1
HULDRYCH
ZWINGLI
[=
ULRICO
ZWÍNGLIO]
(1484
–
1531),
O
REFORMADOR DE ZURIQUE, E A SUA CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO (NO
ENSINO SUPERIOR)
NOME: PETER JOHANN MAINKA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
MARINGÁ
Na multiplicidade dos fatos e desenvolvimentos que anunciavam os Tempos Modernos
e tornaram-se até seus constitutivos encontramos além da descoberta do Novo Mundo,
da apresentação de novos conceitos sobre Estado (Nicolau Maquiavel (1459 – 1527),
“Razão de Estado”) e economia (“Capitalismo pré-moderno”) e além da revolução
cientifica (Nicolau Copérnico) (1473 – 1543), a Reforma Protestante, um dos mais
importantes. A Reforma mudou fundamentalmente - no sentido positivo ou negativo - o
pensamento dos homens a respeito não só da religião e da religiosidade, mas também da
política, economia e sociedade bem como da cultura e da educação. 1
Freqüentemente a Reforma na Alemanha e Europa está ligada à pessoa de Martim
Lutero (1483 – 1546) que com a afixação das 95 teses na porta da igreja do castelo em
Wittenberg, iniciou efetivamente a Reforma. 2 Sem dúvida, ele e a sua teologia
influenciaram decisivamente o decorrer da Reforma e o pensamento protestante em
geral. Mas, na verdade, havia alguns outros reformadores e teólogos, tanto dentro da
escola teológica de Wittenberg (Filipe Melanchthon (1497 – 1560)) 3 como fora dela, os
quais teriam grande importância para o futuro desenvolvimento do movimento
protestante. A teologia da Reforma, que teve repercussões em todas as áreas da vida
humana, foi muito ampla e às vezes até bem distinta em suas manifestações; isto é
valido, não só se nós considerarmos o desenvolvimento temporal, como no tempo do
próprio Lutero. Por isso, não se pode reduzir o pensamento da Reforma somente às suas
idéias: Na verdade, já naquele tempo a teologia da Reforma abrangia os pensadores ao
lado de Lutero como especialmente Melanchthon e da mesma maneira os que
distanciaram-se dele no decorrer do tempo como Andreas Karlstadt chamado
Bodenstein (1480 - 1541) ou o teólogo e revolucionário Tomás Müntzer (1489 –
1
Cf. SKALWEIT: Der Beginn der Frühen Neuzeit, WOLFF: Outono da Idade Média e LUTZ:
Reformation und Gegenreformation, p. 111-115.
2
Cf. sobre Lutero esp. BRECHT: Martin Luther e LIENHARD: Martim Lutero, sobre a afixação das
teses, cf. esp. p. 341-347 – As obras dele: LUTERO: Obras selecionadas.
3
Cf. SCHEIBLE: Melanchthon.
2
1525). 4 Além disso, não é necessário lembrarmos que entre os próprios católicos, não
poucos humanistas ajudaram com a sua crítica da igreja e com as suas exigências pelas
reformas urgentes, concomitantemente com o nascimento e a divulgação da Reforma
protestante, pelo menos enquanto os dois movimentos estiveram juntos, isto é, até o fim
da disputa entre Lutero e o humanista mor Erasmo de Roterdã (1466 – 1536) sobre
livre-arbítrio em 1524/1525. 5 A Reforma e os seus pensamentos não foram de modo
nenhum homogêneos e uniformes, mas bem diferentes, freqüentemente influenciados de
alguma forma por Lutero, às vezes, porém, também independentes dele.
Um dos representantes da Reforma que pertenceu à mesma geração de Lutero foi
Huldrych Zwingli (1484 – 1531), o reformador de Zurique na Suíça, que desenvolveu
uma concepção própria sobre o caminho para a salvação, concomitante a Lutero, mas
independente dele e mesmo distanciando-se dele a respeito do sacramento da Santa
Ceia. 6 Zwingli não só foi o líder teológico mais importante de Zurique, mas também o
responsável pela divulgação da Reforma na Suíça. Além disso, criou a base teológica e
intelectual, com a qual, um pouco mais tarde, João Calvino (1509 - 1564) pôde
defrontar-se, influenciando sua concepção de teologia, economia e mesmo de
missionarização. 7 Além de Roma, a sede do papado e centro antigo da cristandade
ocidental e além da cidade e universidade de Wittenberg, o lugar de ação de Martim
Lutero e dos reformadores luteranos, formou-se na Suíça um terceiro centro religioso,
de grande importância em toda a Europa. 8 Enquanto Zwingli estabeleceu os primeiros
fundamentos religiosos, seu trabalho foi continuado e aperfeiçoado pelo seu sucessor
em Zurique Henrique Bullinger (1504 – 1575) 9, e por João Calvino em Genebra que
uniram os dois caminhos religiosos de Zurique e Genebra à salvação, ou seja, o
“Zwinglianismo” e o “Calvinismo” e estabeleceram a base comum da confissão da
igreja reformada/calvinista: a “Confessio Helvetica (prior)” de 1536, o “Consensus
Tigurinus” de 1549 e, afinal, a “Confessio Helvetica (posterior)” de 1566.
No início desse desenvolvimento esteve, sem dúvida, Huldrych Zwingli que começou
a partir de 1522/23 a transformar não só a organização da igreja em Zurique, mas
também toda a vida política e social na cidade. Ele iniciou reformas importantes na
4
Cf. LIENHARD, p. 124-134 e p. 143s.; sobre Müntzer, cf. agora BONI (Org.): Escritos seletos, p.
30-42 (biografia de Müntzer, bibliografia) e p.173-226 (obras dele).
5
Cf. AUGUSTIJN: Erasmus, p. 154-167 e LIENHARD, p. 134-144.
6
Cf. sobre vida e obra de Huldrych Zwingli as referências bibliográficas (H.Z.).
7
Cf. BONI (Org.): Escritos seletos, p.229-275 (obras de Calvino); cf. também BOUWSMA: John Calvin,
NIJENHUIS: Artigo “Calvin” e LESSA: Calvino.
8
Cf. LOCHER: Zwingli e PFISTER: Kirchengeschichte.
3
prática do ensino escolar e refletiu também teoricamente sobre a educação. As suas
idéias teóricas e reformas práticas foram de grande importância e influência e podem ser
verdadeiramente consideradas como as precursoras da “Academia de Genebra”, fundada
uma geração mais tarde em 1559 por Calvino, com uma série de repercussões em toda a
Europa. 10
Quem foi este Huldrych Zwingli? Qual foi a sua teologia? Quais idéias ele tinha como o
reformador de Zurique e da Suíça, a respeito de Estado, sociedade ou educação?
Infelizmente, sua vida e obra, suas posições religiosas, políticas, sociais ou educacionais
são pouco conhecidas no Brasil. 11 Lembremos apenas algumas informações sobre ele
com o fim de contextualizar melhor a sua vida e obra no período histórico em que
viveu.
