A Faculdade de Letras da PUCRS, em parceria com o Instituto Cervantes de
Porto Alegre, promoveu no dia 23 de abril, às 19h30min, no Auditório da
FAMECOS, a conferência “Ortega y Gasset e a sociedade leitora do século XXI”,
com o filósofo e escritor gaúcho Jéferson Assumção, em celebração ao Dia
Internacional do Livro. A abertura do evento esteve a cargo da diretora da FALE,
Regina Kohlrausch.
Durante a palestra, mediada por Òscar Pujol, diretor do Instituto Cervantes,
Assumção falou sobre a formação e a tipificação de leitores, diferenciando os
leitores-massa dos leitores-vitais, a partir das reflexões reunidas em sua obra A
ilustração vital: Ortega y Gasset e o desenvolvimento de uma sociedade leitora
(2013), publicação que integra a coleção Leitura & Leitores da Cátedra Unesco
de Leitura, em conjunto com o Instituto Interdisciplinar de Leitura PUC-RJ e a
Fundação José Ortega y Gasset-Gregorio Marañón. Para Assumção, em
resumidas linhas, “a leitura – e leitura no sentido amplo de interpretar o mundo,
as imagens, as palavras – nos impõe a necessidade de uma relação ativa e
responsável com uma visão própria, autônoma, de mundo”.
O Dia Internacional do Livro é comemorado todos os anos no dia 23 de abril
desde 1995, quando foi instituído pela Unesco. Mas a celebração é mais antiga:
desde 1926 na Espanha se festeja não apenas o livro, mas também o leitor e a
leitura. Pujol lembrou que o dia 23 de abril foi escolhido porque coincidiria com a
data da morte de Miguel de Cervantes e de William Shakespeare. Há ressalvas:
Cervantes faleceu, de fato, no dia 22 e foi enterrado no dia 23 de abril; enquanto
Shakespeare faleceu, sim, no dia 23 de abril, mas do calendário juliano, que
corresponderia a 3 de maio do calendário gregoriano.
A discussão sobre a data não impede que as homenagens sejam realizadas em
várias partes do mundo. O auditório da FAMECOS se uniu a essa celebração: o
evento contou com a participação de um grupo de alunas do curso de Letras,
que recitou trechos em espanhol e português de Dom Quixote de la Mancha
(1605-1615), de Cervantes, com a coordenação da profa. María Bedoya, do
Instituto Cervantes.
Na plateia, entre os assistentes, além dos alunos e professores da PUCRS e
demais membros da comunidade, estiveram presentes alunos da formação de
sargentos do 9º Batalhão da Polícia Militar. Os participantes, seguindo um
costume catalão, receberam uma rosa, já que 23 de abril também é o dia de São
Jorge, padroeiro da Catalunha, província espanhola, como explicou Pujol.
Foi notícia:
50 anos do golpe militar
50 anos nos separam do início de uma época marcada pela repressão e pelo
medo generalizados: o golpe de 1964, instaurador da ditadura militar. O fato de
o tempo estar fazendo o que ele sempre costuma fazer (passar), no entanto, não
quer e não deve dizer que já esquecemos, que varremos essas lembranças para
debaixo do tapete. Assim, professores e alunos da FALE organizaram eventos e
deram depoimentos sobre episódios vividos neste período de atitudes arbitrárias.
Recompondo os retratos
Por Bruno Jorge Bergamin
Anos setenta: duas décadas de ditadura em 20 linhas.
BeatlesRollingStones
ElisChicoViníciusToquinhoCaetanoGilGalBetâniatropicáliasimonal
JovemGuardaRobertoErasmoVanderleiaVanderlei
romantismoinocenteéumabrasamorabichoPasquimHairHippiesRaulhippiepazea
mor...
Que profusão!
Reuniões dançantes e reuniões secretas.
Quarteis: a farda. Espiões: a farsa.
Emoção, luta, medo, revolta e silêncio.
Brasil: ame-o ou deixe-o!
Sala de aula: gravador, livros, cadernos, microfone no teto da sala.
Professores cassados: angústia e revolta.
Professores espiões: medo e revolta secreta.
Fato: Em 1971 foi criada a disciplina “Estudos de Problemas Brasileiros” (EPB).
Na UFRGS, todos nós, os formandos, fomos intimados a cursar essa disciplina.
Como o Currículo era dividido por anos estudados e não por semestres,
tivemos de frequentar EPB e adiar a formatura por um ano. Éramos em torno
de mil formandos de todos os cursos. Espaço das aulas: Salão de Atos.
Assobios, apitos, gritos, batidas ritmadas de pés ecoavam de um lado a outro
do salão. Guardas agindo. Formatura somente para fins de 1972, sem a
presença carinhosa de professores cassados.
