Queridos amigos e amigas de caminhada teológica
Mons. Luiz Antônio Pereira Lopes
Sou padre da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, ordenado em 1982.
Coordenador da Pastoral de Favelas, Pároco de Santa Rosa de Lima, Jardim América/RJ.
Estudei na PUC-Rio de 1973 até 1982, sendo que entrei na Graduação em Teologia em 1978 e
conclui em 1982.
Eram anos de muitas discussões e repressões políticas, o apogeu do Regime Militar que
se caracterizava com: Cassação de direitos políticos de opositores, repressão aos movimentos
sociais e manifestações de oposição, censura aos meios de comunicação, censura aos artistas
(músicos, atores, artistas plásticos), aproximação dos Estados Unidos, controle dos sindicatos,
implantação do bipartidarismo, ARENA (do governo) e MDB (da oposição controlada),
enfrentamento militar dos movimentos de guerrilha contrários ao regime militar, uso de
métodos violentos, inclusive tortura contra os opositores ao regime, o “Milagre econômico” que
se caracterizava com forte crescimento da economia (1969 a 1973) e altos investimentos de
infraestrutura, aumento da dívida externa, abertura Política e transição para a democracia.
Teve início no governo Ernesto Geisel e continuou no de Figueiredo a abertura lenda, gradual e
segura, conforme prometido por Geisel. Houve significativa vitória do MDB nas eleições
parlamentares de 1974, fim do AI-5 e restauração do habeas-corpus em 1978. Em 1979 volta o
sistema pluripartidário.
Com a abertura política e com o pluripartidarismo, alguns alunos da Faculdade de
Teologia participaram na fundação do Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores. Na
época, uma esperança para a classe operária e para a população mais pobre da sociedade
brasileira.
Estávamos comemorando os quinze anos do Concílio Vaticano II, a consolidação da
Conferência Episcopal, a III Conferência Latino Americana de Puebla, o crescimento da
Teologia da Libertação, a criação das Comunidades Eclesiais de Base e a Opção pelos Pobres.
Não só o Brasil, mas toda a América Latina vive situações parecidas tanto politicamente
como eclesialmente.
Sem a pretensão de fazer um quadro preciso do contexto sócio-político-eclesial da época,
mas com o objetivo de falar da influência de todos estes fatos nas universidades em geral, é que
afirmamos que eram tempos de fortes mudanças e indefinições, dentro e fora da Igreja. Exigia
uma preparação muito maior do mundo. A sociedade de verdade estava mudando e tínhamos
que acompanhar essa mudança. Tudo acontecia com muita rapidez.
Não podemos falar dos quarenta anos da Teologia sem falar em primeiro lugar da
Pontifícia Universidade Católica. Grande parte dos padres do Brasil vieram de famílias pobres e
da periferia das grandes cidades. Eu não fugi deste fato. A PUC possibilitou uma boa formação
integral de minha vida e por isso sou grato. A PUC- Rio sempre foi uma referência do Saber
para o Brasil e de “generosidade” com todos os seus alunos, assim também o departamento de
Teologia. Quantos alunos foram preparados nesses 72 anos? Muitos deles estão, hoje, na frente
da sociedade brasileira.
Nos anos 60 a 80, a PUC acolheu professores e alunos perseguidos politicamente nas
universidades federais e estaduais. Sempre aberta aos movimentos sociais, ela possibilita um
grande crescimento de todos. Mesmo sofrendo perseguições como a invasão e cerco do Exército
em 1977, ela mantém a sua política de acolher e educar integralmente.
Na Teologia, um pensamento foi marcante: “Estudar teologia é fácil, mas o difícil é Fazer
e Viver a teologia”.
Na convivência com professores, alunos e funcionários, fui percebendo que no próprio
curso isto já começava a acontecer. O testemunho dos professores-padres da Teologia inseridos
nas comunidades de periferia ou no interior do Brasil, motivava os alunos. Cito alguns: Frei
Comissão de Memória do Departamento de Teologia da PUC-Rio
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Clodovis Boff que passava seis meses lecionando no Rio e seis meses nas Ceb’s do Acre, Pe.
Alfonso Garcia que até hoje serve no Canal do Anil (antes no Taquaral, Vicariato Oeste), Pe.
