3) Existem drogas legais?
4) O que são drogas psicotrópicas?
62
5) Quais os modos de ação das drogas mais comuns no cérebro e no organismo?
6) Quais os fatores que podem levar a dependência?
7) O que é abstinência e quais os efeitos no organismo?
8) Descreva as fórmulas estruturais e moleculares das seguintes drogas: álcool,
nicotina, ecstasy, morfina, cocaína, maconha e LSD, e a partir delas responda:
a) Nomenclatura
b) Quais os elementos químicos presentes nos compostos?
c) Quais os grupos funcionais?
d) Qual a classificação da cadeia carbônica?
9) Como são obtidas as drogas vistas no artigo?
10) Qual a razão do poder viciante do crack?
11) Porque a heroína costuma causar flebite (inflamação dos vasos sanguíneos) aos
usuários?
12) Porque a heroína em relação a morfina tem atuação mais rápida?
13) O que é “skunk” ou “ou “supermaconha”?
14) O que você deve fazer caso você saiba que alguém tomou uma overdose?
15) O TNT (trinitrotolueno) ou 1-metil-2,4,6-trinitro-benzeno) é um sólido cristalino
amarelo, de ponto de fusão 82°C, altamente explosiv o. Esse potente explosivo é
fabricado a partir de três nitrações seguidas de um inalante muito utilizado em
produtos industriais e domésticos que causa dependência. Qual é este inalante?
5.6 Atividade 6: Sugestão de Leitura
LSD E ECSTASY: PERIGOSAS DROGAS
O LSD (ácido lisérgico) foi descoberto em 1938, na Suíça, e migrou para os Estados
Unidos, espalhando-se pelo mundo, e o ecstasy surgiu na Inglaterra em 1989. Estas
duas drogas são compostas, principalmente, de anfetaminas, substâncias usadas em
moderadores de apetite, que criam dependência.
A composição química do LSD não contém necessariamente ácidos, mas, em geral, vem
misturado com o ácido lisérgico (dai o seu nome)
No sistema nervoso, as informações, como uma imagem ou um som, são transmitidas
através de células nervosas chamadas neurônios. Estes não têm comunicação física,
dependendo de substâncias químicas, os neurotransmissores, para se comunicarem. Os
neurotransmissores são liberados na extremidade de um neurônio e vão até o neurônio
vizinho. Assim se dá a transmissão de informação. As drogas alteram esse mecanismo
de liberação dos neurotransmissores.
As anfetaminas funcionam como estimulantes, pois aumentam a quantidade de
neurotransmissores liberados, causando agitações, ansiedade e sensação de “estar
ligado”. Ao consumir essa droga, a pessoa pode ter convulsão e até parada cardíaca;
63
sendo que o uso freqüente pode causar danos neurológicos e alterações
cromossômicas.
O LSD é um alucinógeno e age provocando a liberação de maior quantidade de
neurotransmissores em regiões especiais do cérebro, levando as alucinações visuais e a
distorção de percepção. Essas alucinações podem ocorrer até um ano depois de cessar
o uso.
O ecstasy é uma mistura de estimulantes, geralmente a anfetamina (em maior
quantidade), com substâncias alucinógenas. Alguns tipos podem conter até heroína.
Essa droga reúne os riscos dos alucinógenos e dos estimulantes. Existem vários tipos de
ecstasy, o que torna mais difícil saber ao certo qual problema será causado pela
substância ingerida.
5.7 Atividade 7: Sugestão de Leitura
ABSORÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E EXCREÇÃO DE DROGAS
Uma droga é absorvida para a corrente sangüínea, distribuída através do organismo e, a
seguir, é eliminada por meio de sua transformação em outro composto ou de sua
excreção. Esses eventos são importantes no que diz respeito à ação farmacológica de
uma droga, uma vez que determinam a quantidade da mesma que chega ao local de
ação e duração do efeito.
O movimento de uma droga através do organismo é determinado por sua polaridade e
características iônicas. A ionização de muitas drogas é o resultado de reações ácidobásicas dos compostos orgânicos. Um ácido orgânico é um eletrólito fraco que pode se
ionizar dando um íon hidrogênio e a base conjugada:
3
+
CH3 ³/4COOH << CH3 /4 COO + H
Analogicamente, uma base orgânica é um eletrólito fraco que se ioniza ao aceitar um
próton:
3
+
CH3 ³/4NH2 << CH3 /4NH2 + OH
Quando compostos orgânicos são ionizados, tornam-se mais hidrossolúveis e, por esta
razão, muitas drogas administradas na forma de sal são ionizadas. Por exemplo, o ácido
acetilsalicílico (I) é geralmente administrado na sua forma de sal sódico, e a
difenidramina (II), uma base orgânica, é administrada na forma de cloridrato. Nas formas
neutras ou não-ionizadas, essas bases ou ácidos orgânicos são mais solúveis em
lipídios ou material gorduroso, isto é, elas são lipofílicas.
