NAVIOS OCEANOGRÁFICOS
Tipos de Navios
Qualquer trabalho a desenvolver no mar tem custos geralmente muito maiores do que trabalhos
similares desenvolvidos em terra. O principal factor que encarrece os trabalhos oceanográficos é o custo
dos meios navais. O preço mínimo de um navio oceânico é de 6000 euros/dia, mas frequentemente este
valor é bastante maior. O preço mínimo de um navio de médio porte é da ordem de 1500 euros/dia.
Existem 4 tipos principais de navios de investigação:
•navios hidrográficos - construídos para servirem de base a trabalhos relacionados com a batimetria,
com a correntometria, com a estrutura das massa de água, etc.
•navios halieuticos - adaptados para a realização de trabalhos relacionados com a investigação
pesqueira
•navios oceanográficos - concebidos para a realização de quase todos os tipos de trabalhos de
investigação em oceanografia
•navios especiais - desenhados para desenvolverem, principalmente, determinados tipos de trabalhos
específicos
Ao procurar-se um navio para realizar um cruzeiro científico deve ter-se em atenção se as
suas características são adequadas aos trabalhos que se pretende desenvolver. Alguns dos
factores a considerar são:
•custo
•manobralidade
•estabilidade
•calado
•autonomia
•aparelhos de força, guinchos e cabos electromecânicos
•pórticos
•laboratórios
•Equipamento científico instalado
•alojamento (dimensão da equipa científica)
Trabalho a bordo
Por via de regra, trabalha-se 24 horas por dia no sentido de rentabilizar a utilização do navio.Tal
implica ter equipas científicas alargadas.
• Em Portugal e em muitos outros países é costume organizar o trabalho a bordo em quartos.
Formam-se três equipas que realizam por dia dois períodos de 4 horas, que se iníciam às 0h e 12h,
às 4h e 16h e às 8h e 20h.
•Quando a equipa científica é reduzida trabalha-se em regime de bordadas, sistema este que com
frequência é adoptado pelos investigadores anglo-saxónicos. Formam-se duas equipas que
realizam trabalho contínuo durante 12 horas.
Alguns Navios Especiais
Para desenvolver alguns tipos de trabalhos específicos no mar são, por vezes, construidos navios
especiais.
Alguns dos mais colhecidos são os navios de perfuração "Glomar Challenger", que esteve ao serviço
do consórcio JOIDES durante a execução do projecto DSDP (Deep Sea Drilling Project), e "Joides
Resolution" que opera actualmente para o projecto ODP (Ocean Drilling Project), e o navio FLIP.
O "Glomar Challenger" foi construido no final da
década de 1960 pela Global Marine Inc. O seu nome é
uma homenagem ao histórico navio "HMS Challenger"
que iniciou os trabalhos científicos de oceanografia.
Tem 120 m de comprimento e 20 m de largura. Na
altura era o único navio do género a operar no mar.
Podia efectuar perfurações do fundo oceânico até
profundidades de 6000m. A torre de perfuração tem
43 m de altura. Foi concebido de tal forma que é
extremamente estável, para o que foi necessário
desenvolver métodos e equipamentos específicos.
Operou para o projecto DSDP entre 1968 e 1983.
O navio de perfuração "Joides Resolution" veio substituir
o "Glomar Challenger" quando o consórcio JOIDES iniciou a
execução do projecto ODP. O seu nome é uma homenagem
ao "HMS Resolution" que, há mais de 200 anos, comandado
pelo Capitão James Cook, explorou o oceano Pacífico e a
região antárctica. O "Joides Resolution" tem 143 m de
comprimento e 21 m de largura, estando dotado de uma
torre de perfuração com 61,5 m de altura. Entre Janeiro de
1985 e Fevereiro de 1999 efectuou 1417 sondagens em 535
locais. A perfuração em águas mais profundas que realizou
localiza-se à profundidade de 5980 m, no Pacífico ocidental.
O "FLIP" (Floating Instrument Platform) é um navio
especial da U.S. Navy, não auto-propulsado, operado pelo Marine
Physical Laboratory (MPL), Scripps Institution of Oceanography,
University of California, San Diego. Tem 108 m de comprimento
e, quando na vertical, emerge da água apenas 17m. Este navio
original foi construído para desenvolver investigação relacionada
com o programa de armas submarinas da marinha dos EUA, mas
tem dado apoio a grande variedade de projectos de investigação
oceanográfica, designadamente no âmbito da biologia, da
oceanografia física, da meteorologia e da geofísica. O FLIP foi
lançado à água em 22 de Junho de 1962. É o único navio deste
tipo no mundo.
VEÍCULOS SUBAQUÁTICOS
História breve
1934
William Beebe desce a 923m numa “batisfera”
1960
Submersível tripulado Trieste mergulha a 10915m na Fossa das Marianas
Veículos submersíveis tripulados
Veículos subaquáticos tripulados; mobilidade limitada com transporte em plataformas flutuantes
até à área de operação; grau de autonomia variável; podem funcionar com cabo umbilical.
