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INTRODUÇÃO
Desde cedo, passávamos por grandes dificuldades de inúmeras ordens, e acabamos chegando à
casa espírita na busca de apoio e esclarecimento as nossas dores.
Ao encontrar a doutrina dos espíritos, passei a ter acesso a um mundo novo, onde cada detalhe tem
sempre uma causa certa e um fim útil.
Sempre me senti na obrigação de retribuir tudo que a doutrina de Jesus mudou em mim, o ensino
dos espíritos, os esclarecimentos, a certeza da vitória, o carinho e o amor das entidades amigas.
Por mais que eu venha a realizar, sempre será muito pouco, em relação ao que recebi.
Por mais que eu queira demonstrar minha gratidão a Jesus e aos espíritos, sempre faltam meios de
me expressar, que sejam suficientes para evidenciar a felicidade que me proporcionaram.
Este livro é a coletânea dos frutos colhidos no estudo da doutrina e que agora ficam registrados,
como uma forma de gratidão a tudo que recebi, com a consciência de que ele é infinitamente
insignificante, se comparado ao tesouro que encontrei.
Mesmo sabendo do caminho extenso que tenho a percorrer, e das incontáveis imperfeições a
corrigir, o bom senso do ilustre Allan Kardec, me apresentou Jesus presente e amoroso, subtraindo de
minha vida, qualquer tipo de medo ou insegurança, pois o Pai que caminhará comigo por toda essa
trajetória, é o mesmo que cuidou de mim, para que eu pudesse chegar até aqui, suportando minhas
imperfeições, secando minhas lagrimas, curando minhas feridas, através das leis universais que regem a
vida e dos companheiros espirituais que comungam dos nossos ideais e se dedicam a edificação do bem.
Hoje, mesmo nos momentos mais difíceis de minha vida ou quando tudo esta aparentemente
errado e caminhando para ficar pior, sei, como Jesus prossegue cuidando de mim.
Como se não bastasse, a oportunidade de conhecer e trabalhar, com os companheiros espíritas de
várias cidades, me deram tesouros em forma de amizade, com laços sólidos e imortais, pois a morte,
como não existe, não matará, adjetivando minha vida com um patrimônio inestimável de amigos irmãos.
Em verdade, para falar de minha gratidão a Jesus e aos espíritos amigos, seria necessário fazer
uma declaração de amor, cuja ausência das capacidades intelectuais me impedem de fazê-lo.
Em virtude disso, é que vos apresento este nosso trabalho.
Paz e luz a todos.
O autor
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AGRADECIMENTOS
Aos espíritos amigos, pela tolerância com minhas imperfeições e pela comunhão nos
trabalhos realizados, uma vez que reconheço que todo mérito a eles é que se destinam.
Aos espíritas, pela cumplicidade caridosa e pelas oportunidades de trabalho a que fui
presenteado em todos estes anos.
Aos familiares, pelo tempo de convivência subtraído, para que esse trabalho viesse a se
realizar.
Pela paciência e compreensão.
Em especial.
A minha filha Glaucia, pois é o estímulo para prosseguir trabalhando, para com meus
esforços pessoais, conduzi-la ao mesmo Cristo que conheci.
Aos espíritos espíritas e companheiros que não conheço, mas que estão por todos os lados
no trabalho único de divulgar o evangelho de Jesus.
Imorredoura gratidão!
“O Espiritismo não vem procurar os perfeitos, mas os que se esforçam
em o ser pondo em prática os ensinos dos Espíritos. O verdadeiro espírita
não é o que alcançou a meta, mas o que sinceramente quer atingi-la.
Sejam quais forem os seus antecedentes, que será bom espírita desde que
reconheça suas imperfeições e seja sincero e perseverante no propósito de
se emendar”.
Allan Kardec
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ACENDENDO LUZES
Vivemos hoje, uma época de inúmeras dificuldades, em todos os campos que envolvem a criatura
humana, principalmente no que diz respeito aos relacionamentos entre elas, podemos definir que vivemos
um perigoso estado espiritual coletivo, o qual fica bem evidenciado pelos acontecimentos atuais.
Pelas ruas, olhamos as pessoas sempre tensas, nervosas, com a face contraída, uma multidão de
estranhos neuróticos, caminhando divorciados das mensagens animadoras do evangelho, e quando as
recebem, ao invés de sentirem o alento que elas trazem, julgam que elas servem sempre para o outro.
Na televisão, os canais que tem mais audiência, são justamente aqueles que mostram a
deteriorização da família, com brigas, discussões e inúmeras formas de violência que não deveriam
jamais penetrar em nossos lares. Temos ainda nos rodeios, touradas e outros “esportes” similares,
milhares de pessoas que fazem com que o sofrimento dos animais, esteja incluso nas suas horas de lazer,
semelhante ao que ocorria no antigo “Circo de Roma”, deixando uma interrogação quanto à evolução
conquistada no campo moral.
Nos campos de futebol, pessoas defendem o seu time sem medir conseqüências, como feras que
defendem sua prole do terrível inimigo.
A violência que antes era justificada pela pobreza, pela desigualdade e outras dificuldades, hoje é
praticada por todas as classes sociais.
Como se não bastasse, o álcool e as demais drogas invadem cada vez maior número de famílias,
com a mesma indiferença, que adota jovens cada vez com menos idade, comprometendo a finalidade da
vida.
Paralelo a tudo isso, temos cultos, centros, e Igrejas sempre lotadas, o que é uma contradição, pois
a finalidade da religião seria melhorar a criatura humana, melhora esta, que não virá, enquanto ela insistir
no cultivo de atitudes comprometedoras a saúde do espírito, temos que nos atentarmos ao fato de que
freqüentar determinada religião, não basta para nos tornarmos criaturas cristãs, somente a vivência dos
apontamentos de Jesus, podem nos qualificar a alma, abandonando nossas verdades pessoais que nos
aprisionam, pelas verdades trazidas do alto impressas no evangelho.
Analisando a história do homem a um milhão de anos atrás, podemos perceber que entre suas
necessidades prioritárias, ao despertar para o início de um novo dia, estava a necessidade de prover a sua
prole, a reprodução instintiva e a alimentação, por isso no homem atual temos que encontrar algo a mais,
em seus ideais e prioridades que não se limite, a prover os seus, a alimentar se e procriar.
Temos então, uma questão a ser elucidada:
- Como vivermos trilhando o caminho apontado por Jesus sem nos comprometermos com o mal ?
E a resposta poderia ser definida no que nós chamamos de caminhar ACENDENDO LUZES, ou
seja, viver exercitando as virtudes que nos ensina o evangelho, mesmo com a precária cultura e educação
que temos hoje.
A observação das propostas de Jesus, como roteiro seguro para os objetivos e necessidades que
residem em nossa alma, pois, se essas necessidades interiores não forem atendidas, continuaremos
mergulhados no mar da insatisfação pessoal, como náufragos, de nós mesmos.
Todas as vezes que beneficiamos alguém ou fazemos uso da caridade, do perdão, da paciência, do
amor e assim por diante, de maneira desinteressada e verdadeira estamos acendendo luzes na vida das
pessoas e na nossa própria vida, assim como Jesus que iluminou toda a humanidade, tirando-nos da
escuridão da ignorância e colocando-nos, através de seu exemplo, prontos para progredir. Todos nós
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podemos contribuir para que essa luz aumente cada vez mais, pois a luz que acendemos na vida dos
outros é a mesma luz que iluminará o nosso caminho.
Vamos então, buscar a orientação dos espíritos que nos trazem a lucidez e a fé banhada de razão,
permitindo que assim entendamos Jesus e ainda consigamos ouvir o seu chamado para sermos
multiplicadores do bem.
Não podemos esperar a felicidade real, apenas cultivando as coisas efêmeras do mundo, pela
compreensão de que nada que é passageiro, poderá satisfazer as necessidades do espírito imortal, da
mesma forma, como não poderemos alcançar o tão almejado “reino dos céus”, enquanto estivermos
alojando as misérias humanas no coração.
È evidente que nada poderá deter a marcha do progresso moral, porém os homens de consciências
despertas, saberão da necessidade da contribuição que cabe a todos, na construção de um mundo melhor,
que evidentemente começa a ser edificado dentro de cada um de nós.
O espiritismo bem compreendido pode tocar as almas amadurecidas ao mesmo tempo em que faz
com que outras amadureçam, formando acima de tudo, os homens de boa vontade, que caminham
acendendo luzes.
QUEM É VOCE ?
“Conhece a ti mesmo”
Durante todo o decorrer da história, desde os primeiros registros da criatura humana até os dias
atuais, presenciamos o homem na incessante busca de encontrar se, atingir a felicidade e a Deus.
Podemos perceber isso, pela necessidade natural de nos colocarmos sempre na posição de
buscarmos uma postura melhor diante da vida, sempre uma situação mais confortável e que diante disso
nos proporcione uma vida melhor.
Porém, depois de milênios de busca, nos observamos e percebemos que ela, a felicidade, não se
encontra conosco e nem tão pouco conhecemos a nós mesmos.
Somos surpreendidos pelas nossas próprias atitudes e caindo nas viciações que acreditávamos a
termos superado.
Resta-nos como opção crer que estamos buscando nos lugares errados, olhamos para nós mesmos
e analisando nossa trajetória até aqui, vemos com facilidade que buscamos a felicidade nas religiões, mas
não encontramos, pois, assim como a religião deve orientar a criatura e administrar a relação criatura /
criador, não nos pode presentear com a felicidade, nem tão pouco pode nos apresentar a nós mesmos, é
necessário a “vivencia” dela sob parâmetros cristãos, o fato de sermos simples “freqüentadores” desta ou
de outra religião, não nos dará privilégio algum.
Procuramos esta mesma felicidade, nos consultórios psiquiátricos e psicológicos, mas, também
não encontramos, embora esses profissionais, possam ajudar em nossa auto compreensão, não podem dar
a seus pacientes, a felicidade que buscam, nem tão pouco apresentá-los a eles mesmos.
Outros ainda, na maioria os mais jovens, fugindo da convivência com eles mesmos, buscam a
felicidade e seus atributos nas drogas, e embora esses artifícios possam levá-los a outros estados de
consciência, os devolvem ao mesmo mundo de obstáculos e dificuldades, tão logo passe seus efeitos,
porém, na busca de fugir dos problemas, voltam às drogas, gerando mais problemas e instalando assim o
circulo vicioso da miséria, passando a serem escravos daquilo que os venceu.
E assim, partimos crendo que podemos encontrar a felicidade em drágeas, tranqüilidade em xarope
e paz em pastilhas.
A busca continua e nos resta procurar agora, no conhecimento intelectual do mundo, a fonte da
beleza que queremos, porém, percebemos que existem inúmeros personagens conhecidos pelo seu
patrimônio intelectual, tanto quanto pelo seu desequilíbrio, doutores das ciências do mundo, frustrados na
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alegria de viver, portadores do conhecimento, mas com a mesma frieza de um livro fechado, não sendo
capazes de dar uma única orientação banhada de luz.
Segundo as orientações das entidades superiores, a felicidade e a plenitude que buscamos,
juntamente com o encontro conosco mesmo, não residem nos lugares externos onde temos procurado,
mas sim nas profundezas misteriosas da alma humana.
Os orientadores encarnados e desencarnados nos elucidam que no interior da alma humana
existem potencialidades inexploradas, como diz Léon Denis em sua obra “Os problemas do ser, do
destino e da dor”:
Comecemos pelo evangelho que nos diz a mesma coisa pela expressão:
- “O reino dos céus esta dentro de vós”
Em outra parte do planeta em outra época da humanidade, encontramos a filosofia Vedanta, que
diz a mesma coisa por outra expressão:
-“Tu trazes em ti um amigo sublime que não conheces”, deixando claro a certeza de que trazemos
em nós recursos ignorados.
Prosseguimos e voltamos a encontrar a mesma idéia presente agora na sabedoria persa, em outros
locais e épocas da humanidade:
-“Vós viveis no meio de armazéns cheios de riqueza e morreis de fome a porta”, evidenciando
aquilo que encontramos nas outras grandes filosofias e religiões, porém, seguindo as orientações do
ilustre codificador Allan Kardec, de que deveríamos sempre acatar o que diz a ciência, veremos o que ela
tem a dizer, e as pesquisas últimas afirmam que o cérebro humano, tem capacidade de registrar 10 fatos
novos por segundo e ainda que a máquina cerebral tem capacidade de registrar em uma única encarnação
o conhecimento equivalente para ser armazenado na bagatela de cem trilhões de palavras, e muitas vezes
não sabemos coisas básicas como a placa do carro ou o número do R.G..
Conclusão, a ciência esta de acordo com a religião e a filosofia, de que existem em nós,
potencialidades inexploradas e virgens, aguardando que o espírito evolua e lhe tome posse.
Fazemos uma observação às palavras de Jesus:
-“Vós sois deuses e farão o que Eu faço e muito mais.”, culminando nossas reflexões de que
capacidades encontram se dormitando dentro de nós.
Essas reflexões nos dão uma questão para ser elucidada, se já sabemos onde estão as bênçãos que
buscamos, se já sabemos o caminho para o encontro conosco mesmo e com Deus, o que nos impede de
tomarmos posse do que nos espera ?
E buscando uma resposta, nos apoiaríamos nas orientações de Paulo, expressas no evangelho, de
que deveríamos nos libertar do ”homem velho” que existe em nós, para que nasça o homem novo.
Para sabermos se o homem velho, acima citado, esta mesmo em todos nós, vamos traçar, as
características do típico cidadão comum, para analisar sua conduta e verificarmos se nos encaixamos nele:
O homem velho que existe em nós é aquele que reconhece a necessidade do bem, aponta para o
bem, mas utiliza se do mal se for preciso, é contra a violência, a não ser que ele esteja praticando, ai não é
violência é que ele esta “pondo ordem” nas coisas.
É aquele que em primeiro lugar vem ele, depois, ele e depois, ele.
É paciente, desde que, não lhe tirem a paciência. E por não conhecer a si mesmo, identifica com
facilidades os erros dos outros.
O homem velho que existe em nós, prossegue carregando sua bagagem de vícios físicos e morais.
Passamos assim, a ter uma outra questão a elucidar:
- Se já sabemos onde estão as bênçãos e felicidades que procuramos e sabemos também que é só
nos libertarmos do homem velho, como símbolo da herança atávica que carregamos e tomamos posse do
que já é nosso, a questão é:
- Por que não nos libertamos ?
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E a resposta estaria contida naquilo que nós chamamos de cultivo de “sentenças neuróticas”, em
boa definição, todas as vezes que alguém percebe que estamos sendo demasiadamente violentos,
prepotentes, egoístas, ou nós mesmos percebemos que estamos sendo assim, usamos para nos
defendermos dos outros e de nós mesmos as sentenças neuróticas :
- Sou assim !
- Nasci assim !
- Não posso mudar !
- É minha natureza !
- Tem que gostar de mim como sou!
E quando falamos isso, mandamos a seguinte mensagem ao nosso mundo mental – “sou assim e
pretendo continuar sendo assim”, por que afirmamos que não podemos mudar.
Por isso que o homem velho prossegue resistindo dentro de nós, no ciclo doloroso das
reencarnações expiatórias ou provatórias.
Mudar nossa maneira de ver o mundo e as situações ao nosso redor é coisa sempre possível e
nunca fácil e quem esperar por facilidades em nosso mundo, estará demonstrando falta de maturidade
para o mundo real.
Em verdade, o crescimento é a única evidencia de vida, somente o que cresce e se desenvolve, esta
vivo.
Observemos como se reconhece uma planta viva de uma planta morta.
É simples, a planta viva cresce, a morta não ! Por essa ótica, vemos que tudo que esta vivo se
modifica e se desenvolve, e o mesmo ocorre no âmbito espiritual, se você cresce, aprende e se
desenvolve, esta vivo, porém, se não se modifica, não cresce nem se transforma, pode estar perfeitamente
psicologicamente morto, existindo, ao invés de vivendo.
Paulo em Efésios, 5:14 – esclarece:
“Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e o Cristo te iluminará.”, concluindo
nossa reflexão, nos mostrando que primeiro nós é que devemos despertar para a vida, depois, levantar
dentre os mortos de valores morais e sair da acomodação dos atos inferiores e apenas depois “o Cristo te
iluminará.”
Alguém poderia contestar dizendo:
- Não pretendo mudar, vou ser sempre assim, e eu vivo !
E nós perguntaríamos:
- Será que você vive ou você sobrevive? Suportando a você mesmo, seus medos e preconceitos ?
Pois muitas criaturas não vivem, apenas passam pela vida, se esquecendo de que ela deve ser vista pelos
parâmetros de Jesus, “Eu vim para terdes vida, e vida em abundância”, ou seja, não é pouco, mas muita
vida e real.
Sempre nos encaixamos nisso, quando vivemos lamentando contra a vida, sem reconhecer as
bênçãos que recebemos e as oportunidades que nos envolvem.
Enfim, mudar nossa maneira de ver a
vida, para merecermos uma condição melhor de convivência conosco mesmo, é coisa sempre possível e
as entidades nunca falaram em facilidades.
Lembremos quando estávamos aprendendo um esporte qualquer, ou aprendendo música, por
exemplo, iremos perceber que treinamos meses a fio, por que sabemos que não podemos treinar o corpo
da noite para o dia, porém, quando se trata de mudar uma prática comportamental ou uma maneira
negativamente viciada de ver a vida, ai queremos tentar apenas uma vez e ver esse novo comportamento
fazer parte de nosso patrimônio moral.
Quantas vezes tentamos parar de fumar ou beber, sem falar no regime que começa toda segunda
feira, quantas vezes nos propomos a parar de falar mal das pessoas, de gritar ou outra mazela qualquer
que carregamos, mas tentamos apenas uma ou duas vezes, e falamos que não conseguimos ou não
podemos mudar ?
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Em outras oportunidades, alegamos que não podemos controlar nossos sentimentos, e nos
expressamos dizendo:
- Eu ia agir diferente, mas derrepente eu “senti” uma coisa !
- Eu não queria ter feito isso, mas me deu uma “coisa” estranha !
- Eu não queria gritar, mas me deu um “negócio” ruim !
Então, encontramos outro ponto para reflexão, afinal de contas controlamos ou não nossos
sentimentos ?
Seria realmente uma luta injusta, se o homem não pudesse controlar o que sente, como pode ser
diferente ?
Porém, encontramos em André Luiz uma informação muito importante de que “é no mundo
mental que se processa a gênese de todos os nossos desequilíbrios”, portanto tudo parte do que
colocamos em nosso mundo mental, e isso podemos controlar, em outras palavras, podemos controlar
nossos pensamentos e nossos sentimentos tem origem nos nossos pensamentos, conclusão:
Podemos controlar nossos sentimentos – cuidando do que entra em nosso mundo mental e é por
isso que Mateus (cap. V- 27 e 28 ) nos alertava pelos perigos de “pecar” mesmo pelo pensamento:
“Todo aquele que tiver olhado uma mulher com um mau desejo por ela, já cometeu adultério...”,
nos ensinando a combater o mal no mundo mental, antes que ele venha a se concretizar.
Esclarecendo que quando o mal circula no mundo mental sem encontrar resistência, é por que a
criatura já deu o aval para que o mal existisse, e ele somente não se tornará real se não houver
oportunidade de realização, o que é de menos importância, o pior é que a alma já se comprometeu pela
intenção do mal.
Falando em soluções, questionamos:
- Como pode a alma utilizar as potencialidades contidas nela, a seu próprio benefício ?
E quem nos responde é o grande Léon Denis, que na mesma obra já citada “Os problemas do ser
do destino e da dor”, no capítulo “Potencialidades da alma” diz que para que usemos as potencialidades
contidas em nós, temos que fazer uso da “vontade”, e completa ele:
- à vontade – “o uso persistente desta faculdade, permitir nos a modificar nossa natureza, vencer
todos os obstáculos, dominar a matéria, a doença e a morte.”
Em outras palavras, devemos realmente desejar sermos diferentes, e colocarmos nisso todos
nossos esforços, vencendo um a um todas as nossas mazelas morais e vícios físicos, com persistência e
coragem.
A cada dia temos uma oportunidade de ouro para travarmos o bom combate conosco mesmo,
sempre impulsionados pelo desejo real de nos tornarmos melhores, confiando nos processos de
recuperação da vida, não falamos em facilidades ou em pressa, mas recordamos para nos auxiliar, as
palavras de Jesus, que sabendo tudo que teríamos que trilhar disse:
- “È na vossa perseverança que ganhareis as vossas almas” (LC – 21:19)
TERAPIA ANTIQUEIXA
“O coração alegre é Bom remédio”Provérbios 17:22
Como se fosse novidade, passamos por dificuldades de todas as ordens, ou melhor, continuamos a
passar, por que nunca foi diferente, sempre houve crises, epidemias, guerras, medos, desemprego,
patologias orgânicas, depressão, negativismo sob várias formas, caracterizando cada período que
passamos.