64
Hidrolise da Anfetamina
A polaridade de uma molécula orgânica é a medida de sua capacidade de dissolver em
água, sendo determinada pelo número de grupos polares (por exemplo -OH, -NH2, COOH) que contém. Um composto como o inositol (III) seria muito mais polar que o
cicloexanol (IV).
A polaridade de um eletrólito fraco é maior no estado ionizado, e esta é a base de sua
solubilidade maior em um sistema aquoso e reduzida na maioria dos solventes orgânicos
e lipídeos. A passagem de um eletrólito fraco de um sistema aquoso para um oleoso é
máxima quando o eletrólito estiver em sua forma neutra.
O movimento de uma molécula da droga através do organismo depende de sua
capacidade de passar através das membranas que separam os diferentes
compartimentos de tecidos. Há vários mecanismos através dos quais ocorrem esta
passagem e o mais comum é a difusão passiva. Na difusão passiva, a droga passa
através da membrana dissolvendo-se nela e atravessando-a numa velocidade
proporcional ao gradiente de concentração ao longo da direção de difusão. Para
dissolver-se na membrana, que é de caráter lipídico, a droga precisa ser lipossolúvel.
Assim sendo, compostos neutros ou não-polares, como, por exemplo, os anestésicos
voláteis, difundem-se através das membranas muito mais facilmente que os compostos
polares.
Compostos polares, como o açúcar e os aminoácidos, que são substratos fisiológicos,
penetram nas membranas por um processo mediado por carregador, no qual o composto
combina-se com um sítio específico da superfície externa da membrana celular e forma
um complexo que atravessa a mesma. O complexo é instável na parte interna da
membrana e, assim, o material transportado é liberado e o carregador fica livre para
voltar e ligar-se a outra molécula que será transportada. Há diferentes tipos de
transportes mediados por carregadores (ou carreadores), transportes estes baseados no
tipo de energia envolvida. Em alguns casos, o transporte é feito por difusão facilitada, em
65
que a força de propulsão é o gradiente de concentração através da membrana. Em
outros processos, o movimento opõe-se a um gradiente termodinâmico, sendo
necessário energia para manter o transporte. Este segundo processo é chamado de
transporte ativo. As drogas que entram nas células por mecanismos de carregadores
são, geralmente, semelhantes aos substratos dos mesmos quanto à estrutura química e,
assim, ligam-se a estes carregadores.
Outras substâncias polares de baixo peso molecular, isto é, a água, o álcool etílico e a
uréia, penetram nas membranas através dos poros ou fendas da camada bimolecular de
lipídios. A absorção de compostos de alto peso molecular, tais como as proteínas e os
agregados moleculares, é feita por pinocitose, na qual a célula toda envolve o material.
(OWALDO, p. 74)
5.8 Atividade 8: Sugestão de Trabalho de Pesquisa
Realização de trabalho de pesquisa com distribuição de temas por grupos, onde
cada grupo fará pesquisa sobre uma droga. A pesquisa será apresentada na forma
de um trabalho escrito e oral onde, devem ser abordados os seguintes aspectos
sobre as drogas:
-
efeitos e riscos das drogas na sociedade;
-
sintomas;
-
recuperação de usuários;
-
ação da droga sobre gestantes e bebês;
5.9 Atividade 9: Desenvolvimento de Projeto de Pesquisa Sobre Drogas
1) Organizar um polígrafo contendo recortes de jornais locais e nacionais relatando
os casos de abuso de drogas (incluindo o álcool e o cigarro).
Ver quais são as drogas mais citadas nos matérias? Por quê?
2) O LSD e o ecsasy são alucinógenos. Pesquise sobre outros tipos de drogas e
quais os seus efeitos, bem como sua fórmula estrutural e molecular.
