N º 871 - SETEMBRO DE 2015 - UM JORNAL A SERVIÇO DOS METALÚRGICOS DE SANTO ANDRÉ E MAUÁ
82 anos na defesa
da categoria e da
democracia brasileira
Cícero Martinha com os trabalhadores da Cofap na luta contra arrocho salarial
O Sindicato dos Metalúrgicos
de Santo André e Mauá comemorou o 82º aniversário com a posse
de sua nova diretoria e também a
da Associação dos Aposentados,
lideradas por Cícero Martinha.
Também homenageou lideranças
que ajudaram a construir a história desde sua fundação em 23 de
setembro de 1933. Estiveram presentes ao evento o prefeito Carlos
Grana, deputado estadual Luiz
Turco, vereador Almir Cicote,
vereador Marcelo Oliveira, entre
outras autoridades, lideranças sindicais e comunitárias.
Páginas 2, 3 e 4
Araquém (Metalúrgicos de São Paulo), vereador Almir Cicote, diretora Denise Moreira,
deputado Luiz Turco, Cícero Martinha (presidente licenciado do Sindicato), José Braz Fofão
(presidente em exercício), secretário João Avamileno, ouvidor José Ribas Júnior, Marquinhos
(Força Sindical Estadual) e prefeito Carlos Grana
Sindicato perpetua
memória de seus
líderes
O Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e
Mauá homenageia os líderes já falecidos que contribuíram para construção da história que neste 23 de
setembro completa 82 anos. Assim, cada espaço significativo das sedes em Santo André e Mauá levará o
nome desses dirigentes que deixaram como legado
exemplos que ficarão para sempre. “Precisamos registrar a trajetória desses companheiros na história
do Sindicato”, afirmou Cícero Martinha, secretário
do Trabalho e presidente licenciado do Sindicato, ao
anunciar as homenagens, na comemoração dos 81
anos da entidade.
Marcos Andreotti
José Cicote
Marcos Andreotti (1910-1984)
Um dos fundadores do Sindicato, foi seu primeiro presidente, sendo confirmado nas urnas em 1934
na primeira eleição da entidade. Na
época, uma das reivindicações era a
jornada de 8 horas. Foi afastado do
cargo e preso em 1937, com a intervenção do governo Vargas no Sindicato. Voltou a ocupar a presidência
do Sindicato entre 1958 e 1964. Em
1947, foi eleito vereador de Santo
André mas nunca tomou posse, assim como seus companheiros da
Chapa de Prestes. Faleceu em 1984.
Homenagem: sede de Santo André
José Cicote (1937-2013)
Conhecido como Cicotão, em
1962 veio a Santo André onde desenvolveu sua carreira sindical e
política. Cassado como diretor do
Sindicato e preso durante a ditadura
militar devido à atuação na greve ao
lado de Luiz Inácio Lula da Silva, foi
um dos fundadores do PT, partido
pelo qual se elegeu deputado estadual duas vezes, deputado federal e
vice-prefeito na chapa liderada por
Celso Daniel. Era vice-presidente da
Associação dos Aposentados quan-
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O METALÚRGICO
Miguel Guillen
Família de José Cicote com Cícero Martinha
Família de Valdecir, o Véinho
Família de Adonis Bernardes
Lourdes Braz, viúva de Philadelpho Braz
Família de José Tomaz Neto
Philadelpho Braz
do nos deixou aos 76 anos.
Homenagem: salão no térreo em
Santo André
Miguel Guillen (1911-1988)
Foi presidente do Sindicato entre
1942 e 1943. Ajudou na organização
de vários sindicatos na região como
o dos borracheiros e o dos trabalhadores na construção civil. Ele também fazia parte da Chapa de Prestes
que, em 1947, elegeu seis vereadores
e Armando Mazzo para prefeito de
Santo André. Nenhum deles jamais
tomou posse. Faleceu dentro do
Sindicato em 1988 quando exercia
o cargo de diretor da Associação dos
Trabalhadores Aposentados e Pensionistas.
Homenagem: auditório em Santo
André
Philadelpho Braz (1926-2009)
Nascido no interior de São Paulo em 1926, veio a Santo André
em 1939 e, aos 14 anos, começou
a trabalhar como metalúrgico. Foi
um dos fundadores do Partido dos
Trabalhadores em 1980. Durante
décadas, se dedicou à pesquisa da
memória do ABC e foi membro ativo
do Gipem (Grupo Independente de
Adonis Bernardes
José Tomaz Neto
Pesquisadores da Memória do Grande ABC). Com sua morte em 2009, o
sindicalismo das décadas de 1940 e
1950 perdeu um de seus últimos representantes.