Submersível Alvin (3 tripulantes, max 4500 m)
Submersível Johnson-Sea-Link II (4 tripulantes, max ca. 900m).
Submersível Mir II (3 tripulantes, max 6000 m)
Submersível Nautile (3 tripulantes, max 6000 m).
Submersível Shinkai 6500 (6527 m, 3 tripulantes).
Submersível DeepWorker (1 tripulante, max 600 m).
ROVs (Remotely Operated Vehicles)
•
controlados por operador no navio
•
não tripulados
•
ligados ao navio por cabo umbilical
ROV Issis (Reino Unido)
no navio James Clark
Ross – capacidade de
operar até aos 6500m
de profundidade.
Em Portugal, o submersível mais moderno existente é o
“LUSO”. É um ROV (”Remotely Operated Vehicle”),
modelo Abyss Bathysaurus XL da companhia
Norueguesa, Argus Remote Systems AS com capacidade
operacional até aos 6000m de profundidade.
Permite a recolha selectiva de amostras geológicas e serve de plataforma para acoplamento de um elevado
número de instrumentos científicos, como: parâmetros físicos e químicos da água, câmaras de alta definição
HDTV, a amostragem na sub-superfície em rocha e sedimento, sonar e batimetria multi-feixe, medidor de
correntes, entre outros. É igualmente possível o acoplamento de equipamentos específicos para operações de
engenharia pesada como lançamento de cabos submarinos, inspecção, limpeza e manutenção de infraestruturas submarinas, podendo igualmente ser utilizado em operações combate à poluição marinha.
AUVs (Autonomous Underwater Vehicles)
•Robôs submarinos (até 6000 m); Operam de modo autónomo; Não tripulados
•Em aplicações militares designam-se Veículos Submarinos Não Pilotados ou UUV’s (Unmanned Underwater Vehicles)
•Diversos modos de operação
AUV Explorer (Alemanha), com capacidade de operação até 5000 m.
AUV Asterx (França), com capacidade de operação até 3000 m e 100 km
de autonomia.
AUV Infante (Portugal) até 500m de profundidade e autonomia de 800 km.
Navios Oceanográficos Portugueses
N.R.P. "D. CARLOS I"
N.R.P. "Almirante GAGO COUTINHO"
N.R.P. "D. Carlos I"
- Lançamento à água: 30JAN1989; Pronto como navio hidrogáfico: NOV2003
- Foi entregue à Marinha Portuguesa em 28FEV997 – Instituto Hidrográfico da Marinha
- Anteriormente U.S.N.S. “Audacious” (vigilância submarina): 1989-1995
- Guarnição: 34 elementos (6 oficiais, 7 sargentos e 21 praças) e 12 membros da equipa científica.
- Comprimento: 68,7 metros; Calado:5,6 metros; Deslocamento: 2300 toneladas
- Velocidade cruzeiro: 9 nós; Consumo médio (170 r.p.m.): 8500 litros/dia
- Autonomia: 30 dias
No NRP D. Carlos I, a nível estrutural foi:
•criada o centro de aquisição de dados hidrográficos e oceanográficos;
•criados laboratórios seco e molhado;
•criadas salas de desenho e de reuniões;
•colocados guinchos oceanográficos;
•aumentada a área na tolda disponível para fainas;
•instalada uma embarcação de sondagem;
•criadas as condições para embarcar um contentor com material de apoio;
•instalado um pórtico na tolda;
•instalada uma grua para movimentação de viaturas e outro equipamento.
Contentor de
alimentação
dos guinchos
Grua Pallfinger
Pórtico lateral
Embarcação de
sondagem
Grua Heila
Guincho
multi-usos
Guincho
oceanográfico
Pórtico de ré
Foi instalada no casco uma gôndola com 6 x 4 metros e
8 ton. de massa para a colocação de sensores.
Em particular:
- um sistema sondador multifeixe para cartografia do
fundo do mar com alcance dos 200 aos 11000 m e
cobertura angular de 150º.
- perfiladores acústico de correntes por efeito de
Doppler (ADCP – Acoustic Doppler Current Profiler)
para medição da velocidade da corrente a vários níveis
com o navio em movimento. Alcance: 800 a 1000 m
(38 kHz) e 380 a 425 m (150 kHz).
Gôndola com a instalação dos transdutores
O N.R.P. "Almirante Gago Coutinho“ é um navio
irmão gémeo do N.R.P. D. Carlos I, pertence à classe “D.
Carlos I”. Chegou a Portugal no dia 7 de Abril de
2000. Em Fevereiro de 2006 iniciou a fase de
fabricos para instalação de novos equipamentos
e conversão num moderno navio oceanográfico.
Está operacional desde Maio 2007.