Huldrych Zwingli 12 nasceu como filho de um camponês abastado no ano 1484 em
Wildhaus no cantão Toggenburg na Suíça. Desde 1489 ele foi educado pelo seu tio
Bartolomeu que era sacerdote em Weesen. A sua formação continuou nas escolas na
Basiléia e em Berna, até que ele passasse a freqüentar a universidade de Viena na
Áustria a partir de 1498. Depois de um intervalo bastante obscuro, ele inscreveu-se
novamente em Viena, para mudar-se em seguida, em 1502, para a universidade de
Basiléia, onde assumiu, durante o seu estudo, um cargo como professor escolar. Depois
de terminar seus estudos, Zwingli tornou-se sacerdote de Glarus, onde desempenhou
seus serviços como fiel partidário do papa disposto também a lutar pelo papado até com
meios militares.
Assim sendo, ele acompanhou como sacerdote de Glarus os soldados da Suíça em
algumas das suas diversas campanhas e participou também da famosa batalha de
Marignano em 1515, onde os Suíços sofreram uma derrota devastadora contra o rei da
França, Francisco I (1494 – 1547, rei 1515). Com isso, e também influenciado pelo
pacifismo de Erasmo de Roterdã, a postura de Zwingli a respeito do emprego de tropas
suíças por poderes estrangeiros mudou; Zwingli que tinha recomendado isso até então
com veemência, tornou se um inimigo inexorável dos franceses e de qualquer serviço de
mercenários.
9
Cf. LOCHER: Zwingli, p. J 91-94.
Cf. NIJENHUIS: Artigo “Calvino”.
11
Apesar de alguns artigos em dicionários e manuais gerais bem como em ensaios antigos (BOISSET,
SASSE), cf. recentemente DREHER: A crise, p. 62-65
12
Sobre a sua biografia, cf. as referências bibliográficas (H.Z.).
10
4
A grande influência de Erasmo naquele tempo, com quem Zwingli encontrou-se
pessoalmente no início de 1516, já demonstrava as estreitas relações do futuro
reformador com o humanismo. 13 Desde 1510 Zwingli participou ativamente de um
ciclo de humanistas que representaram o “Humanismo Suíço”. 14
Ele começou a
aprender grego com o fim de ler o Novo Testamento no original, leu os textos de
Erasmo, correspondeu com uma grande variedade de correligionários e tornou-se
mesmo uma figura preeminente entre eles. Através de Erasmo, Zwingli encontrou um
novo acesso à Bíblia, que continha, numa linguagem bem simples, os mais profundos
pensamentos. Tal caminho invocava os homens para uma vida verdadeiramente
eclesiástica suprimindo os desejos e as afeções sensuais do corpo. O seu ideal de uma
religiosidade ativa que se orientaria diretamente na vida de Cristo opôs-se às condições
da igreja, determinadas por uma multiplicidade de ordens e pelo complicado sistema da
escolástica. Apesar dessa crítica clara à igreja católica, Zwingli ainda não afrontava
diretamente a doutrina oficial.
Quando em Glarus o partido dos amigos da França venceu no ano de 1516, Zwingli saiu
e tornou-se sacerdote secular em Maria-Einsiedeln, lugar famoso de peregrinação na
Suíça. Aí continuou suas leituras dos “clássicos pagãos” e também dos Padres da Igreja.
Por causa da sua posição política (contra os franceses e a serviço de mercenários) e
também
por recomendação
dos humanistas suíços, Zwingli foi nomeado em
dezembro de 1518 sacerdote secular na Catedral [= Grossmünster] em Zurique, uma
cidade suíça que pertenceu à diocese de Konstanz [= Constança]. 15 A maioria dos
canônicos como do conselho municipal tinha a esperança que Zwingli pudesse melhorar
fundamentalmente a vida religiosa e a educação em Zurique. Nessa cidade Zwingli
deveria encontrar de fato o lugar, onde, em um espaço pequeno, ele poderia realizar as
suas idéias e concepções religiosas, políticas, sociais e também educacionais como
modelo para todo o mundo.
Zwingli começou o seu trabalho no dia 1o de janeiro de 1519, no seu 35o aniversario e
fez primeiramente uma multiplicidade de sermões no sentido
de um cristianismo
erasmiano. Em meados desse ano, uma grande epidemia de peste, da qual o próprio
Zwingli adoeceu,
abalou a cidade e matou por volta de um terço de seus 7.000 mil
habitantes. 16 Obviamente, independente disso, bem como sem nenhuma influência de
13
Cf. AUGUSTIJN: Erasmus, p. 197-219.
Cf. LOCHER, Zwingli, p. J 10ss.
15
Sobre a cidade de Zurique, cf. BÜSSER: Zwingli, p. 22-25.
16
Cf. ZWINGLI: Ausgewählte Schriften, p. 14ss.: “A canção de peste”.
14
5
Martinho Lutero, cujas obras ele conheceu só um pouco mais tarde, a sua teologia
tomou a partir de 1520 o rumo de diferenciação fundamental da igreja antiga. De um
ponto de partida fiferente de Lutero, que estava interessado especialmente na justiça de
Deus, a saber, a questão da autoridade decisiva para renovar a igreja e toda a vida, ele
encontrou o mesmo princípio: a Bíblia Sagrada. Além do princípio, “só a Escritura”, ele
descobriu também, logo a seguir - plenamente de acordo com Lutero – o princípio, “só
Cristo”. 17
Devido a essas novas posições religiosas a crítica de Zwingli à igreja, o qual talvez
fosse mais prático e mais radical que Lutero, especialmente em alguns costumes
tradicionais, acrescentou e passou a rechaçar, por exemplo a veneração dos santos, a
doutrina do Purgatório, a secularização geral da igreja e do clero, as ordens
mendicantes, os mandamentos da quaresma e a interdição do casamento de sacerdotes.
Através de algumas ações provocantes como por exemplo uma comida demonstrativa
de salsicharia durante a quaresma, através de sermões ofensivos provocativos de
Zwingli que foi protegido pelo conselho municipal, nasceu um clima de perturbação e
incerteza.
Finalmente, por causa das tensões na cidade, mas também por causa da crítica crescente
do bispo de Constança e até dos outros cantões, o conselho municipal organizou no dia
29 de janeiro de 1523 uma debate público em Zurique 18 a respeito dos sermões de
Zwingli. Ele mesmo preparou-se bem e apresentou a essência da sua teologia nos assim
chamados “67 Schlussreden” [= 67 Discursos finais] 19 os quais, em julho do mesmo
ano explicou pormenorizadamente. 20 Neles ele desenvolveu os seus princípios, “só a
Escritura” e “só Cristo”, contra a doutrina e prática da igreja tradicional. A respeito da
autoridade secular, concedeu a uma autoridade verdadeiramente cristã o direito e o
dever de renovar a sociedade cristã e até intervir nas questões eclesiásticas. Aquela
autoridade, contudo, que não cumprisse estas suas tarefas, poderia ser deposta. Com os
seus argumentos Zwingli conseguiu apoio. Por isso, o conselho municipial decidiu que
Zwingli poderia continuar o seu trabalho na cidade sem limitações. Além disso também
17
Cf. LAU: Der Glaube der Reformatoren, LOCHER: Zwingli, p. J 19s. e BLICKLE: Die Reformation,
p. 48-55.