Reunião secreta no bar: Formatura. Mensagem codificada: “Não queremos
Salão de Atos! Não queremos uso de beca. Usaremos jeans. Não enviaremos
convites! E O PARANINFO, QUEM SERÁ? - ÓTIMA IDEIA: O SEU MILTON,
PORTEIRO E RECEPCIONISTA ADMIRÁVEL DE NOSSA FACULDADE DE
FILOSOFIA, LETRAS E ARTES.
SEU MILTON, ACEITE MAIS UMA VEZ NOSSA HOMENAGEM!
Na busca por uma linha de vida, o que nos movia era: autenticidade em todas
as ações.
Os 50 anos do golpe militar são discutidos numa série de
eventos
Durante este semestre, o grupo de estudos Limiares comparatistas e diásporas
disciplinares: estudo de paisagens identitárias na contemporaneidade,
coordenado pelo professor Ricardo Barberena, abordará, em seus encontros, a
temática do golpe militar. De múltiplas formas, posto que a tensão advinda desse
momento foi representada em variados espaços, os diálogos propostos
transitam pela literatura, pela música e pelas artes plásticas.
Assim, o primeiro evento, “Literatura e ditadura: da pornografia à desilusão”, foi
apresentado no dia 28 de março por Luís Roberto Amabile e Vanessa Zucchi,
doutorandos em Teoria da Literatura pela PUCRS. Vanessa falou sobre a obra
de Cassandra Rios, autora censurada pelo regime militar devido às temáticas
abordadas em seus livros: pornografia, sexualidade, homoerotismo. Luís, por
sua vez, escolheu três livros para compor sua fala: Azul-corvo, de Adriana
Lisboa, Nada a dizer, de Elvira Vigna, e 1968 – o ano que não terminou, de
Zuenir Ventura. Com a Arena da FALE lotada, duas questões importantes foram
suscitadas: primeira, a de como hoje – 50 anos depois do golpe militar – a
censura é demonstrada e, a segunda, de como uma escritora como Cassandra
Rios, que vendeu mais de um milhão de exemplares, foi simplesmente
esquecida.
Já o segundo encontro – “Pode uma ditadura silenciar a arte?” – reuniu, no dia
11 de abril, os doutorandos Luís Roberto Amabile, Moema Vilela e Rodrigo
Trujillo, que focaram suas falas na ditadura argentina: enquanto Luís e Moema
falaram sobre o escritor Rodolfo Walsh, Rodrigo apresentou o trabalho do músico
Charly García. Os palestrantes apontaram que Walsh e García pensaram e
combateram o poder militar de maneiras distintas e muito pessoais: se o primeiro
utilizou técnicas próprias do gênero policial para escrever livros como Operação
Massacre, em que é relatado o percurso de doze homens até a noite na qual
foram fuzilados, o segundo servia-se de símbolos e de uma linguagem figurada
para falar sobre os problemas da Argentina e conseguir escapar à censura.
O próximo encontro será em 6 de junho e contará com o graduando em Letras
Ênio Monteiro e com a mestranda em Teoria da Literatura Maurin de Souza.
Instantâneas
II Jornada de Ensino de Língua Portuguesa e Tecnologias: A II Jornada de
Ensino de Língua Portuguesa e Tecnologias aconteceu no dia 25 de abril, com
o objetivo de contribuir para o ensino dessa disciplina no âmbito escolar,
utilizando procedimentos e tecnologias produtivas. A Jornada foi realizada de
modo a compartilhar os processos e resultados obtidos de projetos
desenvolvidos nesse âmbito, com destaque para o denominado "Leitura em
ambiente virtual: universidade e escola em rede de ensino, pesquisa e
extensão", apoiado pela FAPERGS e pelo CNPq. O evento foi organizado e
desenvolvido na arena da FALE, pela Profª. Vera Wannmacher Pereira. Projeto
Labsmóveis: O projeto LabsMóveis, vinculado à Pró-Reitoria Acadêmica e à
Pró-Reitoria de Administração e Finanças, tem por objetivo elaborar, aplicar e
avaliar estratégias de ensino adequadas ao uso de tecnologias em sala de aula.
A FALE participa desta iniciativa desde o segundo semestre de 2013, sob a
coordenação da Profa. Silvana Silveira, e sua primeira turma a integrar o projeto
é a de Leitura e Produção Textual em Língua Inglesa III. Cafezinho Literário:
Professores e personalidades de referência no meio cultural apresentam
escritores e obras literárias que influenciaram suas vidas e trajetórias
profissionais. Na segunda edição de 2014, o Cafezinho Literário recebeu
Francisco Marshall, historiador e arqueólogo, professor do Instituto de Filosofia
e Ciências Humanas da UFRGS, apresentando Édipo tirano", de Sófocles.