Carlos Palácio, em Antares (Vicariato Oeste) e Pe. Gabriel Sellong, atuante no morro da
Providência-Gamboa. Também o exemplo dos professores leigos Faustino Teixeira atuante na
periferia de Juiz de Fora e Pedro Ribeiro, um grande incentivador e apaixonado pelas Ceb’s.
Todos eram bem preparados não só como professores, mas também como Pastores. Eles não só
ensinavam, mas também viviam a teologia na periferia da grande cidade. Isso sem dúvida nos
ajudou no crescimento pastoral.
Com relação aos alunos, houve nesta época um incentivo grande para que os leigos e os
pastores evangélicos fizessem Teologia. Além de contar com os seminaristas de diversas
dioceses (Rio, Nova Iguaçu, Friburgo, Volta Redonda, Valença, Parentins e várias congregações
religiosas (Jesuítas, Passionistas, Franciscanos, Agostinianos, Dominicanos, Servitas....) . Os
leigos e leigas vinham das paróquias , do curso Mater Ecclesiae. Alguns eram também
professores de religião nas escolar católicas. Não posso deixar de citar o agente do Doicod (
agente infiltrado do regime militar), nunca terminava o curso e gostava de observar a todos... a
convivência com os leigos era muito próxima, possibilitava entender também o que eles
pensavam e sentiam a Igreja que amanhã nós iríamos servir como padre e diga-se de passagem
como eles viam os padres de suas comunidades , isto ajudou a pensar que tipo de padre nós
gostaríamos de ser e como os leigos nos acompanha a nossa caminhada.
Se somos ou não coerentes com o evangelho. Com os Pastores Protestantes foi uma
experiência inédita. Era o aflorar do ecumenismo e tínhamos o Pe. Antônio Pereira que sempre
nos incentivava nas suas aulas e com o seu testemunho de vida. Conhecemos o Pastor Mozer
que até hoje é referência de liderança na Igreja Metodista.
Os seminaristas eram dotados de diferentes carismas. Cada um respeitava o outro e havia
uma grande colaboração entre todos. Não havia distinção entre as diversas congregações, os
diocesanos e os leigos/as. Nos trabalhos de grupos fazíamos sempre muito mesclado, isso
permitia um maior crescimento. Criou-se no Departamento de Teologia, com o exemplo dos
professores e dos alunos, um clima fraterno de mútua colaboração e de grande amizade.
Ainda como seminarista, fui motivado a trabalhar nas comunidades da periferia do Rio de
Janeiro. Os exemplos dos professores e do Reitor do Seminário Arquidiocesano Mons. Gilson
José Macedo Silveira, foi determinante para minha vida pastoral. Mesmo quando era enviado
para áreas menos carente, encontrava uma favela para o serviço pastoral.
Como Diácono, fui enviado para servir na Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, em
Bonsucesso, no Complexo da Maré. Ali tive a alegria de conhecer Pe. Giuseppe Piero Olivero,
um irmão d’Foucauld. Ele morava em palafita da Favela da Maré, com os pobres. Após a minha
Ordenação, em 12 de outubro de 1983, fui enviado para Paróquia Cristo Operário e Santo Cura
D’Ars, em Vila Kennedy. Uma paróquia com uma vivência ativa do Concílio Vaticano II e de
Puebla. Os leigos participavam ativamente de tudo. Haviam várias comunidades , viviam a
opção pelos pobres, eram atuantes nas associações e Conselhos de moradores, “davam
testemunho cristão dentro e fora da Igreja.” (LG 33) “Unidos no Povo de Deus, e constituídos
no corpo único de Cristo sob uma só cabeça, os leigos, sejam quais forem, todos são chamados
a concorrer como membros vivos, com todas as forças que receberam da bondade do Criador e
por graça do Redentor, para o crescimento da Igreja e sua contínua santificação.”
Eles eram verdadeiros protagonistas do Evangelho junto àquele povo mais sofrido do
bairro. Isto foi fruto dos padres: Nino, Vicente e Jacinto. Todos eles missionários italianos que
chegaram ao Brasil, em 1958 para trabalharem no Rio de Janeiro e foram parar Vila Kennedy,
um conjunto fruto da remoção de várias favelas.