18
Cf. BÜSSER: Zwingli, p. 30-37 e LOCHER: Zwingli, p. J 22-26.
19
Cf. ZWINGLI; Ausgewählte Schriften, p. 21-30.
20
O título foi: “Usslegen oderund Gründ der Schlussreden und Articklen” [= A interpretação e
justificação dos discursos finais” do dia 14 de julho de 1523, in: ZWINGLI: Schriften. Vol. 2, p. 1-499<
cf. também ZWINGLI: Ausgewählte Schriften, p. 35-63 (seleção).
6
os outros pregadores em Zurique deveriam orientar se pela sua base teológica e observar
só a norma da Bíblia.
Com o fim deste debate que estabeleceu uma nova igreja em Zurique, a Reforma na
cidade começou com veemência, especialmente depois que um segundo debate religioso
em outubro de 1523 tinha confirmada a posição quanto à missa e às imagens. 21 Embora
a partir desse segundo debate conflitos abertos com os partidários radicais de Zwingli
como Conrado Grebel (1498 – 1526) tenham surgidos, 22 nos anos seguintes, uma
multiplicidade de reformas referindo-se a todas as áreas do Estado e da sociedade foram
realizadas na cidade. O próprio Zwingli defendeu a sua posição em diversos escritos
novos, entre eles a sua obra principal de 1525 com o título “De vera et falsa religione ...
commentarius” [= Comentário sobre a verdadeira e a falsa religião]. 23
Não é possível descrever aqui a transformação fundamental da vida religiosa, política e
social que aconteceu naquele tempo em Zurique. Porém, pelo menos algumas das
reformas práticas na área da educação devem ser mencionadas.
Com o intuito de uma melhor divulgação da Palavra de Deus, Zwingli, como chefe da
educação, estabeleceu no dia 19 de junho de 1525 na Catedral de Zurique, uma escola
bíblica, a assim chamada “Prophezei” [= profética], na qual os futuros teólogos eruditos
da cidade deveriam ser instruídos. 24 Esta escola tornou-se um modelo de ensino não só
em Zurique, onde a faculdade teológica e a universidade (1833) partiam dela, mas
também para a formação escolar de protestantes da confissão reformada/calvinista. 25 Já
no outono de 1523, quando a reforma do capítulo da Catedral aconteceu, Zwingli tinha
delineado o plano da “Prophezei”, mas, dois anos depois, ele tinha como “Schulherr” [=
chefe da educação] na cidade, uma possibilidade maior de realizar seu plano anterior.
Na “Prophezei” foi tratado exclusivamente do Antigo Testamento; perante todos os
sacerdotes e estudantes reunidos um capítulo da Bíblia era interpretado desse maneira:
Depois de uma oração, um capítulo da Vulgata (em latim) era lido. O professor de
hebreu, desde 1526 o famoso erudito Conrado Pellikan (1478 – 1556) lia o mesmo
passo em hebreu e o comentava em latim comparando com o texto da Vulgata. Como
terceiro, o próprio Zwingli lia o mesmo trecho em grego e o interpretava. Afinal, Leo
Jud (1482 - 1542), o sacerdote de São Pedro e amigo de Zwingli, explicava em língua
21
22
23
24
25
Cf. LOCHER: Zwingli, p. J 26ss.
Cf. LOCHER: Zwingli, p. J 36-42; GOERTZ: Die Täufer e DREHER: A crise, p. 65-76.
In: ZWINGLI: Schriften. Vol. 3, p. 31-452, cf. também
Cf. BÜSSER: Zwingli, p. 38-47, esp. p. 41-45; LOCHER: Zwingli, p. J33.
Cf. BÜSSER: Zwingli, p. 41ss., aqui p. 41.
7
alemã o capítulo segundo a interpretação de Zwingli em latim. À tarde aconteceriam
semelhantes aulas na Escola de Latim ligada à Catedral de Nossa Senhora [=
Fraumünster] a respeito do Novo Testamento.
Com estas escolas, Huldrych Zwingli criou a base para uma formação superior dos
sacerdotes que já atuavam, bem como dos futuros e elevou o nível geral dos
conhecimentos religiosos na cidade. O conteúdo principal das aulas eram, obviamente,
questões de teologia, mas o método aplicado era baseasdo especialmente na filologia,
uma das ciências dominantes na época do humanismo. Já em 1517
um Colégio
trilingüe (com as línguas: hebreu, grego e latim) foi fundado em Leuwen [= Lovaina]
nos Países-Baixos, segundo os ideais de Erasmo que também dirigiu este instituto
filológico até 1521. 26
Na “Prophezei” foi instruída uma multiplicidade de pensadores e pregadores reformados
que divulgaram o pensamento da Reforma zwingliana além das fronteiras da Suíça.
Além disso a “Prophezei” teve dois produtos literários de grande importância:
Primeiramente uma tradução dos profetas do Antigo Testamento para o alemão num
trabalho de grupo, publicada em 1529 (a “Bíblia de Zurique”); em segundo lugar nasceu
do trabalho da “Prophezei” um comentário contínuo dos livros do Antigo e Novo
Testamento.
27
As traduções e interpretações produzidas na “Prophezei” foram
divulgadas rapidamente em toda a Europa e a formação dos teólogos protestantes em
Zurique tornou-se modelar tendo sido imitada em outros países.
Em 1525 a Reforma zwingliana foi consolidada dentro da cidade de Zurique – apesar do
“problema” dos anabatistas que haviam se separado de Zwingli a partir do segundo
debate de Zurique. A partir de 1527 foram aclarados os limites entre as duas direções
religiosas.
Depois da consolidação interna da Reforma, porém, os conflitos com os inimigos ou
adversarios externos aumentaram. Assim, as diferenças entre Zwingli e Lutero a
respeito do sacramento da Santa Ceia mostraram-se insuperáveis no decorrer da
segunda metade da década de 1520. 28 O última tentativa de unificar as duas confissões,
que nasceram obviamente das mesmas raízes, na Conversação Religiosa de Marburg [=
Marburgo] do dia 1o até o dia 4o do outubro de 1529 não prosperou. 29 A conseqüência
26
27
28
29
Cf. Augustijn: Erasmus, p. 142.
Cf. BÜSSER: Zwingli, p. 42s. e LOCHER: Zwingli, p. J 33.
Cf. LOCHER: Zwingli, p. J 60-68 e LIENHARD: Lutero, p. 183-189
Cf. LOCHER: Zwingli, p. J 65s. e DREHER: A crise, p. 76ss.
8
foi que Huldrych Zwingli não concordou com a luterana “Confessio Augustana” 30
apresentada na Assembléia Imperial de Speyer de 1530 por Melanchthon, mas, enviou a
esta cidade, em julho de 1530 a sua própria confissão com o título “Ratio Fidei” 31. Esta
confissão foi redigida logo a seguir e entregue, sob o título “Fidei expositio” [=
explicação da fé] 32 , na primavera de 1531, ao rei francês Francisco I com quem o
protetor político de Zwingli, o Barão Filipe de Hesse (1518 – 1567) tinha relações
estreitas e aliança contra os Habsburgos. Com a refutação católica à “Confessio
Augustana”, a assim chamada “Confutatio”, e a “Confessio Tetrapolitana”, base
confessional das quatro cidades imperiais Estrasburgo, Constança, Lindau e
Memmingen que por causa das diferenças no sacramento da Santa Ceia não quiseram
assinar a “Confessio Augustana”, teve início a era do “Confessionalismo”, isto é, da
pluralidade confessional.