Homenagem: centro de documentação
Adonis Bernardes (1955-2013)
Nascido e criado na pacata zona
rural de Guararapes, interior paulista,
veio a Santo André em 1970. Sua militância em movimentos sociais começou na JOC (Juventude Operária
Católica) e foi no período de 1978 a
1982 que se destacou como líder sindical e comunitário. Ele ingressou na
categoria em 1974 e em 1993 passou
a integrar a diretoria do Sindicato,
onde ocupou vários cargos. Formou-se em advocacia em 1995. Faleceu
aos 58 anos de complicações decorrentes de anemia falciforme.
Homenagem: Departamento Jurídico
José Tomaz Neto (1954-2003)
Metalúrgico na Cofap e na TRW,
foi também professor de história e
geografia na rede estadual de ensino. Passou a integrar a diretoria
do Sindicato em 1991. Entre 1996 e
Valdecir F. da Silva
1999, foi presidente do Sindicato. Em
sua gestão, foi instalado o Centro de
Solidariedade, com atuação na requalificação e recolocação de milhares de trabalhadores. Foi candidato
a vereador pelo PSB em 2000 e candidato a deputado federal em 2002.
Morreu aos 49 anos em 12 de março
de 2003.
Homenagem: sede de Mauá
Valdecir Fernandes da Silva
(1956-2003)
Mineiro radicado no Grande ABC
aos 17 anos em busca de oportunidades, ele foi padeiro e operário da
construção civil antes de ingressar na
Philips aos 20 anos. Já metalúrgico,
Véinho, como era conhecido, logo se
destacou como um líder no Chão de
Fábrica. Assim, passar a fazer parte da
diretoria do Sindicato, onde chegou
a ocupar o cargo de secretário geral,
foi um processo natural. Ele faleceu
aos 47 anos, em 2003, deixando a
viúva Denise, atualmente diretora do
Sindicato e da Associação dos Aposentados.
Homenagem: auditório da sede de
Mauá
Liderança forjada no Chão de Fábrica
e nas mobilizações políticas e sociais
No fim dos anos 1970, a inflação girava ao redor de 40% ao ano, corroendo o salário a partir do
dia em que os trabalhadores recebiam o contracheque. A classe trabalhadora, depois de suportar
o arrocho e a repressão aos seus movimentos desde 1964, se mobilizou e reagiu.
Surgiram as primeiras greves no Grande ABC
em 1978. Surgiram também as lideranças que se
forjaram no Chão de Fábrica onde aprenderam,
por conta própria, a desafiar as ameaças da repressão, da tortura e da prisão.
Muitos líderes foram presos. Outros foram assassinados. Mas o movimento que começou dentro das fábricas mudou o Brasil. E nos garantiu, até
hoje, a democracia que, atualmente, volta a ser
ameaçada.
Foi nesse contexto de lutas e de destemor que
surgiu uma das novas lideranças da categoria metalúrgica do Grande ABC.
Cícero Martinha trabalhava na Molins. E teve
seu batismo de fogo em uma greve que resultou
na conquista de 20% de antecipação salarial para
os metalúrgicos. A partir dessa atuação, se integrou ao Sindicato e ajudou a categoria a derrubar
os interventores da entidade em 1982.
Cícero Martinha é um autodidata. Aprende
sempre porque sabe ouvir e gosta muito de ler. E
lidera porque sempre teve coragem para defender o que a categoria queria e precisava.
Por isso, passou a ser respeitado pelas lideranças comunitárias, sindicais e políticas. Entre essas
lideranças que têm o respeito de Cícero Martinha
e que o respeitam está o companheiro Lula. O primeiro trabalhador metalúrgico a ser eleito presidente do Brasil.
Hoje, Cícero Martinha à frente do Sindicato dialoga política e socialmente com todos os prefeitos
e principais lideranças políticas da região, do Estado e do Brasil.
Porque todos reconhecem que ele nunca ficou
em cima do muro. Sempre atua na defesa intransigente dos interesses da classe trabalhadora brasileira.
Foi convocado (e aceitou) ser candidato a vice-prefeito na chapa de Vanderlei Siraque, que infelizmente perdeu a eleição. Em seguida, atuou ativamente na eleição do prefeito Carlos Grana, que,
vitorioso, o convidou para a Secretaria do Trabalho.
Dentro ou fora das estruturas de poder, Cícero
Martinha mantém seu comprometimento irrevogável com os interesses dos metalúrgicos e metalúrgicas de Santo André e Mauá.
O Sindicato participou nestes 82 anos de todos
os movimentos contra as várias ditaduras. E, agora,
mobiliza a companheirada para garantir a continuidade da nossa democracia, novamente ameaçada pelos golpistas de sempre. Golpistas alimentados por uma elite que não suporta a caminhada
da classe trabalhadora rumo a um Brasil mais justo.