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Falamos que “continuamos a passar”, pelo fato de que ao comentarmos das dificuldades, nos
referimos como se elas fossem exclusividade nossa e de nossa época, o que não é verdade, pois, sempre
existiu, para cada época ou fase da vida, seus flagelos ou obstáculos a serem superados.
Em resumo, nunca viver dispensou cuidados!
Segundo a explicação das fraternidades espirituais, tais dificuldades são “as mãos de Deus”
erguendo a humanidade, através de suas leis, dentro dos processos de correção do homem, e mesmo
conscientes disso, sofremos de um mal quase que generalizado, que é a lamentação, a reclamação ou a
queixa.
Reclamar ou queixar se, esta enquadrado no que a psicologia define como sentimentos infelizes e
negativos, é assim que o psicanalista Wilhem Stekel formulou a neurose, ou seja, a prática destes
sentimentos faz com que o indivíduo tenha uma conduta “neurótica”, identificada assim, por que
acreditava se que este comportamento se devia ao fato do neurônio adoecer.
Do ponto de vista espiritual, toda queixa revela o sintoma de um espírito doente, além de
lamentável tempo perdido, pois, a inferioridade de um espírito é marcada pelas suas horas de queixas e
reclamações.
Como agir então?
- sofrer calado ?
- ignorar a crise e os problemas sociais ?
- reclamar mesmo, para desabafar ?
- fingir que nada esta acontecendo ?
Quando queixamos de alguém ou das provações que estamos passando, estamos cavando sem
perceber um abismo vibratório, sobre o qual, infelizes entramos, criando em nós uma psicosfera negativa
que agrava o motivo de nossa reclamação.
A cada lamentação, fixamos os problemas em nós, por que depositamos nele nossa “atenção
especial”, sem que perceba, o queixoso esta sempre doente, neurastênico, nervoso, com a alma
envenenada e infeliz, sem contar, que se coloca vulnerável a todo tipo de obsessão e perturbação.
Lembramos ainda, que ao lamentarmos, não reconhecemos as bênçãos que existem em nossas
vidas, as coisas simples que na maioria das vezes passam desapercebidas, mas que se não tivéssemos nos
faria grande falta, só enxergamos o que não deu certo, e sendo assim, para nos sentirmos bem, é preciso
que:
- a saúde esteja bem
- as finanças em ordem
- as relações familiares e afetivas tranqüilas
- que as pessoas que amamos estejam equilibradas
- que as relações no trabalho esteja fluindo normalmente
- que o carro não apresente problemas
- que as pessoas não nos cobrem ou peçam coisas que não podemos realizar
- que nosso tempo para cada coisa seja suficiente
- que não esqueçamos de pagar as contas, datas importantes.......
Por que, se de todas essas coisas, uma ou duas não estiverem bem, é justamente nestas que iremos
nos apegar, para lamentar e reclamar.
Para promovermos em nós uma terapia antiqueixa, devemos estar cientes de algumas máximas
que nos tiram da condição de vítima dos nossos sofrimentos.
- mesmo diante de qualquer situação difícil, onde tudo parece perdido, reflitamos que somos
imortais e todo o resto é passageiro, principalmente os problemas.
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- sabemos que pela lei de causa e efeito, tudo que ocorre conosco tem causa justa, portanto
ninguém sofre a toa e pensar diferente, subestima a inteligência Divina e seu processo de edificação do
homem.
- a vida é feita de constantes desafios e somente quem insiste com otimismo e coragem, consegue
crescer e progredir. Troquemos a queixa pelo trabalho e a vida nos responderá com êxito.
Se observarmos a vida, iremos perceber que ha todo tempo, surgem descobertas novas, são
vacinas, animais, forças climatéricas e assim por diante.
Percebemos então, que quanto mais o homem avança e aprende, a vida sempre tem uma “carta na
manga”, sempre a algo mais para se aprender e descobrir, porém, temos um detalhe, tudo que
descobrimos hoje, sempre esteve aqui, em outras palavras, a vida esta programada para sempre superar o
homem, garantindo assim que o progresso seja constante, nos lançando novos desafios, tão logo
vençamos os já existentes.
Para vencermos as dificuldades, recebemos o estímulo do próprio Jesus, quando afirmou: “no
mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo...”, como a nos estimular de que
venceremos também.
A esse respeito, à ciência nos elucida dizendo que diante das dificuldades, devemos nos manter
calmos. A tensão bloqueia o fluxo de poder do pensamento, seu cérebro não pode trabalhar com
eficiência sob tensão, enfrente seu problema com calma, embora com firmeza.
Apontamos ainda, que companheiros nossos que por se acharem nesta ou naquela religião, passam
a crer, que ficarão isentos de problemas, o que também, não é verdade.
Todos conhecemos Chico Xavier, e depois de sua lista de serviços ao bem, não parece nenhum
pouco privilegiado, ficou órfão aos cinco anos de idade, aos doze trabalhava numa fábrica de tecidos, e
em conseqüência do pó adoeceu dos pulmões, aos dezessete anos contraiu uma moléstia irreversível nos
olhos, sempre teve que trabalhar para sustentar sua família, se submeteu a duas cirurgias de alto risco,
quando completou cinqüenta anos de idade teve dois enfartes e em conseqüência começou a sofrer de
angina e até seu desencarne prosseguiu trabalhando, andando com dificuldade e enxergando pouco, e
então, alguém pode ver algum privilégio ?
Mas nós sabemos que Chico é privilegiado, por que trabalha para Jesus, e não há nada que adjetive
mais a alma humana do que a consciência amparada no dever cumprido.
Não podemos falar em terapia antiqueixa, sem falarmos de bom humor e otimismo, em Provérbios
17:22, encontramos: “o coração alegre é bom remédio”, como uma proposta de conduta de vida cabendo
a cada um conquistar.
Através desta afirmação entendemos que para ser uma criatura otimista e feliz, é necessário muito
trabalho, lutando contra nossas tendências negativas e crendo acima de tudo, nos mecanismos educadores
da vida, somente a insistência em buscar esse estado de espírito, poderá instalá-lo em nós.
Nossos estados emocionais, não possuem raízes em nós próprios, ficamos então, vulneráveis a
tudo que ocorre a nossa volta, totalmente sem estabilidade emocional e dependendo das atitudes alheias
ou dos acontecimentos externos justificando nossa condição de felicidade ou infelicidade.
O negativismo é tanto que as desgraças e tragédias vêm ampliadas nas primeiras páginas dos
jornais, porém, as boas notícias moram nos rodapés das páginas, são como as bênçãos de nossa vida, se
não prestamos atenção, não percebemos. É semelhante à situação onde montamos uma árvore de natal
cheia de luzes piscando, e assim que chega o primeiro observador da árvore, ignora a beleza, a mensagem
que ela inspira e vai direto a apontar a lâmpada que não esta acendendo, ficando alheio a toda
luminosidade existente.
O espírito André Luiz, através de suas obras, contribui com nossa reflexão afirmando que “não se
sabe de benefício algum que o desânimo tenha realizado”, e ainda que “toda tristeza manifestada,
impulsiona os tristes a serem mais tristes”, portanto amigos, vamos nos esforçar para sermos positivados e
alegres e não caminharmos fazendo com que nossas dores sejam multiplicadoras de tantas outras.
Encoraje o próximo com seu sorriso, entregando suas mágoas a Deus.
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A única situação, onde seria lícito falarmos dos nossos problemas e dificuldades, seria quando
falamos para alguém que pode nos auxiliar, fora disso, será sempre propaganda contraria a nós mesmos.
Confúcio, o grande sábio da antiguidade, certa vez falou:
-“ Há pessoas que choram por que nas rosas tem espinhos
e existem outras que ficam contentes por que nos espinhos, tem rosas.”
Tudo sempre decorre de nossa maneira de ver a vida, nossa postura diante dela é fator
determinante de como vamos passar por ela.
Todos temos dificuldades e é natural que tenhamos momentos de abatimento, porém, não
podemos conceber a criatura cristã, cultivando estes estados mentais doentios, e muito menos, os
multiplicando entre aqueles que caminham a sua volta.
Em uma análise simples, a maior parte de nossas dificuldades de convivência, se encontra
relacionada aos estados de desânimo e apatia com que caminhamos pela vida, pois que estes estados são
perigosamente contagiosos e assim, pela nossa conduta irregular e atormentada, perturbamos os que
convivem conosco e depois temos que conviver com os atormentados que fizemos, e esta lei natural
atinge não apenas nossa vida material, mas também nossa relação com a vida maior, onde viciando a
própria mente atraímos consciências viciadas pela atração natural.
Vemos todas as pessoas com problemas e mesmo assim, sempre que nos encontramos nas
dificuldades naturais a todos, falamos:
- “Só acontece comigo !”
Liberte se e pare de ver a vida como um campo de batalhas, ou verá sempre inimigos a sua frente,
como reflexo de sua mente, não podemos desejar inutilmente a paz para nosso espírito, enquanto nossas
palavras demonstrarem a miséria no coração.
Eduque se a falar no bem e a ver qualidades onde a maioria enxerga tristeza, a dizer que acredita,
enquanto muitos duvidam e a ser otimista mesmo diante do impossível.
Tenha a certeza, de que para abandonarmos o vício da lamentação e da queixa, só existe uma
ajuda que realmente é eficaz, a “auto-ajuda”, deseje ser diferente, espalhe alegria e enxugue lágrimas e
perceberas que tens mais a agradecer do que a lamentar.
Todos temos razões que poderiam justificar uma lamentação constante, mas apenas aqueles que
confiam realmente em Deus e em si próprios podem, através de um desejo real, libertar se das queixas,
tornando a própria alma nobre.
FONTE DE INFLUÊNCIA
“Transformai-vos pela renovação de vossa mente” Romanos 12 : 2
Tratamos agora de um dos maiores inventos que o homem adquiriu para servi-lo, instrumento de
enorme valia, unindo grandes distâncias, fazendo com que o mundo todo caminhe mais rápido; seria
infindável a lista de benefícios que este instrumento trouxe a Terra, a televisão, porém, temos que nos
alertar para o mau uso de tão notável aparelho que passa a ser responsável por alguns fatores nocivos que
vamos tratar.
A televisão tem hoje, a facilidade de estar em todas as nossas casas, diretamente influi no
comportamento de todos que vivem ali.
Quantas vezes formamos nossa opinião, baseados no que vemos e vivemos na televisão e
no cinema, adotamos formas de falar, trejeitos, hábitos e assim por diante.
Lembro-me, como se fosse hoje, o dia em que fomos ao cinema assistir “Rambo – Programado
para matar” e na saída havia muitos jovens a andar com os braços abertos e peito estufado, procurando ser
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o mais próximo possível, daquele que era o mais forte, o vencedor, mesmo que por parâmetros
distorcidos da verdade, nós somos sem dúvida influenciados.
Citaremos novamente o espírito de André Luiz que em uma de suas obras faz a afirmação
de que “é no mundo mental que se processa a gênese de todos os nossos desequilíbrios”, pois bem, é
justamente ai que a televisão tem acesso, no nosso mundo mental, influenciando os nossos pensamentos.
A Globo on line, do dia 22 de janeiro de 2003, trouxe uma matéria que afirmava que crianças de
apenas um ano podem ser influenciadas por mensagens emocionais veiculadas pela televisão, o estudo foi
feito por uma equipe de psicólogos da Universidade de Tufts.
Relata o estudo, que depois de assistirem a um vídeo no qual um adulto demonstra emoções
positivas e negativas a respeito de um determinado brinquedo, os bebes que participaram do estudo
demonstraram emoções similares ao interagir com o mesmo brinquedo.
Foi surpreendente constatar que bebes de um ano tenham conseguido captar tanta informação num
vídeo de 20 segundos.
O estudo mostrou que quando o adulto demonstrava medo em relação ao brinquedo, os bebes
evitavam brincar com ele e se mostravam mais assustados e preocupados.
Mas, quando o adulto se mostrava entusiasmado com o brinquedo, os bebes se mostravam mais
aptos a escolhê-lo para brincar.
Conclusão, as crianças podem distinguir e decodificar as emoções veiculadas pela televisão muito
mais cedo do que pensamos.
Filmes violentos geram telas mentais também violentas, um estudo de uma outra universidade
norte americana, através de uma pesquisa que tinha por finalidade avaliar o conteúdo de vários canais de
televisão, mostrou que em um único dia, um canal de TV mostrou 102 cenas de violência; Será
coincidência o elevado nível de violência que vemos por todos os lados ? Em outra rede de televisão, de
todas as relações sexuais apresentadas durante um dia, somente 5% eram de pessoas casadas entre si; será
que tem relação com o número cada vez crescente, de adolescentes solteiras grávidas?
Ainda temos as crianças, que correm risco dobrado, pois durante essa fase, elas registram todas as
informações que recebem e que depois formarão sua base moral para toda a vida, como alerta “O Livro
dos Espíritos”, na questão 383 e mesmo assim, são despejados sobre elas programas nada educativos, até
os desenhos animados mostram violência e comportamentos condenáveis, seus heróis sempre estão
armados e aniquilam todos os seus oponentes, apresentando à criança um mundo longe da realidade.
Como é que queremos que elas se interessem pela escola, se nenhum dos programas direcionados
a elas, destaca essa importância, fazendo seus personagens estudando, trabalhando e longe de toda e
qualquer violência.
Infelizmente as pessoas que dirigem os programas apresentados, já sabem que temos na violência
e no desregramento, uma lembrança da nossa própria vida pretérita e assim, elas nos são apresentadas
com muita receptividade, visto é que os programas de maior audiência são os que mostram mais violência
e outros desregramentos que não deveriam nunca contaminar nossas casas, mostrando na maioria das
vezes brigas, discussões que exprimem a deteriorização da família, sem contar, que passamos a ver a
vida, por um patamar triste e sem um futuro sadio.
Devemos então, aproveitar o que este fabuloso veículo de comunicação pode nos oferecer de bom,
mas peneirar o que vai invadir nossa casa, principalmente para as crianças, como sendo esta uma das
funções dos pais, destacado pelo Evangelho e pelo ”O Livro dos Espíritos” na questão 582, quando
afirma que os pais devem conduzir seus filhos para o caminho do bem, afirmando ainda ser isso uma
missão.
Provavelmente, não poderemos fazer com que nossos filhos vivam distantes das novelas, também
assistidas pelos seus amigos de escola ou de diversão, mas fique atento e quando seu filho quiser agir
como este ou aquele ator ou se vestir como esta ou aquela atriz, que geralmente são mulheres e rapazes
bonitos, mas com condutas irregulares, diga que você aprova o “modelito” mas condena as atitudes.
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O diálogo será sempre a vacina a deixar seus filhos preparados para não se deixarem levar pelas
ilusões apresentadas pela televisão, retirando dela tudo o que nos pode oferecer de bom, e não se
tornando como para a maioria das pessoas despreparadas, um aparelho escravizador de consciências.
Sem contar, que quando anunciam um programa que é proibido para menores devido seu
conteúdo, com certeza ele não deve ser visto pelos adultos também, pois, o que poderia fazer mal a
consciência infantil e ser positivo para os adultos ?.
Não podemos permitir que nos seja vendido idéias que associem cigarro à satisfação de prazer ou
o sexo desregrado a liberdade, sendo que, somente o que pode nos oferecer isso, é uma vida saudável e
conduzida pelos valores do bem.
A única coisa que justifica uma conduta fora dos padrões apresentados por Jesus é a ignorância, a
mesma ignorância que nos faz adotar comportamentos irregulares e fictícios e logo nos encontramos
defendendo coisas sem perceber a fragilidade daquilo que defendemos, por não possuir as bases sólidas
da vida, que somente podem existir naqueles que compreendem a sua grande finalidade de proporcionar
crescimento ao homem.
PACIÊNCIA
“È na vossa perseverança, que ganhareis vossas almas” Lucas 21:19
Uma das virtudes celestiais que todos podemos adquirir no decorrer de nossa existência é a
paciência, ferramenta de grande importância para caminharmos pela vida e termos êxito nos momentos de
dificuldades.
Podemos associar sempre a paciência com horas difíceis, porque nas horas em que tudo esta bem,
ficamos sem parâmetros para avaliar se possuímos verdadeiramente esta virtude.
A paciência pode com facilidade ser confundida com outro elemento, que, aliás, é muito utilizado
pela maioria das pessoas que acreditam serem pacientes, que é a omissão.
Podemos definir estes dois elementos de maneira bem simplificada:
Paciência - ter auto controle diante de uma situação;
Omissão – entregar-se a uma situação.
Paciência é então, a nobre virtude que nos faz ir de encontro a uma situação sem nos
desesperarmos ou perdermos o controle.
Para exemplificarmos vamos imaginar o marido que fuma perto da esposa, se ela fala com ele
sobre o fato que a incomoda, por se tratar de uma não-fumante, mesmo que ele continue e ela também
persista a adverti-lo sobre sua inconveniente e perniciosa atitude, ela estará sendo paciente, pois está indo
de encontro ao problema com a intenção de resolvê-lo, sem se desesperar ou se perder.
Por outro lado, se a esposa mesmo sofrendo com as fumaças emanadas pelo marido não manifesta
seu desagrado, exigindo uma mudança, estará ela sendo omissa, ou seja, se entregando a um problema
que poderia ser resolvido com um acordo entre os dois. O mesmo ocorre conosco, sempre que estamos
diante de algo que nos desagrada, mas “acostumamos” a aquela situação desconfortável, nossa não ação
atesta nossa omissão, pois a paciência aguarda agindo.
Normalmente nos dias em que tudo esta bem, temos a certeza de que possuímos a paciência,
principalmente porque não estamos precisando dela.
Existe uma frase de Vinícius que diz:
- “Todo homem parece bom, enquanto dorme.”
A literatura espírita nos oferece muitos exemplos para definirmos a paciência que pode ser
comparada a um “extintor de incêndio” que fica parado pendurado na parede, olhamos para ele e temos a
certeza de que poderemos usá-lo se algo pegar fogo, até que um dia, por um motivo qualquer, nossa vida
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literalmente “pega fogo” e quando vamos usar o extintor da paciência, temos uma surpresa – o extintor
não funciona ! Conclusão, nós nunca tivemos um extintor, e ai falamos que perdemos a paciência.
Como podemos saber que a perdemos se a única vez que íamos usá-la ela não se encontrava
conosco ?
Ninguém pode perder aquilo que não possui, o que aconteceu é que quando precisamos da
paciência, descobrimos que ela não se encontra em nosso patrimônio moral, então falamos que a
perdemos.
Temos sempre que procurarmos exercitar a paciência, nas inúmeras oportunidades que a vida nos
oferece diariamente, por que não podemos esperar que simplesmente ela nasça dentro de nós sem nosso
esforço pessoal em construí-la.
Com relação ao uso da paciência na solução de nossos próprios problemas, podemos salientar que
ela está baseada na confiança em Deus, ou seja, nos mantermos calmos e tranqüilos, fazendo a parte que
nos cabe e repousando na certeza de que a Providencia Divina olha por nós e que somos auxiliados
sempre, porém, quando refletimos sobre nossas próprias atitudes, e reconhecemos algumas deficiências
em nosso comportamento, por rebeldia, orgulho, prepotência e assim por diante, temos dúvidas se somos
merecedores da ajuda que vem do alto, e ai nos sentimos órfão da paternidade Divina, gerando em nós
como conseqüência o desespero e o descontrole.
Podemos sintetizar a importância desta questão pela definição oferecida no Evangelho que diz:
“...é na vossa perseverança que ganhareis as vossas almas”
Segundo esses apontamentos somos forçados a aceitar que ainda não nos possuímos, ou seja, não
somos donos de nós próprios e por isso não temos poder de decisão sobre nossa vida, não escolhendo nem
mesmo as coisas básicas para uma vida saudável, a exemplo:
- Serei feliz!
- Serei saudável!
- Terei paz!
Tudo sempre depende de algo ou alguém, mas com paciência na base de nosso ideal e insistência
como alimento de nossa ação, poderemos, na certeza de poder mudar, atingir a transformação.