Os moradores vinham de áreas diferentes sem nenhuma afinidade e a Igreja foi
fundamental para melhoria da auto-estima e a boa convivência do povo. Eles sofriam por
perderem suas moradias nos locais mais próximos de seus trabalhos e escolas. Sem falar das
rupturas afetivas com vizinhos e familiares.
Neste pouco tempo que tive na Vila Kennedy e com a experiência acadêmica, consegui
perceber na prática, como seria uma comunidade “ideal”. Minha saída de lá foi motivada por
uma opção que fiz em 12de janeiro de 1983.
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Naquela manhã, fui acordado por Paulo Amorim, conhecido como Paulo Banana, agente
da Pastoral de Favelas, comunicando o despejo das famílias da Favela do Sapo. Fomos
imediatamente para o local. Tive o conhecimento da situação semanas antes e nos preparamos
para isso. Reunimos os envolvidos e montamos uma estratégia: Crianças na frente, mães
próximas das crianças e os homens fora da comunidade.
A advogada de Pastoral de Favelas Dra. Maria Alice Adão estava na porta do Fórum de
Bangú, esperando abrir com uma liminar nas mãos para sustar o despejo, pois aqueles que se
diziam proprietários do terreno não eram. Mas o Fórum só abria 11 horas e os Oficias de Justiça
chegaram às 7 horas. Como garantir a permanência? A lentidão em retirar os móveis foi uma
boa estratégia. As crianças esvaziavam os pneus dos caminhões e “perturbavam” os Oficiais de
Justiça e os policiais. As mulheres, pacientemente, tiravam os móveis de casa e negavam ajuda
dos homens. Meio dia conseguimos sustar. Às 14 horas foi ela derrubada. O clima ficou tenso.
Os homens tinham voltado à comunidade para festejar e levar tudo de volta para dentro de casa,
mas aquilo que não queríamos, aconteceu: A violência. As pessoas passaram mal e uma mulher,
Maria, entrando em trabalho de parto, foi levada às pressas para o hospital. Ficamos sabendo no
dia seguinte que ela deu a luz um menino.
Depois de um dia tenso e muito apelo tentando sensibilizar a todos e não tendo sucesso,
levamos o povo para dentro da Igreja. Já tínhamos observado, próximo a Igreja, um galpão de
propriedade do Estado. Meus pensamentos estavam confusos: deveria me omitir ou tomar uma
decisão que me traria consequências? Certamente seria transferido. Decidi que durante a
madrugada ocuparíamos o galpão abandonado. Nos dias seguintes começaram as negociações.
Conseguimos casa para todos e aquela criança filho de Maria e de José, deram o nome de Luiz
Antônio. Eles ganharam uma casa, eu fui transferido, mas ganhei um xará e fiquei feliz. Neste
momento, descobri Viver e Fazer Teologia, optar pelos pobres em Cristo.
Em junho de 1983, fui transferido para a Paróquia Santa Rosa de Lima, no bairro do
Jardim América. Uma comunidade conservadora, com poucas atividades pastorais,
completamente oposta à anterior. Porém, a cada dia ia descobrindo aquilo que tanto o Pe.
Gabriel Selong falava nas aulas de exegese: “Você não deve perguntar o por quê? mas sim ‘que’
Deus quer nos dizer”. Senti que Deus me mandou para esta comunidade. Estou nela há trinta
anos. Fizemos coisas muito interessantes. A grande pastoral desta comunidade foi a “pastoral da
obra”, pois trouxe a união de muitas famílias. Elas se juntaram, homens e mulheres, para que no
final de semana construíssemos a Igreja em forma de mutirão, uma prática comum neste bairro
pois foi assim que as famílias construíram suas casas.
Foram dez anos de mutirão. Essa união fortaleceu as pastorais, edificou o Templo e uniu
os dispersos. Além disso, foi ampliado o espaço físico: um Templo de 700m2, para 4000m2 de
área construída, 9 comunidades, 61 círculos bíblicos, 48 grupos iniciação cristã de adultos e 41
iniciação cristã crianças. A Igreja não só cresceu fisicamente, mas também pastoralmente, sendo
presença e sinal do Evangelho de Jesus no bairro.