Materiais didáticos e ensino é tema de palestra na FALE
Professores da área da Linguística de diferentes universidades são convidados
a proferirem palestras no projeto Colloquium, promovido mensalmente pelo
PPGL, com o objetivo de discutir temas variados relevantes para a área. No dia
9 de abril, coube ao professor Vilson Leffa, da UCPel, apresentar a conferência
“A produção de materiais didáticos sob a perspectiva da agência distribuída”. O
pesquisador explicitou a importância dos instrumentos tecnológicos para a
aprendizagem de uma língua estrangeira, gerando um diálogo com professores
e alunos. Foi debatida a seguinte questão: os materiais didáticos, os
computadores, a internet e quaisquer outros instrumentos utilizados pelos
docentes em sala de aula são agentes ou simples mediadores no processo de
ensino?
Inscrições abertas para o VIII EnELLE
O VIII EnELLE: Línguas e Literatura em Diálogo será realizado nos dias 27, 28
e 29 de maio, na sala 305 da FALE. As inscrições estão abertas para ouvintes,
via site, até 21 de maio de 2014, com investimento de R$ 25,00 para
alunos/diplomados da PUCRS. Já para comunicações e pôsteres (aceitos de 12
até 21 de maio), há uma taxa adicional de R$ 10,00. Mais informações e
inscrições
no
site
http://www.pucrs.br/eventos/enelle/
[email protected].
O
evento
é
ou
no
organizado
e-mail:
pelos
professores Aline Fay, Aline Pacheco, Heloísa Orsi Koch Delgado, Janaína
Baladão de Aguiar, Silvana Parisotto e Didier Martin.
Mundos em Português
Na primeira edição de 2014 do Mundos em português, evento do grupo de
pesquisa Cartografias Narrativas em Língua Portuguesa, coordenado pelo Prof.
Dr. Paulo Ricardo Kralik Angelini, alunos e professores da FALE puderam ouvir
a mestranda em Teoria da Literatura Aline Corte. A aluna falou sobre o romance
Nenhum olhar, de José Luís Peixoto, publicado em 2000. Esse primeiro romance
do autor português, antecedido apenas pela novela Morreste-me, nos conta uma
história sobre humildes camponeses, habitantes do interior da região do
Alentejo, extremo sul de Portugal, massacrado por um impiedoso sol.
Combinando personagens fantásticos com referências bíblicas, Peixoto tece
uma narrativa na qual os destinos de seus personagens são marcados pela
tragédia. Nenhum olhar foi publicado no Brasil pela Editora Agir em 2005.
Professor da USP fala sobre o narrador contemporâneo na
literatura brasileira
“O narrador na literatura brasileira contemporânea” foi o tema da palestra
proferida pelo professor Jaime Ginzburg, da USP, na FALE, em 3 de abril. O
pesquisador comentou sobre como os estudos desse tema acabaram, muitas
vezes, sendo reduzidos a uma simples classificação de tipologias narrativas,
sem uma reflexão acerca dos dados encontrados durante tal categorização.
Além disso, a transformação dos narradores nos romances brasileiros também
foi explicitada pelo estudioso: anteriormente aos anos 1960, a maioria dos
narradores era isenta, ausente da narrativa ou caracterizava-se como homem,
heterossexual e branco – integrante, portanto, da camada dominadora da
sociedade, conferindo às narrativas um caráter monológico, sem abertura para
diferentes discursos e pontos de vista. Posteriormente a esse período, no
entanto, apareceram, na literatura do Brasil, narradores com características
distintas, que não podem ser estudados e analisados a partir de uma simples
redução estrutural. Em sua fala, Ginzburg citou narrativas de escritores como
Hilda Hilst, Raduan Nassar, Caio Fernando Abreu e Bernardo Carvalho, que
fazem parte de um novo momento da produção literária brasileira: a de um
narrador até então não classificável segundo as teorias que dão conta dessa
temática.
Programe-se
O quê? Sarau DAMB literário
Quando? 22 de maio, às 18h
Onde? Arena da FALE, no segundo andar do Prédio 8.
O quê? Curta um conto: Tomou café e esperou, de Emiliano Cunha, inspirado
no conto Sem pressa, de Guilherme Cassel
Quando? Dia 25 de abril, das 9h às 12h e das 14h às 17h
Onde? Arena da FALE, no segundo andar do Prédio 8.
O quê? Cafezinho Literário
Quando? 29 de maio, às 13h
Onde? Sala 305 do prédio 8.
O quê? Jornadas Literatura e Imaginário
Quando? 28 e 29 de maio
Onde? Sala 305 do prédio 8.
O quê? Curso introdutório de Kabbalah e literatura, com o professor Charles
Kiefer.
Quando? 15, 22 e 29 de maio e 3 e 10 de junho, das 14h às 17h
EQUIPE NF
Coordenação: Paulo Ricardo Kralik Angelini
Edição, diagramação e redação: Luara Pinto Minuzzi
Redação: Amanda Oliveira, Ester Lopes, Luciana Guirland, Maurin de Souza
Colaboração especial desta edição: Bernardo Limberger
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