Partindo desse princípio, devemos dedicar nos a transformação moral, utilizando de maneira
inteligente, as oportunidades de sermos pacientes e assim irmos nos possuindo gradativamente, até que
um dia cheguemos a ser donos de nós próprios, sem que nossa estabilidade emocional esteja assentada em
outras pessoas ou em situações externas, afinal de contas nossa vida não pode depender de nada que não
esteja sobre nosso controle, lembrando ainda que como orientam os amigos espirituais, a liberdade de um
espírito é proporcional ao seu crescimento evolucionário, caminhemos então para o alto, conscientes de
que a isso somos destinados e indo de encontro às promessas de Jesus, que embora fosse paciente, nunca
ficou na inatividade esperando que as coisas melhorassem sem o concurso de seu trabalho dedicado.
Não vamos pois, confundir paciência com falta de ação, muito pelo contrario, nos momentos onde
ela nos é exigida é quando mais temos que demonstrar nossa contribuição para passar por aquilo que nos
dificulta a existência.
Portanto, sejamos pacientes, mas não esperemos que o Mestre venha resolver os problemas do
discípulo.
NOSSO TAMANHO
“O que atenta prudentemente para o ensino achará o bem, e o que confia no Senhor, esse é feliz”
Provérbios 16 : 20
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Das mais nobres qualificações que possa a alma humana ser agraciada, está em destaque a
humildade.
Reconhecida pelo próprio Jesus, como indispensável a aquele que deseja o “reino dos céus”, pode
ser definida como o sentimento de simplicidade interior que nos faz reconhecer quem realmente somos e
o nosso tamanho em relação a Deus, a vida e ao próximo.
Todos já devem ter ouvido a expressão:
“Fulano mora numa casa humilde”, ou ainda, “Fulano se vestia de maneira humilde” e assim,
podemos ver com muita facilidade que confundimos humildade com pobreza, mesmo nada tendo uma
coisa a ver com a outra.
Podemos encontrar tanto a humildade como a arrogância em todas as classes sociais, camufladas
em atos e palavras.
Baseando-nos no fato de que a “humildade nivela os homens” podemos entender que a criatura
humilde é marcada pela característica de se sentir igual a todas as outras criaturas, sabendo ainda que os
que estagiam em condições mais difíceis, ou mais privilegiadas das que as deles, tem as mesmas quotas
de direitos e deveres.
A grande dificuldade que temos de imprimir em nós a humildade, esta relacionada ao câncer que
ainda existem em nós, definido como egoísmo e que é o alvo principal dos combates travados conosco
mesmo.
Geralmente, a falta da humildade faz com que o indivíduo fique marcado pela dificuldade, em
fazer coisas simples e para compensar isso, sente necessidade de estar sempre em evidência e no meio do
sofisticado e do incomum, colocando-se num pedestal frágil de onde vive caindo e machucando-se.
Já o indivíduo humilde, sabe que ele embora possa possuir tudo, nada lhe pertence, porque tudo já
pertence a Deus, e se Ele permite, que exista diferenças sociais, culturais, financeiras e outras entre nós, é
porque nós estamos aqui por motivos diferentes, para aprendizados diferentes e assim cada um possui na
Terra o que é necessário para melhor cumprirmos esses aprendizados e resgates, é como uma grande
escola pública, onde ganhamos o material necessário para aprendermos, mas embora este material fique o
ano todo conosco, pertence à escola, para a qual, devolveremos no término deste “ano letivo”, e sendo
assim, nada que possuímos aqui de material, nos coloca acima ou abaixo dos outros.
O Evangelho afirma que a humildade baseia-se em servir e assim descobrimos mais um
importante ponto, a ser notado no humilde, a disponibilidade ao serviço, em outras palavras, devemos
estar sempre prontos a servir de maneira desinteressada e pela causa do bem, mesmo que isso nos custe
deixar de lado os nossos interesses pessoais, portanto, se tem alguém a ser ajudado, ajude você ! por que,
para os que já conseguem ver a vida além do que a maioria pode ver, sabe que a posição de servir é bem
mais confortável do que a de ser servido.
Se há alguém em dificuldade, não perca a oportunidade de ser a sua mão a primeira a ser
estendida, nunca visando lucros ou benefícios para ti mesmo, para que o auxilio não perca a nobreza que
lhe é natural e agindo assim, poderemos passar pela vida, mesmo diante das dificuldades, visando à vida
maior, que virá inevitavelmente, depois que estivermos prontos, mas enquanto estivermos aqui, devemos
prosseguir de maneira similar ao conteúdo expresso em Corintios II – “Entristecidos, mas sempre alegres,
pobres, mas enriquecendo a muitos, nada tendo, mas possuindo a tudo”.
CONDUTA IDEAL
“Não te deixes vencer pelo mal mas vence o mal, com o bem.” Paulo- Romanos 12 : 21
Temos que reconhecer que somos criaturas influenciáveis, como afirmam os espíritos para
Kardec, mas também podemos nos auto - influenciar imprimindo em nossas vidas o que chamamos de
otimismo ou pessimismo, que poderíamos definir como nossa a maneira que escolhemos de ver o mundo
e as situações em particular.
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Temos que definir primeiro esses elementos para podermos nos identificar dentro de referida
questão.
Otimismo é a arte de ver o lado bom de todas as coisas em qualquer situação, em outras palavras à
criatura otimista sempre procura uma visão mais amena para as situações mais difíceis, já o pessimismo
pode ser definido como a doença de ver sempre o lado negativo e se apegar a tudo que “provavelmente”
não vá dar certo.
O professor Pietro Ubaldi em sua “A Grande Síntese”, afirma “que toda criatura é uma usina
geradora de bem ou de mal”, em outras palavras, a todo momento, estamos produzindo com nossas
atitudes ou o bem ou o mal, naturalmente que nos nossos dias de desânimo e pessimismo, nos tornamos
criaturas geradoras do mal, que se somará a outras formas de maldade e violência estimulando uma onda
catastrófica negativa sem limites previstos.
Como a vida obedece a um preciso sincronismo, não se pode acreditar que nosso mal isolado não
influencie todo o desânimo e desestímulo do planeta, ao nos colocarmos vestidos da postura pessimista,
passamos a comungar da mesma esfera de tantos outros infelizes, vítimas de si mesmos e de seu
despreparo para a vida, oriundo de seu divórcio aos propósitos do bem.
Porém, a mesma fórmula se aplica aos que mesmo com problemas escolhem e se esforçam por
terem uma postura otimista, acabam por estabelecerem um intercâmbio com o astral superior, e embora
isso não os livre das dificuldades, que são relacionadas a necessidades de aprendizado ou reparações, lhes
garantirão uma vida mais feliz e sem se envolverem em maiores comprometimentos, preservando à saúde
física, moral e espiritual.
Temos sempre que lembrarmos da “Lei do amor” apresentada por Jesus que nos ensina que toda
expressão agressiva é uma contrariedade a Lei Divina, sempre que incentivamos o mal estamos
aniquilando o Bem, sendo assim, o pessimismo como escolha que fazemos para nos acompanhar, nos faz
agir contra estas leis, pois com ele roubamos muitas vezes, o ânimo da vida das pessoas, não estimulando
nosso próximo e desestimulando a nós mesmos e ninguém tem o direito de fazer isso mesmo alegando ser
uma realidade.
Jesus de maneira clara e simples afirma no Evangelho:
- “São teus olhos a lâmpada do seu corpo. Se seus olhos forem bons, todo seu corpo terá luz”, por
isso, nem sempre as coisas precisam estar bem para nos mantermos bem, nossa maneira de ver é que
deve ser saudável, ou seja, nos vigiarmos para que fiquemos cegos ao mal ou ao lado ruim das coisas e
enxerguemos sempre algo positivo a comentar, que sirva de estímulo para os outros ou para nós próprios
e edificando esta opção comportamental em nós, estaremos “ressuscitando” os mortos de ideal e trazendo
de volta a vida os vencidos pelo peso das próprias atitudes, tal qual fazia Jesus.
O desânimo e o pessimismo não fazem parte da natureza intima do espírito, é, portanto, uma
anomalia, um desequilíbrio, ser otimista é uma dádiva, resultado de um exercício diário de como nos
comportarmos diante das situações corriqueiras imposta a nós, como exercícios aparentemente sem
importância, como, por exemplo, o pneu furado na hora de sair, a visita inconveniente, o atraso de
alguém, até mesmo as mudanças do tempo, tudo pode servir para exercitarmos o otimismo, lembrando
sempre que os processos de educação da vida, quase sempre surgem na nossa frente como aparente “obra
do acaso”, quando, na verdade estão obedecendo as leis inexoráveis do universo.
Muitas vezes, encontramos as pessoas nos centros, igrejas ou nas horas de lazer, ou ainda durante
o trabalho carregando a cara emburrada, ou com palavras e atitudes amargas, e temos que reconhecer que
expressões semelhantes, furtam da vida a própria vida, prejudicando até mesmo a saúde física, subtraindo
a vontade de viver.
Se desânimo, pessimismo e as demais expressões de abatimento físico ou moral, não se encontram
apontadas como provações ou expiações, são necessariamente, tormentos voluntários, escolhas
comportamentais que fazemos e que, agindo assim, programamos inevitável colheita, pois, depois de
semear, nos resta aguardar a germinação.
Se sofrer, pelas leis naturais de Causa e Efeito, nos libertam de males adquiridos no passado,
sofrer voluntariamente, por que a vida não responde as nossas expectativas, não nos beneficia em nada, e
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antes de qualquer rebeldia, lembremos que a vida tem sempre razão, mesmo que no momento tudo
pareça injusto.
Precisamos nos atentar, se não estamos criando em torno de nós uma tela mental destruidora,
devido a nossa insistência em acreditar que estamos condenados a perder sempre ou a dar tudo errado,
pois isso faria realmente que tudo piorasse e ainda contaminariam as pessoas a nossa volta.
Espíritos amigos nos mostram a realidade de nosso mundo, através de expressões de grande
lucidez, como por exemplo: “resolvido um problema, aguardar outro”, mas longe de ser uma visão triste e
desanimadora, só quer dizer que a vida é dinâmica e nunca para, nós é que temos que resolver nossos
problemas sem que isso custe nossa vitalidade.
Lembre-se então, que não se deve esperar um dia sem problemas, mas que tudo tem uma razão
maior, nos conduzindo para Deus, vamos assumir a responsabilidade de viver sempre a estimular e
incentivar as criaturas a passarem pelas dificuldades, que lembramos novamente, são normais e
esperadas, agindo dessa maneira acabaremos inevitavelmente empolgados em saldar a vida, nos cobrindo
de luz e emanando essa mesma luz em todas as direções.
Em boa definição, a falta do otimismo, como opção a nos conduzir pela vida, demonstra uma
pálida confiança em Deus, e estas são as criaturas mais infelizes, por que não pode haver maior
infelicidade do que perder a confiança em Deus e em si próprio e continuar vivendo.
SOLUÇÃO INFELIZ
“No mundo existem injustos e injustiças, mas não injustiçados”. Camilo
Resíduos de uma época profundamente bruta e caracterizada pela Lei de Talião que pregava “olho
por olho, dente por dente”, a pena de morte, ainda aparece em nossos dias, de maneira lamentável, por
um lado, devido aos países que ainda fazem uso desse método equivocado, e por outro, porque depois de
termos conhecido a Jesus, ainda se discuta se ela é viável ou não, se deve voltar a vigorar ou até se seria a
solução para os inúmeros problemas de violência e crimes que envolvem nossa sociedade.
É claro que temos que concordar que existem crimes considerados hediondos, que expressam de
maneira nítida os espíritos animalizados que habitam corpos humanos, porém existem algumas coisas a
considerar, que deixam evidentes que matar não resolve problema algum.
Entre as formas de execução estão:
- A cadeira elétrica, na qual é descarregado no condenado, uma carga de dois mil volts, onde são
necessárias três cargas com intervalos de 2 minutos, entre cada uma delas, elevando a temperatura do
cérebro a 60 graus centígrados;
- A injeção letal, a qual é um coquetel de cinco anestésicos, onde ao receber a injeção, a substância
interrompe a respiração do indivíduo e provoca a parada cardíaca, a morte é dolorosa e dura em média 7
minutos;
- A câmara de gás, onde numa câmara hermética o condenado é preso a uma cadeira, o gás
cianídrico se espalha pela sala, se o condenado “colaborar” respirando o gás, a morte vem em 2 minutos,
senão a agonia pode durar até 12 minutos;
- Forca, onde a corda colocada no pescoço deve no impacto deslocar as vértebras, esmagando a
medula, se o carrasco erra a colocação da corda, a morte pode vir por asfixia demorada e dolorosa;
- A guilhotina, onde dura apenas 20 segundos, porém testes em cabeça recém – degoladas,
mostram que continua a haver reação e impulsos depois da execução. Temos ainda o Garrote Vil e o
fuzilamento, todo esse espaço destinado a descrever alguns detalhes sobre as formas de execução é para
mostrar que nenhuma delas, nem a guilhotina gera a morte imediata, e em comum pode-se notar o
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requinte de crueldade, que as criaturas que elaboraram essas formas de execução possuíam, parecem
que fizeram questão de que elas provocassem muita dor e sofrimento.
Este é o perfil daqueles que defendem nos dias atuais, a pena de morte, a violência e a brutalidade,
se essa é uma forma de justiça, temos que concordar que a justiça não poderia estar nas mãos de pessoas
com essas características.
Em uma das reuniões de estudo, um rapaz se manifestou citando o caso de uma criança de 12
anos, que fora estuprada e morta, dizendo que, se fosse com a filha dele, ele mataria.
Novamente lembramos que a pena de morte é equivocada solução fácil, não podemos concordar
com esse método, pois, não se pode matar o mal, e ele vai continuar existindo, o máximo que se consegue
é libertar um espírito que estava preso no corpo e agora estará livre, para influenciar outras pessoas a
fazer aquilo que ele se inclinava a fazer.
Temos que ter a consciência de que Deus sempre sabe o que faz e que não permitiria que ninguém
sofresse à toa, por simples vontade de uma criatura insana e desequilibrada, e ainda, as pessoas que
assumem a posição de vítimas, também tem seus comprometimentos do passado, não que viessem para
serem assassinadas, não que viessem para ser estupradas, o que seria um absurdo conceber, mas que pelos
atos cometidos no pretérito, ficam propensas a alguns acontecimentos que só podem ser explicados pela
espiritualidade, analisando caso a caso, com uma visão que está além de nossas limitações terrenas.
Para a criatura doente só há um caminho, a recuperação, afinal todos nós estamos envolvidos pela
lei do progresso que nos conduz a evolução, e a prova disso é que nós estamos nos recuperando, lembrese das nossas atitudes nas horas de irritação e desequilíbrio e imagine do que éramos capazes de fazer,
quando estávamos, mais perto da ignorância e da brutalidade, portanto, estamos nos recuperando.
Existe ainda a prepotência humana em supor que estamos prontos a julgar outra criatura, todas as
vezes que condenamos alguém, temos a obrigação moral de sermos melhores que esse alguém, julgamos,
porém somos vulneráveis às emoções, a nossa interpretação pessoal e isso nos faz totalmente sem
possibilidades ou condições de fazer justiça.
Ainda para citar a possibilidade de erro e o comprometimento que isso implica, lembremos que
Jesus foi vítima da pena de morte, mesmo com tudo que ele tinha a seu favor dentro do serviço do Bem,
imagine quantas monstruosidades poderíamos fazer se tivéssemos a liberdade de “decidir” sobre a vida de
nossos irmãos.
O homem que mata amparado pela lei não é melhor em nada se comparado ao criminoso.
Imaginemos um lobo faminto a caça, irá devorar a primeira ovelha que encontrar, pelo que rege
sua natureza, agora imaginemos uma ovelha também faminta e sem alimento, morrerá de fome, mas não
atacará ninguém, porque já venceu em si o impulso violento da reação dos brutos.
Não se trata de estímulo à violência nem a impunidade, apenas o convite a uma reflexão de que se
exterminarmos todas as criaturas doentes a vida perderia sua finalidade de edificação e por outro lado,
Deus em sua sabedoria infinita, não permitiria que ninguém sofresse em vão, o fato é que somos almas
comprometidas e isso nos faz sermos vulneráveis as coisas ainda comuns, ao mundo que vivemos e nossa
única defesa não esta em andarmos armados ou demasiadamente protegidos, mas sim em estarmos
comprometidos com o bem e com a proposta de Jesus, e diante das violências que lamentavelmente ainda
presenciaremos, devemos nos lembrar, que entre nós não existem injustiçados, o que existe é uma falta de
conhecimento sobre a causa do sofrimento, o que pode facilmente ser superado por uma dose certa de
confiança na Providencia Divina, de maneira mais clara seria mais ou menos assim:
“- Não sei por que me aconteceu isso, mas, Deus sabe, e me mantenho caminhando vinculado ao
bem confortado por isso”
Introduzir ou manter a pena de morte é trazer para nossa mão a justiça que cabe ao Alto realizar,
seria o mesmo que orar a Jesus, dizendo que Ele já pode se afastar de nós, pois já sabemos julgar e fazer
com que as pessoas paguem pelas suas falhas.
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Entendemos que muitas vezes os crimes são agravados pelos requintes de crueldades e que
podem, as vitimas, serem pessoas amadas do nosso circulo intimo, o que dificulta a não revolta, porém,
não podemos crer em Deus, onipotente e justo se quando a aparente vitima for nosso filho ou a nós
próprios, negarmos a confiança nessa justiça.
A vida somente a Deus pertence e não julgar é a melhor maneira de fazer com que ela, a justiça,
esteja do nosso lado, pois a parte que nos cabe, diante do reconhecimento das nossas limitações é crer e
confiar.
Formas de execução-fonte: Pena de morte e crimes hediondos a luz do Espiritismo.
Eliseu F. da Mota Junior
CULPA
“Deixemos todo impedimentoe pecado que tão de perto nos rodeiam e corramos com perseverança a
carreiraque nos está proposta “ Paulo- Hebreus 12 : 1
A maioria das pessoas, fazendo uma análise, da conduta das criaturas humanas, carregam com
elas próprias, o sentimento de culpa, é como se tivéssemos constantemente um desconforto, um mal estar
a nos atormentar e que muitas vezes se esconde atrás de outros sentimentos, esclarecendo mais,
poderemos ter vários outros problemas e sentimentos negativos, que tem sua gênese na idéia de sentir se
culpado de alguma coisa.
São inúmeros os motivos que nos levam a sentirmos culpados; algo do passado, que fizemos ou
que deixamos de fazer, algo sobre a nossa participação na vida de alguém, ou ainda, quando nos é dada à
responsabilidade fictícia pelas ocorrências estabelecidas na vida das outras pessoas, e assim por diante.
Embora seja um sentimento, a culpa pode acabar se apresentando através de sintomas físicos,
como: sensação de sufoco, dor no peito, mal estar no estômago, indo até a estabelecer processos
depressivos, e são estes sentimentos, que vão nos oprimindo e nos perseguindo, gerando uma espécie de
auto obsessão.
A culpa ocorre principalmente nas pessoas que exigem de si mesmas aquilo que elas não estão
prontas a fazerem, ou ainda, não têm condição ou capacidade e assim por diante.
Como por exemplo, diante de um acidente de carro, ou de um roubo ou situação semelhante,
reagimos falando:
-
Como pude errar ? !
-
Como eu deixei que isso acontecesse ? !
-
Como podem duvidar de mim ? !
E assim, podemos perceber que agimos como se não pudéssemos errar, ou ter falhas, em outras
palavras, exigimos de nós, mais do que estamos prontos a nos oferecer, porém, é nosso limite, e quem
chega no limite não tem obrigação de fazer mais, pois, é o limite.
Outra situação geradora de inúmeras culpas é quando nós achamos que “deveríamos” sentir ou
agir de determinado modo e isso não acontece, por exemplo, quando nós não sentimos pela nossa mãe o
que “deveríamos” sentir, não sentimos pelos nossos demais companheiros o que “deveríamos” sentir, não
nos comportamos diante de determinada situação como nós achamos que “deveríamos” nos comportar,
então, lá vem a culpa, a nos oprimir e nos sufocar, quando não, podemos chegar a odiar a nós mesmos, de
maneira clara ou disfarçada, nas entrelinhas do nosso trato conosco mesmo.
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Temos que aprender a trabalhar, com os dois lados que nós temos, basicamente definidos por :
aquilo que nós somos e aquilo que nós gostaríamos de ser; quando aquilo que nós somos não corresponde
a aquilo que nós gostaríamos de ser, podemos então, gerar novamente os sentimentos de culpa.