Ao mesmo tempo, a pressão política contra a Reforma zwingliana aumentou. Alguns
dos outros cantões, já desde de fevereiro de 1524, passaram a criticar o
desenvolvimento em Zurique. As tensões religiosas dentro da confederação
aumentaram; a questão da religião começou a dividir a união política da Suíça. 33 As
contradições religiosas e políticas resultaram na primeira “Guerra de Kappel”, a
primeira guerra religiosa na era do Confessionalismo, mas, contudo, não houve
batalhas. Esta guerra foi cerrada pela primeira “Paz de Kappel” [= 1. Kappeler
Landfrieden] que representou um compromisso entre os campos religiosos. Mas, logo
depois, em outubro de 1531, eclodiu a segunda “Guerra de Kappel”. No dia 11 de
outubro de 1531 os habitantes de Zurique não só perderam uma batalha, mas também o
seu líder religioso e político, Huldrych Zwingli que faleceu aos 47 anos. A segunda
“Paz de Kappel” [= 2. Kappeler Landfrieden] não exterminou o protestantismo na
Suíça, mas refreou a sua força de expansão. A Suíça recebeu uma estrutura
bi-confissional que vigora até os dias de hoje.
A Reforma de Zurique não acabou com a morte de Zwingli. O seu sucessor Henrique
Bullinger 34 conseguiu, como “Antistes” em Zurique, conservar aquilo que havia sido
alcançado até então. Além disso, ele conseguiu juntamente com João Calvino
estabelecer o vínculo entre Zurique, o centro precursor da Reforma na Suíça, e Genebra,
30
In: LIVRO DE CONCÓRDIA, p. 23-93.
In: ZWINGLI: Schriften. Vol. 4, p. 93-131; cf. também ZWINGLI: Ausgewählte Schriften, p. 128s.
32
In:ZWINGLI: Schriften. Vol. 4, p. 281-361; cf. também LOCHER: Zwingli, p. J 50-59 e ZWINGLI:
Ausgewählte Schriften, p. 132-175.
33
Cf. BÜSSER: Zwingli, p 94-114 e LOCHER: Zwingli, p. J68-87.
31
9
o centro posterior, preparar uma unificação entre as duas direções religiosas e fazer da
Suíça o centro da Igreja reformada/calvinista naquele tempo.
Huldrych Zwingli ocupava se como líder espiritual de Zurique tanto na prática, com
uma imensa variedade de questões ligadas à igreja, teologia e religiosidade, à política de
Zurique, na Suíça e no âmbito europeu bem como às demais áreas da vida social, tendo
também realizado reflexões teóricas sobre estes assuntos. Quanto à educação e
formação de jovens Zwingli foi incitado especialmente por duas coisas, pelo
humanismo e pelo princípio fundamental da Reforma, “só a Escritura”.
Como alguns dos outros reformadores Zwingli tinha recebido uma formação profunda
nas universidades de Viena e da Basiléia: Viena foi o centro do humanismo na Europa
Oriental, ali viveram os famosos professores Conrado Celtis (1459 – 1508) ou João
Cuspinian (1473 – 1529); a Basiléia foi um dos centros do “Humanismo suíço” que
começou a formar-se e tornou-se um movimento bem coerente dos eruditos na Suíça. O
humanismo foi especialmente um movimento de formação ao lado e além da educação
religiosa. Nesse sentido ele propagou uma instrução laica, especialmente das elites nas
cidades. Já durante o seu estudo na Basiléia Zwingli trabalhou em uma escola como
professor. Quando foi sacerdote em Glarus e Maria-Einsiedeln, preparou jovens para a
universidade. Além disso ele se ocupava particularmente com a leitura dos autores
latinos e gregos. Por isso, ele começou até a aprender grego a partir de 1513. Em
seguida Zwingli gostou especialmente dessa língua e promoveu muito a sua
aprendizagem, por exemplo através da nomeação do jovem pensador talentoso Jaime
Wiesendanger (Ceporinus) (1499 – 1525) como professor de grego já em 1522/23 e de
novo em 1525 na escola “Prophezei” da Catedral. 35
A “descoberta” do princípio “só a Escritura” na teologia de Lutero bem como de
Zwingli remetia cada cristão singular à leitura individual da Bíblia. O objetivo da
política de qualquer autoridade verdadeiramente cristã deveria ser a alfabetização dos
homens. Apesar do sacerdócio universal de todos os cristãos num tempo, onde a maioria
dos homens não sabia nem ler nem escrever, os teólogos e pregadores desempenharam
um papel especial na mediação da Palavra de Deus e dos conteúdos principais da fé. Por
isso, Zwingli reforçou a formação deles em nível superior ligada aos métodos da
filologia.
34
Cf. LOCHER: Zwingli, p. J 90-96.
Cf. ZWINGLIs sämtliche Werke. Vol. II, p. 526-531 (introdução no texto por Emil EGLI) e p. 536
nota 1..
35
10
.Huldrych Zwingli foi teólogo e humanista ao mesmo tempo. Isso foi mostrado na
fundação da “Prophezei” como também no seu pensamento educacional. Ainda que
Zwingli se ocupasse em diversos pontos da sua imensa obra com questões da educação
e pedagogia, ele escreveu apenas um texto dedicado especialmente ao tema com o titulo
latino: “Quo pacto ingenui adolescentes formandi sint, praeceptiones pauculae” 36 [=
Como os jovens decentes devem ser educados, algumas prescrições] que foi publicado
em 1o de agosto de 1523. O escrito nasceu ao mesmo tempo em que ocorriam as sessões
do conselho municipal que deliberou sobre a transformação prática do capítulo da
Catedral e a renovação do ensino escolar na cidade. Além do objetivo particular desse
escrito, que foi dedicado ao seu enteado Gerold Meier (1509 – 1531), e acima das
reuniões e negociações cotidianas, Zwingli apresentou com isso o seu programa ideal de
uma educação verdadeira e os seus objetivos e métodos – com base na teologia e no
humanismo.
Depois de uma invocação de Deus pelo êxito citando o versículo 25 do Salmo 118 em
letras gregas, o escrito começa com um prefácio amigável do Jacobus [= Jaime]
(Wiesendanger) Ceporinus e a dedicação do texto pelo próprio autor ao seu enteado
Gerold Meier (1509 – 1531). 37 Na sua dedicação Zwingli declara o seu escrito como
sendo um pequeno presente para Gerold por sua volta das termas. Zwingli considerou
Meier um bom amigo, por que ele esforçou-se pela educação e provou sucessos
verdadeiros sob a instrução de Henrique Loriti (Glareanus) (1488 – 1563), um
humanista suíço de Glarus e amigo de Zwingli. Com o seu escrito Zwingli realizou um
plano antigo feito a muito tempo atrás, mas impedido por uma multiplicidade de
obrigações, Zwingli quis apresentar conscientemente apenas algumas regras de conduta,
mas bem pensadas, ainda que o reformador pedisse ao mesmo tempo de maneira bem
humanística, “não avaliar essas regras de conduta segundo sua forma lingüistica, mas,
segundo seu sentido e espírito”.