5.10 Atividade 10: Sugestão de vídeos
- Combatendo as drogas
- Projeto Cara Limpa – um mundo sem drogas
- Drogas: o importante é assegurar esse futuro
66
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizar esse trabalho, percebi o quanto é complexo o problema referente
ao consumo de drogas pelos adolescentes e o quanto isso exige abordagens
amplas e igualmente complexas para sua resolução.
Mesmo entendendo que este assunto é de suma importância e que deveria
ser trabalhado nas escolas com mais dedicação e empenho por parte dos
professores, senti a falta de interesse de alguns colegas, não somente pelas
respostas vagas da pesquisa, como também pela falta de colaboração de alguns
que foram indiferentes quando foi solicitado sua opinião e/ou participação na
pesquisa. Notei, ainda, que muitos professores que não mostraram interesse em
responder a pesquisa, como depois comprovei na própria pesquisa, acham que este
assunto – drogas – deve ser tratado pelos professores de religião e ciências.
Por outro lado, o trabalho realizado com os alunos superou minhas
expectativas, pois eles demonstraram bastante interesse, participando com
entusiasmo das atividades propostas, questionando, debatendo assuntos e opiniões
contrárias, demonstrando empenho para buscar informações que desconheciam
sobre os efeitos das drogas e até as relações que poderiam ser feitas com a
Química Orgânica como, por exemplo, as substâncias químicas presentes nas
drogas e, até, sugeriram que fosse criada a semana de prevenção ao uso de drogas
na escola, com atividades que envolvessem alunos e professores.
Ainda, em relação à pesquisa realizada com os alunos, percebi que possuem
opiniões formadas e bem alinhadas no que diz respeito a alguns tópicos
relacionados com o assunto drogas, porém, notei que eles têm conceitos e
informações equivocadas em relação ao que sejam alguns medicamentos, e que
ficam em dúvida sobre a caracterização como drogas, de substâncias de origem
natural como, por exemplo, a planta que dá origem à maconha.
67
Por tudo isto, creio que justifica-se a iniciativa de produção de um material de
apoio, contendo algumas sugestões metodológicas que possam servir de subsídio
aos professores que desejam contextualizar os conteúdos de química orgânica ao
tema drogas. Esse material contém algumas reportagens da mídia que abordam
fatos e acontecimentos próximos ao cotidiano dos alunos, e que podem ser úteis
para problematizar e conscientizar os adolescentes dos males causados pelo uso de
drogas.
Sabemos que esse tipo de pesquisa e/ou a sugestão de material didático, não
conseguirão erradicar o problema, nem é essa minha intenção, mas acredito que é
uma ação possível e que pode contribuir para a conscientização dos adolescentes a
respeito da tomada de decisões em prol da sua saúde. Ações coletivas e a
ampliação de informações e conhecimentos sobre o assunto pode mostrar aos
estudantes as conseqüências maléficas das drogas no ser humano e a sua extensão
na família e na sociedade como um todo. Nesse sentido, os conhecimentos
químicos podem contribuir para a ampliação dessas informações.
Por último, quero ressaltar o ganho que tive com relação à aquisição de
conhecimentos, pois precisei dispor de muitas horas e me empenhar muito,
pesquisando e estudando, para conseguir elaborar e finalizar este Trabalho de
Conclusão.
68
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WIKIPÉDIA. Etanol. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Etanol >. Acesso
em: 18 mai 2007.
EINSTEIN, Albert Hospital Israelita. Alcool e drogas sem distorção. Disponível
em:http://72.21.62.210/alcooledrogas/atualizacoes/as_102.htm. Acesso em 14 jun
2007.
Site Álcool e Drogas sem Distorção (www.einstein.br/alcooledrogas)/Programa Álcool e
Drogas (PAD) do Hospital Israelita Albert Einstein
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ANEXO – A Letra Musica
Legalize Já
Planet Hemp
(Riff Principal)
Digo foda-se as leis e todas regras
Eu não me agrego a nenhuma delas
Me chamam de marginal só por fumar minha erva
Porque isso tanto os interessa
Já está provado cientificamente
O verdadeiro poder , que ela age sobre a mente
Querem nos limitar de ir mais além
É muito fácil criticar sem se informar
Se informe antes de falar e legalize ganja
(Refrão)
Legalize já, legalize já
Porque uma erva natural não pode te prejudicar
(Riff Principal)
O álcool mata bancado pelo código penal
Onde quem fuma maconha é que é marginal
E por que não legalizar ? e por que não legalizar ?