Você gostaria de ser corajoso, mas não é, gostaria de ser bom, mas não age assim, admira a
inteligência, mas acha que não a possui; temos que ter consciência de que todos nós progredimos
constantemente segundo as leis que regem a vida e que devemos mudar, através da reforma que fazemos
em nosso mundo íntimo, porque se exigimos de nós alguma coisa, mas nos acomodamos em achar que
esta exigência não pode ser cumprida, se é que precisa, criamos em nós as atitudes conhecidas como
punição ou condenação, e então nos rebaixamos, nos humilhamos ou permitimos que as pessoas nos
tratem assim.
Muitas vezes sem perceber, vamos permitindo que as pessoas a nossa volta, comecem a anular
nossas vontades e a marcar os caminhos de devemos percorrer, sem contar que poderemos com
facilidade, começar um processo de auto flagelação, moral ou física, onde também passamos a nos tratar
mal, afinal de contas, quem é culpado merece punição, que neste caso é imposta pela nossa própria
consciência evidentemente perturbada.
Segundo Jesus nós temos que amar as pessoas como a nós próprios, portanto, se não conseguirmos
estabelecer conosco uma relação de amor saudável, o que ofereceremos aos outros?
Para termos um exemplo da seriedade que é isso, todas as vezes que uma pessoa quer ter controle
sobre você, ela faz com que você se sinta culpado.
-
Eu estou assim por sua culpa !
-
Olha o que você fez comigo !
-
Estou infeliz por tua causa !
E se permitimos que o outro nos convença de que somos realmente culpados pelo seu estado ou
condição, ou seja, se ela, a culpa entra em nosso mundo mental, automaticamente começamos a nos
diminuir, para fazer a vontade do outro, é a punição, para quem já esta convencido, de que é culpado.
Na verdade, temos que começar a tomar consciência de que ninguém tem culpa de nada, o
que ocorre é que fazemos o máximo, e muitas vezes o máximo não é suficiente, todos agimos de acordo
com o nosso nível de consciência, claro que erramos, mas quando isso acontece, não precisamos de
condenação ou culpas, porque o que faz o indivíduo melhorar, é reconhecer que algo esta errado, com o
desejo real de querer melhorar-se, e isso varia, de acordo com a capacidade de entendimento e vivência,
das nossas inúmeras existências.
Não quer dizer que as pessoas não resgatarão seus erros e faltas, apenas temos que deixar claro
que, sentir-se culpado, ou culpar os outros, não melhora em nada nenhuma situação.
Tentamos acertar e fazer o correto, mas a ignorância que nos cerca ainda é muito gritante, por
isso, da mesma forma que não culpamos a criança por todos os seus erros, a Sabedoria Divina também
não nos culpa, por saber que ainda engatinhamos na escalada da evolução.
Diante dos erros que já cometemos como os outros que ainda iremos cometer, tão logo a luz da
consciência do erro nos ilumine, não nos acomodemos na facilidade de nos sentirmos culpados e
sofredores, mas sim, tratemos de tomar o caminho reto e começarmos a reparação de todo o mal que
criamos, seja a nós ou as outras pessoas, porque pelos recursos de educação da vida, só se mantém vicioso
e cultivando erros aquele que assim deseja, pois todos que querem progredir e melhorar, sempre podem.
Para uma vida saudável é necessário perdoar e perdoar-se, pois, se condenação melhorasse alguma
coisa, nosso sistema carcerário funcionaria como centro de recuperação, mas não é o que acontece, diante
de um erro, somente uma nova oportunidade pode construir um novo acerto, permita a você tanto quanto
aos outros, a benção de trilhar o caminho reparador, independente do mal que tenhamos realizado, a nós
ou aos outros, a vida é fonte fecunda de edificação, e não se limite a ver nos erros do passado, a muleta
para o futuro, mas sim, a alavanca do aprendizado.
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Afinal de contas, se você não tivesse passado por tudo que passou, incluindo erros e acertos,
você seria muita coisa...........
......menos, você !
DESAPEGO DO EFÊMERO
“Desperta tu que dormes!
Levanta-te dentre os mortos e o Cristo te iluminará.” Paulo- Efésios- 5 : 14
É admirável que ainda hoje estejamos batendo nas superadas teclas da indiferença e da ignorância,
criaturas humanas criam cada vez mais polêmicas e confusões a respeito do que deveria ser um ato
simples e espontâneo, oriundo do desejo de servir e ajudar, porém, a doação de órgãos, ainda sofre
grandes resistências por parte daqueles que não entendem, que depois que a morte é consumada, nossos
órgãos, assim como todo o corpo são tão dispensáveis, como o recipiente de valioso líquido que acabou.
Na antigüidade, muitos povos chegavam a enterrar seus mortos com seus pertences, para que não
lhes faltasse nada na vida futura, por exemplo, os egípcios, que eram sepultados até mesmo com
alimentos, mas hoje, é demasiada falta de conhecimento, achar que doando um órgãos ele possa nos faltar
“depois”; ainda mais, observando a afirmação expressa no evangelho - “Temos aquilo que damos.”.
A maioria das pessoas, que não são favoráveis a esse tipo de doação, se baseia em argumentos
frágeis e destituídos de lógica, por exemplo, o medo de que retirem seus órgãos enquanto ainda estão
vivos, sendo que a medicina vive uma fase adiantada, impossibilitando tal erro, outros ainda, se apegam
ao fato de que temem sentirem dor, durante a retirada dos órgãos, esquecendo que recém –
desencarnados, estaremos experimentando tantas situações diferentes, que se fossem comparadas com a
retirada de órgãos, estas cairiam na indiferença.
Nenhum argumento pode ter força na defesa da não doação, quando temos uma visão de tudo de
bom e de positivo que estes órgãos representariam na vida daqueles que esperam recebê-los, sabendo que
podemos através desta atitude devolver ao próximo a saúde, a esperança e a visão, deve ser o suficiente
para vencermos todas as barreiras e fronteiras, além de concordarmos em doar, trabalhar no
esclarecimento das outras pessoas, baseando-se no fato de que devemos nos colocar no lugar daqueles
que esperam esta doação.
Há algum tempo, houve o caso de uma mulher que estava grávida e depois ficou constatado que o
filho que ela esperava, não possuía uma parte do cérebro e devido a isso inevitavelmente não
sobreviveria.
Mesmo sabendo que poderia recorrer a um aborto legal, devido às afirmações médicas do quadro
irreversível, ela surpreendeu a todos dizendo que teria a criança para que ela servisse como doadora de
órgãos, para outras que esperavam.
Como não é de admirar, a atitude dessa mulher foi incompreendida por muitos, que chegaram a
dizer que ela não tinha amor pelo seu filho, enquanto que o que ela tinha era só amor.
Grande exemplo a ser seguido, pois, ao invés de se livrar do “problema angustiante”, priorizou as
necessidades alheias, transformando sua dor em alívio e luz para outros.
Embora essas palavras tenham a intenção de nos levar a reflexão deste problema, concordamos
que nada deva ser imposto, tendo em vista a liberdade que toda criatura tem, mas, novamente nos
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lembremos de Jesus, no que tange a caridade, como caminho a segui-lo, recomendava que
renunciássemos a tudo “ inclusive a nós mesmos”, portanto, se somarmos isso ao fato de que a medicina
esta no mundo a serviço da providência Divina façamos nós a nossa parte, impulsionados pelo desejo de
servir sempre.
Somente a ausência da certeza de que somos filhos de um Pai Amoroso, nos faria crer que diante
de uma atitude de ajuda, poderíamos padecer em prejuízos de quaisquer natureza.
Em uma de nossas reuniões mediúnicas, um espírito amigo que nos orientava, na intenção de nos
convencer de uma vez por todas da necessidade da doação, porque assim poderíamos beneficiar ao
próximo e ao mesmo tempo exercitarmos o desprendimento, pediu para que fizéssemos um exercício,
dizendo para que todos fechassem os olhos, como se fossemos cegos, padecendo pela ausência total da
luz.
Depois que todos estavam de olhos fechados ela concluiu dizendo:
“- Pronto, agora não abram nunca mais...”
VÍCIO DESTRUIDOR
“ Eu vim para terdes vida e vida em abundância” Jesus
Hoje o alcoolismo, assim como todas as formas de dependência química, são responsáveis por
inúmeras catástrofes que ornamentam as dificuldades naturais da vida. Infelizmente, estatísticas nos
mostram, que o numero de dependentes é cada vez maior, podemos ter uma idéia pelo fato de que 50%
dos divórcios, tem relação direta com o álcool ou outros tóxicos.
Estes vícios destruidores comprometem tanto o corpo físico, que perde sua vitalidade, como a
alma, que se contamina, propiciando a geração de quadros obsessivos. São muitos os motivos que levam
as pessoas a se entregarem aos vícios, como por exemplo, a influência da mente coletiva, ou seja, o jovem
equivocado acredita que bebendo e fumando consiga mostrar que esta crescendo ou que ficou adulto, sem
contar o fato de que alucinado pelos tóxicos, conseguimos driblar nossos complexos e fraquezas.
Poderíamos adicionar ainda a influência dos espíritos inferiores, sendo que alcoolizados ou
intoxicados nós nos tornando presas fáceis as suas investidas.
Como se não bastasse, temos que ceder a razão que nos adverte de que somos responsáveis pelo
corpo que nos serve de instrumento, respondendo por tudo que façamos a ele.
Devemos deixar claro também, que o fator “quantidade” não importa, pois muitos alegam que
bebem, mas só um pouco, sem perceber que enquanto uns necessitam de um litro para se perderem,
outros com apenas um gole, já não agem de maneira natural, portanto, sempre que sentimos a falta de
determinada substância, em graus variados é verdade, temos instalada uma dependência.
Os companheiros espirituais nos alertam com clareza o perigo de estarmos entregues aos vícios, e
estes, servindo para alimentar o desejo de entidades espirituais que ainda são atormentadas pelo desejo
vicioso, que passam a nos acompanhar o tempo todo. Depois começa a transmissão de idéias e
pensamentos; primeiro a criatura viciada sede à tentação pela argumentação de “só hoje” depois de algum
tempo ele dará continuidade alegando que tem controle do seu vício, ou que pode parar quando quiser, e
tudo isso já é devido à comunhão estabelecida com entidades também viciosas, que passam a zelar do seu
instrumento de vício, daí porque se diz que eles são “conservados no álcool”, pois mesmo dentro deste
desregramento encontram sempre forças para continuar essa desastrosa caminhada.
Muitas filosofias de ajuda a dependentes químicos, baseiam se no fato de ser essa dependência
uma doença, o que não altera em nada a obrigação moral que tem o viciado em combatê-la, pois todo
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doente tem o dever de trabalhar na própria recuperação, pela consciência de que vive em comunidade e
que o álcool nunca prejudica somente aquele que o ingere, pois afetando o viciado no seu campo
emocional e psicológico, torna difícil a convivência consigo mesmo e com as demais pessoas, daí
resultam as complicações comportamentais na família, no trabalho e onde quer que ele se relacione.
Não falamos em facilidade quanto a abandonar o vício, afinal de contas para que o viciado
alcance sua liberdade, é necessário o rompimento de laços espirituais profundos além da dependência
química, que requer ajuda médica em muitos casos, porém, não podemos esquecer a luz que emana da fé
raciocinada que afirma que “o homem só se mantém vicioso senão porque queira, se quiser libertar-se
sempre pode, ou não haveria para ele, a lei do progresso”.
A ciência nos mostra que o homem de maneira geral, usa apenas 10% de sua capacidade cerebral,
o contato constante com o álcool e demais tóxicos, proporciona ainda a diminuição:
-
da rapidez do pensamento;
-
da coordenação motora;
-
do nível de Q.I.;
-
da pulsação pulmonar;
-
da defesa imunológica;
-
do poder de concentração;
-
do grau de lucidez de raciocínio;
-
da percepção intuitiva;
-
da harmonização celular;
-
da média de vida;
-
das funções cerebrais;
-
do sentido de percepção.
Agora perguntamos – o que sobrou ? !
Depois de tudo, é claro entender o porque da dificuldade em parar com os vícios, mesmo assim,
devemos lutar com todas as nossas forças e procurar a sintonia dos espíritos amigos, que são capazes de
nos acompanhar nesta trajetória em direção a vitória. A fonte de todo o mal continua sendo a distância
entre nós e Deus, apenas quem sofre desta falta, precisa de bebidas e cigarros para suportar, não a vida,
obra de Deus, mas suportar a si próprio com todas as deficiências que fazem parte de criatura humana.
Lembremos sempre, que lutar contra nossas viciações, sejam físicas ou morais, é sempre muito
difícil, portanto, sempre que estamos diante de problemas assim, devemos ter sempre o maior respeito
para os que sofrem, impulsionados pela certeza de que se eles estão mergulhados, na luta pessoal de se
edificarem e recuperarem, nós também estamos na mesma luta, talvez lutando com outras viciações, mas
na mesma luta e adotando uma visão superior desta questão, saberemos que nos cabe estar sempre contra
os vícios, mas nunca contra os viciados, da mesma forma que a medicina esta contra a doença, sem se
rebelar contra o doente.
PARCIALMENTE VOLUNTÁRIO
“ Se alguém diz: Eu amo a Deus, e aborrece a seu irmão, é mentiroso.Pois quem não ama a seu irmão,
ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?”. 1 João- 4 : 20
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Contrariando todas as inúmeras recomendações de Jesus, sobre o fato de que devemos viver
para servir sempre, e ainda, nos dedicarmos ao trabalho voluntário sem visar lucros ou benefícios
próprios, a maioria das pessoas, caminham pela vida indiferentes aos problemas alheios.
Podemos infelizmente afirmar isso, pelo fato de que nos integrando a algumas
instituições de assistência e ajuda, sentimos de imediato, a dificuldade de encontrarmos trabalhadores e
voluntários que queiram incorporar uma causa nobre.
Todos acham que é bom, elogiam, dizem que devemos continuar, mas com a mesma prontidão
apresentam os mais variados motivos para não ajudarem ou não colaborarem com aquilo que eles mesmos
reconhecem como necessário e cristão.
Dizem que gostariam, mas infelizmente não podem assumir compromissos porque trabalham, têm
seus filhos, tem que cuidar da casa, tem seus problemas, e assim por diante é como se as pessoas que
participam de maneira atuante nas obras de ajuda ao próximo, não trabalhassem, não tivesse filhos e
problemas.
Analisando bem a questão, podemos perceber que para aqueles que trabalham muito, podemos dar
mais uma atividade ou função que eles se apertam, administram o tempo e dão um “jeitinho” de executálas, já que aquelas que nada fazem, além das atividades cotidianas que envolvem a todos, qualquer
função, de imediato parece impossível de ser cumprida, pois não entendem que “falta de tempo” é a
desculpa daqueles que perdem tempo por falta de organização.
Outro problema que temos é com relação às festas e eventos beneficentes, pedimos a colaboração
de todos e todos se mostram prontos, porém se não os lembramos de seus compromissos na data marcada,
corremos o risco de termos o fracasso de nossas atividades, pela simples alegação de “esquecimento”.
Percebemos então, que nossos companheiros assumem a condição de “parcialmente voluntários”,
porque não se entregam às atividades de assistência e auxilio, vendo-as como elas realmente são, ou seja,
um compromisso de todos nós.
O que pensar do fato de sermos nós os necessitados e estarmos esperando o resultado de uma
campanha de alimentos, de agasalhos ou qualquer outra coisa, e de repente vemos o fracasso deste
movimento, porque os voluntários se esqueceram, ou tiveram outras ocupações.
Temos que nos inteirar de nossos deveres como criaturas que já conhecemos a Jesus, dedicandonos de todo coração a aquilo que abraçamos, sempre que um trabalho ou um pedido de ajuda chega até
nós, é a oportunidade de servir, e qualquer um que não se incomode com as misérias e dificuldades
alheias, carrega na própria alma marcas de profunda deformação a ser corrigida.
Ser voluntário não significa “ir quando der”, mas sim, darmos as pessoas à tranqüilidade da
certeza de que podem contar conosco, no dia e hora que podemos, de acordo com nossas outras
atividades, em outras palavras, ser voluntário é ter “compromissos”. A questão 893 de O Livro dos
Espíritos, nos dá sua definição de caridade da seguinte forma-”... sacrifício do interesse pessoal pelo bem
do próximo...”; vendo por esse lado é necessário algum sacrifício ou esforço, para que nossa contribuição
não fique limitada a dar o tempo e as coisas que estão sobrando, pois, a nobreza deste ideal pede muito
mais.
Por essa definição, quando juntamos roupas velhas em casa para doarmos as campanhas, roupas
que estavam largadas e muitas vezes até iriam para o lixo, fazemos “ajuda”, mas não caridade !
Quando damos nas campanhas de alimentos, aquilo que sobrou na cesta básica que recebemos, ou
aquilo que esta sobrando, em nossa dispensa, fazemos “ajuda”, mas não caridade !
A caridade se caracteriza pelo sacrifício dos nossos interesses em benefício dos outros, sendo
assim, quando nos doamos em dedicação aos que carecem mais, ou quando doamos do pouco que temos,
mas visamos o bem dos que estão a nossa volta.
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Lembramos nisso a parábola da Viúva, onde todos faziam suas doações numerosas e uma viúva
deposita apenas uma moeda, e Jesus elucida que a viúva fora quem doou mais, por que tirou do pouco que
tinha, para servir.
Temos que ser voluntários a aquilo que escolhemos, mas conscientes que isso implica
responsabilidade e respeito com as funções assumidas.
A providência Divina, deve contar conosco sempre que for preciso e não somente quando
tivermos um ataque passageiro de bondade, ou ainda, quando nos tornarmos voluntários a uma obra,
apenas por conveniência ou auto propaganda.
Mesmo dentro da casa espírita, somos chamados muitas vezes para ocupar cargos ou funções, e a
resposta é sempre a mesma “ – Não estou pronto!”, mesmo que muitas vezes sejam convidados
freqüentadores do centro com 20, 30 anos, e em particular nós pensamos:
- Se não ficaram prontos até agora, não ficam mais!!!; porque na verdade o que falta não é
preparo, mas sim arregaçar as mangas e trabalhar na construção de um mundo melhor, aonde nos lembra
Jesus, maior será aquele que mais servir!
Os companheiros da vida maior, na constante tarefa de progredir, não se limitam a chamar os
preparados, nem sempre dispostos, mas preparam os chamados que se apresentem dispostos ao trabalho
de edificação e crescimento coletivos.
Com certeza, não poderemos muitas vezes, realizar as mesmas atividades dos grandes líderes ou
dos santos, porém, é indispensável que cada um de nós faça a sua parte.
Certa vez, Madre Teresa foi interpelada por um companheiro, que observando sua vida de
renuncia e doação aos doentes e necessitados, a questionou que por mais que ela realizasse, seu trabalho
não seria mais do que uma gota no oceano, devido à quantidade daqueles que sofrem, e assim ela se
expressou:
- Com certeza meu filho, meu trabalho não é mais do que uma gota de água no oceano, porém, o
oceano seria menor, se lhe faltasse essa gota.
Se aquilo que aprendemos com relação à bondade e amor, não sair da teoria que registramos todas
as vezes que falamos no bem, para se manifestar nas nossas atitudes, estaremos nos enganando a nós
mesmos, seremos seres demasiadamente preparados para falar no bem, embora que sufocados nas nossas
próprias sombras.
Responda a você mesmo, depois de tudo que você já ouviu falar de Jesus, e após ter recomendado
tanto as pessoas que sejam boas:
- Qual entidade beneficente você ajuda ?
- A que instituição você foi oferecer algumas horas de seu dia ?
- Qual sua contribuição para instituir a paz no mundo ?
- Quantas vezes você se dedica aos que sofrem ?
não se esqueça de que todos os homens se acham bons, mas somente o trabalho realizado
evidencia as almas que despertaram do sono da inércia, observe portanto a sua vida e se responda:
- Quantos são beneficiados pelo seu esforço, além dos seus familiares diretos? Refiro-me,
as
mães que não tem filhos, os filhos que não tem mães, aos famintos anônimos e todos aqueles, nossos
irmão, em situações viciosos ou equivocadas.
Caros amigos, nascemos para servir, porém, esta máxima apenas existirá para aqueles que
despertaram para os objetivos maiores da vida, afinal de contas, o grande homem sempre tem tempo, não
por que sobre, mas por que tem consciência das prioridades que a vida exige e imprime a todos nós.
Jesus afirmou em certa oportunidade:
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- Eu trabalho e meu Pai também trabalha !
E você, não vai querer ficar de fora............vai ?