38
Zwingli não pretendeu estabelecer regras
educacionais para todas as idades desde o berço à senectude, ele não interessou-se
especialmente pela formação básica, mas, como ele voluntariamente professa, por “essa
36
Publicado in: ZWINGLIs sämtliche Werke. Ed.: Emil EGLI e Georg FINSLER. Vol. II: Werke 1523
(Corpus Reformatorum. Vol. 89), Leipzig: Heinsius 1908 [reimpressão: Zürich: Theologischer Verlag
1982], p. 526-551.
37
Cf. ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 536ss.; ZWINGLI: Schriften, p. 321ss. Gerold Meier von Knonau37 foi o
terceiro filho da esposa de Zwingli (o matrimonio foi celebrado no dia 2 de abril de 1524), Anna Reinhard, que foi
casada primeiramente (em 1504) com Hans Meyer von Knonau (falecido em 1517).
38
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 537s.; ZWINGLI: Schriften, p. 222. - Trad de Peter MAINKA/Cézar
de Alencar ARNAUT de Toledo.
11
idade na qual uma criança já é razoável e começa a nadar sem cinto de cortiça” 39, ou
seja, pelo ensino secundário e superior. Estas regras de conduta, apresentadas muito
confusamente 40, são divididas por Zwingli em aproximadamente três partes iguais: (1) a
relação do jovem com Deus, (2) a relação consigo mesmo e (3) com o seu próximo.
(1) Primeiramente Zwingli apresenta a teologia reformada, os seu pensamentos de Deus
em uma maneira bem concentrada e condensada:
Ainda que tudo dependa de Deus, também o fato, se um homem encontre a fé no único
Deus ou não, pode-se ensinar a fé pela Palavra pura de Deus que ao mesmo tempo tem
que inspirar o homem. Todo mundo invisível, toda criação e todas as coisas mutáveis
vão conduzir o homem também à fé em um Deus imutável. Quando a alma do homem
estiver informada suficientemente a respeito da providência de Deus que ordena tudo
necessário, ela vai conhecê-lo como Senhor e Pai de todos os fiéis, a quem os homens
podem recorrer em qualquer situação: “Quando uma doença da alma ou do corpo nos
afligir, devemos pedir-Lhe a cura: quando o inimigo nos importunar e quando a inveja
nos atormentar, devemos fugir para Ele; quando nós desejarmos sapiência e cultura,
devemos pedir-Lhe; até mesmo mulher e crianças devemos pedir-Lhe.” 41
Dessa maneira o jovem razoável vai entender o segredo do Evangelho e do pecado
original e, consequentemente, a ligação do homem aos seus maus desejos e afetos.
Assim sendo, continua Zwingli, os homens são “coagidos a capitular diante de Deus e a
se abandonarem à sua Graça. – Aqui, contudo, a luz do Evangelho ascende.“ 42 Pois,
Cristo, totalmente livre de quaisquer desejos, afetos ou outras máculas, salvou os
homens pela entrega da sua inocência por nós e tornou felizes todos que acreditam nesse
presente de Deus. A partir disso Zwingli desenvolve a sua doutrina do princípio, “só
Cristo”: Cristo resgata pela sua morte os que são renascidos pelo Evangelho e pela fé. A
confiança em Deus, que ”é o primeiro e último motivo de todas as coisas, imútavel, mas
que tudo move e mantém em movimento” 43 , incita os homens, como a experiência
ensina, à ação e atividade para realizar uma vida correta. Além das qualidades da
justiça, fé e misericórdia, “o jovem deve orientar seu esforço para aprender a tempo a
39
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 538; ZWINGLI: Schriften, p. 223. – Trad. de MAINKA/ARNAUT.
Cf. ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 551; ZWINGLI: Schriften, p. 240s.
41
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 539; ZWINGLI: Schriften, p. 225. - Trad. de MAINKA/ARNAUT.
42
Segundo ZWINGLIs sämtliche Schriften, p. 540; ZWINGLI: Schriften, p. 226. - Trad. de
MAINKA/ARNAUT.
43
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 542; ZWINGLI: Schriften, p. p. 228. - Trad. de MAINKA/ARNAUT.
40
12
tornar-se um homem bom e tão inocente quanto possível, vivendo de modo mais
semelhante a Deus.” 44
(2) Depois das instruções para formar a fé cristã, ou seja, as relações do homem com
Deus Zwingli trata em segundo lugar do próprio homem, ou seja, da sua organização no
interior: Na sua opinião a melhor ordem seria “pensar dia e noite na Palavra de Deus” 45
Para isso seria necessário aprender e dominar as línguas que são presentes do Espírito
Santo: Primeiramente a língua latina, conhecida e usada em todo lugar e por todos, mas
contribuindo menos que a língua grega ou hebraica
para entender as Sagradas
Escrituras, e às vezes até abusada por causa da ganância pelos inimigos de Cristo; em
segundo lugar a língua grega que possibilita estudar o Novo Testamento nas raízes
(fontes primárias), em terceiro lugar a língua hebraica, a quem competia a respeito do
valor das fontes até o primeiro lugar, por causa do Antigo Testamento. Para não ser
seduzido pela “petulância, ambição de poder e de guerra, filosofia sofística e vazia” 46,
o jovem precisa especialmente no latim e no grego da fé cristã e da inocência. Nessa
base o jovem poderá descobrir Cristo como o mais perfeito modelo de qualquer virtude,
O conhecer, apropriar-se Dele e tentar imitá-Lo. Com isso o jovem aprenderá a falar e
calar no tempo apropriado.
Com veemência Zwingli adverte o aluno nas aulas dos professores de eloqüência de não
assumir as suas possíveis faltas a respeito da velocidade, do acento, da mímica ou da
gesticulação. Pelo contrário, ele deve aprender “a dominar em si os vícios exteriores (na
retórica) que são sem dúvida sinais de um espírito vicioso” ou, com outros palavras,
falar moderadamente, de maneira que sirva à verdade e não para impressionar os
outros”. 47
No seguinte Zwingli adverte seriamente não só sobre beber e comer exagerado, mas
também sobre excesso com roupas e, com isso, acerca da tentativa de adquirir, com
roupas caras, a reputação. Quando surgir a necessidade do amor, o jovem deve
“escolher para si uma tal moça para amar [moderadamente e honradamente], a qual ele
tenha certeza que poderá suportar seus costumes num casamento perpétuo.”
48
Enfaticamente Zwingli condena a cobiça de dinheiro e glória, qualidades, que já entre
os pagãos são desprezadas.
44
45
46
47
48
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 542; ZWINGLI: Schriften, p. 228s. - Trad. de MAINKA/ARNAUT.
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 542; ZWINGLI: Schriften, p. 229. - Trad. de MAINKA/ARNAUT.
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 543; ZWINGLI: Schriften, p. 230. - Trad. de MAINKA/ARNAUT.
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 544: ZWINGLI: Schriften, p. 232. - Trad. de MAINKA/ARNAUT.