Lula, José Dirceu, Cícero Martinha e Luiz Marinho, entre outros
sindicalistas, na Cofap
Diretores da retomada do Sindicato, que esteve sob intervenção, em abril de 1982, quando Cícero Martinha passou a fazer parte da
diretoria
Cícero Martinha com o presidente Lula no dia 31/8/2008 durante
a campanha eleitoral na qual foi candidato a vice-prefeito
Festa do 1º de Maio em Santo André em 2000 reuniu milhares
de trabalhadores
5º Congresso dos Metalúrgicos, em junho de 2003, reuniu 683
trabalhadores, que participaram ativamente nos quatro dias de
debates
Posse de Cícero Martinha na Secretaria do Trabalho de Santo
André em 6/1/2014
Tomie Ohtake, autora do Monumento ao Trabalhador, faleceu
aos 101 anos no dia 12/2/2015. Na foto com Cícero Martinha
e o prefeito Carlos Grana, na comemoração dos 80 anos do
Sindicato
Diretores do
Sindicato na
inauguração do
Monumento ao
Trabalhador no dia
29/9/2013
Milhares de trabalhadores da base protestaram contra a
terceirização; o ato em Sertãozinho foi no dia 30/4/2015. A luta
continua pela preservação dos empregos!
O METALÚRGICO
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Diretoria do Sindicato toma posse pronta
para combater crise e desemprego
A comemoração dos 82 anos do
Sindicato marcou também a posse da
diretoria eleita em maio com mais de
93% dos votos. O mandato para os próximos quatro anos já começa a mil com
a Campanha Salarial 2015, iniciada com
a entrega da pauta de reivindicações
aos sindicatos patronais (leia matéria
abaixo).
Temos ainda pela frente outros
desafios, como a mobilização contra
a terceirização, já que o projeto que
propõe terceirizar todas as atividades
nas indústrias, depois da aprovação na
Câmara dos Deputados, agora está em
andamento no Senado Federal.
Não podemos esquecer também da
Regra 85/95 com progressão para aposentadoria por tempo de contribuição,
em substituição ao fator previdenciário,
cuja medida provisória está para ser votada no Congresso Nacional.
Nova diretoria: depois da posse, amplia mobilização da categoria por aumento real e mais empregos
Campanha Salarial 2015
Contra crise, nossa luta é por aumento real
Adilson Torres, o Sapão (à esquerda), secretário
administrativo financeiro do Sindicato; Cláudio Magrão
(centro), presidente da Federação dos Metalúrgicos do
Estado de São Paulo, e Osmar César Fernandes, diretor
do Sindicato, na entrega da pauta de reivindicações às
entidades patronais
Como você deve ter
percebido, nesta edição
comemorativa dos 82 anos
do Sindicato mudamos
o logotipo do jornal,
resgatando a tipologia usada
em 1967. Mudamos a forma
mas mantivemos o conteúdo
de luta.
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O METALÚRGICO
Foi dada a largada à nossa
Campanha Salarial 2015 com
a entrega nesta terça, dia 22,
da pauta de reivindicações à
Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Com o slogan “Contra crise,
+ salários + empregos!”, a
mobilização da categoria é
por aumento real, fim das
terceirizações, valorização
do piso, trabalho decente e
combate aos acidentes de
trabalho, entre outros.
A campanha unificada
representa aproximadamen-
Órgão oficial do Sindicato dos
Metalúrgicos de Santo André e
Mauá
Presidente em exercício:
José Braz Fofão
Presidente licenciado:
Cícero Martinha
Diretor responsável:
Osmar Cesar Fernandes
Jornalista responsável:
Marina Takiishi MTb 13.404
Projeto gráfico e ilustrações:
Rodrigo da Cunha Lima
te 700.000 metalúrgicos de
todo o Estado, com data-base em 1º de novembro.
Diretores do Sindicato participaram da entrega da pauta. “Já passamos muitas dificuldades, muitos períodos
recessivos juntos, mas nunca
deixamos de ter aumento
salarial”, afirmou Cláudio
Magrão, presidente da Federação dos Metalúrgicos do
Estado de São Paulo. Desde
2004, a categoria vem conquistando aumento real nas
campanhas salariais.
Sede Santo André: Rua Gertrudes
de Lima, 202 Fone: 4993-8999
Sede Mauá: Av. Capitão João, 360
Fone: 4555-5500
Metalurgicos.SA.MA
www.metalurgicosantoandre.org.br
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82 anos na defesa da categoria e da democracia brasileira