AUTO OBSESSÃO
“Guardai-vos dos cães”
Filipenses 3 : 2
Antes de analisarmos com maior atenção, mais esta delicada condição do homem, temos que ter a
compreensão real de seu significado. Recorrendo ao dicionário, encontramos a palavra obsessão definida
como perseguição, atormentação, sendo assim o auto - obsessivo é alguém que persegue ou atormenta a si
mesmo.
Toda essa problemática, pode ser associada a uma mania de reclamar, de culpar se pelos
acontecimentos, de ver-se sempre sem solução.
Diante de uma comida que não possa fazer bem, o obsidiado nem come, já o auto – obsidiado
primeiro come, para depois reclamar e sentir-se mal.
Entre os motivos que podem levar uma pessoa a autoperseguir-se, está a perda da vontade de
viver, gerada por não ser bem sucedida nos negócios, na vida afetiva e assim por diante, ou ainda por se
sentir contrariada, alegando que a vida não lhe dá o que merece, ou até por viver cultivando com nostalgia
o que foi bom no passado, mas já não nos pertence mais, e assim vamos entristecendo e nos amargurando,
recusando voltar à normalidade.
Geralmente a auto – obsessão esta relacionada com o complexo de inferioridade, daí porque
acreditamos que estamos condenados á má sorte e pela carência gerada pelo vazio interior, buscando
sempre ser alvo das atenções, nos apegando a doenças ou aquilo que não deu certo.
Quando alguém diz que todo esse estado de tristeza e aflição é gerado por ele próprio, pelo seu
pensamento e atitude, logo nega, procurando nas pessoas e nas situações externas, os motivos da sua
infelicidade.
A insatisfação é tanta, que acaba se refletindo em reclamações e lamentações constantes,
contaminando todo o ambiente em que ele esta.
Exatamente porque nós é que nos fazemos o mal, a obsessão nesse caso vem de dentro para fora,
dependendo de nós para mudarmos esse quadro, “ajuda-te que o céu te ajudará”, recomenda o evangelho,
analisando ainda, que o auto – obsediado, para entrar na obsessão espiritual, não necessita de mais nada,
pois, nos tornamos vulneráveis o bastante a qualquer influência externa, isso é, nós atraímos, através da
sintonia de pensamentos, as criaturas atormentadas, estabelecendo uma similitude mental, com as
consciências infelizes.
Porém, fica sempre mais fácil acreditar que outras pessoas é que nos fazem mal, ou que fizeram
um “trabalho” para nos prejudicar, ou ainda que nascemos destinados a perder, demonstrando profunda
alienação quanto às coisas do alto, que obedecem para tudo, uma razão inteligente e sempre visando a
elevação da humanidade.
Outra característica daquele que se auto atormenta, é o uso constante das palavras:
-Não sei!
-Não posso!
-Não consigo!
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Podando todas as suas possibilidades de êxito e enchendo o seu mundo mental de programações
que depõe contra ele próprio.
Emmanuel, iluminado mentor espiritual, se expressa afirmando: “... nossas criações mentais
preponderam fatalmente em nossa vida, libertando-nos quando se enraízam no bem e nos encarcera
quando se firmam no mal”.
A cura da auto - obsessão se baseia primeiro em termos consciência de que nos perseguimos, por
manias, vícios e demais hábitos irregulares, procurando trocá-los por valores espirituais verdadeiros
oferecidos pelo evangelho devidamente estudado e finalmente entregar-se a reflexão e a oração
aproximando-se de Deus.
Do ponto de vista prático, podemos nos ajudar a sair deste estado através da auto-sugestão, que
nada mais é do que falarmos constantemente para nós mesmos e para os outros, que somos capazes, que
somos destinados a vencer e que melhoramos a cada dia, porque assim, nos ajudamos e alimentamos a
certeza de que somos ajudados, agindo desta forma, pararemos de querer ir contra as leis naturais que
nos proporcionam condições de crescer sempre e passaremos a ir a favor da correnteza do rio da vida.
Ninguém pode contemplar o céu, cultivando perturbações no coração, acredite em você, embora
possa estar passando por problemas, você nunca esteve tão pronto para a vida, você nunca soube tanto e
nunca esteve tão preparado para vencer as dificuldades que lhe circunda a existência.
Abandone suas manias, seus medos, troque de idéias, mude os hábitos, de essa chance para você !
Se você errou, se desculpe, se não sabe, se dedique em aprender e se esta no caminho errado, não
transforme isso em muleta, mas em possibilidade de renovação. Viva de maneira mais leve e isso não
lhe fará perder a seriedade necessária.
E observe que você precisa de menos do que julga precisar, não persiga a você mesmo, nem pelo
que fez, nem por aquilo que precisaria fazer, pois quem tem a imortalidade como cenário, já esta com a
vitória garantida, portanto, esteja do seu lado, e abandone, o que não lhe da condições de viver em paz,
adote o que lhe agrada e tome as rédias de sua vida.
Você merece ! acredite !
Somente Jesus pode nortear a vida do homem, por ser o autor da felicidade, em outras palavras, a
observação das suas orientações podem dar ânimo a vontade de viver, mesmo nos deparando
constantemente com problemas, que serão sempre menores, em relação direta, a nossa aproximação com
a fonte geradora de vida.
ESTRANHEZAS DO AMOR
“ Eu te amo”.
João- 3 : 16 e 13 : 34
É estranho, mas a maioria das manifestações de amor, presenciadas no cenário terrestre, estão
vinculadas a experiências dolorosas, frustradas e totalmente contrárias ao que podemos associar ao amor.
Seja, entre irmãos, pais, filhos, amantes e assim por diante, percebemos que a nossa maneira de
amar, está totalmente relacionada, ao nosso atraso moral, o que é natural.
Assumimos compromissos afetivos que não pretendemos dar continuidade, dizemos que amamos,
sem medir as conseqüências ou responsabilidades que isto implica.
Sem contar os crimes passionais, os problemas domésticos, e vários outros segmentos
desequilibrados pela existência de um amor um tanto que estranho.
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Também foge do nosso entendimento, que pessoas de moral corrompida, envolvidas em
violências, fraudes, corrupções, estupros e demais atrocidades, afirmem serem capazes de amar outra
criatura.
Seria possível, sentimento tão nobre como o amor, habitar em almas tão destituídas dos valores
básicos, que envolvem a vida?
Na tentativa de elucidarmos esta questão, façamos um parâmetro comparativo entre o amor e os
nossos instintos.
Se observássemos os animais na natureza, veríamos também, grandes exemplos de amor,
poderíamos até citar, o que dizem alguns estudiosos, que o pelicano, na época de estiagem, quando falta
alimento aos seus filhotes, abre o peito com o próprio bico e tira pedacinhos da própria carne, para
alimentar sua cria.
Temos também a onça, que caça e defende sua prole com a própria vida e poderíamos seguir
citando toda a natureza, que está sempre pronta para cada qual, defenderem os seus.
Porém, a ciência não chama essas manifestações, de “amor”, mas sim de instinto, pois, a onça não
caçaria para os filhotes do pelicano e nem o pelicano abriria seu peito para alimentar os filhotes da onça,
ou seja, cada espécie cuida, defende e provê o sustento de sua própria espécie, não se importando pelo
bem estar de outras criaturas.
Percebemos aí um ponto interessante a observar, de que NÓS TAMBÉM SOMOS ASSIM,
salvando algumas exceções.
Quantas vezes, nós beneficiamos alguém que faz parte do nosso resumido grupo de convivência,
amigos e parentes, mas não temos a mesma disposição de ajudar se estivéssemos diante de um estranho.
Se os animais se dedicam a auxiliar somente ao seu grupo e por isso a ciência define que eles, não
tem amor, mas sim instinto de preservação, porque nós criaturas humanas, que também nos dedicamos
somente ao nosso grupo mais próximo, não nos importando com as misérias alheias, sentiríamos amor ?
Na tentativa de encontrar um esclarecimento para esta questão, vamos recorrer ao Livro dos
Espíritos, na sua questão 74 onde Kardec interpela os companheiros espirituais com a seguinte pergunta:
- “Pode-se assinalar um limite, entre um instinto e a inteligência, quer dizer, precisar onde termina
um e começa a outro?”
E a reposta dos companheiros espirituais foi a seguinte:
- “Não, porque freqüentemente eles se confundem; mas se pode muito bem distinguir, os atos que
pertencem ao instinto e aqueles que pertencem à inteligência ”.
Atos que pertencem ao instinto:
-
Amar somente aos seus
-
Dedicar-se somente à sua prole
-
Interessar-se somente ao grupo resumido que lhe cerca.
Atos que pertencem à inteligência (razão) :
-
Amar a todas as criaturas
Amar não somente aos que nos querem bem, principalmente depois que conhecemos a
proposta de Jesus.
Nos baseando nisso, se você ama somente ao seu filho e não se interessa pelos filhos de outras
pessoas, isso não se trata de amor, mas sim, de instinto, se você se dedica somente a sua família e não se
interessa pelas misérias que envolvem as outras famílias, longe está este sentimento de ser amor, mas sim
é o mesmo instinto que move os animais, daí entendemos por que somos advertidos no evangelho de que
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“fora da caridade” não haveria salvação, por que sem nos envolvermos com as necessidades das outras
pessoas, nunca desenvolveremos esta forma de amor, mais dilatada e universal.
Caminhamos através deste pensamento e chegamos ao que nos dizem as fraternidades espirituais:
” ...não se ama uma criatura ,senão amando as outras...”
Vamos rever nossos conceitos de amor, e assim, entenderemos que somente saberemos o que é o
amor real, quando ele deixar de ser direcionado, as poucas pessoas que nos envolvem, para buscar a
coletividade, que Jesus simplesmente chamou de nosso “próximo”.
O grande poeta, Carlos Drumond de Andrade, também nos oferece uma contribuição, quando
melodiosamente afirma que “amar é privilégio dos maduros”, em boa definição, é algo somente
experimentado por aqueles que cresceram e se adiantaram, aos objetivos maiores da vida.
Os sentimentos que temos aqui uns pelos outros, nos preparam para um dia vivermos um amor
maior e que por ora, não esta ao alcance das nossas concepções materialistas, mas que já existe, de
alguma forma e se exterioriza na mesma proporção em que nos adiantamos junto aos valores morais.
Não podemos desistir de amar por analisar os amores terrenos, tudo na vida obedece à lei do
progresso, quando nos deparamos com a expressão elucidativa de “amar a Deus com todo o vosso
amor”, identificamos que Jesus nos deixa livres para amar de acordo com nossas capacidades de amar.
Por mais que pareça distorcido e equivocado, é amando da forma que amamos, que aprenderemos
a amar com cada vez maior nobreza, da mesma forma que trocaremos a felicidade atual, que é nos
sentirmos amados, pela felicidade real, que reside simplesmente em amar, e nos bastarmos apenas nisso –
amar.
Amemos o máximo e tentemos elevar esse sentimento às potencialidades infinitas, pois, na
tentativa de definir o próprio Deus, o máximo que nos foi possível chegar, é de que Ele é o amor.
Deus é amor.
O PODER DA PALAVRA
“...que sua palavra seja sim sim ou não não.”Jesus
“E Deus disse: Que a luz seja feita!” – e a luz se fez.
“E Deus disse: Que as águas que estão sob o céu, se reúnam num só lugar e que apareça o
elemento árido!” – apareceu a terra.
Moises descrevendo a criação do mundo segundo sua visão, sempre se refere ao que Deus criou
da seguinte forma: -“E Deus disse...” , convidando nos a pensar que toda a energia de transformação ou
de criação estaria contida nas “ palavras de Deus “ e diante disto, recordamos nós que “ no princípio era
o verbo, o verbo vinha de Deus ,o verbo era Deus...”
Evidentemente que Deus não teria a necessidade de “falar” como fisicamente entendemos, é
apenas uma forma simbólica que nos refletir na capacidade de criação de todos os seres, naturalmente
considerando a distância existente entre Deus e os homens, que foge a nossa capacidade de previsão.
Qual seria realmente o poder da palavra?
E buscando resposta a esta indagação encontramos outras:
- Na casa espírita, nos cultos e nas igrejas, oradores padres e pastores usam da palavra como forma
terapêutica e método de evangelização e educação, será que através da fala, podemos induzir melhorias e
transformações nos indivíduos?
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E diante disso, nos lembramos que até para a divulgação das coisas Divinas a providência usou
a palavra.
Temos Sócrates que pelos diálogos proferidos na antiga Grécia, foi considerado por Kardec como
o precursor do Cristianismo.
Encontramos depois Buda, que também pela fala, estruturou novas bases para sua época,
envolvendo os homens nas máximas do bem.
Gandhi, que enfrentou exércitos com seus discursos e Francisco de Assis que antes de ter deixado
registros escritos, pela palavra envolvia as criaturas, promovendo nelas o desejo de mudança e
transformação.
E culminaríamos com o próprio Jesus, que sem escrever nada, pois teve seus ensinamentos
registrados mais tarde, pelos discípulos e seguidores, alimentava a todos com seus diálogos, capaz de
inebriar as almas e fazer com que elas experimentassem o amor convertido em palavras, mesmo que isso
custasse dias de caminhada.
E mesmo no que ficou mais tarde registrado, ainda podemos reconhecer o poder de suas palavras.
E Jesus disse:
-
“Mulher está livre da tua enfermidade !”,impôs a mão e ela endireitou-se.- Lucas XIII –
-
“Estendei vossa mão e ela se tornará sã !” Marcos III – 1/8
-
“Cala-te e sai deste homem!” – cura de um possesso-Marcos 1-21/28
12/13
Porém, até aqui tudo bem, mas diante da afirmação de Jesus de que “Vós sois Deuses, e fareis o
que Eu faço e muito mais”, é que a coisa complica, pois temos que crer que em nossas palavras também
se expressam responsabilidades acima do que imaginávamos.
Ainda, a cata de exemplos, encontramos os monges orientais, que passam horas e horas no estado
de consciência conhecido como meditação, emitindo “sons vocais”, aos quais dão nomes de Mantras, que
trazem em sua definição “energia em forma de som”.
O jornal “Folha de São Paulo” de uma terça feira, 05 de janeiro de 1993, expôs uma matéria que
tinha como título: “Frigorífico usa musica para amaciar a carne”- explicando que o frigorífico Kaiwoa,
em Presidente Venceslau –S.P. - recebe 800 bois por dia, e que antes de irem para o abate, ficam durante
24 horas se alimentando e ouvindo músicas e suaves , entre elas Ray Coniff , segundo seus técnicos e
profissionais, tudo isso é para garantir a qualidade e a maciez da carne.
Teríamos ainda duas outras expressões do poder da palavra, a mais simples e a mais complexa:
a mais simples é quando a criança tropeça e cai e em função disso começa a chorar, a essa
altura vem à mãe e DIZ: - Pronto meu bem ! não foi nada ! –e a criança, receptiva a mãe, para de chorar.
E a mais complexa, está contida na própria expressão evangélica: “Não pronuncieis o
Santo Nome em vão”, além de ser uma expressão que pede o máximo respeito ao nome de Deus,
acreditavam os antigos que ao pronunciar o nome “Deus”, isso já facultava a ligação da criatura com a
fonte geradora de vida, porém, o uso indevido do “Santo Nome”, acoplado as promessas vulgares e em
outras situações sem nenhum critério, fez com que essa ligação se tornasse comprometida.
André Luiz, na obra de título “Entre a terra e o céu”, se expressou afirmando:
-“A palavra, qualquer que seja ela, surge invariavelmente dotada de energias elétricas específicas,
liberando raios de natureza dinâmica.”, (natureza de transformação) e podemos entender isto, partindo do
princípio de que toda matéria é energia condensada, (corpo físico, roupas, móveis, objetos, etc.), sendo
assim, essa “energia condensada”, pode facilmente ser alterada ou influenciada por outra forma de
energia, a produzida pela emissão da palavra.
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Exemplos:
Muitas vezes apenas “conversamos” com o doente e ele afirma a melhora, em outras
oportunidades, ouvimos falar de casas que tem o “ambiente carregado”, uma expressão não muito correta
para designar os locais onde o nível das conversas, não é nada edificante, pelo constante uso de palavras
ásperas e vulgares.
O mesmo processo, ocorre no sentido contrário, nos locais onde se falam sobre coisas nobres e de
conteúdo moral elevado, são locais de (vibração), ambiente agradável.
Através da expressão acima citada, entendemos então como vivemos no ambiente que criamos
para nós próprios, e como nossas conversas, ou melhor, o nível do que falamos, é fundamental para
determinar situações como: saúde ou doença, otimismo ou pessimismo, alegria ou tristeza, bem estar ou
irritação, e assim por diante.
“Nas fronteiras da loucura”, Divaldo e Manoel Philomeno de Miranda, auxiliam nossas reflexões
com o seguinte esclarecimento:
- “Sabe-se cientificamente, que a boa palavra proferida com entusiasmo, faz com que o cérebro e o
hipotálamo, secretem uma substância denominada endorfina que atua na medula e bloqueia a dor, tal qual
como ocorre na acupuntura”.
Daí podemos entender, o por que da mãe, conseguir fazer passar a dor de seu filho, e também
porque esta definido como caridade, dedicarmos nosso tempo para conversar com doentes em hospitais,
asilos ou qualquer local onde exista pessoas sofrendo.
Talvez esteja ai, uma das definições sobre a expressão de Jesus, que afirma que “nós somos
deuses”, pois, esta evidente que podemos fazer por nós, pela vida e pelos outros, muito mais do que
imaginamos.
Assim, como o Cristo, podemos dar vida, aos desanimados de ânimo, ressuscitar a fé e a esperança
dos caídos e estimular os descrentes à comunhão com o Pai celestial.
Ainda ao que diz respeito ao poder contido na palavra, lembramos da responsabilidade especial
que recai sobre os que se dispõe a serem oradores da propagação do evangelho, que devem se preparar ao
máximo e não descuidarem de buscar a melhora constante, pois, que nos alertam os companheiros do alto,
sobre a necessidade de falarmos com convicção e entusiasmo, para que nossos objetivos sejam
alcançados, sem falar no respeito e atenção, que toda mensagem que tem uma proposta de elevação e
crescimento merece.
Lamentavelmente, encontramos irmão nossos que ficam querendo somente da casa espírita os
PASSES, pois crêem que somente estes é que podem nos libertar de inúmeros inconvenientes, mas estão
equivocados, em “Domínios da Mediunidade” encontramos a seguinte informação: “as almas em
turvação mental, que acompanham parentes, amigos ou desafetos as reuniões públicas da instituição,
(centro espírita) deles se desligam, quando os encarnados se deixam renovar pelas idéias salvadoras,
expressas nas palavras dos que veiculam o ensinamento doutrinário”, em outras palavras, as palestras
também são agentes diretos de tratamento espiritual, cabendo também a aquele que ouve se envolver nas
temáticas apresentadas.
Faz-se necessário falar também sobre o outro “lado da moeda”, que são os prejuízos que podemos
causar pela nossa deseducação verbal, onde muitas vezes pelo evangelho não possuir ainda raízes
profundas em nós, acabamos fazendo o uso de palavras ásperas e grosseiras, como solução equivocada a
problemas corriqueiros.
Em casa ou no ambiente de trabalho, pelo menor desentendimento acabamos gritando:

Vá para o inferno!!!

Porque não morre de vez!!!

Você não presta!!!
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E nossas palavras, proferidas com entusiasmo e desequilíbrio podem encontrar ressonância no
astral inferior, estabelecendo sintonia com entidades nada tranqüilas, que ociosas e alimentadas pelas
vibrações deletérias de nossa verbalização, vão se inclinar na tentativa de executar nossos desejos
atávicos e inconseqüentes.
Em resumo, temos que estabelecer em nós, através da observação do evangelho, a reforma de
valores e inevitavelmente a reforma verbal, ainda mais que conscientes sobre tudo que podemos gerar ao
nosso redor.
Falar é projetar quadros mentais compatíveis com o que falamos, falar no bem é a ferramenta que
todos somos portadores, para a construção de um novo mundo.
Se conseguirmos modificar nossa psicosfera pessoal, pelo que falamos, seremos centros de
propagação e distribuição de luz, evidentemente que é um processo de auto educação. Por mais nobre e
verdadeira que seja sua fala, se for dita com aspereza ou brutalidade, tem comprometida sua beleza, pois
toda expressão agressiva é uma contravenção a lei universal do amor.