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 546; ZWINGLI: Schriften, p. 234. - Trad. de MAINKA/ARNAUT.
13
As disciplinas matemáticas e entre elas a música, que alias o próprio Zwingli exercia
muito bem, não devem ser ou negligenciadas totalmente ou exageradas, mas exercidas
apenas temporariamente. Quanto à esgrima Zwingli não tinha uma posição clara: Por
um lado, ele não condenou totalmente a esgrima, que serve a vida comum e deveria ter
o único objetivo de defender a pátria e aqueles que Deus nos recomendava; por outro
lado, ele confirmou que um “cristão deve abster-se das armas totalmente enquanto
permanecam as condições e a tranqüilidade em que se encontra o Estado.” 49 Pois,
Deus cuidará dos homens e, se necessário, também os armará. Finalmente, Zwingli
exigiu que todos, especialmente aqueles que são determinados para o ofício da Palavra
de Deus, deveriam dominar alguma arte que permita o seu sustento. “Pois, desta
maneira aconteceria que o ócio, sementeira de toda lascívia, seria expulso, e que nossos
corpos tornar-se-iam mais saudáveis, mais constantes e robustos.” 50
(3) Na terceira e última parte do seu escríto Zwingli voltou-se para as relações do
homem com o seu próximo e deu prescrições muito práticas e concretas para a vida do
jovem: Segundo o exemplo de Cristo que entregou a sua vida pelos homens, também
eles, os homens, não nasceram somente com o finalidade de viverem apenas para si
mesmos, mas para seu próximo: “Portanto, o jovem deve pensar, desde a infância,
exclusivamente na justiça, na fé e na constância, com as quais ele poderia ser útil para o
Estado cristão, para a Pátria e para todos” 51 , cuidando-se para que o egoísmo ou a
vanglória não interfiram nas suas ações altruísticas. Considerando “o Estado uma
unidade, como por exemplo uma casa ou uma família ou até um corpo, no qual os
membros se alegram e se entristecem juntamente e se ajudam mutuamente, de modo que
tudo que acontece a qualquer um, acontece a todos” 52, o homem deve comportar-se
quanto à sorte ou ao infortúnio de outros da mesma maneira, como se ocorressem a ele
mesmo. Mas os homens devem tolerar todos os afetos sempre moderadamente.
Zwingli aceita a participação do jovem em público nas reuniões sociais como por
exemplo em núpcias de familiares, jogos ou festas anuais, mas, adverte com veemência
para aquelas em segredo nos cantos e espeluncas. O jovem deve esforçar-se para
absorver algo de bom das reuniões públicas, mas, porque isso é difícil, Zwingli
aconselha o jovem a ir a tais reuniões apenas raramente e despedir-se logo usando
também alguns pretextos.
49
50
51
52
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 546s.; ZWINGLI: Schriften, p. 235. - Trad. de MAINKA/ARNAUT.
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 547; ZWINGLI: Schriften, p. 235. - Trad. de MAINKA/ARNAUT.
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 547; ZWINGLI: Schriften, p. 236. - Trad. de MAINKA/ARNAUT.
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 547; ZWINGLI: Schriften, p. 236. - Trad. de MAINKA/ARNAUT.
14
Zwingli destaca a obrigação de todos de ajudar em qualquer caso de emergência e de
honrar a seus pais sumamente após Deus, uma obrigação que já existe entre os pagãos.
Portanto, deve se ceder-lhes sempre, com apenas uma exceção, a saber, quando eles não
se comportarem segundo a doutrina de Cristo; neste caso o jovem poderá contradize-los,
não enfrentando-os impertinentemente, mas dizendo e fazendo aquilo que é necessário
com mansidão: “Se eles não quiserem atentar para isso, deve o jovem preferir deixá-los
a discutir com eles colericamente.” 53
Quando as pessoas não puderem tolerar difamações ou ofensas, Zwingli aconselha, que
seja feita uma denúncia ao juiz ou ao conselho municipal, mas, condena a auto tutela
(pagar na mesma moeda). Só jogos didáticos como por exemplo jogos com números ou
xadrez devem ser jogados com contemporâneos da mesma idade, mas sempre
moderadamente e só nas horas não principais. Jogos de dados ou de cartas são proibidos
rigorosamente. Diversos tipos de esporte que são populares em todos os povos, como
corridas, saltos, esgrima, luta greco-romana e natação podem servir de exercícios físicos
e são às vezes agradáveis ou muito úteis como Zwingli prova com exemplos da
antigüidade.
O jovem deve orientar-se pela regra geral, sempre tentar alegrar a “todos que convivam
conosco.” 54
Portanto, se necessária, a crítica aos outros deve ser clara, mas, sem
ofender às pessoas criticadas. Exortando o jovem seriamente à verdade, quanto ao que
diz e pratica, sem qualquer limitações ou restrições, Zwingli conclui as suas prescrições
educacionais para o seu enteado Gerold Meier a quem ele convida ao final com toda a
veemência para realizar em sua vida essas regras escritas, com a seguinte regra
principal: “Todo o empenho deve orientar-se no sentido de o jovem receber o Cristo tão
puro quanto possível, quando ele O tiver recebido, o próprio Cristo será a sua regra.
Agindo corretamente, o jovem nunca vai desesperar-se ou tornar-se arrogante. Ele
crescerá diariamente, mas isso lhe parecerá como se ele se tornasse menor. Ele fará
progressos mesmo pensando que é o último dos homens. Ele fará o bem para todos, sem
dar conta a si mesmo de nada. Pois, da mesma maneira fez Cristo. Portanto, aquele será
perfeito, decidido a emular-se somente com Cristo.“ 55
Este texto prova de forma impressionante as profundas raízes de Zwingli no pensamento
do humanismo e, com isso, na antigüidade clássica: Freqüentemente ele se refere aos
53
54
55
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 549; ZWINGLI: Schriften, p. 238. - Trad. de MAINKA/ARNAUT.
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 555; ZWINGLI: Schriften, p. 239. - Trad. de MAINKA/ARNAUT.
ZWINGLIs sämtliche Werke, p. 551; ZWINGLI: Schriften, p. 240. - Trad. de MAINKA/ARNAUT.
15
exemplos conhecidos dos tempos gregos e latinos; a sua exortação permanente à
moderação no comportamento lembra, sem dúvida, a doutrina da “Stoa” (Estoicismo)
com o seu princípio “meden agan [= não demais]”, representado excelentemente por
Seneca júnior (4 a.C. – 65 d. C.), o famoso político, filósofo e escritor romano que
suicidou-se meticulosamente e em uma demonstração de perfeita independência. A
acentuação das línguas antigas é caraterística para o movimento do humanismo bem
como a negligencia das ciências naturais e exatas (matemáticas) por Zwingli. A base de
qualquer educação ou formação, contudo, com uma precedência evidente nelas é a
teologia da Palavra de Deus e da sucessão de Cristo, ou seja, a teologia
reformada/calvinista.