Estão ganhando dinheiro e vendo o povo se matar
Tendo que viver escondido no submundo
Tratado como pilantra, safado, vagabundo
Só por fumar uma erva vo manda em todo mundo
É mais que seguro proibir que é um absurdo
Aí provoca um tráfico que te mata em um segundo
A polícia de um lado e o usuário do outro
Eles vivem numa boa e o povo no esgoto
E se diga não às drogas, mas saiba o que está dizendo
Eles põe campanha na tevê e por trás vão te fudendo
Este é o planet hemp alertando pro chegado
Pra você tomar cuidado com os porcos fardados
Não falo por falar eu procuro me informar
É por isso que eu digo legalize ganja
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ANEXO B – Texto sobre drogas
DROGAS
Conceitos
Droga é toda e qualquer substância, natural ou sintética que, introduzida no
organismo modifica suas funções. As drogas naturais são obtidas através de
determinadas plantas, de animais e de alguns minerais. Exemplo a cafeína (do
café), a nicotina (presente no tabaco), o ópio (na papoula) e o THC
tetrahidrocanabiol (da maconha). As drogas sintéticas são fabricadas em laboratório,
exigindo para isso técnicas especiais. O termo droga, presta-se a várias
interpretações, mas comumente suscita a idéia de uma substância proibida, de uso
ilegal e nocivo ao indivíduo, modificando-lhe as funções, as sensações, o humor e o
comportamento. As drogas estão classificadas em três categorias: as estimulantes,
os depressores e os perturbadores das atividades mentais. O termo droga envolve
os analgésicos, estimulantes, alucinógenos, tranquilizantes e barbitúricos, além do
álcool e substâncias voláteis. As psicotrópicas, são as drogas que tem tropismo e
afetam o Sistema Nervoso Central, modificando as atividades psíquicas e o
comportamento. Essas drogas podem ser absorvidas de várias formas: por injeção,
por inalação, via oral, injeção intravenosa ou aplicadas via retal (supositório).
Uso Nocivo
É um padrão de uso de substância psicoativa que está causando dano à saúde. O
dano pode ser físico (como no caso de hepatite decorrente da administração de
drogas injetáveis) ou mental (ex. episódio depressivo secundário a um grande
consumo de álcool).
Toxicomania
A toxicomania é um estado de intoxicação periódica ou crônica, nociva ao indivíduo
e à sociedade, determinada pelo consumo repetido de uma droga, (natural ou
sintética). Suas características são:
1- irresistível desejo causado pela falta que obriga a continuar a usar droga;
2 - tendência a aumentar a dose;
3 - dependência de ordem psíquica (psicológica), às vezes física acerca dos efeitos
das drogas.
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Síndrome de Dependência
É um conjunto de fenômenos fisiológicos, comportamentais e cognitivos, no qual o
uso de uma substância ou uma classe de substâncias alcança uma prioridade muito
maior para um determinado indivíduo, do que outros comportamentos que antes
tinham mais valor.
Uma característica central da síndrome da dependência é o desejo (frequentemente
forte e algumas vezes irresistível) de consumir drogas psicoativas as quais podem
ou não terem sido prescritas por médicos.
Codependência é uma doença emocional que foi "diagnosticada" nos Estados
Unidos por volta das décadas de 70 e 80, em uma clínica para dependentes
químicos, através do atendimento a seus familiares. Porém, com os avanços dos
estudos das causas e dos sintomas, que são vários, chegou-se à conclusão de que
esta doença atinge não apenas os familiares dos dependentes químicos, mas um
grande número de pessoas, cujos comportamentos e reações perante a vida são um
meio de sobrevivência.
Os codependentes são aqueles que vivem em função do(s) outro(os), fazendo
destes a razão de sua felicidade e bem estar. São pessoas que têm baixa autoestima e intenso sentimento de culpa. Vivem tentando "ajudar" outras pessoas,
esquecendo, na maior parte do tempo, de viver a própria vida, entre outras atitudes
de auto-anulação. O que vai caracterizar o doente é o grau de negligenciamento de
sua
própria
vida
em
função
do
outro
e
de
comportamentos
insanos.
A codependência também pode ser fatal, causando morte por depressão, suicídio,
assassinato, câncer e outros. Embora não haja nas certidões de óbito o termo
codependência, muitas vezes ela é o agente desencadeante de doenças muito
sérias. Mas pode-se reverter este quadro, adotando-se comportamentos mais
saudáveis. Os profissionais apontam que o primeiro passo em direção à mudança é
tomar consciência e aceitar o problema.