É OU NÃO É
“ Não matarás !” Jesus
“Fé inabalável é aquela que encara a razão face a face, em todas as épocas da humanidade” ,
iniciamos este capítulo nos apoiando nesta afirmação do nosso grande codificador Allan Kardec, para
convidar o amigo leitor a fazer uso da razão na análise de um tema que tem causado muita polêmica em
todo o mundo e no meio espírita, que é a alimentação carnívora.
Para tratarmos desse assunto, vamos primeiro dividi-lo em duas partes:
1º- é ou não é, assunto para a casa espírita?
2º- alimentação carnívora propriamente dita.
Não sabemos ouvir, quando o que vai ser dito, não encontra reforço em nossos conceitos pessoais,
baseados nisso e tentando vencer as dificuldades encontradas, pois, muitos companheiros dizem que esse
assunto nada tem haver com a casa espírita, é que finalmente perguntamos:
-É ou não é, assunto de interesse da doutrina?
E começaríamos listando uma seqüência de questões de “O livro dos Espíritos” que tratam de
coisas relacionadas aos animais e que nos ajudarão a refletir sobre o direito deles e o nosso direito sobre
eles, demonstrando a preocupação e a atenção de Kardec e das fraternidades espirituais, fazendo com que
seja totalmente de nosso interesse.
Questões: 601 / 602 / 605 / 722 / 723 / 724 / 732 / 733 / 734, além de outras que envolvem todos
os seres viventes, portanto, eles também.
Ainda depositaram sua atenção nas coisas atinentes aos animais outros companheiros nossos, a
exemplos:
Emmanuel em “ O Consolador “ questões- 79 e 391 e “A caminho da Luz “
Yvonne A. Pereira em “ Devassando o Invisível “ 1900-1984
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André Luiz em “ Conduta Espírita” “-cap 33 , “ Evolução em dois Mundos “ e “Ação e Reação”
cap XIX.
Jacob de Mello em “O Passe” se reporta a respeito da relação do passe e os animais.
Kardec mais uma vez em “A Gênese” cap X, tece observações a respeito da existência da alma
dos animais, mesmo que rudimentar e nesta mesma obra, no seu capVII item 32, novamente Kardec se
expressou:
“O orgulho, fez o homem dizer que todos os animais foram criados em sua intenção e para as suas
necessidades. Mas qual é o número daqueles (animais), que lhe servem diretamente, que pode sujeitar,
comparado ao número incalculável daqueles com os quais nunca teve e nunca terá nenhuma relação?
Como sustentar semelhante tese, em presença dessas inumeráveis espécies que povoaram sozinhas a
Terra, milhares e milhares de séculos, antes que ele (o homem) mesmo viesse, e que desapareceram?.
Pode se dizer que elas foram criadas para o seu proveito?
No entanto, essas espécies tinham todas a sua razão de ser, a sua utilidade.
Deus, não pôde criá-las por um capricho de sua vontade, e para se dar ao prazer de aniquilá-las,
porque todas tinham a vida, os instintos, o sentimento da dor e do bem estar. Com que objetivo as
fez??...”
E através destas palavras Kardec afirma que os animais não vieram exclusivamente para serem
aniquilados sob forma de alimento, mesmo por que existem na Terra muito antes que o homem, portanto,
tem sua finalidade de existência, independente da nossa.
Durante milhares de anos no planeta Terra somente havia animais, uma vez que os homens
apareceram muito tempo depois, não é aceitável a idéia de que eles foram criados para nossa satisfação e
para as nossas vontades e caprichos.
O “Correio Fraterno do ABC”, um jornal a serviço da doutrina, em sua edição de julho de 1999
traz a seguinte matéria “A orientação segura e equilibrada faz parte da filosofia da doutrina”.
Não fosse assim, não necessitaríamos da presença constante das entidades médicas espirituais
entre os homens, com o intuito sempre cada vez maior de orientar nos e proscrevendo severamente
cuidados com o uso da carne, além do álcool e do tabaco.
Quem de nós, espíritas, não conhece o trabalho do Dr. Bezerra de Menezes?.
Como afirmarmos que o espiritismo nada tem a ver com certas diretrizes educativas e orientativas
para o bem estar do povo?.
Lembramos ainda que não há no evangelho nenhum apontamento direto de que Jesus tenha se
alimentado de carne, o que não mudaria nada, pois Ele veio para adequar se as condições em que se
apresentava o mundo e pela consciência de que a evolução não dá saltos, nunca faria exigência desta
abstenção a aquele povo simples, apenas disse que nos mandaria outro Consolador, para nos orientar,
evidenciando que Ele, ainda não havia dito tudo.
Se nos apoiarmos no fato de que segundo o Mestre Jesus, o amor é a lei que rege a grande sinfonia
da vida e envolve todas as criaturas, temos também que convir, que toda manifestação de violência ou
agressão é contrária a esta lei, como dizer que algo determinante como os problemas da violência, não
seria de interesse direto da casa espírita ?
Como defender a idéia de que criaturas dotadas de senso de dor e equipadas com os mesmos
mecanismos de sensibilidade que nós possuímos, e às vezes mais avançados, sejam aniquilados de forma
cruel e desumana e ignoremos , por conveniência, a lei natural de Causa e Efeito ?
Reconhecemos claramente de que o fato de determinadas pessoas se absterem da alimentação
carnívora, não é isso evidencia de crescimento ou elevação espiritual, pois tendo se libertado destas
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viciações, podem perfeitamente, estarem cultivando outras, enquanto que os comedores de carne
poderão da mesma forma, já terem vencido outras deficiências comportamentais.
Ainda na defesa deles (os animais) levantaram se as vozes de muitos vegetarianos como:
S. Francisco, S. Basílio, Pitágoras, Gandhi, Sócrates, Platão, Plutarco o rei Asoka, Leon Tolstoy,
Voltaire, Rabindranath Tagore, Sêneca, Budha, S. Agostinho, Albert Einstein, Izaac Newton, Montaigne,
Akbar, Heráclito, Clemente de Alexandria, Henry Thoreau, Leonardo da Vinci, Charles Darwin, Bismark,
Victor Hugo, Humboldt, Lamartine, Abraham Lincoln, Dr Albert Schweitzer, Jean J. Rousseau e muitos
outros que se fossemos adicionar nesta relação, ela seria interminável, porém, lembramos novamente
nossa intenção neste capítulo que é a de esclarecer sobre ser ou não a morte dos animais para alimentação,
um tema para a análise espírita e de interesse dos espíritas, portanto concluiríamos que não pela visão do
autor, que reconhece sua limitada capacidade, se detendo apenas a transcrever o resultado de seus
estudos, mas por todos os nomes acima citados, de pensadores, religiosos e campeões da espiritualidade,
até os espíritos amigos que no meio espírita nos inspiram tanta confiança, como Emmanuel , é que
rogamos a reflexão de que, se não fosse assunto de interesse para a doutrina, não perderiam eles tanto
tempo nos processos de elucidações e esclarecimentos, baseados nos apontamentos do próprio Cristo de
que somos destinados à perfeição e sendo assim, a libertação de todo e qualquer vício passa a ser de
importância prioritária, e se por ventura esses argumentos não forem suficientes para despertarem nos
amigos leitores a idéia de total envolvimento que tem a casa espírita com esse visível problema, rogamos
aos irmãos que visitem um matadouro e assistam as mutilações de criaturas vivas sob a sinfonia dos gritos
e gemidos daqueles que padecem, e depois disso, busque o silencio da consciência e a interrogue com a
seguinte questão:
- é ou não é, assunto de interesse da casa espírita e daqueles que querem um mundo melhor ?
LIBERTANDO-SE DA HERANÇA
2º-alimentação carnívora
“ A compaixão para com os animais é das mais nobres virtudes da natureza humana “ Charles Darwin
Hoje existem muitos pontos que nos podem servir de referência para deixarmos a alimentação
carnívora, qualquer obra médica atual e séria reconhece os malefícios da carne.
Passou a ser até constantes os artigos nos jornais e revistas, até as mais tradicionalistas, indo até
aos programas de televisão, transcreveremos aqui, alguns comentários publicados na revista “Super
Interessante”- edição de abril de 2002, são relatos que não tem nenhum vinculo com nada que diga
respeito à doutrina espírita, mas que para nossas reflexões são necessárias, algumas explanações, se
manifestam através de palavras que até o papel se recusa a aceitar, mas pedimos o esforço de todos os
leitores.
“... a vitela, carne muito branca e macia de bezerros mantidos em jaulas super apertadas para
evitar que se movimentem. Para acentuar a brancura da carne, os criadores não permitem que o bezerro
coma grama ou grãos, só leite, a dieta tem que ser pobre em ferro e outros nutrientes, forçando uma
anemia no animal.”
Portanto, a tão preferida “carne branca”é justamente a doença !
E temos mais:
“Para matar o boi dá-se um disparo na testa com uma pistola de ar comprimido...”(embora na
maioria dos lugares, principalmente no interior, ainda se use a marreta para a execução)”O animal tem
que ser sangrado ainda vivo, para que o sangue tenha que ser bombeado (pelo coração) para fora do
corpo, evitando a proliferação de microorganismos.”
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“Essas, (as galinhas) levam uma vida miserável. Vivem espremidas em gaiolas do tamanho
delas. As luzes ficam acesas até 18 horas por dia – assim elas não dormem ou comem mais (isso acontece
principalmente com as que produzem ovos ). Seus bicos são cortados para que não matem umas as outras
e para evitar que elas escolham que parte da ração querem comer...”
Os porcos “não tem espaço nem para deitar confortavelmente. São confinados do nascimento até o
abate. As gestantes são forçadas a parir atadas a uma fivela, apertadas na baia. O abate é parecido com os
bovinos, com a diferença que o atordoamento é feito com um choque elétrico na cabeça e que o animal é
jogado num tanque de água fervendo após o sangramento, para facilitar a retirada da pele...”
“Os produtores (patos e gansos), colocam um funil na boca delas e as entopem de comida por
meses fazendo com que o fígado trabalhe dobrado. Isso provoca uma inflamação e faz com que o órgão
fique imenso, cheio de gordura. Ou seja, o patê, na pratica é uma doença.”
Os relatos colhidos em nossa pesquisa são inúmeros e cada vez mais cruéis, mas vamos nos deter
por aqui, pois estão todos a disposição dos leitores, que quiserem maiores informações, pois estão nas
revistas e jornais comuns a todos (não espíritas).
Uma leitura dessa tendo como parâmetro a lei do amor, implantada por Jesus, poderia ser
suficiente para banirmos essa pratica de nossa alimentação, embora nem todos os abatedouros usem a
mesma maneira de abate, elas não podem se diferenciar muito.
A questão 722 de O Livro dos Espíritos traz a seguinte interrogação:
- A abstenção de certos alimentos, prescrita entre diversos povos, é fundada na razão?
- Tudo aquilo com o qual o homem pode se nutrir, sem prejuízo de sua saúde, é permitido...”
Em cima disso, vamos novamente observar a mesma matéria da revista “Super Interessante”:
“Quem come mais carne – especialmente carne vermelha - tem índices maiores de câncer e de
enfarte, as duas principais causas de morte do planeta. É o que dizem as estatísticas.”
“Não tenho dúvidas da relação entre gordura saturada (das carnes ) e doenças cardiovasculares” (
afirma o nutricionista argentino Cecílio Morón, oficial da agencia da ONU que cuida da alimentação.)
E assim, unimos a ciência atual a aquilo que dizem os espíritos.
A palavra vegetariano, tem sua origem na palavra latina vegetus, que significa “completo, sadio,
frescor ou vivaz”, portanto homo vegetus, significa uma pessoa vigorosa, física e mentalmente, - “mente
sã em corpo são”.
Apegam se alguns companheiros ao fato de que “Hithler era vegetariano e que Chico Xavier,
comia carne”.
Bem, primeiro com relação a Hithler, nós podemos abandonar a alimentação carnívora por muitos
motivos a exemplo: não gostar do sabor ou por fazer mal ao estomago em se tratando de uma comida de
longa digestão, sendo assim, o simples fato de abster-se da carne, não torna ninguém melhor, ela só é
valida quando aliada a essa intenção, a uma causa nobre, como o respeito à vida ou a busca da saúde,
como orienta a questão 724 de O livro dos Espíritos:
- A abstenção de alimentação animal, ou outro, como expiação é meritória?
Resposta-“Sim, se se priva pelos outros. Mas Deus não pode ver uma mortificação quando não há
nela privação séria e útil ....”
E quanto ao nosso querido Chico, o apóstolo dos tempos modernos , ele mesmo se expressou em
certa ocasião que sentia a necessidade de um “bife” algumas vezes no término dos trabalhos.
Primeiro que se ele se atentou a esse detalhe, é que via ai algo a ser modificado e pelas próprias
palavras, dizia ele que ainda tinha muito a se melhorar, embora fosse o nosso melhor referencial de amor
e caridade, apontando sempre os próprios defeitos para não se esquecer de modificá-los, afirmando ainda
“Aceito que cada um seja o que quiser ser, mas exijo que eu seja cada vez melhor”.
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Entre os motivos para abandonarmos o vício da alimentação carnívora ,nós teríamos o que nós
chamamos de razões energéticas ou vibratórias, que decorre do fato de que no momento do abate, quase
sempre com requintes de crueldade, o animal descarrega na carne uma quantidade excessiva de toxinas
,não porque “pense com ódio”, já que não dispõe desse recurso (?), mas porque ainda havia muita
vitalidade para ser consumida no decorrer de sua vida e que pelo “instinto de preservação” sentindo se
ameaçado projeta o temor e aflição na carne, num impulso natural.
Na questão 723 de O Livro dos Espíritos Kardec pergunta:
-“A alimentação animal, entre os homens, é contrária à lei natural?”
E as Fraternidades do Alto respondem:
-“ Na vossa constituição física a carne nutre a carne de outra maneira o homem enfraquece... ...ele
deve, pois se alimentar, segundo o exige sua organização.”
E isso todos nós, mesmos vegetarianos concordamos, a carne nutre a carne, ou já viram
pessoas carnívoras desnutridas ou morrendo de fome ? Com certeza não terão a saúde desejada, mas
viverão “nutridas”.
Porém a questão não é exatamente esta, ninguém nega o estado de atraso em que nos
encontramos, mas somos destinados à evolução e ao crescimento como nos orientava Jesus através de
tantas maneiras, a exemplo: “ Tornai –vos santo por que Eu sou Santo “ ou ainda, “Sede Perfeito como
vosso Pai que esta no céu é perfeito “, por isso temos que nos conscientizarmos de nossos vícios na
intenção de vencê-los gradativamente; ainda a respeito disso, no Curso básico de Espiritismo de autores
diversos da FEESP (Federação Espírita do Estado de São Paulo ) pág. 98, no capítulo que se refere aos
mundos mais adiantados (para o qual somos destinados), a referida obra se expressa afirmando que:
“... os seres vivos não têm mais a necessidade de se destruírem para se alimentarem.”
Partindo do princípio de que temos que começar a ser hoje o que queremos ser de agora em diante,
nos vemos todos convidados a reforma de valores.
Com relação a nos alimentarmos “de acordo com nossa organização”, lembramos ainda de que, a
consciência de muitos homens que despertaram para essas realidades, fez com que suas “organizações
físicas”, já não exijam esse tipo de alimentação, são os chamados vegetarianos e outros que se
distanciaram da carne por outros motivos, as idéias aceitas pelo nosso mundo mental, ditam as regras das
nossas necessidades, assim como ocorre com os alcoólatras e drogados, que se convencem da necessidade
de seus vícios que passa a ser exigido pela sua organização física.
Teríamos ainda razões de ordem filosóficas ou religiosas, onde elas se assentariam no direito de
igualdade à vida e no respeito de todas as criaturas.
São Basílio (329/379), padre da igreja grega, Bispo de Cesaréia da Capadócia, também contribui
com suas palavras, expressas enquanto orava:
“... Oxalá nos demos conta que eles ( os animais ), vivem não somente para nós, senão para eles e
para Ti, e que eles amam a doçura da vida, da mesma forma como a amamos, e te servem a Ti melhor,
em seu meio, do que nós no nosso.”
Ainda dentro dessa divisão teríamos aquilo que eu particularmente chamo de a maior expressão
de respeito à vida que tenho conhecimento, e esta situada na resposta da Grande Alma, Gandhi, quando
lhe perguntaram porque ele não comia carne, e de maneira sublime ele respondeu:
-“ Como posso eu, me alimentar da carne de um animal que conheceu a dor da faca
para que eu vivesse? Como posso ser eu tão cruel?.”
E dispensaria maiores comentários, por ser este um hino de igualdade, que nos faz entender as
palavras de Lamartine, de que “ Entre a brutalidade para com o animal e a crueldade para com o homem,
há uma só diferença: a vítima.”
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Para os que ainda tem receio de que a falta da carne lhe comprometa a saúde, devemos lembrar
que mesmo Éder Jofre, campeão de Box, era vegetariano e que animais de grande porte como elefantes e
búfalos são conhecidos pela sua força e não se sabe de nenhum destes animais que seja portador de
anemia, embora se alimentem de vegetais (!?) e aproveitamos para ouvir o que tem a nos dizer Pitágoras a
este respeito:
“ Povo! Não corrompais vossos corpos com alimentos feitos de pecado. Temos trigo, maças, que
com seu peso dobram os galhos, e cachos de uvas dourando-se nas parreiras.
Temos erva de doce aroma, e leguminosas que podem ser cozidas e amolecidas ao fogo, não
esqueceis do leite nem da mel cheirosa de tomilho.
A terra é pródiga de riquezas e nos oferece banquetes que não precisam do derramamento de
sangue nem matança.
Apenas os animais satisfazem sua fome com carne...”
E depois de algum tempo sobre a postura de Pitágoras escreveu Plutarco, também com muita
clareza:
“Pode alguém realmente perguntar se as razões que Pitágoras tinha para abster-se da
carne???.Pelo, contrário eu me pergunto: Devido a que acidente e em que estado mental o primeiro
homem, pela primeira vez, tocou com seus lábios ao sangue, e levou na sua boca a carne de uma criatura
morta.Colocou na sua mesa corpos mortos, atrevendo-se a chamar de comida e alimento, aqueles corpos
que, um pouco antes tinham gritado e mugido, cheios de vida ??? Não são os leões nem os lobos que
comemos, matando-os em defesa própria, ignoramos estes e sacrificamos criaturas indefesas e mansas,
que não possuem garras ou dentes com os quais possa nos ferir, interessados por um pouco de carne, lhes
privamos do sol, da luz e da duração da vida a que tem direito.”
E lança um desafio aos que acreditam que a alimentação carnívora esta vinculada à lei natural
dizendo:
“... já que afirma que esta traçado, pela natureza para alimentá-los com esse tipo de
dieta, mate você mesmo tudo aquilo que queira comer, mas faça com vossas próprias mãos, sem ajuda de
facas, paus, nem machados de nenhum tipo”.
Afirmando que se esta na lei natural devemos fazê-lo naturalmente, como ocorre com todas as
outras leis naturais, elas simplesmente acontecem.
Alguém já viu passar na rua o caminhão carregado de carnes, e as crianças saírem correndo atrás
do caminhão ? Pois se fosse uma lei natural, estaria nos nossos impulsos instintivos, como fazem os
animais, obedecendo a essa mesma naturalidade.
Teríamos ainda, conteúdo para fazermos uma obra somente dentro desta problemática, mas
acredito já termos material suficiente para nossas reflexões.
Apenas não podemos nos esquecer, que sendo seres em busca constante da felicidade, as
mudanças são necessárias, pelas evidencias novamente trazidas por Leon Tolstoy:
“Enquanto nossos corpos sejam os sepulcros viventes dos animais sacrificados, como podemos ter
a esperança de desfrutar na terra as condições ideais??”.
George Bernard Shaw, também da sua contribuição se expressando:
“Aos domingos oramos para que se faça a luz, que nos guie na trilha que fazemos, repudiamos
guerra, não ansiamos lutar, e, no entanto, nos enchemos de cadáveres.”
Já Mahatma Gandhi, orienta:
“Penso que o progresso do espírito exige, ao chegar a certo nível, que cessemos de matar a nossos
amigos animais tão só pela satisfação dos sentidos corporais”
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E culminemos apelando as nossas consciências, que já encontram em Jesus a meta a ser seguida,
e sabendo que ser cristão é seguir os passos do Cristo e fazer na vida, gradativamente e no nível de nossas
capacidades, o que faria Ele, sinceramente respondam:
-Quem pode imaginar Jesus, o Senhor da Vida e do amor, em matadouros e aviários dando
marretadas na cabeça de bois ou esfaqueando porcos??? .
Se Jesus não faria...
..... é bom pensar!.