Para melhor entender e avaliar as idéias educacionais de Zwingli apresentadas neste
texto quanto às escolas segundarias e ao ensino superior, será necessário compará-las
com os outros conceitos contemporâneas de educação que se referem ao mesmo nível,
especialmente com os de Erasmo de Roterdã 56, geralmente reconhecido naquele época
como o humanista mais ilustre, com os de Melanchthon
57
, o assim chamado
“Praeceptor Germaniae” [= Professor da Germânia], que além da teologia concedeu o
humanismo um espaço muito amplo e, naturalmente, com os conceitos de Lutero 58 que
separou de uma maneira mais clara a sua reforma teológica do humanismo, os quais
haviam caminhado de mãos dados na primeira fase do movimento reformador. Só por
uma perspectiva comparativa pode-se conhecer claramente a postura educacional
especifica de Zwingli e definir a sua contribuição teórica para o desenvolvimento da
educação. Este objetivo está sendo realizado em um projeto de pesquisa na
Universidade Estadual de Maringá.
56
Cf. p. ex. os textos: “Enchiridion militis christiani” ou “Institutio principis christiani”, in: ERASMUS.
Cf. p. os seus diversos textos educacionais a respeito do ensino superior, p. ex. a sua lição inaugural em
Wittenberg com o título “De corrigendis adolescentiae studiis” [= acerca da necessidade de corrigir os
estudos dos jovens], in: MELANCHTHON. Vol. 1, p. 41-63.
58
Cf. LUTERO: Obras selecionadas. Vol. 5.
57
16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
•
EM GERAL
FONTES
BONI, Luis Alberto de (Org.): Escritos seletos de Martinho Lutero, Tomás Müntzer e João
Calvino (Clássicos do pensamento político11), Petrópolis: Vozes 2000.
ERASMUS VON ROTTERDAM: Ausgewählte Schriften [= Escritos selecionados]. Ed.:
Werner WELZIG, Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft 1968-1980.
LIVRO de CONCÓRDIA. As Confissões da Igreja Evangélica Luterana. Trad. e notas de
Arnaldo Schüler, São Leopoldo: Sinodal/Porto Alegre: Concórdia 1997.
MARTINHO LUTERO: Obras selecionadas (até agora) 7 vols., São Leopoldo: Sinodal
1987 – (1999).
MELANCHTHON deutsch [= M. em alemão]. Ed.: Michael BEYER, Stefan RHEIN e
Günther WARTENBERG. 2 vols., Leipzig: Evangelische Verlagsanstalt 1997.
LITERATURA DE APOIO
AUGUSTIJN, Cornelis: Erasmus. Der Humanist als Theologe und Kirchenreformer [= E.
O humanista como teólogo e reformador da igreja] (Studies in Medieval and
Reformation Thought. Vol. 59), Leiden/New York/Köln: E.J. Brill 1996.
BLICKLE, Peter: Die Reformation im Reich [= A Reforma no império], Stuttgart: Verlag
Eugen Ulmer 1982.
BOUWSMA, W.J.: John Calvin: a sixteenth-century portrait, Oxford 1989.
BRECHT, Martin: Martin Luther. 3 vols., Stuttgart: Calwer Verlag 1981-1987.
DELUMEAU, Jean: La Reforma (Nueva Clio), Barcelona: Labor 1967 (original em
francês).
DELUMEAU, Jean: Nascimento e afirmação da Reforma. Trad.: João Pedro Mendes (Nova
Clio. Vol 30), São Paulo: Livraria Pioneira 1989 (original em francês 1965).
DICKENS, A. G.: A Reforma na Europa do século XVI, Lisboa: Verbo 1971 (original em
inglês).
DREHER, Martin N.: A Crise da Renovação da Igreja no Período da Reforma (Coleção
História da Igreja. Vol. 3), São Leopoldo: Sinodal 1996.
ELTON, Geoffrey R.: A Europa 1517 – 1559, Lisboa: Presença 1982 (original em inglês).
17
FRÖLICH, Roland: Curso básico de história da Igreja, São Paulo: Edições Paulinas 1997
(original em alemão 1980).
GOERTZ, Hans-Jürgen: Die Täufer. Geschichte und Deutung [= Os anabatistas. A sua
história e interpretação]. 2a edição, München: Verlag C. H. Beck 1988.
ISERLOH, Erwin: Geschichte und Theologie der Reformation im Überblick [= História e
teologia da Reforma em geral]. 3a edição, Paderborn: Verlag Bonifatius-Druckerei
1985.
LAU, Franz: Der Glaube der Reformatoren. Luther – Zwingli – Calvin [= A fé dos
reformadores. L. – Z. – C.], Bramen/Leipzig 1964.
LESSA, Vicente Themudo: Calvino 1509 – 1564. Sua vida, sua obra, São Paulo: Casa
Editora Presbiteriana s.d.
LIENHARD, Marc: Martim Lutero. Tempo, vida, mensagem, São Leopoldo: Sinodal 1998
(original em francês 1991).
LUTZ, Heinrich: Reformation und Gegenreformation [= A Reforma e a Contra-Reforma].
4a edição revisada e completada por Alfred KOHLER (Oldenbourg Grundriss der
Geschichte. Vol. 10), München: R. Oldenbourg-Verlag 1997.
MARTINA, Giacomo: História da Igreja de Lutero a nossos dias. Vol. 1: A era da
Reforma, São Paulo: Edições Loyola 1995 (1a reimpressão 1997) (origial em
italiano 1970, nova edição revista e ampliada 1993).
NIJENHUIS, Willem: Artigo “Calvin”, in: Theologische Realenzyklopädie. Ed.: Gerhard
KRAUSE e Gerhard MÜLLER. Vol. 7, Berlin/New York: Walter de Gruyter 1981,
p.568-592.
PETTEGREE, A. (Ed.): The Early Reformation in Europe, Cambridge 1992.
SCHEIBLE, Heinz: Melanchthon. Eine Biographie [= M. Uma biografia], München:
Verlag C.H. Beck 1997.
SKALWEIT, Stephan: Der Beginn der Frühen Neuzeit. Epochengrenzen und
Epochenbegriff [= O início dos Tempos Modernos. Os limites e a definição da
época] (Erträge der Forschung. Vol. 178), Darmstadt: Wissenschaftliche
Buchgesellschaft 1982
WOLFF, Philippe: Outono de Idade Média ou Primavera dos Tempos Modernos?, São
Paulo: Martins Fontes 1988 (original em francês 1987).
18
WOLGAST, Eike: Artigo “Reform, Reformation”, In: Geschichtliche Grundbegriffe.
Historisches Lexikon zur politisch-sozialen Sprache in Deutschland. Vol. 5,
Stuttgart: Klett-Cotta 1989, p. 313-360.
•
.
HULDRYCH ZWINGLI
FONTES PRIMÁRIAS
MARÍN, Manuel Gutiérrez (Ed.): Zuinglio. Antologia, Barcelona: P.E.N. 1973.
HULDRYCH
ZWINGLI:
Ausgewählte
Schriften
[=
Escritos
selecionados].
In
neuhochdeutscher Wiedergabe mit einer historisch-biographischen Einführung. Ed.:
Ernst SAXER (Grundtexte zur Kirchen- und Theologiegeschichte. Vol. 1),
Neukirchen-Vluyn: Neukirchener Verlag 1988.