Muitos fatos acompanham a minha caminhada, alguns mais marcantes como a criança
que estava doente e fui batizar em casa, mas também levá-la à emergência de um hospital e ao
chegar tinha morrido de fome. Nós estávamos em plena construção, gastando muito dinheiro e
aquela criança morre de fome! Mas o povo deu a solução: “Vamos continuar a construção e
dedicar este espaço aos pobres”. Com isso, há dez anos, diariamente distribuímos 400 pratos de
sopa somente para as crianças, fazendo desta casa a casa dos pobres e oferecendo também este
grande espaço para preparar os pobres para o Mercado de Trabalho. “A opção pelos pobres
baseia-se no serviço profético, expressada na vivência da fé cristã fiel a esta opção, diante da
injustiça, opressão e exclusão das estruturas sociais existentes, fazendo do pobre não um objeto
de caridade, mas sujeito de sua própria libertação, ensinando-lhe a ajudar-se a si mesmo”
(Medelin 14,10).
Fiquei comovido pela decisão das lideranças da comunidade. Chorei de emoção, como já
tinha chorado no dia que aquela criança morreu. No Rio de Janeiro, esta cidade dita capital
cultural do Brasil se acontece, isso imagine no interior? Percebi também uma mudança de
mentalidade na comunidade. Aos pouco ela ia ao encontro dos mais pobres. Outro fato marcou
aqui minha vida nesta comunidade: Todas as sextas-feiras santas recordo a primeira semana
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depois do término da obra. Era o ano 2000 - Jubileu de Cristo. Sem eu saber, os homens
voluntários da obra resolveram carregar a cruz de 6m com a imagem de madeira 1,70 m, todos
com muita piedade e fé. Penso não só no sofrimento de Cristo, mas na vida daqueles homens
marcados com tantos fardos, homens que sacrificaram seus finais de semanas para construir a
Casa de Deus. “Para isso, convida-nos a olhar o “testemunho valente de nossos santos e santas,
e aqueles que, até sem terem sido canonizados, viveram com radicalidade o Evangelho e
ofereceram sua vida por Cristo, pela Igreja e por seu povo” (DA 98).
Digo sempre às pessoas que vem a essa Igreja pela primeira vez: “A beleza desta Igreja
não é o que os nossos olhos conseguem ver, mas aquilo que só quem viveu sabe, a forma como
ela foi construída”. Muitos outros fatos marcaram minha vida aqui nesta paróquia: Em 1988, fui
chamado para assumir a Coordenação da Pastoral de Favelas da Arquidiocese do RJ.
Imediatamente lembrei do episódio da Vila Kennedy e da minha vida pessoal quando fomos
despejados da casa onde morava com o meu pai quando ele se aposentou.
Desde meu tempo de seminário e estudante da PUC, frequentava a Pastoral. Minha
missão na Pastoral, segundo Dom Eugênio era trazê-la para dentro da Igreja. Com o
financiamento da Fundação Ford, tínhamos bons técnicos (advogados, engenheiros,
arquitetos...), mas sem vida de Igreja. O desafio me fez lembrar as discussões que tínhamos:
Que Igreja nós queríamos? Uma Igreja intra ou extra? A Pastoral de Favelas deveria ir para
dentro da Igreja ou a Igreja (pastoral) que deveria ir para fora?
Aos poucos fomos conduzindo a pastoral para inseri-la na sociedade e ser uma presença
transformadora nas favelas do Rio. Criamos diversas associações de moradores, fortalecemos os
movimentos de favelas, vários cristãos encabeçaram chapas nas eleições da Faferj, fizemos
parcerias com a Defensoria Publica e Ministério Público, participamos de Audiência Pública no
Legislativo, criamos Foruns em diversas faculdades, todos estas ações em prol do direito a
moradia. Infelizmente presenciamos diversos despejos, alguns conseguimos reverter, como o
Canal do Anil. Grande parte dos despejos foram executados. Alguns dolorosos, como as
Comunidades Recreio I e II no dia 23 de dezembro de 2011. Nas vésperas do Natal, a prefeitura
do Rio de Janeiro despejou aquelas famílias em razão da Transoeste. Sem receberem uma
indenização justa ou uma moradia próxima ao local, como rege o Art. 429. VI da Lei Orgânica
Municipal. Foram para a Estrada dos Coqueiros, com Cosmo – 45Km de distância, outros
esperam até hoje a indenização.