AJUDA DIVINA
“Ajuda te que o céu te ajudará”
Se fossemos dividir o público freqüentador dos centros espíritas, igrejas, casas de orações, cultos e
assim por diante, encontraríamos as mais variadas diferenciações entre os adeptos, teríamos os curiosos,
os simpatizantes desta ou daquela filosofia, criaturas realmente fiéis e outros que simplesmente se sentem
bem por estarem nestes ambientes.
Porém, se fossemos traçar um paralelo entre todos eles, teríamos como ponto único, que todos
buscam auxilio do alto, ou seja, ajuda divina.
Seja para resolver problemas ou para tomar a decisão correta diante de uma situação ou para
encontrar forças para as provas que porventura estejamos passando e até mesmo, para outras pessoas,
todos buscam e esperam que Deus ou a espiritualidade interceda a nosso favor, nos legando algum
benefício.
No entanto, vamos refletir:
-Afinal de contas, Deus nos ajuda ou não? E os espíritos?
Para nos ajudar a refletir, lembremos de algumas situações:
* um avião caiu com 200 passageiros, ninguém morreu!
Diante disto, nós falamos:
-Olha como Deus é bom!
-Só Deus pôde evitar a tragédia!
-Se não fosse por Deus!
* um avião caiu com 200 passageiros, todos morreram!
E ai, o que dizer? Será que neste dia Deus não queria ser bom!? .Quais os parâmetros que Ele usou
para salvar um e não o outro?
E ainda, do ponto de vista pessoal, teste sua memória:
Lembra daquele dia? É claro que lembra!Como foi difícil, primeiro logo pela manhã, despertamos
envoltos nos problemas domésticos.
Problemas e mais problemas, tudo parecia estar contra você!
Se
tivéssemos que apontar algo de bom que nos acontecera nos meados daqueles dias, seria difícil.
E quanto mais o dia passava, mais problemas.
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A boca secou, a cabeça doía e o estômago refletia a fragilidade do nosso sistema nervoso e na
mente, ruíam pensamentos nada tranqüilos.
Estávamos em desequilíbrio! Procuramos alguém para falar de nossos problemas e todos nos
tratavam com indiferença, e quando não diziam:
-Mas você sofre só por isso ?
-Parece até que gosta de sofrer?
Nos víamos impelidos a não contar com mais ninguém, mas os problemas prosseguiam e os
prejuízos aumentavam.
Pois bem, é justamente ai que perguntamos:
-Onde estava Deus nestes momentos ? e os espíritos?
E talvez, pelo menos por alguns instantes, estas dúvidas tenham passado pelo pensamento de
muitos.
E é justamente ai que começamos a tratar de um outro elemento no que tange a ajuda espiritual, “o
merecimento”, pois, é justo que a criatura busque a ajuda do Alto, porém, é necessário que ela seja digna
dela.
Não podemos esperar que Deus nos faça livres de mazelas que sustentamos, e nessa sustentação,
englobaríamos vícios morais e físicos.
Lembrando ainda que, manter seu vício, seja qual for , significa estar disposto a colher as
conseqüências que ele provoca sem lamentação.
O que dizer, por exemplo, dos fumantes, dos alcoólatras ou dos usuários das demais drogas, que
vão ao centro procurando combater as conseqüências de seus desatinos, sendo que não estão dispostos a
modificarem sua conduta para o caminho reto, portanto reparador.
Lembremos que “a missão da espiritualidade é a de amparar os que erraram e não de
fortalecer o erro”, em outras palavras, tão logo o indivíduo se incline para a mudança, à ajuda se fará
presente - “Ajuda te que o céu te ajudará”.
O que dizer do fumante que vai à casa espírita buscando os recursos do passe para conter a tosse,
não estando disposto a vencer o vício?
Será que a espiritualidade o ajudaria a ter a saúde restituída para que pudesse fumar e se
comprometer ainda mais?
Estaria ela o ajudando se assim procedesse?
Ou auxiliaria nossos irmãos mergulhados no vício do álcool a verem-se livres das dores do fígado
danificado, para beberem ainda mais???. Seria um contra censo!.E não assentado na razão na qual a
doutrina se coloca.
Obviamente o mesmo ocorre com os vícios de ordem moral
Todos temos defeitos e ajustes comportamentais a serem modificados, e a busca de nossa
modificação, estimula os companheiros do astral superior a nos ajudarem também, porém, se não estamos
dispostos a melhorar nossa maneira de tratar as pessoas, nossa maneira de ver a vida, nossa conduta
diante daqueles que sofrem mais que nossas dores, com o carinho e a atenção expressa por Jesus, seria
justo que as entidades do alto empregassem seu tempo e seu trabalho, na edificação daquele que, segundo
sua conduta, não quer ser edificado ?
Os espíritos podem, é verdade nos auxiliarem, mas não podem se opor às leis naturais da vida, que
apontam para o fato de que a nossa conduta atual atrai pelo automatismo natural, uma reação
proporcional, portanto justa.
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Peçamos a ajuda do Alto, porém, sejamos dignos dela, e confiantes, de que se naquela
determinada situação você aparentemente caminha só, é por que esta nos desígnios superiores colocar te a
prova a teu próprio benefício, ou permitir que expies as atitudes equivocadas do passado delituoso, que a
vida atual atesta que tivemos.
Para uma definição clara, os emissários espirituais apenas esperam nossa verdadeira comunhão
com os valores do bem, para nos envolverem nos eflúvios que circulam os bons, e que permitem que essa
bondade seja evidente nas atitudes da vida comum.
Suponhamos a idéia de um pai que adverte seu filho quanto aos deveres de casa, que ele traz da
escola, porém, o filho ignora e apenas faz as coisas de menor importância, não por maldade, mas por que
não esta consciente de que o desenvolvimento das capacidades intelectuais, proporcionadas pelos estudos
e o cultivo das responsabilidades, beneficiará a ele próprio.
Até que chega a hora de ir para a escola, ai o filho se desespera e corre pedir a ajuda de seu pai
para realizar sua tarefa de casa.
Este pai, se auxiliasse esse filho neste momento, estaria realmente ajudando? Ou seria mais
correto, pelo amor que tem pelo seu filho, permitir que ele assuma as conseqüências de seus atos ?
O mesmo ocorre no âmbito espiritual, a ajuda divina envolve a todos, porém, cabe a cada um se
dedicar nos deveres que temos, sejam os deveres do mundo material seja de ordem moral.
A observação das leis superiores nos aponta os caminhos que podem nos conduzir com segurança
a situação a que estamos destinados.
Em suma, estas sofrendo? Quer a ajuda do alto?
Pois então, observa antes o que podes fazer a teu próprio benefício, em outras palavras, “ajuda te
que o céu te ajudará...”.
O Divino somente atua, quando o humano esta impossibilitado de atuar, o que nós pudermos
realizar por nós próprios, Deus não o fará !
Acostumamos a dizer:
- Se Deus quiser......
- Deus quis assim ......
- Vamos como Deus quer .....
E na verdade Deus não quer nada, apenas permite, por que se quisesse, faria, afinal de contas, é
Deus! Nós é que temos que querer.
Deus, simplesmente ama.
COMEÇAR DO COMEÇO
“Eduque as crianças e não será necessário castigar os homens”Pitágoras
Joanna de Ângelis, iluminada companheira espiritual, que tantas contribuições tem nos dado, na
busca de nos encontrarmos e vencermos a nós mesmos, através de suas reflexões, se expressou:
“Ao invés de cataclismos que ceife as vidas e aniquile a sociedade e a Terra, dá-se neste momento,
a renovação do planeta, graças à qualidade dos espíritos que começam habitá-la”
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Sem nenhuma sombra de dúvida, nossa companheira espiritual, deixa claro, que se refere às
crianças, uma vez que esses espíritos de maior “qualidade”, terão necessariamente que passar pelo estágio
da infância.
Em virtude disso, quando as pessoas desestimuladas, apáticas e pessimistas, em decorrência das
constantes aflições, que envolvem as almas endividadas, disserem que o mundo não tem jeito, que as
coisas estão cada vez piores, já temos uma referência sólida para apontarmos a grande mudança que se
opera em nosso orbe.
Todos nós conhecemos o que um único Allan Kardec, já em avançada idade realizou, o que dizer
então de Chico Xavier, que sozinho consolou multidões e iluminou o caminho de muitos, imaginem agora
o que ocorreria com nosso mundo, com a encarnação de milhares de espíritos com maiores vínculos com
o bem, o que aconteceria, se em nosso meio estivesse milhares de Chico’s, Emmanuel’s, Kardec’s,
Ghandi’s, e assim por diante; imaginemos o que a presença desses “espíritos de maior qualidade”, que
Joanna de Ângelis se refere, faria em nosso mundo.
Pois bem, essa visão mostra que o mundo melhor ao qual buscamos desde sempre, esta mais
próximo que nunca, porém, esses espíritos que estão se achegando a nós, receberão através dos processos
educativos e exemplares, nossa influência, o que aumenta a responsabilidade em contribuir para que eles
encontrem o caminho do bem o mais cedo possível e conseqüentemente, apresentem seus frutos
melhorando nosso meio.
Pensando assim, podemos entender a expressão dos espíritos amigos, quando através de Divaldo
Franco que nos afirma que “Ainda neste século veremos a alvorada do mundo de regeneração”, o que
serve de estímulo para os homens de boa vontade trabalharem ainda mais, auxiliando os planos
edificantes do Criador.
Léon Denis, coloca a importância da educação em patamares bem claros, evidenciando sua
influência na vida da criatura como ponto determinante para suas realizações, se expressando:
“Todas as nossas chagas morais, são provenientes da má educação”
Sejamos, pois, espíritas cristãos o mais que possamos, para estarmos em condições de auxiliarmos
a criança, edificando lhe o espírito com nossas atitudes e exemplos.
A providência Divina, não nos pede que sejamos santos do dia para a noite, por reconhecer ai uma
impossibilidade, apenas nos lembra, para que não deixemos de lado a própria edificação pela reforma de
nossos valores e sentimentos, que nos custará grandes esforços e não, pequenos sacrifícios.
Na questão 909 de “O Livro dos Espíritos”, encontramos a certeza de que poderemos, se
quisermos, sermos grandes trabalhadores nos processos de edificação de um mundo melhor, mesmo
trazendo inúmeras imperfeições, ela nos diz:
Q- O homem poderia sempre vencer suas más tendências pelos seus esforços?
R- Sim, e muitas vezes, por fracos esforços.É a vontade que lhe falta.Ah! quão poucos dentre vós
fazem esforços!
Em resumo, bem estar, tranqüilidade, paz e outros atributos da alma, apenas iremos adquirir com a
realização de esforços direcionados a realmente sermos melhores que nós próprios.
Aguardemos, pois, a chegada destes espíritos de “maior qualidade” em nosso meio, porém, não
fiquemos na ilusão de que por serem mais comprometidos com o bem, poderemos cruzar os braços e ficar
a espera de nos alimentarmos de pães que não produzimos.
Trabalhando, contribuímos para que Deus nos ajude, pois, na criatura humana, a beleza por
excelência, esta contida nas obras realizadas a benefício nosso, daqueles que convivem conosco e no
mundo, de forma mais ampla.
Lembre-se, que nesse plano de evolução coletiva, sua evolução individual, continua por sua conta.
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Sendo assim, não podemos deixar de evidenciar que aproximar as crianças de Jesus, coloca se
como prioridade dos objetivos paternos.
Em muitas oportunidades, nos preocupamos com as melhores escolas, mas deixamos a religião e
mais que isso, o Cristo, para segundo plano, em decorrência disso, formamos bons profissionais, porém,
nada fraternos.
Emmanuel, nosso amigo do mundo maior, nos oferece mais material para reflexão:
“-... os pais devem desde cedo, preparar os filhos para o trabalho e para a vida que os espera. Os
pais devem desde tenra idade, ensinar os filhos a fugir do abismo da liberdade, controlando lhes as
atitudes e corrigindo lhes as disposições mentais, sendo que esse período é o mais importante para a
formação das bases de sua vida.”
Qualquer pai ou mãe de consciência lúcida almejaria conduzir seu filho a Jesus pelas próprias
mãos.
E um dia, poder olhar para um adulto de bem e dizer a si mesmo:
- Conduzi, pelos esforços de minha conduta, mais uma alma para Jesus, é meu filho, nosso irmão !
DAR CRISTO DE PRESENTE
“Ame seu filho, evangelize-o”
É comum vermos as pessoas falarem:

A vida esta muito difícil !

Não sei onde tudo vai parar !

Não se pode confiar em ninguém !
E perguntaríamos:

E você está preparando seu filho para viver neste mundo ?
Pois bem, se soubéssemos que alguém ficaria preso em uma selva em meio a todos os tipos de
dificuldades e correndo vários riscos, de imediato lhe recomendaríamos um manual de sobrevivência,
para que pudesse passar por aquele período ou aquele estágio da melhor maneira possível.
O mesmo deveria ocorrer com relação à vida e as pessoas que amamos, se reconhecemos as
dificuldades que envolvem essa caminhada, não seria correto, prepararmos nossos filhos para aquilo que
já sabemos, eles irão passar ?
Mais do que racional, agir assim, é um dever apontado na constituição Divina, que se expressa na
responsabilidade moral da paternidade, pois os pais têm a função de conduzir seus filhos para o caminho
do bem, conforme elucida a questão 582 de “O Livro dos Espíritos”, longe está esta condução de se
limitar em escolher melhores escolas, acreditando que educação, fosse algo que possa ser transferido para
outra pessoa ou entidade educacional.
A escola dará instrução, mas educação, cabe aos pais de maneira especial e intransferível.
Sendo assim, dar Jesus de presente aos filhos, vem a ser a maior prova de amor de um pai ou mãe,
que querendo o melhor para seus filhos, os presenteiam com um roteiro seguro para trilharem entre as
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pedras do caminho sem maiores prejuízos e sem pegarem atalhos escuros e sombrios, que a falta da luz
cristã os facultará inevitavelmente.
Muitos de nós, conhecemos a doutrina espírita já adultos e sabemos das dificuldades de
praticarmos aquilo que aprendemos ser o certo, talvez a explicação para isso estaria na questão 383 de “O
Livro dos Espírito”, onde apresenta a seguinte pergunta:
Qual é, para o espírito, a utilidade de passar pelo estado da infância ?
R- “ O espírito se encarnado para se aperfeiçoar, é mais acessível, durante esse período, ás
impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir aqueles que
estão encarregados da sua educação.”
Sendo assim, se é durante a infância que eles são mais acessíveis para impressões,
apresentar Jesus e seus valores espirituais desde a infância, surte muito mais efeito, do que apresentarmos
ao adulto carregado de viciações morais e físicas.
Sem contar que é uma grande perda de tempo, esperarmos que o adulto chegue a ter
contato com os preceitos de Jesus, impulsionado pelos estímulos da dor, se ele pode, desde cedo, ser
levado pelos caminhos floridos do amor.
Como vemos, a infância é realmente um período de ouro para o espírito, que ocupa a armadura
física para processos de crescimento, reconhecendo isso, São Francisco disse: “pais, inteirai vos dos
vossos deveres e ponde todo vosso amor” , pois, o fato de termos, em nosso filho, uma alma sob nossa
tutela, não demonstra nossa confiança em Deus, mas com certeza, a confiança Dele, em nós.
Conduzir seu filho para os caminhos da educação exige muita perseverança e amor, pois
não devemos nos esquecer que trazem comprometimentos do passado, e por isso é natural que haja, em
certos casos, uma atitude refratária aos novos preceitos.
Alguns pais alegam que tentaram levar seus filhos para a educação da casa espírita, mas
eles não quiseram, e que é melhor “não forçar”, porém, esses mesmos pais são aqueles que, diante de
outras atitudes rebeldes do filho, como: não querer escovar os dentes; não querer ir a escola ou ir à casa
de parentes, falam com firmeza impondo sua autoridade, pois, estão convencidos de que estão fazendo o
melhor, mas quando chega à hora da criança ou o jovem ir para a casa espírita, para ali, conhecer Jesus de
maneira mais próxima, preferem não forçar (!?).
“Pais, inteirai vos dos vossos deveres e ponde todo vosso amor” , o evangelho é a notícia
entusiasmada da existência de um Pai de infinito amor e bondade, e é justamente o entusiasmo dos pais
que devem envolver os filhos, para que vejam ai um manancial de alegrias e não um fardo a carregarem,
pois receber Jesus é receber a própria vida, e podemos ver isso, quando percebemos que não são todas as
criaturas que vivem, pois, muitas simplesmente “existem” suportando a si mesmas e o vazio substantivo
na qual se prenderam, esperando que alguém ou alguma coisa as faça felizes.
Nossa pressa é grande em envolvê-los o mais cedo possível, exatamente pelo fato de que
passando à juventude, voltam eles a serem envolvidos pelas viciações impressas em suas organizações,
pelas atitudes das existências anteriores, e que estavam adormecidas.
Kardec, sabiamente, observou a mudança de comportamento que ocorre no jovem, mais
precisamente quando chega à adolescência, na questão 385, da obra já citada, com a seguinte pergunta:
-“De onde provém à mudança que se opera no caráter, a uma certa idade, e particularmente
ao sair da adolescência? É o espírito que se modifica ?”
R- “ É o espírito que retoma sua natureza e se mostra como ele era. Não conheceis os
segredos que escondem as crianças em sua inocência; não sabeis o que são, o que foram e o que serão,...”
Portanto, o tempo urge, ofereçamos Jesus as crianças integrando-as firmemente na
educação moral, para que quando sua bagagem de alma devedora vier à tona, ela já tenha valores novos e
que a ajudarão na edificação de si mesma, suplantando os velhos conceitos e idéias pré-estabelecidas,
oriundas de nossa passagem pelos caminhos do universo, já trilhados anteriormente.
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É como se ao reencarnar, o espírito, para não ter que carregar a própria bagagem, a
despachasse para a Terra, e ela chega vários anos depois, (adolescência) onde ele, espírito, poderá
finalmente, vestir-se com as roupas que lhe são próprias.
O trabalho dos pais consiste em, durante esse período, confeccionar nos filhos, vestimentas
de valores tão belos e saudáveis, a ponto deles não quererem fazer uso das antigas, assim que a
“bagagem” chegar.
A educação espírita da criança e do jovem, tem ai, sua finalidade mais nobre, pois, se
tratando de modificações na intimidade do ser, devemos lembrar que, na mente e coração do homem, só
Jesus passeia.
ERRO DE CÁLCULO
“... puderam matar o corpo, mas não podem matar o espírito.”O céu e o Inferno – cap. IV
Se perguntarmos a um jovem por qual motivo ele faz uso de drogas, provavelmente ele nos dará
uma lista contínua de apontamentos positivos, tais como: sentir se bem, esquecer dos problemas, sentir se
mais feliz, melhorar sua auto estima e por ai á fora, porém, ao ver os companheiros envolvidos nestes
processos, percebemos que eles se encontram numa condição oposta a aquilo que buscavam, se tornam
criaturas aflitas, neuróticas e sem paz, e o quadro vai se tornando cada vez mais crítico, com relação à
proporção do comprometimento.
Tiramos daí uma conclusão, “erro de cálculo”, em outras palavras, miraram na intenção correta,
mas erraram o alvo, é que estava escuro, faltava “Luz!”.
Dentre os estimuladores deste erro, citaríamos em primeiro lugar a má imprensa, que conhecendo
o funcionamento da mente humana, vende produtos com propagandas enganosas, mas que passam
desapercebido as consciências geralmente jovens.
Oferecem paz e tranqüilidade em drágeas, auto estima e sucesso em substâncias, aceitação e
realizações em pó.
Nas propagandas é comum vermos carros e outros veículos do ano, com toda a sua modernidade e
conforto, e no canto da tela o maço de cigarros; não podendo ter o carro, ficamos mais perto dele,
comprando o cigarro.
Em outras vezes, nos é mostrado uma linda mulher, que por mais que procuremos, não
encontramos defeito algum, bem vestida, bem acompanhada e desfilando saúde e sensualidade, porém, ao
lado aparece determinada bebida ou substância.
Os homens, por quererem a mulher, e as mulheres, por quererem ficar iguais a ela, ou pelo menos
na sua posição, percebendo a impossibilidade, se limitam a ficar com a bebida.
“Somente lobos, caem em armadilhas para lobos”, e nós, como ainda somos lobos, caímos.
Daí, ha uma escala progressiva que varia de indivíduo para individuo, onde as mentes mais frágeis
se comprometem profundamente.