HULDRYCH ZWINGLIs sämtliche Werke [= Obras completas de H.Z.]. Ed.: Emil EGLI e
Georg FINSLER. Vol. II: Werke 1523 (Corpus Reformatorum. Vol. 89), Leipzig:
Heinsius 1908 [reimpressão: Zürich: Theologischer Verlag 1982], p. 526-551.
HULDRYCH ZWINGLI: Schriften [= Escritos]. Ed.: Thomas BRUNNSCHWEILER e
Samuel LUTZ, 4 vols., Zürich: Theologischer Verlag 1995.
LITERATURA DE APOIO
BERNER, Hans/Ulrich GÄBLER/Hans Rudolf GUGGISBERG: Schweiz [= Suiça], in:
SCHINDLING, Anton/Walter ZIEGLER (Org.): Die Territorien des Reiches im
Zeitalter der Reformation und Konfessionalisierung. Land und Konfession 1500 –
1650 [= Os territórios do império (romano-germânico) na era da Reforma e do
confessionalismo]. Vol. 5 (Katholisches Leben und Kirchenreform im Zeitalter der
Glaubensspaltung [= A vida católica e a reforma da igreja na era da separação de
fé]. Vol. 53), Münster: Aschendorff 1993, p. 278-323 com outras referências
bibliográficas).
BLICKLE, Peter/Andreas LINDT/Alfred SCHINDLER (Org): Zwingli und Europa.
Referate und Protokolle des Internationalen Kongresses aus Anlass des 500.
Geburtstages von Huldrych Zwingli vom 26. bis 30. März 1984 [= Z. e a Europa.
19
Palestras e atas do congresso internacional por motivo da
comemoração do
500 aniversario de H. Z.] , Zürich 1984.
BOISSET, Jean: História do Protestantismo. Trad.: Heloysa de Lima Dantas (Coleção
“Saber atual”. Vol. 154), São Paulo: Difusão européia do livro 1971 (original em
francês), p. 37-43.
BÜSSER, Ernst: Huldrych Zwingli. Reformation als prophetischer Auftrag [= H. Z. A
Reforma como missão profética] (Persönlichkeit und Geschichte. Vol. 74/75),
Göttingen/Zürich/Frankfurt: Musterschmidt-Verlag 1973.
DREHER, Martin N.: A crise e renovação da igreja no período da Reforma, p. 62-65.
GÄBLER, Ulrich: Huldrych Zwingli. Einführung in sein Leben und Werk [= H. Z. Uma
introdução a sua vida e obra], München 1983.
HAAS, Martin: Huldrych Zwingli und seine Zeit. Leben und Werk des Zürcher
Reformators [= H. Z. e o seu tempo. Vida e obra do reformador de Zurique], Zürich
1982.
LOCHER, Gottfried W.: Zwingli und die schweizerische Reformation [= Z. e a Reforma na
Suiça] (Die Kirche in ihrer Geschichte. Vol. 3, fascículo J 1), Göttinen: Vandenhoek
& Ruprecht 1982.
PFISTER, R.: Kirchengeschichte der Schweiz [= A história da igreja na Suiça] 3 vols.,
Zurique 1964 – 1984.
POLLET, J.V.: Zwingli et la Réforme en Suisse, Paris 1963.
SASSE, HERMANN: This is my body. Luther’s Contention for the Real Presence in the
Sacrament of the Altar, Minneapolis/Minnesota 1959 [tradução para o português
com o título: Isto é o meu corpo: a luta de Lutero em defesa da presença real no
sacramento do altar, Porto Alegre: Concórdia 1970].
20
HULDRYCH ZWINGLI [= ULRICO ZWÍNGLIO] (1484 – 1531), O REFORMADOR DE
ZURIQUE, E A SUA CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO (NO ENSINO SUPERIOR)
RESUMO:
Freqüentemente a Reforma na Europa e principalmente na Alemanha está ligada à pessoa
de Martim Lutero que com a afixação das 95 teses (1517) iniciou efetivamente a Reforma.
Mas além dele, havia alguns outros reformadores, os quais teriam grande importância para
o futuro desenvolvimento do movimento protestante. Um destes representantes que
pertenceu à mesma geração de Lutero foi Huldrych Zwingli, o reformador de Zurique na
Suíça, que desenvolveu uma concepção religiosa própria.
Zwingli não foi somente o líder teológico mais importante de Zurique, mas também o
responsável pela divulgação da Reforma na Suíça. Além da sua posição dominante em
Zurique, criou a base teológica e intelectual, com a qual, um pouco mais tarde, João
Calvino pôde desenvolver sua concepção de teologia, economia e mesmo de
“missionarização”. Com isso, além de Roma e de Wittenberg, a Suiça tornou-se o terceiro
centro religioso, de grande importância em toda a Europa. No início desse desenvolvimento
esteve, sem dúvida, Zwingli que começou a partir de 1522/23 a transformar a organização
da Igreja em Zurique, bem como toda a vida política e social na cidade. Ele iniciou também
reformas importantes na prática do ensino escolar e refletiu teoricamente sobre a educação
e a formação dos jovens.
Com o intuito de uma melhor divulgação da Palavra de Deus, Zwingli estabeleceu, em
1525 na Catedral de Zurique, uma escola bíblica (“Prophezei” = profética) na qual os
futuros teólogos da cidade deveriam ser instruídos. Enquanto na “Prophezei” o estudo era
voltado exclusivamente para o Antigo Testamento, na Escola de Latim ligada à Catedral de
Nossa Senhora ocupava-se com o Novo Testamento. Com estas escolas Zwingli criou a
base para uma formação superior dos sacerdotes que já atuavam, bem como dos futuros,
contribuindo para elevar o nível geral dos conhecimentos religiosos na cidade. Além disso,
possibilitou nascer em Zurique um modelo para a formação escolar de protestantes da
confissão reformada/calvinista em geral. O conteúdo principal das aulas eram, obviamente,
questões de teologia, mas, o método aplicado era baseado especialmente na filologia, uma
das ciências dominantes na época do humanismo.
21
Zwingli foi teólogo e humanista ao mesmo tempo; isto evidencia-se também no seu
pensamento teórico sobre a educação. Ainda que ele se ocupasse em diversos pontos da sua
imensa obra com questões da educação e pedagogia, ele escreveu apenas um texto dedicado
especialmente ao tema: “Quo pacto ingenui adolescentes formandi sint, praeceptiones
pauculae” [= Como os jovens decentes devem ser educados, algumas prescrições],
publicado em agosto de 1523. Além do objetivo particular desse escrito que foi dedicado ao
seu enteado Gerold Meier, e acima das reuniões e negociações cotidianas, Zwingli
apresentou com isso o seu programa ideal de uma educação verdadeira, cujos objetivos e
métodos baseiam-se na teologia e no humanismo. Uma tradução do texto para o português
está em andamento na UEM.
PALAVRAS-CHAVE:
1. Educação, Cultura, Sociedade.
2. História da Educação.
3. Huldrych Zwingli [= Ulrico Zwínglio]
Download

HULDRYCH ZWINGLI [= ULRICO ZWÍNGLIO] (1484 – 1531), O