ID: 47232333
18-04-2013
Tiragem: 43021
Pág: 12
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 27,07 x 30,54 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 3
Puxar pelo brilho
das estrelas
Michelin
Estão na moda e a fama é hoje parte integrante da sua actividade. Dez chefes
com estrela Michelin juntam-se a partir de hoje no festival gastronómico
do The Yeatman, com vista para o Douro e o crescimento turístico no Porto.
As primeiras estrelas vieram para o nosso país em 1974 e Lisboa é a região
que teve até agora mais restaurantes distinguidos. Onze no total
José Augusto Moreira
S
ão onze os restaurantes que no nosso
país reflectem este
ano o brilho das
cobiçadas estrelas
do guia Michelin,
se bem que apenas
quatro são comandados por chefes
portugueses. Estão
na moda e são estrelas em programas de televisão e a fama é hoje
parte integrante da actividade.
Independentemente da valoração que cada um lhe possa atribui,
a distinção do famoso guia francês é hoje um símbolo de elevada
qualidade gastronómica, com tudo o que isso implica em termos
de prestígio, atractividade para a
clientela e protagonismo e visibilidade para os chefes. Juntam-se cada vez mais em congressos e festivais crescentemente mediatizados
e é isso que por estes dias acontece
no The Yeatman, que em três dias
reúne uma dezena e cozinheiros exibindo o prestigiado símbolo.
É não só o pretexto para reforçar
a aura de exclusividade gastronómica, mas também para se darem a
conhecer, trocar ideias e conceitos
numa área que tem vindo a ganhar
crescente relevância do ponto de
vista do turismo. Esta é uma vertente inteiramente assumida pelos
responsáveis do luxuoso hotel da
margem esquerda do Douro, na ribeira de Gaia. Miguel Velez, o director, lembra que já há mais de três décadas o Porto não tinha uma estrela
Michelin e que a conquista, no ano
passado, pelo The Yeatman, é uma
novidade que deve ser exibida numa
altura de crescente procura turística
da cidade. E os chefes convidados,
na sua vertente de figuras mediáticas, tornam-se nos mais eficazes
embaixadores turísticos.
É assim que hoje farão uma viagem de eléctrico até à zona dos Clérigos, amanhã um passeio de barco
pele zona das pontes no rio Douro e,
25
anos foi o período em que o
Porto de Santa Maria,
em Cascais, que se manteve
no lote dos estrelados, desde
1984 até 2008, e são muitas as
vozes a reclamar que aí deveria
ainda permanecer
no sábado, voltam às ruas da Baixa
para um percurso de Tuc-Tuc que
inclui paragem no histórico mercado do Bolhão. Está claro que envergando sempre as suas jalecas com o
brilho das estrelas Michelin.
Outro dos propósitos assumidos
pelos responsáveis do The Yeatman
é o de valorizar e dar visibilidade
aos vinhos portugueses. Nos três
jantares que serão preparados pelos chefes participantes serão servidos apenas vinhos nacionais, segundo os critérios da directora de
vinhos do hotel, Beatriz Machado,
que tem a tarefa de procurar as concretas harmonizações para os cozinhados muito especiais dos chefes
convidados.
Além do anfitrião Ricardo Costa,
o festival conta com a presença de
Dieter Kochina (Vila Joya, Albufeira)
e Hans Neuner (Ocean, Armação de
Pêra), ambos galardoados com duas
estrelas, do holandês Roeland Klein
(Hermitage, Ridderkerk), do espanhol Fernado Agrasar (As Garzas,
Corunha), o francês Olivier Barbarin
(Le Chateaux d’Audrieux, na Normandia) e ainda Vicent Farges (Fortaleza do Guincho, Cascais), Benoît
Shinton (Il Gallo d’Oro, Funchal),
José Cordeiro (Altis Belém, Lisboa), Vítor Matos (Casa da Calçada,
Amarante), todos com uma estrela, e Albano Lourenço (Quinta das
Lágrimas, Coimbra), que durante
oito anos exibiu também a estrela
Michelin.
Neste mundo das estrelas, Ricardo Costa dá também uma particular
relevância ao papel das sobremesas.
Dai que não se separe nunca do seu
chefe pasteleiro, o tímido recatado
José Bastos, que o acompanha desde
os primórdios.
