ID: 47126101
FP/4 ENTREVISTA
12-04-2013 | Finanças Pessoais
Tiragem: 18056
Pág: IV
País: Portugal
Cores: Preto e Branco
Period.: Semanal
Área: 27,52 x 37,31 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 2
25%
Aumento das aplicações dos aforradores
portugueses em fundos estrangeiros.
Foto cedida pelo Banco Best
“Investidores
estão a apostar
em estratégias
de dividendos”
Rui Pacheco, da direcção de
investimento do Banco Best,
acredita que as acções europeias
estão mais atractivas que as pares
norte-americanas.
Rui Pacheco, da direcção de investimento do Banco
Best, explicou como os aforradores portugueses
estão a adaptar a sua maneira de investir com a crise.
O
s investidores portugueses aumentaram no ano passado em
25% o valor aplicado em fundos de investimento geridos
por sociedades estrangeiras.
RuiPacheco,dadirecçãodeinvestimentos do Banco Best – entidade que tem
maior quota de mercado na comercialização daquele tipo de produtos –, explicou ao Diário Económico quais as estratégias preferidas pelos investidores. Depois dos receios causados pela crise
do euro no ano passado, a grande aposta dos investidores nacionais passa agora por lucrar com a
caçaaosdividendos.
O que explicou a apetência dos investidores
portugueses por fundos estrangeiros
nos tempos mais recentes?
Durante o ano passado, especialmente na primeira metade do ano, existiram algumas preocupações relativamente aos problemas de Portugal e
eventualmente alguns investidores colocaram
mesmo a hipótese de Portugal entrar em ‘default’
ou sair do euro. E essas preocupações notaram-se
bastante, com os clientes a procurarem investimentos que fossem de alguma forma uma protecção. As estratégias onde vimos mais dinheiro a entrar foram em fundos baseados em moedas que
não o euro ou o dólar. Estamos a falar de fundos
baseados em coroas norueguesas, coroas suecas,
dólaresaustralianosecanadianos.
E em que tipo de activos?
Normalmente em obrigações. As taxas de juro
ainda não estavam tão baixas como agora. As próprias obrigações ainda tinham alguma ‘yield’ na
casa dos 4% a 5% e também com o enfraquecimento do euro, houve algum ganho cambial. Normalmente os clientes dobraram a ‘yield’ em termos de ganho cambial. Estamos a falar de fundos
quenoanopassadotiveramganhosde10%.
E continua a verificar-se essa estratégia?
Essa estratégia foi muito notória no início do ano
passado. Na segunda metade houve um aliviar da
tensão em relação ao euro e vimos clientes a procurar fundos ainda sem muito risco, na área das
obrigações, mas já sem optarem por estratégias
protecçãocambial.
E neste momento, nota-se já que os investidores portugueses estão a fazer a rotação para
acções?
Essa foi a terceira etapa, que começou no final do
ano passado e prolongou-se no início deste ano. É
o que estamos a assistir neste momento, onde os
investidores já não estão a encontrar um rendimento suficiente nas obrigações e estão à procura
de outras estratégias. E temos tido nos fundos
mais subscritos alguns fundos mistos, com alguma exposição a acções ou ‘commodities’ e alguns
clientes a entrarem em fundos de acções. Por ou-
“
Depois de uma
primeira fase
em que se
procurou
protecção
cambial e de
uma segunda
etapa de aposta
em obrigações,
agora os
investidores
estão a apostar
em alto
dividendo.
trolado,nasobrigações,comoastaxasestãoadescer, os fundos de obrigações têm estado com uma
rendibilidade ao nível da dos depósitos a prazo. E
como esse rendimento não é suficiente para cobrir a inflação, os investidores estão à procura de
outrasopções.
E quais os sectores e geografias preferidos
pelos investidores?
Houve alguns investidores a entrar na Europa,
que no ano passado tinha ficado bastante para
trás. Temos clientes em mercados emergentes,
numa óptica de longo prazo. E há também uma
estratégia que está a funcionar muito bem que é a
da aposta em alto dividendo. São investidores que
têm alguma capacidade de absorver a volatilidade
em acções em troca de estarem a receber um rendimento todos os trimestres ou até todos os meses,queháalgunsfundosquefazemisso.
Um dos mercados em destaque em 2013 é o
Japão. Os investidores também estão a apostar nesta geografia?
As rendibilidades até foram boas, mas o investimento é mais residual. Porque o Japão é um tema
quase recorrente… Não é um mercado que tenha
sido espectacular nos últimos 20 anos mas quase
que é recorrente todos os anos dizer-se desta vez é
que é para o Japão. Este ano nem está a correr mal
maseudiriaqueointeresseémaisresidual.
O que explica a troca de obrigações por acções por parte dos investidores?
Neste momento consegue-se construir uma carteira de acções com uma taxa de rentabilidade do
dividendo anual na casa dos 4%. Não é muito difícil conseguir essa ‘yield’. E 4% neste momento eu
diria que é o que estão a dar alguns fundos de obrigações. Se até procurarmos algo mais seguro no
campo das obrigações até teremos uma yield mais
baixa. E como neste momento as valorizações das
acções estão a níveis relativamente atractivos
penso que numa óptica de longo prazo é uma boa
estratégia porque o potencial de valorização deste
tipodefundosédiferentedosdasobrigações.
Quais os activos em que está mais optimista?
Continuamos positivos para a Europa. Ao nível
das valorizações está atractiva mas temos volatilidade de curto prazo. No entanto, as empresas europeiasestãomuitobemcapitalizadasecomvalorizaçõesmuitoatractivasquandoolhamosparaas
congéneres norte-americanas. No longo prazo, os
mercados emergentes fazem sentido porque é lá
que está o crescimento. Continuamos a ver valor.
Para os mais conservadores, uma carteira bem diversificada de obrigações e também com exposiçãoaemergentes,porqueaindaseencontra‘yield’
mas balanceada com alguma dívida mais estável
nessasgeografias. ■
ID: 47126101
12-04-2013 | Finanças Pessoais
Tiragem: 18056
Pág: I
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Semanal
Área: 9,88 x 2,04 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 2 de 2
Rui Pacheco, do Banco BEST, explica quais
as estratégias actualmente mais
procuradas pelos investidores. P.IV
Download

“Investidores estão a apostar em estratégias de