A adaptação e equipamento destes navio foi possibilitada por protocolo entre a
Marinha - Instituto Hidrográfico e a Fundação para a Ciência e Tecnologia.
N.R.P. "ANDRÓMEDA"
N.R.P. "AURIGA"
Os NRP "Andrómeda" e "Auriga" são duas lanchas hidrográficas gémeas concebidas para a actividades de
investigação em estuários e zonas costeiras. Foram lançados à água nos estaleiros do Arsenal do Alfeite,
respectivamente em 12 de Dezembro de 1985 e 26 de Maio de 1987. A entrega dos navios ao Instituto
Hidrográfico verificou-se em Maio de 1987 e Março de 1988. Dispõem de uma área destinada a laboratório
molhado e da possibilidade de receberem um contentor de 6 m, para usos científicos específicos. Dispõem
também de uma área de 30 m2 no convés a ré.
Actividades Possíveis
•Sondagem em escala 1:10 000 a 1:50 000
•Colocação e levantamento de amarrações de correntómetros e marégrafos
•Colocação e levantamento de bóias de medição de ondulação
•Estações de observação directa e registo de parâmetros químicos e físicos da água
•Estações de colheita de amostras de água até 1500 m de profundidade
•Colheitas de amostras de fundo com colhedores tipo "Shipeck", "Van Veen" e "Corers"
•Reboque de sonar de pesquisa lateral e sondador de sedimentos
•Investigação com equipamentos de sísmica ligeira de reflexão contínua
•Investigação com "Remote Operating Vehicule" (ROV), com utilização de câmaras de vídeo submarinas
•Colheita de amostras biológicas
NI "NORUEGA"
Este navio de pesca foi oferecido pela Noruega a Portugal. Pertence ao INRB/IPIMAR
Posteriormente foi modificado ficando assim apto a efectuar oceanografia em zonas costeiras e oceânicas.
Tem um comprimento de 47.5 m, atinge 13 nós de velocidade máxima, 9500 milhas de Autonomia e
1500 HP de Potência.
Da sua tripulação fazem parte 18 pessoas, e 12 elementos integram a sua Equipa Técnica.
Ano de Construção: 1978.
LABORATÓRIOS
Hidrografia, Biologia/Química, Biologia/Amostragem, Acústico
PRINCIPAIS ACTIVIDADES
Este navio dedica-se à realização de campanhas de bioceanografia e pescas, que envolvam:
Oceanografia e plâncton; Sedimentos e fauna bentónica; Rastreio acústico; Arrasto pelo fundo; Arrasto
pelágico; Armadilhas; Aparelhos de linha
NI "ARQUIPÉLAGO"
Navio ao serviço do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores (DOP/UAç) desde
1993 e tem sido usado extensivamente em programas de investigação no Atlântico Nordeste (Açores,
Madeira).
Este navio de 25,4 m (comprimento de fora a fora) foi especificamente desenhado para investigação na
área da oceanografia e pescas.
Equipamento da ponte: SONAR, Sonda Acústica a cores de dupla frequência, Sonda Gráfica de
profundidade, Plotter, Facsimile, GPS, Sistema de Comunicação por Satélite (INMARSATC), Sistema de
Comunicação Rádio-Telefone SSB, Sistema Rádio de Comunicação VHF acoplado a Autolink, RADAR, Piloto
automático, Gyro, Sistema de Detecção de Incêndios, Alarme Dead-man, Estação Meteorológica e Circuito
Interno de Vídeo.
Equipamento do convés: aladores de pesca e guinchos, dois guinchos oceanográficos (um com 700 m cabo
de aço simples e outro com 2.500 m de cabo electromecânico para trabalhar com rosette/CTD), uma grua
hidráulica com um alcance de 5 m e uma capacidade de alagem (C.A.) de 2,5 ton, um pórtico lateral (2,5
ton C.A.) e um pórtico de popa (4 ton C.A.), compartimentos de armazenamento e um túnel de congelação
rápida (2 ton/dia). O convés do navio encontra-se ainda preparado para receber um contentor-laboratório
de 3,03 m ou um guincho SEASOAR com 650 m de cabo.
O laboratório seco (12m2) pode acomodar 4 posições de trabalho simultâneas para operação de
equipamento de recolha de dados e computadores. Estes podem receber informação em tempo real a partir
do equipamento da ponte: velocidade e direcção do vento, temperatura do ar e da água, profundidade,
humidade relativa, pressão atmosférica, velocidade, rota e posição do navio. Neste laboratório estão ainda
instalados uma eco-sonda científica SIMRAD EK500, a unidade de convés e o computador do RDI "Acoustic
Doppler Current Profiler" montado no casco, um sistema de informação meteorológica por satélite Systems
West APT, e as unidades de convés do CTD e do SEASOAR.
ALOJAMENTO Tripulação 7; Cientistas 6
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Veículos oceanográficos