Com muito empenho de D. Eugenio e dos padres, foi sendo criado a mentalidade de que
em cada favela deveria ter uma Capela ou Centro Comunitário ou Creche, não apenas para rezar
e sim para ser um espaço de crescimento da fé e da pessoa humana. Como cobrar do governo a
presença se nós estamos ausentes? Aos poucos fomos abrindo um pensamento de construção de
alianças para o bem dos mais pobres, mesmo quando essas pessoas tinham o pensamento
diferente dos nossos “a fim de ganhar a todos”: “Com os fracos, tornei-me fraco, a fim de
ganhar os fracos. Tornei-me tudo para todos, a fim de salvar alguns a qualquer custo. Tudo isso
eu o faço por causa do Evangelho, para me tornar participante dele”. (1Cor 9,22-23).
Vejo que numa atitude desta, a Igreja se tornou simpática para os movimentos sociais
mesmo os mais radicais e muitos deles vêem a Igreja com outro olhar. Até hoje vemos esta
necessidade de trabalhar em conjunto para bem servir os mais necessitados.
Em 1997, fui convidado por D. Eugênio para assumir o Vicariato da Leopoldina, fiquei
servindo durante 17 anos e 9 meses. Nesse período também esteve na frente da Arquidiocese
Dom Eusébio e Dom Orani, atual Arcebispo.
Nesta bela e sofrida experiência posso dizer que conheci um pouco mais da Igreja. A
função de Vigário Episcopal é de mediador entre Bispos, padres e leigos. O dialogo é um fator
fundamental para tal função, além da disposição de Servir. Tive a possibilidade de conhecer
todos os lugares e comunidades desta área e conheci também muitos homens e mulheres de boa
vontade que tem um grande amor pela Igreja. Fizemos grandes e belas celebrações de Crisma
nas paróquias do Vicariato, mas o que me encheu os olhos eram as Celebrações e Missões feitas
nas favelas e as conversar tidas com o povo. No atendimento do Vicariato, tive a idéia do
pensamento do povo com relação a Igreja, o povo de Deus é simples porém, sábio. E nós nem
sempre percebemos isso. Temos muito que aprender com eles. Quase sempre acertavam no seu
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juízo com relação a tudo que acontecia com as Igrejas desta área. No último encontro das
Comunidades de Base, na missa de abertura, D. Moacir Grechi citava um ditado Africano:
“Gente simples, fazendo coisas pequenas em lugares não tão importante conseguem coisas
extraordinárias”. Assim é nosso povo. Tive a alegria, incentivado pelo Mons. Gilson, de
promover também neste vicariato o curso Teologia a Distância com a PUC; foram 782 alunos
que se formaram durante os dois últimos anos de vigário episcopal. O amadurecimento destas
lideranças vicariais foi de grande valia para o crescimento da Igreja.
Na relação com bispos, padres e leigos aprendi muito. Amadureci ao ver e enfrentar
tantos desafios pastorais, como a convivência com padres idosos enfermos e suas mortes, o de
fazer comunidades em áreas pobres e violentas, a pobreza extrema de algumas áreas como a
Favela Nelson Mandela, a realidade das drogas.
Esses desafios pastorais foram enfrentados, digo que no Complexo da Maré tínhamos
uma única paróquia e hoje são cinco, com padres dedicados e empenhados no serviço. Cada um
com seu jeito e carismas. Na Favela Nelson Mandela, foi construída a Igreja de São Miguel e as
Irmã Filhas da Caridade ( Madre Teresa) dão assistência religiosa àquele povo sofrido.
Com a Puc, foi importante o Curso de Teologia à Distância, a exemplo do Vicariato
Suburbano e motivados por eles, 373 leigos concluíram o curso. Grande foi o crescimento dos
leigos do Vicariato.
Termino meu simples depoimento com muita gratidão aos meus formadores do
Departamento de Teologia da PUC, Deus abençoe a todos nós.
Mons. Luiz Antônio Pereira Lopes
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