No livro “Após a tempestade” Joanna de Angelis novamente contribui para nosso esclarecimento,
com a seguinte observação:
“Fixando-se nas estruturas mui sutis do perispírito, em processo vigoroso, os estupefacientes
desagregam a personalidade, porquanto produzem na memória anterior a liberação do subconsciente que
invade a consciência atual com as imagens torpes e deletérias das vidas pregressas, que a misericórdia da
reencarnação faz jazer adormecidas...”
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Portanto, as drogas desorganizando o veículo carnal, atinge o corpo espiritual com a mesma
desorganização, a ponto de romper o esquecimento do passado, que lembramos existe a nosso benefício,
sendo assim, muitas das alucinações que os drogados experimentam, podem em certos casos, serem
reflexos das vidas anteriores deles mesmos e que invadindo a consciência atual, perturbam os comandos
da consciência, fazendo com que o drogado viva em certos períodos, experiências fora da realidade atual
e em decorrência disso, começam a percorrer os sombrios corredores da loucura.
Ainda com relação as “viagens” que os viciados alegam experimentar durante os processos de
envolvimento com as drogas, na mesma obra, encontramos o seguinte esclarecimento:”... adversários
desencarnados, que se demoram a espreita das vitimas, utilizam se dos sonhos e viagens para surgirem na
mente do viciado, no aspecto perverso em que se encontram, causando pavor e fixando matrizes psíquicas
para as futuras obsessões, em que se repletarão emocionalmente, famelgas da infelicidade em que se
transformam.”
Bem, segundo estas informações, os espíritos inferiores aparecem na mente do viciado para duas
situações, primeira para “causar pavor”, e levando em consideração que a maioria dos viciados usam as
drogas para esquecerem dos problemas, numa mente cujo pavor esteja presente, o número de problemas
será cada vez maior, conseqüentemente, as razões para se procurar a droga, também.
E o segundo motivo, pelo qual estas entidades surgem na mente do viciado é para fixar “matrizes
psíquicas”, para futuras obsessões, o que fará com que, em decorrência da vontade do perseguidor, a
obsessão poderá ser instalada a qualquer momento, pelo cultivo do estado de desequilíbrio.
A falta de instrução, por parte do encarnado, vem a ser outra arma das entidades atormentadas
contra suas vítimas, que procuram sempre maneiras de defender seus vícios, sem perceber a fragilidade
do que defendem.
Quantos viciados das drogas ilícitas ou mesmo das lícitas como os fumantes inveterados, alegam
que fumam por que essa prática os deixa mais “calmos”, porém, o que ocorre em verdade é que a
nicotina, o tabaco e outras substâncias encontradas em várias drogas, segundo a ciência atual, causam a
contração dos vasos sanguíneos, dificultando a circulação do sangue, que tendo seu metabolismo
diminuído, dá uma fictícia sensação de calma, o que na verdade é mais um mal.
Rogamos caridosamente aos irmãos que lutem para vencerem seus vícios durante a existência
terrena, pois, por pior que sejam as dificuldades mesmo nas crises de abstinência, não será comparado aos
processos agonizantes no plano extra físico, como relatam os companheiros do alto.
Todos nós conhecemos os comprometimentos que envolvem a criatura suicida no plano espiritual,
através das obras de psicografia das próprias vítimas ou pelas orientações dos espíritos amigos.
Pensando nisso, Allan Kardec perguntou aos espíritos em um dos itens da questão 952 do O livro
dos espíritos., que se refere aos abusos das paixões, se aquele que se suicida aos poucos é mais ou menos
culpado, do que aquele que se mata de uma vez por desespero, e a resposta é com a mesma lucidez que
caracteriza as orientações do alto:
R-“É mais culpado, por que tem tempo de raciocinar sobre o seu suicídio. No que faz
instantaneamente há, algumas vezes, uma espécie de descaminho ligado à loucura....”
Portanto, concluímos que, em alguns casos, aquele que comete o suicídio por desespero, se
pensasse de modo consciente, talvez não o cometeria, mas os que prejudicam a própria saúde, apressando
a marcha para a morte, contam com o tempo de pensar sobre os desatinos que cometem.
Na obra “O céu e o Inferno”, encontramos no capítulo IV- segunda parte, um texto com o seguinte
título: “Lamentações de um boêmio”, que é um relato de um companheiro que durante a vida na Terra, se
dedicava apenas para a satisfação das necessidades físicas, e em virtude disso, encontra se no plano maior
com as viciações que esse tipo de vida lhe acarretou, e temos em seguida as instruções do guia do
médium:
-”... não mais podendo satisfazer o corpo, nada lhe resta para satisfazer o espírito; daí um mortal
dissabor do qual não prevêem o fim e ao qual preferem ao nada; mas o nada não existe; puderam matar
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o corpo, mas não podem matar o espírito; é necessário, pois, que vivam nessas torturas morais até
que, vencidos pelo cansaço, se decidam a lançar um olhar para Deus.”
Queridos amigos, somente a verdade pode nos fazer criaturas livres, segundo as orientações do
próprio Jesus, nos apoiemos nela para a libertação de nossos vícios o quanto antes; para termos uma idéia
do que esperam os viciados, é só imaginar que eles podem ficar dias e mais dias sem beber, sem comer ou
dormir, mas não podem ficar sem atender os vícios que os acorrentam; correntes estas que só poderão ser
rompidas, com a força da vontade real de reabilitar-se a vida.
O livro dos Espíritos, em sua questão 474, nos esclarece sobre a possibilidade de estarmos
envolvidos em uma possessão a ponto do subjugado ter sua vontade paralisada; e a resposta, mais uma
vez deposita a cura do encarnado, partindo de sua vontade, pois, afirma poder existir esse tipo de
obsessão, porém, evidencia que essa dominação não se faz jamais, sem a participação daquele que a
suporta, seja por sua fraqueza, seja por seu desejo.
Portanto, cuidemos do corpo fazendo uso dos recursos da medicina, mas cuidemos da alma, com
os processos terapêuticos do evangelho e os mecanismos da desobsessão, para que dessa harmonia
possamos construir nossa vitória sobre as viciações, que nos manterão presos aos ciclos dolorosos das
reencarnações, até que resolvamos também, “voltar um olhar para Deus”.
COMO SE PEDE PRA SOFRER ?
“ Quem não se importa pelas misérias alheias traz a miséria na própria alma.”
É comum ouvirmos dentro das filosofias reencarnacionistas a seguinte expressão: “- Você pediu
pra sofrer”; sempre que nos defrontamos com uma dificuldade, querendo passar nossa idéia de que
acreditamos que tudo esta correto como está , ou seja, nas mãos de Deus.
Porém, nos fica o seguinte questionamento:

Eu nunca pediria para passar por isso ?

Ninguém em sã consciência pediria algo assim !

Como eu pedi esta situação ?
Teríamos para essas questões várias respostas diferenciadas, como as necessidades do nosso
espírito em liberdade, que são diferentes das nossas vontades como criaturas encarnadas e sofrendo a
influência da matéria física. Para termos uma idéia, se nós combinássemos antes de dormir, que todos nós
iríamos deitar e durante a emancipação da alma, ou desligamento do espírito do corpo físico durante o
período do sono, nós iríamos todos para uma determinada praia, para desfrutarmos daquela beleza
natural; provavelmente, ao sairmos do corpo, não iríamos para a praia, que era nosso interesse como
criaturas encarnadas, mas sim, faríamos aquilo que seria, à vontade ou necessidade do espírito, que
agora, sem a influência da matéria, passa a ter outros objetivos.
Ilustramos assim, que aquilo que nos é importante hoje, talvez não fosse, quando estávamos em
processo de planejamento da vida atual, lembrando ainda que, no plano espiritual, tendo uma visão maior
do grande projeto do Criador e da complexidade da vida, não hesitamos em escolher essa ou aquela
provação, visando a situação dos espíritos mais felizes, semelhante àquele que aceita pagar longo
financiamento, visando à casa própria, depois, as prestações parecem não acabar nunca mais; se ele não
tiver uma visão maior, ou seja, da casa própria, não encontrará forças para cada prestação.
O mesmo ocorre conosco, se não temos uma visão maior de nossa existência, não entenderemos
como poderíamos escolher a vida que temos hoje.
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Independente disso, existe uma outra maneira de escolhermos “sofrer”, e essa ocorre durante a
vida atual, dia a dia nas entrelinhas de nossas atitudes, pela falta do bom senso de observar, o que ocorre a
nossa volta.
Pessoas sofrendo por todos os lados, e muitas vezes, caminhamos nós, insensíveis, como se nada
tivéssemos haver com isso.
Sabemos do vizinho com seu filho aidético ou do outro com um alienado mental.
Ouvimos rumores de campanhas de remédios, fraldas, e outros acessórios para estancar as
misérias alheias, mas caminhamos impassíveis, afinal de contas, não é conosco !
Até ajudamos, se der, se lembrarmos, se ....., mas definitivamente, nós já temos muitos problemas,
não da pra querer resolver tudo !
Quantas lições poderíamos aprender, pela observação da vida daqueles que caminham a nosso
lado, com seus problemas e suas dores, bastaria que nos conscientizássemos de que as aflições e angustias
que envolvem as suas vidas, também é nossa obrigação moral, lhes diminuir os sofrimentos, com nossos
esforços.
A bela instrução kardequiana é clara nos seus ensinamentos dizendo: “se não pode ser o máximo,
seja pelo menos o mínimo, mas seja”.
Na questão 893 de O livro dos Espíritos, encontramos a expressão de que “o sublime na virtude
consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem oculta intenção.”
Baseando nos nisso tudo, podemos então entender, que aquele que não se importa pelo filho
doente dos outros, tem a necessidade de ter o filho doente dentro de casa, da mesma forma que todos que
não se interessam pelas misérias que envolvem a vida das outras pessoas, “pedem”, inconscientemente,
para terem as mesmas misérias dentro de casa, e assim aprenderem, a necessidade da fraternidade.
A nossa indiferença com as dores alheias é que criam a necessidade de passarmos pelas mesmas
dores, sempre como processo de aprendizagem e visando o crescimento.
Prossigamos então, sem pedir para sofrer, entendendo que a paternidade Divina nos coloca em
posição de igualdade e se estamos em posição melhor dentro de algum aspectos da vida, isso não nos
isenta de lutar pelos desfavorecidos que, por enquanto, são os outros, mas como na vida todas as lições
são ensinadas a todos, entendamos nossa condição transitória de superioridade ou de inferioridade e que
mudará, de acordo com nossas necessidades pessoais de aprendizado.
Madre Teresa de Calcutá afirmava que “ninguém tem direito ao supérfluo, enquanto faltar o
essencial para alguém”, obviamente que quando estagiamos numa condição melhor, seja fisicamente,
economicamente, culturalmente, teremos melhor condição de vida, mesmo assim, não nos esqueçamos
que a nobreza em ter mais, está assentada em auxiliar quem tem menos, de quem sabe mais em amparar
os ignorantes e assim por diante, sempre que agimos diferente disso, e nos sentimos especiais ou
melhores....
...pedimos pra sofrer !
O HOMEM DE BEM
“Sede perfeito, como vosso Pai Celestial é perfeito” Jesus
Na questão 625 de O Livro dos Espíritos, as entidades são interrogadas da seguinte forma:
- Qual o tipo mais perfeito, que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e de modelo?
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E a resposta apresenta na sua simplicidade a profundidade que lhe é natural :
- Vede Jesus.
Partindo desse princípio, chegamos a concluir que nossas atitudes devem se aproximar das
atitudes do Cristo, e antes que alguém possa apontar as impossibilidades disso, lembramos que as mesmas
entidades que nos elucidaram, não poderiam se enganar, nos oferecendo um alvo impossível de ser
atingido, nunca falaram de facilidades, mas que simplesmente é possível.
Nós que já conhecemos a Jesus, e supostamente entendemos sua mensagem, estamos ainda
distantes da perfeição, porém, já podemos ser considerados pelo menos, homens de bem.
Será ?
Não falamos em perfeição, apenas que depois de 2000 anos de Jesus ter implantado na Terra a Lei
do amor, já tivemos tempo necessário para ao menos sermos homens de bem.
Se perguntássemos as pessoas, se elas são pessoas de bem, provavelmente a maioria de nós
responderia que sim, claro, que já somos homens de bem !
Porém, se perguntarmos a mesma coisa para as pessoas claramente imperfeitas, mergulhadas em
crimes hediondos, nas penitenciárias ou manicômios, pessoas que cultivam a maledicência ou mesmo as
que caminham divorciadas de qualquer contato com o evangelho de Jesus, elas responderão que sim, ou
seja, também são pessoas de bem.
Pela nossa visão, elas estão equivocadas, pois, uma pessoa de conduta visivelmente condenável,
não poderia ser considerada pessoa de bem.
Quem pode garantir, que nós, que acreditamos que somos homens de bem, também não estamos
enganados ?
Qual o parâmetro seguro, para avaliarmos nossos processos comportamentais?
Mais uma vez, o evangelho é a resposta segura que buscamos, pois encontramos nele, em seu
capítulo XVII, com o título “Sede Perfeitos”, um roteiro intitulado “O homem de bem”, nos apresentando
um roteiro para sabermos por parâmetros superiores, se já podemos ser considerados pelo menos,
“homens de bem”.
É uma visão segura, por que não provém dos homens influenciados pela matéria, mas sim, por
aqueles que encontram se em condições superiores as nossas, e com condições de nos orientar.
O texto começa da seguinte forma:
“O verdadeiro homem de bem, é aquele que pratica a lei de justiça amor e caridade, em sua maior
pureza. Se interroga a consciência sobre seus próprios atos, pergunta a si mesmo, se não violou essa lei;
se não fez o mal e se fez todo o bem que podia....”
Refletindo sobre essas expressões, podemos ter as primeiras características do homem de bem,
sendo que ele PRATICA, as leis de justiça amor e caridade, em outras palavras, o evangelho não se
reporta para aqueles que apenas “sabem” que devem mudar, ou apenas freqüentam, igrejas, cultos ou
centros, mas sim, ela se estende para todos aqueles que colocam na prática da vida diária os ensinamentos
que recebem, nestas instituições.
Permitindo que a caridade se manifeste nas entrelinhas das atitudes.
E ainda, “interroga a própria consciência”, pois, esta interessado no próprio adiantamento, e se
preocupa com a maneira que trata aqueles que estão a sua volta, refletindo sempre na própria conduta.
Prosseguindo, o evangelho ainda nos adverte que o homem de bem:
“Tem fé em Deus, em sua bondade em sua justiça e em sua sabedoria; sabe que nada ocorre sem
sua permissão e se submete, em todas as coisas, à sua vontade.”
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Nos atentando a isso, entendemos que o homem de bem, não se limita a sair por ai lamentando
contra a vida, contra as dificuldades do desemprego, da violência, da falta de recursos, e assim por diante,
pois, a confiança em Deus, nos deixa a certeza de que existe em tudo uma causa justa, e se mantém, no
período das dores e aflições, confiando e servindo.
O homem de bem:
“... possuído de sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperança
de recompensa, retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica seu
interesse, à justiça.”
Fazer o bem pelo bem, é auxiliar aqueles que nada tem para nos dar em troca, por que muitas
vezes, não damos ajuda e sim, vendemos ajuda, cujo preço é a gratidão.
Auxiliamos e se a pessoa não manifesta sua gratidão, nos arrependemos de tê-la ajudado, pois
nossa ajuda visava o reconhecimento, para lustrar o altar do egoísmo em que nos colocamos e de onde
levamos vários tombos.
Entendemos por “tomar a defesa do fraco contra o forte”, o fato de nos preocuparmos com aqueles
que sofrem ao nosso lado, por estarem submetidos a criaturas de corações endurecidos.
Quantas vezes nós presenciamos mães que espancam seus filhos, maridos que agridem suas
esposas, ou funcionários explorados para fugirem da miséria, e diante disso falamos:
- É melhor não nos meter !!!
Porém, lembramos, o homem de bem, toma a defesa do fraco contra o forte, mesmo que isso lhe
traga problemas, pois, “sacrifica os próprios interesses, à justiça.”
O iluminado texto prossegue:
“... encontra satisfação nos benefícios que derrama, nos serviços que presta, nos felizes que faz,
nas lagrimas que seca, nas consolações que dá aos aflitos. Seu primeiro movimento é de pensar nos outros
antes de pensar em si, de procurar o interesse dos outros antes do seu próprio.”
Em definição clara, o homem de bem sabe que o pagamento das boas obras reside no prazer de
telas feito, e encontra ai a gênese da verdadeira felicidade, por que vê irmãos em todos os homens.
Cita ainda o evangelho:
“Em todas as circunstâncias a caridade é o seu guia; diz a si mesmo que aquele que leva prejuízos
a outrem por palavras malévolas, que fere a suscetibilidade de alguém por seu orgulho e seu desdém,
que não recua a idéia de causar uma inquietação, uma contrariedade, ainda que leve, quando pode evitálo, falta ao dever de amor ao próximo, e não merece a clemência do Senhor.”
Dentro de mais essa característica, que deve compor o homem de bem, entendemos que ele
promove em si a educação verbal, não se permitindo comentar os atos infelizes, da vida dos que
caminham a sua volta, pois sabe, que se estamos no caminho do bem neste momento, não podemos
assegurar, por quanto tempo, nos manteremos nele, e ainda, se verificamos na conduta de um irmão
atitudes menos felizes e condenáveis, não significa que as mesmas atitudes, não se encontram na nossa
conduta, e sim, que “naquele momento”, nós não estamos fazendo uso dela, afinal de contas, todos
estamos em processo de edificação e crescimento.
E o evangelho prossegue esclarecendo:
“É indulgente para com as fraquezas alheias, por que sabe que ele mesmo tem necessidade de
indulgência...”
Dentro desta visão, esquece e perdoa o erro das outras pessoas, por que sabe que também erra, e
tem a necessidade de ser desculpado.
Uma visão dessa natureza nos daria uma vida infinitamente melhor, nos aliviando de pesos
desnecessários que carregamos no patrimônio moral, por tentar conduzir e modificar, o comportamento
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das outras pessoas, que muitas vezes, não estão prontas para receberem as verdades que existem em
nossa vida.
Procurar defeitos alheios é uma defesa psicológica para fazer com que nossos próprios defeitos,
pareçam menores, além de ser, extrema perda de tempo.
Prosseguindo, o evangelho nos oferece, a afirmação de que o homem de bem:
“Estuda suas próprias imperfeições e trabalha, sem cessar, em combatê-las. Todos os seus
esforços tendem a poder dizer a si mesmo, no dia de amanhã, que há nele alguma coisa de melhor do que
na véspera.”
Sendo assim, o homem de bem é marcado por travar uma luta constante consigo mesmo,
vencendo suas más tendências, seus vícios físicos e morais.
Identifica suas imperfeições e , por que quer a paz, declara uma guerra, pela própria edificação.
Quantas vezes nos propomos a parar de fumar, de beber, de tratar as pessoas com gritos, de
sermos pessimistas, mas logo desistimos, pois bem, o homem de bem, trabalha sem cessar, no processo de
auto melhoramento.
E ainda:
“Não procura fazer valorizar nem seu espírito, nem seus talentos...” “... não se envaidece nem com
a fortuna, nem com as vantagens pessoais, por que sabe que tudo que lhe foi dado pode lhe ser retirado.”
Costumamos dizer, que aqueles que são bons, não precisam dizer; os outros vêem, então o homem
de bem, não anda a cata de aplausos, nem pelo que é ,nem pelo o que possui, por saber que estamos em
um mundo transitório, onde nada é definitivo.
É apenas um depositário de valores, posições e bens, para executar as tarefas que lhe cabem. Mas
que pode ocupar uma posição inversa a sua, tão logo seja necessário.
Pois crê, na igualdade, como mostra o mesmo evangelho:
“Se a ordem social colocou homens sob sua dependência, ele os trata com bondade e
benevolência, por que são seus iguais perante Deus.”
Finalmente, podemos agora ter uma base sólida, que nos ajude a definirmos se já somos homens
de bem, claro que essas não são todas as qualidades que ele necessita ter, mas o mesmo evangelho atesta,
que quem se esforçar em conseguir essas, inevitavelmente, encontrará as outras.
Não podemos descuidar da constante análise de nossos comportamentos, pois, a maior angustia do
homem do futuro, será o reconhecimento do tempo perdido no passado, onde negligenciando com o
próprio crescimento, deixou de caminhar e progredir, no entanto, não existem motivos para desanimar e
sofrer na inércia, afinal de contas, enquanto houver vida.......
........haverá esperança.
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INTRODUÇÃO