Portugal soma 29 estrelas
O responsável pela cozinha do The
Yeatman reconhece que este tipo
de festivais é uma eficiente forma
de puxar pelo brilho das estrelas,
mas reforça que isso é também importante para o reforço da imagem
turística do Porto. “Pode também
puxar pela gastronomia na região
ID: 47232333
18-04-2013
Tiragem: 43021
Pág: 13
País: Portugal
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Period.: Diária
Área: 27,28 x 24,30 cm²
Âmbito: Informação Geral
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FERNANDO VELUDO/NFACTOS
e o ideal é que houvesse mais restaurantes com estrela. Se fossem
três ou quatro puxavam uns pelos
outros e era melhor para todos”,
constata Ricardo Costa. E o chefe
lembra que as estrelas não têm que
ser apenas para os restaurantes gastronómicos. “Podem ser marisqueiras ou casas de leitão, só para falar
de áreas em que temos excelentes
exemplos. Bastava que mudassem
alguma coisa em termos de serviço
e de apresentação”, alvitra.
Vem já desde 1974 o rasto das
estrelas do guia Michelin em Portugal. Foi nesse ano histórico que
as primeiras foram atribuídas, distinguindo quatro restaurantes, dois
em Lisboa (Aviz e Michel), um em
Cascais (O Pipas) e outro no Porto
(Portucale). Ao todo, o nosso país
teve já 29 restaurantes com o famoso símbolo, segundo os dados oficiais fornecidos pelo guia francês.
Depois do Portucale, que manteve
a estrela até 1980, o brilho da estrela
do guia francês só voltaria ao Porto
no ano passado, com a inclusão do
The Yeatman.
Foi já na presente década que se
atingiu o máximo de doze restaurantes com estrela, o que aconteceu
em 2010 e 2012. Em sentido contrário, em 1981 e 1982 o guia atribuía a
estrela apenas a dois restaurantes
de Lisboa, Tágide e Michel. O facto de nos últimos tempos serem os
restaurantes algarvios a dominar o
panorama estrelado tem sido usado
para relativizar a importância das
escolhas do guia francês, acusado
de pouco valorizar a nossa gastronomia. Mas o certo é que nem sempre
foi assim, já que antes de meados
dos anos noventa as casas algarvias praticamente não apareciam.
O Vila Joya entra pela primeira vez
em 1994 e o São Gabriel no ano seguinte, para não mais saírem. Antes
apenas o La Resérve, em Faro, que
recebeu estrela durante seis anos
(1990/95).
Em termos de longevidade, a
palma vai para o Porto de Santa
Maria, em Cascais, que se manteve durante 25 anos no lote dos
estrelados, desde 1984 até 2008,
e são muitas as vozes a reclamar
que aí deveria ainda permanecer.
Seguem-se-lhe o Vila Joya (20) e o
São Gabriel (19), sendo que o restaurante de Dieter Koschina foi o
primeiro a ser distinguido com duas estrelas, o que acontece desde
1999. Além do Vila Joya, apenas o
vizinho Ocean, de Hans Neuner,
que há dois anos também ostenta
o duplo símbolo.
Apesar do actual domínio algarvio, é ainda a região de Lisboa/
Cascais que até hoje teve o maior
número de restaurantes estrelados
pelo guia vermelho. Um total de
onze casas onde, além das 25 presenças do Porto de Santa Maria,
se destacaram mesas como as da
Casa da Comida, com 13 estrelas
consecutivas, Conventual e Tágide, ambos com 12, e Michel, com
10 presenças na lista dos estrelados. Todos estes se destacaram
nas duas últimas décadas do século passados, sucedendo ao Aviz
e O Pipas, respectivamente com
três e cinco anos de estrela, ainda
nos anos 70.
A partir da viragem do século o
brilho da estrela Michelin tem-se
mantido há 12 anos na Fortaleza
do Guincho, manteve-se durante cinco temporadas no Eleven e
três no histórico Tavares, ilumina o
restaurante do Altis Belém de José
Cordeiro desde o ano passado a
chegou este ano ao Belecanto de
José Avilez.
No zona do Porto, além do Portucale e do The Yeatman, apenas
uma outra casa chegou a ser reconhecida com a estrela pelo guia
francês. Foi O Garrafão, em frente
ao mar de Leça da Palmeira, distinguida durante três anos, entre
1978 e 1980.
Fora do Algarve e dos grandes
centros, apenas a Madeira (Il Gallo
d’Oro) e Amarante (Casa da Calçada) têm actualmente estrela Michelin. A distinção do guia francês
já andou também pela região de
Coimbra (Quinta das Lágrimas,
recentemente, e O Ramalhão, em
Montemor-o-Velho, na década de
90), Elvas (A Bolota, Terrugem) e
Fátima (Tia Alice).
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18-04-2013
Tiragem: 43021
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País: Portugal
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Âmbito: Informação Geral
Corte: 3 de 3
Puxar pelo brilho
das estrelas
Michelin no Douro
Dez chefes a partir de hoje
no festival gastronómico do
The Yeatman p12/13
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Estão na moda e a fama é hoje parte integrante da sua actividade