Abstinência Narcótica
Independente de sexo ou idade, na gravidez ou não, sempre que se suspendem de
forma abrupta os narcóticos, poderá eclodir numa pessoa viciada nestas drogas,
uma sequência de sintomas como, por exemplo, ansiedade, lacrimejamento, coriza
intensa, bocejos frequentes, sudorese excessiva, fraqueza tremores musculares,
ondas de frio, ondas de calor, dores musculares, insônia, náusea, vômitos, muita
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inquietação, aumento da frequência respiratória, pulso rápido, aumento da
profundidade da respiração, aumento da pressão arterial e febre, entre outros, que
caracterizam a síndrome abstinência narcótica.
Como as Drogas Circulam no Corpo
As drogas circulam de maneira previsível pelo corpo e ganham maior velocidade e
alcance a partir do momento em que entram na corrente sanguínea.
O sangue circula dos tecidos para o coração através das veias. Do coração, ele
parte para os pulmões para adquirir oxigênio e liberar o dióxido de carbono. O
sangue volta, então, para o coração através das artérias, carregando consigo a
droga. As drogas podem der administradas oralmente, aspiradas pelo nariz ou
inaladas até os pulmões. Podem também ser injetadas através da pele, de uma
camada de gordura, músculo ou dentro de uma veia (via intravenosa). A injeção
intravenosa é a via que produz os efeitos mais rápidos.…
Adaptação de texto acessado no endereço:
http://www.antidrogas.com.br/oquedrogas.php
(Fontes: Salvar o Filho Drogado, Dr. Flávio Rotman, 2ª edição, Editora Recor
Anjos Caídos, Içami Tiba, 6ª edição, Editora Gente.Como agem as drogas, Gesina L.
Longenecker,PH.D. Quark books. Ilustrações de Nelson W.Hee)
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Anexo C – Pesquisa Aluno
Questionário Referente à Música
1) Em sua opinião, o número de usuários de drogas ilícitas diminuiria, aumentaria
ou manteria os mesmos índices, caso uso de drogas fosse legalizado e deixasse
de ser considerado crime?
2) Você acha que a violência diminuiria, aumentaria ou manteria os mesmos índices
caso houvesse legalização do uso de drogas?
3) Você acredita que esse tipo de iniciativa (música, manifestações populares, etc)
funciona como estratégia para a conscientização e prevenção ao uso de drogas?
Qual a sua opinião sobre falar sobre drogas nos meios de comunicação?
4) Cite espaços, lugares, instituições, locais que você acha serem adequados para
tratar esse assunto.
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Anexo D - Questões Referentes ao Texto Drogas
De acordo com a leitura do texto, responda as questões que seguem:
1) Qual a diferença entre uma droga natural e uma droga sintética?
2) O que são substâncias psicoativas?
3) A maconha, por ter origem vegetal (assim como outras drogas), poderia ser
considerada menos nociva do que as trocas sintéticas?
4) Todos os remédios são considerados drogas? Na sua opinião há remédios que
podem ser considerados drogas? Quais e por quê?
5) O que são drogas lícitas? O que são drogas ilícitas? Quais são os efeitos dessas
drogas a longo e a curto prazo?
6) Na sua opinião, as drogas lícitas são menos causam menos mal à saúde do que
as drogas ilícitas?
7) O álcool é uma droga legalizada que pode ser comercializada (para maiores de
idade). Sabe-se que todas as bebidas alcoólicas contêm álcool, então, qual é a
diferença entre elas?
8) Como você classificaria (menos ou mais “perigosas”) diferentes bebidas
alcoólicas com relação aos riscos à saúde e ao risco de dependência?
Com relação à origem e processo de produção, qual a diferença entre as bebidas
alcoólicas mais conhecidas?
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ANEXO E – Pesquisa professores
1) Que ações a escola pode desenvolver para abordar os temas transversais citados
nos PCNs como, por exemplo, o tema saúde?
2) Você acha que a disciplina de química pode abordar esse tema? Relacionando a
que assunto?
3) Você considera adequado, por exemplo, tratar o assunto drogas em aulas de
Química? Na sua opinião, quais abordagens seriam indicadas?
4) Qual(is) disciplina(s) seria(m) mais indicada(s) para tratar esse assunto? Você
acha que na sua disciplina é possível tratar esse assunto? Por que?
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ANEXO F - Drogas o que Fazer a Respeito
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Trabalho de Conclusão 12_07_07 Versão Final